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22001111
UNIDADE I – LINGUAGEM VISUAL ......................................................................................................5
1 ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM VISUAL......................................................................5
2 PONTO ..................................................................................................................................................5
2.1 DEFINIÇÕES ............................................................................................................................................ 5
2.2 FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO PONTO .................................................................................. 5
2.3 UTILIZAÇÃO DO PONTO NAS ARTES VISUAIS ............................................................................ 5
3 LINHA ...................................................................................................................................................7
3.1 DEFINIÇÕES ............................................................................................................................................ 7
3.2 CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................................................... 7
3.3 UTILIZAÇÃO DAS LINHAS NAS ARTES VISUAIS ......................................................................... 8
3.4 SIGNIFICADOS EXPRESSOS PELAS LINHAS ................................................................................. 8
4 A FORMA .............................................................................................................................................9
4.1 FORMAS BÁSICAS ................................................................................................................................. 9
4.2 FORMAS GEOMÉTRICAS PLANAS ................................................................................................. 10
5 PLANO E SUPERFÍCIE ...................................................................................................................13
6 TEXTURA ...........................................................................................................................................13
7 A COR .................................................................................................................................................15
7.1 DEFINIÇÃO ............................................................................................................................................ 15
7.2 NOMENCLATURA DAS CORES ........................................................................................................ 15
7.3 HARMONIA DAS CORES .................................................................................................................... 16
7.3.1 Cores Complementares ......................................................................................................................................... 16
7.3.2 Cores Análogas..................................................................................................................................................... 16
7.3.3 Temperatura das Cores ......................................................................................................................................... 16
7.4 DIMENSÕES DAS CORES ................................................................................................................... 17
7.5 GRADAÇÃO DAS CORES.................................................................................................................... 17
7.6 MONOCROMIA E POLICROMIA ..................................................................................................... 17
8 PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO PLÁSTICA ................................................................................17
8.1 TENSÃO ESPACIAL ............................................................................................................................. 17
8.2 MOVIMENTO ........................................................................................................................................ 19
8.3 DIREÇÃO ................................................................................................................................................ 20
8.4 PESO VISUAL ........................................................................................................................................ 21
9 ANÁLISE DAS ARTES PLÁSTICAS A PARTIR DE SEUS ELEMENTOS BÁSICOS DE
COMPOSIÇÃO ...........................................................................................................................................25
9.1 COMO ANALISAR UMA OBRA DE ARTE ...................................................................................... 25
9.2 ANÁLISE PLÁSTICA DOS ASPECTOS ESTÉTICOS E FORMAIS.............................................. 25
9.3 COMENTÁRIO PESSOAL SOBRE A OBRA DE ARTE .................................................................. 26
10 LEITURA VISUAL, INTERPRETAÇÃO E SIMBOLOGIA DAS ARTES .....................................27
10.1 ARTE, CONCEPÇÃO E LEITURA ..................................................................................................... 27
10.2 PROCESSO CRIATIVO ........................................................................................................................ 27
10.3 LEITURA DE IMAGENS ...................................................................................................................... 27
10.4 NÍVEIS DA LEITURA DE IMAGENS ................................................................................................ 28
2
10.5 DIMENSÕES DO OBJETO ARTÍSTICO ........................................................................................... 28
10.5.1 Dimensão Histórica ......................................................................................................................................... 28
10.5.2 Dimensão Cultural ........................................................................................................................................... 28
10.5.3 Materialidade ................................................................................................................................................... 28
10.5.4 Estrutura Formal .............................................................................................................................................. 28
10.6 TIPOLOGIA DE LEITURA .................................................................................................................. 28
10.6.1 Semiótica ......................................................................................................................................................... 29
10.6.2 Iconográfica ..................................................................................................................................................... 29
10.6.3 Iconológica ...................................................................................................................................................... 29
10.6.4 Formal.............................................................................................................................................................. 29
10.6.5 Associativa....................................................................................................................................................... 29
10.7 RELEITURA ........................................................................................................................................... 29
UNIDADE II – HISTÓRIA DA ARTE......................................................................................................30
11 ARTE PRÉ-HISTÓRICA NO BRASIL .............................................................................................30
11.1 O que é Pré-História? ............................................................................................................................. 30
11.2 Pré-História no Brasil ............................................................................................................................. 30
11.3 Pinturas Rupestres no Brasil .................................................................................................................. 30
11.4 Tipos de Pinturas Rupestres................................................................................................................... 30
11.4.1 Pintura Rupestre Naturalista ............................................................................................................................ 30
11.4.2 Pintura Rupestre Geométrica ........................................................................................................................... 31
11.4.3 Estilo Várzea Grande ....................................................................................................................................... 31
11.5 Preservação .............................................................................................................................................. 31
12 Arte Indígena Brasileira .....................................................................................................................32
12.1 Introdução................................................................................................................................................ 32
12.2 A origem dos povos americanos ............................................................................................................. 32
12.3 Pintura corporal ...................................................................................................................................... 32
12.4 Adereços e Arte Plumária....................................................................................................................... 33
12.5 Arte Cerâmica ......................................................................................................................................... 33
12.6 Trançado e tapeçaria .............................................................................................................................. 34
12.7 Instrumentos Musicais ............................................................................................................................ 34
12.8 Moradias (arquitetura) ........................................................................................................................... 35
13 PANORAMA DAS ARTES VISUAIS NO BRASIL: DO BARROCO ATÉ O MODERNISMO ....36
13.1 Introdução................................................................................................................................................ 36
13.2 O barroco no Brasil ................................................................................................................................. 36
13.3 A Missão Artística Francesa e a arte acadêmica no Brasil .................................................................. 41
13.4 Arte Moderna no Brasil .......................................................................................................................... 46
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Caro aluno,
O material aqui exposto foi pesquisado, em várias fontes (vide referências), organizado,
diagramado e revisado para facilitar o estudo e leitura.
Como você pode notar pelo sumário o material para esse terceiro módulo, além de conter
noções da linguagem visual, teatral, musical e da dança, segue estritamente uma ordem
cronológica dos estilos artísticos (de acordo com o que é cobrado nos exames seletivos para
ingresso em cursos superiores), descrevendo suas principais características formais, estéticas,
simbólicas e históricas, procurando contextualizar as obras, assim como citar os artistas que
mais se destacaram em determinado momento, dada a relevância e significado de sua
proposta artística na História das Artes.
As imagens das principais obras que caracterizam os períodos e estilos artísticos acompanham
o texto de maneira que sirvam de referência visual e recurso didático, embora estejam
impressas em preto-e-branco.
Agradeço a oportunidade de estar compartilhando este material com você e bons estudos.
Magno Anchieta
Arte-educador
Paço do Lumiar – MA
Fevereiro de 2011
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UNIDADE I – LINGUAGEM VISUAL
2 PONTO
2.1 DEFINIÇÕES
O ponto pode ser representado graficamente de duas maneiras: pela interseção de duas
linhas ou por um simples toque na superfície com um instrumento apropriado. É identificado
através de uma letra maiúscula do nosso alfabeto.
T •
A P Y
Qualquer ponto tem grande poder de atração visual, quando juntos eles são capazes de
dirigir o olhar do espectador. Essa capacidade de conduzir o olhar é intensificada pela maior
proximidade dos pontos, ou seja, quanto mais próximos uns dos outros estiverem os pontos,
mais rápido será o movimento visual.
Nas artes visuais um único ponto não é capaz de construir uma imagem. Porém com um
conjunto de pontos podemos obter imagens visuais casuais ou organizadas.
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Em grande número e justapostos os pontos criam a ilusão de tom ou de cor. Observe:
Muitos pintores utilizaram o ponto como técnica para dar maior forma a seus trabalhos,
criando um movimento que ficou conhecido como pontilhismo, onde as cores puras eram
aplicadas diretamente na tela em forma de ponto.
O grande circo (detalhe), 1891. Georges Seurat – Pintura feita com a técnica do
pontilhismo.
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3 LINHA
3.1 DEFINIÇÕES
3.2 CLASSIFICAÇÃO
Físicas – são aquelas que podem ser enxergadas pelo homem no meio ambiente.
Ex.: fios de lã, barbantes, rachaduras de pisos, fios elétricos etc.
Geométricas – apresentam comprimento ilimitado não possuindo altura e espessura,
sendo apresentadas através da imaginação de cada um de nós quando observamos
a natureza.
Geométricas gráficas – são linhas desenhadas numa superfície, sendo
concretizadas quando colocamos a ponta de qualquer material gráfico sobre uma
superfície e o movemos seguindo uma direção.
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Quanto ao tipo de traçado as linhas podem ser:
- Cheias ou contínuas - o traço é feito sem
nenhuma interrupção, tornando o
movimento visual extremamente rápido.
- Pontilhadas - representadas por meio de
pontos. Os intervalos entre os pontos
tornam o movimento visual mais lento.
- Tracejadas - representadas por meio de
traços. Quanto maior o intervalo entre os
traços, mais lento e pesado é o movimento.
- Combinadas - representadas por meio de
traços e pontos alternados.
As linhas nascem do poder de abstração da mente humana, uma vez que não há linhas
corpóreas no espaço natural. Elas só se tornam fato físico quando são representadas pela mão
humana.
Independente de onde seja utilizada, a linha é o instrumento fundamental da pré-
visualização, ou seja, ela é o meio de apresentar em forma palpável, concreta, aquilo que só
existe na imaginação.
Nas artes visuais, a linha é o elemento essencial do desenho, seja ele feito a mão livre
ou por intermédio de instrumentos.
Segundo ARNHEIM (1994) as linhas apresentam-se basicamente de 3 modos diferentes
nas artes visuais:
L in h a s o b je to
L in h a s d e c o nto rn o L in h a s h a c h u rad a s
Linhas objeto - visualizadas como objetos visuais independentes. A própria linha é uma
imagem.
Linhas de contorno - obtidas quando envolvem uma área qualquer criando um objeto
visual.
Linhas hachuradas – são formadas por grupo composto de linhas muito próximas
criando um padrão global simples, os quais se combinam para formar uma superfície
coerente. Hachurar é usar um grupo de linhas para sombrear ou insinuar texturas.
Quanto mais próximas as linhas, mais densa a hachura e mais escuras as sombras.
Quanto mais distantes as linhas, menos densa a hachura e menos escuras as sombras.
As linhas da hachura podem ter comprimentos e formas diferentes.
A linha pode assumir formas muito diversas para expressar uma grande variedade de
estados de espírito, uma vez que reflete a intenção do artista, seus sentimentos e emoções e
principalmente sua visão de mundo.
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Quando predomina uma direção, a linha possui uma tensão que pode ser associada a
determinado sentimento ou sensação. Exemplos:
Linhas verticais –
intenção de altura, Linhas mistas –
Linhas curvas – embaraço, confusão.
atividade, equilíbrio; suavidade, abrangência,
repetição, elegância;
4 A FORMA
Existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero. Cada uma
das formas básicas tem suas características específicas, e a cada uma se atribui uma grande
quantidade de significados, alguns por associação, outros por vinculação arbitrária, e outros,
ainda, através de nossas próprias percepções psicológicas e fisiológicas. Ao quadrado se
associam enfado, honestidade, retidão e esmero; ao triângulo ação, conflito, tensão; ao círculo,
infinitude, calidez, proteção.
Todas as formas básicas são figuras planas e simples, fundamentais, que podem ser
descritas e construídas verbalmente ou visualmente.
A partir de combinações e variações infinitas dessas três formas básicas, derivam todas
as formas físicas da natureza e da imaginação humana.
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4.2 FORMAS GEOMÉTRICAS PLANAS
Uma característica particular dos polígonos regulares é que sempre podem ser inscritos
em uma circunferência.
E D E D
O O
F C F C
A B A B
Os polígonos irregulares possuem pelo menos dois lados e ângulos com medidas
diferentes. Ex.:
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Bidimensional Tridimensional
ALTURA
ALTURA
U
TO E O
EN AD
IM ID
PR D
M UN
CO OF
PR
LARGURA
LARGURA
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Exercício prático
Forme equipes de no máximo seis (6) componentes e confeccionem coletivamente,
usando cartolina cartão ou papelão revestido, os cinco sólidos de Platão, ou conforme
orientação do seu professor.
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5 PLANO E SUPERFÍCIE
O plano é uma superfície sem ondulações, de extensão infinita, ou seja, uma superfície
plana que se estende infinitamente em todas as direções possíveis. Temos a noção de um
plano quando imaginamos uma superfície plana ilimitada e sem espessura.
A representação do plano será feita através de uma figura que sugere a idéia de uma
parte dele. Também nesse caso, fica por nossa conta imaginar que essa superfície se estende
indefinidamente em todas as direções possíveis.
Os planos são denominados por letras minúsculas do alfabeto grego: alfa (α), beta (β),
gama (γ), delta (δ) etc.
6 TEXTURA
Textura, nas artes plásticas, é o elemento visual que expressa a qualidade tátil das
superfícies dos objetos (DONDIS, 1997). A palavra textura tem origem no ato de tecer.
Existem várias classificações para a textura, segundo diferentes autores que tratam do
assunto. Para começar, ela pode ser classificada como natural – quando encontrada na
natureza – ou artificial - quando produzida pelo ser humano (simula texturas naturais ou cria
novas texturas). A textura natural de alguns animais, como o camaleão, pode ser modificada
quando ele simula outra cor de pele. O homem também simula texturas naturais em suas
vestimentas (como é o caso dos soldados camuflados). As texturas podem também ser
divididas em visuais (óticas) e táteis.
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A textura visual ou ótica possui apenas qualidades óticas. Ela simula as texturas táteis.
Ex.: Uma pintura que crie o efeito da maciez de uma pétala de rosa, ou o pêlo do cachorrinho.
A textura tátil possui tanto qualidades visuais quanto táteis. Existe textura tátil em todas
as superfícies e esta nós podemos realmente sentir através do toque ou do contato com nossa
pele.
Quanto à forma de apresentação a textura pode ser geométrica ou orgânica. Nas artes
gráficas pode ser reproduzida através de desenhos, pinturas, impressões, fotografia, etc.
Podemos representar as texturas em forma de trama de sinais, pontos, traços, manchas com
os quais se realizam as mais variadas atividades gráficas e artísticas. Exemplos:
Texturas geométricas
Texturas orgânicas
A textura é tão importante quanto a forma, tamanho, cor, etc. Existem várias técnicas
para se criar texturas nas artes plásticas. O pintor, por exemplo, utiliza uma infinidade de
técnicas para reproduzir ou criar a ilusão de textura tátil da vida real em suas obras. Entre as
técnicas mais conhecidas estão a tinta diluída e o empasto (uso livre de grossas camadas de
tinta para dar efeito de relevo).
Outra técnica conhecida é a frotagem. A palavra “Frottage” é de origem francesa -
frotter, que significa “esfregar”. Consiste em colocar uma folha de papel sobre uma superfície
áspera, que contém alguma textura, e esfregá-la, pressionando-a com um bastão de giz de
cera, por exemplo, para que a textura apareça na folha. No campo da arte, essa técnica foi
usada pela a primeira vez pelo o pintor, desenhista, escultor e escritor alemão Max Ernest
(1891 – 1976), um dos fundadores do movimento “Dada” e posteriormente um dos grandes
nomes do Surrealismo.
Os abstracionistas utilizam uma grande variedade de técnicas como a colagem com
pedaços de jornais e materiais “expressivos” como madeira, papelão, barbante, areia, pedaços
de pano etc.
Os artistas recorrem às texturas para:
Traduzir visivelmente o sentido de volume e os efeitos de superfície;
Representar graficamente o claro e o escuro, a luz e a sombra.
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muito grande de texturas. A tinta de parede, por exemplo, é encontrada em diversos tipos e
para as mais diversas aplicações. Essas por si só já permitem efeitos de texturização.
7 A COR
7.1 DEFINIÇÃO
A cor é o elemento visual caracterizado pela sensação provocada pela luz sobre o órgão
da visão, isto é, sobre nossos olhos. O pigmento é o que dá cor a tudo o que é material.
Ao falarmos de cores, temos duas linhas de pensamento distintas: a Cor-Luz e a Cor-
Pigmento.
A Cor-Luz pode ser observada através dos raios luminosos. Cor-luz é a própria luz que
pode se decompor em muitas cores. A luz branca contém todas as cores.
No caso da Cor-Pigmento a luz é que, refletida pelo material, faz com que o olho
humano perceba esse estímulo como cor. Os pigmentos podem ser divididos em dois grupos
diferentes: os transparentes e os opacos.
As cores pigmento transparentes são mais utilizadas nas artes gráficas, nas
impressoras coloridas entre outros meios de produção.
As cores pigmento opacas são geralmente utilizadas nas artes plásticas, são mais
populares, portanto, são mais conhecidas pelos estudantes da escola básica.
Os dois extremos da classificação das cores são: o branco, ausência total de cor, ou
seja, luz pura; e o preto, ausência total de luz, o que faz com que não se reflita nenhuma cor.
Essas duas "cores" portanto não são exatamente cores, mas características da luz, que
convencionamos chamar de cor.
Tanto a cor-luz quanto a cor-pigmento, seja ela transparente ou opaca se divide em:
É importante ressaltar, que cada tipo de cor (cores-luz e cores pigmentos) sofre
alterações de acordo com sua própria essência, conforme esquema abaixo:
Pinte com as cores indicadas e veja a classificação das cores e suas respectivas
misturas.
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Cor luz Cor pigmento transparente
síntese aditiva síntese subtrativa
magenta azul
vermelho ciano
azul magenta
ciano vermelho
amarelo verde
verde amarelo
violeta
azul
vermelho
laranja
verde
amarelo
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Estas influências no modo de como percebemos a imagem são chamadas de forças de
movimento por que agem sobre um ponto de aplicação, sob uma direção e com certa
intensidade na percepção visual.
Este jogo de forças pode e deve ser usado para causar sensações, impressões e efeitos
diversos na linguagem visual, cabendo adequar sua ação para um fim específico.
Descanso Força
Existem várias formas que não parecem ter estabilidade, como o círculo, por exemplo. A
falta de estabilidade pode ser resolvida desenhando uma linha vertical. Ao se acrescentar uma
linha horizontal na base a sensação de estabilidade está definitivamente resolvida.
8.2 MOVIMENTO
19
Formas únicas de continuidade do
espaço. Umberto Boccioni. Itália. Orion. Victor Vasrely. 1956.
1913.
8.3 DIREÇÃO
Quando observamos qualquer imagem procuramos sempre organizá-la e entendê-la
visualmente quanto à sua forma, dimensão, tamanho e outros elementos.
Também procuramos um sentido para a nossa observação, isto é, a direção que
percebemos na imagem.
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Podemos fazer relação das direções principais com as três formas básicas:
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A resposta lógica seria uma pessoa do mesmo peso (fig. A). Mas não é a única,
poderiam, por exemplo, ser duas pessoas com a metade do peso (fig. B).
Fig. A Fig. B
Uma pessoa menor também equilibra o peso, se estiver mais perto do centro (fig. C).
Aliás, se ela estiver no centro não precisa da ajuda de outra pessoa (fig. D).
Fig. C Fig. D
Fig. E
Ainda, se deslocar a barra que sustenta a gangorra, pode criar um novo centro de
equilíbrio (Fig. E).
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Assim sendo, o peso sofre influência da localização. Uma “posição” forte no esquema
estrutural pode sustentar mais peso do que uma localizada fora do centro ou afastada da
vertical ou horizontal centrais.
Isto significa, por exemplo, que um objeto colocado no centro pode ser contrabalançado
por outros menores colocados fora dele.
Neste exemplo, para compensar o valor das massas, o componente mais escuro foi
transferido de posição, mais para o centro, criando um efeito de equilíbrio de conjunto.
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Aluno: ________________________________________________ Nº _______ Turma:___
ATIVIDADE
Utilize folhas de papel sem pauta, lapis grafite, lapis de cor e hidrocor.
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9 ANÁLISE DAS ARTES PLÁSTICAS A PARTIR DE SEUS ELEMENTOS
BÁSICOS DE COMPOSIÇÃO
Ao analisarmos uma obra de arte devemos estar atentos a quais elementos estão
presentes nela e de que forma esses componentes atuam para criar diferentes efeitos e
significados formais e estéticos, relacionando a obra como um documento que se inscreve no
contexto de uma época e também exprimir um comentário pessoal sobre a mesma.
A substância visual de determinada obra é composta a partir de uma lista básica de
elementos, os quais não devem ser confundidos com os materiais. Particularmente em se
tratando de artes visuais (pintura, escultura, desenho e arquitetura), observaremos aqueles a
que chamamos de elementos básicos da linguagem visual. Existem vários elementos a
considerar, no entanto, os principais são: o ponto, a linha, a forma, a superfície, o plano, a
textura e a cor.
Uma obra de arte pode ser analisada de várias formas (esta é uma proposta, podendo
haver outras) e pretende sempre alcançar os seguintes objetivos:
Ajudar a apreender as técnicas utilizadas pelo autor para transmitir a sua mensagem;
Mostrar como a obra de arte é a expressão de um dado contexto histórico;
Sensibilizar para a fruição dos valores estéticos;
Deve ter-se sempre em conta certos dados técnicos que diferem de época para época,
ou de autor para autor.
Deve-se, também, tentar perceber-se porque é que o autor criou um objeto artístico
(quadro, pintura, desenho etc.) com aquelas dimensões e não outras; proceder à análise da
cena, do enquadramento desta, dos móveis, dos objetos representados, da paisagem, da
posição das personagens, identificando-as, como estão vestidas, em que atitude se encontram,
etc.
A composição: Quais são as linhas que organizam a obra? Isto é, a organização das
figuras segundo esquemas geométricos ou não, com eixos bem marcados ou não,
segundo leis de perspectiva ou sem elas (como é criado o sentido de profundidade).
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O desenho: qual é a função da linha, a sua espessura e forma? Os contornos são
nítidos? Tem um papel fundamental ou acessório?
As cores: Quais são as cores dominantes? Cores quentes ou frias? Análogas ou
complementares?
A luz: De onde vem a luz? Está distribuída uniformemente ou é concentrada em uma
cena ou figura? Qual é o seu efeito?
A técnica de pintura: mancha larga, pontilhada, linear, sfumato?
O material de pintura: óleo, têmpera, guache?
A técnica de escultura (se for o caso): modelagem, instalação; que material foi
usado?
Comentar do ponto de vista pessoal uma obra de arte é exprimir a sua adesão ou não, à
obra, quer do ponto de vista intelectual, quer do ponto de vista afetivo, justificando a sua
posição.
Com as informações fornecidas pela análise da obra de arte, poderá concluir sobre o
valor estético-formal do documento que analisou, isto é, a sua qualidade como uma produção
artística, a partir do estudo dos seus elementos básicos.
ATIVIDADE
Escolha uma obra de arte de sua preferência e faça, em equipe, uma análise bem
detalhada sobre ela, levando em consideração os aspectos formais e estéticos
estudados nesse capítulo.
Além dessa análise, a equipe deverá também tecer um comentário crítico a respeito
da obra, levando em consideração o ponto de vista afetivo, intelectual e pessoal da
maioria dos componentes.
Esse trabalho deverá ser apresentado em papel almaço (se escrito à mão) ou em
folhas de papel sem pauta, tamanho A4 (se digitado), contendo folha de rosto,
apresentação, desenvolvimento (texto da análise), conclusão e bibliografia
consultada.
Bom trabalho!
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10 LEITURA VISUAL, INTERPRETAÇÃO E SIMBOLOGIA DAS ARTES
27
Também definida como uma representação mental e material, a imagem é uma
construção mental elaborada a partir de estímulos sensoriais somados a elementos afetivos e
cognitivos.
Pelo seu poder de comunicar, a arte se caracteriza como linguagem, ou seja, um
sistema de expressão e interação social constituído de representações verbais e não-verbais.
10.5.3 Materialidade
Caracteriza a técnica e os materiais expressivos com os quais o objeto artístico foi
produzido.
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Formal
Associativa
10.6.1 Semiótica
O termo deriva do grego Semeion (signo) e Sema (sinal), sendo apresentada como a
ciência dos signos e dos processos significativos (semiose) na natureza e na cultura.
O signo é uma representação de qualquer objeto, forma ou fenômeno.
10.6.2 Iconográfica
Do grego, Eikôn (imagem, retrato) e Graphô (escrita).
A iconografia institui-se como as características identificatórias ou descritivas de uma
determinada figura conforme suas especificidades de época, local e objetivos de produção.
10.6.3 Iconológica
Do grego, Eikôn (imagem, retrato) e Logos (palavra, discurso).
A iconologia é estudada e aplicada hoje como um método de leitura do objeto artístico a
partir da sua iconografia somada às suas características estabelecidas pelos materiais, estilos,
objetivos, época e local de produção.
10.6.4 Formal
Esse tipo de leitura se baseia na compreensão e percepção da representação da forma
que se apresenta a imagem.
As abordagens formais mais conhecidas são a Wolffliana e a Gestaltica.
10.6.5 Associativa
A leitura associativa ocorre quando alguém ao apreciar um objeto artístico, estabelece
uma referência comparativa com uma experiência anterior, gerando a partir desse ponto uma
impressão e a construção de significados sobre o trabalho observado.
10.7 RELEITURA
ATIVIDADE
Em equipe, os alunos farão a partir da obra analisada na atividade anterior, uma
produção artística de forma a criar uma RELEITURA da mesma.
Lembrem-se: NÃO CONFUNDIR COM CÓPIA.
Esse trabalho poderá ser feito em cartolina branca, papel canson tamanho A3 ou maior,
ou mesmo uma pintura em tela ou madeira.
Fica a critério da equipe o material, a técnica a ser aplicada e o suporte, mas as
dimensões do trabalho não poderão ser inferiores a 297mm de largura e 420mm de
altura.
Bom Trabalho!
29
UNIDADE II – HISTÓRIA DA ARTE
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11.4.2 Pintura Rupestre Geométrica
As pinturas com motivos geométricos são representadas por linhas, pontos, círculos,
cruzes, espirais e triângulos.
11.5 Preservação
Os registros e a conservação da arte Pré-Histórica no Brasil deixam muito a desejar,
pois a maioria das grutas foram destruídas com a extração de calcário feita pelas fábricas de
cimento.
A Pré-História termina com o aparecimento da escrita, apesar de ainda hoje existirem
civilizações vivendo em condições primitivas de vida.
ATIVIDADE
1) Quais são os principais sítios arqueológicos onde foram encontradas pinturas rupestres
no Brasil?
2) De qual dessas localidades pertencem os vestígios mais antigos de produções artísticas,
consideradas pré-históricas?
3) Quais são os tipos de pinturas rupestres que foram encontrados no Brasil? Descreva as
características de cada grupo.
4) Como é denominado o estilo de pinturas rupestres que foi encontrado em um desses
sítios, cuja representação de figuras zoomórficas e antropomórficas foi comparada à de
Altamira, na Europa?
5) A que fatos podemos atribuir a dificuldade de se preservar a arte Pré-Histórica no Brasil?
31
12 Arte Indígena Brasileira
12.1 Introdução
O Brasil é um país novo, com pouco mais que 500 anos. No
entanto, antes de ser explorado pelos europeus, já havia habitantes
nessas terras. Essas pessoas são os índios, de várias nações e culturas
diferentes, com uma arte diversificada e rica em sua beleza.
Os portugueses e os índios eram muito diferentes. Os portugueses
deixaram para trás um país rico e muito adiantado para a época.
Eles eram mestres na construção de caravelas e tinham também
uma arquitetura muito avançada.
32
As tintas usadas para a pintura corporal são retiradas da natureza, basicamente do
urucum (vermelho e amarelo) e do jenipapo (preto e azul).
A tribo Assurini, do Xingu, utiliza como matéria-prima tinta de origem mineral para colorir
seus vasos.
Essa tinta é obtida de pedras coloridas (vermelho, amarelo e preto) encontradas na
natureza que são esfregadas em outras pedras mais duras e ásperas com um pouco de água.
A superfície desses vasos tem uma decoração muito colorida (desenho preto e vermelho
com fundo amarelo) e como acabamento é aplicada sobre a pintura a resina do jatobá, que
serve como verniz.
Os pincéis utilizados são penas de ave, talos de madeira e fibras de plantas variadas.
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12.8 Moradias (arquitetura)
ATIVIDADE
1) Comente sobre as principais diferenças culturais entre os povos indígenas e europeus.
2) Fale sobre a pintura corporal indígena destacando suas características e funções.
3) Que tipo de produção artística tipicamente indígena não está associado a um fim
utilitário, mas apenas a busca pela beleza?
4) Encontramos belos exemplos da arte indígena na cerâmica. Quais foram os povos
indígenas que mais se destacaram nessa produção?
5) Como é denominado o tipo de urna funerária onde alguns povos indígenas colocavam
seus mortos?
6) Na “arquitetura” indígena existem algumas denominações tipicamente indígenas, como a
oca (residência), a taba (aldeia) e o pucu (trilha). Qual é o nome dado ao equivalente à
praça?
7) Cite o nome dos principais instrumentos musicais usados pelos índios brasileiros.
8) Cite o nome dos objetos de trançados e tecelagem dos índios brasileiros.
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13 PANORAMA DAS ARTES VISUAIS NO BRASIL: DO BARROCO ATÉ O
MODERNISMO
13.1 Introdução
Com a invasão dos colonizadores europeus, e com as construções das primeiras igrejas
feitas de taipas ou terra batida, surge o primeiro estilo de arte no Brasil, o barroco, com uma
concepção de arquitetura muito diferente da renascentista européia. Dessas precárias
construções surgiram as de pedra e cal cobertas de telhas, algumas já assobradadas. Então, o
papel da igreja foi determinante na política, na arte e na cultura brasileira nesse período.
Convento Nossa Senhora da Luz, São Paulo, iniciada em 1600 Teto da Capela-Mor da Igreja do Carmo em Itu – SP,
e concluída por volta de 1770. Pintura de Frei Jesuíno do Monte Carmelo.
Para entender esse estilo, vamos recordar o seu surgimento na Europa: No século XVII,
na Itália, uma série de mudanças econômicas, religiosas e, principalmente, devido à Reforma1,
o poder da Igreja católica é enfraquecido e para colocar novamente em ascensão o Catolicismo
e a fé, foi criado um estilo artístico chamado de Barroco, palavra de origem espanhola
(barrueco) que significa “pérola de formato irregular”. Essa denominação, a princípio um
apelido pejorativo, foi dada para uma arte produzida entre os séculos XVII e XVIII por
expressar um processo tortuoso, confuso de pensamento, encarado por alguns de mau gosto e
sem seguir padrões. Assim, só foi valorizado por volta de 1850, e atualmente, é estudado sob
outro prisma. Sua revalorização procura trazer à tona o seu potencial como arte criadora e
original. Hoje as construções barrocas, nesse novo contexto, são consideradas de inestimável
valor artístico.
1 Movimento religioso, encabeçado por Lutero, que deu origem ao surgimento do protestantismo.
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A igreja católica, para reconquistar seu prestígio e poder, organizou sua Contra-
reforma2, tomando iniciativas que visavam reafirmar e difundir sua doutrina. E é, na construção
e decoração de igrejas, que surge a arte barroca. Para esse fim, arquitetos, escultores e
pintores foram convocados para transformar as igrejas em espaços para exibições artísticas de
grande esplendor, com o propósito de converter o povo ao Catolicismo.
Os traços marcantes desta arte se manifestam principalmente em construções de
igrejas, conventos, alguns edifícios públicos, residências dos ricos e poderosos, nas praças e
jardins públicos e nas figuras idealizadas que representam os personagens bíblicos e
históricos, demonstrando expressões de dor, tristeza e alegria com uma liberdade que
contrariava os modelos clássicos.
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Fachada da Igreja de São Pedro dos Detalhe da pintura do teto da Igreja do Convento de
Cléricos. Recife, PE. Santo Antonio, João Pessoa, PB.
A capital do Brasil nos primeiros anos do século XVIII era Salvador, por ser a mais rica
metrópole na época e o maior centro econômico do país. A cidade recebia os comerciantes
portugueses e com eles os hábitos e costumes de Portugal trazidos pelos artistas e produtores
estrangeiros, motivo pelo qual, são encontradas igrejas riquíssimas como a Igreja e o
Convento de São Francisco de Assis, em Salvador. Considerada a igreja mais rica do Brasil,
é o maior símbolo da arquitetura barroca, sua fachada foi construída com o frontão de linhas
curvas, o interior é decorado com colunas, ornamentos e paredes douradas, que exibem a
talha mais encaracolada do estilo rococó4.
Com o governo do Marquês de Pombal de 1750 a 1777, que tinha como principal
objetivo libertar Portugal do domínio inglês, muitas mudanças aconteceram no Brasil visando
combater os privilégios jurídicos dos nobres e a intolerância religiosa. Uma dessas mudanças
foi a criação das Companhias de Comércio que tinham como finalidade principal, enfraquecer o
poder dos jesuítas e, conseqüentemente, pôr fim na escravidão indígena. Em 1759, foi criada a
Companhia de Pernambuco e Paraíba, empresa responsável pela produção e comercialização
de açúcar, tabaco, algodão e madeira, provocando o desenvolvimento econômico das cidades
de Recife e João Pessoa. Nesse período, a arquitetura barroca brasileira também teve um
grande desenvolvimento com a construção de igrejas conservadas até hoje, como a Igreja de
São Pedro dos Cléricos, em João Pessoa, caracterizada principalmente pela portada barroca
e os altares trabalhados em pedra. O teto foi pintado pelo maior representante do barroco
pernambucano do século XVIII, chamado João de Deus Sepúvida. Podemos destacar ainda
em João Pessoa, o Convento Franciscano de Santo Antonio, formado pela igreja, o
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convento e a Capela da Ordem Terceira, que tem como ponto surpreendente os efeitos de
ilusão de ótica.
Com a extração do ouro em Minas Gerais, o Rio de Janeiro transforma-se no centro de
intercâmbio entre Portugal e Minas Gerais por causa do seu porto de navegação, vindo a
tornar-se a nova capital do país em 1763. Isso ocasionou um grande desenvolvimento
econômico que veio se refletir na arquitetura com a construção da igreja da Ordem Terceira
de São Francisco da Penitência, localizada no Largo da Carioca, que tem seu interior
ricamente decorado com talha dourada realizada por dois escultores portugueses: Manoel de
Brito e Francisco Xavier de Brito. Outra obra arquitetônica desse período é a igreja de
Nossa Senhora da Glória do Outeiro, projetada pelo engenheiro militar José Cardoso
Ramalho, sendo uma das primeiras igrejas barrocas brasileiras a possuir uma nave poligonal
com ausência de talha dourada, conseguindo atingir uma harmonia na combinação das
paredes brancas decoradas com pilastras de pedra. Além da arquitetura, o Rio de Janeiro no
século XVIII teve o privilégio de ser agraciado por um dos maiores escultores brasileiros:
Valentim da Fonseca e Silva (1750-1818), conhecido como “Mestre Valentim”. Dentre seus
trabalhos, está a estátua do Caçador Narciso, que se encontra no Jardim Botânico; os
Jacarés; a Ninfa Ego; as estátuas em cedro de São Marcos e São Evangelista que,
atualmente, se encontram no Museu Histórico Nacional, além de ter criado o primeiro projeto
de reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro.
O principal centro de desenvolvimento da arte barroca no Brasil foi Minas Gerais,
favorecida pela riqueza proveniente do chamado “ciclo do ouro” que custeava as construções e
decorações de igrejas juntamente com as “bandeiras”5 e diferentes tropas que lá se fixaram. O
Barroco de Minas Gerais foi o que menos sofreu influências do barroco português, considerado
um estilo arquitetônico verdadeiramente brasileiro, possuindo um caráter mais livre,
apresentando em suas decorações retábulos de madeira clara em tom pastel, inseridos em
painéis lisos para garantir o destaque. Os artistas que mais se destacaram foram: Antônio
Francisco Lisboa, o “Aleijadinho” e Manuel da Costa Ataíde.
Adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, os 12 Profetas, de Detalhe dos Profetas de Aleijadinho.
Aleijadinho.
5 Expedições particulares organizadas por paulistas, com intuito de capturar índios e encontrarem ouro, saiam de São Paulo e
criavam vilarejos próximo a Minas Gerais.
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estatuário Os Passos da Paixão que conta a história da paixão de Cristo todas em tamanho
natural, localizados também em Congonhas do Campo.
Outras obras foram, o Chafariz do Padre Faria, em Ouro Preto, esta foi sua primeira
obra, a Imagem do Cristo Flagelado que se encontra no Museu Inconfidência de Ouro Preto,
a igreja de São Francisco de Assis, também em Ouro Preto, considerada a obra-prima de
Aleijadinho no campo arquitetônico, onde a portada é decorada com anjos e fitas esculpidos
em pedra-sabão; Atlantes do Coro, obra realizada para a igreja de Nossa Senhora de
Sabará, com detalhe na porta feitos também em pedra-sabão6; São Jorge, imagem em
tamanho natural; São Joaquim e o Profeta Daniel.
- Manuel da Costa Ataíde (1762-1830) nasceu em
Mariana – MG, foi o maior pintor do barroco brasileiro, suas
pinturas tanto em telas quanto em tetos de igrejas,
destacam-se pelo domínio total da técnica da perspectiva e
do uso de tons vermelhos. O maior exemplo é o teto da nave
da igreja de São Francisco em Ouro Preto, onde o artista
superou-se quando sugeriu que o teto se abrisse para o céu
e que Maria, uma mulher morena, cercada de anjos acolhe
os fiéis. Pintou também os tetos para as igrejas de Santo
Antonio em Santa Bárbara; igreja da Ordem Terceira de
São Francisco em Ouro Preto e a Igreja de Nossa
Senhora do Rosário em Mariana.
A Missão Artística Francesa não tomou conhecimento
da obra de Aleijadinho, ignorando o barroco no Brasil e,
particularmente, em Minas Gerais. Só em meados do século
XX, quando impulsionados pelo Movimento Modernista, é
que renasceu o interesse pelo barroco, sendo inaugurado o
Pintura do teto da Igreja de São Francisco de
Museu do Aleijadinho na sua cidade natal, integrando-se o Assis, feita por Manoel da Costa Ataíde, em
mestre à história universal das artes. Ouro Preto, MG.
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13.3 A Missão Artística Francesa e a arte acadêmica no Brasil
7 Estilo que tinha como objetivo alcançar a perfeição da forma, predominando a razão e a ciência, ignorando a fé e a religião.
8 Estilo que predominou na Europa no século XVII, trazido para o Brasil pelos portugueses. É uma arte decorativa de
interiores.
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cidade para ficar mais perto da natureza, que o inspirava demasiadamente, como podemos
observar nas telas intituladas Largo da Carioca e Morro de Santo Antonio, ou ainda em
alguns retratos da família real.
Família de um Chefe Camacã Preparando-se para uma Festa. Funcionário Público saindo de casa com a família. Debret.
Litografia de Debret.
42
Flores, de Agostinho José da Mota, 1873. Mineiros numa Venda do Rio de Janeiro, Aquarela de
Thomas Ender..
- Agostinho José da Mota foi o primeiro aluno da academia a ganhar uma viagem à
França como prêmio pelas suas pinturas de paisagens, tendo comparado destaque em
naturezas-mortas com Flores, onde o colorido é espetacular.
Independentes da missão, o Brasil havia sido descoberto por diversos artistas
estrangeiros vindos da Europa, América e Ásia, mesmo antes da chegada da corte, fascinados
pelas belas paisagens e pela rica burguesia que queria ser retratada. É nessa perspectiva que
podemos encontrar artistas talentosos como:
- Tomas Ender (1793-1875) nasceu na Áustria, veio para o Brasil na comitiva da
princesa Leopoldina, destacou-se no desenho e na técnica de aquarela, retratando cenas da
vida do povo brasileiro, como a que mostra Mineiros numa Venda do Rio de Janeiro.
Corcovado Visto da Bahia de Botafogo. De Charles Landseer. Compõe a Praia dos Mineiros no Rio de Janeiro. Litografia de
coleção de 299 obras do artista, em exposição no Rio de Janeiro (Brasil 1826- Rugendas.
26 Charles Landseer e a missão britânica e trabalhos de Burchel, Camberlain,
Debret).
- Charles Landseer (1799-1878) nasceu na Inglaterra, veio para o Brasil em 1825 com
a tarefa de documentar à vinda da família real para o Brasil, no entanto o artista não se limitou
a corte. Como resultado do seu trabalho, pintou várias paisagens, incluindo tipos humanos,
entre elas a tela que mostra o Corcovado visto da Bahia de Botafogo.
- John-Moritz Rugendas (1802-1868) nasceu na Alemanha, visitou vários países da
América Latina, entre eles o Brasil, sobre o qual deixou um livro ilustrado com desenhos,
denominado: Viagem Pitoresca Através do Brasil. Retratou a óleo Dom Pedro II e a princesa
Leopoldina.
Com a volta de Dom João VI para Portugal, ficou no Brasil seu filho, o príncipe Dom
Pedro I, como garantia do monopólio português. Com proclamação da Independência do Brasil
em 1822, Pedro tem seu governo atribulado por crises políticas e pressões liberais, motivos
pelos quais foi obrigado a abdicar do trono deixando no poder seu filho de cinco anos, Dom
Pedro II que, por ser menor de idade, não poderia governar e, por esse motivo, o Brasil foi
governado por regências até a sua maioridade, passando por várias revoltas entre portugueses
liberais e ingleses, entre esses conflitos, inclui-se a Guerra do Paraguai. Com 21 anos, Dom
Pedro II assumiu o governo brasileiro, a partir desse momento o Brasil alcançou um alto grau
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de desenvolvimento econômico artístico e cultural, culminando com a abolição da escravidão
em 1888, assinada por sua filha, a Princesa Isabel.
Depois da Proclamação da República em 1889, muitos artistas brasileiros viajaram para
Paris, onde tiveram contato com as novas tendências estrangeiras, como o Romantismo, o
Realismo e o Impressionismo, mesmo assim, não sofreram grandes influências, pois ainda
refletia neles a tendência conservadora dos modelos clássicos europeus impostos por Portugal.
Nem mesmo a guerra que o Brasil travou com o Paraguai, que durou seis anos, gerando
mortes e miséria ao país, foi suficiente para um declínio nas artes, ao contrário, serviu como
tema para alguns artistas e também para exaltar o império. Nessa geração surgiram:
44
Europa, quando retornou ao Brasil, dedicou-se com paixão aos temas regionalistas,
característica principal do estilo romântico brasileiro, como nas obras: Leitura, O Violeiro,
Saudade e Picando Fumo.
Algumas exposições independentes começavam a aparecer fora dos muros da
Academia como prova da fertilização do solo artístico nacional, e outros nomes importantes
surgiam no cenário, como:
- Rodolfo Amoedo (1857-1941) produziu muito em temas mitológicos e bíblicos, mas no
começo da década de 1880 se interessou especialmente pelo Indianismo, produzindo pelo
menos uma peça de grande significado nessa tendência, O último Tamoio, onde agrega
elementos naturalistas em uma representação romântica rica e de temas trágicos. Mais tarde
sua obra assimilaria a influência do Impressionismo e toques de Orientalismo, sem contudo
abandonar as atmosferas sonhadoras e introspectivas tão caras a certa cepa dos românticos.
- Belmiro de Almeida (1858-1935) mineiro, aluno da Academia de Belas-Artes, estudou
na Europa onde recebeu influência dos artistas franceses como podemos observar em um de
seus quadros mais famosos pintados em 1887, como Arrufos e Dame à La Rose, de 1906.
- Antonio Parreiras (1869-1937) nasceu em Niterói – Rio de Janeiro, também foi aluno
da Academia de Belas-Artes, estudou em Veneza onde foi muito elogiado por suas pinturas de
paisagens como Gragoatá e os nus femininos de Dolorida e Flor Brasileira, não aceitos pela
sociedade brasileira conservadora da época.
Enquanto isso, na literatura se destacaram Aluísio Azevedo e Euclides da Cunha, com
as respectivas obras: O Cortiço e Os Sertões, contendo registro da problemática brasileira.
Mas a pintura continuava fantasiando riqueza e tranqüilidade que só começaria a mudar
no final do século XIX através das obras de:
- Eliseu Viscont (1867-1944) nascido na Itália, veio para o Brasil ainda pequeno,
estudou na Academia de Belas-Artes no Rio de Janeiro, onde foi premiado com uma viagem à
Europa, lá estudou na Escola de Belas-Artes de Paris e freqüentou um curso de arte
decorativa. Esteve em contato com obras impressionistas sendo o maior representante desse
estilo no Brasil. Viscont volta com uma visão mais viva da nossa cor e de luz, como na tela
Trigal, que procurando renovar as características da pintura, rompeu com as amarras do
academismo. Desenvolveu também a arte de decoração criando objeto do dia-a-dia
denominada “Art Nouveau” que se caracteriza pela riqueza de ornamentação de linhas
sinuosas com flores e folhas. Foi ainda artista gráfico, decorador de teatro e ceramista, sendo
considerado o primeiro designer brasileiro.
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Moringa de cerâmica, Designer de
Eliseu Visconti. Altura: 36cm.
Trigal, obra de Eliseu Visconti. Dimensões: 65cm x 80cm.
Museu Nacional de Belas Artes, RJ.
Coleção particular.
- Alvin Correia (1876-1810) nasceu no Rio de Janeiro – RJ, foi morar na Europa com 16
anos, sua obra foge da realidade e sua imaginação cria algo novo e diferente como as
ilustrações feitas para edição belga da “Guerra dos Mundos”.
A arquitetura no final do século XIX transforma-se e segue dois estilos europeus: o Art
Nouveau, floreado e ornamental, em que se destacam as formas orgânicas inspiradas em
folhagens, flores, cisnes, labaredas e outros elementos e o ecletismo, que reúne numa só
construção, elementos grego-romanos, góticos, renascentistas e mouriscos, como o palacete
do Visconde de Palmeira em São Paulo – SP. Podemos destacar ainda o “Teatro José de
Alencar” em Fortaleza – CE, o Teatro Amazonas em Manaus e a “Vila Penteado” em São
Paulo – SP.
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A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência
cultural do país fazem do modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à
produção realizada sob a influência de 1922. Heitor Villa-Lobos na música; Mário de Andrade e
Oswald de Andrade, na literatura; Victor Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di Cavalcanti,
na pintura, são alguns dos participantes da Semana, realçando sua abrangência e
heterogeneidade.
Os estudiosos tendem a considerar o período de
1922 a 1930, como a fase em que se evidencia um
compromisso dos artistas com a renovação estética,
beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas
européias (cubismo, futurismo, surrealismo etc.). Tal
esforço de redefinição da linguagem artística se articula
a um forte interesse pelas questões nacionais, que
ganham acento destacado a partir da década de 1930,
quando os ideais de 1922 se difundem e se
normalizam. Ainda que o modernismo no Brasil deva Monumento às Bandeiras, 1920-1959, Victor Brecheret.
ser pensado a partir de suas expressões múltiplas - no Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Pernambuco etc. - a Semana de Arte Moderna é um fenômeno eminentemente urbano e
paulista, conectado ao crescimento de São Paulo na década de 1920, à industrialização, à
migração maciça de estrangeiros e à urbanização.
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Abaporu , Tarsila do Amaral, 1928 Mestiço, Cândio Portinari, 1934.
Tarsila do Amaral não esteve presente ao evento de 1922, o que não tira o seu lugar
de grande expoente do modernismo brasileiro. Associando a experiência francesa - e o
aprendizado com André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger - aos temas nacionais, a pintora
produz uma obra emblemática das preocupações do grupo modernista. Da pintura francesa,
especialmente das "paisagens animadas" de Léger, Tarsila retira a imagem da máquina como
ícone da sociedade industrial e moderna. As engrenagens produzem efeito estético preciso,
fornecendo uma linguagem aos trabalhos: seus contornos, cores e planos modulados
introduzem movimento às telas, como em E.F.C.B., 1924 e A Gare, 1925. A essa primeira fase
"pau-brasil", caracterizada pelas paisagens nativas e figurações líricas, segue-se um curto
período antropofágico, 1927-1929, que eclode com Abaporu, 1928. A redução de cores e de
elementos, as imagens oníricas e a atmosfera surrealista (por exemplo, Urutu, O Touro e O
Sono, de 1928) marcam os traços essenciais desse momento. A viagem à URSS, em 1931,
está na origem de uma guinada social na obra de Tarsila (Operários, 1933), que coincide com
a inflexão nacionalista do período, exemplarmente representada por Candido Portinari.
Portinari pode ser tomado como expressão típica do modernismo de 1930. À pesquisa
de temas nacionais e ao forte acento social e político dos trabalhos associam-se o cubismo de
Picasso, o muralismo mexicano e a Escola de Paris (entre outros, Mestiço, 1934, Mulher com
Criança, 1938 e O Lavrador de Café, 1939, Os Retirantes, 1944). Hoje é considerado um dos
artistas mais prestigiados do país e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção
internacional. Entre suas obras mais prestigiadas e famosas, destacam-se os painéis Guerra e
Paz (1953-1956), que foram presenteados em 1956 à sede da ONU de Nova Iorque. Em
novembro de 2010, depois de 53 anos, elas voltaram ao Brasil e foram exibidas no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro.
Lasar Segall foi um pintor, gravador e escultor judeu lituano, formado no
expressionismo alemão, aproxima-se dos modernistas em 1923, quando se instala no país.
Seus temas mais significativos foram representações pictóricas do sofrimento humano: a
guerra, a perseguição e a prostituição. Parte de sua obra, ampla e diversificada, registra a
paisagem e as figuras locais em sintonia com as preocupações modernistas (Mulato 1, 1924, O
Bebedouro e Bananal, 1927). Foi um dos primeiros artistas modernistas a expor no Brasil.
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O bananal, Lasar Segal, 1927. As nadadoras, Vicente do Rego Monteiro,
1924.
Ainda que o termo modernismo remeta diretamente à produção realizada sob a égide de
1922 - na qual se incluem também os nomes de Vicente do Rego Monteiro, Antonio
Gomide, John Graz e Zina Aita - a produção moderna no país deve ser pensada em chave
ampliada, incluindo obras anteriores à década de 1920 - as de Eliseu Visconti e Castagneto,
por exemplo -, e pesquisas que passaram ao largo da Semana de Arte Moderna, como as dos
artistas ligados ao Grupo Santa Helena (Francisco Rebolo, Alfredo Volpi, Clóvis Graciano etc.)
e o Núcleo Bernadelli (composto por José Pancetti, Milton Dacosta, Ado Malagoli, Edson Mota
Joaquim Tenreiro, Manoel Santiago entre outros).
ATIVIDADE
1) Qual foi o primeiro estilo artístico brasileiro?
2) Aponte os principais artistas do barroco brasileiro citando suas obras de maior destaque.
3) O barroco brasileiro se subdividiu em dois estilos diferentes. Descreva as características
de cada um.
4) O Barroco brasileiro apresenta profundas diferenças regionais. O que justifica isso, já
que se trata de um só país?
5) Em que região teve início uma arquitetura realmente brasileira, com características
próprias?
6) Quem foram os principais artistas integrantes da Missão Artística Francesa?
7) Cite as mais importantes contribuições da Missão Artística Francesa que marcaram a
História da Arte no Brasil.
8) Outros artistas estrangeiros também realizaram grandes produções no Brasil, fascinados
pelas belas paisagens e pela rica burguesia que queria ser retratada. Quem foram eles?
9) Qual artista brasileiro se interessou pelo Indianismo, produzindo uma obra de grande
significado nessa tendência, O último Tamoio, onde agrega elementos naturalistas em
uma representação romântica?
10) Quais foram os dois estilos europeus seguida pela arquitetura brasileira no final do
século XIX.
11) A Semana de Arte de 1922 é considerada como uma divisora de águas no cenário
artístico brasileiro. Cite os principais nomes que faziam parte desse grupo representando
a literatura, a música, a pintura, e a escultura.
12) Mesmo não integrando o evento citado na questão anterior, uma importante artista se
destacou no movimento modernista desenvolvendo sua produção em duas diferentes
fases. Que artista era essa e como foram denominados referidos períodos?
13) Quem foi o artista brasileiro de renome nacional e internacional que entre as várias
obras que pintou, estava um painel intitulado Guerra e Paz, que foi presenteado à sede
da ONU de Nova York? Cite outras de suas obras.
14) Complete: Independentes da Semana de 22, alguns grupos de artistas modernistas se
destacaram, entre eles ______________________ e _________________________.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BATTISTONI, Filho Diulio. Pequena História da Arte. São Paulo: Papirus, 1989.
CARVALHO, Olavo de.500 anos em 5 notas. Revista Bravo. São Paulo: n. 31, p.15-23, abril
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UPJOH M., Everard; MINGERT S., Paul; MAHLER, Jane Gaston. da Arte IV – Do Barroco ao
Romantismo. São Paulo: Editora Difel AS. 1975.
WALTHER, Giulio Isaias. História da Arte. O Barroco. São Paulo: Ática, 1982.
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