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Principais riscos de acidentes no ambiente de


trabalho
Introdução
As empresas utilizam recursos para oferecer ou prestar seus serviços e para
fabricar ou construir algo. Estes recursos envolvem pessoas, máquinas, veículos,
ferramentas e aparatos tecnológicos, embora isso possa variar conforme a atividade
econômica, as pessoas ou os trabalhadores sempre estão presentes em atividades de
supervisão e execução.  A relação entre o trabalhador e os demais recursos o expõe a
vários fatores de risco ocupacionais inerentes às rotinas de trabalho, e alguns dos
fatores de riscos têm potencial para gerar dano imediato ao trabalhador, que em
alguns pode resultar inclusive em morte.

Entre os riscos ocupacionais, o de acidente, diferentemente dos demais, sempre


apresenta a característica do imediatismo, ou seja, o agravo à integridade ou à saúde
do trabalhador é identificado ou esperado logo após a ocorrência do evento gerador.

Por exemplo, um trabalhador que realiza a limpeza de pisos com determinado


produto químico está exposto ao produto e ao piso escorregadio, com possibilidade de
queda.  Para que se desenvolva uma dermatite devido à interação do produto químico
com a pele desprotegida serão necessários vários contatos, já no caso de queda (um
acidente), que pode resultar em luxação, entorse ou fratura, uma única ocorrência é
suficiente para que algum dano seja gerado.

De forma geral, não é possível segregar o fator de risco de acidente e seus tipos
por atividade econômica, pois normalmente uma atividade é realizada em várias
etapas, o que resulta na exposição a diversos fatores de riscos, ou seja, um fator de
risco de acidente não é exclusivo de determinado segmento.

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Na manutenção de rede elétrica energizada, por exemplo, como aquela realizada


nas linhas de distribuição de energia, o contato com a eletricidade é um ponto a ser
considerado, mas não o único: se a rede elétrica for aérea, haverá o trabalho em altura
com algum risco de queda; se a rede for subterrânea, o acesso, normalmente, é
realizado em via pública e antes mesmo da entrada na rede subterrânea poderá haver
a possibilidade de atropelamento. As figuras a seguir apresentam estas situações.

Figura 1 – Trabalho em rede de distribuição de energia elétrica envolvendo


também trabalho em altura.
Fonte:<https://afnoticias.com.br/estado/mais-15-cidades-do-tocantins-recebem-obras-
na-rede-eletrica-e-desligamentos-confira>. Acesso em: 20 jan. 2020.

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Figura 2 – Trabalho em rede elétrica subterrânea em via pública, expondo os


trabalhadores a atropelamento.
Fonte:<https://guaiba.com.br/2018/05/09/falta-de-luz-persiste-e-afeta-servicos-em-
parte-do-centro-de-porto-alegre/>. Acesso em: 13 jan. 2020.

Embora não seja possível segregar o fator de risco por atividade econômica, é
interessante realizar, eventualmente, análise de todos os fatores de riscos de
acidentes que podem estar envolvidos em um segmento, como no caso da construção
civil, da mineração, do transporte de cargas. Em outros casos, é mais adequada a
análise do ponto de vista de atividades específicas, como no caso do trabalho em
altura, do trabalho com eletricidade, no trabalho em espaços confinados ou no uso de
máquinas e equipamentos.

 A definição do tipo de análise, se específica ou global, dependerá da finalidade


da avaliação e dos resultados que são esperados dessa avaliação. Um documento que
ilustra como os acidentes ocorrem nas situações rotineiras de trabalho, produzido em

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2008 pelo então Ministério do Trabalho e Emprego, pode ser encontrado na página da
Escola Nacional de Inspeção do Trabalho (ENIT), sob o título Análises de Acidentes do
Trabalho Fatais no Rio Grande do Sul. Além do relato de como os acidentes se
desenvolveram, a publicação traz uma análise de suas causas e apresenta os desvios
com base na legislação da época.  O ponto mais importante da publicação está no fato
de revelar que para a ocorrência de um acidente fatal não é necessária nenhuma
condição extrema de exposição ou situação especial de trabalho.

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Eletricidade
O contato com a rede elétrica ou com materiais energizados eletricamente
representa uma grande preocupação na área de segurança do trabalho devido ao seu
potencial de letalidade. Além disso, a diferenciação entre um sistema energizado e um
sistema desernergizado não é possível somente por verificação visual. Os testes para
constatar a presença ou a ausência de eletricidade são realizados somente quando a
intervenção tem o foco de manutenção no sistema, como nas figuras 1 e 2, que
constam na introdução deste material, em atividades que usam a eletricidade como
fonte de energia. Por exemplo, para cortar madeira com uma serra elétrica, não é
aplicado nenhum teste referente à possibilidade de choque elétrico, pois esse controle
normalmente é realizado por outros dispositivos presentes em quadros de distribuição
de energia. Para níveis de tensão relativamente baixos, o contato com o material
energizado é necessário para a ocorrência da lesão; para redes de alta tensão, a
simples aproximação é suficiente para a ocorrência da lesão, que, normalmente,
resulta na morte do trabalhador.

A presença de energia elétrica nas atividades está associada aos trabalhos de


manutenção em rede elétrica ou em sua proximidade, nas atividades de uso ou na
operação de máquinas e equipamentos elétricos. A instalação elétrica de uma empresa
pode elevar o risco de contato com eletricidade quando não são adotadas ações para
correção dos desvios encontrados ou quando a manutenção ou a alteração por
pessoas não capacitadas é tolerada pela supervisão.

As intervenções em rede elétrica podem envolver atividades realizadas no


sistema elétrico de potência (SEP) ou no sistema elétrico de consumo (SEC).

SEP
As atividades no SEP, realizadas por concessionárias de energia, ocorrem na
geração, na transmissão e na distribuição de energia elétrica, envolvendo altas e
baixas tensões. A NR-10 define como alta tensão as tensões superiores a 1.000 V em

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corrente alternada e 1.500 V em corrente contínua; já as baixas tensões para corrente


alternada e para corrente contínua estão nas faixas de 50 V a 1.000 V e de 120 V a
1.500 V, respectivamente.

Em muitos casos, no SEP, desenergizar uma rede pode ser tecnicamente e


financeiramente inviável, assim as intervenções são realizadas com a rede energizada.
Quando a intervenção ocorre em redes de tensão elevada (da ordem de dezenas ou
centenas de milhares de volts), como em linhas de transmissão, os trabalhadores são
conectados à rede e operam na mesma tensão dela; nesses casos, se existir alguma
diferença de potencial elétrico entre o trabalhador e a linha, durante a aproximação
será formado um arco voltaico entre ambos, implicando, na maioria das vezes, em
morte.

Nas intervenções em redes de distribuição, como a apresentada na figura a


seguir, as tensões empregadas estão na ordem de centenas de volts no cabeamento
inferior (cabos no plano vertical) e na ordem de milhares de volts (tipicamente 13,8 kV)
no cabeamento superior (cabos no plano horizontal). Em tensões menores, como
nessas linhas, o contato direto com o cabo elétrico passa a ser a principal causa de
lesões e, embora as tensões envolvidas sejam menores, quando comparadas a uma
linha de transmissão, o potencial de letalidade ainda está presente.

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Figura 3 – Intervenção em rede de distribuição energizada com o uso de


coberturas isolantes (peças em laranja) para proteção contra contato direto.
Fonte:<https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2019/04/07/rede-eletrica-de-21-
cidades-recebera-manutencao-e-sera-parcialmente-desligada.ghtml>. Acesso em: 8
jan. 2020.

Há situações em que a atividade não está relacionada a uma intervenção na rede


elétrica do SEP, mas o risco de contato com a eletricidade está presente, como no
caso da manutenção de rede telefônica em linha de distribuição.

Se esse trabalho ocorre dentro da zona controlada (zona na qual existe um


condutor energizado não segregado), a atividade é definida como trabalho em
proximidade e alguns requisitos de segurança devem ser atendidos de modo a evitar
algum prejuízo à segurança ou à saúde do trabalhador. Os requisitos de segurança e
as definições técnicas são apresentados para esse e outros casos na NR-10.

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SEC
Os trabalhados no SEC ocorrem no interior das empresas, seja em linhas de alta
ou baixa tensão. Basicamente, os problemas para a segurança dos funcionários são
os mesmos do SEP, entretanto há duas diferenças básicas:

Os níveis de tensão envolvidos normalmente estão em centenas de volts


(220 V, 380 V ou 440 V).

O sistema que passará por manutenção geralmente pode ser


desenergizado.

A desenegização de uma rede envolve uma série de etapas e tem por finalidade
garantir que, durante a atividade, o trabalho seja executado de forma segura.

Em uma empresa, são vários os fatores que podem contribuir para a ocorrência
de choque elétrico, como a empresa não ter um procedimento para desenergizar uma
rede ou os trabalhadores não seguirem esse procedimento, as condições da instalação
elétrica serem precárias ou o serviço ser executado por pessoas não capacitas
conforme a NR-10, casos em que a probabilidade de acidente é maior.

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Figura 4 – Quadro de distribuição de energia elétrica em péssima condição de


conservação e com instalação elétrica precária

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Existem outras atividades que não aquelas ligadas à manutenção de rede elétrica
ou em sua proximidade que podem resultar em acidentes com eletricidade.

O uso de máquinas e equipamentos elétricos também pode resultar em acidentes


ligados à eletricidade. Quando os equipamentos perdem sua integridade mecânica
devido à colisão e a quedas, seu sistema de isolamento elétrico pode ser
comprometido. Para máquinas estacionárias, como uma injetora de plástico, a falta
de condutores de proteção (aterramento) ou a ausência de dispositivos de controle que
identifiquem a fuga de corrente elétrica e realizem o seccionamento da rede podem, no
primeiro caso, permitir que a carcaça do equipamento fique energizada e, no segundo
caso, permitir uma fuga de corrente que pode ser resultado de uma fuga para o
aterramento ou de um choque elétrico.

Figura 5 – Operação de injetora


Fonte da imagem:<https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/gest-o/especialista-d-
dicas-de-manuten-o-preventiva-para-m-quinas-injetoras>. Acesso em 13 jan. 2020.

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O contato com a energia elétrica, além do próprio choque elétrico ou da


eletrocussão, como eventualmente é definido, pode resultar em queimaduras, incluindo
carbonização de membros, parada cardíaca e parada respiratória.

A extensão dos efeitos está associada ao valor da corrente elétrica que circula
pelo corpo e seu percurso, à frequência da rede e ao tempo de contato com a parte
energizada.

Na formação de arcos elétricos, como na operação de centrais de distribuição de


energia quando contatos elétricos em alta tensão são realizados e o ar no em torno é
rapidamente aquecido, mesmo sem um contato direto o trabalhador está exposto a um
risco de queimadura oriundo da energia elétrica.

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Trabalho em altura
Algumas atividades são realizadas em situações que possibilitam a ocorrência de
queda entre diferentes níveis. Quando o trabalho é executado com diferença entre os
níveis superior a dois metros e exista a possibilidade de queda, a NR-35 define a
atividade como trabalho em altura.  As atividades nas quais a possibilidade de queda
está presente normalmente estão associadas à área da construção e da manutenção
ou às atividades nas quais o uso de meios fixos de acesso não é viável técnica ou
financeiramente.

Por exemplo, a limpeza de fachadas de um prédio não pode ser realizada


totalmente ao nível do solo, assim em algum momento o trabalhador deverá realizar
um trabalho em altura, como o apresentado na figura. Nesse caso, também não há
uma justificativa para construção de um sistema fixo que evite quedas no entorno do
prédio e que seria utilizada somente em manutenções.

Figura 6 – Trabalho de limpeza de fachadas em altura através de acesso por


cordas
Fonte da imagem:<https://inconfidencia-rs.com.br/blog/2019/05/16/limpeza-em-altura-

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requer-cuidados-extras-com-seguranca/>. Acesso em: 20 jan. 2020.

O trabalho em altura é realizado em toda a construção civil, nas etapas de


construção, no acabamento e em reforma. Os meios utilizados para elevar ou
posicionar o trabalhador podem variar conforme a atividade e a facilidade de acesso.
Em algumas etapas, a presença de uma superfície de trabalho pode criar a falsa
sensação de segurança, como na limpeza ou na instalação de um telhado, caso em
que a queda é facilitada pela própria inclinação da superfície ou então por sua
fragilidade. Um telhado pode acabar cedendo quando as atividades são realizadas
diretamente sobre ele.

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Figura 7 – Trabalho em altura realizado com o uso de plataforma aérea.


Fonte: <http://www.platafer.com.br/paginas/plataforma-aerea-em-
piracicaba">http://www.platafer.com.br/paginas/plataforma-aerea-em-piracicaba/>.
Acesso em: 10 jan. 2020.

Figura 8 – Instalação de andaimes para auxílio de trabalho em altura.


Fonte:<https://www.urbe.com.br/servicos-locacao-de-andaimes/>. Acesso em: 10 jan.
2020.

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Nos ambientes industriais, é possível encontrar a possibilidade de risco de


queda de altura no acesso a equipamentos estacionários, tais como máquinas,
tanques de armazenamento de combustíveis, torres de fracionamento de petróleo,
reatores químicos. Normalmente, nas grandes indústrias, uma atividade em altura é
previamente planejada do ponto de vista de tempo e de custos envolvidos e padrões
rígidos de segurança são aplicados na contratação de terceiros, na exigência de
treinamentos e na experiência das equipes envolvidas. Dessa forma, embora a
atividade continue a ser crítica, o risco é mais bem controlado.

Essa situação não é exclusiva de grandes empresas, mas, para chegar a


patamares elevados de competividade no mercado, a gestão da segurança do trabalho
é parte fundamental desse processo, sendo encarada como investimento, e não como
um custo simplesmente.

Na área de cargas e na agroindústria, também é possível encontrar atividades


desenvolvidas em altura. Na carga e na descarga de caminhões em terminais,
algumas das etapas são realizadas com o auxílio de trabalhadores sobre as cargas,
seja para realizar a descarga de forma manual ou para realizar a fixação do sistema de
içamento. Na agroindústria, especialmente na plantação de cana-de-açúcar, é possível
encontrar trabalhadores sobre caminhões auxiliando no plantio, selecionando e
lançando mudas da planta para trabalhadores no solo. Na situação em análise, o risco
de queda é elevado pela movimentação do veículo durante a atividade, que inclusive
poderia resultar em queda seguida por atropelamento.

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Figura 9 – Trabalho sobre caminhão envolvendo risco de queda na plantação de


cana de açúcar.
Fonte da imagem:<https://www.sinait.org.br/site/noticia-view?id=2956%2Fafts-
interditaram-fazendas-em-sp>.  Acesso em: 20 jan. 2020.

Muitas das situações que expõem os trabalhadores à possibilidade de risco de


queda envolvem atividades desempenhadas de forma inadequada e sem nenhuma
forma de controle, como no exemplo no plantio de cana-de-açúcar.

Em algumas situações, as etapas de uma tarefa não são corretamente avaliadas


e a necessidade de um trabalho em altura somente fica evidente durante o
desenvolvimento do serviço, nesse caso, eventualmente não haverá recursos
financeiros para a contratação de pessoal especializado ou então a pressão pela
conclusão do serviço acaba se sobrepondo à segurança do trabalho e a atividade é
realizada de forma precária do ponto de vista preventivo.

A queda normalmente é acompanhada de lesões graves ao trabalhador e seus


resultados são tão piores quanto maior for a diferença entre o ponto inicial da
queda e o ponto de impacto no solo ou em outra superfície. As lesões mais

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comuns são:

Fraturas

Fraturas múltiplas

Traumatismo craniano

Lesões na coluna

Além disso, não raramente provocam a morte do trabalhador.

Mesmo quando há sistemas que limitam o percurso de queda, a possibilidade da


ocorrência de lesões ainda está presente, mas ocorrem com menos intensidade.

Quando o trabalho em altura é realizado, outras situações de acidentes podem


estar envolvidas além da própria queda. Por exemplo, na manutenção predial, o
contato com alguma rede elétrica energizada é evento que deve ser considerado em
uma análise de risco.

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Construção civil
A indústria da construção civil talvez seja o segmento mais dinâmico do ponto de
vista dos perigos e da variação no nível de risco, pois dificilmente se encontrará uma
mesma situação de exposição a acidentes nas diversas etapas de uma obra. A
condição para a ocorrência de acidentes é potencializada pelo grande número de
trabalhadores envolvidos, pela pressão por produção, pela precarização do trabalho,
entre outros. A NR-18, voltada a esse segmento, visa a criar um ambiente seguro para
a execução das tarefas.

Um dos fatores que contribui para acidentes é a presença de várias equipes, de


empresas diferentes, trabalhando e interagindo no mesmo canteiro de obras.

Embora exista a cobrança do administrador da obra sobre os terceiros referente


aos padrões de segurança, é virtualmente impossível garantir um engajamento de
todos os trabalhadores terceiros e, assim, algumas atividades podem ser executadas
fora dos padrões aceitáveis de segurança.

Além disso, a alta rotatividade de mão de obra torna o controle mais difícil e as
atividades consideradas mais críticas se tornam prioritárias, como o trabalho em altura
e a movimentação mecanizada de cargas.

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A precarização do trabalho na construção civil é um ponto determinante para a


ocorrência de acidentes, que é maior em obras menores, mas pode existir também em
grandes obras, nas quais a ausência de acidentes pode acabar levando a um
relaxamento das rotinas de segurança. A precarização fica evidente na ausência de
sistemas de proteção coletiva e no uso de estruturas ou meios para realizar a atividade
que não são adequados. Paralelamente, a contratação de terceiros para a execução
de etapas contribui, eventualmente, para inserção de trabalhadores sem vínculo
formal, com baixo nível de escolaridade e despreparados para a realização das
atividades no canteiro de obras. Quando um trabalhador não recebe instrução formal
em segurança e não recebe meios de proteção adequados, mesmo situações simples
resultam em um acidente. A precarização pode se estender até a estrutura de suporte
aos funcionários, como alojamentos, refeitórios e banheiros. Por exemplo, se o número
de locais para banho é insuficiente, ele poderá forçar a aceleração das atividades, pois
a conclusão tardia das tarefas poderá representar em uma espera para a higienização
muito além da jornada de trabalho. Essa agilidade na execução das tarefas pode
elevar o risco de ocorrência de algum acidente. Um controle estatístico dos acidentes
pode revelar um aumento das ocorrências em momentos específicos da jornada de
trabalho.

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Figura 10 – Andaime precariamente instalado, sem superfícies de trabalho e sem


amarração
Fonte: <https://locacao-de-andaimes.com/destaque/andaime-vila-olimpia/>.  Acesso
em: 12 jan. 2020.

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Figura 11 – Corte de madeira em condições de elevado risco de acidente


Fonte: <https://www.ufrgs.br/eso/content/?tag=epi>.  Acesso em: 12 jan. 2020.

Mesmo quando a empresa atua de forma a tornar as atividades seguras, algumas


vezes os próprios trabalhadores não utilizam dos meios de proteção fornecidos, em um
processo de negação do risco.  A negação pode estar associada à ausência de
acidentes anteriores, o que pode reforçar a crença de que acidentes não ocorrem.
Por outro, lado quando um evento grave ocorre com o trabalhador, ele é definitivo e
não permite uma mudança de comportamento.

Excluindo-se a precarização da atividade e do ambiente e a interação entre


trabalhadores de diferentes empresas, os fatores de riscos de acidentes persistem no
ambiente. Eles estão associados, principalmente, ao trabalho em altura, ao trabalho
com eletricidade, à operação de equipamentos, às atividades de escavação e a
própria construção, que pode expor os trabalhadores ao contato com elementos
perfurocortantes.

Trabalho em altura
Muitas das atividades na construção civil envolvem o risco de queda, como na
montagem de bandejas, nas atividades de concretagem, na execução de acabamentos
externos. Em outras situações, o risco de queda não está associado diretamente à
atividade, mas o ambiente de trabalho apresenta elementos para sua ocorrência, como
nos serviços próximos a vão de escadas ou elevadores e aqueles realizados em locais
com deposição de materiais na área de trabalho ou em terreno movediço.

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Figura 12 – Concretagem de laje


Fonte da imagem: <https://gabrielmarinho.com/2016/12/05/etapas-da-obra-13-
concretagem-da-laje/>. Acesso em: 20 jan. 2020.

Trabalho com eletricidade


A energia elétrica é utilizada em obras de construção para iluminar os ambientes
de vivência e de trabalho e para fornecer energia a máquinas e a equipamentos
elétricos, como betoneiras, elevadores de carga, serras circulares. Com o avanço da
obra, a complexidade da rede elétrica aumenta e as medidas de proteção contra
contato direto com a rede devem ser inspecionadas e mantidas em boas condições.
Devido ao grande movimento de trabalhadores e máquinas e ao uso de água na
maioria dos processos, os cabos elétricos podem ser rompidos ou ter seu isolamento
comprometido pelo contato de máquinas, veículos ou objetos cortantes e podem estar
imersos em água ou em contato com umidade, fatores que facilitam a ocorrência de
um choque elétrico. Além disso, muitos trabalhadores, sem conhecimento técnico, na
tentativa de fazer derivações para o uso de extensões elétricas, acabam se
acidentando.

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Contato com elementos perfuro cortantes


A operação de equipamentos elétricos manuais, como sistemas de corte para
madeira, concreto e ferragens, representam um risco adicional nas atividades. Um
disco de corte de uma serra facilmente atinge velocidade superior a 9 mil rotações por
minutos, assim o simples contato com o elemento provoca sérios prejuízos, como
cortes profundos e amputações; já o rompimento de um disco, em elevadas rotações,
promove o lançamento de projeteis contra os trabalhadores.  O rompimento pode ser
originado ao se cortar uma madeira com pregos com um disco ou equipamento não
apropriado ou ser o resultado do uso de discos de capacidade máxima de rotação
inferior à máxima rotação da serra. Ainda, o estado do disco é outro fator a ser
considerado, pois discos desgastados obrigam o emprego de força excessiva durante
o corte, o que pode gerar um acidente por rompimento do elemento. Outros
equipamentos elétricos maiores, como betoneiras, representam um potencial para
mutilações quando elementos de transmissão de força estão diretamente acessíveis.

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Figura 13 – Betoneira com sistema de transmissão de força (cremalheira)


exposto.
Fonte da imagem:<https://monografias.brasilescola.uol.com.br/engenharia/a-
importancia-utilizacao-equipamento-protecao-individual-na.htm>. Acesso em: 20 jan.
2020.

Operação de equipamentos
Veículos, em especial caminhões e escavadeiras, representam um risco de
atropelamento em canteiros de obras. Os caminhões estão presentes na entrega de
materiais, na remoção de entulhos, nas atividades de nivelamento do solo junto a
escavadeiras e no fornecimento de concreto. O uso de veículos em terrenos instáveis
ou com adensamento insuficiente pode levar ao tombamento dessas máquinas.

Atividades de escavação
Nas atividades de escavação com o uso de máquinas ou mesmo de forma
manual, o soterramento de trabalhadores é motivo de grande preocupação e ocorre
quando o talude não está devidamente escorado e tem sua estabilidade
comprometida.

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Figura 14 – Trabalhadores durante acesso a obra de galerias fluviais


Fonte da imagem: <https://rrinterativo.com.br/construtora-expoe-trabalhador-ao-risco-
a-vida-em-obras/>. Acesso em: 13 jan. 2020.

Além dos pontos discutidos, nas etapas intensas de trabalho manual a carga
térmica no ambiente pode resultar em mal-estar e tontura, podendo ocasionar para a
ocorrência de outras lesões. Da mesma forma, o trabalho intenso pode levar à queda
da glicose no sangue e aumentar a predisposição a acidentes, principalmente após
longos períodos sem alimentação.

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Espaço confinado
Um espaço confinado é um local, segundo a definição da NR-33, que não foi
projetado para permanência humana contínua, que tenha meios de acesso (entrada e
saída) limitados e no qual a ventilação existente é insuficiente para manter uma
condição segura ao trabalhador, seja pela presença de contaminantes ou pela
deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

Algumas atividades ligadas à manutenção e à inspeção são realizadas em


ambientes que tenha essas características, como galerias de esgoto e tanques de
armazenamento da indústria.

Como a finalidade desses ambientes não está em servir de local para a


realização de atividades, eles não são projetados dessa maneira. Dentro de um
espaço confinado, o trabalhador poderá encontrar diversos obstáculos a sua livre
movimentação, normalmente nesses ambientes a iluminação artificial é inexistente, de
modo que, para permitir o trabalho, são instalados pontos de iluminação temporários
ou são utilizadas lanternas específicas. Em um local com essas características, pode-
se considerar a possibilidade de queda, inclusive, no acesso ao interior do espaço, há
a possibilidade de choque elétrico, de prensamento ou de impacto por materiais que
são montados ou desmontados em seu interior, como no caso de misturadores de
reatores químicos. Em galerias de esgoto, há a possibilidade de engolfamento do
trabalhador, que é especialmente crítico quando o trabalho está sendo realizado em
uma rede pluvial e há uma precipitação de água em áreas ligadas diretamente àquela
rede.

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Figura 15 – Atividade de solda sendo realizada em espaço confinado com


restrição de movimento
Fonte da imagem:<https://www.mcaa.org/news/do-you-know-whats-required-for-
protecting-workers-performing-hot-work-in-confined-spaces-2/>. Acesso em: 20 jan.
2020.

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Figura 16 – Acesso ao espaço confinado envolvendo mecanismo de descida


Fonte: <https://www.verticalhorizonz.com/confined-space>. Acesso em: 20 jan. 2020.

Na ocorrência de um acidente no espaço confinado ou mesmo quando uma


situação perigosa é constatada em seu interior, uma ação de resgate ou um
abandono de local deve ser conduzida, mas além das dificuldades impostas pelos
elementos internos ao espaço confinado, há a limitação do ponto de entrada e saída,
uma vez que muitas vezes existe apenas um acesso de tamanho reduzido e ele está
ocupado por sistemas auxiliares, por exemplo, um sistema de insuflação ou exaustão
de ar. Em tanques ou vasos de pressão, as entradas são reduzidas, pois quanto maior
o meio de acesso, maior será a descontinuidade na superfície do elemento e mais
material deverá ser empregado para fornecer a resistência mecânica adequada, o que
elevaria o valor do tanque ou do vaso de pressão.

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Figura 17 – Entrada de espaço confinado com sistema de ventilação e escada


Fonte: <https://csregs.com/products/confined-space-entry-for-general-industry>.
Acesso em: 20 jan. 2020.

A atmosfera do espaço confinado pode apresentar certos contaminantes que


representam um risco à saúde e à segurança, embora eles sejam agentes químicos e,
portanto, fatores de riscos químicos, que contribuem para a ocorrência de acidentes.

Quando a exposição se dá dentro do espaço confinado, concentrações


relativamente elevadas de agentes químicos podem se formar, pois não há um
mecanismo para sua retirada ou diluição natural e, eventualmente, resultar em

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morte. Entre os principais fatores de riscos químicos de interesse para a questão de


acidentes estão os asfixantes simples e químicos, os inflamáveis e os químicos
de efeitos agudos.   Segundo o HSA (Health and Safety Authority), os agentes
químicos em espaços confinados podem ser:

a) Resíduo do material processado ou armazenado

b) Liberados pela movimentação do material depositado no espaço, por


exemplo, movimentação de lodo

c) Resultado de infiltrações de outros processos que não foram


devidamente isolados ou bloqueados

d) Resultado de reações químicas do processo de trabalho ou resultado


de algum processo de combustão ou degradação térmica

Asfixiantes simples
Virtualmente, todas as substâncias químicas, na forma de vapor ou gás, podem
ser asfixiantes simples, entretanto quase a totalidade delas apresenta algum efeito
tóxico substancial antes da questão de asfixia. Dessa forma, são consideradas como
asfixiantes simples apenas as substâncias inertes, como gás nitrogênio, hélio, argônio.
Por algum processo, essas substâncias podem ser lançadas no espaço confinado ou
já existirem nele em concentrações elevadas, de modo que a quantidade de oxigênio
disponível será reduzida e a possibilidade de asfixia será real. Em concentrações
baixas de oxigênio, o trabalhador perderá sua capacidade de coordenação ou de
autorresgate e poderá sofrer algum acidente como consequência disso, envolvendo
queda, queimaduras, cortes, ou mesmo a morte.

A redução da concentração de oxigênio pode ser resultado de um processo de


purga do ambiente com um gás inerte, do uso de gás de proteção, como argônio, em
um processo de solda no interior do espaço confinado ou ser o resultado de alguma
reação química que consome oxigênio como um processo de queima ou de oxidação.

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Asfixiantes químicos
Nos asfixiantes químicos, o resultado final é praticamente o mesmo, mas aqui a
substância causa asfixia mesmo na presença de atmosfera com níveis seguros de
oxigênio. Essa asfixia se dá pela modificação de certos processos celulares no uso de
oxigênio e na produção de energia oriunda da reação de oxigênio com glicose. São
exemplos de asfixiantes químicos cianetos, sulfeto de hidrogênio e monóxido de
carbono. A presença de asfixiantes químicos está associada à reação química de
compostos de enxofre, formando sulfeto de hidrogênio, processos de queima
incompleta, gerando monóxido de carbono, e queima de compostos baseados em
cianetos, como uretanas, gerando esse grupo de asfixiantes, por exemplo.

Vapores e gases inflamáveis


Outro grupo de agentes químicos causadores de acidentes são vapores ou gases
inflamáveis, uma vez que a presença deles em um espaço confinado representa um
risco potencial para explosão. Nesse sentido, um processo de solda, de corte, de
chama aberta ou o uso de equipamentos elétricos não certificados para esse tipo de
ambiente podem fornecer a energia para a explosão. Poeiras combustíveis, em certas
condições, também representam um risco de explosão, como em silos de
armazenamento de cereais. Concentrações elevadas de oxigênio, tipicamente acima
de 23%, contribuem para a combustão de materiais que em concentrações normais de
oxigênio (20,9%) não representariam um risco substancial.

Compostos químicos com efeitos agudos


Alguns compostos químicos com efeitos agudos são depressores do sistema
nervoso central e ocasionam dificuldade de raciocínio e desmaio, sendo o evento
iniciador do acidente; além disso, outros resultados também são esperados, como
paradas cardíacas e respiratórias. Além dos agentes químicos citados, o agente físico
calor contribui para a ocorrência de acidentes – temperaturas elevadas podem ocorrer

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em tanques ou vasos metálicos expostos ao sol fazendo com que os trabalhadores


sintam os efeitos da sobrecarga térmica associada. Ainda, a elevação das
temperaturas aumenta a taxa de evaporação de inflamáveis, elevando a concentração
do agente no ambiente e, consequentemente, a possibilidade de explosões.

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Máquinas e equipamentos
Grande parte das atividades realizadas em uma empresa, em sua linha de
produção ou na prestação de serviços, é realizada por equipamentos manuais, por
máquinas estacionárias e por máquinas usadas na movimentação de cargas. Nas
máquinas manuais e nas máquinas estacionárias, os acidentes estão ligados ao
contato com elementos desprotegidos, como sistemas de transmissão de força,
engrenagens, correias, sistemas de corte e conformação mecânica.

Trabalho em máquinas manuais

Em máquinas manuais, é comum que alguns desses elementos estejam


expostos para que a atividade possa ser realizada, como nas atividades de corte de
carcaças com serra fita em um frigorífico e de poda de árvores com o uso de
motosserra, em que os elementos que realizam o corte também representam perigo
com consequências como mutilações e amputações de membros ao trabalhador.

Figura 18 – Corte de carcaça de suínos


Fonte:<https://www.starrett.com.br/produtodetalhe.asp?prodnome=CarcassKutter-
Premium-CKP-serra-de-fita-Corta-Carcaça&cat=2&linha=0&codprod=238>. Acesso

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em: 20 jan. 2020.

Figura 19 – Poda de árvores


Fonte: <http://percolado.blogspot.com/2014/10/motoserras.html>. Acesso em: 20 jan.
2020.

Os acidentes com equipamentos manuais estão ligados às más condições do


equipamento ou de seu sistema de proteção, ao uso de força excessiva na operação,
à utilização para trabalho para o qual não foram projetados, à falta de instruções de
segurança ao trabalhador e, inclusive, às exigências físicas impostas na operação. Se
a superfície de trabalho não for regular ou for escorregadia, os resultados do acidente
tentem a ser mais graves, principalmente se máquinas rotativas, como serras
circulares, forem utilizadas, pois o disco continua a girar devido à inércia mesmo que
durante a queda o trabalhador solte o equipamento.

Máquinas estacionárias

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Nas máquinas estacionárias, o resultado do contato com os elementos também


envolve mutilações e amputações, mas os resultados tendem a ser mais graves.
Teoricamente, nesses equipamentos o trabalhador não deveria estar exposto a
elementos que pudessem causar algum prejuízo. Os acidentes envolvendo essas
máquinas estão associados à ausência de elementos fixos de proteção, tais como
barreiras ou sistemas de controle eletrônicos que detectem, por exemplo, o ingresso
em área não permitida durante a operação. Em parques industriais mais antigos,
eventualmente, são encontradas máquinas que não estão adequadas às normas de
segurança, em especial a NR-12. Quando a máquina tem os dispositivos de segurança
e etapas manuais estão envolvidas, como colocação de peça a ser trabalhada,
acionamento da máquina e retirada do produto, o processo pode se tornar demorado
do ponto de vista de produção e é possível encontrar máquinas com sistemas de
segurança alterados ou inoperantes, o que aumenta substancialmente a possibilidade
de acidentes. Outra fonte de acidentes é o contado de roupas, em especial mangas, e
de cabelo, quando longo, com os sistemas de transmissão de força, o que resulta no
tracionamento do trabalhador em direção à máquina, gerando graves lesões ou
mesmo morte.

Figura 20 – Calandra utilizada para curvar chapas.


Fonte: <http://tuboacos.com.br/calandra/>. Acesso em: 20 jan. 2020.

Movimentação de carga

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Nas etapas que envolvem a movimentação de cargas, por meio de equipamentos


como pontes rolantes e guindastes, os acidentes tem o potencial para envolver vários
trabalhadores. Entre as causas mais comuns que geram acidentes estão içamento de
cargas além da capacidade do equipamento, instabilidade do solo nos pontos de
patolamento da máquina, problemas na amarração das cargas, más condições dos
acessórios utilizados no içamento, como cintas, cabos de aço, correntes e ganchos e
falta de planejamento da atividade envolvendo um plano de içamento (ou plano de
rigging).  Nem sempre é possível ao operador do sistema de içamento visualizar a
situação da carga ou os obstáculos para a movimentação, o que pode resultar em
impactos com outras estruturas ou contato da lança ou da carga com a rede elétrica.
Oscilações da carga representam possibilidade de impactos e tombamentos do
equipamento se esforços laterais forem aplicados na carga, por exemplo, em
decorrência da velocidade do vento. As NRs 11 e 34 abordam alguns dos temas
ligados à elevação de cargas de forma mecanizada.

Figura 21 – Acidente com guindaste na preparação para a copa do mundo de


futebol de 2014
Fonte:<http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/05/laudo-aponta-tubulacao-como-
causa-de-acidente-no-itaquerao-diz-jornal.html>. Acesso em: 20 jan. 2020.

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Riscos de acidentes em outros segmentos


Os fatores de riscos de acidentes não estão restritos ao trabalho realizado em
redes elétricas, em altura, no interior de espaço confinados, no uso de máquinas e
equipamentos ou na construção civil. Eles podem ocorrer em outros segmentos ou
atividades, por exemplo na mineração, na agroindústria e no extrativismo, na limpeza
de vias públicas, no trabalho a quente, nos serviços de saúde.

Mineração

As atividades de mineração de superfície e de mineração subterrânea,


regulamentadas pela NR-22, envolvem o uso de explosivos, de veículos de grande
porte para o transporte de minérios e máquinas destinadas ao fracionamento desses
materiais. A manipulação e o uso de explosivos deve ser realizado por pessoal
capacitado e uma área de segurança no em torno do ponto de detonação deve ser
estabelecida para evitar que trabalhadores sejam atingidos por detritos lançados na
explosão. Como parte do processo de exploração, são utilizados veículos e máquinas
que representam um potencial para atropelamento e até mesmo choque elétrico, como
no caso de escavadeiras elétricas. Na etapa de processamento mecânico do minério,
são utilizados equipamentos para a redução do tamanho, como moinhos de bolas e
moinhos de mandíbulas – eventualmente, esse tipo de equipamento pode apresentar
algum bloqueio por material e não raramente os trabalhadores acessam o local para
solucionar o problema. Se medidas de controle não forem tomadas nesse sentido,
inclusive impedindo o acesso quando ele não for necessário, o trabalhador corre sério
risco de cair no interior do equipamento.

Transporte de cargas

No transporte de cargas, além da possibilidade de acidente relacionado à


condução de veículos, há situações potenciais para a sua ocorrência no momento de
carga e descarga envolvendo queda e prensamento por materiais. Quando o processo
de carga envolve materiais líquidos ou gasosos, tóxicos, corrosivos ou inflamáveis, no
início e ao término da etapa de transferência, a chance de ocorrência de algum
acidente é maior – ele pode estar relacionado, por exemplo, a um incêndio e a um

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impacto da própria mangueira utilizada no processo, se a transferência for realizada


dessa forma. Durante o transporte dessas cargas perigosas, em caso de tombamento
de um veículo, o resultado geralmente é pior do que em acidentes envolvendo cargas
sem esse potencial, como alimentos.

Agroindústria e extrativismo

Na agroindústria, as máquinas agrícolas usadas nas etapas de plantio e colheita


têm elementos normalmente expostos que representam um potencial para cortes e
amputações, embora durante o uso não seja esperado trabalhadores nessa área do
equipamento, eventualmente alguma manobra pode ser realizada em suas
proximidades e elevar a possibilidade de contato. O desenho ou a geometria de
algumas máquinas, como tratores, favorece o risco de tombamento. Tombamento
laterais são influenciados pela posição do centro de massa em relação ao solo; no
tombamento para trás, além da posição do centro de massa, a distância entre eixos
pode ser um limitante para trabalho em terrenos inclinados.

No extrativismo, em especial na extração de madeiras, os fatores de riscos de


acidentes estão ligados ao contato direto com os elementos de corte, tais como
motosserras, e à derrubada das plantas que podem acabar atingindo o trabalhador.
Nas atividades da agroindústria e do extrativismo o contato com animais, como
abelhas, aranhas e cobras, é mais frequente, e isso também representa um fator de
risco de acidente.

Limpeza de vias públicas

Na limpeza de vias públicas, a possibilidade de atropelamento está sempre


presente, inclusive quando a atividade é realizada parcialmente no passeio. A
presença de outras situações geradoras de acidentes depende do ambiente no qual a
atividade é realizada e dos equipamentos empregados; por exemplo, se uma roçadeira
é utilizada, pode ocorrer o contato com a lâmina ou com o fio de corte, quando as

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proteções não estiverem instaladas. Ao utilizar essas máquinas, também há a


possibilidade de o trabalhador que realiza corte nas proximidades ser atingido por
materiais projetados, como pedras. Um terreno irregular ou com a presença de
resíduos contribui para a ocorrência de quedas e cortes, respectivamente.

Trabalho a quente

Na indústria, é comum o emprego de atividades de solda, de corte de metais, de


esmerilhamento e outras que possam gerar fontes de ignição. Essas atividades são
definidas como trabalho a quente, e são tradadas pelas NRs 18 e 34. Os trabalhos a
quente podem iniciar um incêndio ou uma explosão quando nas imediações existirem
materiais combustíveis ou fluidos inflamáveis. Quando a atividade é desenvolvida em
um local fixo, como em uma serralharia, a ocorrência de acidentes desse tipo é
reduzida, mas quando essas atividades, normalmente ligadas à manutenção e à
montagem, são realizadas em ambientes nos quais uma atividade a quente não é
frequente, a presença de materiais combustíveis e a possibilidade de incêndio são
uma realidade. Podem existir, em determinadas áreas de uma empresa, ambientes
nos quais uma atmosfera explosiva está presente; nessas áreas, a condução de uma
atividade a quente somente é executada após o atendimento a padrões rígidos de
segurança. Eventualmente, a empresa não conta com funcionários capacitados para
execução de atividades a quente e desconhece o potencial de explosão do ambiente,
o que eleva o risco de acidente quando uma atividade é realizada no ambiente por um
terceiro. O corte de tubulações que contenham fluidos inflamáveis e que não passaram
por um processo de purga ou o corte indevido de uma tubulação que não esteja
adequadamente sinalizada resultará em uma explosão.

Serviços de saúde

Nas atividades destinadas à saúde humana, é comum o uso de objetos


perfurantes ou cortantes (ou perfurocorantes), como agulhas, bisturis e vidrarias. Do
ponto de vista apenas do acidente, o tipo de lesão causada não é grave, entretanto
esses objetos podem estar contaminados por fluidos orgânicos oriundos dos pacientes
e, assim, um simples acidente pode resultar em uma exposição a mais de uma dezena

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de patógenos, incluindo HIV e as hepatites B e C. Devido a esse potencial de


contaminação, esse tipo de acidente deve ser evitado a todo custo. A sua ocorrência
está ligada ao descarte incorreto dos materiais, à ausência de meios de prevenção ou
de meios adequados para o descarte e ao próprio manuseio desses materiais.

Normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho

Algumas normas de segurança tratam da questão de acidentes ligados a


atividades ou a segmentos específicos. A tabela 1 apresenta uma relação entre as
normas e os temas que são tratados por elas dentro do tema acidentes.

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NR Assunto

Segurança em atividades relacionadas à


10 intervenção em instalações elétricas e serviços com
eletricidade.

Segurança em atividades relacionadas à


11 movimentação de cargas. A norma tem um anexo
relativo ao trabalho com rochas ornamentais.

O foco da norma é a segurança na operação de


máquinas e equipamentos, mas não está restrita
12 somente a esse tópico, ela abrange também o
ambiente de trabalho. A norma tem anexos que
tratam de máquinas específicas.

A norma define medidas de segurança na


operação de caldeiras e vasos de pressão e
13
estabelece requisitos de segurança do trabalho para
algumas tubulações tanques metálicos.

Esta NR trata da segurança de fornos de forma


14
superficial.

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Segurança nas atividades de construção civil


abrangendo diversos campos, como trabalho em
18
altura, trabalho a quente, movimentação de cargas,
proteção contra incêndio.

19 Esta norma trata da segurança com explosivos.

Trata das questões relacionadas à segurança


20 nos trabalhos que envolvam inflamáveis e
combustíveis

22 Segurança em atividades de mineração.

A NR sobre proteção contra incêndios indica


23 que as medidas a serem adotadas são aquelas
definidas na legislação de cada estado.

Norma relativa à segurança no trabalho


29 portuário com destaque para a movimentação e
armazenagem de cargas, inclusive perigosas.

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Trata sobre a segurança no trabalho aquaviário


e é uma norma que aborda diversas questões de
30 segurança e conforto. Tem um anexo sobre
embarcações de pesca e outro sobre plataformas de
exploração.

Norma voltada à segurança na agroindústria e


na exploração florestal, que aborda a segurança em
31
máquinas e implementos agrícolas, em secadores e
silos de grãos e na movimentação de cargas.

Aborda o segmento de serviços de saúde, na


32 parte de acidente, possui foco sobre os acidentes
com perfurocortantes.

Segurança nas atividades envolvendo espaços


33
confinados.

Norma sobre reparação naval. Estabelece


requisitos de segurança para trabalho a quente,
34
trabalho em altura, movimentação de cargas, entre
outros.

Segurança nas atividades envolvendo trabalho


35
em altura.

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A norma sobre relativa a empresas de abate e


processamento de carnes e derivados trata
36
brevemente sobre prevenção de acidentes com
ferramentas de trabalho.

Esta NR estabelece requisitos de segurança


relativos a plataformas de petróleo. Ela indica, por
exemplo, requisitos na operação com guindastes e
37
na detecção de gases e incêndios. A norma também
faz referência a outros regulamentos como a NR-10 e
a NR-13.

Tabela 1 – Normas relacionadas a acidentes

Na maioria das atividades de uma empresa, sejam elas rotineiras ou eventuais,


como em manutenções e na prestação de serviços, os trabalhadores estão expostos a
situações geradoras de acidentes, que podem gerar diversas lesões de variada
gravidade – em algumas atividades críticas, a possibilidade de morte é real, como nas
atividades de manutenção em rede elétrica e no trabalho em altura, quando as
medidas de controle não estiverem presentes.

Embora não seja possível eliminar o fator de risco de acidente em boa parte dos
casos, cabe ao profissional de segurança do trabalho reconhecer situações ou
condições que possibilitem a sua ocorrência e tratá-las até que a atividade laboral
apresente um nível de risco tolerável.

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