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O simbolismo dos números na Maçonaria – O Zero

Diz, o Versículo 2, do Capítulo I, do Livro Génesis, o seguinte:

Gen.: I, 2 – "A terra porém era sem forma e vazia: havia trevas sobre a face do abismo, e
o Espírito de Deus pairava sobre as águas".

A primeira dificuldade de interpretação do presente versículo está na sua frase inicial: "A
terra era informe e vazia". Ora, "sem forma e vazia" simplesmente equivale a "não
existir". A segunda frase diz-nos que "havia trevas sobre a face do abismo". Mas, que
abismo? Há que se entender aqui que o "abismo" era o Espaço. Logo, o Espaço
coexistia com Deus e era anterior à Sua manifestação. Diz a terceira frase: "e o Espírito
de Deus pairava sobre as águas". Outra dificuldade grande, pois, se, como se viu, a terra
simplesmente não existia por ser "sem forma e vazia", se o "abismo" era o Espaço, que
"águas" eram estas por sobre as quais "pairava" o Espírito de Deus ". Ao que parece, o
autor do versículo não tinha uma imagem própria para dar a ideia de que o Espírito de
Deus era superior a tudo e, assim, colocou estas "águas" apenas para dar a entender
que aquele Espírito se sobrepunha a tudo. Mas, sem dúvida ele já existia e pairava,
então, no NADA!

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Assim, o NADA não era um vazio absoluto. Nele já existia o Espírito de Deus que ainda
não se manifestara. Conclui-se, pois, que o NADA, ou seja o Espaço preenchido pelo
Espírito de Deus, foi anterior a tudo e dele partiram todas as coisas. O NADA é
simbolizado na escala numérica pelo ZERO. O ZERO é, pois, a representação simbólica
do Espaço absoluto, intangível e incompreensível para a mente humana, mas que
portava em si o Espírito de Deus, ainda não manifestado, mas que sobre ele, ou nele,
pairava.

A figura mais apropriada, então, para nos dar uma ideia de Deus é o NADA que nos
sugere algo sem forma, sem consistência, sem limites e, portanto, invisível, intangível e
infinito. Não identificável por faltar elementos por nós conhecidos capazes de O
submeter a uma comparação! No entanto, Ele já existia, pois o Seu Espírito "pairava" no
Espaço. Os ocultistas denominam isto o SER no NÃO SER, isto é o ZERO, ou seja, o
Espaço com todas as coisas ainda latentes que só se tornariam realidade depois que o
Espírito de Deus nelas Se manifestasse.

A EXISTÊNCIA palpitava, pois, na NÃO EXISTÊNCIA, o SER no NÃO SER, enquanto a


CAUSA sem CAUSA (Deus) envolvia a EXISTÊNCIA e a Eternidade envolvia o Templo!

A forma geométrica do círculo (ZERO) é a que mais se presta para nos dar a ideia de
infinito porque, enquanto qualquer outro tipo de linha traçada nos mostra sempre um
princípio e um fim, o círculo (ZERO) é perfeitamente contínuo. É o ZERO que simboliza o
Espaço, o Absoluto, ainda não manifestado, o princípio latente de todas as coisas, de
que provêm todos os SEPHIROT (números de que se compõe a escala numérica da
Cabala) ou seja, deste ABSOLUTO não manifestado é que se originam todas as coisas.
Na Maçonaria, a letra "G", que é, como veremos, uma modificação do círculo (ZERO) e
representa o Grande Arquiteto do Universo, representa o "ciclo do Tempo,
perpetuamente emanado e, devorado pela Eternidade, imagem da Força Criadora que
se manifesta do estado potencial latente".

Numa última palavra, o ZERO é o símbolo esotérico que representa, Deus, Criador
incriado, a Causa sem Causa, de onde tudo se origina e que ainda é não manifestado,
"paira" no Espaço Absoluto!

Boanerges B. Castro

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