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A.

Fanzeres
(PY1AAP)
Transmissores e
Geradores imr»
_____ de RF

Um livro EDIOURO é incomparável!!


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A. Fanzeres
(PY1AAP)

Transmissores e
Geradores WTUT*
_______ de 111*
© EDITORA TECNOPRINT S.A., 1985

As nossas edições reproduzem


integralmente os textos originais

EDITORA TECNOPRINT S.A.


índice

Prefácio ......................................................................... 9

l.a Parte: Elementos Teóricos

Capítulo I — Ondas de Rádio ............................. 15


Geração das Ondas de Rádio ................... 15
Oseilador de Estado Sólido ....................... 18
Oscilador Valvular ......................................... 19
Oseilador de Freqüência Variável (VFO) . 20
Propagação ..................................................... 22
Recepção ......................................................... 23

Capítulo II — Geradores de Radiofreqüência . 25


Introdução ...................................................... 25
Circuitos Básicos Valvulares ....................... 26
Circuitos Básicos Transistorizados ............. 29
Gerador de Sinais para Ajustes ................ 32

Capítulo III — Amplificadores de RF ................ 37


Amplificadores de RF a válvula ................ 37
Neutralização ............................................. 41

Capítulo IV — Estágios de Saída ...................... 45


Saída Simples ................................................ 45
Saída Simétrica ............................................. 47
Bobina Tanque .......................................... 48
Acoplamento Indutivo ............................. 49
Capacitores Circuito Tanque .................. 50

5
Capítulo V — Irradiadores e Antenas ...............
O que é uma Antena? ................................
Aiimentador ..............................................
Irradiador .........................................................
Antena .............................................................
Antena mais Simples ..............................
Antena Doublê ..........................................
Antena Direcional Fixa ............................
Antena Direcional Móvel .......................

Capítulo VI — Acoplamento à Antena ...........


Circuitos de Acoplamento ..........................
Acoplamento de Antenas ..........................

Capítulo VII — Fontes de Alimentação ............


O que Deve Fazer uma Fonte de
Alimentação ..........................................
Transformadores ............................................
Estabilização de Voltagem ..........................
Retificação e Filtragem ................................

Capítulo VIII — Modulação ..................................


Para que Serve a Modulação ....................
Tipos de Modulação ....................................
Modulação em Alto Nível ..........................
Modulação em Baixo Nível .......................
Modulação em FM .......................................
Modulador de Reatância .........................
Modulador de Fase .................................
Varactor .......................................................

Capítulo IX — Instrumentos de Medida ..........


A Necessidade de Medir ............................
Voltímetro Eletrônico ...................................
Ponte para Medição de Indutâncias .........
Grid-Dip ..........................................................
Ondâmetro ......................................................
Marcadores de Freqüência .........................
Indicador de Onda Estacionária ................ 94
Instrumentos Vários ...................................... 95
Multímetros ..................................................... 95
Osciloscópio ................................................... 95

2.a Parte: Circuitos Práticos


Introdução à Prática .................................... 99
Transmissor Simples .................................... 101
Transmissor de 1 W ..................................... 104
Cristais ............................................................ 106

Apêndice: Endereços do Dentei nas Várias


Regiões do País ............................ 107

7
Prefácio

Há muito desejavamos escrever para nossos leito­


res, de modo condensado e simples, um livro consagra­
do à geração e transmissão das ondas de rádio.
Mas, além das naturais dificuldades, o assunto ti­
nha outras implicações, inclusive por seus aspectos le­
gais, em virtude da legislação que regulamenta a gera­
ção e consequente transmissão das ondas radiofônicas.
Na atualidade, contudo, admitimos ter chegado o
momento de satisfazer um grande número de leitores,
que até então só podiam contar com publicações estran­
geiras, de preços nem sempre acessíveis, e numa lingua­
gem técnica por vezes incompreensível.
Dedicamos uma primeira parte à “teoria”, ou seja,
ao preparo do leitor para que possa ter uma base apro­
priada a fim de construir e experimentar no campo prá­
tico. Esta parte teórica servirá também de orientação para
quando resolvam dar ao radioamadorismo, no Brasil, o
rumo certo para o qual foi criado originalmente. Segue-
se depois uma parte essencialmente prática. Nesta, en­
quanto não se aclaram as coisas e os direitos individuais
e coletivos não estejam bem assentados na mente de to­
dos, é conveniente que se esclareça que qualquer gera­
dor ou transmissor que irradia pode infringir a lei, po­
rém se este funcionamento é efetuado dentro de uma
“gaiola de Faraday” o experimentador evitará a prática
de um ilícito penal.
Confinando o gerador de RF ou o transmissor, na
fase experimental, de construção etc. dentro de uma blin­
dagem de Farady, enquanto, segundo exigências atuais,

9
não é homologado, o leitor (desculpem o trocadilho) evi­
tará ser confinado ou “engaiolado”...
Da necessidade de obras que tratem da parte teóri­
ca e prática de geradores de RF e transmissores, é fácil
comprovar. Basta corujar a faixa de amadores ou ler as
publicações oficiais e oficiosas dos radioamadores. De
execução técnica, invenções, métodos e processos téc­
nicos, quase nada se publica. A parte social, comunitá­
ria, captação de figurinhas é sem dúvida uma das mais
desenvolvidas no radioamadorismo brasileiro; porém a
parte técnica, para a qual principalmente foi criado e de­
senvolvido o radioamadorismo, aqui é incipiente.
Pretendemos com este livro, além de atender o gran­
de número de leitores interessados na parte construtira,
despertar nas autoridades o interesse para que se olhe
para o imenso atraso que existe no setor didático de trans­
missão e geração de RF em nível de estudantes, experi-
mentadores, amadores, pois é deste material humano
que irá se constituir a próxima geração de técnicos.

10
Transmissores e
Geradores y> T?
_____ de JMI
l.a Parte

Elementos
Teóricos
Capítulo I
Ondas de Rádio

Geração das Ondas de Rádio


As ondas de rádio, ou seja, as ondas eletromagné­
ticas, são geradas por dispositivos elétrico-eletrônicos. No
passado, quando as transmissões eram efetuadas nas fre-
qüências muito baixas (ondas longas) os geradores eram
na verdade alternadores eletromecânicos. Assemelha­
vam-se a um gerador de corrente alternativa, só que a
freqüência era muito acima das freqüências industriais
(40-60Hz). Normalmente estes geradores operavam nas
faixas de 60 KHz a 100 KHz.
Depois, com a descoberta da utilidade das freqüên­
cias de ondas de rádio mais elevadas, descoberta intei­
ramente devida ao trabalho dos radioamadores nas dé­
cadas de 1910/1920, e com o advento das válvulas ter-
moiônicas como eram chamadas, os geradores de RF
deixaram de ser eletromecânicos e passaram a ser val-
vulares, até o advento, na década de 40, dos semicon­
dutores.
Hoje os geradores de RF e os transmissores utilizam
válvulas e/ou semicondutores. Ao contrário do que pos­
sam pensar muitos leitores, o advento dos semicondu­
tores não desbancou a válvula. Nos manuais da Ameri­
can Radio Relay League, a importante associação de ra­
dioamadores dos Estados Unidos e possessões, a par de
circuitos transistorizados, continuam a surgir circuitos de
geradores de RF e transmissores utilizando válvulas, prin­
cipalmente quando se trata de equipamentos de maior
potência.

15
A verdade é que, apesar de certas vantagens ine­
rentes aos semicondutores, as válvulas se prestam a ex­
periências ousadas que, se praticadas com os semicon­
dutores, resultam quase sempre em desapontamento
quando o mesmo entra em pane, devido a um excesso
provocado por um circuito projetado de modo pouco
adequado ou a circunstâncias fortuitas. No caso das vál­
vulas, há sempre um certo tempo para cortar o mal: o
aquecimento excessivo da placa, o avermelhamento das
mesmas, que leva alguns segundos até atingir o ponto
crítico, etc. fazem com que certos amadores experimen-
tadores se sintam mais à vontade em utilizar as válvulas.
Mas não vejam nisto um desprestígio ou atitude negati-
vista em relação ao semicondutor. Os semicondutores
possuem características próprias que as válvulas não pos­
suem, e se não fossem eles os vôos interplanetários e
os satélites não seriam possíveis, pois o consumo do fi­
lamento das válvulas demandaria tal energia que o pad­
load dos veículos astrais seria algo impossível na atual
tecnologia espacial.
Mas como são geradas as ondas de rádio? Obvia­
mente com um gerador, seja ele de válvula ou semicon­
dutor. Este gerador é um circuito oscilador, onde com­
ponentes, tais como bobinas, capacitores e resistores, são
agrupados ao redor do elemento principal (válvula ou
semicondutor) para produzir oscilações alternativas, com
uma freqüência situada dentro do espectro eletromag­
nético destinada às radiocomunicações.
Notem que os circuitos oscilatórios podem operar
em outras freqüências que não as destinadas às radio­
comunicações, porém neste livro vamos nos restringir às
oscilações radiofreqüentes situadas nas faixas destinadas
às radiocomunicações e, assim mesmo, nas regiões des­
tinadas pelo Dentei para o amadorismo. Naturalmente
que um transmissor projetado, digamos, para a faixa dos
15 metros, pode operar na faixa dos 11 metros ou 10
metros, bastando alterar-se a parte de sintonia, mas, es­
pecificamente neste livro, vamos nos restringir a equipa­

16
mentos geradores de RF e transmissores, operando na
faixa destinada ao radioamadorismo.
Um gerador de RF ideal deve produzir oscilações
sinusoidais, de perfil absolutamente correto, na frequên­
cia desejada. Se o perfil é sinusoidal puro e se a freqüên-
cia é estável, temos a pedra fundamental de um bom
transmissor ou gerador de RF: estabilidade de freqüên-
cia e ausência de harmônicos. Na prática isto é possível
facilmente, com baixas potências. A proporção que a po­
tência aumenta os problemas se multiplicam e chegam
ao auge quando se constrói um transmissor com a po­
tência máxima permitida para o radioamadorismo: 1 kW.
O recomendável ao experimentador em geradores
de RF e transmissores é que projete, experimente e cons­
trua geradores e transmissores de pequena potência (5
a 20 W), até dominar completamente todos os aspectos
da transmissão. Só então se arrisque a entrar no campo
dos transmissores de maior potência.
E não julgue o leitor que 20 W é potência desprezí­
vel. Se souber projetar, ajustar e operar adequadamen­
te um-transmissor de 20 W, poderá, quando também uti­
lizando um bom receptor, efetuar contato com todos os
países do mundo. Isto foi conseguido no passado pelo
autor e atualmente existem grupos de radioamadores em
que a condição de ingresso é de operar um transmissor
de potência reduzida e com o mesmo efetuar contato
com colegas situados em países ou regiões distantes. Is­
to requer não só que o transmissor esteja dando um óti­
mo desempenho, como também possua linha de trans­
missão, antena, localizações adequadas, além de bom
receptor e grande habilidade e paciência do operador.
Muitos preferem adquirir pronto um transmissor, antena
e receptor, pagar a instalação e operar o equipamento...
só faltando pagar um operador para substituí-lo no co­
municado...
Neste livro partimos da premissa que o leitor pos­
sua conhecimentos básicos de eletrônica; caso contrário
terá alguma dificuldade em entender certos capítulos.

17
Pode-se dizer que um circuito oscilador nada mais
é que um circuito amplificador que fica instável. Se esta
instabilidade situar-se dentro de certos parâmetros, tere­
mos uma oscilação controlada. Um amplificador a que
se aplica uma retroalimentação positiva (positive feed­
back) alcançará um ponto que oscilará.
Manter a freqüência de oscilação e a amplitude do
sinal são os dois pontos importantes no que concerne
aos osciladores de RF.
Figura 1 - Oscilador
de estado sólido
Ll - RFC 24 micro H
Ql - 2N2222 ou Archer
Oscilador de Estado Sólido
276 - 1617 Na figura 1 temos um circuito oscilador de RF. Uti­
RI - 4,7 K liza um transistor tipo 2N 2222A ou Archer 276-1617.
R2- 47 K
R3 - 22 O Baseia-se em um circuito original de Doug DeMaw
Cl - 25 mfd x 25 V (W1FB) publicado pela ARRL (Weekend Projects, vol. 1)
C2 - .01 mfd, cerâmica
C3 - 0001 mfd, cerâ­ A potência obtida à saída deste oscilador é da or­
mica dem de alguns milivátios, sendo adequado para excitar
C4 - 00025 mfd, cerâ­
mica
um circuito amplificador de RF para um transmissor de
Xtal - 7 MHz uns poucos vátios de saída. A bobina Ll consiste de um

"I
18
choque de RF de 24 microhenries. Uma fôrma de cho­
que, com núcleo, onde se enrole experimentalmente cer­
ca de 60 espiras de fio 28 ou 30 esmaltado servirá per-
feitamente.

Oscilador Valvular
Na figura 2 temos um oscilador a válvula. Pode-se
utilizar um triodo de aquecimento indireto ou, como é
o caso do circuito, a seção triodo de uma válvula dupla
(triodo — multigrade ECL86).
Figura 2 - Oscilador
Em ambos os circuitos, a estabilidade da freqüên- valuular
cia é principalmente assegurada pelo uso de um cristal.
fíl - 47 K
Mas a fonte de alimentação deve ser estável para asse­ Cl - 1000 pF
gurar uma tensão constante no circuito, completando a C2 - 1000 pF
LI - 2,5 y H
estabilidade fornecida pelo cristal. VI - ECLp86

19
Oseilador de Frequência Variável (VFO)
Em certos casos é desejável possuir um circuito os-
cilador que forneça uma freqüência estável, porém não
fixa, isto é, que possa ser variada. Isto é particularmente
interessante quando se deseja operar o transmissor na
mesma freqüência do transmissor que estamos recepcio­
nando. O VFO, ou seja, o oseilador de freqüência variá­
vel, neste caso substitui o cristal, permitindo que se ope­
re na freqüência desejada.
Figura 3 - Oseilador Na faixa do cidadão, todavia, este processo não é
de freqüência uariâ-
adotado. Prefere-se utilizar cristais para operar nos vá­
vel
rios canais.
Cl - 500 + P Na figura 3 temos o circuito de um VFO. Notem que
C2 500 + P
C3 - P utiliza um transistor tipo FET, Motorola (MPF 102) e que
C4 - 0.01 a bobina LI deve ser na faixa de freqüência que se de­
C5 - 10 + P
RI - 100 K seja excitar o amplificador de RF subseqüente. Em um
R2- 100 próximo capítulo, serão dados alguns dados construtivos
Q1 - MPF 102
LI - Ver texto
de bobinas, onde o leitor poderá encontrar soluções pa­
L2 - Choque RF 1 mH ra tal construção. Este VFO utiliza transistor.

Na figura 4 temos um VFO utilizando uma válvula


pentodo. Para evitar o deslizamento de freqüência pro­
duzido pelo aquecimento que a válvula introduz é utili­
zado um capacitor com coeficiente negativo de tempe­
ratura, de 10 pF. Este capacitor tem a capacidade alte­
rada em sentido inverso do que sucede nos capacitores
comuns. Deste modo, o aquecimento produzido pela vál-

20
V I

Figura 4 - VFO c
2 válvula pentodo

Z3

R1 - 22K '/•> IV
R2 - 47 K, 2 W
R3 - 470, '/2 W
Cl - Variável 35 pF
C2 - 10 pF (Ver texto)
C3 - 0,002 mfd, cerâ­
mica
C4 ■ 0,001 mfd, cerâ­
mica
C5 - 0,0068 mfd, mica
C6 - 0,0068 mfd, mica
Ll, L2, L3 - Ver tabela I.
L4 - Choque RF 2,5 mH,
125 mA
C7 - 35 pF, variável
C8 - 8 mfd x 350 V
C9 - 0,01 poliéster
vula e mesmo pelo ambiente faz com que ele contraba­ CIO - 10 pF (Ver texto),
lance a alteração que ocorre nos capacitores comuns. Isto coeficiente negativo
de temperatura
associado a uma montagem rígida, com blindagem de VI - Pentodo de recep­
chapas espessas de alumínio ou cobre, e uma fonte vem ção, GAG7. CVI882.
estabilizada tornam este VFO, de simples construção, uma VT247, EL 81, EL 83,
EL 34 etc.
robusta peça que não decepciona.

Tabela I (Detalhes das bobinas fig. 4)

Ll — Enrolar fio 28, esmaltado, sobre fôrma de material adequa­


do para radiofrequência, espiras juntas, até uma extensão de 2,5 cm.
O diâmetro da fôrma deve ser de 2,5 cm.

L2 — Enrolar fio 32, esmaltado, em tubo semelhante a Ll, até ocu­


par extensão de 2,5 cm.

L3 — Enrolar sobre L2, na parte inferior da mesma, 8 espiras de fio


n.° 20. tipo radiocel (fio de ligação para rádio).

21
Os circuitos que demos anteriormente são típicos ge­
radores de sinais de RF. Se fosse analisado o sinal pro­
duzido à saída dos mesmos, com a ajuda de um oscilos-
cópio, seria observada a existência de uma portadora de
RF. De baixa amplitude ou potência é certo, mas sem
dúvida uma portadora de RF (figura 5).
Figura 5 - Portadora Fosse este circuito colocado próximo a um radior-
de RF receptor e este sintonizado à freqüência de funcionamen­
to do oscilador, seria percebida a presença da onda por­
tadora. Este sinal se caracterizaria por uma redução da
estática que um receptor sempre apresenta quando está
ligado e não sintonizado a nenhuma estação. Aliás, pela
observação auditiva desta portadora em um receptor,
pode-se saber se a mesma está isenta de zumbidos (hum)
ou qualquer outra anomalia. Os osciladores, para per­
mitirem um sinal adequado à transmissão, devem pro­
duzir uma portadora de baixa potência, estável e limpa.
Lembre-se, porém, o leitor das observações que fizemos
no prefácio sobre legislação, Dentei e gaiola de Faraday...

Propagação
As ondas eletromagnéticas propagam-se no espa­
ço livre, a uma velocidade de 300.000 km/s aproxima­
damente. Assim, quando um gerador de RF ou um trans­
missor iniciam as radiações, no meio ambiente que cir­
cunda seu circuito de saída cria-se um campo elétrico-
magnético que se expande, teoricamente em todas as
direções, à velocidade de 300.000 km/s.
A proporção que a onda eletromagnética se afasta
de sua origem, a amplitude, a força do sinal vai decres-
cendo e chegará um momento que este sinal será tão
débil, tão fraco, que não terá condições de ser registra­
do por um circuito detetor.
Porém, as ondas de rádio, apesar desta debilitação
enorne, chegam ainda com intensidade adequada a dis­
tâncias que se medem em milhões de quilômetros. Ha­
ja visto as sondas especiais lançadas pelos Estados Uni­

22
dos da América do Norte e pela URSS que, tendo al­
cançado planetas distantes como Vênus, Júpiter, Satur­
no etc., têm várias operações de pesquisa comandadas
desde as estações emissoras situadas na superfície da
Terra.
Se as condições de irradiação e recepção forem ade­
quadas é possível, com pouca potência de RF, alcança-
rem-se grandes distâncias. Isto implica naturalmente em
possuir o lado gerador de RF, não só o transmissor co­
mo o sistema irradiante adequado, e do lado receptor,
além de um sistema captador (antena e correlatos), um
receptor com sensibilidade e discriminação adequadas.
Entre a antena emissora e a antena receptora não
raro existem fatores que fogem do controle do operador
transmissorista ou recepcionista. Ionização das camadas
atmosféricas, tempestades magnéticas, erupções solares,
chuvas, granizo, obstáculos fixos ou móveis entre os pon­
tos, interferências etc., todos são fatores que fogem ao
controle do operador e que afetam a perfeita funcionali­
dade da transmissão-recepção.

Recepção
Como dissemos antes, a transmissão pode ser afe­
tada por fatores situados fora do alcance do operador
de transmissão e de recepção.
Mas, se deseja realmente obter êxito em suas trans­
missões (e recepções), o leitor deve procurar ter seu equi­
pamento em ordem, com antenas bem projetadas e ajus­
tados para um desempenho ótimo. Em recepção, hoje
é mais difícil a construção caseira de receptores, pois qua­
se inexistem as fábricas de bobinas de RF e FI e sua fa­
bricação doméstica é pouco recomendável, salvo quan­
do se possui aparelhagem de medida, normalmente não
encontrada na bancada do radioamador.
Mas mesmo assim, em capítulo apropriado, dare­
mos alguns circuitos de receptores cujo desempenho não

23
é desprezível e cujo custo é muitas vezes menor do que
um receptor comercial.
A recepção depende muito, além do receptor, do
sistema captativo da antena. Uma antena bem projeta­
da, um bom sistema de terra são fatores importantes na
captação de sinais de RF. Além disto, a escolha de local
com pouca interferência é importante.
Sobre interferência, notamos que há muitas recla­
mações de usuários de TV com respeito às transmissões
dos radioamadores e Faixa do Cidadão. Porém, nem as
autoridades responsáveis nem os interessados atentam
para o inferno de interferências produzidas por utilida­
des domésticas, motores, máquinas etc. Por exemplo, os
redutores de luminosidade de lâmpadas são terríveis pro­
dutores de QRM; idem relés de elevadores, ignição de
carros, lâmpadas fluorescentes, comutadores de sinais de
tráfego, aparelhos de raios X, etc. Estes aparelhos pro­
duzem interferências que às vezes são atribuídas aos ama­
dores e PX’s, e nem os interessados nem as autoridades
do Dentei tomam uma medida adequada que dê cobro
ao assunto.
O leitor interessado pode, com um pequeno recep­
tor a pilhas, sintonizado para as faixas de ondas curtas,
passear pela sua vizinhança e verificar as áreas onde re­
crudesce o QRM. Depois é só comunicar ao Dentei e
ver o que acontece. De qualquer modo estará se preve­
nindo, para quando começarem a acusá-lo de produtor
de interferências, apontar as zonas ou áreas onde, antes
de começar a irradiar, já existiam focos de QRM. Fica
a sugestão.

24
Capítulo II
Geradores de Radiofrequência

Introdução
Pode-se dizer que um oseilador é um gerador de
RF. Está correto, se analisado na essência, como dizer
que uma chance disjuntora de uma subestação de força
é um relê, pois ambos possuem contatos e uma bobina
de energização. Mas no cotidiano ninguém se refere a
uma chave disjuntosa como relé e vive-versa.
No caso de osciladores e geradores, julgamos po­
der dizer que o gerador é um circuito oseilador mais ela­
borado, com outros requisitos que o simples produzir os­
cilações em uma faixa de radiofreqüência.
Em se tratando de transmissores e geradores de ra­
diofreqüência, estes últimos são de vital importância, pois
se não houver uma geração adequada de RF não po­
derá existir transmissão.
Mas o que vamos tratar aqui não se aplica somente
a geradores utilizáveis em transmissão, isto é, criação de
sinais de RF que possam ser irradiados à distância atra­
vés de irradiadores (antenas). Desejamos abordar os cir­
cuitos geradores de RF que podem ser utilizados para
injetar sinais a curta distância ou somente por acopla­
mento direto, como é o caso dos geradores de sinais uti­
lizados para ajuste dos circuitos sintonizáveis dos recep­
tores, etc.
Achamos mesmo que o leitor que praticar no pro­
jeto e construção destes tipos de geradores estará adqui­
rindo uma grande prática, com gastos relativamente bai­
xos e com poucas probabilidades de causar interferên­
cias na vizinhança. Assim, recomendamos a nossos lei-

25
tores que leiam com muita atenção este capítulo e de­
pois procurem executar alguns dos circuitos fornecidos
e, se possível, inovar, efetuando modificações e expe­
riências para consolidar ainda mais seus conhecimentos.

is Solicitamos a todos os leitores que construam novos circuitos nos envia­


rem os esquemas detalhados, para que possamos eventualmente publicâ-los nas
revistas editadas no Brasil. Toda a correspondência deve ser dirigida para:

• A. Fanzeres, Caixa Postal 2483, Rio, 20.001.

Circuitos Básicos Valvulares


Existem vários circuitos básicos de geradores de RF.
Vamos examinar alguns dos mais comuns. Vejamos por
exemplo o Hartley. Basicamente, o circuito é o da figura 6.

cg _o

Figura 6 - Circuito
Hartley.

26
Um amplificador classe C que obtém a excitação de gra­
de, através de um acoplamento ao circuito de saída de
placa, e utiliza um circuito sintonizante, seja a cristal ou
a combinação indutância-capacitância, se constitui em um
circuito oscilador. Se o valor do capacitador neutraliza-
dor Cn é aumentado até um valor comparável à capaci-
tância interna grade-anodo, o circuito oscila facilmente,
sendo a disposição clássica do circuito Hartley uma das
mais utilizadas.

Figura 7 - Circuito
Pierce-Colpitts
RI - 50 a 100 KQ
R2 - Aproximadamente
50 por cento tensão
placa
Cl - 0.001 mfd, cerâmi­
ca
C2 - 0.01 mfd, poliéster
C3 -100 pF, cerâmica
C4 - De acordo com Ll,
p/ freq. cristal
Ll - De acordo com C4,
p/ freq. cristal
Xtal - Cristal

Na figura 7 temos o circuito denominado Pierce-


Colpitts, cuja característica principal é fornecer uma gran­
de quantidade de hosmônicos, permitindo que um cris­
tal de freqüência baixa possa gerar, à saída, freqüências
para operar no 2.°, 3.°, 4o etc. harmônicos: este circuito
opera com qualquer tipo de cristal. Deve-se notar po­
rém que, se o cristal possuir freqüências espúrias, as mes­
mas também serão produzidas à saída.

27
O circuito da figura 8 é denominado Gourier-Clapp
sendo de freqüência variável. Os valores indicados são
para operar na faixa dos 1,8 MHz. Para operar na faixa
dos 3,5 MHz os valor de Cl, C2, C3, C4, LI e L2 de­
vem ser reduzidos de 50 por cento.

RI - 47 KQ
R2 - 50 por cento valor
tensão placa
Cl - Variável 50 pF
C2 - Variável 80 pF Para terminar nossa dissertação sobre circuitos bá­
C3, C4 - 2200 pF, cerâ­
mica sicos valvulares apresentamos um circuito muito efetivo
C5 -100 pF. cerâmica e utilizado por radioamadores em quase toda Europa,
C6 - 0,01, poliéster
CZ - 100 pF, cerâmica onde eficiência e economia andam de mãos dadas. Trata-
VI - Pentodo recepção se do circuito Vackar (Tesla) ilustrado na figura 2 aqui
reproduzido data vênia da Radio Society of Great Bri­
tain (RSGB). Os detalhes construtivos das bobinas es­
tão na tabela II. As formas destas bobinas devem ser de
5/16 com núcleo de ferrite (5/16 = 7,93 mm).

28
Tabela II

. Ll
Faixa-Freqüência Cl C2 C3 C4
N° Espiras (em pF)
N° Fio
(juntas)
1,8 2 MHz 34 70 556 556 4700 15-250
3,5 3,8 MHz 28 45 500 300 2700 10-100
7,0 7,3 MHz 26 30 200 200 1800 10-25
14 14,35 MHz 24 15 100 100 1000 10-35

Figura 9 - Circuito
X/ackar (Tesla)
Ll - Ver tabela II
L2 - Choque RF, 2,5 mH
Cl. C2, C3, C4 - Ver ta­
bela II
C5 - 0,01, poliéster
C6 - 0,01, poliéster
C7 - 100 pF, mica
RI - 4,7 KO, 1W
R2 - 33 KC1, 1W
R3 - 4,7 K, 2W
VI - Pentodo recepção

105- 150 V.

Circuitos Básicos Transistorizados


As vantagens dos circuitos transistorizados sobre os
valvulares, em se tratando de baixa potência, são indis­
cutíveis, porém existem algumas desvantagens também,
O leitor deverá pesar todos os prós e contras antes de
se decidir pelo circuito final. Mas aqui repetimos nossa

29
recomendação anterior. O leitor deve tentar construir al­
guns tipos e experimentar bastante, para adquirir prática
e então poder resolver por si próprio o que mais lhe
convém.
Os circuitos básicos de válvulas se aplicam também
em circuitos transistorizados. Vejamos por exemplo o da
figura 10. Trata-se de um Hartley que em nada difere
na parte oscilatória propriamente dita.

Figura 10 - Circuito
Hartley

Na figura 11 temos um circuito típico para transis­


tor, conhecido como Pierce, podendo operar com cris­
tais de freqüência elevada. O presente circuito é da au­
toria de Louis M. Dezettel (W5REZ). A relação de capa-
citânia entre Cl e C2 é da ordem de 2:1, porém estes
valores devem ser ajustados para freqüências específi­
ca. Corno orientação damos os valores de Cl e C2 para
1 a 5 MHz= Cl - 680 pF e C2 - 390 pF; para freqüên­
cias de 5 a 30 MHz = Cl - 220 pF e C2 - 180 pF. No­
tem que este circuito não possui nenhuma bobina, sen­
do por isto muito atrativo para o amador que deseja evi­
tar o uso deste componente.

30
Figura 11 - Circuito
Pierce.
Cl, C2 - Ver texto
C3 - 0,01, cerâmica
RI - 100K
R2 - 10 K
Ql - 2N706 ou similar

Para se marcar no receptor os pontos de referên­


cia, de 100 em 100 KHz, o circuito da figura 12 é parti­ Figura 12 - Circuito
cularmente indicado, pois é rico em harmônicas, abran­ para pontos de refe­
gendo praticamente toda a faixa de alta freqüência. rência.
Q I

Xtal - 100 KHz C3 - 470 pF, tubular R2 - 2700, J/z W


Cl - Variante 50 pF C4 - 120 pF, cerâmica Ql - Qualquer tipo MPM
C2 - 0,002, cerâmica RI - 270 K, »/z W LI - Choque RF 2,5 mH

31
Gerador de Sinais para Ajustes
Para o ajuste de receptores existem naturalmente ge­
radores profissionais, vendidos no comércio. No Brasil
temos a Labo, que fabrica ótimos aparelhos de medida,
incluindo-se geradores de sinais.
Figura 13 - Circuito Um circuito clássico é o de A. W. Wood (figura 13).
de A. W. Wood.
Utiliza uma válvula triodo-hexodo tipo ECH 81 ou simi­
RI - 100 K
R2 - 1 meg
lar. O interessante deste circuito é que existem detalhes
R3 ■ 300 construtivos completos que permitirão ao leitor construir
R4 - 47 K
R5 - 68 K
realmente o gerador. A construção de bobinas (coisa hoje
VR1 - 250 K relegada ao abandono) é muito importante para quem
VR2 - 500
PFC - 2,5 mH
deseja construir transmissores. Familiarizar-se com o di-
Cl - 0,005 cerâmica mensionamento das indutâncias, ajustá-las, fazer oscilar,
C2 - 0,01 cerâmica
C3 - 0,01 cerâmica
tudo isto é muito importante para dar uma sólida base
C4 - 0,002 cerâmica àqueles que desejam realmente conhecer transmissão.
C5 - 0,01 cerâmica
C6 - 0,01 cerâmica
Daí a razão deste circuito, que pode parecer um pou­
C7 - 0,02 cerâmica co obsoleto, por ser valvular, mas os leitores não devem
C8 - 0,01 cerâmica
C9 - 50 pF
esquecer que em matéria de transmissão as válvulas con­
VC1 - 500 pF, variável tinuam sendo bem atuais, como já dissemos antes.

32
O circuito oscilante é o tradicional Hartley, e todas
as bobinas, em um total de 4, possuem tomada central.
O alcance de freqüências vai desde 200 KHz até 35 MHz,
mais que suficiente para ajuste de receptores na parte
de RF e FI.
A modulação deste gerador pode ser exterior, atra­
vés do terminal assim designado e movimentação da cha­
ve S2; ou a modulação pode ser interna quando se uti­
liza uma tensão alternativa (de alimentação do filamen­
to) através do potenciômetro VR2. Neste caso a freqüên-
cia de modulação é de 60 Hz. As bobinas devem ser en­
roladas sobre tubos de material isolante a radiofreqüên-
cia. Tubos de PVC utilizados para encanamento de água
não servem. O diâmetro destes tubos deve ser de 31 mm
por uma extensão de 75 mm (1-1/4” X 3”). Os detalhes
de construção estão na tabela III.

Tabela III
Faixa
Bobina n.° N.° de espiras Detalhe de Construção Fio Freqüência
LI 200 • 3 camadas, 9,5 mm • 33 esmaltado. 198 - 486
Extensão cada lado to­ 1 capa seda KHz
mada central, espiras jun­
tas. Espaço central 4,7
mm

L2 120 • 1 camada, 19 mm • 33 esmaltado. 420 -


Extensão cada lado to­ 1 capa seda 1880 KHz
mada central, espiras jun­
tas. Espaço central 4,7
mm

L3 20 • 1 camada, espaçada • 25 esmaltado 2,17 -


para cobrir uma extensão 10,67 MHz
de 25 mm

L4 5 • 1 camada espaçada • 20 esmaltado 7 — 35


para cobrir uma extensão MHz
de 12,5 mm

33
Um gerador de sinais moderno pode ser apreciado
na figura 14. O autor do projeto é F. G. Rayer, recente­
mente falecido, pessoa de dotes técnicos e humanos in­
superáveis e que tão cedo deixou o nosso convívio.
O circuito utiliza bobinas Denco, de fabricação in­
glesa, porém não difíceis de serem obtidas, através de
Figura 14 - Gerador aquisição direto na fábrica, para uso próprio, sem fins co­
de sinais moderno, merciais, com bônus da Unesco.

O instrumento permite abranger desde 150 KHz até


30 MHz em seis faixas. A parte oscilatória de RF é cons­
tituída pelo transistor TR1 e componentes associados. A
chave S2, que é de 3 pólos 3 posições, permite selecio­
nar as funções: saída de RF, desligado e saída de AF.
O sinal de saída de RF é atenuado via VR1. A parte de
modulação de áudio e também sinal de AF é dada pelo
multivibrador onde atuam os transistores TR2 e TR3. A
freqüência de modulação é de 400 Hz.
Quando a chave S2 está na posição de AF o tran­
sistor TR1 está fora de função, de modo que não irradia.
Nas figuras 15 e 16 temos respectivamente uma su-

34
gestão para colocação dos componentes e o painel frontal
com as escalas de alcance do gerador de sinais.

Figura 15 - Sugestão
para colocação dos
componentes

Figura 16 - Painel
frontal

35
*
♦ *
Capítulo III
Amplificadores de RF

Amplificadores de RF a Válvula
Uma vez gerada a RF, quase sempre a intensidade
ou potência do sinal não é suficiente para a maioria das-
aplicações. Torna-se então necessário amplificar o sinal.
As amplificações em RF são quase sempre efetua­
das com circuitos tipo C. Em transmissão de SSB ou ban­
da lateral suprimida usam-se amplificadores classe B e
são designados de amplificadores lineares. No passado,
construir-se um amplificador linear acima de algumas de­
zenas de vátios era assunto problemático, mas hoje, gra­
ças ao maior conhecimento do assunto e a componen­
tes com desempenho especial, generaliza-se a tendên­
cia de gerar-se a RF em baixo nível e depois fazer o sinal
passar por um amplificador linear, para atingir a potên­
cia de saída desejada.
Porém entre o gerador do sinal (oscilador) e o está­
gio final, podem existir estágios, que se bem forneçam
uma certa amplificação não são designados como am­
plificadores. Temos pois os circuitos separadores (buffer),
os multiplicadores de freqüência e os excitadores. Os se­
paradores são utilizados para isolar o circuito oscilador
e o estágio final para que não ocorra uma falta de esta­
bilidade quando, sintonizando-se o estágio final, este dre­
nasse energia do estágio anterior. Serve pois o separa­
dor (buffer) como estágio tampão.
Os circuitos osciladores têm maior estabilidade quan­
do operam em baixa potência e também em freqüên-
cias menos elevadas. Para se operar nas faixas de fre-

37
qiiências altas é preferível utilizar um cir­
cuito gerador ou oseilador em freqüência
mais baixa e, através de um estágio sub­
sequente, multiplicar a freqüência gerada,
para obter a freqüência de saída. Esta é
a função dos multiplicadores de freqüên­
cia.
Como sempre há uma perda, os mul­
tiplicadores são projetados para introdu­
zir um certo ganho nesta função multipli-
cativa e por isso atuam de certo modo co­
mo amplificadores.
Algumas válvulas dos estágios finais
(e também transistores) necessitam rece­
ber um sinal de certa intensidade para que
operem em pleno regime. Neste caso, o
sinal gerado, depois de passar por um es­
tágio separador ou não e deppis de ter sua
freqüência fundamental multiplicada ou
não, é injetado em um circuito que pré-
amplifica ou serve para excitar o estágio
final.
Na figura 17 temos um exemplo de
um transmissor valvular que utiliza duas
válvulas pentodos como osciladora ou ge­
radora de RF e excitadora, havendo no es­
tágio final uma válvula de potência duplo
triodo tipo 829 B, que continua a mere­
cer a preferência dos veteranos que op­
tam por válvulas quando operando em
freqüências de 50 MHz.

◄ Figura 17 - Transmissor valvular.


VI - Pentodo recepção
V2 - Pentodo recepção
V3 - 829 - B
Cl - Duplo 35 pF c/seção
C2 ■ Duplo 50 pF c/seção

38
A válvula V2 atua como separadora e também multipli-
cadora. Na tabela IV temos os dados para construção
das bobinas Ll, L2, L3 e L4 para as faixas de 10 e 6
metros.
A função do último estágio de um transmissor é for­
necer ao sistema irradiante a maior potência possível den­
tro das características dos componentes utilizados.

Tabela IV

Ll • 9 espiras, fio 18, diâmetro 19 mm (3/4”)

L2 • Para 28 MHz — 11 espiras, fio 18, diâmetro 37 mm


(1 1/2”)
• Para 56 MHz' — 5 espiras, mesmo fio e diâmetro acima

L3 • Para 28 MHz, 8 espiras, fio 12, diâmetro 37 mm (1 1/2”)


ocupando uma extensão de 37 mm (1 1/2”)
• Para 56 MHz, 6 espiras, mesmo fio, diâmetro 31 mm
(1 1/8”) ocupando uma extensão de 50 mm (2”)

L4 • 2 espiras no centro de L3

Nota: O espaçamento de L2 é equivalente ao diâmetro do fio.

Quase sempre, nos estágios finais, são utilizadas vál­


vulas triodos ou tetrodos. Os triodos necessitam maior
excitação que os tetrodos. Também os tetrodos dispen­
sam neutralização até freqüências de 30 MHz, se na cons­
trução foram tomados cuidados.
Nos estágios finais, a disposição em circuito classe
C assegura que quase 65 por cento da potência de en­
trada é transformada em RF. Por potência de entrada
entende-se a corrente anódica multiplicada pela tensão
anódica. O rendimento em classe B (linear) é da ordem
de 35 por cento.
O estágio amplificador de RF ou, como é comumen-

39
Figura 18 - Disposi­
ção em paralelo.

V2
VI

gRFC

te chamado, estágio de saída pode se constituir de


uma ou mais válvulas. A disposição pode ser em pa-
relelo ou simétrica (push-pull). Quando as válvulas são
ligadas em paralelo, os elementos ou eletrodos são
ligados em conjunto (placa com placa, grade com
grade etc.). Quando as válvulas são ligadas em dispo­
sição simétrica, em freqüências acima de 30 MHz, os
valores de C para os circuitos do tanque podem ser
bem pequenos, o que não sucede com válvulas liga­
das em paralelo, porque neste caso as impedâncias de
entrada e saída ficam muito reduzidas e necessita-se
de um alto valor de C para manter uma figura de mé­
rito (Q) adequada. Na figura 18 temos uma disposição
em paralelo do estágio final e, na figura 19 uma dispo­
sição simétrica.

40
VI

Neutralização Figura 19 - Disposi­


Devido às dimensões de algumas válvulas transmis­ ção simétrica.
soras e também à potência existente, sucede que parte
da energia de saída pode surgir no circuito de entrada
e então o amplificador entra em oscilação. Este efeito,
que é desejável em um gerador ou oseilador de RF, é
inaceitável em um estágio amplificador. Mesmo quando
a energia que se intromete na entrada não é suficiente
para causar uma oscilação, pode, todavia ocasionar, uma

41
instabilidade indesejável, que produz explosões ou mo­
mentos de oscilações, durante picos de excitação. Tam­
bém esta instabilidade pode ocasionar freqüências espú­
rias que produzem interferências dentro e fora da faixa
de amadores.
O leitor deve ter sempre em mente o seguinte: qual­
quer quantidade de energia, por menor que seja, des­
viada da energia desejada à saída é potência perdidade
e, além de reduzir a eficiência do equipamento, produz
interferências indesejáveis.
A capacitância intereletródica entre grade e placa po­
de causar retroalimentação. A captância entre grade e
placa nas válvulas pentodos é menor que nos triodos,
devido ao efeito de blindagem exercida pelas grades au­
xiliar (screen) e supressora. Quando a válvula tem a co­
nexão de placa no topo (figura 20) é possível uma boa
isolação física entre entrada e saída, dependendo de uma
boa disposição dos componentes. Com o uso de pento­
dos, até freqüências de 30 MHz, geralmente não há pro­
Figura 20 - Válvula
com conexão de
placa de topo.

42
blemas de retroalimentação. Com triodos sempre exis­
tem destes problemas em RF, mas não são insuperáveis.
A neutralização consiste em aplicar parte da RF de
saída, fora de fase, ao circuito de entrada a fim de can­
celar os efeitos da retroalimentação positiva.
O processo usual é utilizar uma bobina de tanque
balanceada e ligar um capacitor no extremo oposto a ali­
mentação, como se vê nos circuitos das figuras 21A e
21B. Quando o valor do capacitor é igual à capacitância
intereletródica da válvula, o estágio está neutralizado.
Para se ajustar corretamente a neutralização, desliga-
se a alimentação positiva da placa do estágio, e a cone­
xão deste será levada à terra através de um capacitor de
passo (0,01 mfd, cerâmica). Aplica-se a excitação do es­
tágio precedente ao amplificador de RF e, com um indi­
cador sensível de RF, ajusta-se o capacitor de neutraliza­
ção até que não exista nenhuma indicação de presença
de RF na bobina tanque (figura 22).
Figuras 21A e B - Li­
gação do capacitor.

43
Figura 22 - Bobina
tanque.

Os estágios amplificadores podem ser considerados


de saída, só que têm como característica o acoplamento
para um circuito que leva aos irradiadores ou antenas.
No próximo capítulo veremos com mais detalhes circui­
tos amplificadores de RF, porém com características típi­
cas para serem acoplados a irradiadores ou antenas.

44
Capítulo IV
Estágios de Saída

Saída Simples
A saída simples de um gerador ou transmissor é
constituída, quando se trata de válvulas, por uma só uni­
dade ou várias, em paralelo. A designação simples é pa­
ra diferenciar da saída simétrica (push-pull).
Na figura 23 temos um circuito de saída de RF sim­
Figura 23 - Circuito
ples, utilizando uma válvula QV06-20 e, na figura 24, da saída simples,
temos outro circuito de saída simples utilizando um trio- com uma uâluula
do de potência 833A. QV06-20.

45
Figura 24 - Circuito Estes circuitos, publicados por cortesia da Radio So­
de saída simples, ciety of Great Britain e da American Radio Relay Lea­
com um triodo de
potência 833A.
gue, são apenas ilustrativos e não recomendaríamos aos
nossos leitores tentar construir por duas razões: o pro­
blema legal já apontado e ainda porque, naturalmente
sem prática, teriam dificuldades em construir os circui­
Figura 25 - Circuito tos complementares de oseilador, separador, fonte de ali­
transistorizado, saída mentação e modulação. Mais adiante os leitores encon­
simples. trará circuitos completos, mais simples.
IW
INPUT
50/1

46
Saída Simétrica
A saída simétrica ou push-pull se constitui de duas
ou mais válvulas (sempre em números pares) dispostas
de modo a funcionar em oposição. O mesmo se aplica
ao circuito transistorizado. Na figura 26 temos um circui­
to simétrico a válvula e, na figura 27, um circuito simé- Figura 26 - Circuito
trico a transistor. simétrico a válvula.

A bobina de placa (quando o circuito é valvular) ou


no coletor do circuito transistorizado é a responsável pe­
la transferência do estágio final para a linha de transmis­
são e para o irradiador ou antena.
Esta bobina era denominada antigamente (e ainda per­
siste a designação) de bobina tanque.

47
Figura 27 - Circuito Bobina Tanque
simétrico a transis­ Do bom projeto e do cuidado na construção depen­
tor.
dem em grande porcentagem o êxito do transmissor ou
gerador de RF. A bobina de tanque, seja ela com núcleo
de ar ou com núcleo de ferrite deve ter uma relação L-C
adequada para o fator Q ou figura de mérito. Um valor
entre 10 e 20 é satisfatório. Se o valor do fator Q for
inferior a 10 haverá grande produção de harmônicos e
dificuldade de acoplamento indutivo para o circuito irra­
diante ou antena. Por outro lado um valor de Q muito
acima de 20 ocasionará uma alta corrente no circuito e
aumento de perdas na bobina. Aos leitores interessados
nos aspectos técnicos, detalhados, recomendamos a lei­
tura do Radio Amateurs Handbook da ARRL, últimas
edições.

48
Acoplamento Indutivo
Um sistema indutivo pode ser apreciado na figu­
ra 28. A bobina captadora, tambpem denominada
de link, pode ter sua aproximação regulável ou então
ser instalado um condensador variável (Cl na figura
28). Porém em equipamentos amadores utilizam-se re­
des de acoplamentos mais flexíveis, tais como a disposi­
ção pi, porque a configuração dos dois capacitores e bo­
bina assemelham-se a letra grega, daquela denomina­
ção (figura 29).

Figura 29 - Rede de
acoplamento, dispo-

(B)

49
Capacitores Circuito Tanque
Nos circuitos do tanque deve-se evitar o uso de ca­
pacitores inadequados, isto com respeito ao dielétrico.
Em pequenas potências, onde a saída é resistiva e a po­
tência não excede 1 kW de potência de entrada (pico-a-
pico), pode-se utilizar capacitores com dielétrico de ar,
tipo recepção. Para valores de potência mais elevados
os capacitores devem ser com dielétrico de ar, porém do
tipo para transmissão. Deve-se evitar capacitores de mi­
ca ou cerâmica para potências superiores a 40 vátios. Mas
uma boa prática é utilizar, sempre que possível nos cir­
cuitos tanques, capacitores com dielétrico de ar.

50
Capítulo V
Irradiadores e Antenas

O que é Uma Antena?


Um fio condutor esticado entre dois pontos, no qual
se injeta a radiofreqüência produzida por um gerador ou
transmissor, pode ser considerado como uma antena.
Mas aí cessa toda a semelhança com uma verdadeira
antena.
Uma boa antena deve ser capaz de “irradiar” as on­
das eletromagnéticas, que lhe são aplicadas na forma de
energia RF, a maior distância possível. A antena deve
ser como uma corda de violão, que ao ser percurtida (in­
jeção da RF) vibre em sincronismo e produza no meio
ambiente ao seu redor vibrações o mais amplas possí­
veis, mas na freqüência desejada.
Isto que se disse acima pode ser resumido com uma
palavra: casamento. Diz-se que uma antena está casada
quando seu dimensionamento físico e elétrico é de tal
ordem que está em harmonia com a freqüência presen­
te no tanque final do transmissor.
A antena necessita ser ligada ao transmissor e, se
bem que a parte que a liga ao transmissor possa ser con­
siderado como parte da antena, é de hábito denominar
este setor de alimentador.

Alimentador
O alimentador de uma antena é o condutor ou con­
junto de condutores que ligam o tanque do estágio final
à antena propriamente dita.

51
Os alimentadores podem ser de fios condutores sim­
ples, cabos coaxiais, fios trançados etc. Os alimentado­
res mais comuns atualmente são os cabos coaxiais (figu­
ra 30), porém foram utilizados no passado e ainda dão
bons resultados, para baixa potência, as denominadas
linhas de alimentação de TV e até os fios de instalação
elétrica, para exterior, recobertos de plástico e trançados,
pois apresentam a impedância ideal para antenas dipo-
los, além de não oferecerem o desequilíbrio que sucede
nos cabos coaxias entre o fio central e a blindagem, pa­
ra antenas dipolos.

Figura 30 - Cabo
coaxial.

Outros tipos de alimentadores consistem de um fio


singelo ou então dois fios paralelos separados certa dis­
tância (figura 31).

52
Figura 31 - Tipos de
alimentadores.

53
Irradiador
Considera-se irradiador todo e qualquer objeto que
permita a propagação da RF produzida no transmissor
e levada ao dito irradiador através de uma linha de trans­
missão ou alimentador. A expressão irradiador pode ser
utilizada em certos casos como eufemismo, para contor­
nar certas exigências, que proíbem a aplicação da RF a
antenas.

Antena
Antena é um ou mais de um condutor ao qual se
aplica RF para que irradie. O dimensionamento, posicio­
namento, disposição destes condutores classifica a ante­
na como direcional, não direcional, múltiplas freqüên­
cias, etc.

Antena mais Simples


A antena mais simples, sem dúvida, consiste em um
Figura 32 - Antena, fio, com os extremos devidamente isolados, suspensa do
na versão mais sim­ solo e alimentada por um fio simples, que tenha o outro
ples. extremo ligado a bobina de acoplamento do transmis-

0 = 14%
EXTENÇÃO TOTAL
ALIMENTAÇÃO

FORA DE CENTRO

FIO N2 14

54
sor (figura 32). O posicionamento do alimentador é crí­
tico, mas é uma antena efetiva, simples e que pode ser
construída em menos de uma hora de trabalho. Apesar
de simples tem uma certa direcionalidade, ao longo da
parte horizontal e com maior intensidade na direção da
parte mais curta, para a parte mais extensa da parte ho­
rizontal. A parte horizontal deve ter um comprimento
equivalente a 95 por cento de 1/2 onda da freqüência
em que vai operar o transmissor. A descida, de fio n.°
14, deve ser situada a 14 por cento do centro geométri­
co da parte horizontal. A extensão da baixada ou fio de
alimentação não é crítico, mas deve-se evitar que toque
em paredes, árvores etc.

Antena Doublê
A antena mais simples, depois da anterior, é a dou­
blê (figura 33). A extensão da parte horizontal equivale
a 95 por cento do comprimento de 1/2 onda em que
vai operar o transmissor. Porém, note-se, este compri­
mento geométrico deve incluir a extensão do isolador
central. A alimentação da antena doublê pode ser atra- pigura 33 Antena
vés de cabo coaxial, fio paralelo, fio trançado etc. O afas- doublê.

55
Figura 34 ■ Linha de
alimentação espaça­
da, na antena dou-
blê.

tamento dos fios que constituem a linha de alimentação


pode ter vários valores de impedância. Como o centro
de uma antena doublê tem basicamente uma impedân­
cia situada entre 50 e 70ohms, se utilizarmos uma linha
de alimentação muito espaçada (figura 34), o valor des­
ta linha pode situar-se entre 300 e 600 ohms. Será en­
tão necessário que se instale um transformador adapta­
dor de impedância. Este transformador não tem a apa­
rência de um transformador de alimentação. Constitui-
se de um trecho de fio, com certo comprimento, que faz
a necessária adaptação da impedância central da dou­
blê para a impedância da linha de alimentação (figura
35). Hoje, devido a grande maioria dos radioamadores
brasileiros ser apenas usuária de equipamentos homo­
logados, fabricados industrialmente, há pouco conheci­
mento técnico e quase ninguém sabe mais calcular uma
antena, muito menos construí-la e as antenas reduzem-
se a produtos comprados prontos nas casas especializa­
das. Em um outro capítulo, daremos dimensões exatas
para construção de antenas e, deste modo, fazemos vo­
tos, poderá surgir uma nova geração de radioamadores

56
Figura 35 - Transfor­
mador adaptador de
impedância.

57
Figura 36 - Diagra­ que realmente sejam possuidores de conhecimentos téc­
ma polar de radia­ nicos e não consumidores de produto enlatado...
ção de antena.
As antenas doublês possuem propriedades diretivas,
aliás como toda a antena, à exceção das verticais, de uma
só haste (e isto mesmo no campo horizontal). Nas dou-
blê, a radiação é tipo 8 (figura 36). Denomina-se de dia­
grama polar de radiação da antena ou simplesmente dia­
grama polar.
Assim, estando a parte horizontal da antena dou­
ble na direção norte-sul, o diagrama polar será de maior
intensidade nas direções este-oeste.
Uma das atrações da antena doublê é sua extrema
simplicidade de construção e, utilizando cabo coaxial ou

58
linha de baixa impedância (fio trançado, com isolação
plástica, de instalação elétrica ao tempo, por exemplo),
não há praticamente limitação de comprimento nem ob­
jeção a passar próximo de paredes, árvores etc.

Antena Direcional Fixa


As antenas direcionais são aquelas que utilizam cer­
tos recursos para que o diagrama polar seja intenso em
uma só direção. Dependendo do tipo de antena utiliza­
do, este diagrama polar pode ser amplo (figura 37) ou Figura 37 - Diagra­
estreito (figura 38). ma polar amplo.

Fig. 38. - Diagrama


polar estreito.

59
Figura 39 - Antena Como dissemos, esta direcionalidade depende do
rômbica. tipo da antena. A antena que mais ganho dá, em deter­
minada direção, é a antena rômbica (figura 39). Porém,
sua construção exige espaço, quatro mastros e bastante
fio. Para quem possua um terreno amplo é a antena ideal,
para assegurar em uma direção predeterminada o mais
intenso sinal que se possa desejar.
Mas, a não ser que houvesse um meio de fazer gi­
rar os mastros suportes da antena, a direção da rômbica
é fixa. Quem possui por exemplo, um transmissor na re­
gião central do Brasil teria um diagrama polar ótimo pa­
ra um quadrante e perdería os outros setores. Poderia,
é certo, possuir mais de uma antena rômbica, porém is­
to já seria um pouco delirante, um sonho nababesco, in­
justificável para a quase sempre bolsa magra do radioa­
mador.

A solução é utilizar uma antena direcional móvel.

60
Antena Direcional Móvel
As antenas direcionais móveis podem ter seu dia­
grama polar girado mecanicamente ou eletricamente.
Quando dizemos mecanicamente é pelo recurso de fa­
zer girar mecanicamente todo o conjunto da antena. Ele­
tricamente é pelo recurso de, modificando a aplicação
do sinal de RF na antena, obter que seu diagrama polar
se modifique.
Uma antena direcional móvel pode ser qualquer an­
tena que tenha facilidade de ser girada. Antes da II Guerra
Mundial, na Holanda, a Philips possuía uma potente es­
tação de ondas curtas (HCJ) que irradiava programas
em vários idiomas, para todos os países (figura 40). A
Figura 40 - Antena
carrossel da Philips.

61
antena, constituída de duas imensas torres de sustenção,
instaladas sobre chassi com rodas, era girada, como em
um carrossel, sobre trilhos, instalados em amplo círculo.
Esta antena, única no mundo, foi destruída durante os
bombardeios que sofreu a Holanda, por parte da avia­
ção nazista.
Assim, o leitor que possua recursos pode transfor­
mar uma simples antena double em antena giratória. Mas
isto só é economicamente recomendável quando se ope­
ra em freqüências muito altas, em que o comprimento
físico da antena está na ordem da fração de metro. Fa­
zer girar uma antena doublê de 1/2 onda, em 80 me­
tros, é algo fantasioso. Mas factível, se houver determi­
nação, espaço e dinheiro...
Quando se deseja aumentar a intensidade do sinal
em uma determinada direção, utilizam-se recursos tais
como diretores e refletores para que o sinal ganhe inten­
sidade na direção desejada. Os refletores, como o no­
me indica, atuam como espelhos, fazendo que o sinal,
que seria irradiado na direção não desejada, seja refleti­
do de volta, para a direção desejada. Já os diretores,
atuando a frente do elemento ativo da antena, reforçam
o sinal na direção desejada (figura 41).
Figura 41 - Diretores
e refletores aumen­
tam a intensidade
do sinal em determi­
nada direção.

62
Podería parecer, à primeira vista, que coiocando-se
refletores e diretores em grande quantidade, se conse­
guiría um aumento de sinal na direção desejada, em uma
proporção direta aos elementos colocados, que são cha­
mados de elementos parasitas porque não têm ligação
física com o sistema radiante da antena. Porém tal não
sucede; um número muito elevado de refletores ou di­
retores acaba sendo contraproducente. Três a quatro re­
fletores e um a dois diretores são quantidades conserva­
tives que asseguram o máximo de rendimento sem ne­
nhum fator contraproducente.
As antenas direcionais móveis são giradas manual­
mente ou mecanicamente. Existem no comércio moto­
res associados a eixos verticais, que permitem o giro de
360° de antenas direcionais. Estes tipos rotacionais são
muito utilizados em frequências elevadas onde o dimen-
sionamento físico das antenas é reduzido.
Porém a direção ou modificação do diagrama po­
lar pode ser alterada apenas pelo recurso de modificar
o tipo de injeção ou alimentação do sinal de RF, na an­
tena propriamente dita.
Por exemplo, em uma antena alimentada em um
extremo, seu diagrama polar pode se modificar em 180°
se a alimentação passar de um extremo ao outro. Tam­
bém em um dipolo duplo, ou seja, duas antenas doublê
situadas uma em relação a outra, em ângulos de 90°,
é possível, pela alimentação de uma e outra ou o lado
de uma com o lado da outra, obter uma rotação no dia­
grama polar, abrangendo, por vez, todos os setores do
quadrante: Norte, Sul, Este e Oeste, (figura 42). Isto exi­
girá uma chave comutadora à saída do transmissor, po­
rém o trabalho que isto dá é amplamente compensado
pela possibilidade de efetuar a rotação do diagrama po­
lar, sem peças móveis.

63
Figura 42 ■ Com a
alimentação ade­
quada é possível ob­
ter, no diagrama po­
lar, uma rotação que
abranja todos os se­
tores do quadrante.

64
Capítulo VI
Acoplamento à Antena

Circuitos de Acoplamento
Se, em um sistema transmissor-receptor a antena
é o elo mais fraco, mais vulnerável, o acoplamento da
mesma ao transmissor é um dos pontos cruciais de todo
o processo de transmissão. Projetar e construir circuitos
osciladores, separadores e de potência é relativamente
fácil e podemos dizer que é algo de concreto com que
se lida. Porém, quando chega ao estágio de transferên­
cia da potência de RF do tanque final para a antena, qua­
se sempre situada em locais altos, fora do alcance que
se tem aos outros equipamentos na bancada, as coisas
começam a ficar mais difíceis.
De um acoplamento adequado entre o estágio fi­
nal e a linha de alimentação depende o rendimento do
transmissor, eliminação de ondas estacionárias e redu­
ção de harmônicos. Vale a pena perder algum tempo
discorrendo sobre o assunto, pelo muito que ajudará o
leitor nas suas realizações de transmissores.
De início, no sistema de acoplamento, quando em
circuito vaivulares, há que mudar ou adaptar a alta im-
pedância de uma válvula à baixa impedância da linha
de alimentação da antena. Para isso, utiliza-se um trans­
formador de redução como se vê na figura 43A e 43B.
Na figura 43A o acoplamento entre a bobina tanque e
a bobina secundária (link) é variável; na figura 43B é fi­
xo, porém há um capacitor variável no link, para ajuste.

65
Figura 43 - Transfor­
mador de redução.
Em A, o acopla­
mento entre a bobi­
na tanque e a bobi­
na secundária é va­
riável; em B, é fixo.

Quase sempre o número de espiras na bobina secundá­


ria é muito menor do que o número de espiras da bobi­
na do primário.
Este sistema de acoplamento é utilizado para aco­
plar uma linha de baixa impedância à antena, como tam­
bém para acoplar alimentadores sintonizados à antena
ou para casar alimentadores não sintonizados. Quando

66
a linha de alimentação é um cabo coaxial, em que um
dos lados não é aterrado, este processo é muito apro­
priado.
Para estágios de saída simples e linhas de cabo coa­
xial o sistema de acoplaménto pi (porque se assemelha
à letra grega pi) é muito popular (figura 44). Ele permite
o casamento do tanque de saída com o link, perfazendo
o duplo de trabalho de casamento de impedância e res­
sonância do estágio de saída. E muito apropriado para
impedâncias entre 50 e 75 ohms, valor da maioria dos Figura 44 - Sistema
cabos coaxiais. de acoplamento pi.

Lj
4
> ->•

TANQUE RF

Em circuitos práticos o valor de Cl é aproximada­


mente o valor necessário para sintonizar a bobina de tan­
que à freqüência de ressonância. O capacitor C2 é para
ajustar a carga ou transferência de energia do tanque para
a linha e desta para a antena; é dizer: C2 faz o casamento
adequado. A cada ajuste de C2, Cl deve ser retocado,
para manter a ressonância com a bobina do circuito tan­
que, do estágio final. A indicação do melhor ajuste de
C2 é quando a corrente anódica drenada alcança o va­
lor apropriado, indicado no circuito ou pelo fabricante
do componente, seja ele válvula ou semicondutor.
Na figura 45 temos um circuito típico, saída simples,
de um amplificador de RF, para 7 MHz.
Como já foi dito em outro capítulo, a figura de mé-

67
Figura 45 - Circuito rito adequada para uma bobina de circuito tanque deve
típico de um ampli­ ser da ordem de 10 a 20. A figura de mérito (Q) é de­
ficador de RF.
terminada pela relação L/C e a carga resistiva em que
trabalha o circuito e pode ser obtido pelas seguintes
fórmulas:

• Para classe C com válvulas:

RL = VOLTAGEM PLACA
(D
CORRENTE PLACA X 2

• Para transistores:

VOLTAGEM COLETOR2
POTÊNCIA SAÍDA EM VÁRIOS X 2 (2)

68
Acoplamento de Antenas
Quando uma bobina do estágio final de um trans­
missor é ligada, através de uma bobina link ou outro pro­
cesso, à linha de transmissão e esta à antena, seu valor
de Q e impedância se modificam em uma proporção di­
reta ao tipo de linha de transmissão, antena e grau de
acoplamento.
O acoplamento indutivo é mais vantajoso que o aco­
plamento capacitivo; e, no sistema indutivo, é melhor uti­ Figura 46 ■ Circuitos
de acoplamento à
lizar uma bobina de poucas espiras (link) que, além de
antena. Em A, im­
permitir o acoplamento, reduz a impedância. Na figura pedância de saída
46 temos circuitos de acoplamento à antena. Em A a baixa; em B, alta.

?
7 7
'.... f
n

69
impedância de saída, na disposição emissor comum, é
baixa; em B a impedância de saída, em disposição base
comum, é alta, daí não necessitar a derivação na bobina.
Em próximo capítulo, na parte prática, construcio-
nal, daremos dados práticos de acoplamento entre o es­
tágio final e as antenas, bem como processos de medir
as ondas estacionárias, dimensionar as antenas, etc.

70
Capítulo VII
Fontes de Alimentação

O que Deve Fazer uma


Fonte de Alimentação
Uma fonte de alimentação deve ser capaz de for­
necer a voltagem ou voltagens que se necessita para os
vários circuitos, de modo estável e correto. E dizer, se
necessitamos 20 volts, a fonte deve fornecê-los exata­
mente e deve também suportar o consumo (com boa
margem) que o transmissor exige. Nos circuitos que ire­
mos fornecer, além de algumas considerações de ordem
teórica, procuraremos dar aos leitores soluções práticas,
de aplicação imediata.

Transformadores
Nas fontes de alimentação, um componente impor­
tante é o transformador. No Brasil existem várias firmas
que produzem este material, como a Wilkason, em S.
Paulo, Dylson Transformadores, no Rio etc. Existem mui­
tas outras firmas fabricantes de transformadores, que in­
clusive fabricam sob encomenda, de acordo com a exi­
gência do cliente.
Também o leitor pode, tendo prática, enrolar seu
próprio transformador.
O que é importante é que o transformador seja bem
dimensionado para poder funcionar, se necessário, ho­
ras seguidas sem superaquecer. Também deve possuir
seção adequada de ferro para ter uma boa regulagem,

71
isto é, poder fornecer a corrente demandada sem mui­
tas variações do valor de voltagem.
O leitor deve ter em mente que, se a voltagem de
alimentação sofre variações quando se transmite, pode­
rá ocorrer variação da freqüência do oscilador, variação
na profundidade de modulação, etc. resultante em pés­
simo sinal.

Estabilização da Voltagem
A estabilização da voltagem, fornecida por um trans­
formador, pode ser obtida no primário, com a utilização
de um processo de regulagem automática, ou no secun­
dário. Neste caso, a estabilização pode ser depois que
ocorra a retificação ou antes.
Quando no primário, utiliza-se um núcleo saturá-
vel. Quando a voltagem aumenta no primário e conse-
qüentemente no secundário, um terceiro enrolamento,
sintonizado à freqüência da rede, satura o núcleo, pro­
Figura 47 - Regula­
dor com núcleo de duzindo a redução da voltagem. Quando a voltagem no
saturação. primário decresce o processo é inverso (figura 47). Deste

DERIVAÇÃO

72
modo um transformador com núcleo saturável opera
sem peças móveis, sendo prático, mas seu custo é um
pouco elevado.
Uma outra solução, muito menos custosa e que po­
de ser aplicada em transformadores já existentes, é do
diodo Zener (figura 48).
Figura 48 - Diodo
Zener.

As voltagens também podem ser estabilizadas após


retificadas, isto é, transformadas em corrente contínua.
Na figura 49 temos um interessante circuito, publicado
no manual da International Rectifier Corp.
Além de esbilizarem os diodos Zener atuam como
retificadores, em disposição ponte.
izs.e Figura 49 - Circuito
publicado no ma­
nual da Internatio­
nal Rectifier Corp.

73
Retificação e Filtragem
Retificação é o processo de transformar a corrente
alternativa em corrente contínua, filtrada, apropriada para
o uso.
A retificação pode ser efetuada por válvulas ou se-
micondurores. Como existem ainda muitas válvulas re-
tificadoras, daremos um circuito que as utiliza, mas fare­
mos mais ênfase nos circuitos com diodos semicondu­
tores.
Nas figuras 50, 51 e 52 temos as três disposições
clássicas de retificação com diodo semicondutor: 1/2 on­
da, onda completa com derivação central e onda com­
pleta com disposição em ponte. A disposição 1/2 onda
é a menos custosa, porém a voltagem é mais difícil de
filtrar e é baixa, pois somente meios períodos são utiliza­
dos. Na disposição da figura 51, de onda completa com
derivação central, é necessário que o secundário do trans-
Figuras 50, 51 e 52 +
- Três disposições
clássicas de retifica­
ção com diodo se­
micondutor: 1/2
onda (50), onda
completa com deri­
vação central (51) e
onda completa com
disposição em pon­
te (52).

74
formador possua uma tomada ou derivação central. Na
disposição ponte pode ser utilizado um transformador
idêntico ao da figura 50; a filtragem, porém, é mais fácil
e a voltagem, mais elevada.
A filtragem, depois da retificação, é um item impor­
tantíssimo. Sem uma boa filtragem os circuitos de radio-
freqüência (RF) e audiofreqüência (AF) podem apresen­
tar desempenho sofrível e até mesmo causar interferên­
cias indesejáveis. Assim, um cuidado especial deve ser
dedicado à retificação e filtragem.
A filtragem mais simples que há, para uma volta­
gem de corrente alternada (c.a.) depois de devidamente
retificada com um só diodo, quando apresenta ondula­
ções (figura 53) de 1/2 onda.

Figura 53 - Filtragem
com ondulações de
1/2 onda.

(A )

75
A função da filtragem será absorver parte da volta­
gem produzida no 1/2 ciclo de presença, para restituir
no espaço seguinte, onde não haveria voltagem libera­
da pelo diodo, já que o meio ciclo seria de polaridade
oposta ao anterior. Esta é a razão por que no passado
se denominavam estes capacitores de filtragem de reser­
vatórios, pois guardavam ou reservavam a energia elé­
trica para depois a fornecerem, quando havia deficiên­
cia ou falta no 1/2 ciclo seguinte.
Quando se utiliza retificação de onda completa, te­
mos, como resultante de corrente contínua, dois meio
ciclos (figura 54.) Isto torna mais fácil a filtragem do ponto
de vista capacidade e estabilidade.
Figura 54 - Retifica­
ção de onda com­
pleta. O—

AC
LINE

O-

(A)

76
Quando, além do capacitor de filtragem se colocam
um choque, ou seja, um solenóide com núcleo de ferro
silício ou material apropriado, a filtragem é mais efetiva
(figura 55). Se colocamos dois choques, melhor ainda
(figura 56). Porém, vai aqui uma palavra de alerta:
E necessário que os valores de indutância e capaci-
tância dos filtros sejam corretos, caso contrário pode ocor­
rer um fenômeno de ressonância com a freqüência das
Figura 55 - Capa­
ondulações (60 e 120 Hz) e o efeito ser contrário ao de­
citor de filtragem a-
sejado. Para se evitar isso, deve-se utilizar valores de in­ crescido de um cho­
dutância em henries e de capacitância em microfarads que.

Cz Figura 56 - Capa­

-O
citor de filtragem
acrescido de dois
choques.

que seja pelo menos duas vezes o valor de ressonância


em 60 e 120 Hz (L X C = 1,77). Um valor que seja

77
o dobro deste é adequado. Se for utilizado um valor
L X C muito alto, a ressonância talvez ocorra em algu­
ma sílaba da palavra ou na manipulação em CW. E re­
comendável a leitura de uma obra especializada como
o The Radio Amateurs Handbood 1982 (p. 5-7), para
maiores detalhes da construção de fontes retificadoras
e filtragens.
No capítulo destinado a montagens práticas, serão
indicadas várias fontes retificadoras com filtragem apro­
priada.

78
Capítulo VIII
Modulação

Para que Serve a Modulação


Quando se gera um sinal de radiofreqüência, isto
é, uma onda portadora, a mesma, se recebida em um
radiorreceptor, não daria outra indicação além de uma
zona de silêncio na faixa, como acontece quando se sin­
toniza uma estação momentos antes de começar sua pro­
gramação diária. Há como que uma zona silenciosa, que
indica a presença da onda portadora. Esta onda porta­
dora, se analisada por um processo visual (osciloscópio,
por exemplo) teria o aspecto da figura 57A.
Para que a palavra pronunciada ao microfone do
transmissor possa ser levada, nesta onda portadora, ao
receptor, é preciso que os sinais de áudio, captados pelo
microfone, sejam transformados em correntes elétricas
de suficiente potência para modular a portadora de RF.
Esta modulação comprime a portadora de RF, quando
Figura 57 - Onda
se trata de modulação de amplitude, em maior ou me­ portadora, analisada
nos porcentagem, e no receptor o sinal é recebido com por processo uisual.

79
esta variação da potência da portadora. Sofre então o
processo de deteção e obtemos o sinal de áudio idênti­
co ao que foi originado pelo microfone (figura 57B, C
e D).
Assim, a modulação serve para imprimir inteligibili­
dade, sentido, à portadora de radiofreqüência criada pelos
estágios geradores de RF.

Tipos de Modulação
Existem dois tipos clássicos de modulação. Modu­
lação em amplitude (AM) e modulação em freqüência
(FM). Existem ainda outros processos de modulação, co­
mo de fase, digital etc., que não serão abordados neste
livro que se destina a servir de base para o experimenta-
dor e radioamador que deseja se iniciar na arte de trans­
missão. Aos que leiam estas linhas com espírito crítico
desejamos dizer que o Brasil estaria muito bem servido,
mas muito bem servido mesmo, se a grande maioria dos
radioamadores atuantes soubesse construir, desde o sim­
ples projeto na prancheta até o ponto final de antena per-
feitamente casada, um transmissor, digamos de 50 vá-
tios, modulados entre 80 e 100 por cento, em AM. O
cordial desafio ficará de pé ainda por muitas edições deste
livro...
A modulação FM em lugar de efetuar a potência
da portadora, afeta a freqüência. O transmissor irradia
em uma freqüência central (quando não está modula­
do) e tem um afastamento desta freqüência, quando é
modulado. Deste modo a faixa que ocupa é muito maior
do que em AM. Em AM ocupará entre 6 e 10 KHz, em
FM ocupará até 25 MHz, isto em se tratando de radioa­
madorismo, pois para radiodifusão a largura é maior (75
MHz) para incluir toda a faixa de audiofreqüência.

80
Modulação em Alto Nível
Chama-se assim o processo de modular a onda por­
tadora no estágio final de RF. O estágio modulador apli­
ca o sinal na linha de alimentação do estágio final do
transmissor, como se pode apreciar na figura 58. Quan­
do se trata de transmissores de potência reduzida, até
por exemplo 100 ou 150 vátios, a modulação em alto
nível é a que mais rendimento dá em função de econo­
mia x rendimento.
FINAL RF
Figura 58 - O estágio
modulador aplica o
sinal na linha de
alimentação.

81
Quando, porém, a potência de RF é elevada, a mo­
dulação exigida, em vátios, também é elevada (a potên­
Figura 59 - Onda cia de áudio requerida é de 50 por cento da potência
portadora analisada de entrada em c. c. do estágio de RF). Se a potência
em osciloscópio; A-
sem modulação; B -
de entrada em c. c. do estágio de RF é 100 vátios, o mo-
com 80 por cento dulador de áudio deve poder fornecer, folgadamente, 50
de modulação; C - vátios.
com 100 por cento Na figura 59 temos as imagens que surgem em um
de modulação; D -
com excesso de mo­ osciloscópio quando se analisa a portadora de RF sem
dulação. modulação, com 80 por cento de modulação, com 100
por cento de modulação e com excesso de modulação.
A - Portadora não mo­
dulada
B - Portadora modulada
a 80%
Modulação em Baixo Nível
C - Portadora modulada A modulação em baixo nível é utilizada quando se
a 100%
D - Portadora modulada
usam transmissores de grande potência ou, atualmente,
supermodulada nos circuitos transistorizados. A modulação é efetuada

A B C D

em um estágio que não é o de saída e, depois, esta por­


tadora de RF, já modulada, é amplificada (por amplifi­
cadores lineares) que levam à antena a potência final.
A modulação em baixo nível é hoje muito utilizada, por­
que foram superados os fatores negativos que a torna­
vam muito errática no passado. E mais econômica que
a modulação em estágio final, do ponto de vista de po­
tência das etapas de modulação de elevada potência, mas
oferece alguns outros problemas, todavia não insuperá­
veis.

82
Na figura 60 temos um circuito amplificador linear
utilizando transistores FET, de autoria do radioamador

Modulação em FM
A FM tem muitos atrativos (e também algumas des­
vantagens); porém, sem dúvida, a baixa potência de áu­
dio necessária para a modulação total, quando compa­
rada com AM, é a favor da primeira. Há também me­
nos ruído na transmissão-recepção da FM, se bem que
isto em parte possa ser atribuído ao fato de que as fre­
quências onde se pode operar com FM são, por nature­
za, menos ruidosas. Não se pode, por exemplo, compa­
rar o ruído existente na faixa dos 40 metros com o ruído
quase inexistente na faixa dos 2 metros, isto indepen­
dente do tipo de modulação.

83
Na figura 61 temos uma portadora modulada em
FM. O processo é inteiramente diferente de AM. Há uma
freqüência central e os desvios são para ambos os lados.
Notem, na figura 61, que a máxima modulação aumen­
ta o número de períodos ou freqüência e que a mínima
modulação diminui o número de períodos de freqüên­
cia, em comparação com a freqüência ou número de pe­
ríodos da freqüência central, isto em função do sinal de
modulação. Existem dois processos clássicos de FM.
Figura 61 - Portado­
ra modulada em
FM.

Modulador de Reatância
Um circuito a válvula ou transistor é utilizado para
variar a capacidade ou indutância de um circuito oscila-
tório e obter deste modo a FM.

Modulador de Fase
A FM também pode ser obtida pela comutação da
fase de uma onda de RF de acordo com as variações
do sinal modulante. Este processo é muito utilizado em
transmissões tipo tiuo-way.

84
Na figura 62 temos um modulador de fase, típico,
utilizando válvula (A) e transistor (B).
Figura 62 - Modula­
dor de fase. Em A,
utiliza-se válvula; em
B, transistor.

O modulador é inserido entre o estágio oseilador


controlado a cristal e os estágios finais de RF. O sinal de
áudio é aplicado à entrada de AF e a saída de RF é des­
viada na proporção da profundidade ou desvio provo­
cado pelo sinal de áudio.

85
Varactor
A utilização de diodos que variam a capacidade em
função de uma voltagem aplicada pode ser outro meio
de obter FM (figura 63). O sinal de áudio introduz uma
variação de voltagem no diodo Dl que, tendo sua capa­
cidade alterada, produz o desvio de freqüência.

No capítulo de circuitos práticos, o leitor encontra­


rá vários circuitos de transmissores, alguns com modula­
ção FM.

86
Capítulo IX
Instrumentos de Medida

A Necessidade de Medir
Se medimos algo, teremos condições de saber o que
sucede e também poder repetir o acontecimento, desde
que observando as condições anteriores que levaram ao
evento.
Em transmissão é necessário possuir um mínimo de
instrumentos ou processos de medir para evitar que os
geradores de RF ou os transmissores funcionem de ma­
neira inadequada, causando prejuízos ao usuário e ou­
tras pessoas. Estes prejuízos podem ir desde um funcio­
namento inadequado do transmissor, até causas mais sé­
rias, inclusives ilícitos penais.

Voltímetro Eletrônico
O circuito da figura 64 é de um voltímetro eletrôni­
co de custo relativamente baixo. Sua resistência de en­
trada é da ordem de 200 kilohms por volt, mais que ade­
quado para circuitos valvulares ou transistorizados. O me­
didor utilizado é robusto, sendo de 0-1 mA e usa dois
circuitos integrados da série muito popular 741.
As escalas de alcance são de 1 a 20 volts, porém
podem ser expandidas utilizando-se em SI uma chave
de maior número de pólos e resistores de maior valor
como se vê na figura 65.

87
Figura 64 - Circuito ■ "i
IOM n.
de uoltímetro eletrô­
nico.

Figura 65

S O - 10 V
4 O-SOV
3 0- IOOV

88
Ponte para Medição de Indutâncias
No circuito da figura 66 temos uma ponte para medir
indutâncias, utilizando uma freqüência de 1.000 Hz. O
circuito original foi publicado na Revista Espanhola de
Eletrônica, de onde retiramos, data vênia, os dados prin­
cipais.
A indutância a ser medida é ligada aos terminais BI
e B2, seleciona-se a faixa de alcance através do comu-
tador S2 (ver tabela na figura). Gira-se o potenciômetro
Figura 66 - Ponte
RIO até que não se escute som nos fones. Este poten­ para medir indutân­
ciômetro RIO deve estar rigorosamente calibrado. Mui- cias.

89
tiplicando-se o valor ohmico de RIO pelo fator de co­
mutação da chave S2, teremos o valor da indutância.

Grid-Dip
Um instrumento indispensável para quem experi­
menta ou constrói transmissores é o indicador de mer­
gulho ou grid-dip. Permite o grid-dip (GD) medir freqüên­
cias, capacidades, indutâncias, como freqüência de res­
sonância de bobinas e antenas. O circuito que descreve­
remos abrange, em seis jogos de bobinas, a faixa de fre­
qüências que vai de 3 a 160 MHz, o que permite operar
em todas as faixas (ou quase todas) do radioamadoris-
Figura 61 - Circuito mo. Na figura 67 temos o circuito do grid-dip e, na figu­
do grid-dip. ra 68, uma disposição dos componentes.

As bobinas devem ser realizadas de acordo com uma


tabela específica e há um detalhe para a construção de
uma bobina na figura 69. A bobina para a faixa de 90
a 160 MHz não deve ter núcleo e constará de duas espi­
ras com derivação no centro. O diâmetro da bobina de­
verá ser entre 15 e 18 mm, como as outras.

90
Figura 68 - Disposi­
ção dos compo­
nentes no circuito
grid-dip.

91
Figura 69 - Detalhe NÚCLEO
para a construção da
bobina n° 5.
ALGODÃO

Ondâmetro
Para os que não desejem construir um grid-dip re­
comendamos este ondâmetro, que é simples e bastante
sensível.
A bobina tem 2,5 cm de diâmetro e deve ser de ma­
terial isolante, como paxolin, acrílico, etc. A extensão do
enrolamento, que será a espiras juntas, ocupará cerca de
5 cm. Os detalhes estão na tabela V e o circuito do on­
dâmetro está na figura 70.

Tabela V
LI — 65 espiras, fio esmaltado, 0,5 mm. Espiras juntas sobre fôr­
ma de 2,5 cm de diâmetro. Derivações na 30°, 45°, 55°, 60° e
65° espiras, a contar do lado de massa.

L2 — 15 espiras, fio esmaltado, 0,3 mm. Espiras juntas sobre la­


do de antena de Ll. Enrola-se diretamente sobre Ll, isolando com
fita adesiva.

92
V7ant. Figura 70 - Circuito
de ondâmetro.
çj_ cj_ Cl, Ç2 - 0,001 mica
L2 F
C3 ■ 140 pF variável
CRI - Diodo de deteção
CHRF1 - Choque RF
2,5 mH
60 Ml - Medidor sensível
Ti 10-11 l (250 p A, 500 p A,

Í
1 p A, etc.)
C3 Ll Chave 1 pólo, 6 po­
LI ^31 sições

MTRS
~ IS-20 j ► 180
MTRS
MTR3

1
O

40 -J
________ MTRS J
O 30 50 f
MTRS
-------- 1

O medidor utilizado poderá ser desde 100 microam­


peres até 0-1 mA. Naturalmente, quanto mais sensível
o medidor, mais sensível o ondâmetro. O capacitor C3
deverá ter uma escala calibrada para que se possa efe­
tuar as medidas de freqüência do transmissor sob exame.

Marcadores de Freqüência
O sistema básico marcador de freqüência para o ra­
dioamador é um cristal de 100 KHz, que permite cali­
brar a escala dos receptores com pontos separados de
lOOKHz. Na figura 71 temos um circuito favorito dos que
ainda utilizam válvulas.
Figura 71 - Circuito
ideal para o uso de
válvulas.

93
Para os que preferem utilizar transistores temos, na
figura 72, dois circuitos utilizando transistores comuns.
Figuras 72 A e B -
Dois circuitos com
utilização de transis­
tores.

Indicador de Onda Estacionária


O circuito deste indicador de ondas estacionárias (R.
Figura 73 - Circuito
de indicador de on­ O. E.) é simples, como se pode apreciar pelo desenho
das estacionárias. da figura 73. Sua operação é muito simples e uma com-

94
pleta descrição do aparelho e método de aplicação po­
de ser encontrado no livro Faixa do Cidadão de nossa
autoria e publicado por esta mesma editora.

Instrumentos Vários
Em certas firmas especializadas em venda de suca­
ta de rádio existem plenitude de medidores analógicos,
isto é, de ponteiro, que custam uma fração do preço de
um instrumento novo. Possuir miliamperímetros, voltíme-
tros etc., que permitam medir simultaneamente as ten­
sões e correntes dos circuitos sob experimentação, com­
pensa de muito o dinheiro gasto nos mesmos.

is Aos leitores interessados, que nos escrevam, poderemos, além de colocar


o nome no cadastro gratuito que mantemos para este fim, dar indicações de ende­
reços de firmas especializadas em sucata de eletrônica. Escrevam, de modo claro,
enviando endereço, nome, código postal etc. para:
• Apollon Fanzeres, Cx. Postal 2483, Rio, 20.001.

Multímetros
A construção de um multímetro ou V.O.M. não apre­
senta dificuldades. O problema é a calibração das várias
escalas do medidor. É preferível adquirir um instrumen­
to já pronto, de fabricação industrial ou comercial, ou en­
tão conseguir por empréstimo um instrumento destes pa­
ra medidas mais corretas de resistores e os shunts para
os instrumentos avulsos que possuam.

Osciloscópio
Para o radioamador um osciloscópio serve princi­
palmente para a verificação da portadora, circuitos de

95
áudio etc. O custo elevadíssimo de um osciloscópio —
que possui sempre mais recursos do que os necessita­
dos pelo radioamador — torna a aquisição de um mui­
to discutível.
Todavia, em um próximo livro sobre osciloscópios,
descreveremos tipos simples, apropriados para medidas
de radiotransmissão, em nível de radioamador.

96
2.a Parte

Circuitos
Práticos
Circuitos Práticos

Introdução à Prática
A limitação de espaço, em qualquer livro, torna pra­
ticamente impossível abranger todos os aspectos práti­
cos da construção de circuitos eletrônicos. Por um lado,
há a quase total ignorância, por parte de grande núme­
ro de leitores, de como utilizar ferramentas. Isto advindo
de ensino equivocado nos primeiros anos escolares, neste
nosso país, onde o primeiro grau, que deveria ser a ba­
se de preparo para todas as atividades, é o desastre que
se sabe.
Além de um ensino que não busca criar uma boa
coordenação cérebro-mão para desenvolver a habilida­
de de fazer coisas práticas, temos o vezo de nos dirigir­
mos para o nível universitário, julgando desprezível as ati­
vidades profissionais enquadradas na nebulosa classifi­
cação de grau médio.
Como resultado, além de inabilidade de fazer as coi­
sas pessoalmente, a maioria das pessoas que se dedica
ao radioamadorismo não tem condições sequer de pro­
jetar seus equipamentos. Pode parecer que estamos exa­
gerando, mas basta escutar a faixa dos radioamadores
brasileiros: além do linguajar (ver o livro já citado, Faixa
do Cidadão) e referência a equipamentos é toda em ba­
se de modelos comerciais. Raramente se ouve referên­
cia a uma nova antena desenvolvida por um radioama­
dor, a um circuito transmissor com tal ou qual caracte­
rística introduzida por um experimentador nacional, en­

99
fim uma demonstração de que a vasta rede de radioa­
madores, talvez a segunda ou terceira maior do mundo,
se constitui na grande maioria de usuários, com grande
dose de espírito associativo e comunitário mas que, nu­
ma ínfima porcentagem, se dedica ao radiomadorismo
“para o desenvolvimento da arte, sem fins lucrativos’’, co­
mo prescreve a base mundial sobre a qual se assenta o
verdadeiro espírito do radioamadorismo.
Por estas e muitas outras razões que não cabem aqui
apontar, mas que estão nos milhares de artigos que du­
rante nossa vida profissional escrevemos (quase 5 déca­
das), dedicamos nossos escritos à tentativa de despertar
no leitor o gosto pela construção prática, em escala mo­
desta, para que desenvolva conhecimentos objetivos de
como montar seus próprios transmissores e outros apa­
relhos.
A potência dos transmissores aqui indicados não dá
classificação de tubarão mas nem por isso devem os lei­
tores ficar desapontados.
Como dissemos páginas atrás, o valor reside em,
com potência pequena, linha e antena de transmissão
bem casadas, colocar o sinal bem distante.
Saber observar as condições de propagação, horas
de melhor abertura das faixas e com o transmissor bem
ajustado efetuar o QSO e conseguir o QSL.
Quando então dominem bem a questão de cons­
trução de transmissores poderão sair para a construção
(se ainda julgarem importante) de transmissores de até
1 kW. Mas, antes, aprendam a dominar bem o assunto,
praticando nas construções de equipamentos mais
modestos.

100
Transmissor Simples
Este transmissor deve exercer um forte apelo ao que
se inicia. Extremamente simples pode ser construído para
operação somente em onda Al (CW-telegrafia) (figura
Figura 74 - Trans
74) ou então para fonia (A3) utilizando o modulador da missor simples para
figura 75. operação em onda.

RI - 100 K, J/2 W, 20% missão, espaçamento de placas Ll - Ver tabela V


R2 - 39 K, 2W, 20% duplo, tipo metaltex Xtai - Ver tabela VI
R3 - 100, r/2 W, 20% C2 - 20 pF, cerâmica VI - 6L10, 6AK7, 11HM7,
R4 - 47 K, 2W, 20% C3 -100 pF, cerâmica 12BY7A, 12GN7A, 12HG7, 12
R5 - 22 K, 2W, 20% C4, C5, C6 - 0,0068, mica HL7, 6AG7, CV188, VT247, etc.
RFC1, 2 e 3 - Choque de RF, 2,5 C7 - 50 pF, mica V2 - 6L6GC, KT 88, 6AQ5A,
mH, 125 mA C8, C9 - 0,0068, mica 6AU5GT, 6AU5GA, 6BG6GA,
Cl - Variável, 100 pF, tipo trans­ CIO - 100 pF, mica etc.

Figura 75 - Modulador para operação em fonia.

101
Notem os leitores que este transmissor, que utiliza
apenas duas válvulas — para o iniciante é recomendá­
vel utilizar válvulas, por razões explicadas no prefácio —
e pode operar em todas as faixas do radioamadorismo,
e também na Faixa do Cidadão, devendo neste caso ha­
ver cuidado para que a potência não exceda o permiti­
do pela lei.
As válvulas utilizadas são, no circuito do cristal, pen-
todos amplificadores de vídeo, para TV, das quais exis­
tem muitas ainda nas prateleiras das casas do ramo. A
saída pode ser, desde a clássica 6L6GC, até válvulas de
deflexão horizontal, para TV. Deste modo o leitor tem
muitos tipos alternativos para construir este transmissor,
que é realmente confiável.
A fonte de alimentação está indicada na figura 76;
os detalhes para as bobinas estão na tabela VI, e os cris­
tais são indicados na tabela VII.

Tabela VI

MHz Ll L2
3,5 MHz • 35 espiras, fio 22 esmaltado, es- • 22 espiras, fio 22 es-
piras juntas, 25 cm de diâmetro maltado

7,0 MHz •18 espiras, fio 22 esmaltado, es- •6,5 espiras, fio 22
piras juntas, 25 cm de diâmetro esmaltado

14 MHz • 7,5 espiras, fio 18 esmaltado, es- • 4 espiras, fio 22 es-


paçado para ocupar uma distância maltado
de 16 mm, 2,5 de diâmetro

21 MHz • 4,5 espiras, fio 14 esmaltado, es- • 4 espiras, fio 22 es-


28 MHz paçado para ocupar 22,2 mm, 2,5 maltado
cm de diâmetro

102
Figura 76 - Fonte

C- 0.01 X 600 V NE - Neon TI - See. 6,3 V ou 12,6 p/filamen­


D - Diodos para alta tensão, Sl - 1 pólo, 1 posição tos de VI, V2 See. 450 V, 800 p A
silício

Tabela VII
Faixa Freqüência Cristais
3,6 MHz 1,75 — 2,0 MHz
7 MHz 3,5 — 3,65 MHz
14 MHz 7,0 - 7,2 MHz
21 MHz 10 - 10,225 MHz
27,16 - 27,43 MHz 6,79 - 6,85 MHz
28 MHz 7,0 — 7,425 MHz

Notem que a saída deste transmissor se efetua por


um acoplamento de algumas espiras (link), devendo ser
ligado a uma antena double com impedância da linha
de alimentação da ordem de 56 a 76 ohms.

103
Transmissor de 1W
O circuito da figura 77 é de um transmissor transis­
torizado, para operar com uma potência de saída de 1
vátio em FM. O leitor não deve, como já dissemos ante­
riormente, olhar com indiferença os projetos de peque­
na potência. Por um lado a construção de transmissores
de baixa potência custam pouco e qualquer equívoco não
acarretará grandes prejuízos. Por outro lado os desajus-
_ „ tes não causarão grandes males na vizinhança, se bem
Figura 77 - Circuito , i ,
de transmissor tran- Que e surpreendente o alcance de um transmissor de ape-
sistorizado. nas 1 w, com uma antena adequada.

RI - 1 meg Cl - 560 pF, tipo pin-up Cll - 50 mfd x 12 V


R2 - 4,7 K C2 - 50 mfd x 12 V TR1 - BC 107 ou similar
R3 - 47 C3 - 5 mfd x 12 V TR2 - BSX26
R4 - 1 K C4 - 7 pF, tipo pin-up RFC - Ver texto
R5 - 100 K C5 - 7 pF, tipo pin-up Ll - Ver texto
R6 - 100 C6 - trimer, cerâmica, 6-30 pF Dl - diodo varicap ou varactor BA
R7 - 4,7 K C7 - 1,5 a 2 pF, tipo pin-up 102 ou similar
R8 - 1 K C8 - 47.000 pF, disco Microfone cristal
’ Todos os resistores são de '/-> IV, C9 - 100.000 pF, disco
10% CIO - 15.000 pF, disco

104
Na figura 78 está demonstrada a disposição dos
componentes no circuito impresso.
O ponto crítico é a bobina Ll. Deverá ter um diâ­
metro de 3,5 mm. Para obter este diâmetro, pode-se uti­
Figura 78 - Disposi­
lizar, como fôrma, a parte não-cortante de uma broca
ção dos componen­
de 3,5 mm (9/64”), onde se enrolam as espiras de fio tes no circuito im­
esmaltado de 1 mm de diâmetro. presso.

O número de espiras, juntamente com o capacitor


variável (trimer) C6, é que determina a freqüência de ir­
radiação. Só para uma orientação do leitor: 6 espiras (jun­
tas) irradiam na faixa que vai de 90 a 120 MHz, com
7 espiras abrange de 70 a 100 MHz. Maior número de
espiras diminui a freqüência, isto é, ela vai caminhando
para 60, 50, 40 etc. MHz. Menor número de espiras, au­
menta a freqüência, isto é, vai caminhando para os 100,
120, 140 etc. MHz.
O choque de RF (RFC 1) se constitui de 15 espi­
ras, com fio de 0,20 mm de diâmetro, sobre núcleo com
ferrite de 4 mm e extensão de 7 mm. O microfone deve

105
ser de boa qualidade, tipo cristal. Os transistores TR1 e
TR2 não necessitam de dissipadores. A antena deve ser
uma pequena vareta com 1/4 de comprimento da fre­
qüência irradiada, freqüência esta determinada por Ll
e C6.

Cristais
Felizmente no Brasil, que é um dos maiores produ­
tores de cristal de quartzo do mundo (apesar das depre­
dações que há longos anos se faz...) existem indústrias
que produzem este componente, a preço razoável e na
freqüência desejada. Uma das fábricas tradicionais é a
Rádio Cristais Brasil, situada no Rio de Janeiro, Av. Bra­
sil, 5966.

106
Apêndice

Endereços do Dentei nas


Várias Regiões do País
Diretorias Regionais

Manaus (DR/MNS — Dentei)


Judisdição:
Estados do Amazonas e Acre e Territórios de Roraima
e Rondônia.
Endereço:
Rua Borba, 698 — Cachoeirinha
Manaus, AM
C.E.P. 69000
Telefone: (092) 234-6456
Telex: 092 2230

Belém (DR/BLM — Dentei)


J urisdição:
Estados do Pará e Maranhão e Território do Amapá.
Endereço:
Travessa Padre Eutíquio, 1152
Belém, PA
C.E.P. 66000
Telefone: (091) 223-6600
Telex: 091 1059
Futuro Endereço: Av. Senador Lemos — Esq. Rua Ro­
sa Moreira — Bairro Telégrafo

107
Fortaleza (DR/FZA — Dentei)
Jurisdição:
Estados do Ceará e Piauí
Endereço:
Av. Santos Dumont, 2484 — Aldeota — Fortaleza, CE
C.E.P. 60000
Telefone: (085) 224-4740
Telex: 085 1129
Futuro Endereço: Av. Estados Unidos — Esq. Rua Prof.
Francisco Gonçalves

Recife (DR/RCE — Dentei)


Jurisdição:
Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Gran­
de do Norte e Território de Fernando de Noronha
Endereço:
Rua Castro Alves, 299 — Encruzilhada
Recife, PE
C.E.P. 50000
Telefone: (081) 221-1999
Telex: 081 1263
Futuro Endereço: Rua Quarenta e Oito, 149

Salvador (DR/SDR — Dentei)


Jurisdição:
Estados da Bahia e Sergipe
Endereço:
Av. Sete de Setembro, 2365 — Vitória
Salvador, BA
C.E.P. 40000
Telefone: (071) 247-8867
Telex: 071 1198

108
Rio de Janeiro (DR/RJO — Dentei)
Jurisdição:
Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo
Endereço:
Rua Miguel Couto; 105, 21° andar
Rio de Janeiro RJ — Cx. Postal 2413
C.E.P. 20070
Telefone: (021) 243-0970
Telex: 021 21180

São Paulo (DR/SPO — Dentei)


Jurisdição:
Estado de São Paulo
Endereço:
Rua Costa, 55 — Consolação
São Paulo, SP
C.E.P. 01304
Telefone: (011) 256-1522
Telex: 011 23618

Curitiba (DR/CTA — Dentei)


J urisdição:
Estado do Paraná
Endereço:
R. Des. Otávio F. do Amaral, 279
Curitiba, PR
C.E.P. 80000
Telefone: (041) 233-5122
Telex: 041 5264

Florianópolis (DR/FNS — Dentei)


Jurisdição:
Estado de Santa Catarina
Endereço:
Rua Saldanha Marinho, 3-A
Florianópolis, SC
C.E.P. 88000
Telefone: (048) 222-9675
Telex: 048 2276

109
Porto Alegre (DR/PAE — Dentei)
Jurisdição:
Estado do Rio Grande do Sul
Endereço:
Rua Duque de Caxias, 1297
Porto Alegre, RS
C.E.P. 90000
Telefone: (051) 224-1400
Telex: 051 1181

Belo Horizonte (DR/BHE — Dentei)


Jurisdição:
Estado de Minas Gerais
Endereço:
Rua Timbiras, 1778
Belo Horizonte, MG
C.E.P. 30000
Telefone: (031) 222-5066
Telex: 031 1329

Goiânia (DR/GNA — Dentei)


Jurisdição:
Estado de Goiás
Endereço:
Rua 13, n.° 618 — Setor Oeste
Goiânia, GO
C.E.P. 74000
Telefone: (062) 225-3930
Telex: 062 2119

Campo Grande (DR/CGE — Dentei)


Jurisdição:
Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Endereço:
Rua Quinze de Novembro, 544 — Centro
Campo Grande, MS
C.E.P. 79100
Telefone: (067) 383-1651
Telex: 067 2371

110
Agências Regionais:

São Luís (AG/SLS — Dentei)


Endereço:
Rua da Viração, 111 — Remédios
São Luís, MA
C.E.P. 65000
Telefone: (098) 222-6399

Teres ina (AG/TSA — Dentei)


Endereço:
Rua Coelho Rodrigues, 1266 — Sala 102
Teresina, PI
C.E.P. 64000
Telefone: (086) 222-1023

Natal (AG/NTL — Dentei)


Endereço:
Rua Jundiaí, 381 - Térreo - Ed. EMBRATEL
Natal, RN
C.E.P. 59000
Telefone: (084) 222-2201
Telex: 084 2301

Aracaju (AG/AJU — Dentei)


Endereço:
Av. Pedro Calazans, 978 — Centro
Aracaju, SE
C.E.P. 49000
Telefone (079) 222-1659

Vitória (AG/VTA — Dentei)


Endereço:
Rua Castelo Branco, 1279 — Vila Velha
Vitória, ES
C.E.P. 29000
Telefone: (027) 229-5035

111
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