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ISRAEL MARCOLIN PINTO

LUIS BANACZEK

ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO – NOTAS DE AULA

PONTA GROSSA-PR

2014
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5
2. ASPECTOS GERAIS DO PROJETO ESTRUTURAL ........................................................... 6
2.1 FINALIDADES ............................................................................................................................ 6
2.2 FASES ......................................................................................................................................... 6
3. LANÇAMENTO DA ESTRUTURA ............................................................................................ 7
3.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS ................................................................................................ 7
3.2 REGRAS GERAIS ..................................................................................................................... 7
3.3 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS .............................................................................................. 8
4. CARGAS E ESFORÇOS NAS LAJES ................................................................................... 10
4.1 GENERALIDADES .................................................................................................................. 10
4.1.1 Conceito ............................................................................................................................. 10
4.1.2 Tipos de lajes .................................................................................................................... 10
4.2 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O FUNCIONAMENTO DAS LAJES DE
EDIFÍCIOS ....................................................................................................................................... 11
4.3. VÃOS TEÓRICOS .................................................................................................................. 11
4.4 CARGA POR METRO QUADRADO ATUANTE NA LAJE ............................................... 12
4.5 DISTRIBUIÇÃO DA CARGA POR METRO QUADRADO NAS DUAS DIREÇÕES DA
LAJE ................................................................................................................................................. 15
4.6 VERIFICAÇÃO DA FLECHA EM LAJES ............................................................................. 19
4.7 CARGAS DAS LAJES SOBRE AS VIGAS .......................................................................... 21
4.8 MOMENTOS FLETORES NAS LAJES ARMADAS EM UMA SÓ DIREÇÃO ................ 23
4.9 MOMENTOS FLETORES NAS LAJES ARMADAS EM CRUZ ........................................ 26
5. FLEXÃO SIMPLES DE SEÇÕES RETANGULARES DE CONCRETO ARMADO ........ 64
5.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 64
5.2. DESCRIÇÃO DOS “ESTÁDIOS” DO CONCRETO ARMADO ........................................ 65
5.3. HIPÓTESES A SE ADOTAR NO ESTÁDIO III (E.L.U) .................................................... 66
5.4. TENSÕES A SE ADOTAR NO ESTÁDIO III (E.L.U) ........................................................ 67
5.5 AÇOS PARA CONCRETO ARMADO .................................................................................. 67
5.6. DIAGRAMAS TENSÃO X DEFORMAÇÃO ........................................................................ 67
5.7. TIPOS DE RUPTURA – SEÇÃO COM ARMADURA SIMPLES ..................................... 68
5.8. FÓRMULAS GERAIS – ESTÁDIO III – ARMADURA SIMPLES ..................................... 70
5.9. ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO DE SEÇÕES RETANGULARES À FLEXÃO
COM ARMADURA SIMPLES ....................................................................................................... 73
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5.10. VERIFICAÇÃO DA MÁXIMA RESISTÊNCIA DE SEÇÕES RETANGULARES COM


ARMADURA SIMPES À FLEXÃO ............................................................................................... 75
5.11. SEÇÕES COM ARMADURA DUPLA ............................................................................... 77
5.12. VERIFICAÇÃO DA MÁXIMA RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE SEÇÕES COM
ARMADURA DUPLA ..................................................................................................................... 84
6. DETALHAMENTO DE LAJES ................................................................................................. 96
6.1. ARMADURA POSITIVA......................................................................................................... 96
6.2. ARMADURAS NEGATIVAS ................................................................................................ 99
6.3. APRESENTAÇÃO DOS DETALHES ................................................................................ 102
7. CISALHAMENTO ..................................................................................................................... 106
7.1. GENERALIDADES ............................................................................................................... 106
7.2. FÓRMULAS PARA O CÁLCULO DAS ARMADURAS ................................................... 108
7.3 RESISTÊNCIA DO ELEMENTO ESTRUTURAL NO PLANO DE TRAÇÃO ................ 112
7.4 RESISTÊNCIA DO ELEMENTO ESTRUTURAL NO PLANO DE COMPRESSÃO .... 114
7.5 RESISTÊNCIA GLOBAL DO ELEMENTO ESTRUTURAL ............................................. 114
7.6 ARMADURA TRANSVERSAL MÍNIMA (ESTRIBOS) ..................................................... 115
7.7. ELEMENTOS ESTRUTURAIS LINEARES COM bw > 5d (LAJES) ............................. 115
7.8. OUTRAS PRESCRIÇÕES DA NBR 6118 ........................................................................ 117
8. DETALHAMENTO DE VIGAS DE SEÇÃO RETANGULAR ............................................ 126
8.1. GENERALIDADES ............................................................................................................... 126
8.2 ARMADURAS TRANSVERSAIS (ESTRIBOS) ................................................................. 126
8.3. ARMADURAS LONGITUDINAIS (FLEXÃO) .................................................................... 127
8.4. ANCORAGEM ....................................................................................................................... 128
9. PILARES DE SEÇÃO RETANGULAR .................................................................................... 142
9.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 142
9.2. CARGAS ................................................................................................................................ 142
9.3. ESFORÇOS PARA DIMENSIONAMENTO ...................................................................... 143
9.4. LIMITAÇÕES DA NBR 6118 ............................................................................................... 150
9.5. DIMENSIONAMENTO DE PILARES À COMPRESSÃO SIMPLES ............................. 154
9.5.1. Considerações Iniciais .................................................................................................. 154
9.5.2. Fórmula geral da carga de ruptura ............................................................................ 154
9.5.3. Roteiro prático para dimensionar à compressão simples ....................................... 155
10. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE FUNDAÇÕES ............................................................... 174
10.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 174
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10.2. SAPATAS POLIGONAIS RÍGIDAS ................................................................................. 175


10.3. SAPATAS COM VIGA ....................................................................................................... 181
10.4. SAPATAS COM MAIS DE UM PILAR (ALINHADOS) .................................................. 182
10.5. BLOCOS DE ESTACAS (E TUBULÕES) ....................................................................... 189
10.6. BLOCO DE UMA ESTACA ............................................................................................... 191
10.7. MÉTODOS DAS BIELAS PARA DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS E
DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS COM MAIS DE UMA ESTACA .................................. 195
10.8. VERIFICAÇÃO DO CISALHAMENTO ............................................................................ 196
10.9. BLOCO DE DUAS ESTACAS .......................................................................................... 196
10.10. BLOCOS DE TRÊS ESTACAS ...................................................................................... 198
10.11. BLOCO DE QUATRO ESTACAS .................................................................................. 201
10.12. BLOCO COM QUALQUER NÚMERO E POSIÇÃO DE ESTACAS ....................... 204
10.13. VIGAS DE EQUILÍBRIO (VIGAS-ALAVANCA) ........................................................... 218
11. CAIXAS D’ÁGUA ...................................................................................................................... 222
11.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 222
11.2. FUNCIONAMENTO............................................................................................................ 222
11.2.1. Caixas vinculadas a estruturas de apoio ................................................................. 222
11.2.2. Caixas independentes ................................................................................................ 223
11.3. CARGAS .............................................................................................................................. 223
11.4. VÍNCULOS ENTRE OS ELEMENTOS ........................................................................... 225
11.5. ESFORÇOS NOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS ........................................................ 225
11.7. DETALHAMENTO .............................................................................................................. 226
12. ESCADAS................................................................................................................................... 228
12.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 228
12.2. CARGAS .................................................................................................................................. 228
12.3. CONSIDERAÇÕES P/ ESCOLHA DO SISTEMA ESTRUTURAL ................................. 229
EXERCÍCIOS PROPOSTOS .......................................................................................................... 232
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 237
ANEXOS ............................................................................................................................................ 238
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1. INTRODUÇÃO

Ao analisarmos a estrutura de uma edificação, podemos reconhecer que as


suas diferentes partes sofrem esforços de vários tipos e de várias intensidades e que,
para resistir a esses esforços, as partes das estruturas devem ter formas e dimensões
diferentes, além de atender à economia.
As obras de concreto estrutural, no Brasil, são regidas, basicamente, pela
ABNT NBR 6118 Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento.
Este conjunto de notas de aulas visa elucidar a área de atuação do profissional
responsável pelas estruturas de concreto armado. É ma coletânea de anotações de
distintos profissionais da Engenharia Civil e de livros da disciplina.
Não é nossa intenção abordar todos os aspectos relativos ao tema, o que seria
impraticável em virtude de sua abrangência. O principal objetivo é apresentar um
curso completo e atualizado sobre os métodos de cálculo das estruturas usuais de
concreto armado.
Espera-se contribuir que novos profissionais e aqueles que já trabalham na
área possam usufruir e ampliar seu cabedal com este conjunto de notas de aula.

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2. ASPECTOS GERAIS DO PROJETO ESTRUTURAL

2.1 FINALIDADES

- Segurança;
- Economia;
- Facilidade executiva; e
- Funcionalidade.

2.2 FASES

- Lançamento da estrutura: consiste em escolher e dispor adequadamente os


elementos estruturais básicos de forma a melhor atender as finalidades do projeto. É
a fase mais importante pois dentre as inúmeras opções deve-se escolher o melhor
lançamento o qual proporcionará mais economia, facilidade e funcionalidade.
- Carregamento: é a fase em que se calculam as cargas que irão atuar nos diversos
elementos estruturais: pesos próprios, revestimentos, paredes, sobrecargas,
telhados, enchimentos, cargas de um elemento sobre o outro, etc.
- Esforços: é a fase em que se calculam e quantificam os esforços originados pela
aplicação das cargas nos diversos elementos estruturais, em função do arranjo que
se fez entre eles (lançamento).
- Dimensionamento: é a fase em que se calculam as dimensões (seções) que os
diversos elementos estruturais deverão ter para resistir aos esforços.
- Detalhamento: é a expressão gráfica do projeto estrutural onde todos os elementos,
em conjunto e individualmente são desenhados e convenientemente cotados e
detalhados para um perfeito entendimento por parte do executor. Nessa fase também
se quantificam os materiais a serem utilizados na execução da estrutura.

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3. LANÇAMENTO DA ESTRUTURA

3.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS

- Lajes: são elementos de grande área e pequena espessura que recebem as cargas
de utilização do pavimento (sobrecargas) e as transmitem as vigas que as circundam,
juntamente com o seu peso próprio, revestimento e outras cargas.
- Vigas: são elementos de pequena seção e grande comprimento horizontal que
recebem as cargas das lajes, paredes e eventualmente de outras vigas, transmitindo-
as juntamente com o peso próprio aos pilares.
- Pilares: são elementos de pequena seção e de grande comprimento vertical que
recebem as cargas das vigas de um pavimento e as transmitem juntamente com seu
peso próprio ao seu trecho subjacente. Este recebe as cargas das vigas do pavimento
por ele sustentado, as cargas de seu trecho superior juntamente com o seu peso
próprio as transmitem ao seu trecho subjacente. Assim sucessivamente acumulando
cargas. Seu último trecho as transmitem aos elementos de fundação.
- Elementos de fundação: recebem as cargas do trecho mais inferior dos pilares que
acumulou os carregamentos de todos os pavimentos e as transmitem direta ou
indiretamente ao solo.
OBSERVAÇÕES:
- As lajes e as vigas constituem a estrutura do pavimento;
- O conjunto das lajes, vigas, pilares e elementos de fundação constituem a estrutura
do edifício.

3.2 REGRAS GERAIS

- Estrutura do edifício:
1 – Determine as posições das vigas e pilares no pavimento-tipo (com maior número
de repetições).
2 – Verificar se a posição dos pilares pode ser mantida nos demais pavimentos –
observar janelas, portas, corredores e especial atenção com garagens preservando
espaço para manobra e guarda de veículos.
3 – Caso sejam mantidas as posições dos pilares, lançar as estruturas dos demais
pavimentos. Caso não seja possível manter as posições dos pilares, reestudar no

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pavimento-tipo as posições a serem alteradas, sempre observando as consequências


nos demais pavimentos.
4 – Caso não se encontre posição satisfatória para todos os pavimentos, projetar vigas
de transição.
- Estrutura do pavimento:
1 – Redesenhar a planta do pavimento sem as esquadrias porém preservando as
posições de portas e janelas, e ainda eliminando informações desnecessárias tais
como linhas de cota, indicações de revestimento, etc.
2 – Projetar as vigas coincidindo com as paredes.
3 – Em cômodos muito pequenos eliminar as vigas apoiando as paredes diretamente
nas lajes.
4 – Em cômodos muito grandes projetar vigas intermediárias.
5 – Posicionar pilares preferencialmente nos cantos e encontros de vigas. Porém tal
posicionamento pode ser impedido por imposições arquitetônicas e/ou funcionais.
Pode-se utilizar apoios de vigas sobre vigas e ainda pode-se projetar balanços nas
vigas.

3.3 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS

- Espaçamento dos pilares:

Usual: de 2,00 a 8,00 m

Melhor: de 3,00 a 6,00 m

Ideal para vigas: 4,00 m

Ideal para garagens: 5,00 m

- Largura das vigas: sempre que possível utilizar a largura do tijolo. Paredes de meio
tijolo (6 furos a espelho) de 10 a 12 cm; paredes de ¾ de tijolo de 13 a 15 cm.
- Altura de vigas: limitadas a vergas de portas nas vigas internas. Observar vergas de
janelas nas vigas externas. De uma forma geral, a estimativa de altura necessária
como sendo em torno de 10 % do vão é um ponto de partida válido para os cálculos.
A altura definitiva só será definida no dimensionamento.
- Posição relativa de vigas e lajes:
Viga normal: a face superior da viga coincide com a face superior da laje.

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Viga invertida: a face inferior da viga coincide com a face superior da laje.
OBERVAÇÃO: poderá haver posição intermediária da viga em relação a laje, não
havendo coincidência de faces.
- Rebaixo de lajes: prever lajes rebaixadas onde houver necessidade, tais como
terraços (10 a 15 cm), banheiros (20 a 30 cm) – em desuso, etc.
- Nomenclatura: deve-se nominar as lajes, vigas e pilares utilizando-se uma letra –
L,V,P seguida de um número, preferencialmente em ordem da esquerda para a direita
e de cima para baixo no desenho, partindo-se da posição da planta que coincida com
a do projeto (planta) arquitetônico. Nas vigas pode-se acrescentar uma letra minúscula
indicativa de cada tramo. Observar que as vigas serão lidas no projeto a partir da
direção usada nessa nomenclatura. Isso deve ficar bem claro para evitar inversões na
confecção de projetos e na execução da obra.

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4. CARGAS E ESFORÇOS NAS LAJES

4.1 GENERALIDADES

4.1.1 Conceito

Lajes são elementos estruturais bidirecionais (duas dimensões predominantes e


pequena espessura) solicitadas predominantemente por cargas normais ao seu plano
médio, utilizadas para suportar os carregamentos que atuam sobre o pavimento,
transmitindo-os as vigas que as circundam.

4.1.2 Tipos de lajes

Maciças: somente constituída de concreto armado.


Nervuradas/mistas: além do concreto armado há a inclusão de elementos de
enchimento.
Pré-moldadas: as convencionais são constituídas por vigotas de concreto armado,
lajotas cerâmicas e capa superior de concreto; treliçadas: as vigotas são substituídas
por treliças com a parte inferior pré concretada.
Outros tipos de lajes: de acordo com avanço tecnológico.
- Classificação estrutural:
Se existirem 4 vínculos:
Lajes armadas em uma só direção: quando a relação entre as dimensões dos vãos
teóricos for menor que 0,5 e maior que 2,0. Apóiam-se na direção de menor vão.
Lajes armadas em cruz: quando a relação entre as dimensões dos vãos teóricos
estiver entre 0,5 e 2,0, incluindo os limites. Apóiam-se nas duas direções.
Se existirem três vínculos: dependendo da relação entre os vãos teóricos as lajes
poderão ser armadas em cruz (ver tabelas específicas) ou não. No caso de serem
armadas em uma só direção ou apoiar-se-ão em duas das vigas ou serão engastadas
nas outras.
Se existirem dois vínculos: perpendiculares – analisar cada caso para definir o
esquema estrutural; paralelos – a laje será armada somente na direção perpendicular
aos vínculos.
Se existir um vínculo: a laje será armada somente na direção perpendicular a esse
vínculo que necessariamente um engaste.

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4.2 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O FUNCIONAMENTO DAS LAJES DE


EDIFÍCIOS

- Apoio simples ou engaste: as diversas placas que constituem a laje do pavimento,


se contínuas, isto é, se estiverem no mesmo nível sobre as vigas, serão a princípio
engastadas umas às outras, salvo algumas limitações expostas a seguir. Nas
extremidades não é conveniente considerar engastamentos pois isso acarreta esforço
de torção nas vigas da periferia.
- Diferenças de nível: quando entre as lajes adjacentes houver grande diferença de
nível devida a rebaixos despreza-se a continuidade entre elas considerando o vínculo
como apoio simples para as duas lajes.
- Comprimento do vínculo com continuidade: quando ao longo de um vínculo existir
menos de 2/3 do vão teórico da laje com continuidade despreza-se a continuidade e
esse vínculo será considerado apoio para essa laje. Quando houver 2/3 ou mais do
vão teórico da laje com continuidade sobre o vínculo este será considerado engaste
para essa laje.
- Grandes diferenças de dimensões e carregamentos entre lajes adjacentes: quando
lajes adjacentes apresentarem grandes diferenças de vãos e/ou carregamentos,
mesmo sendo contínuas deve-se analisar cuidadosamente cada caso para haver
certeza da possibilidade de engastá-las entre si. Lajes muito grandes ou muito
carregadas influenciam demasiadamente lajes vizinhas muito menores ou muito
menos carregadas forçando o giro do vínculo descaracterizando a condição de
engaste. Portanto estudar adequadamente cada situação e eliminar engastes e/ou
analisar diferentes hipóteses de carregamentos.

4.3. VÃOS TEÓRICOS

São os vãos utilizados na classificação estrutural e nos cálculos dos esforços e


flechas.
Obtenção: a NBR 6118 define os vãos teóricos como sendo iguais a distância entre
os centros dos apoios, não se tomando valores superiores aos seguintes:
- Lajes isoladas: vão livre mais espessura da laje no meio do vão;

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- Lajes contínuas: no vão central será a distância entre os centros dos apoios. No vão
extremo é o vão livre mais a semilargura do apoio interno mais semiespessura da laje
no meio do vão.
- Balanços: extensão livre mais são semiespessura da laje no apoio.
RESUMO:
Para se obter o vão teórico, em cada direção da laje soma-se ao vão livre sempre
duas parcelas referentes aos vínculos: metade da espessura da laje se for apoio e
metade da largura da viga se for engaste. Se for balanço soma-se a extensão livre
com a semiespessura da laje no vínculo.
- Nomenclatura:
Vãos teóricos serão designados por lx e ly, convencionando-se que lx será o vão na
direção do maior número de engastes. Quando o número de engastes for igual nas
duas direções lx será o menor vão.

4.4 CARGA POR METRO QUADRADO ATUANTE NA LAJE

São consideradas como sendo distribuídas uniformemente nas duas direções,


tendo portanto uma dimensional força/área (kN/m²). Dividem-se em cargas
permanentes (g) e cargas acidentais (q) perfazendo um total (p) em kN/m².
As permanentes são aquelas que não variam no decorrer do tempo, sendo
constituídas pelo peso próprio da laje e de todos os elementos construtivos fixos como
revestimentos, alvenarias e ainda de instalações permanentes como telhados e
proteções.
As acidentais referem-se as cargas de utilização, normalmente designadas por
sobrecargas e variam em função da finalidade da edificação.
As sobrecargas são definidas pela NBR 6120 na tabela 2. Em caso de não
utilização específica considerar o valor de 0,5 kN/m².
O peso próprio é baseado no peso específico do concreto armado 25 kN/m²
segundo a NBR 6120 para lajes maciças, bastando multiplicá-lo pela espessura da
laje em (m) para obter a carga em kN/m².
Pp = Ɣ.h
Se forem utilizados materiais de enchimento como nas lajes nervuradas deve-
se levar em conta peso específico dos materiais de enchimento.

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A espessura de uma laje somente será definida no dimensionamento. Nessa


fase de carregamento ela deverá ser estimada.
A NBR 6118 estabelece as seguintes espessuras mínimas para lajes maciças:
- espessura maior ou igual a 5,0 cm para coberturas (lajes) que não estejam em
balanço.
- espessura maior ou igual a 7,0 cm para pisos e coberturas inclusive em balanço.
- espessura maior ou igual a 10,0 cm para pisos submetidos a veículos a veículos com
peso total menor ou igual a 30 kN.
- espessura maior ou igual a 12,0 cm para veículos com peso total maior que 30 kN.
Para estimativa da espessura de uma laje pode ser usada a expressão
empírica:
h = (2,5 – 0,1.n).l* + 2,0

Retirada da publicação “fixação prática e econômica das espessuras de laje usuais


maciças e nervuradas de concreto armado” de autoria do engenheiro Claudinei
Pinheiro Machado.
Na expressão a espessura (h) sai em cm; n é o número de bordas engastadas
da laje; l* em metros é o menor valor entre l menor e 0,7 l maior.
OBSERVAÇÃO: l menor e l maior podem ser utilizados nesta expressão como sendo
os vãos livres da laje.
Revestimentos: sua carga é baseada nos pesos específicos dos materiais de
revestimento e das espessuras aplicadas na laje. A NBR 6120 estabelece os pesos
específicos de alguns materiais de construção, entre os quais:
- Argamassa de cimento, cal e areia = 19 kN/m³
- Argamassa de cimento e areia (contrapiso) = 21 kN/m³
- Lajotas cerâmicas = 18 kN/m³
- Madeira de ipê = 10 kN/m³
- Granito = 30 kN/m³
OBSERVAÇÃO: No assentamento de peças cerâmicas são normalmente aplicados
0,04 a 0,08 kN/m² de argamassa colante dependendo das dimensões da cerâmica.
Paredes: A NBR 6120 indica 13 kN/m³ como sendo o peso específico de tijolos
cerâmicos furados e 18 kN/m³ se forem maciços. Tomando esses valores para
paredes prontas e revestidas em ambos os lados, para calcular seu peso total basta

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multiplicar seu volume (espessura x altura x comprimento) e multiplicar pelo peso


específico, obtendo resposta em kN.
OBSERVAÇÃO: Se quisermos obter peso de uma parede por metro de comprimento
basta multiplicar a área da seção transversal (espessura x altura) pelo peso
específico, obtendo o resultado em kN/m.

Em lajes armadas em cruz: Considera-se que o peso total da parede seja


uniformemente distribuído em toda a área da laje, portanto basta dividir o peso total
da parede pela área da laje utilizando os vãos teóricos.

Em lajes armadas em uma só direção:

- Se a parede for paralela a direção da armação considera-se sua carga


uniformemente distribuída numa faixa de largura igual à metade do vão teórico na
direção da armação
- Se a parede for perpendicular à direção da armação
A carga será distribuída somente na direção da parede solicitando a laje como
se fosse concentrada a cada metro de extensão da parede.
Enchimentos: todo e qualquer enchimento deverá ter seu peso incluído no
carregamento, calculado multiplicando-se peso específico pela espessura.
OBSERVAÇÃO: Escória de construção (caliça) tem peso específico 10 kN/m³.

Telhados: As estruturas de sustentação dos telhados quando, quando construídas


sobre lajes, em geral são pontaletadas, isto é, descarregam o peso das telhas e o seu
próprio peso sobre a laje através dos pontaletes. A laje absorve esse carregamento
como uniformemente distribuído. O valor dessa carga varia em função do tipo de
estrutura (material) e do tipo de telha. Algumas variações desses carregamentos estão
expressas no volume 2 do Manual do Construtor de João Baptista Pianca.
Outras cargas: ao analisar o projeto arquitetônico percebe-se a existência de outras
cargas além das já mencionadas. Obviamente todas as cargas devem ser avaliadas
e acrescentadas ao carregamento das lajes.

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4.5 DISTRIBUIÇÃO DA CARGA POR METRO QUADRADO NAS DUAS DIREÇÕES


DA LAJE

A carga atuante na laje se dividirá em duas parcelas, cada qual solicitando a


laje em cada uma das direções da armação. Para se obter o momento fletor em cada
direção é necessário conhecer cada parcela do carregamento.
- Lajes armadas em uma só direção: não haverá redistribuição da carga, sendo que a
totalidade do carregamento solicitará a laje somente na direção da armação.
Tomando-se para cálculo de uma faixa de largura 1 m tem-se:
Caso 1: (apoios)

Se ly > 2 lx

- Lajes armadas em cruz: a carga por m² se distribuirá nas duas direções da armação
solicitando a laje nessas duas direções. Tomando-se faixas de 1 m de largura em cada
direção tem-se:
Exemplo:
Caso 1: (4 apoios)

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Ponto em comum  fx = fy

𝑞. 𝑙 2 𝑃. 𝑙 2
𝑀= =
8 8
No centro do vão há uma ponto comum as duas faixas de 1m de largura. A
flecha nesse ponto ocasionada por Py e por Px tem de ser igual.

- Fórmulas para determinação de flechas:


Flecha depende: carga, vão, vínculo, seção e material.
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- Vigas com 2 apoios:


5 𝑝. 𝑙 4
𝑓= =
384 𝐸. 𝐼

- Vigas em 1 apoio e 1 engaste:


5 𝑝. 𝑙 4
𝑓= =
384 𝐸. I
- Vigas em 2 engastes:
5 𝑝. 𝑙 4
𝑓= =
384 𝐸. 𝐼
- Determinação do coeficiente Kx de distribuição de carga:
Tendo em vista as equações para determinação da flecha, a carga e o vão em
cada direção da armação e a condição de igualdade das flechas nas duas direções,
existem, em função das vinculações das bordas das lajes, seis casos poderão ocorrer.

Caso 1 – 4 apoios
5 𝑃𝑥. 𝑙𝑥 4 5 𝑃𝑥. 𝑙𝑥 4
𝑓𝑥 . ; 𝑓𝑦 = .
384 𝐸. 𝐼 384 𝐸. 𝐼

5 𝑃𝑥.𝑙𝑥 4 5 𝑃𝑦.𝑙𝑦 4
Como: 𝑓𝑥 = 𝑓𝑦 => . = .
384 𝐸.𝐼 384 𝐸.𝐼

𝑃𝑥. 𝑙𝑥 4 = 𝑃𝑦. 𝑙𝑦 4
𝑃𝑥 𝑃𝑦 𝑃𝑥 + 𝑃𝑦
4
= 4 →
𝑙𝑦 𝑙𝑥 𝑙𝑦 4 + 𝑙𝑥 4

Como: Px+Py=P
𝑃𝑥 𝑃
4
= 4
𝑙𝑦 𝑙𝑦 + 𝑙𝑥 4

𝑙𝑦 4
𝑃𝑥 = .P
𝑙𝑦 4 +𝑙𝑥 4

Dividindo-se numerador e denominador por lx4:

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𝑙𝑦 4
4
𝑃𝑥 = 4𝑙𝑥 4 . 𝑃
𝑙𝑦 𝑙𝑥
4 + 4
𝑙𝑥 𝑙𝑥

𝑙𝑦 4
( )
𝑙𝑥
𝑃𝑥 = .𝑃
𝑙𝑦 4
( ) +1
𝑙𝑥

𝑙𝑦
Chamando: =λ
𝑙𝑥
λ4
𝑃𝑥 = .P
λ4 +1

λ4
Chamando: = 𝐾𝑥
λ4 +1
Px=Kx.P

Como: Py=P-Px
Py= P-Kx.P
Py=(1-Kx).P

Com o raciocínio análogo pode-se determinar Kx para todos os seis casos


expressos no resumo abaixo:
Resumo Geral dos casos:
𝑙𝑦
λ= ; 𝑃𝑥 = 𝐾𝑥. 𝑃; 𝑃𝑦 = (1 − 𝐾𝑛). 𝑃
𝑙𝑥

λ4 5λ4 λ4
𝐾𝑥 = 𝐾𝑥 = 𝐾𝑥 =
λ4 + 1 5λ4 + 2 λ4 + 1

18
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

5. λ4 2. λ4 λ4
𝐾𝑥 = 𝐾𝑥 = 𝐾𝑥 =
5. λ4 + 1 2. λ4 + 1 λ4 + 1
O comprimento lx será:
1 – menor número de engastes;
2 – menor vão

4.6 VERIFICAÇÃO DA FLECHA EM LAJES

A determinação da flecha pode ser feita tanto utilizando a carga Px ou Py, visto
que fx=fy. Adotando a direção de lx tem-se:
Fórmulas:
5 𝑝𝑥.𝑙𝑥 4
Lajes em 2 apoios: . =𝑓
384 𝐸.𝐼

2 𝑝𝑥.𝑙𝑥 4
Lajes em 1 apoio e 1 engaste: .
384 𝐸.𝐼

1 𝑝𝑥.𝑙𝑥 4
Lajes com 2 engastes: .
384 𝐸.𝐼
Onde:
f=flecha em metros, por metro de largura de laje
Px=Kx.p  KN/m²
lx=vão teórico em cm
19
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

E= modulo de elasticidade secante do concreto


E=0,85.5600.Fck¹/²
Com fck em MPa e
E sai em MPa
Na expressão da flecha utilizar Ex10³
I= Momento de inércia da seção
𝑏.ℎ³
𝐼=
12
Como:
b= 1,00 m =100 cm
h  cm
I  cm4

Em balanços:
- Para carregamento uniformemente distribuído
1 𝑝. 𝑙 4
𝑓0 = .
8 𝐸. 𝐼
- Para carregamento na extremidade
1 𝑝. 𝑙 3
𝑓𝑐 = .
3 𝐸. I

Limites para flechas (NBR 6118)

1 – O limite da flecha quando calculada para a carga total da laje vale:


𝑙𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟
f max =
250
2 – Quando se trata de apenas sobrecarga:
𝑙𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟
f max =
350

20
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

3 – Para balanços os limites são os mesmos considerando-se 2.l sendo l a extensão


do balanço.
OBSERVAÇÃO1: Nos três casos, utilizar o vão teórico.
OBSERVAÇÃO 2: A verificação da flecha para a sobrecarga terá sentido e casos onde
a sobrecarga é muito grande em relação as cargas permanentes e visa prevenir a
fadiga do material em caso de sucessivas aplicações e retiradas da sobrecarga

4.7 CARGAS DAS LAJES SOBRE AS VIGAS

São cargas uniformemente distribuídas ao longo dos apoios das lajes sobre as
vigas. Sua obtenção é simplificadamente indicada pela NBR 6118 para qual se divida
a laje em áreas de influência pela carga (p) da laje. Sendo esse carregamento suposto
uniformemente distribuído ao longo da viga, basta dividir esse produto pela extensão
do apoio em questão, usando o vão teórico.
O critério para se obter as áreas de influência é semelhante a divisão das águas
de um telhado, adotando-se ângulos de 45º entre vínculos da mesma natureza,
60º/30º para engaste/apoio e 90º/0º para qualquer vínculo adjacente a borda livre.

Exemplo:
Caso 1 – 4 apoios

21
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Cargas:
𝐴1
𝑅𝑥𝑎 = carga=p(kn/m²)
𝑙𝑦

𝐴2.𝑝
𝑅𝑥𝑎 =
𝑙𝑥

Áreas:
𝑙𝑥 𝑙𝑥 𝑙𝑥 2
𝐴2 = . =
2 2 4
𝑙𝑥. 𝑙𝑦 − 2𝐴2 𝑙𝑥. 𝑙𝑦 𝑙𝑥 2
𝐴1 = = −
2 2 4
Portanto:
𝑙𝑥 − 𝑙𝑦 𝑙𝑥 2 𝑃
𝑅𝑥𝑎 = ( − ).
2 4 𝑙𝑦
𝑙𝑥 𝑙𝑥 𝑙𝑦
𝑅𝑥𝑎 = ( − ) . 𝑝. 𝑙𝑥 λ=
2 4. λ 𝑙𝑥
1 1 𝟎, 𝟐𝟓𝟎
𝑅𝑥𝑎 = ( − ) . 𝑝. 𝑙𝑥 𝑹𝒙𝒂 = (𝟎, 𝟓𝟎𝟎 − ) . 𝒑. 𝒍𝒙
2 4.λ 𝛌
𝑙𝑥 2 𝑝 1
𝑅𝑦𝑎 = . ⁄𝑙𝑥 𝑅𝑦𝑎 = . 𝑝. 𝑙𝑥
4 4
𝑹𝒚𝒂 = 𝟎, 𝟐𝟓𝟎. 𝒑. 𝒍𝒙
Genericamente:
R=K.p.lx
Sempre lx
Seguindo o raciocínio semelhante pode-se determinar os valores com
coeficiente K para todos os seis casos que podem ocorrer, sempre em função de

22
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

λ= ly/lx, devidamente tabelados, onde:


Rxe= carga na direção paralela a lx sobre o engaste.
Rxa= carga na direção paralela a lx sobre o apoio
Rye= carga na direção paralela a ly sobre o engaste
Rya= carga na direção paralela a ly sobre o apoio
OBSERVAÇÃO: utilizar essa simplificação de cálculo de cargas tanto para as lajes
armadas em cruz como para as lajes armadas em uma só direção.

4.8 MOMENTOS FLETORES NAS LAJES ARMADAS EM UMA SÓ DIREÇÃO

Lajes isoladas

Uma laje armada em uma só direção é chamada isolada quando não houver
outra laje armada em uma só direção adjacente a ela na direção da armação, podendo
no entanto haver lajes armadas em cruz ao seu redor dando condições de
engastamento. Os momentos fletores nessas lajes serão calculados pelas expressões
a seguir em função dos vínculos existentes na menor direção, desse vão teórico e do
carregamento p.

Lajes em 2 apoios:

23
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑝. 𝑙 2
𝑚= 𝑥=0
8
Laje em 1 apoio e 1 engaste:

𝑝. 𝑙 2 𝑝. 𝑙 2
𝑚= 𝑥=
14,22 8
Lajes em 2 engastes:

𝑝. 𝑙 2 𝑝. 𝑙 2
𝑚= 𝑚=
24 12

Lajes contínuas: lajes armadas em uma só direção serão chamadas contínuas quando
houver mais de 1 laje armadas em uma só direção adjacente na direção da armação.
Momentos Fletores:
Cálculo exato: utilizar qualquer processo da Teoria das Estruturas para vigas
contínuas, neste caso com largura de 1,00 m.
Cálculo aproximado: admite-se o cálculo dos momentos fletores de lajes armadas em
uma só direção contínuas pela expressão

24
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

p.l²
M ou x=
𝑘
Com os valores de K dados a seguir, desde que a diferença entre os vãos das
lajes seja menor ou igual a 20% do menor vão.

Valores de K:
Vãos extremos K=11
Vãos centrais K=15
Entre dois vãos extremos K= - 8
Entre 1 vão externo e 1 central K= - 9
Entre 2 vãos centrais K= - 10

Os momentos fletores finais sobre cada apoio serão obtidos calculando-se


separadamente o valor com cada uma das cargas e vãos adjacentes ao apoio.
Toma-se como valor final o maior valor entre a média dos dois momentos e
80% do maior deles.
Influência de balanços sobre lajes armadas em uma só direção:

Para cálculo da laje essa influência será calculada segundo o seguinte roteiro:
1 – Supor que o vínculo da laje com o balanço seja engaste;
2 – Calcular momento fletor negativo da laje no vínculo de ligação com o balanço (X
laje)

25
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

3 – Calcular o momento fletor negativo do balanço sem considerar a sobrecarga (X


balanço sem sobrecarga)
4 – Comparar os dois valores
5 – Se X laje maior ou igual que balanço sem sobrecarga o vínculo entre a laje e o
balanço para cálculo da laje será efetivamente engaste.
6 – Se X laje maior que balanço sem sobrecarga o vínculo entre a laje e o balanço
para cálculo da laje deverá ser considerado apoio (pois o balanço não terá condições
de equilibrar o engastamento da laje).

OBSERVAÇÃO: O momento fletor final para dimensionamento dessa ligação será


sempre o do balanço com a sobrecarga.

4.9 MOMENTOS FLETORES NAS LAJES ARMADAS EM CRUZ

- Processo de Marcus

O processo clássico da “teoria das grelhas” para cálculo dos esforços em lajes
armadas em cruz considera que, em cada direção os momentos fletores são
calculados independentemente, levando-se em conta a parcela de carga, as
condições de vinculação e o vão em cada direção, através das equações:

𝑃𝑥. 𝑙𝑥 𝑃𝑦. 𝑙𝑦
𝑀𝑥 = 𝑀𝑦 =
𝑚𝑥 ∗ 𝑚𝑦 ∗
𝑃𝑥. 𝑙𝑥 2 𝑃𝑦. 𝑙𝑦
𝑋𝑥 = − 𝑋𝑦 = −
𝑛𝑥 ∗ 𝑛𝑦 ∗
Onde:
Laje em 2 apoios: mx*=my*=8
nx*=ny*=
26
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Laje em 1 apoio e 1 engaste: mx*=my*=14,22


nx*=ny*=8

Laje em 2 engastes: mx*=my*= 24


nx*=ny*= 12

Marcus observou que os momentos fletores negativos calculados pela teoria


das grelhas apresentavam valores muito próximos da realidade. Porém os momentos
fletores positivos resultavam em valores superiores aos obtidos experimentalmente,
em função da resistência à torção das faixas perpendiculares aos momentos
calculados. Elaborou uma teoria complexa e exata para cálculo desses momentos, a
seguir substituída por uma teoria aproximada e simplificada amplamente difundida
tanto pela praticidade e com pequena margem de erro.
As fórmulas de Marcus para os momentos fletores positivos são:

𝒑𝒙. 𝒍𝒙𝟐 𝒑𝒚. 𝒍𝒚𝟐


𝑴𝒙 = . 𝒗𝒙 𝑴𝒚 = . 𝒗𝒚
𝒎𝒙∗ 𝒎𝒚∗
Onde Vx e Vy são coeficientes corretores dos momentos fletores e valem
𝟐𝟎. 𝑲𝒙 𝟐𝟎𝑲𝒙. 𝝀²
𝑽𝒙 = 𝟏 − 𝑽𝒚 = 𝟏 −
𝟑𝒎𝒙∗ . 𝛌² 𝟑𝒎𝒚∗

As equações Mx e My podem ser escritas:


𝐾𝑥. 𝑝. 𝑙𝑥 2 𝐾𝑦. p. 𝑙𝑦 2
𝑀𝑥 = . 𝑣𝑥 𝑀𝑦 = . 𝑣𝑦
𝑚𝑥 ∗ 𝑚𝑦 ∗

𝑝. 𝑙𝑥 2
𝑝. 𝑙𝑦 2 𝑙𝑥 2
𝑀𝑥 = 𝑚𝑥 ⁄𝐾𝑥. 𝑉𝑥

𝑀𝑦 = . 𝑥 ( )
𝑚𝑦 ∗ 𝑙𝑥²
𝐾𝑦. 𝑉𝑦

𝑝. 𝑙𝑦 2 . 𝑙𝑥 2 𝑝. 𝑙𝑥 2 . λ2 𝑝. 𝑙𝑥 2
𝑀𝑦 = = =
𝑚𝑥 ∗ . 𝑙𝑥 2 𝑚𝑦 ∗ 𝑚𝑦 ∗
𝐾𝑦. 𝑉𝑦 𝐾𝑦. 𝑉𝑦 𝐾𝑦. 𝑉𝑦. λ²

Chamando:
27
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑀𝑥 ∗ 𝑚𝑦 ∗
= 𝑚𝑥 , = 𝑀𝑦
𝐾𝑥. 𝑉𝑥 𝐾𝑦. 𝑉𝑦. 𝜆²

Fica:
𝑝. 𝑙𝑥 2 𝑝. 𝑙𝑦 2
𝑀𝑥 = 𝑀𝑦 =
𝑚𝑥 𝑚𝑦
Para os Momentos Negativos
𝑝𝑥. 𝑙𝑥 2 𝑝𝑦. 𝑙𝑦² 𝑙𝑥²
𝑋𝑥 = − 𝑋𝑦 = − 𝑥( )
𝑛𝑥 ∗ 𝑛𝑦 ∗ 𝑙𝑥²

𝑝𝑙𝑥 2 𝑝. 𝑙𝑦². 𝑙𝑥²


𝑋𝑥 = − 𝑋𝑦 = −
𝑛𝑥 ∗ 𝑛𝑦 ∗ . 𝑙𝑥²
𝐾𝑥 𝐾𝑥

𝑝𝑙𝑥 2 λ2 𝑝𝑙𝑥²
𝑋y = − =−
𝑛𝑦 ∗ 𝑛𝑦 ∗
𝐾𝑦 𝐾𝑦. 𝜆²

Chamando:
𝑛𝑥 ∗ 𝑛𝑦 ∗
= 𝑛𝑥 𝑒 = 𝑛𝑦
𝐾𝑥 𝐾𝑥

Sempre lx
𝑝. 𝑙𝑥 𝑝. 𝑙𝑥²
𝑋𝑥 = − 𝑋𝑦 = −
𝑛𝑥 𝑛𝑦
Tendo em vista as fórmulas finais, os coeficientes mx, my determina da seleção
𝑙𝑦
entre os vãos 𝜆 = e da natureza dos vínculos da laje, estando expressos nas
lx
tabelas 1 a 6 de Marcus.

Exemplo:

28
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

lx = 537,6m mx*=24
nx*=12

Ly=357,6 m
my*=14,22
ny* =8

Calcular os coeficientes da tabela de Marcus:

2. λ4
𝐾𝑥 =
2. λ4 + 1
𝑙𝑦 357,6
𝜆= = = 0,665 ≅ 0,67
𝑙𝑥 537,6

2. λ4 2. 0,674
𝐾𝑥 = = 0,287
2. λ4 + 1 2. 0,674 + 1

𝑝. 𝑙𝑥² 𝑝. 𝑙𝑦²
𝑚𝑥 = 𝑚𝑦 =
𝑚𝑥 ∗ 𝑚𝑦 ∗
mx= 101,612 my= 53,287
𝑛𝑥 ∗ 12 𝑛𝑦 ∗ 8
𝑛𝑥 = = = 41,812 𝑛𝑦 = = = 27,874
𝐾𝑥 0,287 𝐾𝑥 0,287

- Homogeneização dos momentos fletores negativos

X1>X2

𝑋1 + 𝑋2
𝑋𝑎𝑑𝑜𝑡 = { } 𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟
2
0,80. 𝑋1

29
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Pelo processo de Marcus as lajes são trabalhadas separadamente para


obtenção dos momentos fletores, em função da relação de lados λ, das vinculações e
dos carregamentos de cada laje. Na sequência do processo, ao analisar o conjunto
de lajes como um todo, em cada engastamento entre duas lajes adjacentes
aparecerão dois momentos fletores negativos diferentes, cada um calculado com base
nos dados de cada laje. É impossível essa situação, uma vez que o diferencial de
momentos provocaria movimento de rotação do vínculo, a menos que a viga
absorvesse havendo torção. Como o objetivo é engastar as lajes entre si, nesse ponto
só pode haver um único momento fletor. Transformar os dois momentos fletores
negativos. O critério usual para isso é adotar como momento fletor negativo no vínculo
o maior valor entre a média dos dois momentos fletores calculados separados dois
momentos fletores calculados separadamente para cada laje e 80% do maior deles.

- Correção nos momentos fletores positivos


A homogeneização dos momentos fletores negativos, isto é, adotar para cada
vínculo um momento fletor de valor diferente ao anteriormente calculado, para cada
laje, acarreta variações nos dois momentos fletores nas duas lajes envolvidas, para
mais ou para menos. Essas variações devem ser calculadas, e os momentos fletores
inicialmente obtidos para cada laje de forma independente devem ser corrigidos. As
tabelas A e B para correção dos momentos fletores positivos apresentam para cada
caso as variações Ɣx e Ɣy de momentos fletores Mx e My para a aplicação de
momentos fletores unitários nos bordos da laje ( X= 1)
Para se obter a variação para um momento fletor x≠ 1, basta multiplica Ɣx. X e
Ɣy. X.
Desta forma os momentos fletores nas lajes armadas em cruz são resolvidos
segundo o seguinte roteiro:

30
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

1 - Calculam-se os momento fletores nas lajes separadamente pelo processo de


Marcus obtendo-se os valores iniciais positivos (nos vãos) e negativos (nos
engastamentos).
2 – Faz a homogeneização dos X, ou seja, adota-se para cada ligação um momento
fletor negativo Xadot igual ao valor maior entre a média dos momentos fletores
negativos das duas lajes envolvidas e 80 % do maior deles.
3 - Calcula-se para cada engaste e para cada laje X=Xadot – Xcalc onde:
Xcalc é o momento fletor negativo calculado por Marcus.
4 – Das tabelas A e B dependendo do caso, tira-se Ɣx e Ɣy e calcula-se Mx =Ɣx.X
e My=Ɣy.X
5 - Calculam-se os momentos fletores finais positivos nos vãos pelas fórmulas
Mxfinal=Mxinicial+∑ M mesma direção.
Myfinal = Myinicial+∑ M mesma direção

OBSERVAÇÃO:
1 – A variação de x em cada borda afeta tanto Mx como My;
2 – O número de correções a ser feita em cada laje é igual ao mínimo de engastes da
laje mais o número de balanços (se houver);
3 – Para uso das tabelas A e B lx passa a ser o vão perpendicular ao momento fletor
aplicado no bordo.
Exemplo de cálculo
Obtenção dos momentos fletores finais da laje 2 da figura

Laje 2 com laje L1 com laje L3

31
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Com laje L4

Mxfinal= Mxinicial + mx´ + mx” + my”


Myfinal= Myinicial + my´ + my” + mx”

- Influência de balanços sobre armadas em cruz

Quando existirem balanços adjacentes a lajes armadas em cruz, estes


influenciarão os valores dos momentos fletores positivos da laje e essa influência é
calculada encarando-se como se fosse uma correção adicional a esses momentos
positivos. Pode-se utilizar o roteiro a seguir para cálculo dessa influência:
1 - Calcula-se o momento fletor negativo do balanço com a sobrecarga Xbalanço.
Esse momento fletor é constante ao longo do vínculo pela ausência de vigas de rigidez
dos bordos. (Os momentos fletores negativos das lajes armadas em cruz apresentam
variação senoidal ao longo do vínculo)

32
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

2 - Transforma-se o momento fletor negativo constante Xbalanço, no momento fletor


𝑋 𝑏𝑎𝑙𝑎𝑛ç𝑜 𝑋 4
senoidal equivalente X pela fórmula 𝑋 = .
𝜋
3 - Calculam-se os momentos fletores iniciais da laje vizinha ao balanço pelo processo
de Marcus, supondo a não existência do balanço, isto é, considera-se como apoio e
vínculo da laje na ligação com o balanço.
4 – Das tabelas A e B dependendo do caso tira-se Ɣx e Ɣy e calcula-se Mx= Ɣx.X
e My= Ɣy.X
5 - Calculam-se os momentos fletores positivos finais nos vãos pelas fórmulas
Mx final = Mx inicial + ∑ M mesma direção
My final = My inicial + ∑ M mesma direção

OBSERVAÇÃO:
1 – A influência de balanços em cada borda da laje afeta tanto Mx e My.
2 – Para uso das tabelas A e B lx passa a ser o vão perpendicular ao bordo onde está
aplicado o momento.
3 – O dimensionamento do balanço será feito sempre considerando-se o valor
Xbalanço.

Exemplo de dimensionamento:

33
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Natureza da edificação residencial, dois apartamentos simétricos por andar.


Concreto fck = 20 MPa.
Aço: Ca 50 ou CA 60.
Lajes maciças.
Níveis: todas no mesmo nível, com exceção das lajes L1 e L13 (rebaixadas 10 cm) e
da laje L9 (rebaixada 25 cm).

34
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Muretas: no contorno externo da laje L1 haverá mureta de espessura acabada 12


cm e 1,20 m de altura.
No contorno externo da laje L13 e na linha de divisa dos dois apartamentos haverá
gradil de peso desprezível.
Sobrecargas: segundo a NBR 6120 (L5 – sala; L10 – quarto/closet; L9 – WC; L4 –
cozinha; L3 – lavanderia).
Desnível piso a piso entre pavimentos: 3,06 m
Paredes acabadas: externas e/ou sobre vigas de 14 cm: espessura = 17 cm;
Internas e/ou sobre vigas de 12 cm: espessura = 15 cm.
Material das muretas e paredes: alvenaria de tijolos cerâmicos furados.
Material de enchimento da L9: escória de construção.
Objetivo:
- definir os momentos fletores finais em todas as lajes e ligações;
- verificar as flechas das lajes;
- definir os carregamentos sobre todas as vigas, apresentando os respectivos
croquis.

Exemplo - cargas e esforços nas lajes

a) Vínculos das lajes:

35
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

b) Estimativa das espessuras:

h= (2,5 – 0,1n).l* + 2 para lajes com 4 vínculos (sem balanço)

𝐿3  l menor = 177 cm
0,7 l maior = 0,7. 393 cm = 275 cm
l* = 177 cm = 1,77 m

vão teórico = vão livre + ½ espessura da laje -> apoio


½ largura da vida -> engaste
½ espessura da laje -> balanço

h ≈ (2,5 – 0,1 . 3). 1,77 + 2 = 5,89 cm

36
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝐿4 --> h ≈ (2,5. 0,1. 2) . 1,87 + 2 187 = l menor


0,7. 393 = 275 cm
h ≈ 6,30 cm

𝐿5 --> h ≈ (2,5 – 0,1. 2).2,681+ 2 l menor = 376 cm


0,7. 383 = 268,1 cm

h ≈ 8,17 cm

𝐿9 --> h ≈ (2,5 – 0,1.0).1,93 + 2 l menor = 193 cm


0,7. 403 = 282,1 cm
h ≈ 6,83 cm

𝐿10 --> h ≈ (2,5 – 0,1.2).3,605 + 2 l menor = 403 cm


0,7. 515,5 = 360, 5 cm
h ≈ 10,30 cm

Conclusão: Em função das vinculações: L1, L3,L4,L5,L10 e L13 estimar 11cm : L9


estimar 8 cm.

c) Vãos teóricos: espessura da laje

L1 --> lx= 136,5 + 11/2 = 142,00 cm


Sem ly porque é balanço.

L3 --> lx = 177 + 12/2 + 14/2 = 190,0 cm


ly = 393 + 11/2 + 12/2 = 404,5 cm

404,5
λ= = 2,13
190,0

L3 --> armada em uma direção (λ>2)

L4 --> lx = 187 + 12/2 + 11/2 lx = 198,5 cm


37
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

ly = 393 + 11/2 + 12/2 ly = 404,5 cm

λ= 2,04
L4 --> armada em sua direção

L5 --> lx = 376 + 11/2 + 14/2 lx= 388,5 cm


ly = 383 + 11/2 + 12/2 ly = 394,5 cm

L5 = armada em cruz λ= 1,02

L9 --> lx = 193 + 8/2 + 8/2 lx = 201 cm


ly = 403 + 8/2 + 8/2 ly = 411,0 cm
L9 --> em uma só direção λ = 2,04

L10 --> lx = 403 + 14/2 + 11/2 lx = 415,5 cm


ly = 515,5 + 12/2 + 11/2 ly = 527 cm
λ= 1,2
L10 -> armada em cruz

L13 --> lx = 141,5 + 11/2 lx = 147 cm

L13 --> balanço

d) Confirmação do engaste L10 com L5


Trecho contínuo ly da laje L5= 394,5 cm

2/3 trecho total da laje L10 = 2/3 lyL10 = 2/3 x 527 = 351,83 cm

Como 394,5 cm é maior que 351,83 cm está confirmado o engaste da laje L10 na laje
L5.

e) Cargas:

38
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

- Peso próprio:
Lajes com 11 cm --> pp= 0,11 x 25 = 2,75 kN/m²
Lajes com 8 cm --> pp= 0,08 x 25 = 2,00 kN/m²

- Revestimentos:

Emboço e reboco inferior: argamassa de cimento, cal e areia.


Revestimento inferior: 0,025 x 19 = 0,48 kN/m²

Contrapiso superior: argamassa de cimento e areia


Contrapiso: 0,025 x 21 = 0,53 kN/m²

Lajotas cerâmicas:
0,01 x 18 = 0,18 kN/m²

Argamassa colante:
0,07 kN/m²

Lajes L1 e L13 => acrescer 0,53 kN/m² (contra piso adicional devido a
impermeabilização)

Laje L9

Substituir o contra piso dos 5 cm de concreto de empenado.


Concreto Desempenado = 0,05 x 25 = 1,25 kN/m²
- Enchimento na L9:
Enchimento = 0,225 x 10 = 2,25 kN/m²
- Paredes:
espessura Altura comp.

0,15 x (3,06−0,11)𝑥 4,03 𝑥 13 23,18 𝑘𝑁


L10 => p.parede = = = 1,06 Kn/m²
4,155 x 5,27 21,90 𝑚²

lx ly
39
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Laje L1:

Extremidade: 0,12 x 1,20 x 13 = 1,87 Kn/m.

Vão livre

0,12x1,20x1,365x13 2,56
Laterais: = 1,01 = 2,53 𝑘𝑁/𝑚²
1,42x 1,42/2

lx lx/2

- Sobrecargas:
L3,L1 => 2 kN/m²
Outras => 1,5 Kn/m²

Totais:
L1 => região central => 2,75 + 0,48 + 0,53 + 0,18 + 0,07 + 0,53 + 2,00 = 6,54 kN/m²
Região das laterais (até 71 cm) = 6,54 + 2,53 = 9,07 kN/m² em ambas as regiões =>
1,87 kN/m vertical na extremidade, mureta
sobrecarga: 2,00 kN/m vertical na extremidade
0,80 kN/m horizontal para fora a 1,20 de altura
1,87 + 2,00 = 3,87 kN/m na vertical

L3 -> 6,01 kN/m²


2,75 + 0,48 + 0,53 + 0,18 + 0,07 + 2,00 = 6,01 kN/m²

L4 -> 5,51 kN/m²


2,75 + 0,48 + 0,53 + 0,18 + 0,07 + 1,5 = 5,51 kN /m²

L5 -> 5,51 kN /m²


2,75 + 0,48 + 0,53 + 0,18 + 0,07 + 1,5 = 5,51 kN /m²

40
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

L9 -> 7,73 kN /m²


2,00 + 0,48 + 0,18 + 0,07 + 1,25 + 2,25 + 1,5 = 7,73 kN /m²

L10 -> 6,57 kN /m²


2,75 + 0, 48 + 0,53 + 0,18 + 0,07 + 1,06 + 1,5 = 6,57 Kn/m²

L13 -> 6,04 kN /m² 2,00 kN /m vertical


0,80 kN /m horizontal
2,75 + 0,48 + 0,53 + 0,18 + 0,07 + 0,53 + 1,5 = 6,04 kN /m²

f) Momentos fletores iniciais

L1 => região central:

1,42
𝑋 = − [(6,54𝑥1,42𝑥 ) + (3,87𝑥1,42) + (0,80𝑥1,20)]
2
X= 13,05 kN.m/m

L1 região das laterais:

41
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

1,42
𝑋 = − [(9,07𝑥1,42𝑥 ) + (3,87𝑥1,42) + (0,80𝑥1,20)]
2
X= 15,60 kN.m/m

L3 e L4 => Armada em uma só direção continuas

Valores de K:

Vãos extremos: K =11


Vãos centrais: K = 15
Entre 2 vãos externos K= - 8
Entre 1 vão externo e 1 central: K= - 9

Entre 2 vãos centrais: K= - 10

42
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

198,5 – 190,0 = 8,5 cm


8,5 < 38,0 L- l ≤ 0,2. l
20%. 190,0 = 38,0 cm
Método aproximado - OK K válido

5,51 x 1,985²
𝑀𝑥𝐿4 = = 1,97 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
11

6,01 x 1,900²
𝑀𝑥𝐿3 = = 1,45 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
15

5,51 x 1,985²
𝑋𝑥4−3 = = −2,41 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚𝑐𝑜𝑖𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎
−9
Xx3- 4 = - 2,41kN.m/m
6,01 x 1,900²
𝑋𝑥3−4 = = −2,41 kN. 𝑚/𝑚
−9

6,01 x 1,900²
𝑋𝑙3−1 = = −2,41 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
−9
2 kN/m na vertical
0,80 kN/m na horizontal
6,54 – 2,00

𝑋𝐿1 s 1,42
= − [(4,54 𝑥 1,42 𝑥 ) + (1,87 𝑥 1,42)]
sobrec 2

xL1 s/ sobrecarga = - 7,23 kN.m/m

Como 2,41 < 7,23 => confirmado engaste L3 com L1

L5 =>

43
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑙𝑦
λ= = 1,02
𝑙𝑥
Pela tabela de Marcus:
Caso 3 : para X= 1,02

Kx = 0,520
mx = 35,725
my = 37,168
nx = 15,391
ny = 16,013

5,51 𝑥 3,8852 𝑚
𝑀𝑥 = = 2,33 𝑘𝑁.
35,725 𝑚

5,51 𝑥 3,8852 𝑚
𝑀𝑦 = = 2,24 𝑘𝑁.
37,168 𝑚

5,51 𝑥 3,8852 𝑚
𝑋𝑥 = − = − 5,40 𝑘𝑁.
15,391 𝑚

5,51 𝑥 3,8852 𝑚
𝑋𝑦 = − = − 5,19 𝑘𝑁.
16,013 𝑚

L9 => armada em uma só direção e isolada:

7,73 𝑥 2,01² 𝑚
𝑀𝑥 = = 3,90 𝑘𝑁.
8 𝑚
44
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

L10 => λ = 1,27 caso 3 lx = 415,5 cm

6,57 𝑥 4,155²
𝑀𝑥 =
24,918

𝑀𝑥 = 4,55 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

6,57 𝑐 4,155²
𝑚𝑦 = = 2,82 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
40,190

𝑚
𝑀𝑦= 2,82 𝑘𝑁.
𝑚

𝑋𝑥 = − 10,24 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

6,57 𝑥 4,1552
𝑋𝑥 = − = − 10,24 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
11,075

6,57 𝑥 4,155²
𝑋𝑦 = − = −6,35 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚
17,863

𝑋𝑦 = −6,35 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

1,47
L13 => 𝑋𝑥 = − [(6,04 𝑥 1,47 𝑥 ) + (2 𝑥 1,47) + (0,80 𝑥 1,20)]
2

𝑋𝑥 = −10,43 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

Momentos fletores Negativos: ( maior valor em módulo)

45
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

X1-3= - 13,05 𝑘𝑁.m/m (região central)


X1-3= - 15,60 𝑘𝑁.m/m (laterais) até 71 cm

X3-4= - 2,41 𝑘𝑁.m/m


X5-3/4= - 5,19 𝑘𝑁.m/m
−5,40 −10,24
X5-10= - = - 7,82 kN.m/m
2

maior valor
Ou X5-10 = - 8,19 kN.m/m
0,80 x (-10,24) = - 8,19 kN.m/m

X10-11= - 6,35 kN.m/m  Xy


X10-13= - 10,43 kN.m/m  Xx

h) Correção dos momentos fletores positivos


Para lajes armadas em cruz
Lajes L5 e L10

Ligação com L5

lx perpendicular ao momento fletor aplicado no bordo

46
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑙𝑦
Tabela A  = 1,27 = 1,3 caso 3 Ɣx= 0,087
𝑙𝑥
Ɣy=0,138

X=Xadot - Xcalc
X=(- 8,19)-(-10,24)= 2,05 kN.m/m

∆𝑚´𝑥 = 0,087.2,05 = 0,18 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

∆𝑚´𝑦 = 0,138𝑥0,25 = 0,28 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

Ligação com L13

λ= 1,27 = 1,3

Tabela A: caso 5 Ɣx= 0,069


Ɣy=0,105

Senoidal
𝑋𝑏𝑎𝑙. 4 − 10,43 𝑥 4 𝑚
𝑋= = = − 13,28 𝑘𝑁.
𝜋 𝜋 𝑚

∆𝑚′′ 𝑥 = 0,069 𝑥 (−13,28) = −0,92 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

∆𝑚′′ 𝑦 = 0,105 𝑥 (−13,28) = −1,39 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

Mxfinal= 4,55 + 0,18 + (-0,92) = 3,81 kN.m/m

47
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Myfinal= 2,82 + 0,28 + (-1,39) = 1,71 kN.m/m

L5 =>

Mx final = 2,30 kN.m/m

My final = 1,89 kN.m/m

λ= 1,015 ≅ 1,0

Tabela de correção de Marcus:


Caso 3 λ ≅ 1,0 Ɣx= 0,009
Ɣy= 0,126

X=Xadot – Xcalc
X= -8,19 – ( - 5,40) = - 2,79 kN.m/m

∆𝑚𝑥 ′ = 𝛾𝑥. 𝑥 ∆𝑚𝑦 ′ = 𝛾𝑦. 𝑥

∆𝑚𝑥 ′ = 0,009. (−2,79) ∆𝑚𝑦 ′ = 0,126. (−2,79)

48
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑚 𝑚
∆𝑚𝑥 ′ − 0,02511 𝑘𝑁. ∆𝑚𝑦 ′ = −0,35154 𝑘𝑁.
𝑚 𝑚

Mxfinal = 2,33 – 0,02511 = 2,30 kN.m/m

Myfinal= 2,24 – 0,31154 = 1,89 kN.m/m

i) Momentos Fletores Finais (kN.m/m)

j) Verificação das flechas:


A rigor, a verificação das flechas deve ser feita somente após o
dimensionamento das lajes, onde suas espessuras estarão definidas.

49
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Caso as lajes de exemplos tenham efetivamente as espessuras estimadas as


flechas seriam:
As lajes mais críticas para flechas são a L1,L9 e L10

5 𝑝𝑥.𝑙𝑥 4
2 Apoios: 𝑓𝑡 = .
384 𝐸.𝐼

1 𝑝𝑥.𝑙𝑥 4
2 Engastes: 𝑓𝑡 = .
384 𝐸.𝐼

2 𝑝𝑥.𝑙𝑥 4
1 apoio e 1 engaste: 𝑓𝑡 = .
384 𝐸.𝐼

E= 0,85 x 5600 x 201/2 = 21287, 37 Mpa

100 𝑥 113
𝐼= = 11091,67 𝑐𝑚4 para L1 e L10
12
1m
100 𝑥 83
𝐼= = 4266,67 𝑐𝑚4 para L9
12

L10 =>

Flecha
2 𝑙𝑥.𝑙𝑥 4
𝑓𝑡 = .
384 𝐸.𝐼
2 0,722 𝑥 6,57 𝑥 415,54
𝑓𝑡 = .
384 21287,37 𝑥 103 𝑥 11091,67

50
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

ft = 0,00312 m/m = 0,312 cm


Vão menor
415,5
ftmáx= = 1,662 𝑐𝑚
250
Comparação

ft < ftmáx = OK
2 0,722𝑥1,5.415,54
fsobrecarga = .
384 21287,37𝑥103 𝑥11091,67

fsobrec= 0,00071 m = 0,071 cm


O engaste dá momento negativo

415,5
𝑓𝑠𝑜𝑏𝑚á𝑥 = = 1,187 𝑐𝑚
350

fsob < fsobmáx Ok!

L9 =>
ft = 0,181 cm
fmáx t = 0,804 cm λ = 2,04
lx = 201 cm
fsob= 0,035 cm
fsobmáx = 0,574 cm
5 1.7,73.2014
𝑓𝑡 = .
384 21287,37.103 .4266,67

ft= 0,00181 m ft= 0,181 cm

201
ftmáx = = 0,804 𝑐𝑚 ft < ftmáx  OK!
250

𝑓 5 1,5.2014
𝑠𝑜𝑏= .
384 21287,37.103 .4266,67

51
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

fsob = 0,00035 m fsob = 0,035 cm

201
fsobmáx =
350

fsobmáx = 0,574 cm fsob < fsobmáx  OK!

0,80 𝑥 1,2
1 9,07 𝑥 1424 1 (3,87+ )𝑥102 𝑥142,03
1,42
L1 => 𝑓𝑡 = . + .
8 21287,27𝑥103 𝑥11091,67 3 21287,27𝑥103 𝑥11091,67

ft= 0,00379 m = 0,379 cm

2𝑥142
ftmáx = = 1,136𝑐𝑚 ft < ftmáx  Ok!
250

Fsob = 0,00151 m = 0,151 cm

f < ftmáx  OK!


2𝑥1424
Fsobmáx = = 0,811 𝑐𝑚
350

1,20⁄ 2 3
1 2.1424 1 (2+0,8𝑥 1,42)𝑥10 𝑥142
𝑓𝑠𝑜𝑏 = . 21287,27.103.11091,67 + 3
8 21287,27.103 .11091,67

l) Cargas das lajes sobre as vigas

L1=>

Nas laterais Rxe = (9,07 x 1,42) + 3,87 = 16,75 kN/m


Região central  Rxe = ( 6,54 x 1,42) + 3,87 = 13,16 Kn/m

52
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

L3=>

404,5
λ= = 2,13
190,0

R = K . p . lx

Caso 5
𝑘𝑁
𝑅𝑥𝑒 = [0,500 − (0,197/λ)]𝑥 6,01 𝑥 1,90 = 4,65 → 𝑣𝑎𝑖 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑣1𝑎 𝑒 𝑣3𝑎
𝑚
𝑘𝑁
𝑅𝑦𝑒 = 0,250 𝑥 6,01 𝑥 1,90 = 2, 85 → 𝑣𝑎𝑖 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑣9𝑏
𝑚
𝑘𝑁
𝑅𝑦𝑎 = 0,144 𝑥 6,01 𝑥 1,90 = 1,64 → 𝑣𝑎𝑖 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑣7𝑎
𝑚

Verificação:
4,65 𝑥 4,045 𝑥 2 + 2,85 𝑥 1,90 + 1,64 𝑥 1,90
= 6,01 𝑘𝑁/𝑚²
4,045 𝑥 1,90

L4 => (caso 3)

𝑅𝑥𝑒 = [0,634 − 0,317/2,04]. 5,51. 1,985 = 5,23 𝑘𝑁/𝑚


𝑅𝑥𝑎 = [0,366 − 0,183/2,04]. 5,51.1,985 = 3,02 𝑘𝑁/𝑚
𝑅𝑦𝑒 = 0,317.5,51.1,985 = 3,47 𝑘𝑁/𝑚
𝑅𝑦𝑎 = 0,183.5,51.1,985 = 2,00 𝑘𝑁/𝑚

53
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Rxe = 5,23 kN/m  vai p/ v3a


Rxa = 3,02 kN /m  vai p/ v5a
Rye = 3,47 kN /m  vai p/ v9b
Rya = 2,00 kN /m  vai p/ v7a

P= 5,51 kN /m²
λ= 2,04

L5=>(caso 3)

λ =1,02
p=5,51 kn/m²
l=3,885 m
𝑅𝑥𝑒 = [0,634 − 0,317/1,02]. 5,51. 3,885 = 6,92 kN/𝑚

54
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑅𝑥𝑎 = [0,366 − 0,183/1,02]. 5,51.3,885 = 3,99 kN/𝑚


𝑅𝑦𝑒 = 0,317.5,51.3,885 = 6,79 kN/𝑚
𝑅𝑦𝑎 = 0,183.5,51.3,885 = 3,92 kN/𝑚

kN
𝑅𝑥𝑒 = 6,92 → 𝑣𝑎𝑖 𝑝/𝑉5𝑏
𝑚
kN
𝑅𝑥𝑎 = 3,99 → 𝑣𝑎𝑖 𝑝/𝑉1𝑏
𝑚
kN
𝑅𝑦𝑒 = 6,79 → 𝑣𝑎𝑖 𝑝/𝑉9𝑏
𝑚
kN
𝑅𝑦𝑎 = 3,92 → 𝑣𝑎𝑖 𝑝/𝑉10𝑎
𝑚

L9 =>

λ = 2,04
Caso 1

Rxa = [0,500 − 0,250/2,04]. 7,73.2,01 = 5,86 𝑘𝑁/𝑚

Rya = 0,250.7,73.2,01 = 3,88 kN/m

Rxa = 5,86 kN/m  vai p/ V8a e V9a


Rya = 3,88 kN/m  vai p/ V6a e V5a

55
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

L10 =>

lx= 415,5 cm

λ= 1,27

p= 6,57 Kn/m²

Caso 3

Rxe = (0,634 – 0,317/1,27).6,57.4,155 = 10,49 kN/m

Rxa = (0,366 – 0,183/1,27).6,57.4,155 = 6,06 kN/m

Rye = 0,317.6,57.4,155 = 8,65 kN/m

Rya = 0,183.6,57. 4,155 = 5,00 kN/m

Rxe = 10,49 kN /m  vai p/ V5b e V5c

Rxa = 6,06 kN /m  vai p/ V6b

Rye = 8,65 kN /m  vai p/ V11a

Rya = 5,00 kN /m  vai p/ V9a

L13 => Rxe = 10,88 Kn/m  vai p/ V6b e V6c

Rxe = (6,04 x 1,47) + 2 = 10,88 kN/m

m) Carregamentos nas vigas:

56
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

pesos próprios  14x50  0,14 x 0,50 x 25,00 = 1,75 kN/m

12x40  0,12 x 0,40 x 25,00 = 1,20 kN/m

14x60  0,14 x 0,60 x 25,00 = 2,10 kN/m

12x60  0,12 x 0,60 x 25,00 = 1,80 kN/m

14x30  0,14 x 0,30 x 25,00 = 1,05 kN/m

Pesos de paredes  14x50  0,17x(3,06-0,50)x13,00 = 5,66 kN/m

12x40  0,15x(3,06-0,40)x13,00 = 5,19 kN/m

14x60  0,17x(3,06-0,60)x13,00 = 5,44 kN/m

12x60  0,15x(3,06-0,60)x13,00 = 4, 80 kN/m

14x30  0,17x(3,06-0,30)x13,00 = 6,10 kN/m

V1 => pp= 1,75 kN/m

ppar= 5,66 kN/m

pL1 => laterais  16,75 kN/m (71 xm ) cargas das lajes

central  13,16 kN/m sobre as vigas

pL3 => Rxe = 4,65 kN/m

pL5 => Rxa = 3,99 kN/m

57
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

V3

16,27.4,06²
Mmáx =
8

Mmáx = 33,52 kN.m

pp= 1,20 kN/m

pparede = 5,19 kN/m

Rxe = 4,65 kN/m => L3

Rxe = 5,23 kN/m => L4

VA+VB = 16,27.4,06

Se: VA=VB

58
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Va=VB=33,03 kN

V7

∑ 𝐹𝑦 = 0

VA+VB=9,41.1,97+33,03+9,05.1,93 Mmáx = 49,74 kN.m

Va = 34,52 kN pp=1,74 kN/m

∑ 𝑀𝑎 = 0 ppar= 5,66 kN/m


1,97
𝑉𝐵. 3,90 = 9,41.1,97. + 33,03.1,97 + 9,05.1,93.2,935
2

VB= 34,51 kN

V8

59
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

VA+VB = 13,27.4,17
13,27.4,172
Mmáx=
8

VA=VB Mmáx= 28,84 kN.m

VA=27,67 kN

VB= 27,67 kN

pp= 1,75 kN/m

ppar= 5,66 kN/m

V9

pp= 1,80 kN/m

ppar= 4,80 kN/m

60
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

V10

pp= 1,80 kN/m

ppar= 4,80 kN/m

V11

61
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

23,69.4,202
Mmáx =
8

Mmáx = 52,24 kN.m

VA=VB= 49,75 kN

pp= 1,20 kN/m

ppar= 5,19 kN/m

V5

pp = 2,10 kN/m

ppar = 5,44 kN/m

V6

pp= 1,75 kN/m

ppar= 5,66 kN/m

62
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Vpatamar

pp= 1,05 kN/m

ppar= 6,10 kN/m

63
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

5. FLEXÃO SIMPLES DE SEÇÕES RETANGULARES DE CONCRETO ARMADO

5.1 INTRODUÇÃO

- Definição de concreto armado: é um material de construção misto resultante da


associação adequada de concreto e armações de aço, tendo como objetivo o
aproveitamento ideal das capacidades resistentes dos dois materiais.

- Características:

- Concreto: boa resistência à compressão

baixa resistência à tração (10% da compressão)

- Aço baixa resistência à compressão

boa resistência à tração

seções com armadura simples: concreto resiste à compressão e aço resiste à tração

seções com armadura dupla:

- concreto e aço resistem à compressão

- aço resiste à tração

64
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

- Razões do sucesso da associação concreto + aço:

1. boa aderência entre as barras de aço e concreto o que impede o deslizamento da


armadura.

2. boa proteção do concreto contra a oxidação da armadura.

3. igualdade aproximada entre os coeficientes de dilatação do aço e do concreto.

5.2. DESCRIÇÃO DOS “ESTÁDIOS” DO CONCRETO ARMADO

Considerando-se o ensaio de uma peça à flexão com carga e consequente


esforço de flexão crescente, observa-se que as tensões atuantes em uma seção
passam por três fases distintas denominadas “estádios”.
Estádio I: corresponde ao início do ensaio, onde as solicitações são pequenas. Leva-
se em conta a resistência do concreto à tração, e como esse valor é muito pequeno
se as peças forem dimensionadas nesse estádio terão seções muito grandes.
Estádio Ia: é intermediário entre os estágios I e II.
A região tracionada ainda não está rompida, porém ultrapassa a fase elástica
não mais obedecendo a Lei de Hooke. Passa para a fase plástica onde para tensões
constantes aumentam as deformações.
Estádio II: a resistência à tração no concreto é ultrapassada entrando o aço à resistir
aos esforços de tração. A região comprimida ainda está no regime elástico
obedecendo a Lei de Hooke, portanto ainda abaixo do ponto de ruptura o estádio II
corresponde ao chamado processo clássico de dimensionamento de concreto
armado.
Estádio III: a região comprimida do concreto ultrapassa o regime elástico, passa ao
regime plástico não mais obedecendo a Lei de Hooke. Corresponde, portanto a fase
65
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

de ruptura final. O atual processo de dimensiomento de concreto armado é feito no


estádio III, também conhecido como estado limite úultimo (E.L.U).
OBSERVAÇÃO: As sequências de representações dos diagramas de tensões na
seção ilustram a evolução do ensaio. Note-se que o momento atuante na seção aciona
um momento interno resistente, propiciado pelo binário formado pelas tensões
resultantes resistentes de tração e compressão da seção.

5.3. HIPÓTESES A SE ADOTAR NO ESTÁDIO III (E.L.U)

O comitê europeu do concreto C.E.B e a NBR 6118 adotam os seguintes hipóteses


para cálculo no estádio III (E.L.U):
1º As seções transversais se conservam planas até a ruptura.
2º O encurtamento de ruptura do concreto na flexão simples é de 3,5 mm/m
3º O alongamento máximo da armadura de tração é de 10 mm/m para se evitar
deformações plásticas excessivas.
4º A distribuição de tensões no concreto se faz de acordo com o diagrama
parábola/retângulo, podendo ser substituído por um diagrama retangular equivalente
com altura 0,8 vezes a profundidade da linha neutra, medida a partir da extremidade
comprimida da seção.

66
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

5.4. TENSÕES A SE ADOTAR NO ESTÁDIO III (E.L.U)

Sendo o estádio III o estado limite último, o modelo de estudo é de ruptura


iminente. Para se evitar que a peça dimensionada segundo esse modelo vá à ruptura,
considera-se que as tensões de projeto sejam inferiores às tensões de ruptura dos
mateirias, além da majoração das solicitações. Assim sendo adota-se:
𝑓𝑐𝑘 𝑓𝑐𝑘
- Para o concreto (compressão) Fcd = com onde fcd é a tensão de ruptura
𝛾𝑐 1,4

do concreto à compressão; fck é a tensão característica do concreto à compressão;


𝑓𝑦𝑘
𝛾𝑐 é o coeficiente de minoração da resistência do concreto (𝛾s ≤ 1,15, 𝑓𝑦𝑑 = =
𝛾𝑠
𝑓𝑦𝑘
1,15

5.5 AÇOS PARA CONCRETO ARMADO

- Comum CA 25 (laminado quente)


- Especiais CA 50 A (laminado a quente)
CA 60 A (encruado a frio)
- iniciais de concreto armado
CA : o número representa a tensão de escoamento em kN/mm²; as letras A e B
representam respectivamente aços com ou sem patamar de escoamento no diagrama
tensão x deformação

- Bitolas: CA 50 as bitolas em (mm) 6,3; 8,0; 10,0; 12,5; 16,0; 20,0; 22,0; 25,0; 32,0 e
40,0.
até 20,0 mm  usuais em edifícios (médio)
- Bitolas CA 60: 3,4; 4,2; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0 e 9,5.
5,0; 6,3; 8,0 e 10,0 -. Lajes e estribos
CA 50  armadura longitudinal

5.6. DIAGRAMAS TENSÃO X DEFORMAÇÃO

67
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

5.7. TIPOS DE RUPTURA – SEÇÃO COM ARMADURA SIMPLES

No instante da ruptura simultaneamente o concreto é rompido e o aço atinge a


máxima tensão de tração. Nessas condições o concreto apresenta a deformação
correspondente ao seu esmagamento. Ecd = 3,5 mm/m e tensão de ruptura que
segundo Rush devem ser multiplicada por um fator redutor 0,85 para prevenir efeitos
de fadiga o aço está submetido a máxima tensão de tração fyd, correspondente ao
início do escoamento, onde a deformação é Eyd.

Seção superarmada:

68
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

O esmagamento do concreto se dá sem que a armadura tenha entrado em


escoamento. Nessas condições, o concreto apresenta a deformação correspondente
ao seu esmagamento Ecd = 3,5 mm/m e a tensão de ruptura 0,85 fcd. O aço está
submetido a uma tensão inferior a fyd correspondendo a uma deformação inferior a
Eyd.

Seção Subarmada

No início da ruptura a armadura entre em escoamento estando o concreto ainda


na fase elástica.
Como o aço está em escoamento, sua deformação aumento com tensão
constante, e a deformação da peça estrutural faz com que ao final da ruptura o
concreto atinja o encurtamento máximo chegando também a tensão de ruptura.
OBSERVAÇÕES:

69
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Normalmente armada: é uma situação peculiar pela coincidência da ruptura


simultânea do aço e do concreto servirá de referência para se direcionar o
dimensionamento para um dos dois outros tipos de ruptura. Terá utilidade também no
conceito de dimensionamento com armadura dupla.
Superarmada: Como o concreto entra em ruptura antes do aço, e sendo um material
que se rompe instantaneamente, peças dimensionadas nessa situação quando vão a
ruptura quebram-se bruscamente.
Subarmada: como o aço entra em escoamento antes da ruptura do concreto, peças
dimensionadas nessa situação se romperem, previamente se deformam e fissuram
excessivamente havendo um certo tempo para providências .
Binário RT e RC: sempre que houver momento fletor atuante na seção ele tem de ser
equilibrado por um momento resistente interno da seção. Qual é propiciado pelo
binário formado pelas forças de reação de tração do aço, compressão do concreto.
Portanto é imprescindível que as duas forças se mantenham íntegras para que o
momento reativo se estabeleça. Caso uma das forças deixe de existir por falência do
aço ou concreto a seção perde a resistência á flexão.

5.8. FÓRMULAS GERAIS – ESTÁDIO III – ARMADURA SIMPLES

Sendo o estádio III o estado limite útil (E.L.U) o modelo de estudo é de ruptura
iminente. Para evitar que a peça assim dimensionada vá a ruptura, além de se
considerar que as tensões de projeto sejam inferiores as tensões reais de ruptura dos

70
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

materiais majoram-se os valores das solicitações. Assim toma-se como momento


fletor de projeto o valor Md = 1,4 . M, onde M é o momento fletor atuante na seção
considerada ( o maior momento positivo de cada vão, e cada momento negativo da
peça).
A situação da figura é de uma seção normalmente armada submetida a
momento fletor Md que será equilibrado pelo momento resistente interno propiciando
pelo binário formado pelas forças radiativas RT e RC, momento este dado por RT.z
ou RC.z
As variáveis conhecidas são os tipo de aço e concreto constituintes da seção,
o momento fletor Md e a largura b. Como o objetivo é definir a altura útil d e a seção
de armadura As.
Onde: d é a distância vertical do centro de gravidade da armadura de tração até a
extremidade mais comprimida da seção.
Chama-se d” a distância de gravidade do CG das barras de armadura de tração até a
extremidade mais tracionada da seção, função do comprimento a ser adotado para as
armaduras, da bitola do estribo e das bitolas e disposição das barras longitudinais.
Cálculo da altura útil (mínima)

𝑥 𝑑 𝐸𝑐𝑑.𝑑
Da figura: 𝐸𝑐𝑑 = 𝐸𝑐𝑑+𝐸𝑦𝑑 => 𝑥 = 𝐸𝑐𝑑+𝐸𝑦𝑑

𝐸𝑐𝑑 𝐸𝑐𝑑
Sendo (𝐸𝑐𝑑+𝐸𝑦𝑑) uma constante para cada tipo de aço, e chamando 𝐸𝑐𝑑+𝐸𝑦𝑑 = 𝝃, fica

x= 𝝃. d

Como y= 0,8x = 0,8 . 𝝃 . d


Chamando 0,8. 𝝃 = s
Fica: y=s.d

A equação de equilíbrio da seção é:


Md= Rc.z = Rt.z
Como: z = d - y/2
𝑠
z=d-
2

z = d.(1 − 𝑠⁄2)
71
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Rc= 0,85.fcd.y.b = 0,85.b.y.fcd


Rt= As.fyd

Chamando 1 - 𝑠⁄2 = φ

Fica: Md = Rc.z = 0,85.b.𝑠.d.fcd. φ.d


Y

Md= 0,85. s. φ. b. d². fcd

Chamando: 0.85.s. φ =µ

Fica: µd= µ.b.d².fcd

Analisando-se dimensionalmente esta equação, e considerando as unidades:


Md  kN.m
bm
dm
fcd  MPa
µ  Adimensional

Md = 1000. µ.b.d².fcd armadura dupla

𝑀𝑑 1 𝑚𝑑
Pode-se escrever: 𝑑² = ou ainda: 𝑑² = .
1000.µ.𝑏.𝑓𝑐𝑑 1000.µ.𝑓𝑐𝑑 𝑏

1 1/2
𝑚𝑑 1/2
𝑑= ( ) .( )
1000. µ. 𝑓𝑐𝑑 𝑏

Chamando:
1 1/2
(1000.µ.𝑓𝑐𝑑) = r ( constante para cada tipo de concreto)

72
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑚𝑑 1/2
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 𝑟 ( ) sem armadura de compressão
𝑏

dmin
d= dmin normalmente armada
d> dmin subarmada
d< dmin superarmada
Utilizando-se Md em kN.m, b em m, r retirado da tabela de seção normalmente
armada em função do tipo de aço e de concreto, dmin sai em m.
É chamada altura útil mínima por ser a menor altura necessária para que a viga
não necessite aço na compressão.
Cálculo da armadura: com a altura d calculada, pode-se definir a armadura para a
seção normalmente armada. Partindo-se da equação de equilíbrio.
Md=Rt.z= As.fyd.φ.d
𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
𝜑. 𝑓𝑦𝑑. 𝑑

Analisando-se dimensionalmente a expressão com as unidades: d  m, As  cm²,


Md  kN.m, fyd  Mpa e φ adimensional.
Fica:
𝑚𝑑
𝐴𝑠 =
𝜑. 𝑓𝑦𝑑. 𝑑
10

𝜑.𝑓𝑦𝑑
Chamando: =α
10
𝑚𝑑
𝐴𝑠 =
α.𝑑

Com α tabelado em função do tipo de aço na tabela de seção normalmente armada.

5.9. ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO DE SEÇÕES RETANGULARES À


FLEXÃO COM ARMADURA SIMPLES

São conhecidos:

73
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Tipo de concreto e aço (fck e fyk), momento fletor atuante na seção (Md) e largura da
seção (b)
Kn.m
𝑀𝑑 1/2
-Calcular 𝑑𝑚𝑖𝑛 = 𝑟 ( )
𝑏

m m
tabela de seção normalmente armada

- conhecido dmin adotar d (de acordo com a conveniência)


- Se d < dmin  a seção será superarmada com armadura dupla.
- Se d= dmin  a seção será normalmente armada, com armadura calculada por 𝐴𝑠 =
𝑚𝑑
α.𝑑

tabela normalmente armada

- Se d>dmin  a seção será subarmada e para cada momento fletor da peça procede-
se da seguinte maneira:
𝑑
Calcula-se um novo 𝑟 =
𝑚𝑑 1/2
( )
𝑏

Com novo r calculado procura-se na tabela seção subarmada um valor de r


igual ou imediatamente inferior ao calculado, e retira-se da coluna do aço adotado o
correspondente valor de α.
𝑚𝑑
Com esse α calcular-se a armadura pela expressão 𝐴𝑠 =
α.𝑑

tabela de seção subarmada

r acima da tabela  armadura mínima


r abaixo da tabela  erro de cálculo

Nenhuma armadura calculada poderá ter valor inferior a armadura mínima


definida pela NBR 6118. Portanto sempre é necessário verificar a armadura.

74
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Na utilização da tabela de seção subarmada, se o novo r estiver acima do


máximo valor da tabela, nem se calcula a armadura podendo – se adotar Asmin. Se o
novo r estiver abaixo do mínimo valor da coluna dos α, está conceitualmente incorreto.

Armadura mínima de flexão


Ver tabelas 17,3 e 19.1 da NBR 6118.

5.10. VERIFICAÇÃO DA MÁXIMA RESISTÊNCIA DE SEÇÕES RETANGULARES


COM ARMADURA SIMPES À FLEXÃO

Dada uma seção com armadura simples conforme a figura, deseja-se obter o
máximo momento fletor por ela resistido.
Como a resistência à flexão é baseada no binário interno reativo e como o
momento desse binário é o produto de qualquer das forças Rt e Rc pelo braço z, tem-
se que analisar a máxima potencialidade reativa do aço e do concreto.
O máximo momento resistido pela seção será aquele propiciado pela menor
das duas forças multiplicada por z.
Análise da resistência levando-se em conta a armadura:
- Equação de equilíbrio da seção:
Md=Rc.z = Rt.z
Como:
75
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Rc = 0,85.b.y.fcd
Rt = As.fcd
Md = 1,4.M
𝑦
z=d- => y = 2(d-z)
2

Fica:
Md=Rc.z
Md=0.85.b.2.(d - z).fcd.z
Md=1,70.b.d.fcd.z – 1,70.b.z².fcd

Como:
𝑀𝑑
Md = Rt.z => z =
𝐴𝑠.𝑓𝑦𝑑

𝑀𝑑 𝑀𝑑 2
Fica: 𝑀𝑑 = 1,7. 𝑏. 𝑑. 𝑓𝑐𝑑. − 1,7. 𝑏. . 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠.𝑓𝑦𝑑 𝐴𝑠 2 𝑓𝑦𝑑 2

1,7. 𝑏. 𝑑. 𝑓𝑐𝑑 1.7. 𝑏. 𝑀𝑑. 𝑓𝑐𝑑


1= −
𝐴𝑠. 𝑓𝑦𝑑 𝐴𝑠 2 . 𝑓𝑦𝑑2
𝐴𝑠 2 . 𝑓𝑦𝑑²
𝑀𝑑 = 𝑑. 𝐴𝑠. 𝑓𝑦𝑑 −
1,7. 𝑏. 𝑓𝑐𝑑

𝐴𝑠. 𝑓𝑦𝑑. 𝑑 𝐴𝑠². 𝑓𝑦𝑑²


𝑀= −
1,4 2,38. 𝑏. 𝑓𝑐𝑑

Analisando dimensionalmente a equação com: m  kN.m; As  cm²; fyd 


MPa; d m; b  m e fcd  MPa.

𝐴𝑠.𝑓𝑦𝑑.𝑑 𝐴𝑠 2 .𝑓𝑦𝑑 2
Fica: 𝑀𝑠 = −
14 23800.𝑏.𝑓𝑐𝑑

Ms seria o máximo momento fletor resistido pela seção levando-se em conta a


máxima potencialidade da armadura existente.

Análise da resistência levando-se em conta o concreto:

76
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

O modelo da análise, considerando-se a máxima potencialidade do concreto é


𝑀𝑑 1/2
o da seção normalmente armada. Portanto, a altura útil 𝑑 = ( )
𝑏

𝑑 𝑀𝑑 1/2
= ( )
𝑟 𝑏
𝑑2 𝑀𝑑 𝑏.𝑑² 𝑏.𝑑²
= => 𝑀𝑑 = => 𝑀 =
𝑟² 𝑏 𝑟² 1,4.𝑟²

Com as unidades m  kN.m, b  m, d  m, r  retirado da tabela de seção


normalmente armada a equação já está previamente equilibrada portanto: 𝑀𝑐 =
𝑏.𝑑²
onde Mc seria o máxima momento fletor resistido pela seção levando em conta
1,4.𝑟²

a máxima potencialidade resistiva do concreto


A máxima resistência da seção à flexão será dado pela menor valor entre Ms e
Mc.
OBSERVAÇÃO:
Se:
Ms = Mc => seção normalmente armada
Ms > Mc => seção superarmada
Ms < Mc => seção subarmada

5.11. SEÇÕES COM ARMADURA DUPLA

Esquema típico de seção com armadura dupla:

77
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Onde:
b = largura da seção
d = altura útil (distância do CG de As até a extremidade
mais comprimida)
h = altura da seção
d” = distância do CG de As até a extremidade mais tracionada da seção
d’ = distância do CG de As’ até a extremidade mais comprimida da seção
Cf = distância entre os CGs de As e As’
As= Área da seção transversal das barras de armadura de tração
As’= Área da seção transversal das barras de armadura de compressão
Φ L = Diâmetro (bitola) das barras de armadura longitudinal
Φ T= Diâmetro (bitola) das barras de armadura transversal (estribos)
c = cobrimento das armaduras
ah= distância horizontal entre os barras de armadura longitudinal
av= distância vertical entre as barras de armadura longitudinal
- Prescrições da NBR 6118 para ah, av e c
ah e av : item 18.3.2.2 da norma
Cobrimento: item 7.4.7
Agressividade: item 6.4
- Ocorrência:
Quando o momento fletor atuante na seção ocasionar esforço de compressão
superior ao máximo resistido pelo concreto, esse excedente de esforço deverá ser

78
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

resistido por barras de aço ou serem adicionadas na região comprimida da seção. Isso
constitui as chamadas seções com armadura dupla, pois haverá aço resistindo à
tração e à compressão. Ocorrem quando, por algum motivo, é necessária a redução
da altura da seção a valores inferires aos necessários para armadura simples, ou seja,
d < dmin

- CONSIDERAÇÕES INICIAIS PARA DIMENSIONAMENTO COM ARMADURA


DUPLA:
Dimensionamento livre:
O fato de adicionar armadura à região comprimida abre a possibilidade de
dimensionar a seção com qualquer tensão de resistência dos materiais, bastando para
isso adicionar barras de armadura na tração e na compressão. Esse trabalho com
qualquer tensão a ser escolhida denomina-se dimensionamento livre.
Competitividade Econômica:

Obviamente trabalhar com as tensões no concreto e no aço levadas ao limite é


a forma mais econômica de dimensionamento. Assim sendo, se ao modelo de seção
normalmente armada for acrescentada armadura de tração adicional e armadura na
compressão, somente o excedente de momento fletor será combatido por essas
armaduras, sendo sua parcela inicial resistida pelo binário aço tracionado x concreto
comprido, ambos conforme mencionado modelo de seção normalmente armada. A
figura a seguir demonstra o raciocínio:

79
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Pela deformação da seção nota-se que E’s (deformação da armadura


comprimida) depende de d’ e d, uma vez que Ecd e Eyd são constantes como a tensão
está relacionada com a deformação, é necessário a cada caso calcular E’s para se
obter através do diagrama tensão x deformação o correspondente valor f’yd. Assim
sendo e tendo em vista a figura, têm-se:

𝐸′𝑠 𝑥−𝑑′
=
𝐸𝑐𝑑 𝑥

𝑥−𝑑′
𝐸′𝑠 =
𝑥.𝐸𝑐𝑑
Dividindo-se numerador e denominador por d

80
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑥−𝑑′

𝐸′𝑠 = 𝑑
𝑥 . 𝐸𝑐𝑑
𝑑

Como 𝑥 = 𝝃. 𝒅
𝑥
=𝝃
𝑑

Fica:
𝑑′
𝜉−
𝐸′ 𝑠 = 𝑑 . 3,5 𝑚𝑚
𝜉 𝑚

𝝃 tirado da tabela de seção normalmente armada em função do tipo de aço.


Tendo o valor de E’s e analisando-se o diagrama tensão x deformação pode-
se determinar a tensão da armadura comprimida f’yd
Ao observar os diagramas tensão x deformação para aços tipo A e B percebe-
se que f’yd é diferente para os dois tipos de aço em certos trechos do diagrama, mais
propriamente entre as deformações 0,7. Eo e 2+Eo considerando-se Eo=fyd/210
𝑓𝑦𝑑
𝐸0 =
𝐸𝑠

Roteiro para cálculo de f’yd:

𝝃−𝒅′ /𝒅
1. Calcula-se 𝐸 ′ 𝑠 = .3,5
𝝃

2. Determina-se f’yd para o aço de categoria A

3. Se o aço utilizado for de categoria B, multiplica-se o resultado do aço A pelo


coeficiente corretor redutor Kf.

OBSERVAÇÃO:
- O segundo e terceiro passo do roteiro são facilitados pelo seguinte quadro
Quando prático para determinação de f’yd
Valores de E’s em F’yd(Mpa) para aço Coeficiente de correção
função Eo “A” Kf
81
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

E´s ≤ 0,7 Eo 210.E’s 1


0,7Eo ≤ E’s ≤ Eo 210.E’s Kf =1,35-E´s/2Eo
Eo ≤ E’s ≤ 2+Eo fyd Kf = 0,85+0,075(E’s-
Es)
E’s >2+E0 fyd 1

𝑓𝑦𝑑 𝑚𝑚
𝐸0 = ( )
210 𝑚
- Fórmulas de dimensionamento:

Pode-se imaginar o momento fletor Md como sendo dividido em duas parcelas:


M1d é o máximo momento fletor resistido pela seção sem armadura de
compressão (correspondente ao modelo da seção normalmente armada, e M2d que
é o momento fletor excedente. Assim Md=M1d+M2d
82
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

O valor de M1d é M1d = 1000 µ.b.d².fcd com M em kN.m, b  m, d  m, fcd


 MPa, µ tabela de seção normalmente armada.

- Cálculo da armadura de tração As


A armadura de tração As será a soma de duas parcelas:
As1 é a armadura necessária para resistir a M1d, fazendo binário com o
concreto comprimido na situação normalmente armada; e As2 resistirá ao momento
fletor M2d excedente fazendo binário com a armadura comprimida, Assim As, vale:
𝑀1 𝑑
𝐴𝑠1 =
𝛼 .𝑑
As1  cm², M1d  kN.m, 𝛼  tabela de seção normalmente armada, d  m

M2d = Rt2.cf=Rc2.cf

Rt2=As2 . fyd
Rc2=A´s . f ’yd

Tomando: M2d = As2.fyd.cf

𝑀2 𝑑
𝐴𝑠2 =
𝑐𝑓. 𝑓𝑦𝑑

Analisando-se a equação dimensionalmente com as unidades: As2  cm²; M2d


= kN.m; cf  m; fyd  Mpa.

Fica:
10 𝑀2 𝑑
𝐴𝑠2 =
𝑐𝑓. 𝑓𝑦𝑑

Portanto, a armadura de tração será:

𝑀1 𝑑 𝑀2 𝑑
𝐴𝑠 = + 10
𝛼.𝑑 𝑐𝑓.𝑓𝑦𝑑

Cálculo da armadura de compressão A’s:


83
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Tomando  M2d= A’s.f’ yd.cf e analogamente fazendo a análise dimensional fica

10. 𝑀2 𝑑
𝐴′ 𝑠 =
𝑐𝑓. 𝑓′𝑦𝑑

A’s  cm²; cf  m; f’ yd  Mpa; M2d  kN.m onde:

f’ yd deve ser calculado a cada caso em função de E’s


𝑓𝑦𝑘 500
𝑓𝑦𝑑 = = = 435 𝑀𝑝𝑎
1,15 1,15

5.12. VERIFICAÇÃO DA MÁXIMA RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE SEÇÕES COM


ARMADURA DUPLA

Dada uma seção com armadura dupla, deseja-se determinar o máximo


momento fletor resistido. Portando são conhecidos: As, A’s, 𝛼, µ,b,d,cf,fcd,fyd,f’yd.
Procurado: M
A verificação é feita utilizando-se as próprias equações de dimensionamento, e
procedendo-se da seguinte forma:
- Calcula-se M1d = 1000.µ.b.d².fcd
𝑀1 𝑑
- Com o valor M1d assim obtido calcula-se M2d pela expressão 𝐴𝑠 = +
𝛼.𝑑
𝑀2 𝑑
10 , em função da armadura As.
𝑐𝑓.𝑓𝑦𝑑
10.𝑀2 𝑑
- Calcula-se M2d pela expressão 𝐴′ 𝑠 = em função de A’s
𝑐𝑓.𝑓′𝑦𝑑
𝑀1 𝑑+𝑀2 𝑑
- Toma-se o menor valor de M2d e tem-se 𝑀 =
1,4

Exemplos de aplicação

1. Flexão Simples
Dimensionar a flexão simples todas as lajes do exemplo – Cargas e esforços nas lajes

84
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

85
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

86
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Resolução:

Coluna 3:

Md ou Xd:
Md= M . 1,4 Xd= X .1,4

Coluna 4:

𝑀𝑑 1/2
dmin= ( ) .𝑟 Lajes sempre calculadas como subarmada
𝑏

b=1m p/laje d > dminsubarmada


d = dmimNormalmente armada
d < dminsuperarmada
fck=20MPa armadura dupla

Armaduras positivas: espaçamento menor valor entre 20cm ou 2 (duas) vezes a


espessura da laje.

r=0,0169
𝑀𝑑 1/2
dmin=0,0169.( )
1,00

Coluna 5:

10,0 mm

c+1 . ϕ = d”
87
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Supondo-se que a classe de agressividade II rossa ser reduzida para classe I


em função das observações 1 e 2 da tabela 6.1 e que na obra seja adotado um
controle rígido de dimensões segundo o item 7.4.7.4, adotar-se a partindo da tabela
7.2 um comprimento de 15 mm para as lajes.
Considerando-se que d” seja medido na interface das armaduras positivas
(duas direções), d” igual a c+1 . ϕ, estimando-se 10 mm para a maior bitola possível
fica c= 15+10=25mm = 0,025m.
h-c=d

Coluna 7:

Novo r:
0,085 ou 0,055

𝑑
Novo 𝑟 = ,
𝑀𝑑 1/2
( )
𝑏

Coluna 8:

𝑀𝑑
𝐴𝑠 = para as colunas 11 e 12
𝛼.𝑑

Coluna 13: (CA-50)

CA50 Tabela 17.3


𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛
𝜌𝑚𝑖𝑛 =  As,min=𝜌𝑚𝑖𝑛. 𝐴𝑐
𝐴𝑐

100.h

0,150
Para fck = 20 MPa 𝜌𝑚𝑖𝑛 = . 𝐴𝑐
100

Asmin= 0,15. h para armada em cruz e momentos negativos

88
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Para armadas em uma só direção:

0,15
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,67. . 100. ℎ
100

Coluna 14: (CA - 60)

𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛.𝑓𝑦𝑑
𝜑𝑚𝑖𝑛 = = 0,035
𝐴𝑐.𝑓𝑐𝑑

100.h
0,035. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 =
𝑓𝑦𝑑
Para armada em cruz
0,035.𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,67. ( )
𝑓𝑦𝑑

Espaçamento máximo: 20 cm ou 2h (menor valor)

Lajes em uma só direção


L3 As= 1,09 cm² ϕ 5,0 e 18
L4 As=1,09 cm² ϕ 5.0 e 18
L9 As=2,18 cm² ϕ 5.0 e 19

20%𝐴𝑠
As dist = { } o maior valor
0,9 𝑐𝑚²/𝑚

As, dist L3 e L4 = 0,20 . 1,09 = 0,22 cm²/m


0,9 cm²/m
Φ 5,0 mm c/ 21cm (0,94)
As, dist L9 = 0,20 . 2,18 = 0,44 cm²/m
0,9cm²/m

Exemplo 2: Flexão Simples


Dimensionar a flexão a viga V7 do exemplo cargas esforços nas lajes

V7 (14x50)

89
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Resolução:

VA = 34,52 kN
VB = 34,51 kN
Mmáx = 49,74 kN.m

90
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Classe I
ϕT = 6,3 mm supondo com c=20 mm
ϕ L = 20,0 mm

Para 1 (uma) camada (ϕL) d’ = 20 + 6,3+1 . 20 = 36,3 mm ≅ 40 mm


c ϕT ϕL
av
1
Para 2 (duas) camadas (ϕL) d” = 20+6,3+20,0+2.20 = 56,3 mm ≅ 60mm

c ϕT ϕL

𝑀𝑑 1/2 1,4𝑥49,74 1/2


b= 14cm => dmín = 𝑟( ) = 0,0148 ( )
𝑏 0,14

Aço CA 50
dmin = 0,33 m
(1camada)
Para h= 50 cm => d = h – d” = 50 - 4 = 46cm = 0,46m

d > dmin -> subarmada

𝑑 0,46
novo r = 𝑀𝑑 = 1 = 0,0206
( ) 1,4𝑥49,74 2
𝑏 ( )
0,14

𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎
> 𝛼 = 38,70
0,0205

𝑀𝑑 1,4𝑥49,74
𝐴𝑠 = = = 3,91𝑐𝑚² => 2 ϕ 16,0 (4,02)
𝛼. 𝑑 38,70𝑥0,46

Para h = 40cm => d = 40 – 6 = 34 cm = 0,34m (2 camadas)

d>dmin => subarmada

0,34 𝑡𝑎𝑏ela
novo r = 1,4 𝑥 49,74 1/2
= 0,0152 > 𝛼 = 33,48
( ) 0,0152
0,14
91
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

1,4 𝑥 49,74
𝐴𝑠 = = 6,12𝑐𝑚² 2 ϕ 20,0 (6,28) (1 camada)
33,48 𝑥 0,34

2 ϕ 16,0 -> 1º camada 6,47 cm²


2 ϕ 12,5 -> 2º camada

Ou

2 ϕ 12,5 -> 2º camada 6,14 cm²


3 ϕ 12,5 -> 1º camada
Abaixa o centro de gravidada

Exemplo 3
Verificar a máxima resistência da seção esquematizada à flexão. O concreto tem fck=
20 Mpa. Existiu controle rigoro quanto à variabilidade das medidas durante a execução
seguiu-se a NBR 6118 quanto ao posicionamento das armaduras. Assim:

c = 20 mm
av ≥ 20 mm
ah ≥ 20mm
h=45cm

Resolução:

92
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

12,5
d’ = 20,0+6,3+ = 32,55 ≥ 32,6 mm
2

d = 450 – 41,5 = 408,5 mm = 0,4085 m


A’s = 3,68 cm² (tabela)
Cf = 450 – 41,5 – 32,6 = 375,9mm

∑ 𝐴𝑖.𝑌𝑖 (6,28 . 36,3)+(2,01 . 34,3)+(1,57 . 71,3)


𝑌𝑐𝑔 = ∑ 𝐴𝑖
.: Ycg = d”. (6,28+2,01+1,57)
= 41,47 𝑚𝑚

41,5 mm é aproximadamente igual a 41,47 mm


9,86 As
Para: 2 ϕ 20mm As1= 6,28 cm²
20,0
Y1= 20,0+6,3+ = 36,3mm
2
10
Y3 = 20+6,3+20+20+ 2 = 71.3 m

Para:
2 ϕ 10mm  As3 = 1,57 cm²
1 ϕ 16mm As2 = 2,01 cm²
Y2= 2,0+6,3+16/2= 34,3mm

M1d = 1000.µ.b.d².fcd
𝑀1 𝑑 10.𝑀2 𝑑
As= +
𝛼.𝑑 𝐶𝑓 𝐹𝑦𝑑
10.𝑀2 𝑑
A’s=
𝐶𝑓.𝑓′𝑦𝑑

20
M1d = 1000.0,320.0,15.0,4085².1,4 .: M1d. 114,43 kN.m
114,43 10𝑀2 𝑑
9,86= + .: M2d = 20,51 kN.m
32,55.0,4085 0,3759.435

93
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

10𝑀2 𝑑
3,68 = → 𝑀2 𝑑𝐴′𝑠 = 60,12 𝑘𝑁. 𝑚
0,3759.435

0,0326
0,628−
0,4085
E’s= 𝑥3,5 = 3,06 𝑚𝑚/𝑚
0,628

Eo<E’s<2+Eo
435
Eo= = 2,07 𝑚𝑚/𝑚 F’yd = Fyd =435 Tabela
210

O menor valor é M2d As = 20,51 kN.m

Mdmáx= 114,43 + 20,51 = 134,94 kN.m

134,94
Mdmáx = = 96,39 𝑘𝑁. 𝑚
1,4

Exemplo 4 – Flexão simples


Considerando a mesma seção do exemplo 3, determinar sua máxima resistência à
flexão supondo se tratar de um trecho da viga com momento fletor negativo.

d” =32,6 mm
d’ = 41,5 mm
Cf = 375,9 mm = 0,3759 m
d = h - d” = 450 – 32,6 = 417,4 mm = 0,4174 m
As = 3,68 cm²
A’s = 9,86 cm²
𝑀1 𝑑 10 𝑀2 𝑑 ′ 10 𝑀𝑑
𝐴𝑠 = + ;𝐴 𝑠 = ; 𝑀1 𝑑 = 1000 𝜇. 𝑏. 𝑑 2 . 𝑓𝑐𝑑
𝛼. 𝑑 𝐶𝑓 . 𝑓𝑦 𝑑 𝐶𝑓 . 𝑓𝑦 𝑑
20
M1d = 1000 . 0,320 . 0,15 . 0,4174² . 14

M1d=119,47 kN.m ÷ 1,4 = 85,34 kN.m


119,47 10 𝑀2 𝑑
3,68 = +
32,55𝑥0,4174 0,3759𝑥435
94
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

M2d = - 83,61 kN.m -> seção é subarmada

Verificação de vigas com armadura simples

𝐴𝑠.𝑓𝑦𝑑.𝑑 𝐴𝑠 2 .𝑓𝑦𝑑 2 3,68𝑥435𝑥0,4174 3,682 𝑥 435²


𝑀𝑠 = − = − 20
14 238000 𝑏 .𝑓𝑐𝑑 14 238000𝑥0,15𝑥
14

𝑏. 𝑑² 0,15 𝑥 0,4174²
𝑀𝑐 = =
1,4𝑟² 1,4𝑥8,0148²
Ms = 42,70 kN.m
Mc= 85,22 kN.m
Mmáx = 42,70 kN .m

95
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

6. DETALHAMENTO DE LAJES

6.1. ARMADURA POSITIVA

Comprimentos das barras:


- Sistema de Posições Contínuas
As barras têm o comprimento total da laje, incluido as vigas de apoio,
descontando-se os cobrimentos. Usualmente é representada uma barra em cada
direção indicando-se seu número, bitola, quantidade, espaçamento e comprimento.
Exemplo: Laje L10 do exemplo 1 de lajes.

Ctotal=16 . 5,36+35 . 4,28 = 235,56 m


Massa = 0,154 . 235,56 = 36,25kg

- Sistema de posições alternadas

96
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

As barras têm comprimento menor que o vão da laje, calculado segundo o


critério abaixo, e são colocadas alternadamente, isto é, uma barra inicia sobre a viga
de um lado descontando-se o comprimento, não se estendendo até a viga do outro
lado; a barra seguinte tem ínicio a sobre a viga do lado oposto descontando-se o
comprimento, e vem até as proximidades da primeira viga porém sem chegar a ela.
Assim sucessivamente alternam-se as barras até completar a extensão da laje. Esse
sistema tem por objetivo diminuir o teor de armadura junto aos apoios, onde cada
barra é o vão teórico da laje na direção considerada menos um percentual do menor
vão segundo o seguinte esquema.

Usualmente são representadas duas barras em cada direção, indicando-se


seus números, bitolas, quantidades, espaçamentos e comprimentos.
Exemplo: Laje L10 do exemplo 1 de lajes.

97
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

C28 = 415,5 – 0,33 . 415,5 = 279 cm


C30 = 415,5 – 0,12 . 415,5 = 366 cm
Ctotal = 17. 2,79+18 . 3,66+8 . 3,90+8 . 4,77 = 181,67 m
Massa = 181,67 . 0,154 = 28,13kg

20 𝑐𝑚
Espaçamento máximo das barras (smáx) principal smáx { } o menor valor
𝑜𝑢 2ℎ
Secundária smáx = 33 cm

Armaduras secundárias de flexão terão espaçamento máximo de 33 cm (3 barras por


metro)

Bitola máxima

Φ L, máx = 8

98
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

6.2. ARMADURAS NEGATIVAS

Comprimentos das barras:


- Sistema de posições contínuas

Para cada lado do eixo do vínculo a barra deverá ter o comprimento de ¼ do


maior dos dois menores vãos teóricos das lajes adjacentes a esse vínculo. No caso
de balanços a barra deverá ter além do eixo do vínculo, no mínimo ¼ da extensão
teórica do balanço. Entretando é recomendável adotar a mesma extensão do balanço
a partir do eixo do vínculo.
A esses comprimentos acrescenta-se dobras a 90 graus na barra para apoio
das extremidades. No projeto indica-se usualmente uma barra em cada posição
expressando-se número, bitola, quantidade, espaçamento e comprimento
Exemplo: do exemplo flexão em lajes

99
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

h = 11cm
X5-10= - 8,19 kN.m/m -> 1 ϕ 8mm c/15 cm
X13-10= - 10,43 kN.m/m -> 1 ϕ 8mm c/11 cm
X10-11= - 6,35 kN.m/m -> 1 ϕ 5mm c/9 cm

Ligação L5-L10
Para cada lado do eixo do vínculo:
¼. 415,5 = 103,88 ≅ 104 cm
Dobra a 90 graus: 11 – 1,5 cm = 9,5 cm
383
≅ 26
12
26 N10 1 ϕ 8 mm c/ 15 cm C = 227 cm

Ligação L10-L11
Para cada lado
¼. 415,5 = 103,88 ≅ 104 cm
100
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

403
≅ 45
9

Balanço L13-L10

Para cada lado do eixo vínculo:


14
141,5+ 2 - 1,5 = 147 cm

Comprimento da ponta
Dobra = 9,5cm
515,5
= 47
11
48 N23 1 ϕ 8mm c/11cm C = 359 cm

- Sistema de posições alternadas


Utiliza-se o mesmo critério das posições contínuas, porém adota-se metade
dos valores para as posições alternadas menores. Costuma-se representar duas
barras em cada direção indicando-se número, bitola, quantidade, espaçamento e
comprimento. Não é utilizado para balanços.
Exemplo:

101
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

- Espaçamento de barras negativas:


Não há especificação de norma para esses espaçamentos.
É usual utilizar espaçamentos entre 10 e 30 cm.

6.3. APRESENTAÇÃO DOS DETALHES

Planta de formas
É o desenho das formas de lajes, vigas e pilares, vistos de cima. Essa planta,
em escala 1:50 ou outra mais conveniente, deve ser cotada planimetricamente,
indicando vãos de lajes, larguras de vigas, extensões de balanços, orifícios nas lajes
e todas as demais distâncias necessárias. Devem aparecer cotas altimétricas
baseadas em RN conhecida, preferencialmente a mesma do projeto arquitetônico.
Colocam-se as nomenclaturas de lajes, vigas e pilares assim como suas seções. Para
as lajes escreve-se a espessura e o tipo (macica, mista, etc).

102
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Cada nível da edificação terá sua planta de fôrmas devendo ser elaboradas
preferencialmente no mesmo sentido da leitura do projeto arquitetônico.
Na planta de formas o destaque, com traços mais espessos deve-se para as
formas, utilizando-se traços mais finos para as cotas.

Planta de armaduras positivas

Utiliza-se o mesmo desenho da planta de formas, porém com as linhas em


menos destaque, sem as cotas, preservando-se apenas a nomenclatura dos
elementos. Sobre esse desenho, com linhas mais destacadas, representam-se as
posições das armaduras positivas de cada laje, usualmente uma barra em cada
posição, devidamente identificada com número, quanidade, bitola, espaçamento e
comprimento.

Planta de armaduras negativas

Semelhante a planta de armaduras positivas, representa-se com linhas mais


destacadas e usualmente tracejadas as barras com armaduras negativas
posicionadas sobre as vigas, usualmente representando uma barra em cada posição
com a devida identificação.
Como em geral essas barras negativas são dotadas de dobra, elas são
representadas rebatidas, mostrando a dobra.

Detalhes especiais

Sempre que necessário desenha-se em escala maior qualquer detalhe que não
seja possível de ser entendido apenas com análise das planta tais como laços em
armaduras, dobras especiais, reforços em torno de orifícios, sacadas, floreiras, etc.

Corte estrutural

103
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Semelhante aos cortes do projeto arquitetônico devem ter a posição


convenientemente escolhida e devem ser em número tal de forma a mostrar o maior
número possível de informações.
É usual nos cortes nominar as peças, cortadas e aquelas que aprecem em
vista. Cota-se também verticalmente.

Quadro de armaduras

Quadro de armaduras – lajes do 3o tipo


No Bitola Quant Comp.Unt(m) Comp.total(m) utilização Outras
(mm) informa-
ções
1 5,0 23 313 71,99 L1
2 6,3 37 274 ---------------- L1
3 6,3 14 415 ---------------- L2
4 8,0 25 288 ---------------- L3
L1-L2
158

Comprimento tota l= quantidade x comprimento unitário


A cada conjunto de lajes de um pavimento elabora-se uma tabela que contenha
todas as posições de armadura adotada para essas lajes.
Nesse quadro aparecem o número da posição, bitola, quantidade, comprimento
unitário, comprimento total, local de utilização e outras utilizações a critério do
calculista.

Quadro resumo de materiais:


Quadro resumo de materias – lajes do 30 tipo
Qualidade ϕ (mm) Comp.(m) Massa (kg)

CA 60 5,0 1732,75 266,84


CA 50 6,3

104
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

A cada conjunto de lajes de um pavimento elabora-se uma tabela que contenha


o resumo de materiais utilizafos nessas lajes, expessando a qualidade do aço, bitola,
sua massa, comprimento total de cada bitola, sua massa, o somatório das massas de
aço, a área de formas das massas de aço, a área de formas e o volume total do
concreto indicando o fck.

105
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

7. CISALHAMENTO

7.1. GENERALIDADES

Em uma peça submetida à flexão simples, além das tensões σ normais à seção
transversal e ocasionados pelo momento fletor, aparecem tensões tangenciais Ʈ que
são tensões de cisalhamento produzidas pela força cortante, que sempre acompanha
o momento fletor. Assim, a seção transversal apresenta tensões normais e
tangenciais, que produzem a tensão resultante t.
A tensão resultante t passa por valores máximos e mínimos em dois planos
ortogonais denominados planos principais que, conforme a resistência dos materiais,
estão localizados na linha neutra, formando um ângulo de 45°com o eixo da peça.
Nesses planos principais, uma tensão é máxima de tração, e a outra é máxima
de compressão. Portanto, são denominadas de tensões principais que são normais
aos planos principais.
Para ilustrar a identificação dos planos principais de tração e compressão,
observar as figuras a seguir que representam a ruptura de uma viga:

106
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Nota-se que a ruptura por tração se dá na hipótese B, o que demonstra que


junto aos apoios (força cortante máxima) a direção do plano de tração é 2-2,
consequentemente, o plano de compressão está na direção 1-1.
Tendo o concreto grande resistência à compressão e pouca resistência à
tração, deve-se colocar barras de armadura cruzando o plano de tração, havendo
melhor eficácia se as barras forem perpendiculares à esse plano, segundo a figura,
que a melhor posição da armadura é constituída por barras inclinadas a 45° em
relação ao eixo da peça, normal ao plano de tração. Tais barras de ação deverão,
pois, ser dimensionadas adequadamente. Já as tensões de compressão no plano de
compressão devem ser controladas para evitar o esmagamento do concreto.

107
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Num ponto P qualquer, uma seção submetida a uma força cortante:

Para materiais homogêneos:


V= força cortante;
b= largura da seção medida passando por P;
Ms= momento estático da área situada acima de P em relação ao CG-> Ms=S.y;
J= momento de inércia da seção total em relação à linha neutra;
S= área da seção acima de P;
y= distância do CG da área S, ao CG da seção.
Nas bordas da seção, a tensão é nula; no CG é máxima. Se a força aplicada
estiver contida na seção haverá cortante.

7.2. FÓRMULAS PARA O CÁLCULO DAS ARMADURAS

FIGURA 1

108
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Treliça de Morsh

FIGURA 2

A figura 1 representa um trecho de viga submetida à uma força cortante Vd que


desencadeia a tendência à ruptura, segundo o plano principal de tração, representado
pela fissura de 45°. Tal ruptura é elevada pelas barras de armadura colocadas ao
longo da fissura, formando um ângulo α com o eixo da peça. Pela analogia da Treliça
de Morsh (fig. 2), pode-se assemelhar o funcionamento da viga à uma treliça composta
de regiões comprimidas e tracionadas, sendo comprimidas a 45° com o eixo da peça
e as tracionadas em um ângulo α qualquer, dependendo da colocação da armadura
como na treliça os cálculos se fazem considerando os eixos das barras, na
semelhança à viga de CA, o centro do banzo comprimido está a distância z da
armadura tracionada.

Fórmulas

109
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Considerando que cada barra tenha capacidade de resistir à força Asw1.fyd,


inclinada, se projetada na vertical que é direção da força cortante, cada barra resistirá
a uma parcela dessa força cortante. Chamando essa parcela de Vd1 tem-se que:

Vd1 = Asw1.fyd. sen α

O número de barras necessárias para resistir ao total da força cortante Vd de


projeto atuante na seção considerada é:
A equação de equilíbrio é (Força Atuante = Força Resistente)

110
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Como inverso do espaçamento em metros ¹/1 representa o número de barras


existentes em 1m de viga, Asw1/s = Asw = área da armadura transversal para 1m de
viga.
Dessa forma Vd = Asw.fyd.z (sen α + cos α)

Segundo a NBR 6118, pode-se adotar: z = 0,9.d

Adaptando a equação para as notações iniciadas na NBR 6118, fica:

Onde:
Vsw = parcela da força cortante de projeto resistida pela armadura transversal Asw
fywd = tensão de tração na armadura transversal, limitada a fyd no caso de estribos
(α=90º) e a 0,7.fyd no caso de barras dobradas

Em nenhum caso não se deve tomar valor superior a 435 MPa (CA - 50)
Casos Particulares:
Estribos Normais (α=90º)

Com Asw em cm²/m, Vsw em kN, d em m e fyd em MPa.

Barras dobradas à 45º (α = 45º)

111
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Asw = armadura específica para cisalhamento

Vsw = parte da força cortante

CONCLUSÃO:
Embora as barras dobradas tenham mais eficácia no combate à tração na
diagonal, a NBR 6118:2003 inibe sua utilização ao determinar fywd menor ou igual à
0,7 .fyd. Portando, sendo os estribos de execução mais simples é preferível adotá-los
integralmente no combate a esses esforços como armadura transversal.

7.3 RESISTÊNCIA DO ELEMENTO ESTRUTURAL NO PLANO DE TRAÇÃO

A força cortante solicitante de projeto, expressa pela NBR 6118:2003 como Vsd
será satisfatoriamente resistido no plano de tração quando seu valor for:

Onde:
VRd3 = força cortante resistente de cálculo relativa a ruína por tração diagonal (plano
de tração).
Vc = parcela da força cortante absorvida por mecanismos complementares ao de
treliça.
Vsw = parcela resistida peça armadura transversal, segundo a equação:

Na flexão simples:
Vc = Vc0 = 0,6 . fctd . bw . d
112
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Onde:
bw = menor largura da seção ao longo de d(m);
d = altura útil (m);
fctd = fctk, inf (MPa) Ϫc = 1,4
Ϫc

fctk, inf = 0,7 . fct.m (MPa)


fct, m = 0,3 . fck²/³ (MPa)

OBSERVAÇÃO:
fct = resistência do concreto à tração direta, com seus valores característicos inferior
e médio dado pelas equações acima.
Desta forma, a equação para determinação de Vc em função de fck, com as
unidades acima fica:
Vc = 1000 . 0,6 . fctd. bw.d

Vc = 90 . bw . d . fck²/³ (kN)

Desta forma a equação para que o plano de tração seja adequadamente


resistido, procede de acordo com o seguinte roteiro:
1. Calcula-se Vsd = 1,4.V (KN)
Sendo V os valores de cortantes máximos retirados do diagrama de forças cortantes
da viga.

2. Calcula-se Vc pela fórmula acima. Parcela resistida por mecanismos


complementares da viga.

3. Fazendo-se por economia Vsd = VRd3 tem-se:


Vsd = Vc+Vsw

4. Calcula-se Vsw = Vsd – Vc

5. Calcula-se

113
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Asw = 10.Vsw (cm²/m)


0,9 . d . fyd

Com fyd em Mpa ≤ 435

7.4 RESISTÊNCIA DO ELEMENTO ESTRUTURAL NO PLANO DE COMPRESSÃO

O plano de compressão estará verificado em relação à força cortante solicitante


de projeto Vsd quando Vsd ≤ VRd2, onde VRd2 é a força cortante resistente de cálculo
relativa à ruína das diagonais comprimidas do concreto (plano de compressão).
A verificação do plano de compressão é feita tornando-se VRd2 = 0,27.α.v2 .
fcd . bw . d (KN)

Onde:

Assim a máxima fora cortante resistente de projeto


do plano de compressão com as unidades acima
fica:

7.5 RESISTÊNCIA GLOBAL DO ELEMENTO ESTRUTURAL

114
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

A resistência do elemento estrutural numa determinada seção transversal será


considerada satisfatória quando forem simultaneamente verificados os planos de
compressão e tração, ou seja:
Vsd < VRd2 e Vsd ≤ VRd3

7.6 ARMADURA TRANSVERSAL MÍNIMA (ESTRIBOS)

Em elementos estruturais lineares com bw ≤ 5d (vigas) deve ser adotada


armadura mínima de estribos com o valor Asw1 min = 1,2 . bw . senα . fck²/³.

Onde α é o ângulo entre estribo e o eixo da viga

7.7. ELEMENTOS ESTRUTURAIS LINEARES COM bw > 5d (LAJES)

A verificação do plano de compressão é feita analogamente aos demais


elementos estruturais, isto é, Vsd ≤ Vrd2, porém com
MPa
𝑓𝑐𝑘
Vrd2=0,5.𝛼𝑣1 . 𝑓𝑐𝑑. 𝑏𝑤. 0,9. 𝑑, 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝛼𝑣1 = (0,7 − ) ≤ 0,5
200

𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐

bw; d m
Vrd2  kN

Sendo assim, com as unidades de valores acima a expressão fica


𝑓𝑐𝑘
𝑉𝑟𝑑2 = 1000.0,5. (0,7 − ) . 𝑓𝑐𝑑. 0,9. 𝑑. 𝑏𝑤
200

115
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑓𝑐𝑘
𝑉𝑟𝑑2 = 450. 𝑏𝑤. 𝑑 (0,7 − ) . 𝑓𝑐𝑑
200
𝑓𝑐𝑘
com (0,7 − ) ≤ 0,5
200

No plano de tração, esses elementos estruturais podem precisar de armadura


transversal, quando Vsd ≤ Vrd1 a resistência de projeto ao cisalhamento, dada por:
𝑉𝑟𝑑1 = [𝜏𝑟𝑑 . 𝑘. (1,2 + 40𝜌1 ) + 0,15𝜎𝑐𝑝]. 𝑏𝑤. 𝑑
Onde:

𝜏𝑟𝑑 = 0,25. 𝑓𝑐𝑡𝑑


𝑓𝑐𝑡𝐾, 𝑖𝑛𝑓
𝑓𝑐𝑡𝑑 = (𝑀𝑃𝑎)
𝛾𝑐
fctk,inf=0,7.fct,m (MPa)
fct,m=0,3.fck2/3 (MPa)

K = |1| quando 50% da armadura inferior da laje não chegar ao apoio (sistema de
posições alternadas)
K = |1,6 - d| ≥ 1 nos demais casos quando d em metros.
𝐴𝑠𝑙
𝜌1 = ≤ |0,02|
𝑏𝑤. 𝑑
𝑁𝑠𝑑
Asl= Armadura de tração na seção considerada 𝜎𝑐𝑝 =
𝐴𝑐
Nsd= força de protensão; Nsd=0 para lajes não protendidas

Portanto com os valores e unidades acima a expressão fica:

𝑓𝑐𝑡𝑘, 𝑖𝑛𝑓 𝑁𝑠𝑑


𝑉𝑟𝑑1 = 1000 [0,25 . 𝑘. (1,2 + 40. 𝜌1 ) + 0,15 ] . 𝑏𝑤. 𝑑
1,4 𝐴𝑐
𝑉𝑟𝑑1 = 37,5. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑓𝑐𝑘 2/3 . (1,2 + 40𝜌1 )

Resumindo:

Elementos estruturais lineares com bw > 5.d (lajes) terão:

116
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

1. Plano de compressão verificado quando Vsd ≤ Vrd2


𝑓𝑐𝑘 𝑓𝑐𝑘
𝑉𝑟𝑑2 = 450. 𝑏𝑤. 𝑑 (0,7 − ) . 𝑓𝑐𝑑 𝑐𝑜𝑚 (0,7 − ) ≤ 0,5
200 200
2. Armadura transversal dispensada quando Vsd ≤ Vrd1
2
𝑉𝑟𝑑1 = 37,5. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑓𝑐𝑘 3 . (1,2 + 40𝜌1 )
com:

K=|1| quando 50% da armadura inferior não chega ao apoio (sistema de posições
alternadas)
𝐴𝑠𝑙
K=|1,6 - d| ≥ |1| nos demais casos com d em metros 𝜌1 = ≤
𝑏𝑤.𝑑

|0,02|𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝐴𝑠𝑙 = 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎.

OBSERVAÇÃO:
Vsd=força cortante solicitante de projeto=1,4V, sendo V o maior cortante da laje,
numericamente igual a maior reação de apoio.

7.8. OUTRAS PRESCRIÇÕES DA NBR 6118

Composição da armadura transversal

Armadura transversal Asw pode ser composta somente por estribos, ou pela
associação de estribos e barras dobradas (45o ≤ 𝛼 ≤ 90𝑜 ), sendo que as barras
dobradas não devem suportar mais do que 60% do esforço total resistido pela
armadura.

Diâmetro dos estribos

Deve ser maior ou igual a 5 mm, sem exceder a um décimo da largura da


alma da viga. Se a barra for lisa (CA - 25) seu diâmetro não pode ser superior a 12
mm.

117
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

1
𝑏𝑤 ≥ ∅𝑇 ≥ 5,0𝑚𝑚
10

Espaçamento dos estribos


O espaçamento mínimo deve ser suficiente para permitir a passagem da agulha
do vibrador.
O espaçamento máximo deve atender as condições
Se: 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,67 𝑉𝑟𝑑2 => 𝑠𝑚á𝑥 = 0,6 .d  menor valor
300 mm

𝑉𝑠𝑑 > 0,67 𝑉𝑟𝑑2 => 𝑠𝑚á𝑥 = 0,3 . d  menor valor


200 mm

OBSERVAÇÃO: o espaçamento máximo entre ramos verticais de estribos múltiplos


é:
d
Se 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑟𝑑2 → 𝑠𝑚á𝑥 = 800 mm  menor valor

Se: Vsd > 0,20 Vrd2  smáx= 0,6.d  menor valor


300 mm

Espaçamento de barras dobradas

smáx=0,6 . d . (1+cotg𝛼)

Barras porta-estribos

Onde não forem necessárias barras longitudinais para atender a esforços de


tração ou de compressão, adotam-se barras porta-estribos, cujo diâmetro deve ser no
mínimo igual ao diâmetro do estribo adotado.

118
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Armadura de pele

Em vigas com altura maior que 60 cm deve ser adotado armadura lateral,
denominada armadura de pele, dada por:
As, pele=0,10%Ac, alma

em cada face da alma da viga, constituída por aço CA 50.

Ac, alma é a seção transversal, da viga considerando sua alma.


Em seções retangulares à seção Ac, alma= Ac=b.h, para se utilizar b e h em
metros e As, pele em cm² fica:

As, pele= 10.b.h

Espaçamento da armadura de pele

s máx, pele= d/3  menor valor


200 mm

Exemplos – Cisalhamento:
1. Fazer a verificação de cisalhamento da laje mais crítica do exemplo de lajes:

Resolução:
Laje L1
Rxe = 16,75 kN/m
Vmáx= Rxe (laterais)=16,75 kN/m
b=1,00m
119
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

d=0,085m
Asl = 7,18 cm² /m
fck=20 MPa

Plano de Compressão:

Vsd=1,4 . 16,75 = 23,45 kN/m

20 20
Vrd2= 450 . bw . d.(0,7 − ) 𝑥 1,4 = 273,21 𝑘𝑁
200

0,6 0,5

Vsd ≤ Vrd2  Não haverá esmagamento do concreto no plano de compressão

Plano de tração:

Vsd= 23,45 kN/m

Vrd1=37,5.bw.d.k.fck2/3.(1,2+40. 𝜌1)

k=|1,6-d|=1,6-0,085=1,515 > |1|  ok!


𝐴𝑠𝑙 7,18
𝜌1 = = = 0,0084 < 0,020 → 𝑜𝑘!
𝑏𝑤.𝑑 100𝑥8,5

Vrd1=37,5 . 1,00 . 0,085 . 1,515 . 202/3 . (1,2 + 40 . 0,0084)

Vrd1=54,65 kN

Vsd < Vrd1  dispensada armadura de cisalhamento

2. Tomando a viga 7 do exemplo das lajes, dimensionar ao cisalhamento otimizando


a utilização da armadura mínima de estribos.

Resolução:
120
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Seção: 14 x 35 cm
d = 29 cm
fck = 20 MPa
Plano de compressão:

Vsd=1,4 . 34,52 = 48,33 kN


𝑓𝑐𝑘 20
Vrd2 = 270.bw.d(1 − ).
250 1,4

Vrd2=144,07 kN

Vsd < Vrd2 => não rompe no plano de compressão, não há esmagamento do concreto.
Plano de compressão verificado
fck=20 MPa
b=14 cm
h=35 cm
d=29 cm

Plano de tração:

Vc=90.bw.d.fck2/3
Vc=90.0,14.0,29.22/3= 26,92 kN (concreto resiste só)

Vsd=Vc+Vsw=Vrd3
48,33=26,92+Vsw
Vsw=21,41 kN (para colocar estribos)

10 𝑉𝑠𝑤
𝐴𝑠𝑤 =
0,9. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑
10.21,41
𝐴𝑠𝑤 =
0,9.0,29.35

Asw= 1,89 cm²/m

Armadura mínima: 𝛼 = 90𝑜


121
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Asw,min=1,2.bw.sen𝛼.fck2/3
Asw,min=1,2.0,14.202/3=1,24 cm²/m
∅ 𝑇 , 𝑚𝑖𝑛 = 5,0𝑚𝑚
smáx=?

Prescrições da NBR 6118


0,67 . Vrd2
0,67.144,07 = 96,53 kN
Vsd = 0,67. Vrd2

smáx 0,6 . d = 0,6 . 290mm=174mm≅17cm


300mm= 30cm

Vsd<0,67 Vrd2

Adota-se o menor valor: smáx=17 cm

Tabela(lajes-armaduras)
1∅5,0𝑚𝑚 𝑐⁄ 1,16 cm²/m
17𝑐𝑚
1 estribo normal (2 ramos)  1 estrib 5mm cada 17 cm 2,32cm²/m

Verificação máxima cortante resistida pela estribo mínimo:


10. 𝑉𝑠𝑤
𝐴𝑠𝑤 =
0,9. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑
10. 𝑉𝑠𝑤, 𝑒𝑠𝑡. 𝑚í𝑛
2,32 =
0,9.0,29.435
Vsw,est min=26,34 kN
Vsd,est min=Vc+Vsw,min
Vsd,estrib min=26,34+26,92=53,26 kN
53,26
Vestrib min= = 38,04 Kn
1,4

Cortante (v)
38,04 kN > 34,53 kN

122
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

a armadura passa

3. Dimensionar a viga abaixo ao cisalhamento otimizando a utilização dos estribos

fck= 20 MPa
b= 12 cm
h= 40 cm
d= 34 cm
43,70.4,50
𝑉𝑠𝑚á𝑥 = = 98,33 kN
2

Plano de compressão:
Vsd=1,4.Vsmáx
Vsd=1,4 . 98,33
Vsd = 137,66 kN
𝑓𝑐𝑘
𝑉𝑟𝑑2 270. 𝑏𝑤. 𝑑. (1 − ) . 𝑓𝑐𝑑
250
20 20
𝑉𝑟𝑑2 270.0,12.0,34. (1 − ).
250 1,4
Vrd2 < Vrd2  plano de compressão verificado
0,67.Vrd2
0,67.144,78=97,00 Kn Vsd=0,95 Vrd2
123
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Vsd>0,67 Vrd2
smáx 0,3.d = 0,3.340= 102 mm
200 mm
smáx ≅ 10 cm

Plano de tração:

Vc= 90.bw.d.fck2/3
Vc= 90.0,12.0,34.202/3 = 27,06 kN

Vsd=Vrd3=Vc+Vsw
137,66=27,06+Vsw
Vsw=110,60 kN

10. 𝑉𝑠𝑤
𝐴𝑠𝑤 =
0,9. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑
10.110,60 𝑐𝑚2
𝐴𝑠𝑤 = = 8,31
0,9.0,34.435 𝑚

1 estribo 8,0 mm 2 R c/10 cm 10,06 cm²/m

Armadura mínima : 𝛼 = 90𝑜

Asw,min=1,2.bw.sen𝛼.fck2/3
Asw,min=1,2.0,12.202/3=1,06 cm²/m
∅ 𝑇𝑚í𝑛=5,0 𝑚𝑚
As,est min= 1 estribo 2R ∅ 5 mm c/ 10 cm= 3,92 cm²/m

Verificação da máxima força cortante resistente pelo estribo mínimo:

10. 𝑉𝑠𝑤
𝐴𝑠𝑤 =
0,9. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑
10. 𝑉𝑠𝑤, 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑚𝑖𝑛
3,92 =
0,9.0,34.435

124
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Vsw, estrib min= 52,18 kN


Vsd, estrib min= 52,18+27,06 = 79,24 kN
79,24
Vestrib min= = 56,06 𝑘𝑁
1,4

Conclusão: utilizar estribos 8,0 mm cada 10 cm (2 ramos) ao longo do primeiro e do


último metro de extensão da viga, nos 2,50 m de extensão de vigas centrais utilizar
um estribo 5mm cada 10 cm (2 ramos).

125
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

8. DETALHAMENTO DE VIGAS DE SEÇÃO RETANGULAR

8.1. GENERALIDADES

Planta de formas: é a mesma vista para as lajes, uma vez que ficam identificadas as
lajes, vigas e pilares de cada nível da edificação.
Desenhos das vigas: Cada viga é desenhada individualmente, em vista longitudinal,
em escala conveniente, mostrando-se as armaduras longitudinais no seu interior.
Identifica-se cada viga com seu nome e seção, cortam-se cada viga com seu nome e
seção, cortam-se longitudinalmente os vãos e larguras dos apoios. Desenham as
armaduras positivas e negativas “explodidas”, com as armaduras superiores acima de
toda viga e as inferiores e de pele abaixo da viga.
Cotam-se as posições de armaduras que não se entendem aos apoios,
referindo-se aos eixos dos apoios convenientes. Indica-se a distribuição dos estribos
cotando-se suas variações em relação às faces dos apoios. Desenha-se um estribo
ao lado da viga em escala conveniente. Cada posição de armadura longitudinal e
estribo é identificado com número, quantidade, bitola, comprimentos parciais e total,
camada e posição superior, inferior ou pele.
Detalhes especiais: sempre que necessário desenha-se em escala maior qualquer
detalhe que não seja possível de ser entendido apenas com análise dos outros
desenhos, tais como: seções especiais, mudanças de seção, dobras especiais de
armaduras.
Quadro de armaduras e quadro resumo de materiais: a cada conjunto de vigas de um
pavimento elaboram-se essas tabelas, semelhante ao das lajes.

8.2 ARMADURAS TRANSVERSAIS (ESTRIBOS)

Procedimentos usuais

Por questão de economia deve-se, sempre que possível, utilizar o estribo


mínimo da norma nas regiões de forças cortantes de pequeno valor, até a máxima
força cortante por eles resistida, tornando como base o diagrama de forças cortantes.

126
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

As forças cortantes máximas de cada tramo que extrapolarem a máxima


resistência dos estribos mínimos serão cobertas por estribos calculados em função
dos seus valores.

8.3. ARMADURAS LONGITUDINAIS (FLEXÃO)

Comprimentos das barras

O dimensionamento a flexão é feito levando-se em conta os máximos


momentos fletores positivos de cada vão e negativos sobre cada apoio.
Economicamente não é interessante manter armaduras máximas ao longo de toda
viga. Desta forma otimiza-se a utilização das barras fazendo “cobertura do diagrama
dos momentos fletores”.

Procedimentos para se fazer a cobertura do diagrama de momentos fletores

1. Faz-se a “descalagem” ou “decalagem” do diagrama de momentos fletores, isto é,


desloca-se o diagrama paralelamente a si mesmo nas direções mais desfavoráveis,
utilizando-se para as vigas normais e edifícios o valor 0,5 . d para a descalagem
(Pode-se utilizar 0,5 . h a favor da segurança)

127
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

2. Dividem-se as ordenadas correspondentes aos momentos fletores máximos,


positivos e negativos, de cada trecho e sobre cada apoio, pelo número de barras
longitudinais usadas no seu combate se as barras forem de igual bitola. Se as bitolas
forem diferentes dividem-se as ordenadas em segmentos proporcionais as áreas das
seções transversais das barras.
3. Traçam-se paralelas ao eixo da viga passando pelos pontos de divisão, essas
paralelas representam cada barra utilizada, e delimitam trechos do diagrama por elas
cobertos. Considera-se que a primeira barra coincide com o desenho do eixo da viga.
4. O ponto de interseção das paralelas com o diagrama deslocado é o ponto de
dispensa da barra.
5. A partir desse ponto ancora-se a barra ao concreto utilizando-se a ancoragem reta
ou dobras e ganchos.
6. Deve-se estender ao menos duas barras da armadura positiva até os apoios, em
seção que atenda o seguinte:
1
As,apoio ≥ 3 As,vão; se Mapoio for nulo ou negativo e de valor absoluto

|M apoio|≤0,5 M vão ;
1
As,apoio ≥ 4 As,vão; se Mapoio for negativo e de valor absoluto

|M apoio| ≥0,5 M vão


7. Normalmente utiliza-se gancho a 90 graus para ancoragem das barras de armadura
positiva estendidas aos apoios extremos, e ancoragem reta para as demais.

8.4. ANCORAGEM

Conceituação

Todas as armaduras devem ser armadas de maneira que os esforços que elas
estejam submetidas integralmente para o concreto. Se a ancoragem for feita por
aderência, esta pode se através de um comprimento ou da utilização de ganchos.

Boa e má aderência

128
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Dependendo da localização da barra na seção de concreto, ela poderá ser


considerada localizada em situação de boa ou má aderência, sendo que a NBR 6118,
estabelece que:
1. barras horizontais estarão em situação de boa aderência se localizadas no máximo
a 30 cm acima da face inferior do elemento h < 60 cm e no mínimo a 30 cm abaixo da
face superior do elemento com h ≥ 60cm.
2. barras em outras posições são consideradas em situação de má aderência.
3. barras com ângulo maior ou igual a 45 graus são consideradas em situação de boa
aderência.

Resistência de aderência (f bd)

A resistência de aderência de cálculo entre armadura e concreto é o obtida


através da expressão:
fbd=N1.N2.N3.fctd
𝑓𝑐𝑡, 𝑘𝑖𝑛𝑓
𝑓𝑐𝑡𝑑 = (𝑀𝑃𝑎) 𝑓𝑐𝑡𝑘, 𝑖𝑛𝑓 = 0,7. 𝑓𝑐𝑡𝑚(𝑀𝑃𝑎)
𝛾𝑐
fctm=0,3.fck2/3 (MPa)
Onde:
N1=é um coeficiente que mede a conformação superficial da barra sendo que N1=1
para barras lisas (CA 25)
N1=1,4 para barras entalhadas (CA 60)
N1= 2,25 para barras nervuradas (CA 50)
N2= é um coeficiente que se refere as regiões de boa e má aderência sendo
N2= 1 para situações de boa aderência
N2= 0,7 para situações de má aderência
N3= é um coeficiente que depende da bitola da barra sendo:
132−∅
N3=(
100
) para ∅ ≥ 32,0𝑚𝑚

Comprimento de ancoragem básico (lb)

129
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

É definido como o comprimento reto de uma barra necessária para ancorar a


força limite As . fyd nessa barra, admitindo ao longo desse comprimento resistência
de aderência uniforme igual a f bd
∅ 𝑓𝑦𝑑
É dado por: 𝑙𝑏 = .
4 𝑓𝑏𝑑

Comprimento de ancoragem necessário (lb, nec)

É dado por:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏, 𝑛𝑒𝑐 = 𝛼1 . 𝑙𝑏. ≥ 𝑙𝑏, 𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑒𝑓

𝛼1 = 1 para barras sem gancho


𝛼1 = 0,7 Para barras tracionadas com gancho

0,3 . lb
lb min= 10.∅ o maior valor
100 mm

As, calc=área de armadura calculada


As, ef = área de armadura efetivamente adotada

Simplificação
Em geral as armaduras longitudinais são constituídas por aço CA-50, e as
áreas adotadas tendem a serem próximas as calculadas. Também não é usual nos
edifícios usar bitolas superiores a 32mm, Sendo assim, fica:
0,7.0,3
𝑓𝑐𝑡𝑑 = . 𝑓𝑐𝑘 2/3 = 0,15. 𝑓𝑐𝑘 2/3
1,4
Para CA-50  N1=2,25 fyd=435 MPa para ∅ < 32,0𝑚𝑚 → 𝑁3 = 1,0

Para situações de má aderência onde N2=0,7 fica:

fbd=2,25 . 0,7 . 1,0 . 0,15 . fck2/3

fbd=0,23625.fck2/3
130
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

∅ 435
𝑙𝑏 = 𝑥
4 0.23625𝑥𝑓𝑐𝑘 2/3
460,32 ∅ 461∅
𝑙𝑏 = ≅ 2 => 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎
𝑓𝑐𝑘 2/3
𝑓𝑐𝑘 3

Para situações de boa aderência (N2=1,0) fica:

fbd=2,25 . 1,0 . 1,0 . 0,15 . fck2/3

fbd=0,3375 fck2/3
∅ 435 322,22∅ 323∅
𝑙𝑏 = . = ≅ 2 => 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
4 0,3375. 𝑓𝑐𝑘 2/3 𝑓𝑐𝑘 2/3
𝑓𝑐𝑘 3
E ainda:
lb,nec=lb para barras retas (𝛼 = 1) e lb,nec=0,7.lb para barras com ganchos

comprimento:
461
𝑙𝑏 = . ∅ = 63∅ 𝑚á
202/3
323
𝑙𝑏 = 2/3 . ∅ = 44∅ 𝑏𝑜𝑎
20

Ganchos

Nas armaduras de tração

Os ganchos podem ser:


- semicirculares, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 2∅ (caso obrigatório
para CA-25).
-em ângulo de 45 graus interno com ponta reta de comprimento maior ou igual a 4 ∅
- em ângulo reto com ponta reta e comprimento maior ou igual a ∅
Os pinos de dobramento, que indicam o raio interno de curvatura dos ganchos,
devem ter diâmetro dado por:
131
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

- para ∅ menor que 20 mm  4 ∅ para CA 25


5 ∅ para CA 50
6 ∅ para CA 60

- para ∅ maior ou igual a 20mm 5 ∅ 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴 25


8 ∅ 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴 50

Simplificando, para dobrar a 90 graus em armaduras tracionadas fica:


No projeto, a dobra fica entre 11,5 ϕ ou 13,5 ϕ.

Pinos de dobragem

Chapa

Pranchão

Nos estribos

132
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Os ganchos podem ser:


- semicirculares e com ângulo de 45 graus interno, com ponta reta de comprimento
igual a 5∅ 𝑇 ≥ 5 𝑐𝑚 (obrigatório para CA-25)

- em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 ∅ 𝑇 ≥ 7 𝑐𝑚


Os pinos de dobramento para estribos devem ter diâmetro dado por:
- Para ∅ 𝑇 ≤ 10𝑚𝑚 3 ∅ 𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴 25
3 ∅ 𝑇 para CA 50
3 ∅ 𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴 60

- para ∅ 𝑇 > 10𝑚𝑚 𝑒 ∅ 𝑇 < 20𝑚𝑚 4 ∅ 𝑇 para CA 25


6 ∅ 𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴 50

-para ∅ 𝑇 ≥ 20𝑚𝑚 5 ∅ 𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐶𝐴 25


8 ∅ 𝑇 para CA 50

Simplificando, para os estribos usuais de bitola inferior a 10 mm fica:

Dobra a 90 graus:
12,5 ϕT ou 7 cm: maior valor

Para dobras a 180 graus:


7,5 ϕ T ou 2,5 ϕT + 5 cm

Apoios Extremos

A partir da face do apoio, a barra deve ser ancorada antes do gancho, com
o maior valor entre r+5,5∅ ≥ 60𝑚𝑚, 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑟 𝑜 𝑟𝑎𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑏𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎.
OBSERVAÇÃO: Na prática, a não ser em casos especiais, costuma-se estender a
barra até a face oposta do apoio menos o cobrimento, e fazer a dobra.

133
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Apoios Intermediários

quando não houver momento fletor positivo, a ancoragem pode ser somente
10 ∅ reto.

OBSERVAÇÃO: Na prática é usual estender a barra até o lado oposto do apoio


intermediário descontando-se o cobrimento, porém observando o mínimo 10 ∅.

Exemplo - Detalhamento de viga


fck=25MPa
CA 50 p/ ∅𝐿
Aço CA 50 OU CA 60 para ∅ 𝑇

Pilares seção 20x20cm


b=20cm
cobrimento=20mm
para 1 camada: d”=4cm

134
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

para 2 camadas: d”6cm

Resolução:

Esforços:
1,35
𝑋𝐴 = −22,70.1,35 − 35,52.1,35.
2
𝑋𝐴 = - 63,01 kN.m

Reações de Apoio:

∑ 𝑀𝐴 = 0: 22,70.1,35 + 35,52.1,35. 1,35⁄2 + 𝑅𝐵𝑌. 6,20

3,70
= 28,80.3,70. + 53,20.3,70 + 41,37 (3,70 + 2,50⁄2) . 2,50
2
∑ 𝑀𝐵 = 0: 𝑅𝐴𝑌. 6,20

= 22,70(6,20 + 1,35) + 35,52 (6,20 + 1,35⁄2) . 1,35


3,70 2,5
+ 28,80.3,70. (2,50 + ) + 53,20.2,5 + 41,37.2,5.
2 2
RAY=197,88 kN
RBY=135,95 kN
2,50
𝑀1 = −41,37.2,50. + 135,95.2,5
2

135
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

M1= 210,59 kN.m

Cortantes:

VA esq. = - 22,70 - 35,52 . 1,35


VA esq. = - 70,65 kN
VA dir.= 135,95 - 53,20 - 28,80 . 3,70 - 41,37.2,50
VA dir. = 127,23 kN

VB = - 22,70 – 53,20 – 35,52 . 1,35 – 28,80 . 3,70 – 41,37 . 2,50 + 197,88


VB = - 135,95 kN

V1, esq. = 197,88 - 22,70 - 35,52 . 1,35 - 28,80 . 3,70


V1, esq. = 20,67 kN

V1,dir. = 135,95 - 41,37 . 2,50


V1,dir. = - 32,53 kN

-Diagramas:

136
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

-Detalhamento à flexão:
Com M = 210,59 kN.m
dmin = 0,507m
valor qualquer
Adotar => 20x70 subarmada (d>dmin)
1 camada
d =70 – 4 = 66cm d = h - d”
Para M1=210,59 kN.m Md=M .1,4 = 294,83 kN.m

137
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑚𝑑 𝑑
𝐴𝑠 = 𝑟=
𝛼. 𝑑 𝑚𝑑 1/2
( )
𝑏
r=0,0171  𝛼 = 37,83 𝑝/𝑓𝑐𝑘
294,83 0,66
𝐴𝑠 = 𝑟= 294,83 1/2
r=0,01719
37,83.0,66 ( )
0,20

Tabela de r igual ou imediatamente inferior


𝐴𝑠 = 11,81𝑐𝑚² → 4∅ 20,0𝑚𝑚 (12,57)

Para XA = 63,01 kN.m 𝑋𝑑 = 1,4. 𝑋 = 1,4.63,01 = 88,21 𝑘𝑁. 𝑚


𝑑
𝑟= 𝑚𝑑 1/2
r tab=0,0226
( )
𝑏

𝛼 = 40,48
0,66
𝑟= 1/2 r = 0,0314
(88,21⁄0,20)

𝑋𝑑
𝐴𝑠 =
𝛼. 𝑑
As=88,21/(40,48.0,66) As=3,30cm²
𝐴𝑠 = 3,3 𝑐𝑚2 → 2 ∅ 6,3𝑚𝑚 + 1 ∅ 6,3𝑚𝑚 + 2 ∅ 12,5𝑚𝑚(3,39)
Asmin=2,10cm²=>Ok!

-Dimensionamento ao cortante: para V=135,95 kN(> Vpositivo)

-Plano de compressão:
Vsd ≤ Vrd2 Vsd = 1,4 . V = 1,4 . 135,95
Vsd = 190,33 kN
Vsd < Vrd2  Ok!
Vrd2 = 270.bw.d(1-fck/250).fcd
Vrd2 = 270.0,20.0,66.(1-25/250).25/1,4 Vrd2 = 572,79 kN

-Plano de tração:
Vc=90.bw.d.fck2/3
Vc=90. 0,20 .0,66. 252/3
Vc=101,57 kN
138
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

- estribo mínimo:
Asw,min=1,2.bw.sen𝛼.fck2/3
Asw,min =1,2.0,2.1.252/3
Asw,min=2,05cm²/m
∅ 𝑇 , 𝑚𝑖𝑛 = 5,0𝑚𝑚
Vsd < 0,67.Vrd2
Smáx=30cm 0,6.d=0,6.660=396 mm
300 mm
Adotar menor valor para smáx
Adotar:

1∅5,0𝑚𝑚 𝑐⁄19𝑐𝑚 (2 𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠) → 2,06 𝑐𝑚²⁄𝑚 𝑜𝑢


1∅6,3𝑚𝑚 𝑐⁄
15𝑐𝑚 (2 𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠) → 2,08 𝑐𝑚²⁄𝑚

Resistência de Asw,min:
10. 𝑉𝑠𝑤, 𝑒𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠𝑤, 𝑒𝑚𝑖𝑛 =
0,9. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑
10.𝑉𝑠𝑤,𝑒𝑚𝑖𝑛
2,06 = Vsw,emin=53,23 kN
0,9.0,66.435

Vsd,emin=Vc+Vsw,emin
Vsd,emin=101,57+53,23
Vsd,emin=154,80 kN

𝑉𝑠𝑑,𝑒𝑚𝑖𝑛 154,80
𝑉𝑒min = = Vemin=110,57 kN
1,4 1,4

Abrangência do estribo mínimo:


3,70 3,70 − a
=
127,23 − 20,67 110,57 − 20,67
𝑎 ≅ 58 𝑐𝑚

2,50 2,50 − b
=
135,95 − 32,53 110,57 − 32,53
139
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑏 ≅ 62 𝑐𝑚

Vsw=1,4. 127,23 - 101,57 = 76,55 kN


10.𝑉𝑠𝑤 10.76,55
Para V=127,23 kN 𝐴𝑠𝑤 = 𝐴𝑠𝑤 =
0,9.𝑑.𝑓𝑦𝑑 0,9.0,66.435

2
𝐴𝑠𝑤 = 2,96 𝑐𝑚 ⁄𝑚 => ∅6,3𝑚𝑚 𝑐|2|𝑐𝑚(2,96)

10.𝑉𝑠𝑤
Para V= 135,95 kN 𝐴𝑠𝑤 =
0,9.𝑑.𝑓𝑦𝑑
10.88,76
𝐴𝑠𝑤 =
0,9.0,66.435
Asw= 3,44cm²/m => 1∅6,3𝑚𝑚 𝑐⁄18 𝑐𝑚 (3,46)

Vsw= Vsd - Vc
Vsw=1,4.135,95-101,57
Vsw = 88,76 kN

Armadura de pele: (para h>60cm)

As,pele=10.b.h=10.0,20.0,70=1,40cm² por face


3∅8,0𝑚𝑚 |𝑓𝑎𝑐𝑒 (1,51𝑐𝑚2 )

𝑑 66
smáx= = = 22𝑐𝑚
3 33
smáx=20cm

Adota-se: 20cm

Ancoragens:
Armaduras Longitudinais: reta
Má aderência (barras superiores)

𝑙𝑏 = 461. ∅⁄ 2
𝑓𝑐𝑘 3

140
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑝ara ∅ = 6,3𝑚𝑚 → 𝑙𝑏 = 339,69𝑚𝑚 ≅ 34𝑐𝑚


𝑝ara ∅ = 12,5𝑚𝑚 → 𝑙𝑏 = 673,99𝑚𝑚 ≅ 68 𝑐𝑚

Boa aderência (inferiores)


323∅
𝑙𝑏 =
𝑓𝑐𝑘 2/3
𝑝ara ∅ = 20,0𝑚𝑚 → 𝑙𝑏 = 755,56 𝑚𝑚 ≅ 76𝑐𝑚

Armaduras Longitudinais – ganchos


𝑝ara ∅ = 6,6𝑚𝑚 → 11∅ → 72,45𝑚𝑚 = 8𝑐𝑚
𝑝𝑎𝑟𝑎 ∅ = 12,5𝑚𝑚 → 11,5∅ → 143,75𝑚𝑚 = 15𝑐𝑚
𝑝ara 𝑏𝑖𝑡𝑜𝑙𝑎𝑠 𝑑𝑒 20𝑚𝑚 → 13∅ → 260,00𝑚𝑚 = 26𝑐𝑚

Estribos:

Ganchos a 90o  𝑝| ∅ = 5,0𝑚𝑚 => 62,5𝑚𝑚 9 cm


82,5 𝑚𝑚

𝑝| ∅ 6,3𝑚𝑚 => 78,8𝑚𝑚 9 cm


85,8mm

2,5. ∅ 𝑇 + 70

141
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

9. PILARES DE SEÇÃO RETANGULAR

9.1. INTRODUÇÃO

Definição

Pilares são elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical,


em que as forças de compressão são predominantes.
Funcionamento
Nos edifícios, recebem as cargas das vigas de um pavimento e as transmitem,
juntamente com seu peso próprio, ao seu trecho subjacente.
Este recebe as cargas do pavimento por ele sustentado, as cargas do seu
trecho superior e, juntamente com seu peso próprio, as transmite ao seu trecho
subjacente.
Assim sucessivamente, acumulando as cargas trecho a trecho até
descarregar nos elementos de fundação.

9.2. CARGAS

Peso próprio: é obtido multiplicando-se o volume do pilar pelo peso específico do


concreto armado.

pp=Ac.l.𝜸𝒄

m² m 25Kn/m³

Ac  área de concreto da seção= b x h


l  comprimento do pilar acima da seção considerada

Cargas de vigas

As vigas de cada pavimento aplicam suas cargas nos pilares que as sustentam,
supostas concentradas (kN) no CG da figura formado pela superposição da viga com
o pilar.
142
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Outras Cargas

Toda e qualquer outra carga aplicada ao pilar tem de ser levada em conta na
determinação dos esforços para seu dimensionamento.

9.3. ESFORÇOS PARA DIMENSIONAMENTO

Conceitos básicos

Eixos principais de inércia: as seções retangulares serão caracterizadas por


eixos ortogonais e passando pelo CG da seção.

Considerando b a menor dimensão da seção, xx eixo principal de inércia


paralelo a b e yy paralelo a h.

Esforços Atuantes: sempre haverá carga vertical nos pilares, portanto sempre
serão submetidas à compressão axial. Se a carga vertical for centralizada, o esforço
atuante será uma compressão simples.
Se a carga vertical for excêntrica e/ou houver momento fletor atuante na
seção, o esforço atuante será flexo-compressão ou flexão composta.
A flexo-compressão será normal se o momento atuante fizer a seção girar em
torno de apenas um dos eixos principais de inércias, XX ou YY.
A flexo-compressão será oblíqua se o momento atuante fizer a seção girar em
torno de um eixo qualquer, oblíquo, diferente de XX ou YY. Pode-se considerar a flexo-
compressão oblíqua como uma composição de duas flexo-compressões normais.
Os momentos fletores atuantes podem ser originados pela simples
excentricidade de aplicação das cargas verticais das vigas ou podem ter outras
causas, como engastamento de vigas, cargas horizontais, etc. Em qualquer situação,
o efeito em termos de força atuante na seção é o mesmo.
143
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Esses momentos fletores atuantes são denominados momentos de 1ª ordem.

Generalidades dos esforços atuantes

Escolhendo a seção mais conveniente para análise dos esforços e


dimensionamento do pilar (normalmente a seção mais interior do trecho), usualmente
haverá diversas cargas verticais, centradas ou não que poderão ser somadas
constituindo a resultante de cargas verticais (∑ 𝑁𝑣). Da mesma forma os diversos
momentos fletores atuantes nessa seção, ocasionado pelas mais diversas origens,
poderão ser agrupados em somatórios, sempre referidos aos eixos XX e YY,
constituindo ∑ 𝑁𝑣, ∑ 𝑀𝑥 , ∑ 𝑀𝑦, assim, quando:

∑ 𝑁𝑣 ≠ 0; ∑ 𝑀𝑥 = 0; ∑ 𝑀𝑦 = 𝑜 => 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠

∑ 𝑁𝑣 ≠ 0; ∑ 𝑀𝑥 ≠ 𝑜; ∑ 𝑀𝑦 = 0 => 𝑓𝑙𝑒𝑥𝑜 − 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑒, 𝑋𝑋𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙

∑ 𝑁𝑣 ≠ 0; ∑ 𝑀𝑥 = 𝑜; ∑ 𝑀𝑦 ≠ 0 => 𝑓𝑙𝑒𝑥𝑜 − 𝑐𝑜𝑚𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 𝑎 𝑌𝑌

∑ 𝑁𝑣 ≠ 0; ∑ 𝑀𝑥 ≠ 𝑜; ∑ 𝑀𝑦 ≠ 0 => 𝑓𝑙𝑒𝑥𝑜 − 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑜𝑏𝑙í𝑞𝑢𝑎

OBSREVAÇÃO: havendo resultante de cargas horizontais aplicado ao pilar, além de


momento fletores que poderão ser gerados por elas, aparecerá força cortante na
seção de dimensionamento. Deve-se ter atenção quanto a direção dessa força
cortante, se paralela a b ou h.

Excentricidade de 1ª ordem (e1)

Pode-se substituir o efeito de ∑ 𝑀𝑥 𝑒 ∑ 𝑀𝑦 por respectivas excentricidades da


carga vertical ∑ 𝑁𝑣, em relação aos eixos XX e YY constituído a excentricidade de 1ª
ordem e1. Assim:
∑ 𝑀𝑥
𝑒1 𝑥 = ∑ 𝑁𝑣
;

∑ 𝑀𝑥
𝑒1 𝑥 =
∑ 𝑁𝑣
Em termos de esforços atuantes tem-se o mesmo efeito.

144
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Excentricidade acidental (ea)

As imperfeições geométricas locais devem ser levadas em conta no


dimensionamento. Essas imperfeições são a falta de retilinidade e desaprumo do
trecho do pilar.
Essas falhas construtivas geram na seção dimensionamento (também de 1ª
ordem - momento fletor) que é obtido multiplicando-se ∑ 𝑁𝑣 por uma excentricidade
acidental, que é dada por:
𝑒𝑎𝑥 = 0,015 + 0,03ℎ
𝑒𝑎𝑦 = 0,015 + 0,03𝑏
Com h e b em metros.

Efeitos de 2ª ordem (flambagem)

Peças axialmente comprimidas sofrem efeitos de instabilidade lateral


(flambagem). Esses efeitos dependem do comprimento da peça de sua seção
transversal sendo distintos para cada seção considerada. Assim estabelece-se o
seguinte:

Comprimento equivalente do pilar (teórico) (le)

le=lo+h o menor
le=l valor

Onde: lo=distância entre as faces dos elementos horizontais que vinculam o pilar.
l=distância entre os eixos desses elementos.
h= maior dimensão da seção do pilar

145
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Simplificadamente a favor da segurança pode-se adotar genericamente le


sendo a distância piso a piso entre pavimentos.

Índice de esbeltz (𝜆)

𝑙𝑒
Genericamente 𝜆 = , sendo le=comprimento equivalente e i = raio de giração
𝑖
da seção.
Quando se tem diferentes vinculações nas extremidades da barra comprimida,
a tendência a flambagem varia estabelecendo-se os comprimentos de flambagem l fl.
Em função da equação de l, adota-se que o índice de esbeltez é diferente
considerando-se cada eixo da seção do pilar. Assim fica:

𝑙𝑒𝑥 𝑙𝑒𝑥 𝑙𝑒𝑥 𝑙𝑒𝑥 √12. 𝑙𝑒𝑥


λ= = = = =
𝑖𝑥 3 ℎ
√𝑖𝑥 √ 𝑏ℎ
2
√ℎ ⁄12
S 1,2𝑏. ℎ
3,46. 𝑙𝑒𝑥
𝜆𝑥 =

Analogamente:

146
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

3,46. 𝑙𝑒𝑥
λ𝑥 =
𝑏

Excentricidade de 2º ordem (l2)

Considerando situações usuais, com λ≤90, seção constante e armadura


simétrica, os efeitos de 2º ordem (flambagem) são considerados atendidos se for
aplicada à seção um momento obtido multiplicando-se a carga de projeto por uma
excentricidade chamada de 2.º ordem, obtido por:

𝑙𝑒𝑥² 0,005
𝑒2𝑥 = 𝑥
10 (𝛾 + 0,5). ℎ
𝑙𝑒𝑦 0,005
𝑒2𝑦 = 𝑥
10 (𝛾 + 0,5). 𝑏
Onde 𝛾= força normal adimensional
10. 𝑁𝑠𝑑
𝛾=
𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑
Com Nsd= força normal solicitante de projeto
Nsd=∑ 𝑁𝑣𝑥 esforço de majoração
Ac= área da seção transversal do pilar (cm²)
𝑓𝑐𝑘
𝐹𝑐𝑑 = (𝑀𝑝𝑎)
1,4
ʋ ≥ 0,5
Dispensa da análise dos efeitos de 2º ordem

Os efeitos de 2º ordem podem ser desprezados quando λ < X1


Sendo X1 estabelecido como segue tudo sempre referido a X-X e Y-Y
λ1 depende de diversos fatores, sendo preponderantes:
𝑒1.𝑥 𝑒1𝑦
-1º a excentricidade relativa de 1a ordem. , ;
ℎ 𝑏
-2º a vinculação das extremidades do pilar;
-3º a forma do diagrama de momentos de 1a ordem

λ1 pode ser calculado pelas expressões

147
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑙1𝑥 𝑙1𝑦
25 + 12,5. 25 + 12,5.
λ1𝑥 = ℎ λ1𝑦 = ℎ
𝛼𝑏 𝛼𝑏

35
sendo ≤ λ1 ≤ 90
𝛼𝑏

O valor de 𝛼𝑏 é obtido como sendo:

a) Para pilares bi apoiados sem cargas transversais


𝑀𝐵
𝛼𝑏 = 0,60 + 0,40 ≥ 0,4
𝑀𝐴
Sendo 1,0 ≥ 2𝑏 ≥ 0,4, 𝑜𝑛𝑑𝑒:
MA e MB são momentos de 1a ordem nos extremos do pilar deve ser adotado
para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar bi apoiado e para MB o sinal positivo
se tracionar a mesma face que MA, e negativo em caso contrário.

b) Para pilares bi apoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura


𝛼𝑏 = 1,0

c) Para pilares em balanço

𝑀𝐶
𝛼𝑏 = 0,80 + 0,20. 𝑀𝐴 ≥ 0,85, sendo

1,0 ≥ α𝑏 ≥ 0,85
Onde MA é o momento de 1a ordem no engaste e MC o momento de 1a ordem
no meio de pilar em balanço.
d) Para pilares bi apoiados ou em balanço com momentos menores do que o
estabelecido com ou excentricidade acidental: (l1 < la)
𝛼𝑏 = 1,0

Excentricidade a ser adotada para dimensionamento

148
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Genericamente deve-se considerar ou carga Nsd, ou seja, carga normal


solicitante de projeto afastada do centro de gravidade da seção, dos valores de
excentricidade em relação a cada eixo principal de início ex, ey, sendo:

MOMENTO ATUANTE

FLAMBAGEM
lx = l1x + lax + l2x
sendo:
ly = l1y + lay + l2y

EXCENTRICIDADE ACIDENTAL

l1= excentricidade de 1a ordem, retratando os efeitos de momentos fletores


efetivamente atuantes na seção;
la= excentricidade acidental, retratando os efeitos de imperfeições geométricas (má
execução) do pilar;
l2=excentricidade de 2a ordem, retratando os efeitos de flambagem do pilar
Observar que, mesmo quando não houver momentos fletores atuantes,
poderá haver má execução e flambagem, levando de uma forma geral à necessidade
do dimensionamento à flexo-compressão.

Opção para dimensionamento à Compressão Simples

A flexo-compressão normal pode ser substituída por uma compressão centrada


equivalente, desprezando-se o momento fletor, porém majorando-se a carga
𝑙𝑥 𝑙𝑦
solicitante de projeto NSd de um valor (1 + 𝛽. ) ou (1 + 𝛽. ℎ ). Isso é permitido

quando a armadura é simétrica e ʋ ≥ 0,7. Ao multiplicar a carga NSd por esses valores
ela se transformará na carga equivalente NSd, eq, desta forma:

149
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑙𝑥
𝑁S 𝑑. (1 + 𝛽. ) = 𝑁S𝑑, eq

O maior valor
𝑙𝑦
𝑁𝑆 𝑑. (1 + 𝛽. ) = 𝑁S𝑑, eq
𝑏

Onde:
- lx e ly são obtidos conforme já definido anteriormente
- o valor do coeficiente 𝛽 é estabelecido da seguinte forma:

1
𝛽=
𝑑′
0,39 + 0,01. 𝛼 − 0,8.
ℎ 𝑜𝑢 𝑏

Sendo:
−1
𝛼= , 𝑠𝑒 𝛼𝑠 < 1
𝛼𝑠

𝛼 = 𝛼𝑠, 𝑠𝑒 𝛼𝑠 ≥ 1
𝛼 = 6, 𝑠𝑒 𝛼𝑠 > 6

Com barras de armadura longitudinal de mesma bitola:

𝑛𝑥−1 𝑛𝑦−1
𝛼𝑠𝑥 = ( ) 𝑒 𝛼𝑠𝑦 = ( ) onde:
𝑛𝑦−1 𝑛𝑥−1

- nx: nº de barras em cada face menor


- ny: nº de barras em cada face maior

9.4. LIMITAÇÕES DA NBR 6118

Esbeltez: os limites máximos da esbeltez dos pilares são estabelecidos conforme o


seguinte

Se: 𝜆𝑚á𝑥 = 200

150
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

- OBSERVAÇÃO: apenas em postes com força normal menor que 0,10 . fcd . Ac, o
índice de esbeltez pode ser 𝜆 > 200

Se: 140< 𝜆 ≤ 200


Obrigatório o método geral de cálculo, com discretização adequada da barra

Se: 90 < 𝜆 ≤ 140


Obrigatório a consideração da fluência

Se: 𝜆 ≤ 90
Aplicáveis métodos aproximados para determinação dos efeitos de 2ª ordem

Dimensões mínimas

A menor dimensão da seção deve ser b ≥ 19 cm.


Em casos especiais é permitida a consideração de dimensões entre 19 e 12
cm, desde que se multipliquem as ações consideradas no dimensionamento por um
coeficiente adicional 𝛾𝑛 = 1,95 − 0,05. 𝑏 (𝑏 𝑒𝑚 𝑐𝑚)
Em qualquer caso não são permitidos pilares com seção transversal de área
inferior a 360 cm²
Na tabela a seguir mostram-se os coeficiente 𝛾𝑛 para o menor dimensão b do
pilar variando de 19 a 12 cm.
b (cm) ≥ 19 18 17 16 15 14 13 12
𝛾𝑛 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35

Armaduras Longitudinais
kN MPa

Armadura mínima: As,min. = 1,5Nd / fyd o maior valor


0,004 Ac

m² cm²

151
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Armadura máxima

As,máx = 8 % . Ac

Diâmetro mínimo: ∅𝑙 , 𝑚𝑖𝑛 = 10 𝑚𝑚


1
Diâmetro máximo: ∅𝑙 𝑚á𝑥 = .𝑏
8

Número de barras: uma em cada vértice no mínimo

Espaçamento mínimo entre faces de barras

20mm

smin= ∅𝑙

1,2 vezes o diâmetro máximo do agregado

Adotar o maior valor

Espaçamento máximo entre eixos de barras:


2b
Smáx= 400mm o menor valor

(barras situadas em quinas de estribos)

Armaduras transversais

Serão constituídas por estribos e, se necessário, por grampos suplementares


 Diâmetro mínimo: ∅ 𝑇𝑚𝑖𝑛 = 5,0 mm o maior valor
¼. ∅𝑙

Espaçamento máximo

152
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Para garantir o posicionamento, impedir a flambagem das barras longitudinais


e garantir a costura de emendas de barras longitudinais nos pilares usuais.

200mm
smáx= b (menor dimensão) menor valor
12.∅𝑙 − 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎ç𝑜 𝐶𝐴 − 50
24. ∅𝑙 − 𝑝|𝑎ç𝑜 𝐶𝐴 − 25

OBSERVAÇÃO: Admite-se valor ∅ 𝑇 < 1⁄4 ∅𝑙 se as armaduras forem constituídas


do mesmo tipo de aço e o espaçamento também respeitar a limitação

∅ 𝑇2 1
smáx=90000 ( ) (𝑓𝑐𝑘)
∅𝑙

MPa

Proteção contra flambagem das barras, (abrangência dos estribos/ necessidade de


estribos adicionais ou grampos)

Os estribos poligonais garantem contra a flambagem as barras longitudinais


situadas em seus cantos, e são consideradas abrangidas as barras situadas no
máximo a distância 20. ∅ 𝑇 do canto externo do estribo, desde que nesse trecho de
comprimento 20. ∅ 𝑇 não haja mais duas barras, não contando a de canto. Se nesse
trecho houver mais de duas barras, ou barra fora dele, deve haver estribos
suplementares ou grampos.

Força Cortante

Se houver força cortante no pilar procede-se da mesma forma que nas vigas,
verificando plano de compressão e calculando estribos, tendo o cuidado de observar
a direção da força cortante para definir adequadamente bw e h para esse cálculo.
Compara-se o resultado obtido com as limitações acima e adota-se o maior valor de
taxa de armadura transversal.

153
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Transpasse

O comprimento de transpasse para barras comprimidas é


loc 0,6 lb
15∅ o maior valor
200mm

OBSERVAÇÃO: para pilares lb é calculado considerando-se zona de boa aderência.

9.5. DIMENSIONAMENTO DE PILARES À COMPRESSÃO SIMPLES

9.5.1. Considerações Iniciais

Valores de f’yd para E’s = 2,0 mm/m


Aço f'yd (MPa)
CA 25 217
CA 50 A 420
CA 50B 400

Em peças de concreto armado, cuja seção esta integralmente comprida,


admite-se que na ruptura o encurtamento do concreto seja 2 mm/m. Como a aderência
entre aço e concreto resulta nas mesmas deformações, ficando as deformações em 2
mm/m, obtém-se os correspondentes tensões expressos na tabela acima.

9.5.2. Fórmula geral da carga de ruptura

Considerando-se os valores de f’yd do quadro acima e a tensão de


compressão 0,85. fcd na ruptura do concreto, e a condição de equilíbrio da seção
quando solicitada pela força normal equivalente de projeto NSd,eq obtém-se a
seguinte equação:

FORÇA SOLICITANTE = FORÇA RESISTENTE

Nsd, eq = 0,85 . fcd . Ac + f’yd . A’s

154
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Adequado a equação para utilizar as unidades:


Nsd, eq  kN
fcd  MPa
f’yd  MPa
Ac  cm²
A’s cm², fica:

0,85. 𝐴𝑐. 𝑓𝑐𝑑 𝐴′ 𝑠. 𝑓′𝑦𝑑


𝑁𝑠𝑑, 𝑒𝑞 = +
10 10

Tendo em vista a fórmula acima, pode-se analisar duas situações:


1º - dados Ac e A’s N=?, pesquisar a máxima carga resistida pelo pilar obtém-se Nsd,
eq diretamente da fórmula, calcula-se o coeficiente de majoração adicional
𝑙𝑥 𝑦𝑥 𝑁𝑠𝑑,𝑒𝑞
(1 + 𝛽. 𝑏 ) ou (1 + 𝛽. 𝑏
) (o maior) e encontra 𝑁𝑠𝑑 = 𝐶𝑜𝑒𝑓.𝑎𝑑𝑖 para obter N, basta

dividir Nsd pelo coeficiente de majoração em função da menor dimensão da seção do


pilar.
𝑁𝑠𝑑
𝑁=
𝐶𝑜𝑒𝑓. 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑟𝑗𝑜𝑟𝑎çã𝑜

DADOS Ac e Nsd, eq, calcular A’s = ?


10𝑁𝑠𝑑, 𝑒𝑞 − 0,85. 𝐴𝑐, 𝐹𝑐𝑑
𝐴′ 𝑠 =
𝐹′𝑦𝑑

OBSERVAÇÃO: A’s calculado não poderá ser inferior à A’s ≥ As,min

9.5.3. Roteiro prático para dimensionar à compressão simples

1. Estabelecer Ac
2. Calcular Nsd, eq
3. Calcular A’s
4. Ajudar Ac se necessário e repetir os cálculos até que o resultado seja satisfatório
5. Verificar Asmin

155
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Exemplo 1 – Pilares

fck = 20MPa
aço CA50 para ∅𝐿

CA50 ou CA60 para ∅ 𝑇


Cobrimento= 2cm
d’ = d” = 4cm
vínculos: bi-rotulado em relação aos 2 eixos

Seção para dimensionamento: extremidade inferior

Cargas V1=73,70 kN
V2=58,50 kN

Comprimento piso a piso = 3m

Trechos superiores do pilar = 375,80 kN (centrada)

Resolução:

156
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

a) Esforços Atuantes:

Base h piso a piso 𝛾

∑ 𝑁𝑣 1 = 0,20𝑥0,35𝑥3,00𝑥25,00 = 5,25 𝑘𝑁

V2 V1 trecho superior

∑ 𝑁𝑣 = 5,25 + 73,70 + 58,50 + 375,80

∑ 𝑁𝑣 = 513,25 𝑘𝑁

Viga paralela ao eixo x

∑ 𝑀𝑥 = 73,70𝑥0,10 = 7,37 𝑘𝑁. 𝑚

Viga paralela ao eixo y

∑ 𝑀𝑦 = 58,50𝑥0,04 = 2,34 𝑘𝑁. 𝑚

∑𝐻 = 0

Conclusão: Flexo-compressão Oblíqua, ∑ 𝑀𝑥 ≠ 0 e ∑ 𝑀𝑦 ≠ 0, ∑ 𝑁𝑣 ≠ 0

∑ 𝐻 = 0 não há força cortante

b) Esforços para dimensionamento:

Carga: NSd=513,25 . 1,4 = 718,55 kN

Excentricidades:
157
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

De 1ª ordem:
∑ 𝑀𝑥 7,37
𝑒1𝑥 = = = 0,0144 𝑚
∑ 𝑁𝑣 513,25
∑ 𝑀𝑦 2,34
𝑒1𝑦 = = = 0,0046 𝑚
∑ 𝑁𝑣 7

Acidental:
𝑒𝑎𝑥 = 0,015 + 0,03ℎ
𝑒𝑎𝑥 = 0,015 + (0,03𝑥0,35) = 0,0255 m

𝑒𝑎𝑦 = 0,015 + 0,03. 𝑏


𝑒𝑎𝑦 = 0,015 + (0,03𝑥0,20) = 0,0210𝑚

De 2ª ordem:
𝑙𝑒𝑥 = 3,00𝑚 → 𝑝𝑖𝑠𝑜 𝑎 𝑝𝑖𝑠𝑜

3,46. 𝑙𝑒𝑥 3,46𝑥3,00


𝜆𝑥 = = = 29,66
ℎ 0,35

3,46. 𝑙𝑒𝑥 3,46𝑥3,00


𝜆𝑥 = = = 51,90
𝑏 0,20

𝜆𝑥 < 𝜆𝑦 < 90 => 𝑂𝐾

Verificação da possibilidade de desconsiderar efeitos de 2ª ordem:

Xx com X1x=?
Xy com X1y = ?
𝑙⁄
25 + 12,5. 𝑥
𝜆1𝑥 = ℎ
𝛼𝑏

158
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

0,0144
25 + . 12,5
0,35
= 𝜆1𝑥 𝜆1𝑥 = 25,51
𝛼𝑏

Como:
eax > e1x .: 𝛼𝑏 = 1,0

eay > e/y .: 𝛼𝑏 = 1,0

𝑙1𝑦 0,046
25 + 12,5. 25 + 12,5.
𝑏 0,20
𝜆1𝑦 = 𝜆1𝑦 = = 25,29
𝛼𝑏 1,0

35
≤ 𝜆1𝑥 ≤ 90
𝛼𝑏
Com 𝜆1𝑥 < 35 𝑒 𝜆1𝑦 < 35
Adota-se 35 para ambos

35
≤ 𝜆1𝑥 ≤ 90
1

Como: usar: 𝜆1𝑥 = 35


35
≤ 𝜆1𝑦 ≤ 90 𝜆1𝑦 = 35
1

Como:

Xx = 29,66 < 𝜆1𝑥 = 35,00

Pode-se dispensar flambagem: 𝑒2 𝑥 = 0

𝜆𝑦 = 51,90 > 𝑋1𝑦 = 35,00

Não dispensa flambagem


𝑒2 𝑦 ≠ 0

159
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Piso a piso

𝑙𝑒𝑞² 0,005
𝑒2 𝑦 = .
10 (𝑣 + 0,5). 𝑏

10𝑁𝑠𝑑 10.718,55
𝑉= = 20 => 𝑉 = 0,72 > 0,5 → 𝑂𝐾
𝐴𝑐.𝑓𝑐𝑑 20.35.
1,4

Área do pilar cm² MPa

3,00² 0,005
𝑒2𝑦 = . = 0,0184𝑚
10 (0,72 + 0,5). 0,20

Excentricidades a serem adotadas:

ex =e1x + e2x + eax = 0,0144 + 0,0255 + 0 = 0,0399 m

ey =e1y + e2y + eay = 0,0046 + 0,0210 + 0,0184 = 0,0440 m

Dimensionamento à flexo-compressão

c.1) Eixo x-x: Nsd=718,55 kN

160
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

b=0,20m
Passos:

a) Md=Nsd (e+as)
Md=718,55 . (0,0399+0,135)
Md=125,67 kN

b) tabela normalmente armada


𝑀1 𝑑 = 1000. 𝜇. 𝑏. 𝑑². 𝑓𝑐𝑑
20
𝑀1 𝑑 = 1000 . 0,320 . 0,20 . 0,312 .
1,4

𝑀1 𝑑 = 87,86 𝑘𝑁. 𝑚

M1d < Md
*Md > M1d

161
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

c.1)
M2d = Md - M1d
M2d=125,67 - 87,86 - 37,81 kN.m

c.2)
𝑀1 𝑑 𝑀2 𝑑 𝑁𝑠𝑑
𝐴𝑠 = + 10 − 10
𝛼.𝑑 𝑐𝑓.𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑
87,86 10𝑥37,81 10𝑥718,55
𝐴𝑠 = + − = −4,59 𝑐𝑚2 < 0
32,55𝑥0,31 0,27𝑥435 435

Pequena excentricidade

N1d=850.b.h.fcd
20
N1d = 850 . 0,20 . 0,35 . 1,4 = 850 kN

Comparação:

Nsd.(a’s - e) = 718,55 . (0,135 - 0,0399) = 68,33 kN.m

N1d.a’s = 850 . 0,135 = 114,75 kN.m

Nsd (a’a - e) < N1d.a’s => As=As,min


𝑁𝑠𝑑(𝑎′ 𝑠 − 𝑒)
𝑦=𝑑 + √𝑑 ′ ² +
425. 𝑏. 𝑓𝑐𝑑

68,33
𝑦 = 0,04 + √0,04² + 20
425𝑥0,20𝑥
1,4

y =0,281 m

10(𝑁𝑠𝑑 − 850. 𝑏 − 𝑦, 𝑓𝑐𝑑)


𝐴′ 𝑠 =
𝑓 ′ 𝑦𝑑
162
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

(718,55−850𝑥0,20𝑥0,28𝑥 20⁄1,4
𝐴′ 𝑠 = 10𝑥
420

A’s=0,86 cm²

c.2) Eixo y-y:

Md=Nsd(e+as)

Md = 718,55 (0,044 + 0,06) = 74,73 kN.m

M1d=1000.µ.b.d².fcd

20
M1d=1000.0,320.0,35.0,16².1,4

M1d=40,96 kN.m

163
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Md>M1d

M2d = Md - M1d

M2d = 74,73 - 40,96 = 33,77 kN.m

𝑀1 𝑑 𝑀2 𝑑 𝑁𝑠𝑑
𝐴𝑠 = + 10 − 10
𝛼. 𝑑 𝑐𝑓. 𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑

40,96 10.33,77 718,55


𝐴𝑠 = + − 10.
32,55.0,16 0,12.435 435

As = -2,18cm² < 0 pequena excentricidade

N1d = 850.b.h.fcd

N1d=850.0,20.0,35.20/1,4

N1d = 850 kN

Nd(a’s - e)= 718,55. (0,06 - 0,044)

Nd(a’s - e) = 11,50 kN.m

N1d,a’s = 850.0,06

N1d,a’s = 51,00 kN.m

Nd(a’s-e_<N1d.a’s .: As=As,min


𝑁𝑠𝑑(𝑎′ 𝑠 − 𝑒)
𝑦 = 𝑑 + √𝑑"² +
425. 𝑏. 𝑓𝑐𝑑

164
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

11,50
𝑦 = 0,04 + √0,04² + y=0,124 m
425.0,35.20⁄1,4

10(𝑁𝑠𝑑 − 850. 𝑏. 𝑦. 𝑓𝑐𝑑)


𝐴′ 𝑠 =
𝑓′𝑦𝑑

10(718,55−850.0,35.0,124.20⁄1,4)

𝐴𝑠= A’s= 4,56 cm²
420

c.3) Armadura mínima

𝑁𝑑 1,5.718,55
As,min 1,5 = = 2,48 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 435

2,80𝑐𝑚²
0,004. 𝐴𝑐 = 0,004𝑥20𝑥35 =
2
1,40 cm² por face
c.4) Armadura final (a ser adotada):
λ < 90: armadura simétrica
eixo xx: As= As,min  1,40 cm² => 2∅12,5𝑚𝑚
A’s= 0,86 cm²  1,40 cm² => 2∅12,5𝑚𝑚
(2,45)

eixo yy: As=As,min  4,56 cm² => 4∅12,5𝑚𝑚


A’s=4,56cm²  4,56 cm² => 4∅12,5𝑚𝑚
(4,91)

d) Verificações das limitações da NBR 6118

Armaduras transversais

Φ T, mr = 5,0 mm
Φ L/4 = 12,5/4 = 3,125 m
ϕ T min = 5,0 mm
165
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

200mm
smáx = 200mm = b smáx= 15 cm
12 ϕ L
12x12,5=150mm

Adotam-se: estribos ϕ T = 5,0mm c/ 15 cm

Gancho do estribo

12,5 . 5,0 = 62,5 mm


2,5 . 5,0 + 70 = 82,5 mm

Armaduras longitudinais

- Armadura mínima => As,min

Já verificado no dimensionamento

Armadura máxima

As,existente => 8 ϕ 12,5mm = 9,82 cm²

As,existente < Asmáx => ok!

Distâncias

20 mm d min = 20 mm
Φl = 12,5 mm
1,2 . diâmetro do agregado

166
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

400 mm 2 . 200
400

d1= 350 - 2.20 - 2.5,0 - 2.1/2 . 12,5 = 287,5mm < 400mm OK!

d2 = 200 - 2.20 - 2.5 - 2.12,5 = 125mm > 20mm => OK!

350 − 2.20 − 2.5 − 4.12,5


𝑑3 = = 83,33 𝑚𝑚 > 20𝑚𝑚 => 𝑂𝑘!
3

Abrangência do estribo

20. ϕ T = 20 . 5 = 100 mm

d4 = 83,3 + 2 . 12,5 + 5,0 = 113,3mm > 100 mm não está OK!

SOLUÇÕES

Adicionar grampos suplementares na seção ou aproximar as barras internas da


borda sendo que a nova distância d’s seria:

d’3=100-2.12,5-5,0= 70,0 mm até 20,0 mm protegido contra flambagem

onde: 20. ϕ l - 2 . ϕ l - ϕ l

-TRANSPASSE (Pág.01-normas)
boa aderência
323 323.12,5
𝑙𝑏 = − 2 = 547,97 𝑚𝑚
𝑓𝑐𝑘 2/3
203

lx= 0,6 .l10 = 0,6 . 547,97 = 328,78 mm


15 ϕ l= 15.12,5 = 187,5 mm o maior lx= 328,78=33 cm

167
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

200 mm

Exemplo 2 – Pilares

Idem Exemplo 1, porém com a viga V2 centralizada no pilar

a) Esforços Atuantes:

∑ 𝑁𝑣 = 513,25 𝑘𝑁

∑ 𝑀𝑥 = 7,37 𝑘𝑁. 𝑚 = (35⁄2 − 15⁄2). 73,70 = 7,37 𝑘𝑁. 𝑚

∑ 𝑀𝑦 = 0,00

∑ 𝐻 = 0,00

Conclusão:

FCN - eixoxx
Não há força cortante

b) Esforços para dimensionamento:

168
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Carga: Nsd=718,55 kN
Nsd=1,4.Nv=1,4.513,25

Excentricidades:

1ª ordem  e1x = 0,0144 m


e1y = 0,00 m

acidentais  eax =0,0255 m


eay =0,0210 m
2ª ordem:
λx = 29,66
𝜆𝑦 = 51,90

𝜆1x = 35,00

𝜆1y => 𝛼𝑏𝑦 = 1,0(𝑙1𝑦 < 𝑙𝑎𝑦 )

𝜆1y=25,00  35,00

e2x = 0,00 m
e2y = 0,0184 m

Portanto:

ex = 0,0399 m

ey = 0,00+0,0210+0,0184

ey = 0,0394 m

c) Dimensionamento:

169
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

c.1) eixo xx:

As=As,min
A’s = 0,86 cm²

c.2) eixo yy

Md=71,42 kN.m

M1d=40,96 kN.m

M2d=30,46 kN.m
As=- 2,81cm²

Pequena excentricidade

N1d=850,00 kN

Nsd(a’s-e)=14,80 kN.m

N1d.a’s=51,00 kN.m

Nsd(a’s-e) < N1d.a’s

As=As,min

y=0,133 m

A’s=3,65cm²

c.3) Armadura mínima

As,min=2,80 cm²  1,40 cm²

170
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

c.4) Armadura a ser adotada:

eixo xx As=As,min  1,40cm² => 2∅12,5𝑚𝑚 (2,45)


A’s=0,86cm² 1,40cm² => 2∅12,5𝑚𝑚 (2,45)

eixo yy: As=As,min  3,65 cm² => 3∅12,5𝑚𝑚 (3,68)


A’s=3,65cm²  3,65 cm² => 3∅12,5𝑚𝑚 (3,68)
Ou 2∅10,0𝑚𝑚 (1,57)
5∅10,0𝑚𝑚 (3,93)

d) Verificações da NBR 6118:

Exemplo 3: Pilares

Idem ao exemplo-2, porém substituindo a flexo compressão normal por compressão


simples uma vez que ʋ = 0,72 > 0,70

a) Coeficiente de majoração Adicional

𝑒𝑥 𝑒𝑦
1+𝛽 ; 1+𝛽
ℎ 𝑏
Arranjo de armaduras

171
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

nx=2

ny=3

𝑛𝑥−1
𝛼𝑠𝑥 =
𝑛𝑦−1

𝑛𝑦−1
𝛼𝑠𝑦 =
𝑛𝑥−1

2−1 1
𝛼𝑠𝑥 = = 0,5 → 𝛼𝑥 = − = −2
3−1 𝛼𝑠
3−1
𝛼𝑠𝑦 = = 2 → 𝛼𝑦 = 2
2−1

1
𝛽𝑥 = = 3,590
0,04
0,39 + 0,01 . (−2) − 0,8.
0,35

1
𝛽𝑦 = = 4,000
0,04
0,39 + 0,01.2 − 0,8. 0,20

𝑒𝑥 0,0399
1 + 𝛽. = 1 + 3,590. = 1,409
ℎ 0,35
172
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑒𝑦 0,0394
1 + 𝛽. = 1 + 4,000. = 1,788
𝑏 0,20

Adota-se o maior valor: 1,788

b) Dimensionamento

Nsd,eq=Nsd.coef.adic.

Nsd,eq = 718,55 . 1,788 = 1284,77 kN

10𝑥1284,77 − 0,85𝑥20𝑥35𝑥 20⁄1,4



𝐴𝑠=
420

A’s=10,35 cm² => 4 ∅ 16,0 + 2 ∅ 12,5 (10,49)

1,5𝑥713,55
Armadura mínima: 𝐴𝑠, 𝑚𝑖𝑛 = = 2,48 𝑐𝑚²
435
0,004 . 20 . 35 = 2,80cm²

c) Prescrições da NBR 6118:

Transpasse - ∅16,0𝑚𝑚 − 420,84 → 43𝑐𝑚

Boa aderência

323.∅
𝑙𝑏 = loc 0,6.lb = 420,84 mm
𝑓𝑐𝑘 2/3
323.16
𝑙𝑏 = 15 . ∅=15.16=240mm
202/3
lb=701 mm 200mm

Adota-se maior valor: loc= 420,84 mm


173
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

10. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE FUNDAÇÕES

10.1. INTRODUÇÃO

Conceito

São elementos estruturais que recebem as cargas dos pilares, e as transmitem,


direta ou indiretamente ao solo.

Tipos de Fundações

Direta: quando a carga é transmitida as camadas superiores do terreno. Os elementos


estruturais são as sapatas e os radiers.
Profunda: quando a carga é transmitida as camadas inferiores do terreno, através de
estacas ou tubulões. Os elementos estruturais são os blocos.

Escolha do tipo de fundação mais adequada

É baseada em dados do projeto e do terreno. Do projeto estrutural é importante


a locação e as cargas dos pilares, para se avaliar a distribuição das cargas no terreno
e a sua magnitude. Do terreno é imprescindível a análise e interpretação do perfil
geológico, obtido a partir de sondagens de reconhecimento (SPT e CPT). Tais
sondagens permitem avaliar a capacidade de suporte do solo nas mais diversas
profundidades do solo. O nível do lençol freático fica também determinado. A análise
conjunta de todos os dados permitirá que se determine o tipo de fundação mais seguro
e econômico a cada caso.
Em casos de cargas não muito elevadas (edificações de 1 pavimento) pode-se
de forma geral fazer o reconhecimento do subsolo através de uma observação local
do terreno utilizando trado.
É importante ressaltar que o subsolo pode apresentar variações acentuadas na
composição até mesmo dentro do próprio terreno, tornando importantes prospecções
em diversos pontos.

174
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

10.2. SAPATAS POLIGONAIS RÍGIDAS

Conceito

São elementos estruturais que transmitem a carga do pilar as camadas


superiores do terreno, com uma taxa de carga compatível com sua pressão
admissível.

Pressão Admissível (𝑝)

É a pressão suportada pelo terreno em determinada cota, pressão esta obtida


a partir de dados do perfil geológico.
Genericamente na falta de dados mais precisos os valores da tabela anexa são
orientativos.

Determinação da área S da sapata

A área da sapata em contato com o solo (S) é obtida para se compatibilizar a


carga da sapata com a pressão admissível do terreno.
Tomando-se a expressão genérica de pressão
𝐹 𝐹
𝜎= −→ 𝐴 =
𝐴 𝜎
Fica:
𝑁.1,05
𝑆≥
𝑝

Onde:
S=área mínima da sapata (m²)
N=Carga do pilar somada a eventuais baldrames (kN)
p= pressão admissível (kN/m²)
1,05 = fator de acréscimo para compensar o peso próprio da sapata que também
deverá ser resistido pelo terreno.

OBSERVAÇÃO: O coeficiente de segurança de segurança está considerado na


obtenção do valor de p.

175
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Dimensões da sapata: tomando-se genericamente uma sapata de base poligonal


qualquer, fica:

b= menor dimensão da seção do pilar


a= hp= maior dimensão da seção do pilar
D= diâmetro do círculo inscrito no polígono da base da sapata
x= distância do C.G do triângulo hachurado a face do pilar
h= altura da sapata medida no contorno do pilar
h≥(a-ap)/3 para garantir a condição de rigidez
a= dimensão da sapata em determinada direção
ap= dimensão do pilar na mesma direção
ho= altura da borda da sapata, suficiente para a concretagem ser feita sem fôrma
superior
d= altura útil

Esforços para dimensionamento

176
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Sapata de base poligonal qualquer

Considerando a figura o raciocínio é:


n= número de lados do polígono
A carga N proveniente do pilar, é transmitida ao terreno sob a área S da sapata, o qual
reage uniformemente
Nn= parcela de N aplicada a cada um dos triângulos como o do triângulo hachurado
da figura
Nn=N/n, e seu ponto de aplicação é o CG do triângulo
x é a distância do CG do triângulo à face do pilar, sempre na pior situação
Na direção de cada triângulo, a reação Nn do terreno provoca um momento
fletor na sapata cujo valor é m= Nn . x

2 𝐷 𝑏 𝐷 𝑏
𝑥= . − = −
3 2 2 3 2

O momento fletor de projeto na direção perpendicular a cada lado do polígono


da base da sapata fica:
𝑁𝑑 𝐷 𝑏
𝑀𝑑 = ( − )
𝑛 3 2
Onde:
Md= (kN.m)
Nd= carga vertical de projeto=1,4.N (kN)
n= número de lados do polígono
D= diâmetro do círculo inscrito no polígono de base da sapata (m)
b= menor dimensão da seção do pilar (m)

Sapata de base quadrada

177
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Analogamente:
𝑁𝑑 𝐵 𝑏
𝑀𝑑 = ( − )
4 3 2

Sapata de base retangular

As1 As2
𝑛𝑑 𝐵1 𝑏 𝑁𝑑 𝐵2 𝑏
𝑀𝑑1 = ( 3 − 2) 𝑀𝑑2 = ( 3 − 2)
4 4

Dimensionamento: é feito a flexão simples, na condição subarmada (d>dmin) item 5.9.

178
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

As armaduras obtidas nas direções correspondentes serão distribuídas em toda a


largura da sapata, formando malha na sua parte inferior que é a região tracionada. A
parte comprimida se concentra mais na região do pilar, na ponte superior da sapata.
Assim, favoravelmente a segurança supõem-se a largura de dimensionamento da
seção como sendo igual a menor dimensão da seção do pilar (b).
Dobra-se as extremidades das barras a 90o para propiciar ancoragem.
Processo executivo: escavar o terreno até se atingir cota que contemple a
pressão admissível do terreno expressa no projeto estrutural. Essa profundidade deve
ser no mínimo suficiente para enterrar completamente a sapata. Executa-se um lastro
de concreto e sobre ele se depositam as armaduras da sapata. Colocam-se as
armaduras do pilar dotadas de dobra inferior para propiciar estabilidade. Concreta-se
a sapata até a altura h de projeto.
Na sequência (1 ou 2 dias depois) concreta-se o pilar no mínimo do nível do
terreno. Após cura adequada desforma-se o pilar e se faz o reaterro apiloado da
escavação.
Verificação do cisalhamento: não é feita a tração diagonal pois a sapata rígida fica
inteiramente dentro do cone hipotético de punção, não havendo portanto possibilidade
física de punção.
Assim é considerada satisfatória a verificação a compressão a diagonal,
calculando como:
Ʈ𝑠𝑑 ≤ Ʈ𝑟𝑑2 , 𝑜𝑛𝑑𝑒:

𝜏𝑠𝑑 =Tensão de cisalhamento solicitante de projeto


𝜏𝑅𝑑2= Tensão resistente de projeto relativo (plano de compressão)

Os valores dessas grandezas são


𝜏 𝐹𝑠𝑑
𝑠𝑑=
1000.𝜇𝑜.𝑑

𝜏𝑅𝑑2 = 0,27. 𝛼𝑣. 𝑓𝑐𝑑


𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑣 = (1 − ) MPa
250

179
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

MPa

𝑓𝑐𝑘
𝜏𝑅𝑑2 ≥ 0,27 (1 − 250) . 𝑓𝑐𝑑

Onde:
fsd= força normal de projeto (kN)
µo= contorno do pilar (m)
d= altura útil da sapata (m)
fck e fcd (Mpa)

Detalhamento

Planta de fundação

É uma planta baixa com os desenhos dos elementos de fundação, referidos


aos centros dos pilares, onde consta os nomes e cargas dos pilares, suas seções, as
dimensões dos elementos de fundação e a pressão admissível do terreno.

Desenho das sapatas

Cada sapata é desenhada individualmente, em planta e em corte (s), em escala


conveniente, mostrando-se as dimensões e as armaduras em suas posições. Cada
posição de armadura é detalhada fora do desenho a sapata e identificada e com
número, quantidade, bitola, comprimento parcial e total.

Quadro de armaduras

Elabora-se para as sapatas um quadro de armaduras nos mesmos moldes


vistos nas lajes, vigas e pilares.

Quadro resumo de materiais

Os materiais utilizados nas sapatas (formas, aço e concreto) serão resumidas


nesse quadro semelhante aos dos demais elementos estruturais.
180
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

10.3. SAPATAS COM VIGA

Laje

B1 é a dimensão da sapata
B2 é o comprimento da viga

Laje: é considerada como sendo engastada a viga, constituída por 2 balanços opostos
de extensão B1/B2. É carregada verticalmente debaixo para cima com a reação do
𝑁
terreno uniformemente distribuída, no valor 𝑝 = .
𝐵1 .𝐵2

181
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝐵1 𝐵1
O momento fletor máximo é portanto 𝑀 = 𝑝 . . e a força cortante máxima é
2 4
𝐵
𝑉 = 𝑝. 1 .
2

Viga:

É considerada como sendo engastada ao pilar, constituída por 2 balanços


iguais e opostos de extensão B2/2 onde é carregada verticalmente debaixo p/ cima
com a reação da laje, uniformemente e linearmente distribuída com a taxa q.B1.B2
𝐵2 𝐵2
Seu momento fletor máximo será 𝑀 = 𝑞. . e a força cortante máxima será
2 4
𝐵2 𝐵1 .𝐵2 𝑁
𝑉 = 𝑞. = 𝑝. =
2 2 2
Dimensionamento: laje e viga são dimensionadas à flexão simples e ao cisalhamento
por cortante usando os mesmos critérios vistos anteriormente. Observar que os
esforços, principalmente a força cortante atinge valores apreciáveis, sempre
resultando em seções avantajadas.
OBSERVAÇÃO: Como os esforços máximos estão nas seções de engastamento,
tornando-se nulos nas extremidades é comum se utilizar seções variáveis para a viga
e a laje, diminuindo do centro para as bordas.
Detalhamento: semelhante ao das sapatas poligonais porém também se utilizando
detalhes referentes a viga e laje como visto anteriormente.

10.4. SAPATAS COM MAIS DE UM PILAR (ALINHADOS)

182
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Conceito: são elementos estruturais de fundação direta que apoiam em conjunto dois
ou mais pilares. São sapatas com vigas, em que os pilares descarregam sobre a viga
que transmitem a uma laje, que o distribui ao terreno.

Determinação da área

1,0 ∑ 𝑁
𝑆≥
𝑝

Dimensões

A partir de S escolhem-se as dimensões B1, e B2 da laje sendo B2 o


comprimento da viga. É fundamental que o CG da laje da sapata coincida com o centro
de carga do conjunto de pilares. A adequação das dimensões B1 e B2 atenderá as
conveniências do projeto. Sendo que pode-se variar o comprimento da viga
acrescentando balanços a ela.

Funcionamento

Laje – idem sapatas com viga

Viga: semelhante ao das sapatas com viga, considerando-se a viga continua e


apoiada num conjunto de pilares.
Dimensionamento e detalhamento: idem sapatas com viga
Principio de funcionamento do radier

183
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Eixo x:
P1.X1+P2.X2=P3.X3+P4.X4
Eixo y:
P1.Y1+P2.Y2=P3.Y3+P4.Y4

Estendendo o raciocínio das sapatas com mais de um pilar para uma situação
em que o conjunto de pilares não está alinhado, tem-se um radier.
Radier é uma estrutura constituída por uma laje que se apoiam os pilares em
conjunto, cuja área tem CG coincidente com o centro de carga do conjunto de pilares.
A área da laje é função da carga dos pilares e de p. Lançam-se vigas sob os pilares
de maneira a dividir a laje em áreas menores e balanços. Carrega-se a laje com a
reação da laje, formando um conjunto semelhante a um pavimento convencional,
porém funcionando debaixo para cima.
OBSERVAÇÃO: Os carregamentos serão elevados por se tratar de cargas a nível de
fundação, os esforços serão apreciáveis e as seções e armaduras serão grandes.

Exemplo 1 – Sapatas Poligonais

- Carga= 588,50 kN
- Seção do pilar= 25x40 cm
- Pressão admissível => p = 230 kN/m²
- Concreto => fck = 20 MPa
- Aço CA 50 ou CA 60
- Cobrimento => c= 30 mm
- d” = 5 cm
184
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

- Sapata quadrada

Resolução:

a) Área

1,05.𝑁 1,05𝑥588,50
𝑆≥ = = 2,69 𝑚2
𝑝 230

b) Dimensões

𝐵 ≥ √𝑆 ≥ √2,69 = 1,64𝑚 => 𝐵 = 1,65𝑚

c) Momento fletor

𝑁𝑑 𝐵 𝑏
𝑀𝑑 = ( − ⁄2)
4 3

1,4.588,50 1,65 0,25


𝑀𝑑 = ( − ) = 87,54 𝑘𝑁. 𝑚
4 3 2

d) Dimensionamento à flexão

1⁄
𝑀𝑑 2
𝑑𝑚𝑖𝑛 = 𝑟 ( )
𝑏

Normalmente armada
1⁄
87,54 2
𝑑𝑚𝑖𝑛 = ( ) . 0,0148 = 0,28 𝑚
0,25
𝑎−𝑎𝑝
Condição de rigidez da sapata ℎ ≥ ( )
3

1,65 − 0,25
ℎ≥ = 0,47𝑚
3

Adotar: h= 50 cm, d= 50-5=45cm

d>dmin subarmada
185
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

𝑑 0,45
novo 𝑟 = 1 = 1 = 0,0240 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 → 0,0237
𝑀𝑑 ⁄2 87,54 ⁄2
( ) ( )
𝑏 0,35

𝑀𝑑 87,54
𝛼 = 40,00 => 𝐴𝑠 = = = 4,86𝑐𝑚²
𝛼. 𝑑 40,00.0,45

10 ϕ 8,0mm (5,03 cm²)

e) Verificação do Cisalhamento

𝐹𝑠𝑑
𝜏𝑠. 𝑑 =
1000(𝑏 + ℎ𝑝). 2. 𝑑

1,4 . 588,50
𝜏𝑠𝑑 =
1000(0,25 + 0,40). 2.0,45

𝜏𝑠𝑑 = 1,408 𝑀𝑃𝑎

𝑓𝑐𝑘
𝜏𝑟𝑑2 = 0,27 (1 − ) . 𝑓𝑐𝑑
250

20 20
𝜏𝑟𝑑2 = 0,27 (1 − ).
250 1,4

𝜏𝑟𝑑2 = 3,549 𝑀𝑃𝑎

𝜏𝑠𝑑 < 𝜏𝑟𝑑2  OK!

f) Detalhamento

186
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Exemplo 2 – Sapatas poligonais

Carga= 735,80 kN
Seção do pilar= 25x40 cm
Pressão admissível= 230 kN/m²
Concreto: fck= 20 MPa
Aço CA 50 ou CA 60
Cobrimento c= 30 mm
d”= 5cm
- Sapata retangular

187
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

B2 = 1,50m

Resolução:

1,05. 𝑁 1,05.735,80
𝑆= 𝑆=
𝑝 230

S= 3,36m²

B1 ≥ 2,24m B1 = 2,25m

𝑁𝑑 𝐵1 𝑏
𝑀𝑑1 = ( − )
4 3 2
1.4 . 735,80 2,25 0,25
𝑀𝑑1 = ( − ) = 160,96 𝑘𝑁. 𝑚
4 3 2
𝑁𝑑 𝐵2 𝑏
𝑀𝑑2 = ( − )
4 3 2
1.4; 735,80 2,25 0,25
𝑀𝑑2 = ( − )
4 3 2

𝑀𝑑2 = 96,57 𝑘𝑁. 𝑚

1⁄
𝑀𝑑 2
dmin= 𝑟 ( )
𝑏

1⁄
160,96 2
dmin= 0,0148 ( )
0,25

dmin= 0,38 m

𝑎 − 𝑎𝑝
ℎ≥
3

2,25 − 0,40
ℎ≥
3

188
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

h ≥ 0,62 m
d = h - d”
Adotar: h = 65 cm, d = 60 cm

𝑑
Novo r1=0,0236 𝑛𝑜𝑣𝑜 𝑟 = 1
𝑀𝑑 ⁄2
( )
𝑏

r2=0,0305

𝛼1 = 39,78 → 𝐴𝑠1 = 6,74 𝑐𝑚2 9 ϕ 10,0𝑚𝑚 (7,07)

𝛼2 = 40,48 → 𝐴𝑠2 = 3,98 𝑐𝑚2 8 ϕ 8,0𝑚𝑚 (4,02)

É dado!

ho =35 cm

10.5. BLOCOS DE ESTACAS (E TUBULÕES)

Conceito

São elementos estruturais de fundação profunda que recém a carga do pilar e


a transmitem para uma ou mais estacas ou tubulões.

Dimensões

Distância eixo a eixo de estacas (l)

l ≥3 ϕ  ϕ diâmetro da estaca

Distância do eixo da estaca ao final do bloco: 1 ϕ

189
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Esta distância é diferentemente recomendada de autor para autor. Existem


indicações de 10 a 15 cm de recobrimento da projeção da estaca.

Altura (h): é adotada em função dos esforços atuantes (momentos fletores, punção,
força cortante, tração, compressão) dependendo do número de estacas.

Generalidades:

Capacidade de carga de estacas e tubulões: é calculada para cada caso em função


da interpretação dos dados do perfil geológico do terreno, através de estudos da
Mecânica dos Solos.
Dados genéricos: na falta de dados mais precisos tem-se: em geral a resistência de
uma estaca na ponta de 0 e 5 kgf/cm² (0 a 500 kN/m²); a resistência de atrito lateral
varia 0,10 a 0,25 kgf/cm² (10 a 25 kN/m²), tomado esses dados pode-se considerar:

Estacas broca: comp.≥ 5,00 m  ϕ 20,0cm  5 t


Φ 25,0cm  7,5 t

Estacas Strauss: comp. ≥ 8,00m ϕ 25,0cm  20 t


ϕ 32,0cm  30 t
ϕ 38,0cm  40 t
ϕ 45,0cm  60 t
Limite econômico: utilizar preferencialmente blocos com no máximo 6 estacas.
Critérios de dimensionamento: diferentes autores adotam diferentes teorias para o
cálculo dos esforços e para o dimensionamento dos blocos, tais como a teoria das
bielas, considerações de flexão simples semelhante as vigas, considerações mistas.
190
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Armaduras de estacas moldadas “ in loco”

Estacas comprimidas: devem ser armadas no trecho superior com a finalidade de


propiciar ligação com o bloco e de reforçar esse trecho cujo concreto pode ter
resistência comprometida em função das condições de execução (excesso de água,
barro). O cálculo da armadura é feito como se a estaca fosse um pilar dotado de
armadura mínima. Assim:
1,5𝑥1,4𝑐𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎
A’s,est
435
O maior valor
0,004 x Área da estaca

OBSERVAÇÃO: a armadura A’s, estaca é usualmente constituída por 2 a 4 barras,


comprimento 1,5 a 2m ou pouco mais com gancho a 180 graus na parte superior,
armadura esta deverá penetrar no bloco e na parte superior da estaca interligando-
os. Embora não haja necessidade podem ser projetados estribos para essa armadura.

Estacas tracionadas: devem ter armação em toda sua extensão, visto que o concreto
tem resistência a tração desprezível. Calcula-se a armadura tomando à expressão
genérica de pressão:

kN
𝐹 𝐹 1,4.𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎.10
𝜎= => 𝐴 = 𝐴𝑠, 𝑒𝑠𝑡 =
𝐴 𝜎 𝑓𝑦𝑑

cm² MPa
A armadura As é constituída usualmente por 3 a 6 barras no comprimento total da
estaca, mais a altura de um bloco dotado de gancho 180 graus na extremidade
superior, que penetra no bloco. Essa armadura deverá ser estribada para manter as
barras na posição durante a concretagem da estaca. São recomendados espaçadores
para impedir contato da armadura com o terreno.

10.6. BLOCO DE UMA ESTACA

191
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Finalidade

Envolver a parte inferior do pilar e a parte superior da estaca, transmitindo o


carregamento do pilar a estaca e servindo de elemento de transição entre a seção e
a armadura do pilar e a seção e a armadura da estaca.

Esforços Atuantes

Carga vertical (N)  compressão

É a carga do pilar somada a eventuais cargas de baldrame apoiadas no bloco.


O esforço resultante é uma compressão Axial no bloco.

Tração Horizontal (Z)

Existe uma concentração de carga de compressão vertical nas áreas de


contato, pilar/bloco e bloco/estaca. Sendo as dimensões do bloco em planta, maiores
que as áreas de contato, a concentração das forças de compressão, ocasiona

192
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

esforços de tração horizontal no bloco, que tendem a fazer com que o bloco expanda-
se lateralmente.

m
𝐵−𝑏
𝑍 = 0,25 𝑁 ( )

Força de tração horizontal (kN) (kN) altura do bloco (m)

OBSERVAÇÃO: para se manter a força Z dentro de um valor mínimo para efeito de


dimensionamento, se h > B substitui-se h por B no denominador.
OBSERVAÇÃO: Costuma-se adotar para altura do bloco um valor que seja no mínimo
igual ao dobro da maior saliência pilar/bloco ou bloco/estaca
Genericamente
h≥B–b

Dimensionamento

A compressão vertical

O bloco é dimensionado como se fosse um pequeno pilar dotado de armadura


mínima assim:
kN
1,5. 𝑁𝑑
𝐴′ 𝑠 =
435

cm² MPa
A armadura vertical é distribuída na periferia da seção, sendo usual
construtivamente interligar as barras verticais duas a duas construindo estribos
verticais.

Tração horizontal

193
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Sendo desprezada a resistência do concreto a tração, o esforço será todo


resistido pela armadura constituída de estribos horizontais. Tomando-se a expressão
𝐹 𝐹
genérica de tensão 𝜏 = : fica 𝐴 =
𝐴 𝜏

10𝑥1,4𝑥𝑍
𝐴s𝑤 = kN
2.𝑓𝑦𝑑

cm² MPa

Asw é a soma das áreas de cada ramo dos estribos horizontais.


OBSERVAÇÃO: o conjunto de estribos verticais com os estribos horizontais torna a
armadura dos blocos de uma estaca semelhante a uma gaiola.

Detalhamento

Planta de locação das estacas

É uma planta baixa contendo as estacas referidas aos centros dos pilares, onde
constam os nomes e cargas dos pilares, suas seções, os diâmetros e capacidades de
cargas das estacas e suas cotas de arrasamento.

Planta da fundação

É uma planta baixa dos elementos de fundação, referidos aos centros dos
pilares, onde constam nomes e cargas dos pilares, suas seções, as dimensões de
arrasamentos das estacas, seus diâmetros e capacidade de carga.

Desenho dos blocos

Cada bloco é desenhado individualmente em planta e em corte, em escala


conveniente, mostrando-se as dimensões e a armadura em suas posições, assim
como a cota de arrasamento é detalhada fora do desenho do bloco, e identificada com
número, quantidade, bitola, comprimento parcial e total.

194
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Quadro de armaduras

Quadro resumo de materiais


Essas tabelas são semelhantes àquela vistas para os demais elementos estruturais.

10.7. MÉTODOS DAS BIELAS PARA DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS E


DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS COM MAIS DE UMA ESTACA

Raciocínio Básico

1. O CG do pilar deve coincidir com o CG do conjunto de estacas.


2. A carga do pilar é igualmente transmitida as estacas. Essa transmissão se dá por
bielas de compressão inclinadas que vão do centro do pilar aos centros das estacas,
através da massa de concretagem do bloco.
3. Devido a inclinação das bielas de compressão aparecem forças de tração no fundo
do bloco, que são as componentes horizontais das forças inclinadas.
4. As forças de tração devem ser combatidas por barras de armaduras colocadas nas
suas direções, ou em direções convenientes onde agirão componentes dessas forças
5. Sendo Zd a força de tração em cada direção adotada para a armadura, o momento
dessa força em relação ao CG do pilar ao nível da parte superior do bloco constitui
um momento resistente interno do bloco. Como a distância do centro da armadura até
esse ponto a altura útil (d) do bloco, esse momento é dado por Zd . d.
Esse “momento resistente” se opõe e equilibra um “momento atuante” das
cargas verticais das estacas em relação ao centro do pilar, considerando a direção dá
armadura.
6. Chamando o “momento atuante” de Md e igualando-o ao “momento resistente” fica
𝑀𝑑
Md=Zd.d, onde o valor da fora na armadura é 𝑍𝑑 = .
𝑑
Para calcular o valor da armadura para combater o esforço de tração Zd, basta
𝐹 𝐹
aplicar a expressão básica de tensão 𝜎 = .: 𝐴 =
𝐴 𝜎
𝑍𝑑 𝑀𝑑
Para o caso fica 𝐴𝑠 = 𝑜𝑢 𝐴𝑠 = . 10
𝑓𝑦𝑑 𝑑.𝑓𝑦𝑑

195
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

7. Assim a armadura em cada direção escolhida será sempre calculada pela


expressão acima, em função de Md que é o momento fletor atuante no bloco, sempre
obtido multiplicando-se a carga das estacas pela sua distância ao CG do bloco na
direção considerada.

10.8. VERIFICAÇÃO DO CISALHAMENTO

1. Em blocos com estacas alinhadas faz-se a verificação da força cortante, utilizando-


se a verificação da força cortante, utilizando-se a mesma verificação do plano de
compressão das vigas, porém, calculando-se a tensão de cisalhamento de cálculo Ʈsd
em função da máxima força cortante que acontece junto pilar Nd/2, e toma-se a
precaução de manter esse valor abaixo ou no máxima igual ao limite Ʈrd2
Ʈsd ≤ Ʈrd2.
2. Em blocos com estacas formando polígonos (não alinhadas), faz-se a verificação
da tensão de cisalhamento solicitante de cálculo Ʈsd mantendo-a igual ou abaixo de
Ʈrd2,tensão resistente de cálculo relativa a ruína das diagonais comprimidas do
concreto (plano de compressão), de forma semelhante às sapatas poligonais, porém
repetindo-se o cálculo de Ʈsd no contorno µo do pilar e das estacas.

10.9. BLOCO DE DUAS ESTACAS

Onde:
B=3ϕ+ϕ+ϕ
B’ = ϕ + ϕ

196
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

OBSERVAÇÃO: h ≥ (a - ap) / 3 corte


a= dimensão do bloco
ap= dimensão do pilar mesma direção

Finalidades

Transmitir o carregamento do pilar e de eventuais baldrames a duas estacas


situadas a distância l entre eixos.

Momento fletor

De acordo com o método das bielas:


𝑁𝑑 𝑙 𝑙
𝑀𝑑 = 𝑥 ∶. 𝑀𝑑 = 𝑁𝑑𝑥 (na direção da armadura)
2 2 4

Md kN .m

Dimensionamento

Segundo o método das bielas


kN.m
10.𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
𝑑.𝑓𝑦𝑑

cm² m Mpa

197
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Armadura de destruição

Recomenda-se que a armadura de distribuição seja dimensionada para resistir


a 20% do esforço principal, calculada com 80% de fyd. Assim:
2,5 𝑚𝑑
𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑠𝑡 =
𝑑. 𝑓𝑦𝑑
Verificação do cisalhamento

Sendo as estacas alinhadas verifica-se a força cortante no plano de


compressão, como Ʈsd ≤ Ʈrd2
kN
𝐹𝑠𝑑⁄
2
𝑇𝑠𝑑 =
𝐵′ .𝑑.1000

Mpa m

Ʈrd2 = 0,27 . (1 - fck/250) . fcd

Detalhamento

As armaduras principais geralmente constituídas por poucas barras são


colocadas no fundo do bloco na direção unindo as estacas, distribuídas na largura B’
sempre descontando-se os cobrimentos. Dobram-se as extremidades das barras
atingindo toda a altura do bloco. A armadura de distribuição, colocada
perpendicularmente a principal também tem extremidades dobradas.
Projetam-se 2 ou 3 estribos horizontais para assegurar a firmeza do conjunto,
que se torna semelhante a uma cesta.

10.10. BLOCOS DE TRÊS ESTACAS

198
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Onde:
C=φ
B ≥ 1,155*C
A≥L+B

Finalidade

Transmitir o carregamento do pilar e de eventuais baldrames a 3 estacas


situadas a distância l entre eixos, usualmente localizadas nos vértices de um triângulo
equilátero.

Momentos fletores

Há 3 opções para colocação das armaduras:


1-1. Armadura unindo as estacas ao pilar pelo método das bielas:

199
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

m
𝑁𝑑 𝑙 √3 𝑁𝑑.𝑙 √3
𝑀𝑑1 = 𝑥 =
3 3 9
kN.m kN

2-2. Armadura unindo estacas entre si


kN
m
𝑁𝑑.𝑙
𝑀𝑑2 =
9

kN.m

3-3. Armaduras paralela e normal a um dos lados do bloco (em malha)


N:normal a um dos lados

𝑁𝑑. 𝑙√3
𝑀𝑑3𝑁 =
9
𝑁𝑑 𝑙 𝑁𝑑. 𝑙
𝑁𝑑3𝑝 = . =
3 2 6

Dimensionamento

Pelo método das bielas em qualquer das três opções


kN.m
10.𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
𝑑.𝑓𝑦𝑑

cm² m MPa

Verificação do cisalhamento

Sendo um bloco com as estacas dispostas em polígono a análise é do


cisalhamento por punção sendo também verificado apenas o plano de compressão.
Analisa-se a tensão de punção do pilar e das estacas e mantém-se:

200
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Ʈsd ≤ Ʈrd2
Assim:
kN
𝐹𝑠𝑑
Ʈ𝑠𝑑𝑝 = . 1000
(𝑏+ℎ𝑝 ).2 𝑑

MPa m

kN
𝐹𝑠𝑑
Ʈ𝑟𝑑2 =
3.1000.𝜋.∅.𝑑

MPa m

𝑓𝑐𝑘
Ʈ𝑟𝑑2 = 0,27 (1 − ) . 𝑓𝑐𝑑
250

Detalhamento

A armadura principal é colocada no fundo do bloco nas direções


correspondentes a opção adotada. Dobra-se as extremidades das barras e projetam-
se 2 ou 3 estribos horizontais para firmeza do conjunto de armaduras.

10.11. BLOCO DE QUATRO ESTACAS

201
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

h ≥ (a - ap) / 3
l ≥ 3.ɸ
𝑓𝑐𝑘
Ʈ𝑟𝑑,2 = 0,27 (1 − ) . 𝑓𝑐𝑑
250

Finalidade

Transmitir o carregamento do pilar e eventuais baldrames a quatro estacas


situadas a uma distância l entre eixos, normalmente dispostas nos vértices de um
quadrado.

Momentos Fletores

Há duas opções para o posicionamento das armaduras:


1. Armadura unindo as estacas ao pilar (em diagonal);

𝑁𝑑 𝑙√2 𝑁𝑑. 𝑙√2


𝑀𝑑1 = 𝑥 =
4 2 8

202
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

2. Armadura paralela aos lados do bloco (em malha)

𝑁𝑑 𝑙 𝑁𝑑. 𝑙
𝑀𝑑2 = 2 x 𝑥 =
4 2 8

Dimensionamento

Pelo método das bielas, em qualquer das duas opções.

10.𝑀𝑑
A𝑠 =
𝑑.𝑓𝑦𝑑

Verificação do cisalhamento

Sendo as estacas dispostas em polígono verifica-se o cisalhamento por punção


do pilar e das estacas, visando o plano de compressão, mantendo-se portanto
Ʈsd ≤ Ʈrd2
Punção do pilar

𝐹𝑠𝑑
Ʈ𝑠𝑑,𝑝 =
(𝑏 + ℎ𝑝 ). 2 𝑑. 100

Punção das estacas

𝐹𝑠𝑑
Ʈsd, e =
4000. 𝜋. ∅. 𝑑

Detalhamento

As armaduras são colocadas no fundo do bloco na direção escolhida, com as


extremidades dobradas a 90 graus sendo a dobra usualmente a toda altura do bloco.
Para estabilidade do conjunto projetam-se 2 ou 3 estribos horizontais.

203
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

10.12. BLOCO COM QUALQUER NÚMERO E POSIÇÃO DE ESTACAS

Disposição das estacas

Pode ser qualquer desde que o CG do conjunto de estacas coincida com o CG


do pilar. Desta forma pode-se imaginar estacas alinhadas ou estacas formando
polígonos, regulares ou não.

Cargas das estacas

Supõe que o bloco seja suficientemente rígido para que a carga aplicada seja
igualmente dividida entre as estacas.

Disposição das armaduras

Se as estacas forem alinhadas obviamente a armadura principal será na


direção do alinhamento das estacas, e adotar-se-á armadura de distribuição. Se as
estacas forem dispostas poligonalmente é conveniente adotar a armadura em malha,
com direções ortogonais adequadamente escolhidas.

Momentos fletores

Sendo calculado pelo método das bielas, em cada direção de armadura calcula-
se o somatório dos momentos das cargas das estacas em relação ao CG do pilar.

Dimensionamento

10.𝑚𝑑
Pelo método das bielas, em cada direção de armadura a área será 𝐴𝑠 = .
𝑑.𝑓𝑦𝑑

Verificação do cisalhamento

Sempre no plano de compressão com Ʈsd ≤ Ʈrd2. Se as estacas forem


alinhadas Ʈsd refere-se a força cortante (semelhante ao bloco de duas estacas).
204
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Sendo estacas em polígono Ʈsd se refere a punção do pilar e das estacas, semelhante
aos blocos de 3 ou 4 estacas.

Detalhamento

Armaduras sempre no fundo do bloco, sempre dobradas a 90 graus nas


extremidades e sempre se projetando estribos horizontais para estabilidade conjunta.

Exemplo 1: Bloco de 1 estaca

Carga: 195,0 kN
Seção do pilar: 20x25 cm
Estaca  ∅ 25𝑐𝑚 → 20 𝑡
Concreto  fck = 20 MPa
Aço: CA 50 ou CA 60
Cobrimento: 3 cm
d” = 5cm

Resolução:

a) Dimensões:

𝐵 = 2𝑥∅ = 2𝑥25 = 50 𝑐𝑚

ℎ ≥ 𝐵 − 𝑏 = 50 − 20 = 30𝑐𝑚
Adotar: h=40 cm
d= h - d”= 40 – 5 = 35cm

b) Esforços:

Compressão Vertical => N=195,0 kN


Tração horizontal:
(𝐵−𝑏)
𝑍 = 0,25. 𝑁.

205
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

(0,50−0,20)
𝑍 = 0,25.195,0. z= 36,56 kN
0,40

c) Dimensionamento:

À compressão vertical:
1,05.𝑁𝑑
𝐴′ 𝑠 =
435
1,05.1,4.195,0
𝐴′ 𝑠 = 𝐴′ 𝑠 = 0,94𝑐𝑚2 → 4 ∅ 6,3𝑚𝑚(1,25)
435

À tração horizontal:
10.1,4. 𝑍
𝐴𝑠𝑤 =
2. 𝑓𝑦𝑑
10.1,4.36,56
𝐴𝑠𝑤 = = 0,59 𝑐𝑚² → 3∅5,0𝑚𝑚(0,59) por face
2.435

d) Armadura da estaca: (compressão)

1,5𝑥1,4𝑥𝑁 1,5𝑥1,4𝑥195,0
= = 0,94 𝑐𝑚²
435 435
A’s,est=
𝜋𝑥252
0,004. 𝐴𝑒𝑠𝑡 = 0,004𝑥 = 1,96𝑐𝑚2
4

3∅10,0𝑚𝑚(2,36)
Adota-se o maior valor

e) Detalhamento:

206
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Exemplo 2: Bloco de 2 estacas

Carga: 380,0 kN
Seção do pilar: 25x30 cm
Estaca ∅25𝑐𝑚 = 20𝑡𝑓
Concreto: fck = 20MPa
Aço CA 50 ou CA 60
Cobrimento  3 cm
d”= 5cm

207
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Resolução:

a) Dimensões:

𝑙 ≥ 3∅ = 3. 25 = 75𝑐𝑚

𝐵 = 𝑙 + 2. ∅ = 75 + 2. 25 = 125 𝑐𝑚

𝐵 ′ = 2∅ = 2. 25 = 50𝑐𝑚

125 − 25
ℎ≥ ≅ 34𝑐𝑚
3

Adotar: h=40cm

d= h - d”  d= 40 – 5 = 35 cm

b) Momento fletor:

𝑁𝑑𝑥𝑙 1,4𝑥380,0𝑥0,75
𝑀𝑑 = = = 99,75 𝑘𝑁. 𝑚
4 4

c) Dimensionamento:

10.𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
𝑑.𝑓𝑦𝑑

10.99,75
𝐴𝑠 = = 6,55𝑐𝑚2 → 6 ∅ 12,5𝑚𝑚 (7,36)
0,35.435

2,5. 𝑀𝑑
𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑠𝑡 =
𝑑. 𝑓𝑦𝑑

2,5𝑥99,75
𝐴𝑠, 𝑑𝑖𝑠𝑡 = = 1,64𝑐𝑚2 → 9 ∅ 5,0𝑚𝑚 (1,77)
0,35𝑥435

208
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

d) Verificação do cisalhamento:

1,4𝑥380
𝐹𝑠𝑑/2 2
𝜏𝑠𝑑 = 𝜏𝑠𝑑 = = 1,520 𝑀𝑃𝑎
1000. 𝐵 ′ . 𝑑 1000𝑥0,50𝑥0,35

𝑓𝑐𝑘 20 20
𝜏𝑟𝑑2 = 0,27 (1 − ) . 𝑓𝑐𝑑 𝜏𝑟𝑑2 = 0,27𝑥 (1 )𝑥 = 3,549 𝑀𝑃𝑎
250 250 1,4

𝜏sd < 𝜏rd2  ok!

e) Armadura das estacas: (compressão)


380
1,5𝑥1,4𝑥 2
= 0,92 𝑐𝑚²
435
A’s,est
𝜋𝑥25²
0,004𝑥 = 1,96𝑐𝑚2 → 3 ∅ 10,0𝑚𝑚 (2,36)
4

e) Detalhamento:

209
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Exemplo 3: Bloco de 3 estacas

Carga: 847,60 kN
Seção do pilar = 25x40 cm
Estaca ɸ 32cm => 30 tf
Concreto fck = 20 MPa
Aço CA 50 ou CA 60
Cobrimento = 3 cm
d” = 5 cm

Resolução:

210
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

a) Dimensões:

l ≥ 3 x 32 = 92 cm

𝑙 √3 96√3
+ 2 .ɸ = + 2 . 32 ≅ 147
2 2

147 − 25
ℎ≥ = 40,7𝑐𝑚
3

Adotar h= 50 cm d= 45cm

b) Momento Fletor:

b.1) opção armada unindo estavas ao pilar


1,4𝑥847,60𝑥0,96√3
𝑀𝑑1 = = 219,23 𝑘𝑁. 𝑚
9

b.2) opção unindo estacas entre si


1,4𝑥847,60𝑥0,96
𝑀𝑑2 = = 126,57 𝑘𝑁. 𝑚
9

b.3) opção armada paralela e perpendicuular a um dos lados (em malha)


1,4𝑥847,60𝑥0,96
𝑀𝑑3𝑝 = = 189,86 𝑘𝑁. 𝑚
6

1,4𝑥847,60𝑥0,96√3
𝑀𝑑3𝑁 = = 219,23 𝑘𝑁. 𝑚
9

c) Dimensionamento:

c.1) opção 1:

10𝑥219,23
𝐴𝑠1 = 11,20 𝑐𝑚2 => 6 ɸ 16,0𝑚𝑚 (12,06)
0,45𝑥435

211
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

c.2) opção 2 :

10𝑥126,57
𝐴𝑠2 = 6,47 𝑐𝑚² => 6 ɸ 12,5𝑚𝑚 (7,36)
0,45𝑥435

c.3) opção 3:

10𝑥189,86
𝐴𝑠3𝑝 = 9,70 𝑐𝑚² = 13 ɸ 10,0𝑚𝑚 (10,21)
0,45𝑥435

10𝑥219,23
𝐴𝑠3𝑁 = 11,20 𝑐𝑚2 => 15 ɸ 15,0𝑚𝑚 (11,78)
0,45𝑥435

a) Verificação do cisalhamento:

1,4 . 847,60
Ʈ𝑠𝑑𝑝= = 2,028 𝑀𝑃𝑎
1000 . (0,25 + 0,40). 2 . 0,45

1,4 . 847,60
Ʈ𝑠𝑑𝑒= = 0,874 𝑀𝑃𝑎
3 . 1000 . 𝜋. 0,32 . 0,45

20 20
Ʈ𝑅𝑑2= 0,27 . (1 − ). = 3,549 𝑀𝑃𝑎
250 1,4

Ʈsdp < Ʈrd2 ok! Ʈsde < Ʈrd2  Ok!

Não haverá ruptura por compressão das bielas

212
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

e) Armadura das estacas:

1,5𝑥1,4𝑥847,60/3
A’sest= = 1,36𝑐𝑚²
435
𝜋𝑥32²
0,004𝑥 = 3,22 𝑐𝑚²
4

3 ɸ 12,5mm (3,68)

f) Detalhamento:

213
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

214
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Exemplo 4: Bloco de 4 estacas:

Carga = 1088,60 kN
Seção do pilar = 35x40 cm
Estaca ɸ 32cm  30 tf
Concreto fck = 20 MPa
Aço CA50 ou CA60
Cobrimento= 3 cm
d”= 5 cm.

Resolução:

a) Dimensões:

l ≥ 3 x 32 = 96 cm
B = 96 + 2 x 32 = 160 cm
160−35
H≥ = 41,67 𝑐𝑚
3
Adotar:
h=60cm
d=55cm

b) Momento Fletor:

b.1) armadura em diagonal:

1,4𝑥1088,60𝑥0,96√2
𝑀𝑑1 = = 258,64 𝑘𝑁. 𝑚
8

b.2) armadura em malha:

1,4𝑥1088,60𝑥0,96
𝑀𝑑2 = = 365,77 𝑘𝑁. 𝑚
8

c) Dimensionamento:

215
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

10𝑥258,64
c.1) 𝐴𝑠1 = = 10,81 𝑐𝑚² → 6 ɸ 16,0𝑚𝑚 (12,06)
0,55𝑥435

10𝑥365,77
c.2) 𝐴𝑠1 = = 15,29 𝑐𝑚² → 13 ɸ 12,5𝑚𝑚 (15,95)
0,55𝑥435

d) Verificação do cisalhamento

1,4𝑥1088,60
Ʈ𝑠𝑑𝑝 = = 1,847 𝑀𝑃𝑎
1000(0,35 + 0,40). 2 + 0,55

1,4𝑥1088,60
Ʈ𝑠𝑑𝑒 = = 0,689 𝑀𝑃𝑎
4𝑥1000𝑥𝜋𝑥0,32𝑥0,55

20 20
Ʈ𝑟𝑑2 = 0,27 (1 − ) = 3,549 𝑀𝑃𝑎
250 1,4
Ʈsdp < Ʈrd2
Ok!
Ʈsde < Ʈrd2

Armadura das estacas:

1088,60
1,8𝑥1,4𝑥 4
A’s est= = 1,32𝑐𝑚²
435
𝜋𝑥32²
0,004𝑥 = 3,22𝑐𝑚²
4

3 ɸ 12,5mm (3,68)

f) Detalhamento

216
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Em malha:

217
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

10.13. VIGAS DE EQUILÍBRIO (VIGAS-ALAVANCA)

Conceito

São elementos estruturais que tem a finalidade de transmitir a carga de um pilar


de divisa para o CG de seu elemento de fundação (bloco ou sapata). São vigas
isostáticas sobre dois apoios e dotadas de um balanço. Na extremidade do balanço
está o pilar de divisa com sua carga. O primeiro apoio é o bloco ou sapata desse pilar.
O segundo apoio é o bloco ou sapata de um pilar central qualquer próximo a divisa,
ou é um elemento de fundação especialmente criado com essa finalidade.

Esquema estrutural

Em fundação com sapatas

218
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Esforços

Desprezando-se o peso próprio (resistido pelo terreno) e outras cargas distribuídas


(analisar cada caso) fica:
Momentos Fletores:

219
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Forças Cortantes: No balanço  N


𝑋
No vão N2=𝑦

Reações de apoio

O apoio 1:

N1=N+N2  é a carga no bloco ou sapata de divisa


O apoio 2: N2 é o alivio no bloco ou sapata central

Dimensionamento

O dimensionamento será à flexão simples e ao cisalhamento por cortante


baseado nos esforços máximos, de forma semelhante às demais vigas.

Peculiaridades

A força cortante é bastante elevada na região do balanço (é a própria carga do


pilar) exigidos seções grandes nesse trecho. Como no vão a força cortante é pequena
e o momento fletor diminui em direção ao segundo apoio é comum por economia
adotar seção variável no vão, diminuindo em direção ao segundo apoio. Nesse trecho
dimensiona-se ao cisalhamento usando a menor seção, favorável a segurança.
220
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Quando ao momento fletor deve-se verificar algumas seções intermediárias.


O segundo apoio que é o pilar central não precisa necessariamente estar
alinhado com o pilar de divisa perpendicularmente a divisa, podendo a viga de
equilíbrio ser projetada em qualquer ângulo desde que unindo os dois pilares. Nesse
caso, o centro do bloco ou sapata de divisa sempre será alinhado com a direção da
viga de equilíbrio.

Detalhamento

Semelhante as demais vigas.

221
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

11. CAIXAS D’ÁGUA

11.1. INTRODUÇÃO

Elementos

Os elementos constituintes são placas planas ligadas entre si.

Classificação

- vinculadas a estrutura de apoio


- independentes (cisterna)

11.2. FUNCIONAMENTO

11.2.1. Caixas vinculadas a estruturas de apoio

Tampa

É carregada com peso próprio, revestimento e carga de utilização ( no mínimo


a carga acidental 0,5 kN/m²), cujo carregamento é transmitido às paredes.

Fundo
É carregado com peso próprio, revestimento e carga d’água, transmitindo esse
carregamento às paredes.
Paredes

Verticalmente: são carregadas com peso próprio, carga da tampa e carda do fundo, e
transmitindo esse carregamento aos pilares. O funcionamento vertical das paredes é
portanto como viga.
Horizontalmente: serão carregadas de dentro para fora com o empuxo d’água. Se a
caixa estiver enterrada haverá o empuxo da terra de fora para dentro. Horizontalmente
portanto as paredes funcionam como laje.

222
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

11.2.2. Caixas independentes

Tampa: carregada com peso próprio, revestimento e carga de utilização, sendo esse
carregamento transmitido as paredes.

Paredes

Horizontalmente: carregada de dentro para fora com o empuxo da água e de fora para
dentro com o empuxo da terra se a caixa estiver enterrada
Verticalmente: são carregadas com seu peso próprio e a carga da tampa, sendo esse
carregamento transmitido para a periferia da laje de fundo. Portanto, como as paredes
são apoiadas continuamente ao longo de sua extensão, não há vão livre e assim não
funcionam como vigas.

Fundo: será carregado perifericamente pela carga das paredes, transmitindo esse
carregamento ao terreno. A reação do terreno a esse carregamento solicitará a laje
de fundo a flexão debaixo para cima.
Peso próprio do fundo e carda da água serão diretamente reagidos pelo terreno, não
solicitando a laje do fundo a flexão.

11.3. CARGAS

Tampa

Em caixas vinculadas e independentes:


Direção
m 25 kN/m³
Valor: peso próprio = esp. x 𝛾𝑐  kN/m²

m kN/m³

Revestimento= esp.𝑥 𝛾𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠𝑡.  kN/m²

Carga de utilização (mínimo=0,5 kN/m2- acidental)


223
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Fundo

Em caixas vinculadas

Direção:

Valor: peso próprio = esp. X 𝛾𝑐


Revestimento= esp. X 𝛾𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
Peso da água= prof. 𝛾𝐻2 𝑂
10 kN/m³

Em caixas independentes

Direção:

𝑘𝑁 𝑝.𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠 (𝐾𝑁)


Valor: p = carga da tampa (
𝑚²
)+ á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 (𝑚2 )

𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠 (𝑘𝑁)


Paredes: VALOR: p= carga da tampa (kn/m²) +
á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜

PAREDES HORIZONTAIS

Caixas vinculadas e independentes

-DE DENTRO PARA FORA:


Empuxo de água:
-DE FORA PARA DENTRO:
Empuxo da terra: os valores desse carregamento serão detidos com estudos da
mecânica dos solos. Na falta de dados mais precisos os dados a seguir poderão ser
utilizados:
Valores dos coeficientes:

224
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

TERRENO ƳT (kN/m³) K(kN/m³) K1 (kN/m³)


ARENOSO 15,00 4,0 à 5,0 10,0 à 12,0
ARGILOSO 17,00 6,0 à 7,0 13,0 à 15,0

VERTICALMENTE
Caixas vinculadas: verticalmente as caixas vinculadas a direção da carga é de cima
para baixo e o valor será a soma do peso próprio da parede em kN/m mais carga da
tampa em kN/m mais carga do fundo em kN/m. Serão tratados como vigas
transmitindo o carregamento para outras paredes ou diretamente para os pilares.

Caixas independentes

DIREÇÃO

Valor: peso próprio das paredes acrescido a consideração de 2 hipóteses de


carregamento
CAIXA CHEIA: em que as paredes serão solicitadas pela carga da água,
preferencialmente desprezando-se a eventual colaboração do empuxo de terra;
CAIXA VAZIA: onde as paredes deverão ser calculadas submetidas ao empuxo da
terra

SUBPRESSÃO: Em situações (desaconselháveis) em que o reservatório seja


construído enterrado abaixo do nível no fundo e nas paredes o carregamento da água
do subsolo, denominado SUBPRESSÃO.

11.4. VÍNCULOS ENTRE OS ELEMENTOS

Raciocínio básico: As cargas nas placas tendem a produzir rotações nos vínculos. Se
as rotações entre duas placas adjacentes forem em sentido contrário, o vínculo entre
elas é engaste; Se as rotações forem no mesmo sentido o vínculo é apoio.

11.5. ESFORÇOS NOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

225
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

As peças funcionando como lajes estarão submetidas à momentos fletores e


forças constantes da mesma forma que as lajes de edifícios. Quando se tratar de
paredes, como os carregamentos serão triangulares ou trapezoidais, pode-se
estabelecer uma carga média retangular ou procurar tabelas específicas para tais
carregamentos.
Obtidos os momentos fletores iniciais por Marcus ou qualquer outra tabela,
seguem-se os procedimentos de homogeneização dos X e consequente correção dos
M tal qual nas lajes de edifícios.
Quando as paredes funcionam como vigas, estas suportarão momentos
fletores e forças cortantes, cujos valores de esforços dependerão das condições de
apoio das paredes. O tratamento é portanto igual as vigas convencionais
OBSERVAÇÃO: Analisar cuidadosamente os elementos quando houver mais de uma
hipótese de cálculo, o que poderá gerar esforços invertidos (ambos deverão ser
contemplados) ou poderão haver sobreposição de esforço (considera-se ou envoltória
do diagrama).
OBSERVAÇÃO: Quando as paredes funcionarem como vigas, tendo estribos e
armadura de pele, motar eu o posicionamento dessas armaduras se sobrepõem ao
posicionamento das armaduras da parede como laje. Assim as áreas de armadura em
cada posição deverão ser somadas.

Dimensionamento

Sendo os elementos lajes e vigas, o dimensionamento à flexão e ao


cisalhamento será feito de forma similar as lajes e vigas usuais.
OBSSERVAÇÃO 1: nas lajes considera “ARMADURA+” como sendo as armaduras
nos vãos e as “ARMADURAS-“ como armaduras das arestas.
OBSERVAÇÃO 2: Analisar a superposição de armaduras na mesma posição com
esforços simultâneos e a inversão do posicionamento das armaduras com esforços
alternados.

11.7. DETALHAMENTO

226
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Usualmente é feito desenhando-se um corte horizontal (que mostrará as


amaduras horizontais das paredes e das arestas verticais) e dois cortes verticais (cada
qual mostrando as armaduras verticais das paredes, os armaduras das arestas
horizontais e as armaduras de vão nas duas posições e de forma explodida, sendo
cada posição devidamente identificada com número, quantidade, bitola, espaçamento
e comprimento, além das indicações interna ou externa.
Observar que se as armaduras das arestas forem internas haverá a
necessidade “laço”.
OBSERVAÇÃO: Nas caixas simplesmente apoiada no terreno, a armadura de fundo
de vão é apenas superior. No entanto costuma se detalhar construtivamente uma
malha também inferior.

227
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

12. ESCADAS

12.1 INTRODUÇÃO

Na figura:
a=p=piso
h=e=espelho

Dimensões

2 e + p = 64 cm (passo médio)
Espelho: divide-se o desnível a ser atingido por um espelho ideal de 17cm, obtendo-
se o número inteiro conveniente e a seguir obtém-se a altura definitiva do espelho.
Piso: com base na relação 2e + p = 64 cm e nas dimensões da caixa de escada adota-
se a extensão conveniente do piso.

12.2. CARGAS

Peso próprio: nas regiões inclinadas o peso próprio será pp=hm. x


nos patamares: pp= h . Ƴc

Revestimento

228
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Inferior: nas regiões inclinadas é calculado multiplicando-se a projeção vertical da


espessura do revestimento pelo respectivo peso específico.
Superior: é calculado desenvolvendo-se o comprimento total do revestimento e
projetando o resultado verticalmente nessa região.
OBSERVAÇÃO: nos trechos em nível o revestimento será calculado semelhante ás
lajes convencionais.

Corrimãos e guarda corpos

Dividir o carregamento na área de escada correspondente ao seu trecho de influência.

Sobrecarga

Sem acesso ao público a taxa é 2,5 kN/m² e com acesso ao público a taxa é 3
kN/m².
Recomendação: para edifícios públicos é 4 a 5 kN/m 2.

12.3. CONSIDERAÇÕES P/ ESCOLHA DO SISTEMA ESTRUTURAL

Localização dos apoios externos (vigas)

Os apoios externos, ou seja, as vigas determinarão a maneira com que a laje


será apoiada, ou ainda determinarão a direção da armação principal da laje da escada.
Em geral essas vigas localizadas nos pavimentos são utilizadas também para apoio
das lajes dos pavimentos. Sendo a estrutura do edifício projetada como um todo, ao
lançar a estrutura o projetista deverá estar prevendo a maneira de armar a escada.

Número de lances estruturais

Poderá haver diversos lances estruturais na escada. Havendo mudança de


direção, poderá haver apoio de um lance sobre o outro, no patamar. Neste caso o
lance que se apoia tem seus esforços calculados com um comprimento que se
sobrepõem no patamar 1/3 de sua extensão. Em termos gerais os lances que se

229
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

apoiam em vigas têm vão teórico apoiado até os eixos das vigas, e os trechos
horizontais podem ser considerados estendendo até o primeiro espelho.
Tipos de apoio: móvel ou fixo

230
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

Fonte: Botelho (2011)

231
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Complete o quadro abaixo.

2. Defina os diagramas tensão-deformação - compressão (parábola-retângulo) e


tensão-deformação - tração para o concreto C20. Complete o quadro abaixo e defina
os diagramas usando as seguintes escalas:
deformação: 1 cm = 1%
tensão: 1 cm = 5 MPa

3. Determinar a menor classe possível de concreto (menor fck), bem como o maior
fator possível água/cimento (maior A/C) para as seguintes construções:
- construção urbana, ambiente interno seco;
- construção industrial, ambiente externo seco;
- construção marinha, ambiente externo.
232
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

4. Determinar o cobrimento nominal a ser adotado para as barras das vigas e pilares
das seguintes construções:
- construção urbana, ambiente interno seco;
- construção industrial, ambiente externo seco;
- construção marinha, ambiente externo.

5. Determinar os valores do estribo para uma viga (20 x 40) cm será construída em
local de classe de agressividade ambiental II, as barras longitudinais superiores tem
diâmetro 10 mm, as barras longitudinais inferiores tem diâmetro 16 mm e o estribo
será constituído por barras de 6,3 mm. Considerar valores inteiros (em centímetros)
para as dimensões e barras mais próximas possível das faces.

6. A viga abaixo indicada, em equilíbrio estático, está submetida somente a um


momento fletor de cálculo MSd. Sabendo-se que o encurtamento da fibra de concreto
mais comprimida é igual a 3,5‰ e que a armadura tracionada é composta por três
barras de 20 mm, pede-se:
- o alongamento da armadura tracionada necessário para promover o equilíbrio entre
os esforços externos e internos atuantes na viga;
- a tensão na armadura necessária para promover o equilíbrio entre os esforços
externos e internos atuantes na viga;
- o valor do momento fletor de cálculo MSd atuante na viga.
Dados:
- concreto: C20;
- aço: CA-50.
Considerar:
- estado limite último, combinações normais (Ɣc = 1,4 e Ɣs = 1,15);
- domínios da ABNT NBR 6118;
- condição de segurança Rd = Sd;
- diagrama tensão-deformação simplificado do concreto (c = 0,85 fcd para 0,7‰ c
3,5‰).

233
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

7. Determinar, para o estado de deformação da viga abaixo representada:


- a armadura de compressão (A’s), necessária para que a seção transversal resista
somente ao momento fletor solicitante de cálculo (MSd);
- o valor deste momento fletor solicitante de cálculo.
Dados:
- concreto: C20;
- aço: CA-50;
armadura inferior: 3 16 mm;
- encurtamento da fibra de concreto mais comprimida: 2,5‰.
Considerar:
estado limite último, combinações normais (c = 1,4 e s = 1,15);
domínios da ABNT NBR 6118;
condição de segurança Rd = Sd;
diagrama tensão-deformação simplificado do concreto (c = 0,85 fcd para 0,7‰ c
3,5‰).

8. Calcular os momentos iniciais para as lajes abaixo:


Dados:
h = 10 cm
largura viga-engaste: 15 cm
sobrecarga: 190 kgf/m2
revestimento: 100 kgf/m2
a) ly = 420 cm
lx = 380 cm

234
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

b) ly = 432 cm
lx = 342 cm

c) ly = 390 cm
lx = 320 cm

235
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

9. Calcule os momentos fletores negativos finais e correção dos momentos fletores


positivos das lajes do exercício anterior. Considerar L1 e L2 engastados.

236
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado. Rio Grande: Dunas, 2010. v.3,
3.ed.
BOTELHO, Manoel Henrique Campos. Concreto Armado eu te Amo para
Arquitetos. 2 ed. Editora Blucher. São Paulo, 2011.
BOTELHO, Manoel Henrique Campos; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto
Armado eu te Amo Vol. I e Vol. II. 7 ed. Editora Blucher. São Paulo, 2013.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA UEPG. Notas de aulas da disciplina
de Construção Civil. Carlan Seiler Zulian; Elton Cunha Doná. Ponta Grossa: DENGE,
2000.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA UEPG. Notas de aulas da disciplina
Estruturas de Concreto Armado. Nelson Luiz Madalozzo. Ponta Grossa: DENGE,
2007.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA UFPR. Notas de aulas da disciplina
Estruturas de Concreto I. Marco André Argenta: Departamento de Construção Civil,
2012.
FACULDADES PONTA GROSSA. Notas de aulas da disciplina Concreto Armado.
Israel Marcolin Pinto. Ponta Grossa, 2014.

237
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

ANEXOS

Vigas de seção retangular sem armadura de compressão

0,272 b w d 2 f cd fck  35 MPa


MRd1,lim  
0,228 b w d f cd fck  35 MPa
2

MSd  MRd1,lim  não há necessidade de armadura de compressão


MSd  MRd  MRd1
 MRd1 0,272 f ck  35 MPa
 c     tab   z e β s
 b w d 2 f cd 0,228 f ck  35 MPa
  f 
  0,035 cd b w h
MRd1  A s,min  max f yd
As    
 z d  s f yd  0,0015 b w h 
 A s,max  0,04 b w h
 0,68 b w d f cd 
s   x
 A s f yd 
 

Vigas de seção retangular com armadura de compressão

0,272 b w d 2 f cd f ck  35 MPa
MRd1,lim  
0,228 b w d f cd f ck  35 MPa
2

MSd  MRd1,lim  há necessidade de armadura de compressão


MRd1  MRd1,lim  valor a ser assumido (pode ser MRd1  MRd1,lim )
MSd  MRd  MRd1  MRd2
MRd2  MRd  MRd1
 MRd1 0,272 f ck  35 MPa
 c     tab  β z , β s e β 's
 b w d 2 f cd 0,228 f ck  35 MPa
 f 
 MRd1 MRd2  1  0,035 cd b w h
As     A s,min  max
 z d 

d  d '   s f yd  f yd 
0,0015 b w h 
MRd2
A 's 
 
d  d '  's f yd
A s  A 's   0,04b wh

 0,68 b w d f cd   ' 
s     x   A s   's
 A s f yd  A 
   s

238
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

V
VSd   Rd2
VRd3
VRd2  0,54  v 2 fcd b w d sen cos 
V fck
VSd   Rd2 v2  1  fck em MPa
VRd3 250
VRd2  0,27  v 2 fcd b w d 30    45
fck VRd3  V c  Vsw
v2  1  fck em MPa
250 Vc  Vc1
VRd3  V c  Vsw VRd2  VSd
Vc1  Vc 0  Vc 0
Vc  0,6 fctd b w d VRd2  Vc 0
2
0,213 fck Vc 0  0,6 fctd b w d
fctd  fck em MPa
c 2
fctk,inf 0,213 fck
fctd   fck em MPa
A  c c
Vsw   sw  0,9 d fywd
 s  A 
Vsw   sw  0,9 d fywd cot 
 fyk   s 
 
fywd  min   s   fyk 
435 MPa   
fywd  min   s 
A f 435 MPa 
sw  sw  0,2 ct,m
bw s fywk 30    45
fct,m  0,3 3 fck
2 A sw f
fck em MPa sw   0,2 ct,m
bw s fywk
fyk 
fywk  min   fct,m  0,3 3 fck
2
fck em MPa
500 MPa 
fyk 
fywk  min  
500 MPa 

deslocamento de diagrama deslocamento de diagrama


modelo I, estribos verticais modelo II

d  VSd,max 
a   a  0,5 d cot g   cot g  
2  VSd,max  Vc  

0,5 d  a  d  caso geral
0,5 d  a  d
0,2 d  a  d  estribos inclinados a 45
para VSd,max<Vc  a = d

estribos: bitola e espaçamento

239
Estruturas de Concreto Armado – notas de aula

bw
5 mm  t 
10
VSd 0,6 d 
 0,67  s  min  
VRd2 30 cm
VSd 0,3 d 
 0,67  s  min  
VRd2 20 cm

240

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