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Porto Alegre
2018
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Resumo: Este artigo apresenta uma revisão de literatura sobre a Psicologia no contexto do trânsito
no território nacional, corroborando os aspectos que têm sido enfatizados, as limitações e as
perspectivas para a pesquisa desse tema. A revisão abrange 83 artigos, sendo aproveitados 9
destes, com assuntos de maior relevância e também classificados em quatro categorias: (a)
discussão de aspectos teóricos referentes a psicologia no contexto trânsito; (b) avaliações
psicológicas no contexto trânsito (c)qualificação profissional e (d) revisão de literatura. o objetivo geral
da pesquisa é mostrar a educação e a psicologia de trânsito na formação de condutores.
Argumenta-se que ainda hoje psicologia do trânsito está sendo basicamente voltadas as avaliações
psicológicas, embora tenha se direcionado a outras áreas, o movimento ainda é mínimo acerca do
esperado, sendo assim também pode-se constatar que aspectos da psicologia no contexto trânsito
exceto avaliações, têm sido pouco explorados. A conclusão apresenta aspectos que necessitam ser
investigados com maior profundidade para se atingir uma compreensão mais clara, ampla e crítica da
psicologia no contexto trânsito no Brasil.
Abstract: This article presents a review of the literature on Psychology in the context of the transit in
the national territory, corroborating the aspects that have been emphasized, the limitations and the
perspectives for the research of this theme. The review covers 83 articles, being used 9 of these, with
subjects of greater relevance and also classified in four categories: (a) discussion of theoretical
aspects referring to psychology in the context of traffic; (b) psychological assessments in the transit
context (c) professional qualification and (d) literature review. the general objective of the research is
to show education and traffic psychology in the training of drivers. It is argued that even today traffic
psychology is basically focused on psychological assessments, although it has been directed to other
areas, the movement is still minimal about what is expected, so it can also be seen that aspects of
psychology in the context of transit except evaluations, have been little explored. The conclusion
presents aspects that need to be investigated in greater depth to reach a clearer, broad and critical
understanding of psychology in the context of transit in Brazil.
Introdução
Fonte: DETRAN-RS
Método
Resultados
capaz de avaliar e restringir condutores que não atendem a quesitos exigidos para
uma boa condução veicular.
Entretanto o que se refere nos artigos são avaliações psicológicas somente
para candidatos que desejem obter a primeira habilitação, nas renovações de
exames se o condutor possuir categoria profissional (C, D e E), ou em casos que o
condutor apresente alguma restrição na avaliação tendo que repetir na validade do
próximo exame. Os estudos apontaram um questionamento em relação a isenção
definitiva de avaliação psicológica para aqueles candidatos que obtém apto na
primeira habilitação, levantando a importância de a realização desta avaliação
durante a trajetória deste condutor, sinalizando que o ser humano é suscetível a
mudanças comportamentais durante a vida, fazendo-se necessária a confirmação de
sua aptidão durante sua história como condutor.
Um ponto que chama atenção é que embora existam artigos relacionados a
outras áreas da psicologia do trânsito além das avaliações, pouco ou quase nenhum
relata atuações efetivas, sendo ainda uma área pouco explorada. Alguns resumos
de artigos que foram dispensados relatavam que em alguns lugares do mundo a
psicologia atua em diversas áreas e na reabilitação do condutor, trabalhando com
possíveis mudanças de comportamentos inadequados, mas podemos ver que no
Brasil está atuação ainda está distante, tendo que abrir caminhos de algo que ainda
é muito engessado.
Outro item que não foram encontrados nos artigos e que é algo bem
preocupante são os problemas vinculados à formação de recursos humanos
especializados na área da psicologia aplicada ao trânsito. Nenhum artigo relata a
importância da disciplina de psicologia do Trânsito em Faculdades, com o intuito de
disseminar essa cultura. Sendo assim mais um fator que há problemas, sobretudo,
de tradição, acreditando que a psicologia aplicada ao trânsito ainda está muito
focada nas avaliações.
Conforme analisado no CTB (BRASIL, 2008), algo relacionado ao assunto
citado a cima, achou-se estudos que revelam a existência da obrigatoriedade da
educação para o trânsito desde a Educação infantil abrangendo até o ensino
superior, assim transcorrendo toda a trajetória escolar de cada indivíduo e
chamando atenção para adesão de hábitos de comportamentos seguros, por meio
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Discussões
embarque por meio de plataformas onde as passagens são pagas para dar
segurança e agilidade no embarque, onde os motoristas não têm preocupação com
a cobrança de passagens e transita com mais tranquilidade pela cidade com as
faixas exclusivas, que lhe possibilitam o cumprimento dos horários e um trabalho
sem estresse.
muita pressão para não haver atrasos nas entregas e “um controle informal do
tempo de cada entrega”, observaram os autores.
A causa principal de estresse apontada neste estudo pelos próprios
profissionais foi “O medo de sofrer acidentes devido ao trânsito intenso também foi
observado em 77% dos trabalhadores entrevistados”, segundo Marçal; Rocha;
Chagas (2011).
Os motoristas de ônibus urbanos, devido ao caráter repetitivo do trabalho, à
pressão dos horários e ao trânsito encontram-se em segundo lugar na lista dos
expostos à síndrome. (PRONIN, 2008. p. 1)
A prevenção do estresse e do burnout causados pelo trânsito e pelo
desgaste cotidiano enfrentado com congestionamentos, violência no trânsito,
desrespeito às normas de trânsito envolve mudanças profundas nos ambientes
urbanos com a sincronização entre os semáforos, sinais, atitudes conscientes dos
pedestres, respeito mútuo entre pedestres e motoristas, entre os próprios motoristas.
A Psicologia Social e a Psicologia Ambiental agem no sentido de propiciar as
condições de melhoria para o trânsito e para as interações entre as pessoas,
auxiliando a Psicologia do Trânsito.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
para obterem sua Carteira de Habilitação está posta em causa: será que tal
avaliação psicológica é suficiente para garantir a segurança no trânsito? Qual a
eficiência do teste Atenção Concentrada - Suzy Cambraia?
O estudo de Silva; Alchieri (2010) mostrou que há cerca de 50 anos, o
processo de avaliação psicológica vem sendo aplicado aos candidatos à habilitação
e constitui-se “a principal atividade de grande parte dos psicólogos do trânsito no
Brasil”. Mas os estudos sobre a eficiência dessa metodologia para apurar as reais
capacidades dos futuros motoristas para o aumento da segurança no trânsito no
contexto rodoviário não são muitos e os poucos que há têm dificuldade em
expressar as “evidências sobre a contribuição efetiva da psicologia na segurança por
meio da avaliação psicológica”.
O DETRAN de Mato Grosso do Sul adotou em seu processo de avaliação
psicológica, uma tabela de Atenção Concentrada elaborada por uma psicólogca
perita que trabalha há 25 anos nesse ramo. Vânia pereira da Silva Arashiro
desenvolveu uma Tabela Regionalizada do teste de Atenção Concentrada (AC)
naquele estado, sendo que esse trabalho foi fruto de uma dissertação de mestrado:
Esta foi a primeira vez que um órgão oficial adotou um trabalho desse tipo
para regionalizar a Avaliação Psicológica, argumentando que o estado possui
peculiaridades culturais, de hábitos, educação, formação étnica como tantas outras
regiões do Brasil e por isso é importante regionalizar essa tabela.
Segundo Detran-MS, o teste de Atenção Concentrada (AC) criado por Susy
Vijande Cambraia publicado em 1967 é utilizado para um amplo espectro de
avaliações de diversas situações distintas e é “muito utilizado para avaliação de
motoristas para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em todo o
território nacional”. Os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do
Norte, Espírito Santo, Pernambuco apresentaram diferenças bastante significativas
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Quando se fala em trânsito uma das primeiras coisas que vêem à tona para
a maior parte das pessoas é o ato de dirigir veículos automotores. Isso
porque dirigir é a principal forma de se movimentar em muitos países do
mundo. O ato de dirigir facilita a realização de atividades diárias rotineiras,
como o trabalho, oportunidades para a interação social e o desenvolvimento
econômico por meio do transporte de mercadorias. (RUEDA, 2009, p. 3)
Por outro lado, a não aprovação pode gerar uma grande frustração e
cerceamento dessa sensação de liberdade que a CNH reserva ao sujeito.
teste não tem sofrido revisões nos subtestes, mas vem sendo aperfeiçoado
constantemente quanto à técnica de avaliação e interpretação.
CARACTERÍSTICAS TRAÇADOS
Us Diminuição gradativa
Angústia Ziguezagu
e Ângulos pequenos
Hetero Agressividade Us Sagitais para cima
Auto agressividade Us Sagitais para baixo
Agressividade Cadeias No plano sagital egocífugo
Ziguezagu
e Ângulos pequenos
Inibição
Círculos Círculos pequenos
Escadas Degrau diminuído
Cadeias Une alguns elos e solta outros
Impulsividade
Paralelas Ruptura só em alguns elos
Cadeias Ruptura dos elos no plano egocípeto
Depressão Ziguezagu
e Desvio primário negativo
Ziguezagu
Elação
e Desvio primário Positivo
Transtorno neurológico Cadeias Tremores constantes
Escadas Aumento Gradativo
Ziguezagu
Ansiedade
e Ângulos grandes
Círculos Aumentados
Us Grandes
Excitabilidade Escadas Degrau aumentado
Círculos Círculos grandes
Escadas Excessiva Regularidade
Obsessividade Ziguezagu
e Excessiva Regularidade
Us Irregularidades
Instabilidade
Cadeias Eixo sinuoso
Ziguezagu
Dificuldade Intectual e Em guirlanda
Us Em semi-círculos
Paralelas Para dentro
Introversão
Cadeias Elos amontoados
Ziguezagu
Disritmia e Alternância de tamanho
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Ziguezagu
e Arredondado
Us Desorganização quanto à forma e direção
Imaturidade
Cadeias Leves tremores
Insegurança Cadeias Leves tremores
Cadeias Elos cruzados
Conflito
Paralelas Paralelas amontoadas
Egocentrismo Cadeias Elos amontoados
Afeto social Paralelas Paralelas para fora
Segurança (Pessoa
segura) Paralelas Paralelas para fora
Auto determinação Paralelas Paralelas com eixo torto
Pessoas flexíveis e
adaptativas Círculos Círculos arredondados
Ziguezagu
Primitivismo
e Arredondados
Ziguezagu
QI baixo
e Ziguezague em guirlanda
Tabela 1 – Características e traçados dos candidatos à CNH
Fonte: Urpia, 2010
Considerações Finais
O objetivo deste artigo era o de discutir aspectos que têm sido enfatizados
nos estudos sobre Psicologia no contexto trânsito no Brasil, bem como suas
limitações e perspectivas para a pesquisa nesse campo. Trata-se de um assunto
complexo, cujos resultados, natureza e implicações precisam ser ainda melhor
estudados.
As sucessivas alterações na legislação de trânsito para punir os infratores
até como forma de conscientizar a sociedade incluíram a Lei Seca, que foi aprovada
em 19 de junho de 2008, que gerou um ligeiro declínio nos dois primeiros anos de
sua vigência, mas a falta de fiscalização mais intensiva somada à falta de
conscientização dos motoristas que ao beber encontram as mais distintas
justificativas para assumir o volante não foram suficientes para diminuir a
imprudência nas ruas.
Uma das maiores dificuldades para a comprovação das taxas de alcoolemia
é a potencial recusa de soprar o bafômetro embasada no direito de não produzir
auto-incriminação e até mesmo a própria dinâmica das blitz efetuadas pelos policiais
impede um trabalho mais efetivo da polícia, porque todo condutor embriagado deve
ser conduzido para a delegacia acompanhado de um policial, desfalcando o efetivo
em exercício para realizar as morosas tarefas que a inspeção obriga.
A prova pericial advinda do teste de alcoolemia é muito importante para
enquadrar o infrator em homicídio culposo, que normalmente ocorre quando a morte
é provocada por condutor embriagado e o enquadramento em homicídio doloso gera
ainda as maiores polêmicas entre os juristas, assoberbada com a decisão do
Ministro do STF Luiz Fux que isentou de enquadramento em homicídio doloso um
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Referências Bibliográficas