Este documento trata de uma consulta sobre a competência do Tribunal de Contas do Estado do Pará para fiscalizar contratos de gestão celebrados com Organizações Sociais. O Tribunal determina que: 1) Sua competência para fiscalizar esses contratos é constitucional; 2) O Decreto Estadual no 3.876/2000 deve ser retificado para adequar-se às normas constitucionais; 3) As auditorias devem ser realizadas nos contratos celebrados após o decreto.
Descrição original:
Resolução 16817 Fiscalização do TCE sobre as organizações sociais
Título original
Resolução 16817 Fiscalização do TCE sobre as organizações sociais
Este documento trata de uma consulta sobre a competência do Tribunal de Contas do Estado do Pará para fiscalizar contratos de gestão celebrados com Organizações Sociais. O Tribunal determina que: 1) Sua competência para fiscalizar esses contratos é constitucional; 2) O Decreto Estadual no 3.876/2000 deve ser retificado para adequar-se às normas constitucionais; 3) As auditorias devem ser realizadas nos contratos celebrados após o decreto.
Este documento trata de uma consulta sobre a competência do Tribunal de Contas do Estado do Pará para fiscalizar contratos de gestão celebrados com Organizações Sociais. O Tribunal determina que: 1) Sua competência para fiscalizar esses contratos é constitucional; 2) O Decreto Estadual no 3.876/2000 deve ser retificado para adequar-se às normas constitucionais; 3) As auditorias devem ser realizadas nos contratos celebrados após o decreto.
R E S O L U Ç Ã O Nº 16.817 (Processo nº 2003/53060-8)
Assunto: Consulta formulada pelo Diretor do Departamento de Controle
Externo, Luiz Gonzaga de Moraes Neto, a respeito da competência do controle externo a ser exercido sobre as Organizações Sociais quando celebram contratos de gestão com órgãos públicos.
EMENTA: A competência fiscalizadora do Tribunal de
Contas é constitucional e qualquer lei ou norma deve obedecer a essas disposições constitucionais; O Decreto Estadual nº. 3.876, de 21/01/2000, que regulamenta a Lei nº. 5.980/1996, instituidora e disciplinadora do Contrato de Gestão, deve ser retificado para se adequar às normas legais e constitucionais vigentes, bem como devem ser efetivadas as auditorias pelo Tribunal de Contas do Estado do Pará nos contratos de gestão celebrados a partir do referido decreto. A edição do Decreto Estadual nº. 3876, de 21/01/2000, portanto, não desobriga as Organizações Sociais da prestação de contas ao Tribunal de Contas.
Relatório do Exmº. Sr. Conselheiro FERNANDO COUTINHO JORGE:
Processo nº. 2003/53060-8 Trata este processo de solicitação feita pelo Departamento de Controle Externo deste Tribunal, requerendo esclarecimentos a respeito da competência do controle externo a ser exercido sobre as Organizações Sociais quando celebram contratos de gestão com órgãos públicos. A solicitação firma-se em estudo elaborado pelo DCE, com base na Lei nº 5.980/96 e suas alterações introduzidas pela Lei nº 6.079/97 e Decreto nº 3.876/2000. A Consultoria Jurídica, às fls. 05, concorda com o Tribunal de Contas do Estado do Pará
entendimento firmado pelo DCE no estudo submetido a apreciação, onde
compete as Organizações Sociais, assim qualificadas na forma da Lei, o dever de prestar contas a este Tribunal da aplicação e da utilização dos recursos orçamentários, materiais e bens públicos que receberem em decorrência de contratos de gestão celebrados com o Estado, para a execução dos fins nestes estabelecidos, sujeitando-se aos procedimentos e exigências contidos no Regimento Interno e demais Instruções normativas do TCE-PA. É o relatório.
V O T O:
As Organizações Sociais são entidades privadas – pessoas
jurídicas de direito privado – sem fins lucrativos, destinadas ao exercício de atividades dirigidas à prestação de serviços sociais, que atendam as condições estabelecidas em lei própria. Integram, segundo a doutrina, um terceiro gênero, submetidas a princípios privados e públicos, mas não fazem parte da Administração Pública indireta. Este entendimento propõe ser uma entidade privada prestadora de serviço privado de interesse público. Assim, esses organismos são declarados, de interesse social e utilidade pública, podendo-lhes ser destinados recursos orçamentários e bens públicos necessários aos contratos de gestão, que deverão prever o cronograma de desembolso e as liberações financeiras. E em conseqüência disto, submetidos as normas da legislação em vigor, anteriormente citadas. A Lei Estadual nº 5.980/96 que regulamenta as entidades qualificadas como Organizações Sociais, em seu art. 11, parágrafo 2º, “estabelece que a execução do Contrato de Gestão será fiscalizado pelo Tribunal de Contas do Estado do Pará, onde verificará, especialmente, a legalidade, legitimidade, operacionalidade e economicidade no desenvolvimento das atividades e a conseqüente aplicação dos recursos repassados à Organização Social, nos termos do respectivo contrato de gestão.” O parágrafo 1º do art. 115, assim como o inciso V do art. 116 de nossa Carta Estadual, determinam o seguinte: Tribunal de Contas do Estado do Pará
Art. 115 - ...... .
Parágrafo 1º - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária. Art. 116 - ...... . V - fiscalizar a aplicação de qualquer recursos repassados pelo Estado, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres.
Porém, a edição do Decreto Estadual nº 3.876, de 21 de
janeiro de 2000, que regulamenta a Lei nº 5.980/96, instituiu e disciplinou o Contrato de Gestão, definindo os termos a serem firmados nos referidos contratos, suprimiu a competência do Tribunal de Contas pela fiscalização de sua execução. A competência fiscalizadora deste Tribunal de Contas é constitucional, e a referida Lei obedece essas disposições constitucionais, com esse equívoco, ficou suprimido no Decreto a competência fiscalizadora deste TCE, o que não vem caracterizar a desobrigação de prestar contas a esta Egrégia Corte de Contas, o que leva a se propor a retificação do Decreto Estadual nº 3.876, de 21 de janeiro de 2000, para as adequações as normas legais e constitucionais vigentes, bem como, seja efetivada as auditorias por este Tribunal nos contratos de gestão celebrados a partir da edição do referido Decreto.
Voto do Exmº. Sr. Conselheiro NELSON LUIZ TEIXEIRA CHAVES: “Na
reunião passada, abordou-se a célebre frase atribuída a Napoleão Bonaparte: “O Estado sou eu”. Então, também há de se recordar os anos dos regimes de exceção e dos famosos decretos-leis, ou seja, que se coloca abaixo uma lei por um simples decreto. Quero louvar o voto do Conselheiro Coutinho Jorge, visto que é uma oportunidade de mostrar a algumas pessoas que o Estado é impessoal, embora por alguns momentos pensem que são donos do Estado; e assim devam fazer cumprir a lei. Este terra que tem assistido tantas a invenções ultimamente, e penso já até, na dúvida, que não foi Castelo Branco que esteve por estas plagas, fundando a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, já que todo mundo fundou isso, fundou aquilo; e restauraram um Tribunal de Contas do Estado do Pará
decreto-lei. Suprime-se o decreto-lei, extingue-se a lei, não se presta
contas, e o Estado sou eu. Chamo a atenção dos demais membros deste Tribunal da apresentação do fato, ao qual considero ser de bastante gravidade, que é o de se revogar uma lei, por causa de um decreto. O que está estabelecido em lei, não cabe, o Poder Executivo, por decreto revogar. Com louvor registro o voto do Conselheiro Fernando Coutinho Jorge.”
Voto da Exmª. Sra. Conselheira MARIA DE LOURDES LIMA DE OLIVEIRA:
“Também me associo ao Conselheiro Coutinho Jorge na íntegra do seu voto, manifestando apoio ao registro do Conselheiro Nelson Chaves.”
Voto do Exmº. Sr. Conselheiro Substituto EDILSON OLIVEIRA E SILVA:
“Voto de acordo com a manifestação do Conselheiro Fernando Coutinho Jorge, afirmando ainda que se o decreto não tratou, então está regida a obrigação da prestação de contas pela Constituição.”
Voto do Exmº. Sr. Conselheiro LAURO DE BELÉM SABBÁ - Presidente:
“Esta Presidência esclarece que esta situação vinha passando despercebida, então mandou verificar através do Departamento de Controle Externo e para que não se pedisse a prestação de contas imediatamente, mandou que fosse encaminhado a um relator para que o assunto ficasse esclarecido. Assim, concordo integralmente com o voto do relator.”
R E S O L V E M os Conselheiros do Tribunal de Contas do
Estado do Pará, unanimemente, responder à consulta nos seguintes termos: I- A competência do Tribunal de Contas para fiscalizar os contratos de gestão celebrados com Organizações Sociais é constitucional, portanto, qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária, deverá prestar contas ao Tribunal de Contas pertinente; Tribunal de Contas do Estado do Pará
II- O Decreto Estadual nº. 3.876, de 21 de janeiro de 2000,
deve ser retificado para se adequar às normas legais e constitucionais vigentes, bem como deverão ser efetivadas auditorias nos contratos de gestão celebrados a partir da sua edição. Plenário “Conselheiro Emílio Martins”, em 11 de novembro de 2003.
LAURO DE BELÉM SABBÁ FERNANDO COUTINHO JORGE
Presidente Relator
NELSON LUIZ TEIXEIRA CHAVES MARIA DE LOURDES LIMA DE OLIVEIRA
EDILSON OLIVEIRA E SILVA
Conselheiro Substituto
Presente à sessão o Procurador-Geral do Ministério Público de Contas Dr.
Controle externo brasileiro e a Auditoria Operacional como instrumento de atuação fiscalizatória concomitante: construção de uma minuta de Manual de Auditoria Operacional Institucional para Tribunais de Contas para cumprimento de seu mister constitucional