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ARTIGO ORIGINAL

Barreiras de acesso à saúde pelos usuários de drogas do consultório


na rua

Barriers of access to health for users of the consultório na rua

Barreras de acceso a la salud por los usuarios de drogas del consultório na rua

Friedrich, Melina Adriana 1; Wetzel, Christine2; Camatta, Marcio Wagner3; Olschowsky, Agnes4;
Schneider, Jacó Fernando5; Pinho, Leandro Barbosa de6; Pavani, Fabiane Machado 7

Como citar este artigo: Friedrich MA, Wetzel C, Camatta MW, Olschowsky A, Schneider JF, Pinho LB,
et al. Barreiras de acesso à saúde pelos usuários de drogas do consultório na rua. J. nurs. health.
2019;9(2):e199202

RESUMO

Objetivo: conhecer a perspectiva da equipe do consultório na rua sobre barreiras que interferem no
acesso aos serviços de saúde pelos usuários de drogas, sob a dimensão programática do conceito de
vulnerabilidade. Métodos: estudo qualitativo, descritivo, em que participaram sete trabalhadores de
uma equipe do consultório na rua por meio de entrevistas semiestruturadas, cujos dados foram
tratados por análise temática. Resultados: as barreiras ao acesso identificadas foram: estigma, rede
de serviços compartimentalizada, falta de recursos/serviços de saúde mental, burocracia dos
processos de cuidado e territorialização. O consultório na rua é uma estratégia inovadora de cuidado,
propiciando o acesso às pessoas excluídas e estigmatizadas. Considerações finais: uma rede ainda
compacta, linear, com processos rígidos e fechados, tem limitado avanços no cuidado desses usuários,
pois não possui a porosidade necessária para potencializar o acolhimento das subjetividades e a
efetiva resposta às necessidades em saúde.
Descritores: Saúde mental; Serviços de saúde mental; Acesso aos serviços de saúde; Usuários de
drogas; Pessoas em situação de rua.

1 Enfermeira. Especialista em Saúde Mental. Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUCRS). E-mail: melina.enfa@gmail.com http://orcid.org/0000-0001-7360-9317
2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem Psiquiátrica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:
cwetzel@ibest.com.br http://orcid.org/0000-0002-9125-0421
3 Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:
mcamatta@gmail.com http://orcid.org/0000-0002-4067-526X
4 Enfermeira. Doutora em Enfermagem Psiquiátrica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:
agnes@enf.ufrgs.br http://orcid.org/0000-0003-1386-8477
5 Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:
jaco_schneider@uol.com.br http://orcid.org/0000-0002-0151-3612
6 Enfermeiro. Doutor em Enfermagem Psiquiátrica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:
lbpinho@ufrgs.br http://orcid.org/0000-0003-1434-3058
7 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:
fabianepavani04@gmail.com http://orcid.org/0000-0002-3858-8036

Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons CC BY NC. É permitido que outros distribuam,
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ABSTRACT

Objective: to know the Consultório na rua’s team perspective about the barriers that interfere in
the access to health services for drug users, under the programmatic dimension of the vulnerability
concept. Methods: a qualitative, descriptive study in which seven workers from a team of the
Consultório na rua participated through semi-structured interviews, whose data were treated by
thematic analysis. Results: the identified barriers to the access were: stigma, shared services
network, lack of mental health resources and services, bureaucracy of care processes and
territorialization. The Consultório na rua is an innovating care strategy since it provides access to
excluded and stigmatized people. Final Considerations: a network that is still compact and lineal
with rigid and closed processes has limited advancements in the care of such users because it neither
has the needed porosity in order to maximize welcoming to the subjectivities nor the effective
response to their health needs.
Descriptors: Mental health; Mental health services, Health services accessibility, Drugs users,
Homeless persons.

RESUMEN

Objetivo: conocer la perspectiva del equipo de Consultório na rua sobre las barreras que interfieren
en el acceso a la salud por los usuarios de drogas, bajo la dimensión programática del concepto de
vulnerabilidad. Métodos: estudio cualitativo descriptivo, con siete trabajadores de un equipo del
Consultório na rua a través de entrevistas semiestructuradas, cuyos datos se trataron mediante
análisis temático. Resultados: las barreras al acceso fueran: estigma, red de servicios compartida,
falta de recursos y de servicios de salud mental, burocracia de los procesos del cuidado y
territorialización. El Consultório na rua es una estrategia innovadora del cuidado que propicia acceso
a las personas excluidas y estigmatizadas. Consideraciones finales: una red todavía compacta y
lineal con procesos rígidos y cerrados presenta avances limitados en el cuidado de estos usuarios ya
que no posee la necesaria porosidad para potenciar la acogida de las subjetividades y efectiva
respuesta sus necesidades en salud.
Descriptores: Salud Mental; Servicios de salud mental; Accesibilidad a los servicios de salud;
Consumidores de drogas; Personas sin hogar.

INTRODUÇÃO

Considerando a necessidade de possibilitando o seu protagonismo no


oferta de ações voltadas para o cuidado de si e no manejo do uso.
consumo prejudicial de álcool e outras Contudo, os projetos de redução de
drogas por pessoas em situação de rua, danos têm apresentado alguns
tem-se a constituição de políticas de problemas: em sua maioria continuam
saúde mental específicas para essa a ser desenvolvidos à margem do
população, sendo o espaço da rua lócus Sistema Único de Saúde (SUS);
do cuidado.1 permanecem desarticulados de outras
instâncias; seu espectro de ação é
Nessa direção, a perspectiva da
limitado, encontrando forte
redução de danos direciona um
tensionamento com outros setores do
conjunto de políticas públicas para o
aparelho estatal posicionados a favor
enfrentamento dessa necessidade,
de uma política antidrogas.2
articulando distintas realidades. Tal
articulação requer a inclusão das Os Consultórios de Rua (CdR)
pessoas que usam drogas, iniciaram na cidade de Salvador, em

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1999, com o objetivo não relacionado mas abarcando as situações de
diretamente aos cuidados em saúde, vulnerabilidade associadas.1
mas como uma forma de aproximação Essa mudança de nomenclatura
e estreitamento de vínculos com a (Consultório “de” para Consultório
população de rua usuária de drogas.3 “na” Rua) reflete o reconhecimento da
Essa experiência precursora foi complexidade das demandas e
incorporada enquanto política pública necessidades de saúde da população
a partir de 2009, com o Plano em situação de rua, exigindo a
Emergencial de Ampliação de Acesso integração intersetorial e introduzindo
ao Tratamento e Prevenção em Álcool a perspectiva da vulnerabilidade no
e outras Drogas no SUS (PEAD), lançado seu enfrentamento.3
nesse mesmo ano, e com o Plano O conceito de vulnerabilidade
Integrado de Enfrentamento ao Crack e tem apoiado produções em saúde
outras Drogas (PIEC), em 2010.1 pública, dada sua potência na
Nesses Planos, o CdR tornou-se discussão em termos não apenas da
um importante dispositivo que visou justiça social e das desigualdades em
substituir o modelo assistencial com saúde, mas como aporte metodológico
base no modelo biomédico, centrado que ancora análises de situações,
na lógica da demanda espontânea e da programas e políticas de saúde. A
abordagem única de abstinência. O noção de vulnerabilidade não
fracasso desse modelo, no que se corresponde a um conceito unívoco,
refere ao cuidado de pessoas em sendo carreado por diferentes
situação de rua, exige que as ações acepções, usos e repercussões nas
passem a considerar outras maneiras produções acadêmicas.5
de cuidar, considerando os contextos O conceito de vulnerabilidade
de vida e promovendo articulações na permite que se amplie o
rede de serviços de saúde e reconhecimento de suscetibilidades
intersetorial.1 para além do entendimento dos
Em 2011, esse reconhecimento usuários de drogas como “grupo de
provocou a desvinculação do CdR da risco”, à medida que o trabalho em
rede de atenção integral em álcool e saúde e a complexidade desse campo
outras drogas e a sua integração às exigem ampliação da capacidade de
equipes de Atenção Básica (AB).4 análise e de intervenção. Isto porque
se pode olhar a vulnerabilidade pela
Em 2012, mediante a sua inclusão
dimensão individual (parte de aspectos
na Política Nacional de Atenção Básica,
próprios ao modo de vida das pessoas),
o termo Consultório na Rua (CnR)
pela dimensão social (analisa os
passou a ser adotado, com o
processos saúde/doença como
entendimento de que deve estar apto
processos sociais) e pela dimensão
para atender as diferentes demandas
programática (a qual considera os
apresentadas pela população em
recursos e dispositivos sociais
situação de rua, não se restringindo ao
disponíveis).6 A acepção da
trabalho em torno do uso de drogas,
vulnerabilidade como parâmetro de
reflexão e atuação implica o

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reconhecimento da concomitância de determinadas condições sociais de
fatores éticos, políticos e técnicos no vulnerabilidade.6 Para tanto, com esta
cuidado em saúde.7 pesquisa se objetivou conhecer a
perspectiva da equipe do Consultório
Nessa direção, realizar uma
na Rua sobre barreiras que interferem
investigação de como o CnR, enquanto
no acesso aos serviços de saúde pelos
um dispositivo mais amplo de
usuários de drogas, sob a dimensão
atendimento, se concretiza na
programática do conceito de
qualidade de prática assistencial, a
vulnerabilidade.
partir dos atores que vivenciam o seu
cotidiano, permite conhecer a forma MÉTODO
com que as diferentes dimensões da
vulnerabilidade podem impactar a vida Estudo de natureza qualitativa
dos seus usuários. Neste artigo descritiva, realizado na cidade de
pretende-se discutir as barreiras que Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no ano
interferem no acesso dos usuários de de 2012. Os participantes da pesquisa
um CnR a outros serviços de saúde, na foram sete trabalhadores de uma
perspectiva da equipe. equipe de CnR, de diferentes
O acesso em saúde vem sendo categorias profissionais (serviço social,
discutido como um dos grandes terapia ocupacional, educação física,
desafios para o SUS e precisa ser psicologia e enfermagem), que
analisado a partir das especificidades e atuavam junto ao CnR no momento da
diferentes contextos do trabalho em coleta de dados. Foram incluídos todos
saúde. Propõe-se, aqui, a discussão os profissionais da equipe que se
sobre o acesso em relação à dimensão propusseram a participar da pesquisa.
programática do conceito de A coleta de dados foi realizada
vulnerabilidade.6 mediante entrevistas
A vida das pessoas nas sociedades semiestruturadas, contendo questões
é sempre mediada pelas diversas sobre o processo de trabalho da equipe
instituições sociais: família, escola, e as estratégias de cuidado utlizadas
serviço de saúde, entre outros. Para no cotidiano de trabalho.
que os recursos sociais, dos quais as A análise de dados foi realizada a
pessoas precisam, estejam disponíveis partir da proposta de Minayo,8 em três
de forma efetiva e democrática é etapas, com a ordenação dos dados
necessário que existam esforços após a transcrição das entrevistas, fez-
programáticos nessa direção.6 se a releitura do material coletado, o
Por essa razão, o plano de análise qual foi organizado iniciando-se uma
da dimensão programática da classificação que permitisse a
vulnerabilidade busca avaliar de que construção de um mapa horizontal.
modo, em circunstâncias sociais dadas, Posteriormente, ocorreu a
as instituições, especialmente as de classificação dos dados, com a leitura
saúde, educação, bem-estar social e exaustiva e repetida das entrevistas,
cultural, atuam como elementos que estabelecendo-se interrogações e
produzem ou aprofundam identificando-se o que surgia de
relevante. Essa classificação foi

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baseada em aspectos formulados nos éticos também foram assegurados aos
objetivos que nortearam a participantes pela assinatura do Termo
investigação, procurando-se de Consentimento Livre e Esclarecido.
estabelecer a primeira aproximação A garantia do anonimato dos mesmos
com os significados revelados na fala nos depoimentos foi feita pela
dos atores sociais envolvidos. Após, identificação deles pela letra “E” de
fez-se a leitura transversal, entrevista, seguida pela numeração da
recortando-se cada entrevista por mesma.
assunto, tópico de informação ou
temas. Em seguida, realizou-se o RESULTADOS E DISCUSSÃO
enxugamento da classificação por
temas mais relevantes, em um A universalidade ― um dos
processo de aprofundamento da princípios do SUS ― determina que
análise. Essa fase possibilitou a todos os cidadãos tenham acesso aos
construção de duas categorias serviços de saúde, nos níveis do
empíricas: o Consultório na Rua sistema de saúde, assegurado por uma
enquanto dispositivo de acesso à rede: rede hierarquizada e com tecnologia
transpondo barreiras e superando o apropriada para cada nível.9 No
estigma; e as dimensões da entanto, o direito à saúde, o acesso e
organização do trabalho e do cuidado a integralidade ainda são entendidos
em liberdade. Por fim, foi realizada a de forma abstrata pelos usuários, pois
análise final, na qual foram esses conceitos são concretizados de
estabelecidas articulações entre os forma parcial nas políticas públicas de
dados e os referenciais teóricos, saúde brasileiras.10
promovendo relações entre o concreto Assim, questiona-se: quantos
e o abstrato, o geral e o particular, a habitantes brasileiros seriam cidadãos
teoria e a prática. e quantos deles sequer sabem que não
Neste artigo, discutem-se as o são? O fato de nascer e ingressar na
barreiras que interferem no acesso de sociedade humana garante uma soma
usuários de um Consultório na Rua aos inalienável de direitos ao indivíduo,
serviços de saúde, que emergiu da fazendo de cada qual um portador de
categoria empírica da pesquisa: “o prerrogativas sociais, entre as quais o
Consultório na Rua enquanto direito a um teto, à comida, à
dispositivo de acesso à rede: educação, à saúde, à proteção contra
transpondo barreiras e superando o o frio, a chuva, as intempéries; o
estigma”. direito ao trabalho, à justiça, à
liberdade e a uma existência digna.11
A pesquisa assegurou os princípios
éticos, conforme a Resolução n.º Na condição de princípio, o
466/2012, sendo aprovada pelo Comitê acesso aos serviços de saúde deve ser
de Ética em Pesquisa da Instituição garantido a toda a população em
onde foi desenvolvido o estudo sob n.º condições de igualdade, não
12-100 e Certificado de Apresentação importando o gênero, a situação
para Apreciação Ética econômica, social, cultural ou
06002712.0.3001.5530. Os princípios religiosa, mas podendo haver uma
discriminação positiva em casos

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especiais, em que a prioridade deve indivíduos que estão em posição de
ser dada a quem tem mais excluídos na sociedade.14
necessidades, devendo haver O trabalhador do CnR coloca-se
equidade. Esse acesso também deve em posição de ponte, ligando o
garantir possibilidades de atendimento indivíduo ao serviço de saúde,
em todos os níveis de complexidade do encurtando distâncias e constituindo-
sistema de saúde.9 se em elemento favorecedor do acesso
O direito, portanto, não se a outros serviços da rede. Assim, a
restringe à saúde; ele abarca um finalidade do CnR, de acordo com o
campo de possibilidades de acesso entendimento dos entrevistados, é a
muito além dessa questão: de possibilitar o acesso à saúde,
viabilizar, o que, em verdade, é direito
Muitos estão sem trabalhar há do cidadão:
muito tempo. Então tem todo um
trabalho que a gente faz de Acho que o Consultório na Rua
cidadania, de reinserção social tem essa missão: viabilizar,
das pessoas, porque as pessoas possibilitar o acesso a essas
estão realmente em exclusão pessoas. Em última análise, a
social e eles se dão conta disso e gente está falando de um direito
falam: ‘A gente está aqui que de cidadania que mesmo quem
nem lixo’. Ninguém chega aqui. está na rua tem. (E2)
Só vocês [CnR] para entrar aqui e
conversar com a gente e atender Tem umas situações bem difíceis,
a gente. (E6) que são questões de cidadania,
vão para além das questões de
A negação dos direitos produz um saúde que a gente tem que
círculo vicioso que pode englobar os orientar as pessoas para que elas
profissionais dos serviços públicos busquem exercer os seus direitos,
como atores envolvidos na produção de os mínimos direitos que um
mais marginalização, estigma e cidadão tem nesse país. (E6)
preconceitos.12
Essa tarefa faz com que a equipe
A partir do exposto, pudemos do CnR perceba uma série de impasses,
perceber que a noção de direito à à medida que essa falta e/ou
saúde é sensível aos contextos dificuldade de acesso desencadeia um
histórico e social, nos quais se contexto ainda mais vulnerável a essa
desenvolve. O direito à saúde das população.
populações em situação de rua, apenas
recentemente passou a receber Na percepção dos entrevistados,
melhores investimentos para sua configuram-se como barreiras para o
efetividade - especialmente com o acesso aos usuários do CnR: o estigma,
programa CnR,13 sendo o mesmo a rede de serviços
identificado como porta de entrada compartimentalizada, a falta de
para os serviços de saúde, recursos/serviços de saúde mental no
possibilitando o acesso àqueles município, a burocracia dos processos
de cuidado e a territorialização.

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Em relação ao estigma, os Comumente, essa população
entrevistados afirmam que: distancia-se do sistema de saúde,
chegando a temer a ação de serviços e
É uma população que é excluída, trabalhadores responsáveis pelo seu
é estigmatizada [...] eles não vão cuidado, comparando-se a uma espécie
espontaneamente. Muito pelo de “lixo social”. Como reflexo desse
estigma que esses serviços estigma, os usuários percebem-se
demonstram e rechaçam, menos humanos que o restante da
excluem, não facilitam esse população, geralmente acusados pelo
acesso. (E1) olhar do outro e na maneira como são
tratados ou destratados, sobretudo
Têm medo de ser mal atendido, quando estão frente a frente com um
não são reconhecidos. (E3) trabalhador de saúde.
Já aconteceu comigo de levar A percepção de discriminação, a
alguém muito sujo e os meus pouca ou nula confiança nas
colegas [da área da saúde] instituições e a precariedade dos
disseram: ‘por que tu trouxeste vínculos sociais nesse grupo podem
para cá?’. (E5) funcionar como fatores que
dificultariam a busca efetiva por
A gente escutou de colegas [...]: serviços de saúde.16 Agregado a isso, os
‘por que tanto investimento profissionais que atuam nos serviços
nessa gente que não tem mais públicos de saúde, frequentemente
conserto?’. Os moradores de rua não estão capacitados para o
são malvistos, são maltratados, atendimento dessa população, porque
são destratados. (E6) desconhecem suas particularidades,
homogeneizando-as sob estigmas e
O termo estigma pode ser
rótulos.17
definido como marca física ou social de
conotação negativa ou que leva o seu Essa constatação revela uma
portador a ser marginalizado ou contradição do trabalho em saúde à
excluído de algumas situações sociais. medida que se espera desse
A estigmatização ocorre quando se trabalhador um cuidado orientado pela
atribuem rótulos e estereótipos integralidade, como preconizado pelas
negativos a determinados políticas públicas, em que as
comportamentos, acrescentando os necessidades de saúde dos sujeitos
modos de ser e levar a vida.15 sejam acolhidas de forma ampliada.
Dessa forma, evidencia-se que esta
O estigma pode impedir as
postura frente à população em
pessoas de procurarem ou
situação de rua ainda é incipiente nos
participarem plenamente dos serviços
espaços tradicionais de serviços de
de saúde, sobretudo devido à ameaça
saúde.
de desaprovação social ou autoestima
diminuída que acompanha o rótulo, Com isso, as pessoas em situação
gerando, portanto, serviços de rua acabam tornando-se invisíveis,
subutilizados, dificultando o acesso de em um processo de objetualização e
quem mais precisa deles.15 normalização, exigindo maiores

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esforços na busca para assegurar a saúde que ainda não consegue realizar
continuidade dos cuidados ofertados a a transformação do modelo de atenção
elas. operando, predominantemente, sob a
lógica da tradição biomédica, o que
É a invisibilidade, invisibilizar o interfere nos fluxos mais contínuos de
visível é normal. Eles se tornam acesso aos diferentes níveis de atenção
invisíveis, [...] a gente tende a de acordo com as necessidades dos
não querer olhar aquela pessoa. usuários.
E esquece que ali existe uma vida
A crítica aos modelos
e cada um tem uma história. (E5)
hierarquizados tem apontado a
Outro fator limitador do acesso necessidade de superar a ideia de
está relacionado à percepção de que as pirâmide por modelos mais flexíveis,
necessidades dos usuários não são com variadas portas de entrada e
passíveis de serem compartimentadas fluxos reversos entre os vários
em níveis de complexidade, exigindo serviços.18
conexões com as mais diversas
Entretanto, ressalta-se que essa
instituições da rede de atenção à
premissa básica, ainda vivenciada de
saúde.
maneira precária para a população em
É uma atenção de cuidados geral, quase sempre é dificultada para
básicos, cuidados primários, mas as pessoas em situação de rua,
ao mesmo tempo é especializada, relegando-as ainda mais ao status de
porque essa população é marginalizado social.
especial. [...] demanda uma série A organização do cuidado em
de estratégias, como também um saúde não deve partir apenas de uma
olhar especial para essa orientação técnica, desconsiderando
população em questões de álcool as opções, interesses e desejos dos
e drogas, que é das questões que sujeitos a quem as ações de saúde são
mais vulnerabilizam a população direcionadas. Em relação a isso, os
que vive na rua. (E6) entrevistados dizem que a proposta do
Se, por um lado, o sistema de CnR não objetiva, necessariamente,
saúde brasileiro tem a previsão de uma fazer as pessoas saírem da rua, mas
rede hierarquizada em níveis de concentrar seus esforços no
atenção, por outro, ao ser orientado desenvolvimento de estratégias de
pela diretriz de integralidade deve preservação da vida e promoção da
considerar a integração entre ações em saúde, propiciando o acesso aos
todos os níveis de complexidade, serviços de atenção à saúde e sociais,
conforme a necessidade. A respeitando e reconhecendo as
hierarquização, nessa configuração, escolhas desses usuários.
busca estabelecer fluxos assistenciais
Quando a gente começa intervir,
entre os serviços, de maneira a regular
muitas pessoas acabam optando
o acesso.18
por sair daquela situação. Mas
A falta de integração da rede de tem muitas pessoas que seguem
serviços pode evidenciar um sistema de vivendo daquele modo, então o

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objetivo primeiro não é que as A postura que favorece o respeito
pessoas saiam, mas que as à produção de subjetividades,
pessoas cuidem da sua saúde. respeitando as opções e tempos de
(E6) cada um, esbarra na carência de um
sistema que possibilite dar respostas
Vai depender do vínculo que a concretas e mais imediatas às
pessoa vai criando com o usuário, demandas dos usuários.
de sentir que naquele momento
ele precisa de um atendimento Falta política. Para se conseguir
para a dependência química [...] uma internação psiquiátrica, é
quando está nesse momento, que muito difícil, são poucos leitos
eles acham que precisam para muitos usuários. (E3)
internar, aí eles nos solicitam.
(E3) Vai e fala com a coordenação, vai
em reuniões com a rede para
Nesse sentido, busca-se uma discutir as coisas [...] a gente tem
postura de negociação dos profissionais que ir mendigando no sistema, na
com os usuários, respeitando-se sua rede. (E6)
autonomia enquanto modo de o
indivíduo gerar normas para a própria [...] agora resolvi me internar,
vida, de acordo com as diversas me tratar, mas tem que ser
situações vivenciadas no cotidiano. A agora. Se eu marco para outro
partir disso, o conceito de poder dia, a pessoa não está mais lá.
contratual torna-se central, (E7)
compreendido como a capacidade do
sujeito em realizar trocas com seu Para compreender a percepção
contexto social por meio de relações de “falta de leitos” torna-se necessário
que estabelece com os diferentes analisar esse contexto, pois o formato
sujeitos e instituições, ampliando suas de rede compartimentalizada dificulta
possibilidades de elaborar projetos que o acesso do usuário do CnR aos serviços
possam contribuir para modificar as especializados, cuja regulação ainda
condições concretas de sua vida.19 obedece a lógicas centralizadoras e
excludentes.
Para ilustrar o respeito que os
trabalhadores têm pelas escolhas dos Somado a isto, cabe destacar que
usuários, a busca de internação a política de saúde mental idealizou os
hospitalar para o tratamento do uso de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
drogas, via de regra é desencadeada a como protagonistas no processo da
partir do momento em que surge a reforma psiquiátrica. No entanto, a
demanda por parte do usuário, mesmo constatação da falta de investimentos
que tenha sido indicada em outros em estratégias que atuem na
momentos pela equipe. No entanto, articulação da rede de atenção,
quando buscam esse recurso na rede de contraditoriamente parece coadunar-
atenção em saúde, os trabalhadores se com a atual situação de isolamento
evidenciam como barreira a falta dele dos Centros de Atenção Psicossocial
no município estudado. Álcool e Drogas (CAPS AD),
confundindo-os com os ambulatórios

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tradicionais de saúde mental, o que, tem endereço, não tem
de certa maneira, os aproxima do documento. (E3)
paradigma psiquiátrico anteriormente
vigente. Isso implica a não É muita burocracia para se
implementação dos pressupostos das conseguir um atendimento. (E4)
políticas de álcool e drogas, no que
concerne à distribuição da oferta A gente entra em contato com a
assistencial ao longo de um continuum rede, tenta agendar horário,
de cuidados.20 articular com eles, tenta explicar
a situação. (E5)
O CnR ingressa em um campo de
disputas e tensionamentos sobre os As regras, horários e rotinas dos
melhores modos de atender as serviços nem sempre são inclusivas, à
demandas advindas do uso de drogas, medida que não possibilitam
de modo que as diretrizes da redução flexibilizar sua programação.
de danos podem aparecer combinadas
à tradicional ênfase repressiva e Muitas vezes tu entras na fila
proibicionista, favorecendo que as junto com todos os outros
iniciativas, entre as quais o CnR, sejam usuários e tu expõe o teu usuário
portas para internações compulsórias porque ele está daquela forma,
que nada mais são do que atualizações ou ele está muito debilitado, ou
de práticas higienistas.21 [...], muito sujo e não está se
sentindo bem [...] facilitaria
Tal distorção da política e bastante o nosso trabalho
fragilização desses dispositivos da rede enquanto colegas [...] e
intensificam a vulnerabilidade facilitaria sobremaneira... o
programática identificada na acesso e a permanência do
assistência aos usuários de drogas usuário nesses serviços, se eles
atendidos pelo CnR, pois obstaculizam fossem acolhidos de uma forma
o acesso a serviços de saúde de mais humana. (E7)
maneira efetiva e democrática.
Essas exigências, entre outras,
Outro fator constatado são as para usuários em situação de rua,
barreiras burocráticas, sendo tomadas dificultam a utilização do serviço de
como argumentos de exclusão dos saúde, principalmente no que diz
usuários, conforme revelam as falas a respeito à atenção primária,
seguir: considerada a porta de entrada
preferencial de todos os cidadãos ao
Não atendem porque se fecham sistema de saúde pública.22
numa lógica administrativa,
burocrata ou se defendem Os entrevistados entendem que
através dela. (E1) um acolhimento mais humano
facilitaria o trabalho da equipe do CnR,
Alguns postos de saúde favorecendo não somente o acesso do
apresentam certa resistência de usuário, mas, também, o seu vínculo
atender porque é morador de com o serviço. Isso mostra que ainda
rua, não tem residência fixa, não existe dificuldade de reorientar a

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organização do processo de trabalho Na mesma direção, a
para que nele seja exercitada certa vulnerabilidade programática aparece
flexibilidade e plasticidade, relacionada à diretriz da
permitindo que o imprevisível e o não territorialização, quando tomada como
programado possam ser incorporados delimitação geográfica de acesso,
nos serviços. configurando-se em mais uma barreira.
O cuidado ao indivíduo em E outro problema é em relação ao
situação de rua exige a competência território, porque não faz parte
técnica do profissional, aliada às do território, embora o morador
determinadas qualidades humanas, esteja naquela área do posto, às
como a solidariedade e a vezes, como ele tem um endereço
intencionalidade, para compreender a de um familiar que fica fora da
pessoa a ser cuidada e para que este área, já acham que não pertence
cuidado seja prestado de acordo com aquela área. (E3)
as necessidades dela.23
A continência às necessidades de Entendam esse perfil e atendam
saúde das pessoas está relacionada ao como sendo do território mesmo
acesso à garantia do cuidado e à eles não tendo uma casinha. [...]
construção de vínculo entre os sujeitos que os nossos trabalhadores
ofertados pelas instituições.24 tenham mais sensibilidade com
esse público que é diferente. (E4)
Uma característica dos
dispositivos de saúde, que se configura A gente se depara muito na
enquanto barreira na circulação e questão de endereço, tem que
acesso da população em situação de ter endereço: ‘mas eu moro na
rua à rede, é a excessiva rua’, então é muito difícil. (E5)
burocratização e impessoalidade na
oferta dos procedimentos, em A territorialização, utilizada
detrimento do acolhimento.22 como argumento de exclusão, deve ser
Evidencia-se, portanto, uma repensada, considerando-se que, em
importante vulnerabilidade um país ainda repleto de desigualdades
programática para o atendimento sociais, ter onde morar nem sempre é
dessa população nos serviços de saúde, acessível a todos.
os quais deveriam ter maior interface A Reforma Sanitária brasileira
com o CnR, apoiando suas ações e motivou uma reflexão sobre o
garantindo o acesso dos usuários. funcionamento dos serviços e sobre sua
Assim, esses serviços e profissionais de base territorial, levando a um maior
saúde parecem não se ocupar em interesse sobre os critérios de
estimular a transformação das relações delimitação de territórios para a
usuários-serviços/profissionais, no saúde. É sob essa ótica gerencial que
sentido de emancipação de situação de se invoca o conceito de território,
vulnerabilidades vivenciadas por eles, concebido como área político-
sejam biológicas e/ou sociais.5 administrativa com maior ênfase na
repartição do espaço do que nos
processos que aí se desenvolvem.

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Assim, essa prática acaba reduzindo reflexão crítica, reorientar suas
essa área a uma linha traçada no mapa, práticas.
e o ato de territorializar os serviços
acaba expressando seu significado CONSIDERAÇÕES FINAIS
imediato de definir e criar limites de
atuação dos serviços.22 A discussão sobre o acesso a partir
da vivência cotidiana de trabalhadores
As equipes de estratégia de saúde que integram a equipe de um CnR
da família que adotam uma lógica possibilitou a aproximação com
hegemônica da territorialização rígida questões nem sempre visíveis “de
nem sempre têm as portas abertas a dentro” dos serviços e instituições.
esse grupo social, refletindo, muitas
vezes, a falta de sensibilidade da O presente artigo, além de
equipe em atender os moradores de demonstrar a importância do CnR em
rua. Somado a isso, a incapacidade de relação à maior aproximação das
um único local para atender à pessoas em situação de rua com os
variedade de problemas apresentados serviços de saúde, possibilitou que se
pelos moradores de rua é uma barreira lançasse um olhar a partir das vivências
adicional.23 dos trabalhadores, os quais
identificaram barreiras de acesso que,
A postura de atuação dos muitas vezes, passam despercebidas
profissionais de saúde acaba por aos trabalhadores que atuam “entre
aprofundar as condições socialmente quatro paredes”. Por sua vez, a
dadas de vulnerabilidade, afastando-os pesquisa propiciou a identificação de
de sua função primeira de acolher as barreiras de acesso ao atendimento de
demandas e necessidades dos usuários, pessoas em situação de rua: o estigma,
e de interferir favoravelmente nos a compartimentalização da rede, a
condicionantes e determinantes do necessidade de melhorias na política
processo saúde/doença.7 pública de saúde mental no município
Ainda que haja desafios estudado e as barreiras burocráticas,
institucionais, humanos e técnicos a sendo uma delas a própria
serem superados, o CnR representa territorialização tomada como critério
avanço no cuidado às pessoas em de exclusão.
situação de rua, mediante o Para os trabalhadores do CnR os
fortalecimento da perspectiva dos próprios usuários em situação de rua
direitos humanos, intersetorialidade e não são reconhecidos como cidadãos
da atenção integral como política de com o direito de acessar às condições
Estado.24 básicas de vida, aprofundando a sua
Isso exige que, para além de vulnerabilidade e estigma social.
culpabilizações vazias, muitas vezes A rede de atenção ― compacta e
usadas como justificativa para a linear, com processos rígidos e
desassistência às pessoas em situação fechados ― também tem limitado
de rua, todos os sujeitos implicados em avanços no cuidado desses usuários,
dar repostas possam, a partir de uma pois não permite a porosidade
necessária para potencializar o

J. nurs. health. 2019;9(2):e199202 12


acolhimento das subjetividades e a experimentação e cuidado nos relatos
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8/1807-5762-icse-1807-
constitucional, sendo o acesso aos
576220150342.pdf
serviços um dos elementos centrais
para sua efetivação. 3 Londero MFP, Ceccim RB, Bilibio LFS.
Consultation office of/in the street:
Considerando-se a proposta de
challenge for a healthcare in verse.
organização de uma rede de atenção
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9/en_1807-5762-icse-1807-
acesso evidenciadas no estudo, as
576220130738.pdf
pessoas em situação de rua raramente
chegam espontaneamente aos serviços 4 Simões TRBA, Couto MCV, Miranda L,
de saúde, o que leva a um Delgado PGG. Mission and
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serviços e seus trabalhadores,
evidencia-se que o CnR é uma 114/en_0103-1104-sdeb-41-114-
0963.pdf
estratégia que pode favorecer o acesso
aos dispositivos de saúde e sociais a 5 Oliveira RG. Práticas de saúde em
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