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14/06/2022 13:39 ANÁLISE DE RISCOS: EXPOSIÇÃO AO RISCO DE ARCO ELÉTRICO - PARTE 2 - Westex: A Milliken Brand

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ANÁLISE DE RISCOS: EXPOSIÇÃO AO RISCO DE ARCO ELÉTRICO –


PARTE 2

Por Aguinaldo Bizzo de Almeida

Engenheiro Eletricista e de Segurança de Trabalho

Conforme verificamos no artigo anterior, a exposição ao risco de arco elétrico é condição intrínseca
em trabalhos com circuitos energizados, tanto em baixa quanto em alta tensão, sendo a principal
causa de lesões nos profissionais da área elétrica. Devido à recente introdução desse tipo de dis-
cussão nas questões normativas no País, bem como a falta de literatura específica sobre o tema,
muitas dúvidas ainda existem quanto à análise de risco para definição do nível de exposição ao risco
de arco elétrico, e, dessa forma, interpretações errôneas quanto à real exposição dos profissionais
que rotineiramente executam atividades de operação e manutenção de instalações elétricas energi-
zadas.

Uma das principais dúvidas refere-se a equipamentos segregados, e predomina-se a ideia de que
uma vez que “o painel esteja fechado”, a proteção ao risco de arco elétrico está garantida. Esse tipo
de afirmação não é correto, visto que o conceito genérico de segregação está vinculado à “impossi-
bilidade de acesso a partes vivas da instalação elétrica”, ou seja, refere-se à possibilidade de aden-
trar-se acidentalmente nos limites estabelecidos pela NR-10 como zonas de risco, ou seja, ao risco
de choque elétrico por contato direto.

Dessa forma, o conceito de segregação contido na NR-10 define em seu glossário que equipamento
segregado é um equipamento tornado inacessível por meio de invólucro ou barreira, sendo a defini-
ção do nível de segregação intrínseco ao Grau de Proteção IP. Dessa forma, um painel elétrico de

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comando que possua segregação adequada, por exemplo, Grau IP 3X, garante aos profissionais
que nele realizam operações, proteção adequada ao risco de choque elétrico por contato direto (ver
Figura 1); entretanto, não é possível garantir-se que os profissionais estarão totalmente protegidos
contra possíveis efeitos na ocorrência de um arco elétrico.

Obviamente, uma vez segregado com uma barreira física, existirá uma proteção intrínseca na ocor-
rência de um arco elétrico, sendo que não é possível afirmar que essa barreira física (por exemplo, a
porta do painel) seja suficiente para a proteção aos efeitos do arco elétrico, uma vez que ela não foi
projetada e ensaiada para esse fim, salvo equipamentos que possuam características intrínsecas de
ensaio a arco interno. Dessa forma, predominam-se situações de trabalho nas quais profissionais
BA4 – Advertidos e BA5 – Qualificados, realizam atividades rotineiras em BT e AT, em situações de
risco, devido à análise de risco inadequada, sendo que esses profissionais têm essa situação mini-
mizada devido ao uso contínuo de EPI’s específicos, ou seja, vestimentas FR, ainda que sem a pro-
teção facial quando de operações sem a descompartimentação dos invólucros.

Figura 1 – Operação em painéis segregados de BT.


Figura 2 – Pessoa BA1 realizando atividade de liga desliga
BT.

Figura 3b – Ratazana que provocou o acidente.

Figura 3a – Painel MT onde ocorreu a explosão.

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Figura 3d – Orifício no fundo do painel.


Figura 3c – Porta do painel projetada.

Figura 5 – Contatos elétricos de BT de instrumentação e


comando.
Figura 4 – Contatos elétricos de instrumentação e potência.

Ocorre que em várias empresas existem painéis elétricos de comando, em locais de presença de
pessoas BA1 – Comuns, onde inclusive essas pessoas também realizam atividades de liga-desliga
em BT (ver Figura 2), e não utilizam vestimentas FR, e, dessa forma, podem estar expostas aos
efeitos de possível arco elétrico. Ressalta-se que a NR-10 considera a operação de equipamentos
elétricos por pessoas BA1 – Comuns, definida no item 10.6.1.2. As operações elementares, como
ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétri-
cos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qual-
quer pessoa não advertida.

Dessa forma, é necessário que a exposição ao risco de arco elétrico seja considerada quando da
especificação de painéis elétricos onde pessoas BA1 – Comuns venham a realizar operações de
liga-desliga em BT.

Ressalta-se que a NR-10 considera a operação de equipamentos elétricos por pessoas BA1 –
Comuns, definida no item 10.6.1.2. As operações elementares, como ligar e desligar circuitos elétri-
cos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de con-
servação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida.
Dessa forma, é necessário que a exposição ao risco de arco elétrico seja considerada quando da
especificação de painéis elétricos onde pessoas BA1 – Comuns venham a realizar operações de
liga-desliga em BT.

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Ressalta-se que em determinadas circunstâncias, mesmo com painéis elétricos segregados, podem
ocorrer acidentes sérios que coloquem em risco a integridade física dos profissionais, uma vez que
em situações nas quais o nível de energia incidente for elevado, a ocorrência do arco elétrico poderá
provocar a projeção de partes metálicas do painel, podendo atingir o profissional, bem como provo-
car severas queimaduras.

Ainda, situações como essas podem ocorrer devido a fatores externos nas quais o trabalhador não
tem domínio, e, dessa forma, não poderá tomar as precauções necessárias, como por exemplo, de-
monstrado na sequência das Figuras 3a, 3b 3c e 3d, onde ocorreu uma explosão de um painel de
MT – 4,16KV devido à ocorrência de um arco elétrico provocado por uma “ratazana”, que adentrou a
parte interna do painel por meio de um “orifício” na parte interna do equipamento, deixado pelos pro-
fissionais que realizaram manutenção preventiva nele. Ou seja, a não execução correta da manuten-
ção, quando essa fenda deveria ser “obturada” (fechada), provocou um acidente de grande porte.

Outra situação normalmente questionada é se profissionais da área de instrumentação e controle


estão expostos ao risco de arco elétrico, uma vez que realizam atividades em extrabaixa tensão
(abaixo de 50vca ou 120Vcc), ou então, em baixa tensão (127/220Vca) em circuitos de baixa
potência.

Para que seja possível definir-se com clareza a real exposição desses profissionais ao risco de arco
elétrico, é necessário que seja feita uma análise adequada de riscos, considerando-se o nível de
energia incidente existente, uma vez que existem situações construtivas nas quais os circuitos de
comando estão instalados em proximidade de circuitos elétricos de potência (vide Figura 5), onde
pode existir energia incidente acima de 2cal\cm2, e, dessa forma, os profissionais estarão expostos
aos efeitos do arco elétrico, além de locais de trabalho de instrumentação e controle dentro de salas
elétricas de MT, nas quais os profissionais trafegam entre colunas de painéis segregados de MT que
não ensaiados para proteção a arco interno.

Dessa forma, não é possível afirmar que toda instalação elétrica / eletrônica de instrumentação co-
mando seja segura, considerando-se o risco de arco elétrico, sendo que ela mesma seja projetada
de forma adequada, considerando-se as influências externas aplicáveis, poderá ser considerada se-
gura, visto as características construtivas, nas quais as condições de contorno utilizadas para cál-
culo do nível de energia incidente possuem “valores baixos” (ex: tensão, ICC, potência etc.), con-
forme mostra a Figura 5.

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Figura 6 – Atividade de termografia BT.

Outra situação laboral, na qual também é questionada a exposição dos profissionais ao risco de arco
elétrico, é a atividade de termovisão em painéis elétricos de BT (ver Figura 6), na qual se alega que
o profissional executa a atividade “à distância”, e, portanto, não estaria exposto ao risco de arco elé-
trico. Além disso, não há intervenção no sistema elétrico, e, dessa forma, a probabilidade de ocor-
rência de um arco elétrico é remota.

A atividade de termografia, devido à característica construtiva predominante das instalações elétri-


cas, por conta da idade delas, exige que o invólucro seja descompartimentado para a realização da
atividade de termografia. Dessa forma, não existe qualquer barreira física que minimize o efeito de
possível arco elétrico. Assim sendo, nessas condições, é intrínseca a exposição ao risco de arco elé-
trico, sendo a gravidade do arco intrínseca ao nível de energia incidente, independente do nível de
tensão. Assim, a medida de controle normalmente adotada é o uso de EPI, ou seja, vestimentas FR
adequadas. Para instalações elétricas novas, com projetos adequados que consideram essa condi-
ção de risco, são especificados CCM com características intrínsecas de proteção que propiciam se-
gurança aos profissionais que executam esse tipo de atividade.

Assim, é fundamental a elaboração de uma análise de risco adequada para avaliação da exposição
ao risco de arco elétrico, sendo que vale ressaltar novamente que painéis elétricos segregados para
proteção ao risco de choque elétrico, com Grau IP adequado, apesar de constituir-se em uma bar-
reira física que minimiza a expansão do arco elétrico, não pode ser considerada como uma proteção
adequada e suficiente para proteção do trabalhador ao risco de arco elétrico.

No próximo artigo, continuaremos com esse tema, discutindo medidas de controle para a exposição
ao risco de arco elétrico.

Sobre o Autor

Aguinaldo Bizzo de Almeida é engenheiro eletricista e de segurança do trabalho. Atua como membro
da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), do GTT – NR-10, da Comissão Permanente
Nacional sobre Segurança em Energia Elétrica (CPNSEE), como inspetor de conformidades
NBR5410 e NBR14039. É também autor do livro “Vestimentas de Proteção ao Risco de Arco Elétrico
e Fogo Repentino”.

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