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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
ISBN 978-65-88878-08-8
CDD 792.015
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PT Transformações da prática
e do pensar crítico
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Valmir Santos
Endereços na internet __ 56
Ficha técnica __ 58
Versión en español __ 60
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Transformações da prática
e do pensar crítico Valmir Santos1
1. Jornalista, crítico A fortuna crítica de uma obra corresponde ao campo de pensamento que
e cocurador do
ela instaurou quando veio a público editada, gravada, filmada, esculpida,
Crítica em Movimento.
Idealizador e editor pintada, apresentada ou performada. Os oito cadernos concebidos espe-
do site Teatrojor- cialmente para a quarta jornada Crítica em Movimento desejam inverter um
nal – Leituras de
pouco essa expectativa ao articular 24 textos no âmbito justamente do fa-
Cena desde 2010.
É doutorando em zer crítico. São visões heterogêneas do que consiste e de como se desdo-
artes cênicas pela bra em criações em circo, dança e teatro, com variantes para intervenção
Universidade de
São Paulo (USP),
e performance. Sabemos o quanto as circunstâncias históricas, sociopolí-
onde também rea- ticas e culturais envolvem praticantes e partícipes, artistas, pesquisadores
lizou mestrado na e, claro, espectadores-leitores.
mesma área.
Realizado anualmente desde 2017 pelo Itaú Cultural (IC), o ciclo de debates
discute a recepção das artes da cena e o imprescindível diálogo entre públi-
cos, criadores e críticos. Em 2021, neste periclitante contexto da pandemia,
o estímulo ao pensamento contorna a impossibilidade do encontro presen-
cial por meio da veiculação de conteúdos reflexivos em texto e podcast.
4
\editorial
Neste segundo caderno, portanto, você percorre o tema “O vão entre a crí-
tica e o circo”, explorado por artistas e pesquisadores de Pernambuco e São
Paulo afeitos às artes circenses.
Por isso, ela se pergunta como deve se sentir uma pessoa especializada em
artes e cultura ao escrever sobre as artes circenses de forma crítica. Seria
necessário ter especialização para tanto? “Pergunto isso porque não é fácil
transcrever para o papel todas as questões relacionadas às artes circenses
presentes num espetáculo, num número, numa performance. Como trazer
para a escrita crítica tudo aquilo que comecei falando sobre as artes circen-
ses? Como falar sobre a destreza do artista, a estética do espetáculo, os fi-
gurinos, as músicas? É possível diferenciar o circo contemporâneo e o itine-
rante/tradicional daquele que é feito nos projetos de circo social, que tem
nas suas trupes a forma de expressar o seu trabalho pedagógico com crian-
ças, adolescentes e jovens? Como analisar criticamente um artista circense
da nova geração, que tem acesso a muita informação e tecnologia, ao lado
dos artistas mais velhos, que se mantêm com seus números e espetáculos
cheios de tradições?” Provocadora, Fátima é também artista do picadeiro, e
reflete sobre seus primeiros anos de vida e a condição de espectadora que
a levou a tomar gosto pelo ofício artístico e se tornar uma formadora.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Em sua opinião, não é possível ter uma visão crítica quando não se conhece
a história de uma arte nem as diferenças estéticas com que ela se desen-
volve. “Nas últimas décadas do século passado o circo viveu um período
de revolução estética muito importante. Infelizmente, a falta de conhe-
cimento sobre as artes circenses criou equívocos que ressoam até hoje.
A França chamou o movimento de ‘novo circo’. Isso transformaria os que
tinham outro tipo de espetáculo em ‘velho circo’? No Brasil, a ignorância
absoluta dos nossos jornalistas fez com que espetáculos que se identifica-
vam com essa experiência estética fossem tratados como teatro. E é circo,
tudo circo! Quem é capaz de realizar proezas que desafiam a gravidade
é circense. A ignorância irrita”, confessa Alice, dando seu testemunho de
como viu surgirem a carioca Intrépida Trupe, em 1986, e toda uma coleção
de equívocos que atribui a parte da imprensa – seja por não reconhecer o
talento circense nato do “grupo capaz de fazer proezas de alto nível”, seja
por cair em tergiversações, como “grupo de teatro e dança que utiliza téc-
nicas circenses”.
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\editorial
Transformações da prática e do pensar crítico
E ainda situam: “Assim, como podemos observar por meio dos exemplos
aqui apresentados, os espetáculos circenses, seus artistas e suas realiza-
ções no Brasil ao longo do século XIX e, claro, no início do século XX foram
frequentemente contemplados por parte da imprensa e da crítica em di-
versificadas publicações. Falaram bem, falaram mal, mas sempre falaram
do circo. Diante da multiplicidade das produções circenses e de sua perma-
nente reinvenção, o circo sempre esteve sob os holofotes da opinião públi-
ca e estampado nas páginas de jornais, revistas, folhetins e até mesmo em
publicações voltadas para a educação ou a produção cultural artística”.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (RS); pela atriz e agitadora cul-
tural Nena Inoue (PR); pela diretora e dramaturga Fernanda Júlia Onisajé,
do Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas (BA); pela jornalista e crí-
tica de teatro Pollyanna Diniz, do blog Satisfeita, Yolanda? (PE); pelo crítico
de teatro e jornalista Macksen Luiz (RJ), atuante no Jornal do Brasil (1982-
-2010), colaborador de O Globo (2014-2018) e criador de um blog de críticas
com seu nome (2011); pela pesquisadora em dança, bailarina e professora
Rosa Primo (CE); e pela artista-pesquisadora e professora Walmeri Ribeiro,
do projeto Territórios Sensíveis (RJ).
Escuta ativa
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\editorial
Transformações da prática e do pensar crítico
Evoé.
.:. Este texto é de exclusiva responsabilidade de seus autores e não reflete necessariamente
a opinião do Itaú Cultural.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
1. Atriz e diretora Como diria o Velho Faceta:² primeiro do que tudo, segundo do que nada, va-
de teatro e de
mos ao dicionário para algumas definições simples, quase simplistas.
espetáculos
circenses. Autora
do livro O Elogio da Crítica: examinar obra de arte ou ciência, costumes, comportamentos e
Bobagem: Palhaços
suas características, nomeando sem preconceitos e com detalhes.
no Brasil e no Mundo
(Editora Família
Bastos, 2005). Estética: no kantismo, estudo dos juízos por meio dos quais os seres huma-
Representou a
área do circo no
nos afirmam que determinado objeto, artístico ou natural, desperta uni-
Conselho Nacional versalmente um sentimento de beleza ou sublimidade.
de Política Cultural
do Ministério da
Cultura (2006-
Acrobacia: arte de dançar sobre a corda e, por extensão, tudo o que apre-
-2012). Em 2013, senta dificuldades análogas às dos acrobatas em suas atividades.
publicou o artigo
“Acrobatas da
Serra da Capivara – Acrobata: akróbatos, no sentido de “aquele que anda na ponta dos pés”.
27.000 anos
de proezas e
Arte: produção consciente de obras, formas ou objetos voltados para a ex-
equilíbrios circenses”
na Revista Ensaio pressão da subjetividade humana, de nossos sentimentos e opiniões, assim
Geral (UFPA/ETD). como para retratar nossas experiências, transmitir informações e semear
beleza, divertimento e reflexão.³
2. Constantino Leite
Moisakis (1925- Sou uma acrobata mental.⁴ Criei esse termo para dar conta da pergunta: “O que é
-1986), conhecido que você faz no circo?”. Não sabia muito bem como explicar o que eu estava fazen-
como Velho Faceta,
foi um dos maiores
do ali. Entrei no circo por meio das lutas sindicais, das discussões sobre políticas
mestres de pastoril públicas para a cultura. Sou atriz, sempre fui, mas de repente estava lá. O que eu
de seu tempo. Tem fazia no circo? Acabei descobrindo: sou acrobata mental. Penso o circo, salto e me
discos gravados que
mostram bem sua equilibro tentando conhecer a história das artes circenses e o papel que elas têm
irreverência e iden- na nossa sociedade. São milênios de acrobacias em todas as culturas, em todos
tidade de palhaço.
os tempos. Descobri que era impossível lutar pela valorização das artes circenses
sem conhecer sua história e seus personagens. Acrobata mental, muito prazer.
3. Todas as defini-
ções são baseadas Demorei muito para compreender o porquê do desinteresse pelas artes circen-
em verbetes do
ses. Qual é a origem do menosprezo, do preconceito? Ainda não entendi muito
Grande Dicionário
Houaiss. bem, mas estou tentando.
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Fiz faculdade de teatro. Tive muitas aulas sobre história do teatro e sobre 4. Erminia Silva e
Verônica Tamaoki são
história da arte. Comprei e li os três volumes de História Social da Literatura e
minhas companheiras
da Arte, do Arnold Hauser.⁵ Sei que essa minha fase de estudos acadêmicos de acrobacia mental.
foi há muitos anos, mas a verdade é que o circo continua fora da linha da Além de pesquisar e
estudar o circo, acro-
história das artes.
batas mentais par-
ticipam de lutas por
Os espetáculos populares também não fazem parte dessa linha. Não quero mais respeito e apoio,
seja da academia, seja
entrar aqui na discussão do que é “espetáculo popular”. Acho que dá para dos intelectuais e dos
compreender o sentido do termo nesse contexto. Se eu dependesse dos governos. Criamos um
livros e dos críticos, não teria ideia do que é um teatro de mamulengo, não Comitê Pró-Criação da
Associação Nacional
saberia que Antônio José da Silva, o Judeu, era bonequeiro e todos os seus de Acrobatas Mentais,
textos foram escritos para bonecos. Não conheceria o pastoril, os reisados, o CPCANAM. Quem
está no circo precisa
nada saberia da riqueza rítmica do Brasil. Não saberia o quanto os mouros
ter humor, sempre.
deixaram na nossa história, não conheceria nossos arquitetos populares
tão criativos – e isso sem falar nas culturas de tantos outros povos.
5. Em 1976, Arnold
Hauser era o máximo
Muitos vão pensar que minha ignorância era abissal, e eu concordo. Não do máximo, e seus
era falta de interesse; sempre tentei ler tudo o que me caía nas mãos sobre livros – ainda não tra-
duzidos – eram caros,
arte, fui rato de sebo a vida toda. Mas não sabia como buscar informações
muito caros.
sobre algo que nem imaginava que deveria conhecer.
6. Circo, como
Quando comecei a trabalhar com Luiz Mendonça é que passei a compreen-
teatro, tem dois
der o mundo que não conhecia. As artes são muitas, muitas mais. Artistas significados: a casa
existem de todos os tipos, em todos os cantos. Ninguém vai dar conta de onde se realiza
o espetáculo e o
entender e conhecer tudo, mas podemos ir muito além dessa história das
espetáculo que se
artes que foram reconhecidas como importantes por pessoas que se reco- realiza comumente
nheciam como importantes. nesse espaço. As
artes circenses exis-
tem muito antes da
Conheço pouco, muito pouco, mas abri meus olhos para as artes e ampliei criação do espaço
esse plural em múltiplas vertentes. Não dá para tentar conhecer a história circo, assim como
o teatro.
das artes com julgamentos de qualidade, sem se dar conta das diferentes
formas e meios. Sem reconhecer a influência do tempo, do entorno e do
objetivo de cada obra, espetáculo ou expressão.
E o circo,⁶ como é que fica na história da arte? Por que não está nos livros,
na história oficial? Como acrobata mental, tenho ensaiado algumas possí-
veis respostas. E, como toda acrobata, corro o risco de cair no chão, mas
vale a pena tentar. Lá vou eu.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Tudo o que não pode ser feito pela elite ou apreciado exclusivamente por
ela não tem importância.
A definição de qualidade das artes sempre foi um atributo que coube às eli-
tes, em todas as eras. As grandes festas populares, os desfiles dos exércitos
vitoriosos, as festas da colheita, os cortejos religiosos eram todos bancados
por uma elite para o deleite do povo. Lá estavam faraós, sacerdotes, reis, no-
bres de todo tipo. Divertiam-se também, mas aquilo era para o populacho.
Até hoje, ter ou não recursos para sobreviver e criar é fundamental para
qualquer artista. Músicos, compositores, literatos, poetas, escultores, pin-
tores e tantos outros artistas das artes nobres podiam ao menos disputar
um lugar ao sol. Dependiam do desejo da elite, do reconhecimento de al-
gum mecenas. Igrejas e templos de todas as épocas precisavam impres-
sionar seus fiéis e reforçar sua relação com o mágico, o divino, o inefável.
Quem pagava a conta tinha todo o interesse em valorizar “seus artistas”,
“suas obras”, exibindo sua riqueza e seu “bom gosto”.
No início do século XVI, surge nas cortes italianas o balé. Levado para a
França pela rainha Maria de Médici, o balé encontra ali seu público mais
apaixonado. A corte francesa acolheu encantada a delicadeza e a sutileza
de seus movimentos. Outro ponto importante é que o balé necessitava das
orquestras, permitindo à elite ostentar seu prestígio com “seus” músicos e
“seu” corpo de baile. Estava criado o espetáculo de dança da elite.
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Exercício de acrobacia mental: crítica, estética e circo
A divisão de classes, direitos e regalias sempre fez parte da história e, por- 7. Os que jogam são
os que se apresen-
tanto, também da história da arte. Existe certa hierarquia nas artes, como
tam. Na cultura
bem explicita o conceito do cinema como a sétima delas. As outras são ar- popular, brincar, jogar
quitetura, escultura, pintura, música, poesia e dança. e representar são
a mesma coisa. Na
linguagem culta, não
Artistas circenses apresentavam-se em grandes festas da elite também. A temos o “to play” do
imagem de malabaristas e cuspidores de fogo era comum nos banquetes inglês nem o “jouer” do
francês.
medievais ou nos simpósios gregos. A diferença é que eles não eram consi-
derados artistas. Com a nobre exceção dos bobos e bufões, não encontra-
mos referências a artistas do circo bancados por mecenas de qualquer tipo.
São muitas as referências aos grupos ambulantes de teatro que realizavam
proezas acrobáticas, dançavam comicamente e cantavam canções licen-
ciosas ou românticas, mas todos estavam sempre de passagem: recebiam
seu pagamento e seguiam caminho. Saltimbancos sobreviviam das moedas
jogadas no chapéu.
Voltamos ao ponto: por que as artes do circo não são tratadas como
arte? Não sei e não tenho a pretensão de responder, estou tateando,
buscando pistas.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Na luta por apoio financeiro e prestígio, cada ramo da arte tentava ser re-
conhecido como algo especial e que merecia tratamento diferenciado. O
teatro era especial, e não podia ser igualado aos saltimbancos de feira. A
competição era tão grande que, na França, por um longo período, só era
permitido falar e tocar instrumentos em cena nos teatros oficiais que ti-
nham permissão do rei. Portanto, os saltimbancos se reinventaram. Cria-
ram a cena do lado de fora da barraca. Um apresentador fazia o resumo da
peça e apresentava os personagens. Lá dentro, muita mímica e até mesmo
uso de cartazes, como aconteceria no cinema mudo séculos mais adian-
te. Instrumentos insólitos acabaram se transformando em grande atração.
Tocar serrote, dançar com guizos afinados, tamboretes, pandeiros, coro de
buzinas: inventava-se tudo para garantir a alegria do público.
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Exercício de acrobacia mental: crítica, estética e circo
Esse espetáculo com a diversidade dos saltimbancos e a perícia dos cava- 8. O trapézio de
voos foi criado por
leiros é sucesso em toda a Europa e logo chega às Américas. Cabe lembrar
Jules Léotard, ginasta
que artistas equestres, ilusionistas, acrobatas, trapezistas e aramistas já francês, em 1859.
vinham ao Brasil desde o início do século XVIII. Apresentavam-se em tea- O acrobata saía de
um trapézio (o que
tros, nas ruas ou nos “círculos de touradas”. No início do século XIX, famílias
chamamos hoje de
de artistas vindas, na sua maioria, da Europa resolveram ficar por aqui e trapézio fixo, que
montaram seus circos. balança mas não tem
altura) para outro e
deste para um tercei-
Não vou contar a história do circo. Nem posso, sei pouco. Sabemos muito ro, fazendo movimen-
pouco ainda. O importante é perceber que o circo, assim como o teatro e tos acrobáticos a cada
passada.
qualquer outra forma de arte, tem sua história, transforma-se, reinven-
ta-se e segue. As artes circenses, assim como a arte da interpretação,
estão presentes desde sempre e, ao longo dos tempos, passaram por
várias mudanças estéticas. O espetáculo do circo do século XVIII não é
igual ao do circo de lona, criado por J. Purdy Brown em 1825, nos Estados
Unidos. O circo de lona é o símbolo do espetáculo itinerante, a marca dos
novos saltimbancos.
Não dá para ter uma visão crítica quando não se conhece a história nem as
diferenças estéticas de uma arte que se desenvolve. O trapézio, por exem-
plo, é um aparelho em que artistas se apoiam para realizar proezas. Mas o
que faz o número não é o aparelho nem o fato de artistas serem capazes
de realizar determinada dificuldade técnica. O que faz o número, o que faz
do trapézio uma das imagens mais memoráveis do circo é o voador, é o vo-
lante. A música, a presença, o tempo, a escolha da série, a capacidade de
encantar: isso é arte. É preciso conhecer o número de trapézio para com-
preender a qualidade do trapezista.
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crítica em movimento:
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9. Cito a Intrépida Nas últimas décadas do século passado o circo viveu um período de re-
Trupe como
volução estética muito importante. Infelizmente, a falta de conhecimento
exemplo perfeito
dessa confusão sobre as artes circenses criou equívocos que ressoam até hoje. A França
entre o que é ou chamou o movimento de “novo circo”. Isso transformaria os que tinham ou-
não circo, mas
tro tipo de espetáculo em “velho circo”? No Brasil, a ignorância absoluta
poderia citar Circo
Mínimo, Acrobáticos dos nossos jornalistas fez com que espetáculos que se identificavam com
Fratelli, Teatro de essa experiência estética fossem tratados como teatro. E é circo, tudo cir-
Anônimo e muitos
co! Quem é capaz de realizar proezas que desafiam a gravidade é circense.
outros nomes.
A ignorância irrita.
A Intrépida Trupe, apesar de não ter a tradição circense, trazia no seu re-
pertório alguns números de grande dificuldade técnica. Equilíbrio no rola-
-rola com a volante apoiada na cabeça do equilibrista, número de forma-
tura de Claudia Goudá e Ricardo Camilo na Escola de Circo, é um que nunca
mais vi igual. Outros que merecem destaque são o tango com perna de pau
e a monociclista em altura de Felicity Simpson e Hector Combo. Números
que exigiam domínio técnico apurado e eram pura poesia.
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Exercício de acrobacia mental: crítica, estética e circo
.:. Este texto é de exclusiva responsabilidade de seus autores e não reflete necessariamente
a opinião do Itaú Cultural.
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Exercício de acrobacia mental: crítica, estética e circo
Referências
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
1. Graduada em Olho a página em branco… Penso em como vou conseguir escrever sobre
artes cênicas
“o vão entre a crítica e o circo”. Daí que penso em como escrevo em ge-
pela Universidade
Federal de ral. Meu orientador no mestrado, João Francisco de Souza – cuja falta me
Pernambuco causa tristeza, pois era alguém que entendia minha escrita –, dizia: “Ela
(UFPE), fez
escreve como quem está conversando com outra pessoa”. Eu morria de rir,
mestrado na área
de educação pela porque achava que era assim que se deveria escrever para que as pessoas
mesma instituição. entendessem, todas elas. Depois de um tempo, ele aceitou minha forma
Atua como atriz,
produtora cultural
de escrever e não quis mais que eu a mudasse para a dissertação, porque:
e professora de “Se ninguém escrever diferente na academia, vai se tornando tudo uma
teatro. Coordena, única coisa... Vá, faça do seu jeito”. E é assim que, depois de pensar muito,
há 20 anos, as áreas
executiva e artística
escrevo este texto: de forma que pareça uma conversa entre mim e meus
da ONG Escola amigos e amigas do circo e de outros lugares, da forma como gosto de con-
Pernambucana de
tar histórias ou estórias.
Circo, consolidada
em Recife em 24
anos de atividades Daí que penso agora em como, na verdade e antes de entrar no tema, des-
ininterruptas. A
crever de forma simples e rápida toda a magia que as artes circenses pos-
organização é
vinculada à Rede suem quando tomam de rebote o seu público. Vem à mente, então, a pri-
Circo do Mundo meira vez que vi um circo, quando ainda era criança e nem sei quantos anos
Brasil, de cujo
tinha – 6, 7, 10 anos? Sei lá! Não me lembro mesmo, nem do nome do circo,
colegiado gestor
faz parte, que tem mas acho que era um desses que usam nomes “estrangeiros”, o que acho
parceria com o uma delícia de poesia.
programa Cirque du
Monde, do Cirque
du Soleil, sendo As lembranças são confusas – não sei se lembro a que, de fato, assisti ou o
um dos centros que quero recordar –, por hoje eu fazer parte desse mundo circense e querer
de referência
na instrução de que ele seja sempre encantador, mágico e alegre. Mas me lembro de alguma
formadores em coisa que me tomou naquele dia: quando assisti a um espetáculo do circo, ele
circo social.
me tomou pelo coração, pela garganta, pelo peito, pela alma. Toda a graça
e a leveza da trapezista, a destreza dos malabaristas, a graça sem fim dos
palhaços sempre tirando sarro de alguém da plateia, o cheiro da serragem,
o encantamento com a lona cheia de estrelinhas (tinha furos também; a luz
passava por eles e ia parar no picadeiro), e havia os animais. Nesse, eram os
20
cachorros amestrados, cavalos e um leão que me deu medo – mas mais medo
do adestrador do que do leão, porque ele fazia muitas caretas ao conduzir o
animal para as suas peripécias, que o público aplaudia entusiasmado.
E ele sempre continuou, mesmo agora, em tempos tão difíceis – 2020, que
ano! Momentos que jamais pensamos que iríamos viver em pleno século
XXI, como se não bastassem todos os outros tormentos que as artes cir-
censes sempre sofreram, desde o começo dos anos 1990 até hoje. A falta
de terrenos nos grandes centros urbanos há muito empurrou os pequenos
e médios circos para os interiores dos estados, e os grandes para os esta-
cionamentos dos shoppings.
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crítica em movimento:
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“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
E, logicamente, não é que os críticos não queiram escrever sobre circo, mas 2. A primeira dessas
cartas foi traduzida
acho que a especificidade da arte circense dificulta esse processo de escri-
por Erica Stoppel,
ta da linguagem das artes cênicas, que no meu entendimento é a mais difícil do Circo Zanni
de fazer sem ter a tal técnica, mesmo que imatura. Não existe possibilidade (SP), com o título
“A necessidade de
de fazer malabares sem, de alguma forma, manter os objetos no ar; não tem
uma redefinição”.
como fazer acrobacias sem rolar no chão de forma direcionada para o salto Disponível em:
mortal ou algo mais espantoso ainda. Enfim, a diversa expressão da linguagem https://panisecircus.
com.br/abril-
circense exige um treinamento de meses ou até de anos para a sua destreza. retrato-de-casal-
de-acrobatas-
Isso sem tirar o mérito dos cantores, atores, dançarinos e bailarinos que em-intimo-erica-
stoppel-e-a-
também trabalham muito para mostrar suas habilidades. Mas é que o circo carta-ao-circo-da-
tem o tal do risco iminente, e isso, sim, é difícil descrever, principalmente dramaturga-bieke/.
Acesso em:
sem entender que risco é esse. Não é só da queda, é de tanta coisa que nem
21 out. 2020.
sempre nos damos conta. E nós fazemos parte do mercado, então, imagine
quem não faz, quem não pesquisa artes circenses, quem não escreve sobre
isso sistematicamente.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Ainda bem que hoje em dia tem muita gente pesquisando e escrevendo
sobre artes circenses. Mas muito pouco se sabe sobre crítica dos espe-
táculos circenses. Inclusive, discorremos sobre isso no seminário Crítica
em Movimento promovido pelo Itaú Cultural em 2017, do qual participei
com Erminia Silva e Rodrigo Matheus. Chegamos à conclusão de que, in-
felizmente, não existe uma produção robusta de críticas de espetáculos
circenses. Eu e Rodrigo Matheus – Erminia disse que não queria se meter
nisso – ficamos de pensar uma forma de dar conta dessa lacuna, mas o
tempo passou e nunca mais falamos sobre isso. Disse “infelizmente” por-
que o mercado ainda sofre com essa carência que deixa em aberto regis-
tros históricos das andanças de circos itinerantes, companhias, grupos e
trupes do Brasil afora.
Quem também fala sobre essa lacuna é José Carlos de Andrade, em artigo
escrito em 2016 para o Sesc São Paulo:
24
“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
Então posso dizer que, diante do meu entendimento e das pesquisas que
fiz para a escrita deste texto, esse problema para a classe circense, da
incompreensão da crítica, tem sido um pouco mais discutido nos últimos
anos – os textos que cito datam de 2016 e 2017. Em março de 2012, porém,
em artigo publicado na Rebento – Revista de Artes do Espetáculo, Rodrigo Mo-
rais Leite discorre sobre Décio de Almeida Prado, o circo e outros gêneros
“menores”, como chama. Apresenta algumas considerações sobre as críti-
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
cas que o autor fazia sobre teatro e circo, embora nesse aspecto refira-se
muito mais ao circo no teatro:
O que fica mais uma vez evidente é que, já naquela época, de 1946 até
1968, quando escrevia para o jornal O Estado de S. Paulo, Décio falava muito
mais sobre os elementos circenses que estavam presentes nos espetáculos
de teatro do que propriamente dos espetáculos de circo:
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“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
Ressalto ainda como o autor analisa a escrita de Décio sobre o circo, especificamente:
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Portanto, mais uma vez constatamos que escrever sobre crítica circense
nunca foi fácil. Talvez por isso a escassez dos textos de crítica, principal-
mente por sua especificidade técnica e estética. Além disso, existe o cará-
ter do valor financeiro do empreendimento circense: quanto mais barato,
ou seja, quanto mais o circo for de pequeno e médio porte, mais difícil é que
algum jornalista vá deixar seu lugar para ir assisti-lo. Afinal, esses circos se
encontram mais frequentemente nos interiores dos estados e nas perife-
rias dos centros urbanos.
Mas, para não dizer que não falei das flores, trago uma história do Seminá-
rio Internacional de Crítica Teatral, realizado por uma produtora de Recife em
2011. Nós, da Trupe Circus – um grupo profissional da Escola Pernambuca-
na de Circo –, tivemos o espetáculo Círculos que Não se Fecham... Experimento
no 1 avaliado criticamente nesse evento. A montagem tratava de questões
da juventude, principalmente aquelas relacionadas à violência sofrida pe-
los jovens de todas as classes sociais, mas enfocando aqueles das periferias
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“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
Porém, o espetáculo foi criticado por jornalistas que escreviam sobre teatro,
já que o seminário era de crítica teatral, e não sobre circo. Por isso, as críti-
cas trazem muitas avaliações sobre os elementos teatrais e pouco ou quase
nada sobre as artes circenses. Pelo menos nos sentimos um pouco contem-
plados e até felizes por receber um olhar crítico ao nosso trabalho artístico
depois de 11 anos montando espetáculos com a trupe. E parou por aí.
Ah! Vale ressaltar duas coisas: primeiro, que essas escritas não foram es-
pontâneas, já que os críticos não foram nos ver por livre e espontânea von-
tade. Elas existiram porque os críticos convidados tinham que escrever
sobre os espetáculos a que assistiam e que eram escolhidos pela organiza-
ção do seminário. Por isso, entramos no “bolo” dos espetáculos analisados
criticamente. Segundo: entramos numa edição do seminário chamada de
Teatro Fora do Eixo; então, entendemos que a escolha se deveu ao tema
que seria debatido naquele ano, no qual nosso espetáculo se encaixava
porque era visto como circo-teatro e realizado em nossa sede, na periferia
da cidade de Recife.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Márcio Braz, embora fale sobre o ritmo e pouco sobre a arte circense, traz
ainda certo preconceito ao falar do circo tradicional, que também chama
pejorativamente de “velho circo”:
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“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
Esse trecho da crítica tensiona mais uma vez as divisões entre as diversas
formas de expressão das artes circenses, já que em muitos casos fica evi-
dente esse clima de disputa de “quem é o melhor”. Quem teria como dis-
tinguir exatamente o chamado circo tradicional/itinerante (porque teria as
técnicas mais antigas) do “novo circo” (que dizia trazer inovações como as
coreografias, o próprio teatro, a dança e um mix de tecnologias) e do “con-
temporâneo” (no qual se diz imperar a dramaturgia e a subjetividade dos
temas abordados pelas performances)?
31
crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
artistas e às suas técnicas. Sim, realmente eles são todos excelentes, o que
não poderia ser diferente em se tratando da maior companhia de circo do
mundo, que usa cenários caros, música sempre ao vivo e altas tecnologias
de luz e efeitos visuais. Bom... Trouxe Hugo Possolo:
32
“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
Mas a realidade é que está difícil; 2020 trouxe algo novo para o mundo do
circo: a tal da pandemia de covid-19. Isso complicou a situação circense
ainda mais: virou o mundo de cabeça para baixo, circos fechados há mais de
seis meses – então, o que era pouco virou quase nada. Outro mundo come-
çou a existir, um que todos chamam de “novo normal”. Ainda não sei dizer o
que é para mim, só sei que estou na luta, junto com os circenses, junto com
a minha equipe da Escola Pernambucana de Circo, na Câmara Setorial de
Circo do estado de Pernambuco, tentando resistir. E estamos conseguin-
do. Vale ressaltar que, neste momento tão difícil, é grande o número de
artistas circenses de todas as classes e categorias se ajudando. É triste e
ao mesmo tempo lindo. Vamos lá! Um pouquinho daqui e outro dali, vamos
seguindo juntos e juntas! Que povo guerreiro é esse de circo!
Desde que me entendo por gente, ouço falar que o “circo está morrendo”.
Nunca ouvi falar que o teatro ou a dança estão morrendo, mas sobre o circo
sempre ouvi e vi muita coisa nesse sentido. Depois de observar debates,
palestras e discussões, e estando hoje por dentro da história, percebo que
essa “estória” sempre foi uma jogada para levar o circo cada vez mais para
a marginalização.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
.:. Este texto é de exclusiva responsabilidade de seus autores e não reflete necessariamente
a opinião do Itaú Cultural.
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“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
Apêndice
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
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“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
Referências
FERREIRA, Claudia Márcia (coord.). Circo – tradição e arte. Rio de Janeiro: Museu
de Folclore Edison Carneiro: Funarte/Instituto Nacional do Folclore, 1987.
LEITE, Rodrigo Morais. Décio de Almeida Prado, o circo e outros gêneros “me-
nores”. Rebento: Revista de Artes do Espetáculo, São Paulo, n. 3, 2012.
MALARD, Letícia. Hoje tem espetáculo: Avelino Fóscolo e seu romance. Belo Ho-
rizonte: Editora UFMG, 1987.
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
SILVA, Erminia. O circo: sua arte e seus saberes. O circo no Brasil do final do
século XIX a meados do século XX. 1996. Dissertação (Mestrado em História)
– Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, 1996.
SILVEIRA, Cléia. Circo: educando com arte. Rio de Janeiro: Fase, 2001.
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“O vão entre a crítica e o circo”: uma história cheia de percalços!
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Respeitável público:
falem bem, falem mal,
Daniel de Carvalho Lopes¹
mas falem de mim Erminia Silva²
1. Doutor em educa- Começaremos este texto com a expectativa de que ele seja um agradável
ção pela Faculdade
encontro com todas, todos e todes, pois, nas distâncias impostas nos tem-
de Educação da
Universidade de pos bicudos e insalubres do ano de 2020, nada mais reconfortante que a
São Paulo (FE/USP), possibilidade de estar junto de alguém. Ademais, é nos encontros que a
mestre em artes
linguagem circense se faz e se refaz cotidianamente, em cada rua, praça,
pela Universidade
Estadual Paulista teatro ou picadeiro. Assim sendo, que este texto seja um agradável encon-
(Unesp) e graduado tro para a ida a alguns espetáculos circenses.
em educação física
pela Universidade
Estadual de Cam- E que espetáculos seriam esses? Seriam aqueles que, por sermos pesquisa-
pinas (Unicamp). dores das histórias do circo, são múltiplos e se processam de muitas e mui-
Integra o grupo de
estudo e pesquisa
tas maneiras diferentes ao longo da história e, obviamente, até os dias de
das artes circenses hoje. São aqueles que estão em constante mudança, carregando elemen-
Circus [Faculdade tos de outras épocas e fazeres, gerando permanentemente novas buscas
de Educação Física
(FEF) da Unicamp] e estéticas. E, se assim eles são e estão sendo, é porque esses espetáculos
o Grupo de Estudos conversam e se misturam todos os dias com tudo o que os cerca: pessoas,
e Pesquisas em
tecnologias, culturas, políticas, estéticas, sociedades etc.
Gesto, Expressão e
Educação (Gepgee),
da FE/USP. Cocoor- E o que dizem sobre eles? Bem, dizem variadas coisas e desde muito tem-
denador do site
po! Se olharmos para o Brasil do século XIX, perceberemos que era cons-
Circonteúdo, é edu-
cador de circo social tante os jornais da época falarem sobre eles.³ Falarem bem, falarem mal,
na Instituição de mas falarem abundantemente! E aqui vale mais uma pergunta: por quê?
Incentivo à Criança
e ao Adolescente de
Mogi Mirim (ICA). O circo, nesse período, se constituiu como uma das formas mais frequentes
e atrativas de divertimento para a sociedade, reunindo os mais variados
grupos sociais. Ao longo dos anos 1800, centenas de companhias viajavam
por todo o país, vindas de turnês por outros continentes. Entre muitas de-
las, podemos citar: Circo Olímpico Francês, da família Fouraux, Circo Chia-
rini, Circo Temperani, Circo Spinelli, Circo Casali, Companhia Equestre Ita-
liana, de Luigi Guillaume, Companhia de Cavalinhos Guilherme Southby e
também o Circo Olímpico da Rua da Guarda Velha, construído em alvenaria
no centro do Rio de Janeiro e que perdurou por mais de 50 anos, recebendo
apresentações de artistas do seu próprio grupo e de outras companhias.
40
Esses diversos circos, cada um com uma maneira própria de produzir e or- 2. Doutora e mestra
em história social
ganizar seus espetáculos, se relacionaram intensamente com a vida social
da cultura pela
e urbana do período e, consequentemente, receberam “enxurradas” de pú- Unicamp, cocoor-
blico – termo comum nos jornais para tratar do sucesso que algumas com- denadora do grupo
Circus e do Gepgee.
panhias estavam obtendo na época. Por causa de suas atrações e de sua
É autora de Circo-
magnitude (muitos circos possuíam dezenas de animais e artistas e mes- -Teatro: Benjamim de
mo navios próprios para o transporte da companhia, como o Circo Grande Oliveira e a Teatralida-
de Circense no Brasil
Oceano), assim como por mobilizarem o imaginário de homens, mulheres
(Altana/Funarte,
e crianças de mil maneiras, foram também tema de “enxurradas” de crôni- 2007) e cocoor-
cas, críticas, notas, sátiras e charges de praticamente todas as produções denadora do site
Circonteúdo.
bibliográficas da época, principalmente as jornalísticas.
Para ficar mais claro, apresentaremos aqui algumas delas. O Circo Chiarini, di- 3. Ver: Silva (2007 e
2009); Lopes (2015);
rigido pelo artista equestre Giuseppe Chiarini, esteve no Brasil em dois mo-
e Lopes e Silva (2015).
mentos diferentes, de 1869 a 1872 e de 1875 a 1877, e era uma grande compa-
nhia circense que apresentava números equestres e acrobáticos, com animais
4. Os títulos dos jor-
selvagens e pantomimas. Uma vez no Rio de Janeiro, seu íntimo envolvimento
nais citados neste
com a sociedade fluminense rendeu variadas publicações em jornais e revistas: texto encontram-se
registrados com a
grafia da época.
Mestre Chiarini vai em maré de rosas. A variedade
de espetáculos e o mérito da companhia chamam
numerosa concorrência ao circo da Guarda Velha
(A Vida Fluminense,⁴ 23 abr. 1870, p. 132).
41
crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
5. Para mais Como podemos observar por meio dessas citações, Chiarini conquistou o
informações, variado público da corte, tendo em vista a presença da “melhor sociedade
ver: Cafezeiro e
Gadelha (1996, fluminense” nos espetáculos. Isso não era uma exclusividade dessa com-
com a transcrição panhia, pois vários outros empreendimentos circenses contavam com a
da solicitação de
frequente presença das Senhoras Majestades Imperiais. Até mesmo o cir-
João Caetano dos
Santos); Souza co que Chiarini ocupou nesse período, o Circo Olímpico da Rua da Guarda
(2002); e Velha, era muito frequentado por dom Pedro II. O imperador acabou por
Silva (2007).
ceder o terreno onde foi construído o que seria nomeado futuramente de
Teatro Imperial D. Pedro II, mas sobre esse espaço trataremos mais tarde. É
importante agora, entre as críticas apresentadas sobre os espetáculos do
Circo Chiarini, ressaltar aquela que informa que os empresários da Phenix
e do Ginásio, dois importantes teatros do Rio de Janeiro, andavam insatis-
feitos por Chiarini “monopolizar os espectadores”.
42
Respeitável público: falem bem, falem mal, mas falem de mim
Suas críticas não paravam por aí. Em seus escritos, ele sempre retomava as
tensões que mantinha em relação às companhias circenses que “invadiam”
os “templos do teatro nacional”:
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promovia e acolhia e pela intensa atuação de Bartholomeu Corrêa da Silva 7. Sobre algumas
das diversas apre-
como empresário, o Circo Olímpico da Rua da Guarda Velha e sua compa-
sentações realiza-
nhia foram frequentemente tratados nos periódicos fluminenses: das por Bartholo-
meu e outros circos
no espaço do Circo
Companhia equestre:
Olímpico da Rua
Duas coisas nos surpreenderam quando entra- da Guarda Velha,
mos no circo da Guarda Velha; a primeira foi o ver: Souza (2002);
Silva (2007); Lopes
soberbo interior, ainda incompleto, do edifício, (2015); Lopes e
que contrasta com a insignificância do exte- Silva (2015); e
rior; a segunda foi, como é natural, a perfeição Vieira (2015).
49
crítica em movimento:
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Respeitável público: falem bem, falem mal, mas falem de mim
Por fim, ainda em relação aos artistas e atrações do Circo Chiarini e às va-
riadas publicações periódicas referentes aos circos, destaca-se também a
equestre Catalina Holloway. Além da recorrente menção a ela em diversas
propagandas do circo e em textos de diferentes gêneros publicados em
jornais, em sua temporada no Brasil, a artista “protagonizou” um curioso
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
episódio pelo fato de seu sobrenome coincidir com o nome dado a uma es-
pécie de remédio da época:
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Respeitável público: falem bem, falem mal, mas falem de mim
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crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Assim, como podemos observar por meio dos exemplos aqui apresenta-
dos, os espetáculos circenses, seus artistas e suas realizações no Brasil ao
longo do século XIX e, claro, no início do século XX foram frequentemente
contemplados por parte da imprensa e da crítica em diversificadas publi-
cações. Falaram bem, falaram mal, mas sempre falaram do circo. Diante da
multiplicidade das produções circenses e de sua permanente reinvenção, o
circo sempre esteve sob os holofotes da opinião pública e estampado nas
páginas de jornais, revistas, folhetins e até mesmo em publicações volta-
das para a educação ou a produção cultural artística.
Por fim, aqueles espetáculos a que esperamos um dia poder assistir jun-
tos levados por este texto/encontro são os mesmos que, há muito tempo,
encontraram um vão entre a crítica e o circo e, sabidos e intrépidos que
eram, deram sobre ele um salto mortal duplo com pirueta, aterrissando
confiantes e sempre renovados do outro lado, arrancando sonoros e calo-
rosos aplausos das multidões.
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Respeitável público: falem bem, falem mal, mas falem de mim
.:. Este texto é de exclusiva responsabilidade de seus autores e não reflete necessariamente
a opinião do Itaú Cultural.
Referências
SILVA, Erminia. Respeitável público...: o circo em cena. Rio de Janeiro: Funarte, 2009.
SOUZA, Silvia Cristina Martins de. As noites do ginásio. Teatro e tensões cultu-
rais na corte (1832-1868). Campinas: Editora da Unicamp, Cecult, 2002.
VIEIRA, Francisco. O Theatro Lyrico: palco e picadeiro. Rio de Janeiro: 19 Design, 2015.
55
crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Endereços na internet
No emaranhado de algoritmos que se tornou a vida dos mortais neste planeta,
achamos por bem reunir endereços na internet voltados para a prática da críti-
ca nas áreas de circo, dança, teatro e demais variantes que instauram presença.
56
Farofa Crítica | www.farofacritica.com.br (Natal)
Farsa Mag | www.farsamag.com.ar (Buenos Aires)
Filé de Críticas | filedecriticas.blogspot.com (Maceió)
Folias Teatrais – Letras, Cenas, Imagens e Carioquices | foliasteatrais.com.br (Rio de Janeiro)
Horizonte da Cena | www.horizontedacena.com (Belo Horizonte)
Ida Vicenzia – Crítica de Teatro e Cinema | idavicenzia.blogspot.com (Rio de Janeiro)
Idança.net | www.idanca.net (São Paulo)
Ilusões na Sala Escura | www.ilusoesnasalaescura.wordpress.com (São Paulo)
Karpa | www.calstatela.edu/al/karpa (revista eletrônica latino-americana editada em Los Angeles)
Lionel Fischer | lionel-fischer.blogspot.com (Rio de Janeiro)
Macksen Luiz | macksenluiz.blogspot.com (Rio de Janeiro)
Nacht Kritik | www.nachtkritik.de (Berlim)
Notícias Teatrales | www.noticiasteatrales.es (Madri)
O Teatro como Ele É | www.oteatrocomoelee.wordpress.com (Belém)
Observatório do Teatro | www.observatoriodoteatro.uol.com.br (São Paulo)
Observatório dos Festivais | www.festivais.com.br (Belo Horizonte)
Palco Paulistano | palcopaulistano.blogspot.com (São Paulo)
Panis & Circus | www.panisecircus.com.br (São Paulo)
Parágrafo Cerrado | www.paragrafocerrado.46graus.com/ (Cuiabá)
Pecinha É a Vovozinha! | www.pecinhaeavovozinha.com.br (São Paulo)
Primeiro Sinal | primeirosinal.com.br/ (Belo Horizonte)
Qorpo Qrítico | www.ufrgs.br/qorpoqritico (Porto Alegre)
Quarta Parede | www.4parede.com (Recife)
Questão de Crítica – Revista Eletrônica de Críticas e Estudos Teatrais |
www.questaodecritica.com.br (Rio de Janeiro)
Revista Barril | www.revistabarril.com (Salvador)
Ruína Acesa | ruinaacesa.com.br (São Paulo)
Satisfeita, Yolanda? | www.satisfeitayolanda.com.br (Recife)
Teatro para Alguém | www.teatroparaalguem.com.br (São Paulo)
Teatrojornal – Leituras de Cena | www.teatrojornal.com.br (São Paulo)
Tribuna do Cretino | www.tribunadocretino.com.br (Belém)
Tudo, Menos uma Crítica | www.medium.com/@fernandopivotto (São Paulo)
Válvula de Escape | www.escapeteatro.blogspot.com (Porto Alegre)
Vendo Teatro – uma Plataforma para Falar sobre Teatro em Pernambuco |
www.vendoteatro.com (Recife)
57
crítica em movimento:
\O vão entre a crítica e o circo
Ficha técnica
NÚCLEO DE ARTES CÊNICAS
Gerência
Galiana Brasil
Coordenação
Carlos Gomes
Produção
Felipe Sales
Cocuradoria
Valmir Santos
NÚCLEO ENCICLOPÉDIA
Gerência
Tânia Rodrigues
Coordenação
Glaucy Tudda
Produção
Karine Arruda
58
NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO
Gerência
Ana de Fátima Sousa
Coordenação
Carlos Costa
Edição
Ana Luiza Aguiar (terceirizada), Milena Buarque e Valmir Santos
(cocurador)
Produção editorial
Pamela Rocha Camargo e Victória Pimentel
Design
Estúdio Lumine (terceirizado)
Supervisão de revisão
Polyana Lima
Revisão do português
Karina Hambra e Rachel Reis (terceirizadas)
Revisão do espanhol
Atelier das Palavras Tradução Interpretação Ltda. (terceirizado)
59
crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
60
ES Transformaciones de la práctica __ 62
y del pensar crítico
Valmir Santos
61
crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
Transformaciones de la práctica
y del pensar crítico Valmir Santos1
1. Periodista, crítico La fortuna crítica de una obra corresponde al campo de pensamiento que
y cocurador de
instituyó cuando se hizo pública a través de edición, grabación, escultura,
Crítica em Movimento.
Creador y editor pintura, presentación e interpretación. Los ocho cuadernos diseñados es-
del sitio web Tea- pecialmente para la cuarta jornada Crítica em Movimento tienen el objetivo
trojornal - Leituras
de invertir un poco esta expectativa al articular 24 textos justo en el ámbi-
de Cena desde
2010. Es docto- to del hacer crítico. Son visiones heterogéneas de en qué consiste y cómo
rando en artes se despliega en creaciones en circo, danza y teatro, con variantes para in-
escénicas de la
Universidad de São
tervención y performance. Sabemos cuánto las circunstancias históricas, so-
Paulo (USP), donde ciopolíticas y culturales involucran a practicantes y participantes, artistas,
también realizó una investigadores y, por supuesto, espectadores-lectores.
maestría en esa
misma asignatura.
Realizado anualmente por Itaú Cultural, desde 2017, el ciclo de debates abor-
da la recepción de las artes escénicas y el diálogo imprescindible entre pú-
blico, creadores y críticos. En 2021, en este contexto difícil de la pandemia,
el estímulo al pensamiento supera la imposibilidad del encuentro presencial
por medio de la circulación de contenidos reflexivos en texto y podcast.
Ante el insólito escenario del año anterior, marcado por el brote global del
nuevo coronavirus, una de las alternativas fue desarrollar una publicación
en línea, con ocho itinerarios de escritos realizados por 25 personas del
universo de las artes de la escena.
62
\editorial
Cada volumen reúne tres análisis estimulados por los siguientes temas: 1)
El papel de la crítica teatral en Brasil - del periódico impreso a la plataforma
digital; 2) La brecha entre la crítica y el circo; 3) Estados de la crítica de dan-
za; 4) Espacios digitales dedicados a las artes escénicas; 5) La dificultad de
la crítica de coprotagonizar con el teatro callejero; 6) La escena militante en
el contexto contemporáneo; 7) Teatros peculiares en la doble vía con Cuba y
Brasil; y 8) Panorama del teatro latinoamericano visto desde el puente.
Por lo tanto, en este segundo cuaderno se explora el tema «La brecha entre
la crítica y el circo», explorado por artistas e investigadores de Pernambuco
y São Paulo vinculados a las artes circenses.
Por eso, ella se pregunta cómo debe sentirse una persona especializada en
artes y cultura al escribir críticamente sobre las artes circenses. ¿Sería nece-
sario tener una especialización para eso? «Pregunto esto porque no es fácil
transcribir al papel todos los temas relacionados con las artes circenses pre-
sentes en un espectáculo, un número, una performance. ¿Cómo puedo llevar al
escrito crítico todo lo que comencé a hablar sobre las artes circenses? ¿Cómo
hablar de la destreza del artista, la estética del espectáculo, el vestuario, la
música? ¿Es posible diferenciar el circo contemporáneo y el itinerante/tra-
dicional del que se hace en los proyectos de circo social, que tienen en las
troupes su forma de expresar el trabajo pedagógico con niños, adolescentes
y jóvenes? ¿Cómo analizar críticamente a un artista circense de la nueva ge-
neración, que tiene acceso a mucha información y tecnología, al lado de los
artistas mayores, que se mantienen con sus números y espectáculos llenos
de tradiciones?». Provocadora, Fátima también es una artista de la pista, y
reflexiona sobre sus primeros años y la condición de espectadora que la llevó
a adquirir el gusto por el oficio artístico y convertirse en formadora.
63
crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
tro (São Paulo) declara, con buen humor e inteligencia: «Soy una acróbata
mental. [...] Pienso sobre el circo, salto y me equilibrio, tratando de conocer
la historia de las artes circenses y el papel que juegan en nuestra socie-
dad. Hay milenios de acrobacias en todas las culturas, en todos los tiempos.
Descubrí que era imposible luchar por la valorización de las artes circenses
sin conocer su historia y sus personajes. Soy acróbata mental, mucho gusto
en conocerle».
«Estos diversos circos, cada uno con su propia forma de producir y orga-
nizar sus espectáculos, se relacionaban intensamente con la vida social
y urbana de la época y, en consecuencia, recibían “inundaciones” de pú-
blico, término común en los periódicos para referirse al éxito que algunas
64
\editorial
Transformaciones de la práctica y del pensar crítico
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
Escucha activa
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\editorial
Transformaciones de la práctica y del pensar crítico
Evoé.
67
crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
1. Actriz y Como diría Velho Faceta:² ante todo, ante nada, consultemos el diccionario
directora de teatro
para encontrar algunas definiciones simples, casi simplistas.
y espectáculos
circenses. Autora
del libro O elogio da Crítica: Examinar obra de arte o ciencia, costumbres, comportamientos y
bobagem: palhaços
sus características, nombrando sin prejuicios y en detalle.
no Brasil e no mundo
(Editora Família
Bastos, 2005). Estética: En el kantismo, estudio de los juicios mediante los cuales los seres
Representó el
sector del circo en
humanos afirman que un determinado objeto, artístico o natural, despier-
el Consejo Nacional ta universalmente un sentimiento de belleza o sublimidad.
de Política Cultural
del Ministerio de
Cultura (2006-2012).
Acrobacia: Arte de bailar sobre la cuerda y, por extensión, todo lo que pre-
En 2013, publicó el senta dificultades análogas a las de los acróbatas en sus actividades.
artículo Acrobatas Acróbata: Akróbatos, en el sentido de «el que camina de puntillas».
da Serra da Capivara –
27.000 anos de proezas
e equilíbrios circenses Arte: Producción consciente de obras, formas u objetos destinados a ex-
[Acróbatas de Serra
presar la subjetividad humana, nuestros sentimientos y opiniones, así
da Capivara: 27.000
años de hazañas y como retratar nuestras experiencias, transmitir información y sembrar be-
equilibrios circenses] lleza, diversión y reflexión.³
en la Revista Ensaio
Geral (UFPA/ETD).
Soy una acróbata mental.⁴ Acuñé este término para contestar a la pregunta:
«¿Qué hace usted en el circo?». No sabía muy bien cómo explicar lo que yo
2. Constantino
Leite Moisakis (1925- hacía allí. Entré al circo a través de luchas sindicales y discusiones sobre polí-
1986), conocido ticas públicas para la cultura. Soy actriz, siempre lo he sido, pero de repente
como Velho Faceta,
estaba allí. ¿Qué hacía yo en el circo? Lo descubrí: soy un acróbata mental.
fue uno de los más
grandes maestros de Pienso sobre el circo, salto y me equilibrio, tratando de conocer la historia de
pastoril [manifesta- las artes circenses y el papel que juegan en nuestra sociedad. Hay milenios
ción folclórica que
mezcla música, baile
de acrobacias en todas las culturas, en todos los tiempos. Descubrí que era
y teatro] de su tiem- imposible luchar por la valorización de las artes circenses sin conocer su his-
po. Hay discos gra- toria y sus personajes. Soy acróbata mental, mucho gusto en conocerle.
bados que muestran
bien su irreverencia e
identidad de payaso. Tardé mucho en comprender la razón de la falta de interés en las artes cir-
censes. ¿Cuál es el origen del menosprecio, del prejuicio? Todavía no acabo
de entenderlo, pero lo estoy intentando.
68
Me licencié en teatro. Tuve muchas clases de historia del teatro e historia 3. Todas las defini-
ciones se basan en
del arte. Compré y leí los tres volúmenes de Historia Social de la Literatura y el
entradas del Grande
Arte, de Arnold Hauser.⁵ Sé que esta etapa de mis estudios académicos fue Dicionário Houaiss.
hace muchos años, pero la verdad es que el circo sigue estando fuera de la
línea de la historia de las artes. 4. Erminia Silva y
Verônica Tamaoki
son mis compañeras
Los espectáculos populares tampoco forman parte de esta línea. No quiero
de acrobacia mental.
entrar aquí en la discusión de lo que es el «espectáculo popular». Creo que Además de investigar
se puede comprender el significado del término en este contexto. Si fuera y estudiar el circo, los
acróbatas mentales
por los libros y los críticos, yo no tendría ni idea de lo que es un teatro mamu-
participan en luchas
lengo [de títeres], no sabría que Antônio José da Silva, el judío, era titiritero por más respeto y
y que todos sus textos fueron escritos para títeres. No conocería el pastoril, apoyo, ya sea de la
academia, de los
los reisados, no sabría nada de la riqueza rítmica de Brasil. No sabría cuánto intelectuales o de los
aportaron los moros a nuestra historia, no conocería a nuestros arquitectos gobiernos. Creamos el
populares tan creativos, sin mencionar las culturas de tantos otros pueblos. Comitê Pró Criação da
Associação Nacional
de Acrobatas Mentais,
Muchos pensarán que mi ignorancia era abismal, y estoy de acuerdo. No o CPCANAM [Comité
para la Creación de la
era por falta de interés, siempre he intentado leer todo lo que caía en mis
Asociación Nacional
manos sobre arte, toda la vida he sido un ratón de librerías de segunda de Acróbatas Men-
mano. Pero no sabía cómo buscar información sobre algo que ni siquiera tales]. Quienes están
en el circo siempre
me imaginaba que debería conocer.
deben tener humor.
Conozco poco, muy poco, pero abrí mis ojos a las artes y amplié este plu- 6. El circo, como
ral en múltiples vertientes. No se puede intentar conocer la historia de las teatro, tiene dos
significados: la casa
artes con juicios de calidad sin darse cuenta de las diferentes formas y me-
donde se desarrolla
dios. Sin reconocer la influencia del tiempo, del entorno y del objetivo de el espectáculo y el
cada obra, espectáculo o expresión. espectáculo que ha-
bitualmente se realiza
en este espacio. Las
¿Y cómo queda el circo ⁶ en la historia del arte? ¿Por qué no está en los artes circenses ya
libros, en la historia oficial? Como acróbata mental, he estado ensayando existían mucho antes
de la creación del es-
algunas posibles respuestas. Y, como cualquier acróbata, corro el riesgo de pacio circo, así como
caerme al suelo, pero vale la pena intentarlo. Allá voy. el teatro.
69
crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
A principios del siglo XVI, surgió el ballet en las cortes italianas. Llevado a
Francia por la reina María de Médici, el ballet encontró allí a su público más
apasionado. La corte francesa acogió encantada la delicadeza y sutileza de
sus movimientos. Otro punto importante es que el ballet necesitaba las or-
questas, que le permitían a la élite mostrar su prestigio con «sus» músicos
y «su» cuerpo de baile. Se creó el espectáculo de danza de la élite.
70
Ejercicio de acrobacia mental: crítica, estética y circo
La división de clases, derechos y privilegios siempre ha sido parte de la his- 7. Los que juegan
son los que se
toria y, por tanto, también de la historia del arte. Existe una cierta jerarquía
presentan. En la
en las artes, como lo explica bien el concepto del cine como el séptimo arte. cultura popular,
Las otras son arquitectura, escultura, pintura, música, poesía y danza. jugar y actuar son
lo mismo. En el
lenguaje culto, no
Artistas circenses también se presentaban en grandes fiestas de la élite. tenemos el «to play»
La imagen de malabaristas y tragafuegos era común en los banquetes del inglés ni el «jou-
er» del francés.
medievales o simposios griegos. La diferencia es que ellos no eran consi-
derados artistas. Con la noble excepción de los bobos y bufones, no en-
contramos referencias a artistas de circo patrocinados por mecenas de
ningún tipo.
Volvamos al tema: ¿por qué las artes circenses no se tratan como arte? No
lo sé y no pretendo contestarlo, solo estoy tanteando, buscando pistas.
71
crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
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Ejercicio de acrobacia mental: crítica, estética y circo
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
En las últimas décadas del siglo pasado, el circo vivió un período de revo-
lución estética muy importante. Desafortunadamente, la falta de cono-
cimiento sobre las artes circenses ha creado equivocaciones que toda-
vía resuenan hoy. Francia denominó el movimiento como «nuevo circo».
¿Esto convertía a los que tenían otro tipo de espectáculo en «viejo circo»?
En Brasil, el desconocimiento absoluto por parte de nuestros periodis-
tas hizo que los espectáculos que se identificaban con esta experiencia
estética se trataran como teatro. ¡Y es circo, es todo circo! Los que son
capaces de realizar hazañas que desafían la gravedad son del circo. La
ignorancia fastidia.
Seguí esta historia de cerca. Estaba allí cuando comenzó la Intrépida Tru-
pe,⁹ en 1986. Un grupo de jóvenes recién egresados de la Escola Nacional
de Circo Luiz Olimecha viajó a México llevándose con ellos a artistas pro-
cedentes de la danza, la capoeira [mezcla de artes marciales y danza] y de
un curso de dobles impartido por Breno Moroni en el Parque Lage. Todos
participaban en el Circo Voador instalado en Arpoador, en la playa. Ninguno
de ellos pertenecía a una familia circense. Ninguno de ellos había nacido en
una tienda de campaña al lado de la carpa. Eran jóvenes urbanos a los que
les gustaba un tipo de música, que vestían como los demás jóvenes de la
ciudad y tenían un bagaje cultural similar.
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Ejercicio de acrobacia mental: crítica, estética y circo
so. Estas ideas eran diferentes, llamaron la atención y crearon una mirada. 9. Cito a Intrépida
Trupe como un
La prensa de Río de Janeiro decidió denominar a Intrépida Trupe como un
ejemplo perfecto
«grupo de teatro y danza que utiliza técnicas circenses». Hoy todavía uti- de esta confusión
lizan este tipo de designación para referirse a un grupo capaz de realizar entre lo que es o no
es circo, pero podría
hazañas de alto nivel.
mencionar Circo
Mínimo, Acrobáti-
Siempre se han bailado las acrobacias circenses. Hay una coreografía en cada cos Fratelli, Teatro
de Anônimo y
movimiento y los artistas actúan todo el tiempo. Entran en escena y se impo-
muchos otros.
nen al público. Son personajes. El hombre fuerte no es tan fuerte, la bailarina
tan delicada en el trapecio tiene músculos definidos y mucha fuerza.
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Ejercicio de acrobacia mental: crítica, estética y circo
Referencias
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\La brecha entre la crítica y el circo
1. Graduada en ar-
tes escénicas por la
Miro la página en blanco… Pienso en cómo podré escribir sobre «la brecha
Universidad Federal
de Pernambuco entre la crítica y el circo». Entonces pienso en cómo escribo habitualmente.
(UFPE), tiene una Mi orientador en la maestría, João Francisco de Souza —cuya ausencia me
maestría en el área
entristece, pues era alguien que entendía lo que yo escribía—, dijo: «Ella
de educación de la
misma institución. escribe como quien habla con otra persona». Me moría de la risa, porque
Actúa como actriz, yo creía que esa era la forma como debería escribir para que las personas
productora cultural
y profesora de tea-
me entendieran, todas ellas. Después de algún tiempo, él aceptó mi forma
tro. Desde hace 20 de escribir y ya no quería que la cambiara para la tesis, porque: «Si nadie
años, coordina las escribe diferente en la academia, todo se convierte en una sola cosa... Ve,
áreas ejecutiva y ar-
tística de la ONG Es-
hazlo a tu manera». Y así es como, después de pensar mucho, escribo este
cola Pernambucana texto: de manera que parezca una conversación mía con mis amigos y ami-
de Circo, consolida-
gas del circo y de otras partes, de la manera como me gusta contar histo-
da en Recife en 24
años de actividades rias o cuentos.
ininterrumpidas. La
organización está
Por eso ahora pienso en cómo, en realidad y antes de entrar en el tema,
vinculada a la Rede
Circo do Mundo describir de forma sencilla y rápida toda la magia que tienen las artes cir-
Brasil, que forma censes cuando toman de rebote a su público. Recuerdo, entonces, la prime-
parte del colegiado
ra vez que vi un circo cuando era niña. Yo ni siquiera sé cuántos años tenía,
gestor, que tiene
una alianza con el ¿6, 7, 10 años? ¡No lo sé! De verdad, no recuerdo ni siquiera el nombre del
programa Cirque du circo, pero creo que era uno de esos que tienen nombres «extranjeros», lo
Monde, del Cirque
du Soleil, y es uno
que me parece un deleite de poesía.
de los centros de
referencia en la for- Los recuerdos son confusos —no sé si recuerdo lo que realmente vi o lo
mación de formado-
res en circo social. que quiero recordar—, debido a que hoy soy parte de este mundo circen-
se y quiero que siempre sea encantador, mágico y alegre. Pero recuerdo
algo que me invadió ese día: cuando vi un espectáculo de circo, me invadió
el corazón, la garganta, el pecho y el alma. Toda la gracia y ligereza de la
trapecista, la destreza de los malabaristas, la gracia sin fin de los payasos,
que siempre están burlándose de alguien del público, el olor a serrín, el en-
canto con la carpa llena de estrellitas (también había agujeros, por los que
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pasaba la luz y alcanzaba la pista) y había los animales. En este, eran los
perros adiestrados, caballos y un león, que me daba miedo —aunque yo le
tenía más miedo al entrenador que al león, porque hacía muchas muecas al
conducir al animal en sus trucos—, que el público aplaudía con entusiasmo.
Hoy, aunque llevo más de 20 años trabajando con las artes circenses, to-
davía siento lo mismo que sentí cuando era niña al ver un espectáculo de
circo: me quedo con la boca abierta, siento mariposas en el estómago, se
me pone la piel de gallina, me siento entusiasmada, feliz, emocionada y
apasionada. Aunque sea ese circo que muchos llaman «cirquito», ese «po-
brecito», que está «donde Cristo perdió la alpargata», como se dice cuan-
do algo está muy, muy lejos. Siempre siento que algo mágico le sucedió a
alguien en la audiencia y a los artistas, los mismos que a menudo venden
golosinas frente al circo, junto a la carpa. «¿Te has dado cuenta de que el
circo huele a palomitas de maíz?», decía Amanda, personaje de un espec-
táculo que presentamos aquí en Recife en 2008, llamado Ilusão – um Ensaio
Melodramático Circense, en la Escola Pernambucana de Circo. Y, realmente,
al igual que el cine, ¡el circo huele a palomitas de maíz! ¿Y la manzana de
caramelo? ¡Solo se hace de este tipo en el circo! ¿Y los juguetes? El inter-
valo del espectáculo sirve para esto, para vender estos productos, y tam-
bién tiene una magia, un encanto. Es el momento en el que la gente se ríe
o habla de los números que se han presentado y los que están por venir.
Volvamos a la audiencia, ¡el espectáculo continuará!
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que creo que tuve la primera vez que fui al circo sigue siendo el mismo.
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«La brecha entre la crítica y el circo»: ¡una historia llena de contratiempos!
escribir, al igual que yo al principio de este texto, llegar a entender qué 2. La primera de
estas cartas fue
son las artes circenses? Sin querer ser pedante, pero sin dejar de serlo,
traducida por Erica
creo que no. Stoppel, del Circo
Zanni (São Paulo),
con el título «A
Y, por supuesto, no es que los críticos no quieran escribir sobre el circo,
necessidade de uma
pero creo que la especificidad del arte circense dificulta este proceso de redefinição» [La
escritura del lenguaje de las artes escénicas, que a mi entender es el más necesidad de una
redefinición]. Dis-
difícil de realizar si no se tiene esta técnica, aunque sea inmadura. No hay ponible en: <https://
posibilidad de hacer malabares sin mantener de alguna manera los objetos panisecircus.com.br/
en el aire; no hay forma de hacer acrobacias sin rodar por el suelo de mane- abril-retrato-de-ca-
sal-de-acrobatas-
ra dirigida para el salto mortal o algo aún más sorprendente. Por último, la -em-intimo-erica-s-
expresión diversa del lenguaje circense requiere practicar durante meses o toppel-e-a-carta-ao-
-circo-da-dramatur-
incluso años para obtener destreza.
ga-bieke/>. Accedido:
21 oct. 2020.
Esto sin quitarles el mérito a los cantantes, actores, danzarines y bailari-
nes, que también trabajan mucho para mostrar sus habilidades. Pero es
que el circo tiene ese riesgo inminente, y eso sí es difícil de describir, sobre
todo si no se entiende cuál es el riesgo. No es solo de caída, es de tantas
cosas que no siempre nos damos cuenta. Y somos parte de ese mercado,
así que imagine los que no lo son, que no investigan las artes circenses, que
no escriben sobre esto de forma sistemática.
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
3. O circo, o teatro e a el circo «se perdió», principalmente los artistas de circos itinerantes y el
crítica: uma história de
público laico, a quienes les gusta el llamado «gran circo», el que se hace
encontros e desencon-
tros. Disponible en: allí frente al público, «sin adornos». Esto es aún más frecuente cuando
<https://www.ses- se trata de los espectáculos de circo contemporáneo, especialmente los
csp.org.br/online/
llamados «cabezones».
artigo/10017_O+-
CIRCO+O+TEA-
TRO+E+A+CRI- Afortunadamente, hoy en día hay mucha gente investigando y escribien-
TICA+UMA+HIS-
TORIA+DE+EN-
do sobre las artes circenses. Pero se sabe muy poco sobre crítica de los
CONTROS+E+DE- espectáculos circenses. Incluso discutimos esto en el seminario Crítica em
SENCONTROS>. Movimento, promovido por Itaú Cultural en 2017, en el que participé jun-
Accedido:
24 sep. 2020.
to con Erminia Silva y Rodrigo Matheus. Llegamos a la conclusión de que,
lamentablemente, no existe una producción robusta de críticas de espec-
táculos circenses. Yo y Rodrigo Matheus —Erminia dijo que no quería invo-
lucrarse en esto— quedamos de pensar en cómo cubrir esta brecha, pero
pasó el tiempo y nunca volvimos a hablar de eso. Digo «lamentablemente»
porque el mercado aún padece esta carencia que deja pendientes registros
históricos de los desplazamientos de circos itinerantes, compañías, grupos
y troupes por todo Brasil.
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«La brecha entre la crítica y el circo»: ¡una historia llena de contratiempos!
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Lo que se evidencia una vez más es que, en aquel entonces, desde 1946
hasta 1968, cuando escribía para el periódico O Estado de S. Paulo, Décio ha-
blaba mucho más de los elementos circenses presentes en los espectácu-
los de teatro que de los espectáculos de circo mismos:
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«La brecha entre la crítica y el circo»: ¡una historia llena de contratiempos!
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
Por lo tanto, una vez más, descubrimos que escribir sobre la crítica circense
nunca fue fácil. Quizás se deba a eso la escasez de textos de crítica, princi-
palmente por su especificidad técnica y estética. Además, está el carácter
del valor económico del emprendimiento circense: cuanto más barato, es
decir, cuanto más pequeño y mediano es el circo, más difícil es que cual-
quier periodista se mueva para ir a verlo. Al fin y al cabo, estos circos se
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«La brecha entre la crítica y el circo»: ¡una historia llena de contratiempos!
Digo esto del circo itinerante, pero también puedo mencionar las grandes
compañías de circo que, si bien tienen esta característica, no reciben la de-
bida atención del periodismo crítico. Si esto es cierto para los grandes, es
aún más real para las pequeñas compañías, los grupos y las troupes circen-
ses, sobre todo si proceden de proyectos de circo social.
Pero, para que no digan que no hablé de flores, les traigo una historia del
Seminario Internacional de Crítica Teatral realizado por una productora de Reci-
fe en 2011. Nosotros, de la Trupe Circus, un grupo profesional de la Escola
Pernambucana de Circo, tuvimos el espectáculo Círculos que Não se Fecham...
Experimento n° 1 evaluado críticamente en ese evento. El montaje trataba
temas de la juventud, principalmente los relacionados con la violencia que
sufren los jóvenes de todas las clases sociales, pero con enfoque en los
de los suburbios urbanos (violencia de género, en la escuela, en el fútbol,
contra las mujeres, etc.). Traíamos la mirada de la juventud contemporánea
como punto de partida, en una mezcla de danza, música y teatro.
Sin embargo, el espectáculo fue criticado por periodistas que escribían sobre
teatro, ya que el seminario era sobre crítica teatral y no sobre circo. Por eso, las
críticas traen muchas evaluaciones sobre los elementos teatrales y poco o casi
nada sobre las artes circenses. Al menos nos sentimos un poco contemplados
e incluso felices de recibir una mirada crítica sobre nuestro trabajo artístico
después de 11 años de presentar espectáculos con la Trupe. Y ahí quedó.
¡Ah! Vale resaltar dos cosas: primero, que estos escritos no fueron
espontáneos, ya que los críticos no fueron a vernos por su propia voluntad.
Ellos existieron porque los críticos invitados tenían que escribir sobre los
espectáculos a los que asistían y que eran elegidos por la organización del
seminario. Por eso entramos en el conjunto de los programas analizados
críticamente. Segundo: entramos en una edición del seminario denominada
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
Teatro Fora do Eixo [Teatro Fuera del Eje], entonces entendimos que la
elección se debió al tema que se debatiría ese año, con el que tenía que ver
nuestro espectáculo, que se consideraba un circo-teatro y se realizaba en
nuestra sede, en la periferia de la ciudad de Recife.
Los textos fueron escritos por los periodistas, profesores y autores teatrales
Márcio Bastos, Jorge Bandeira, Paulo Vieira y Márcio Braz. Y si bien estos críti-
cos escribían más sobre teatro, tuvieron algún cuidado al analizar nuestro es-
pectáculo y las artes circenses que surgieron de él, como dijo Márcio Bastos:
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«La brecha entre la crítica y el circo»: ¡una historia llena de contratiempos!
Márcio Braz, si bien habla de ritmo y poco de arte circense, todavía muestra
algún prejuicio al hablar del circo tradicional, al que también llama peyora-
tivamente «viejo circo»:
Este fragmento de la crítica vuelve a tensar las divisiones entre las distin-
tas formas de expresión de las artes circenses, ya que en muchos casos se
evidencia este clima de disputa de «quién es el mejor». ¿Quién podría dis-
tinguir exactamente el llamado circo tradicional/itinerante (porque tendría
las técnicas más antiguas) del «nuevo circo» (que decía traer innovaciones
como la coreografía, el mismo teatro, la danza y una mezcla de tecnologías)
y del «contemporáneo» (en el que se dice que prevalece la dramaturgia y la
subjetividad de los temas abordados por las performances)?
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profundizarme mucho en este tema, podemos pensar una vez más que
a la crítica especializada no le importa lo que existe en las expresiones
circenses en el propio país, especialmente si son más «pobres». Como
siempre, se valora más lo que viene de fuera. Entonces seguimos con
nuestro nacionalismo.
Encontré una sola crítica más severa a uno de los espectáculos del Cirque
du Soleil, que fue precisamente de una persona de circo, Hugo Posso-
lo, artista, payaso y uno de los fundadores de la Companhia Parlapatões,
de São Paulo. Hugo incluyó no solo la crítica a la puesta en escena, sino
también al mismo hacer circense y su desvalorización en el país. Por eso,
creo que es importante traer fragmentos solo de esta crítica y no de las
de los otros cinco espectáculos de la compañía en Brasil, redundantes
en sus elogios al espectáculo, a los artistas y sus técnicas. Sí, todos ellos
son realmente excelentes, lo que no podría ser diferente al tratarse de la
compañía de circo más grande del mundo, que utiliza escenarios caros,
música siempre en vivo y alta tecnología de luces y efectos visuales. Bue-
no... traje a Hugo Possolo:
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Sin embargo, los mismos artistas del circo tienen poco acceso a estos y
a otros espectáculos que se presentan en las grandes capitales, porque
muchos de ellos están buscando su sustento para el día siguiente. Actual-
mente, muchos circos pequeños y medianos venden entradas por cinco o
incluso dos reales, cosiendo día y noche, una vez más, la carpa agujereada.
Compañías, grupos y troupes buscan contrataciones para seguir haciendo
circo, el arte que han elegido para la vida.
Pero la realidad es que está difícil, 2020 ha traído algo nuevo al mundo
del circo: la pandemia de COVID-19. Esto complicó aún más la situación del
circo: puso el mundo patas arriba, los circos cerraron durante más de seis
meses y entonces lo poco se convirtió en casi nada. Otro mundo comenzó
a existir, uno que todos llaman la «nueva normalidad». Todavía no sé decir
lo que es para mí, solo sé que estoy luchando, junto con los artistas circen-
ses, junto a mi equipo de la Escola Pernambucana de Circo, en la Cámara
Sectorial de Circo del estado de Pernambuco, tratando de resistir. Y lo esta-
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crítica em movimento:
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mos logrando. Cabe resaltar que, en este momento tan difícil, hay un gran
número de artistas circenses de todas las clases y categorías que se están
ayudando unos a otros. Es triste y al mismo tiempo hermoso. ¡Sigamos ade-
lante! Un poquito de aquí y otro poquito de allá, ¡seguimos juntos y juntas!
¡Oh, esta gente del circo es muy guerrera!
Desde muy pequeña, escucho que «el circo se está muriendo». Nunca es-
cuché que el teatro o la danza se estén muriendo, pero siempre escuché y vi
muchas cosas en este sentido. Después de observar debates, conferencias
y discusiones, y al estar hoy dentro de la historia, me doy cuenta de que
este «cuento» siempre ha sido una jugada para llevar al circo cada vez más
a la marginación.
Pero esta es otra historia y otro texto. Lo que realmente importa es que el
circo está muy vivo y atraviesa firme y fuerte otro período difícil en la histo-
ria mundial, luchando a pasos agigantados, pero siempre hermoso y mágico.
Los circos están reabriendo poco a poco, siguiendo las medidas de seguri-
dad de los organismos de salud de cada lugar, cada capital, cada pequeño
pueblo, cada rincón. Grupos, troupes, compañías y artistas independientes
y callejeros también buscan sus caminos, incluido mucho uso de Internet:
graban espectáculos, ponen a disposición los ya grabados, crean cosas
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«La brecha entre la crítica y el circo»: ¡una historia llena de contratiempos!
Si bien las artes circenses —al igual que otras expresiones artísticas— no
necesitan la crítica para sobrevivir, sería bueno que alguien, algún crítico
realmente, pero muy sensato, muy coherente, muy afectuoso, muy atento,
muy cariñoso, fuera a ver un espectáculo de circo en este momento y es-
cribiera no solo con su mirada crítica, sino con su mirada humana. Esto sí
pasaría a la historia. Pero, hasta que esto suceda, sigamos adelante... Y, con
todo mi amor, ¡viva el circo brasileño!
Apéndice
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Referencias
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FERREIRA, Claudia Márcia (Coord.). Circo – tradição e arte. Río de Janeiro: Museu
de Folclore Edison Carneiro, Funarte/Instituto Nacional do Folclore, 1987.
LEITE, Rodrigo Morais. Décio de Almeida Prado, o circo e outros gêneros “me-
nores”. Rebento: Revista de Artes do Espetáculo, n. 3, São Paulo, 2012.
MALARD, Letícia. Hoje tem espetáculo: Avelino Fóscolo e seu romance. Belo Horizon-
te: Editora UFMG, 1987.
SILVA, Erminia. O circo: sua arte e seus saberes. O circo no Brasil do final do
século XIX a meados do século XX. Tesis de maestría en Historia por la Univer-
sidad Estatal de Campinas (Unicamp), Campinas, 1996.
SILVEIRA, Cléia. Circo: educando com arte. Río de Janeiro: Fase, 2001.
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Estos diversos circos, cada uno con su propia forma de producir y organizar 2. Doctora y Magíster
en Historia Social de
sus espectáculos, se relacionaban intensamente con la vida social y urbana
la Cultura por la Uni-
de la época y, en consecuencia, recibían «inundaciones» de público, térmi- versidad Estadual de
no común en los periódicos para referirse al éxito que algunas compañías Campinas (Unicamp),
cocoordinadora del
lograban en ese momento. Por sus atracciones y su magnitud (muchos cir-
grupo de estudio
cos tenían decenas de animales, artistas e incluso sus propios barcos para e investigación de
el transporte de la compañía, como el Circo Grande Oceano), así como por las artes circenses
(FEF/Unicamp) y del
movilizar el imaginario de hombres, mujeres y niños de miles de maneras,
Grupo de Estudos e
también fueron objeto de «inundaciones» de crónicas, críticas, notas, sá- Pesquisas em Gesto,
tiras y caricaturas de prácticamente todas las producciones bibliográficas Expressão e Educa-
ção (Gepgee, FE/USP)
de la época, principalmente las periodísticas. [Grupo de Estudios
e Investigaciones en
Para que quede más claro, presentaremos algunas de ellas aquí. El Circo Chia- Gesto, Expresión y
Educación]. Es autora
rini, dirigido por el artista ecuestre Giuseppe Chiarini, estuvo en Brasil en dos de Circo-teatro: Ben-
periodos, de 1869 a 1872 y de 1875 a 1877, y era una gran compañía circen- jamim de Oliveira e a
teatralidade circense
se que presentaba números ecuestres y acrobáticos, con animales salvajes
no Brasil (Altana/
y pantomimas. En una ocasión, en Río de Janeiro, su estrecha relación con la Funarte, 2007) y co-
sociedad fluminense resultó en varias publicaciones en periódicos y revistas: ordinadora del sitio
web Circonteúdo.
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\La brecha entre la crítica y el circo
5. Para más Como podemos observar en estas citas, Chiarini conquistó al variado públi-
información, co de la corte, teniendo en cuenta la presencia de integrantes de la «mejor
vea: Cafezeiro y
Gadelha (1996, con sociedad fluminense» en los espectáculos. Esta no era una característica
la transcripción exclusiva de esta compañía, ya que varias otras compañías circenses con-
de la solicitud de
taban con la presencia frecuente de Sus Majestades Imperiales. Incluso el
João Caetano dos
Santos); Souza circo que acogió a Chiarini durante ese período, el Circo Olímpico de Rua da
(2002) y Silva Guarda Velha, fue muy frecuentado por don Pedro II. El emperador cedió
(2007).
el terreno donde se construyó el que después se denominaría Teatro Im-
perial D. Pedro II, pero de este espacio nos ocuparemos más adelante. Es
importante ahora, entre las críticas presentadas sobre los espectáculos del
Circo Chiarini, resaltar la que informa que los empresarios de Phenix y de
Ginásio, dos importantes teatros de Río de Janeiro, estaban descontentos
debido a que Chiarini «había acaparado a los espectadores».
João Caetano no estaba solo en sus posturas críticas y contrarias a los cir-
cos. A finales del siglo XIX, el dramaturgo, poeta, escritor, crítico y perio-
dista Arthur Azevedo se puso molesto por el debut de la gran compañía de
circo Frank Brown en el Theatro São Pedro de Alcântara, que, según anun-
ciaba la publicidad del espectáculo, transformó el teatro en circo (O Paiz, 23
abr. 1894, p. 4).
100
Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
Sus críticas no se detuvieron ahí. En sus escritos, siempre volvía a las ten-
siones que mantenía con las compañías de circo que «invadían» los «tem-
plos del teatro nacional»:
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Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
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Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
estos espectáculos.
Hay que confesar que el Sr. Chiarini llena las
cien bocas de la fama y no las obliga a mentir.
Los trabajos que presenta son perfectos.
El programa de los primeros espectáculos que
podemos mencionar ha sido hábilmente orga-
nizado, puntualmente completado y admira-
blemente ejecutado.
Los caballos de la compañía son magníficos y
algunos, como Ab-del-Kader y Othelo, tienen
una rara belleza en su forma y pelaje.
Causa más que admiración, sorprende mucho
la enseñanza de estos animales.
Se ve que el Sr. Chiarini aprendió de los mejores
maestros y conoce a la perfección todos los re-
cursos y secretos del arte que profesa.
Solo con sus caballos puede ofrecer a los ver-
daderos aficionados al hipismo los más intere-
santes espectáculos ecuestres.
A un gesto, a un monosílabo, dicho en voz baja,
Othelo o Turco, caballito andaluz de formas
gráciles y elegantes, obedecen al amo como
seres sumamente inteligentes.
Los ejercicios de Ab-del-Kader montado a la
amazona por la elegante y hábil escudera Ca-
tharina Holloway son en sí mismos algo que
ver y admirar.
Sin ningún esfuerzo, con mucha delicadeza, ce-
diendo a un simple movimiento de riendas, el
inteligente animal realiza todos los pasos po-
sibles para los de su especie, incluido el marcar
con las manos al caminar el compás de una pol-
ca y luego el de un vals.
Entre los artistas de la compañía que han de-
butado, mencionaremos como sumamente no-
tables a Theodoro Cuba, el morenito que hace
diabluras sobre tres caballos en pelo y final-
mente sobre cuatro, con botas de montar; el
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106
Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
de 1934, cuando fue demolido. No solo por ser un circo que tuvo una larga
vida en la ciudad, sino principalmente por los constantes espectáculos que
promovía y acogía y la intensa actuación de Bartholomeu Corrêa da Silva
como empresario, el Circo Olímpico de la Rua da Guarda Velha y su compa-
ñía aparecieron con frecuencia en los periódicos fluminenses:
Compañía ecuestre:
Dos cosas nos sorprendieron cuando entramos en el
circo de la Guarda Velha; la primera fue el soberbio
interior, aún incompleto, del edificio, que contrasta
con la insignificancia del exterior; la segunda fue,
como es natural, la perfección de los trabajos de la
compañía Chiarini.
Estaba reservado para una celebridad ecuestre ex-
tranjera que viniera a revelarnos la existencia de un
magnífico teatro entre nosotros, que la inteligente
perseverancia de un hombre trabajador va erigien-
do, a costa no se sabe de qué esfuerzos, y a la som-
bra de una excesiva modestia ―criminal modestia―,
queremos decir, porque la numerosa y brillante so-
ciedad que ahora frecuenta el circo del Sr. Bartho-
lomeu Corrêa da Silva, lo habría animado y ayudado
desde hace tiempo en su monumental empresa.
El público fluminense debe agradecer al Sr. Bartho-
lomeu Corrêa por la construcción del circo y al Sr.
Chiarini por su descubrimiento: el Sr. Chiarini fue el
Colón del Circo Bartholomeu.
Hablamos de la perfección de los trabajos de la
compañía ecuestre italiana.
No especializaremos. El público ha aplaudido prin-
cipalmente al Sr. Chiarini y la Sra. Laura Ruiz, caba-
lleros de alta escuela; y todos son unánimes al decir
que el Sr. Chiarini tiene excelentes caballos, caba-
llos tipo (Semana Illustrada, 21 nov. 1869, p. 3.735).
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Pero, como mencionamos, los periódicos brasileños del siglo XIX abordaron
el circo por medio de diferentes producciones bibliográficas: crónicas, sá-
tiras, boletines, anuncios publicitarios, notas de agradecimiento y solicitu-
des del público, entre otras.
108
Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
che»,⁹ y que: «En el género payaso, es indudable que nunca ha venido a Bra- 9. Dezeseis de Julho,
28 mar. 1870, p. 2
sil uno que, a la ligereza de los saltos, la originalidad de las posiciones y la
profusión de jocosidades, reúna, como el Sr. Ronland, la elasticidad muscu-
lar y esa habilidad natural tan necesaria para el verdadero CLOWN».¹⁰ So- 10. A Vida Fluminense,
bre este artista, se publicó el siguiente diálogo en una especie de columna 2 abr. 1870, p. 105.
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110
Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
Sin embargo, es importante hincar los pies en el suelo y recordar que los
circos, sus espectáculos y los propios artistas no siempre han recibido elo-
gios ni han sido objeto de divertidas sátiras o bromas editoriales, como
mencionamos al hablar de las posturas de João Caetano y Arthur Azevedo.
En la época, las prácticas y los saberes circenses fueron vistos de forma crí-
tica por los defensores de las prácticas de la gimnasia guiadas por un sesgo
higienista, educativo y respaldado por el discurso de la ciencia, disputando
saberes y poderes sobre los cuerpos.
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\La brecha entre la crítica y el circo
Otro caso es el del político, jurista y periodista Rui Barbosa. En sus opi-
niones sobre la reforma de la educación primaria en 1883, defendía la in-
clusión del método sueco de gimnasia en las instituciones de educación
pública, en virtud de sus características pedagógicas y su formación mo-
ral, higiénica y disciplinaria, basada en los preceptos de la ciencia (MORE-
NO, 2001). Él explicaba claramente la distancia que debía haber entre los
ejercicios físicos y las manifestaciones circenses y sus protagonistas: «No
pretendemos formar a acróbatas, ni Hércules, sino desarrollar en el niño
la cantidad de vigor físico esencial para el equilibrio de la vida humana, la
felicidad del alma, la preservación de la patria y la dignidad de la especie»
(MORENO, 2001, p. 132).
Así, como podemos observar en los ejemplos aquí presentados, los espec-
táculos circenses, sus artistas y sus sucesos en Brasil a lo largo del siglo XIX
y, por supuesto, a principios del siglo XX fueron frecuentemente contem-
plados por una parte de la prensa y de la crítica en diversas publicaciones.
Hablaron bien, hablaron mal, pero siempre hablaron del circo. Ante la mul-
tiplicidad de producciones circenses y su permanente reinvención, el circo
siempre ha estado en el punto de mira de la opinión pública e impreso en
las páginas de periódicos, revistas, folletines e incluso en publicaciones di-
rigidas a la educación o la producción cultural artística.
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Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
Finalmente, esos espectáculos que esperamos algún día poder ver juntos
llevados por este texto/encuentro son los mismos que, hace mucho tiem-
po, encontraron una brecha entre la crítica y el circo y, sabios e intrépidos
que eran, hicieron sobre ella un doble salto mortal con pirueta, aterrizan-
do seguros y siempre renovados al otro lado, arrancando fuertes y cálidos
aplausos de la multitud.
Referencias
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
SOUZA, Silvia Cristina Martins de. As noites do ginásio. Teatro e tensões cultu-
rais na corte (1832-1868). Campinas: Editora da Unicamp, Cecult, 2002.
VIEIRA, Francisco. O Theatro Lyrico: palco e picadeiro. Río de Janeiro: 19 Design, 2015.
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Respetable público: que hablen bien o mal, lo importante es que hablen de mí
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
Direcciones de internet
En la maraña de algoritmos en la que se convirtió la vida de los mortales en este planeta,
pensamos que sería bueno reunir direcciones de Internet dirigidas a la práctica de la crítica
en las áreas de circo, danza, teatro y otras variantes que se hacen presentes.
Individuales, colectivas o institucionales, las iniciativas evidencian una fuerte red de espacios
imbuida de registrar y pensar una parte considerable de las creaciones que se hacen públicas
en diferentes regiones de Brasil e incluso en el exterior. Un inventario provisional a la manera
de brújula.
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Farofa Crítica | www.farofacritica.com.br (Natal)
Farsa Mag | www.farsamag.com.ar (Buenos Aires)
Filé de Críticas | filedecriticas.blogspot.com (Maceió)
Folias Teatrais – Letras, Cenas, Imagens e Carioquices | foliasteatrais.com.br (Rio de Janeiro)
Horizonte da Cena | www.horizontedacena.com (Belo Horizonte)
Ida Vicenzia – Crítica de Teatro e Cinema | idavicenzia.blogspot.com (Rio de Janeiro)
Idança.net | www.idanca.net (São Paulo)
Ilusões na Sala Escura | www.ilusoesnasalaescura.wordpress.com (São Paulo)
Karpa | www.calstatela.edu/al/karpa (revista eletrônica latino-americana editada em Los Angeles)
Lionel Fischer | lionel-fischer.blogspot.com (Rio de Janeiro)
Macksen Luiz | macksenluiz.blogspot.com (Rio de Janeiro)
Nacht Kritik | www.nachtkritik.de (Berlim)
Notícias Teatrales | www.noticiasteatrales.es (Madri)
O Teatro como Ele É | www.oteatrocomoelee.wordpress.com (Belém)
Observatório do Teatro | www.observatoriodoteatro.uol.com.br (São Paulo)
Observatório dos Festivais | www.festivais.com.br (Belo Horizonte)
Palco Paulistano | palcopaulistano.blogspot.com (São Paulo)
Panis & Circus | www.panisecircus.com.br (São Paulo)
Parágrafo Cerrado | www.paragrafocerrado.46graus.com/ (Cuiabá)
Pecinha É a Vovozinha! | www.pecinhaeavovozinha.com.br (São Paulo)
Primeiro Sinal | primeirosinal.com.br/ (Belo Horizonte)
Qorpo Qrítico | www.ufrgs.br/qorpoqritico (Porto Alegre)
Quarta Parede | www.4parede.com (Recife)
Questão de Crítica – Revista Eletrônica de Críticas e Estudos Teatrais |
www.questaodecritica.com.br (Rio de Janeiro)
Revista Barril | www.revistabarril.com (Salvador)
Ruína Acesa | ruinaacesa.com.br (São Paulo)
Satisfeita, Yolanda? | www.satisfeitayolanda.com.br (Recife)
Teatro para Alguém | www.teatroparaalguem.com.br (São Paulo)
Teatrojornal – Leituras de Cena | www.teatrojornal.com.br (São Paulo)
Tribuna do Cretino | www.tribunadocretino.com.br (Belém)
Tudo, Menos uma Crítica | www.medium.com/@fernandopivotto (São Paulo)
Válvula de Escape | www.escapeteatro.blogspot.com (Porto Alegre)
Vendo Teatro – uma Plataforma para Falar sobre Teatro em Pernambuco |
www.vendoteatro.com (Recife)
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crítica em movimento:
\La brecha entre la crítica y el circo
Ficha técnica
NÚCLEO DE ARTES ESCÉNICAS
Gerencia
Galiana Brasil
Coordinación
Carlos Gomes
Producción
Felipe Sales
Cocuraduría
Valmir Santos
NÚCLEO ENCICLOPEDIA
Gerencia
Tânia Rodrigues
Coordinación
Glaucy Tudda
Producción
Karine Arruda
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NÚCLEO DE COMUNICACIÓN Y RELACIÓN
Gerencia
Ana de Fátima Sousa
Coordinación
Carlos Costa
Edición
Ana Luiza Aguiar (subcontratada), Milena Buarque y Valmir Santos
(cocurador)
Producción editorial
Pamela Rocha Camargo y Victória Pimentel
Diseño
Estúdio Lumine (subcontratado)
Supervisión de la revisión
Polyana Lima
Traducción al español
Atelier das Palavras Tradução Interpretação Ltda. (subcontratado)
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Adiós Paraguay | foto: Comunicação IC