Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto

Políticas Educativas e Administração Escolar

MÉTODOS DE CONTRATAÇÃO DIFERENTES ENTRE AS

ESCOLAS DO 1° CICLO DO ENSINO BÁSICO E AS
ESCOLAS SUPERIORES: DESAFIOS E EXPECTATIVAS
ANA CATARINA GONÇALVES CARDOSO
Mestrado de Ensino do Inglês no 1° Ciclo do Ensino Básico|
n.º 3190115
3190115@ese.ipp.pt
RESUMO:
A colocação de professores tem sido tema de contestação, não só no sistema educacional
português, como em tantos outros países. Isto afeta, claramente, a qualidade de ensino, o
desenvolvimento de carreiras mais estáveis e uma educação um pouco desequilibrada. Tanto no
ensino básico como no ensino superior, a distribuição de docentes - pelas diferentes áreas
geográficas - tem trazido descontentamento, incertezas e desânimo. Enquanto alguns
profissionais aceitam o desafio de fazer a mala e ir, outros ainda sonham com um lugar perto
dos seus locais de residência. O Ministro da Educação portuguesa propôs novas medidas no
combate ao recrutamento precário dos lecionadores. Prevê-se, então, uma melhoria na alocação
e menores desafios para quem abraça a profissão com esperança e gosto.
PALAVRAS CHAVE: EDUCAÇÃO, COLOCAÇÃO, RECRUTAMENTO, DESCONTENTAMENTO.

ABSTRACT:
Teacher recruitment has been a subject of contention, not only in the Portuguese educational
system, but in so many other countries. This clearly affects the quality of teaching, the
development of more stable careers and a somewhat unbalanced education. Both in primary and
higher education, the distribution of teachers - across different geographical areas - has brought
discontent, uncertainty and discouragement. While some professionals accept the challenge of
packing up and going, others still dream of a position near their places of residence. The
Portuguese Minister of Education has proposed new measures in the fight against precarious
recruitment of teachers. An improvement in the allocation and fewer challenges for those who
embrace the profession with hope and love are expected.
KEYWORDS: EDUCATION, RECRUITMENT, PLACEMENT, DISCONTENT.

1. INTRODUÇÃO
 Ora, se nos perguntarmos há quanto tempo se vem falando da colocação dos
professores, há quem diga "Desde que estava na licenciatura, em 2004" - Cláudia
Antunes, 1 de Junho de 2023, no contexto "Há quanto tempo ouves falar sobre os
problemas da colocação dos professores?". Sendo assim, há quase duas décadas que
docentes e discentes se questionam sobre este programa de ensino instável. A UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura), que procura
desempenhar um papel crucial no setor da educação, tenta promover um ensino de
qualidade para toda a gente. Dito isto, passo a citar uma frase de Irina Bokova, Diretora-
Geral da UNESCO.

"Os professores são a força mais influente e poderosa para a qualidade, acesso e equidade na educação."

Tal como consta na Declaração dos Direitos Humanos, todo e qualquer indivíduo
tem direito a uma educação gratuita - Artigo 26.°. Já que este artigo se encontra em
vigor desde 9 de março de 1978, e promove uma educação igual e importante, porque
não começamos pelos grandes desafios que enfrentam os professores, aquando da hora
das suas colocações? O Ministério da Educação e o Governo português procuram novas
medidas políticas de recrutamento, de deslocação e um progresso seguro e sólido na
carreira profissional e pessoal do docente. Ou seja, uma colocação adequada envolve
muitas burocracias, às quais parece pouco interessar os ministros e as suas políticas. A
escassez de profissionais em certas regiões do país, os milhares de professores em
greves e protestos, as centenas de profissionais à espera da sua reforma, apenas para
acabarem com a sua tristeza e cansaço.

1.1. RECRUTAMENTO DE PROFESSORES DO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO

1.2. DECRETO-LEI N.º 132/2012 DE 27 DE JUNHO

Artigo 37.°

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 Inicialmente, aquando do início da profissão, o professor enfrenta alguns tipos
de contratação diferentes. Quatro métodos que estão em vigor no ensino português são:

1. Contratação direta – através de divulgação de vagas por parte da escola em

questão, que procura um profissional específico;
2. Contratação através de concursos públicos – o mais conhecido por todos, onde
os professores concorrem a nível nacional, onde há requisitos impostos pelo
Ministério da Educação;
3. Colocação através das bolsas de contratação – o Ministério da Educação
disponibiliza bolsas para colmatar necessidades temporárias de alguns
professores do ensino básico;
4. Contratação em regime de mobilidade interna – professores já vinculados numa
escola, podem pedir mobilidade para outra escola.

Ao analisarmos este artigo - no qual refere os procedimentos que um agrupamento ou

escola têm para a seleção dos docentes, reparamos que há uma afinidade para quem
cumpre, obviamente, os requisitos pretendidos da escola em si. Ora, o agrupamento
começa por ter acesso a uma plataforma digital, onde terá acesso ao número de horas
previstas a dar e a duração da colocação. No caso dos professores em caso de reserva de
recrutamento, “podem ser colocados em horários completos e incompletos, de duração
igual ou inferior a um ano escolar, até ao final do correspondente ano letivo ”.
(Ciência, 2012)

Para um país que procura manter o professor, ligado a uma turma durante os quatro
anos escolares primários, este artigo contradiz-se um pouco. A quantidade de requisitos
pedidos – para um ensino tão eficaz e consistente – acaba por não ter efeito. Um
professor que permanece com os seus alunos – desde tenra idade – até estes serem
capazes de lidar com os problemas, numa maneira mais autónoma, é alguém que acaba
por criar uma conexão emocional com os seus alunos. Isto é tão importante quanto
todos os outros aspetos da vida escolar do estudante. Pela minha experiência pessoal,
tive a mesma professora durante os primeiros anos escolares. O que retiro disto? Havia
uma conexão emocional, havia um conhecimento profundo do aluno(a) – a professora
sabia as dificuldades e potenciais de cada um – e um acompanhamento do seu
desenvolvimento, podendo criar estratégias e desafios para uma maior e completa,
evolução do aluno.

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2. QUALIFICAÇÕES DO PROFESSOR CANDIDATO

ARTIGO 41.º DOCUMENTOS

Além dos anos de estudo – incluindo a componente de estágio de observação e

práticas de ensino supervisionada – todo o currículo do quasi docente tem um peso
vultoso na contratação. O aluno mestrando, deve apresentar todas as suas qualificações
e habilitações, um registo criminal para o exercício da função que irá desempenhar,
vacinação obrigatória e uma declaração de alguém que é são.

Não podemos ignorar estes factos – já que o docente se encontra a trabalhar com
crianças em desenvolvimento e que são os futuros regentes do país. Consequentemente,
após tantos anos de esforço e trabalho, o professor vê-se quase num beco sem saída e
numa gaiola – onde esteve anos a estudar para poder ter a profissão que tanto deseja; e,
onde se vê obrigado a calcular os custos de vida e a pesar o seu estado emocional para
que possa cumprir a sua profissão, longe ou perto da sua zona de residência.

2.2 Dificuldades no processo de recrutamento e colocação no 1º Ciclo do

Ensino Básico

A propósito do recrutamento e colocação dos professores no 1º Ciclo do Ensino

Básico, vem ancorados os desafios e complicações que trazem as alocações. Passo então
a citar uma notícia escrita por Carlos Santos Neves – para a RTP:

“Dezenas de milhares de professores e outros trabalhadores do Ensino voltaram este sábado a manifestar-se
em Lisboa, numa marcha convocada pelo sindicato de Todos os Profissionais da Educação em defesa da
escola pública e contra as propostas de alteração aos concursos.”

O que nos traz isto de novo? Após duas décadas em conflitos com a profissão, no
século XXI ainda se luta por uma profissão que seja justa e que pense nos seus
empregadores – enquanto pessoas. Os professores enfrentam uma carga horária elevada
– as aulas que lecionam, as reuniões, os testes para corrigir, as preparações de aulas, a

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construção de materiais didáticos para tornar o ensino mais divertido e diversificado.
Ainda assim, há quem diga que a profissão do professor é demasiado valorizada e fácil
de executar. Se assim fosse, não haveria tantos professores a deixar a profissão e a pedir
uma reforma mais adiantada.

Como relatado na CNN Portugal, por Manuela Micaela:

“Há muitos professores ainda longe da idade reforma que estão a ponderar deixar a profissão e alguns já
estão mesmo a tomar medidas para o fazer. O alerta é do Sindicato Independente dos Professores e Educadores
(SIPE), que assegura ter recebido, nas últimas semanas, “inúmeros” pedidos de esclarecimento sobre as
consequências de se demitirem.”

Porque acontece então isto, numa profissão tão privilegiada e única? Talvez, se os
salários acompanhassem todo o trabalho árduo do docente, só talvez não houvesse
tantas reclamações e tantos defeitos a apontar a uma profissão que cria todas as outras.
Passo a acrescentar, que o professor sofre uma pressão enorme de fazer cumprir o seu
programa – seguindo as metas curriculares impostas – melhorar e adaptar o seu
desempenho e lidar com outras tantas burocracias não descritas nos pré-requisitos da
profissão.

3. Recrutamento de professores no Ensino Superior

Seguidamente, há uma pequena diferença quanto ao método de contratação dos

professores no ensino superior. Quando se chega a este nível, já não há uma
preocupação tão grande quanto aos professores serem os mesmos durante os anos de
licenciatura ou mestrado – ou doutoramento. Como estão a lidar com alunos adultos e
conscientes dos seus atos (e maiores de idade) há um maior alívio por parte dos
docentes. Isto é, como então se escolhe um professor para lecionar no ensino superior?

1. Concursos públicos – as escolas superiores abrem concursos para contratação de

professores, onde analisam todo o perfil e performance do candidato que for
selecionado;

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 2. Contratos por tempo determinado – as instituições de ensino superior podem
contratar um professor consoante a necessidade (podendo ir de meses até anos),
seja de um projeto, de um professor em baixa médica, etc;
3. Contrato por tempo indeterminado – a instituição pode permanentemente
contratar um professor, se este cumprir todos os requisitos e se for aprovado no
processo de concurso público;
4. Contratos de prestação de serviços – este método visa a contratação de
professores de forma autónoma. Isto é, o professor é pago por hora ou aula – ao
invés de terem um contrato formal.

Ainda assim, devemos acrescentar que alguns professores podem ser convidados.
Melhor dizendo, os professores são selecionados consoante a sua área de especialização,
os anos de serviço que carregam consigo, expertise, e o seu conhecimento abastado em
determinada unidade curricular. Mas porque há então esta diversidade enorme de
professores, no ensino superior? Tal acontece para fornecer ao corpo discente novas
visões, novas formas de pensar, novos métodos de ensino e projetos, dos quais os alunos
podem sentir interesse em fazer parte. Esta heterogeneidade enriquece imenso o
ambiente académico, fazendo o aluno crescer com a diferença e a aceitação de outras
pessoas.

Óbvio que cada método de contratação/colocação depende também de um conjunto

de regulamentos e políticas específicas de cada escola superior. Sendo assim, é bom que
um jovem adulto traga para o mundo real oportunidades únicas e projetos que procurem
melhorar o mundo e a vida de outras crianças.

3.1 Adversidades no processo de recrutamento de docentes do ensino superior

Não são só os professores do ensino básico que enfrentam problemas com a sua
colocação ou recrutamento. Quanto maior o grau de ensino, maior é a sua competição e
conhecimento. Os professores que estão a formar discentes – que pretendem se
especializar numa área – enfrentam uma competição. O número de vagas pode ser
limitado, ou os requisitos serem bastantes limpos quanto ao que pretendem. Além de
muitos professores serem investigadores e pretenderem continuar com os seus trabalhos
de investigação, é quase impossível com a carga horária que carregam e com o

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congelamento da progressão das suas carreiras – sentindo-se então, mais uma vez,
desanimados com a profissão que tanto sonhavam e desejavam desempenhar. Numa
notícia da Sic Notícias, é dito por Elvira Fortunato:

“Os professores vão juntar-se à greve da Função Pública daqui a uma semana. Continuam a queixar-se
sobre a progressão nas carreiras e da passividade do Governo em relação à falta de docentes nas escolas. Esta sexta-
feira, a FENPROF emitiu um pré-aviso de greve para o mesmo dia da votação final do Orçamento do Estado.”

Em suma, todos os professores, de qualquer grau de ensino, enfrentam batalhas que

mais ninguém vê – ou que o Ministério da Educação não quer ver. No entanto, todos os
professores continuam na sua profissão, na esperança de fazerem os seus alunos ver que
a educação é importante para a vida de cada um – e que é um direito que ninguém pode
tirar. Se as escolas/instituições fossem mais transparentes e simples, o ensino tornava-se
ainda mais atrativo e detinha de bons lecionadores com uma ótima evolução
profissional.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante enaltecer a importância para um ensino de qualidade e

desenvolvimento do estudante. Ao longo deste ensaio, explorámos os métodos de
contratação que existem nas escolas básicas e nas escolas superiores, salientando os
seus desafios e expectativas na colocação. É de denotar que apesar de tudo, os
professores continuam na linha da frente, à espera de uma oportunidade de ver o ensino
melhorar – se não for com ele mesmo, com o seu colega que é profissional também. Só
assim somos capazes de tornar a educação um ramo forte e formar alunos preparados
para o futuro.

REFERÊNCIAS

7
Mestrado em Ensino de Inglês no 1o Ciclo do Ensino Básico - Plano 2 — Escola Superior de

Educação. (n.d.). Www.ese.ipp.pt. Retrieved June 1, 2023, from

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Notícias. https://sicnoticias.pt/pais/2022-11-11-Ministra-do-Ensino-Superior-perplexa-

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Professores. (n.d.). Comissão Nacional Da UNESCO. Retrieved June 1, 2023, from

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Cristo, A. H. (n.d.). O regime dos derrotados. Observador. Retrieved June 1, 2023, from

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Aprovado decreto lei que estabelece o novo regime de gestão e recrutamento de docentes.

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https://www.facebook.com/DiariodeNoticias.pt/?fref=ts. (2022, September 13). Ano letivo

voltará a ser marcado pela escassez de professores. Www.dn.pt.

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marcado-pela-escassez-de-professores-15151958.html

Portugal, R. e T. de. (2023, January 14). Milhares de professores e outros profissionais

manifestaram-se em Lisboa. Milhares de Professores E Outros Profissionais

Manifestaram-Se Em Lisboa. https://www.rtp.pt/noticias/pais/milhares-de-professores-

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Professores longe da idade de reforma ponderam deixar a profissão e alguns já estão mesmo a

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tomar-medidas/20230309/6408ce690cf2dce741aea380