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ISSN: 2595-6825
DOI:10.34119/bjhrv4n2-227
Recebimento dos originais: 09/02/2021
Aceitação para publicação: 30/03/2021
Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.2, p. 6776-6788 mar./apr. 2021
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RESUMO
As disfunções Temporomandibulares (DTMs) compreendem uma ampla categoria de
desordens que engloba alterações clínicas na musculatura mastigatória. Entretanto,
alterações mais globais parecem estar envolvidas na etiologia das DTMs. O objetivo do
estudo foi avaliar a força e a atividade eletromiográfica dos músculosrespiratórios em
pacientes com disfunção temporomandibular e propor um protocolo de treinamento
muscular respiratório (TMR) avaliando a sua efetividade. Foram avaliados 3 pacientes
(P1, P2 e P3) de ambos os gêneros com idade média de 22±5,29 anos. A força dos
músculos inspiratórios e expiratórios foi avaliada por meio do manovacuômetro e a
função muscularde intercostais, diafragma, serrátil anterior eesternocleidomastoideo com
eletromiografia, nas condições de pré e pós treinamento muscular. Foram realizadas duas
sessões por semana onde naprimeira semana os pacientes realizaram reeducação funcional
diafragmática associada ao TMR com o uso de resistor de carga linear pressórica fluxo
independente com o dispositivo threshold IMT e Pressão expiratória positiva (PEP), nas
próximas 4 semanas os pacientes foram orientados a seguir apenas com TMR, sem a
realização do exercício diafragmático, totalizando10 sessões. Os resultados encontrados
na pressão inspiratória máxima (PImax) foram: Pré: P1 = - 60cmH2O, P2 = -60cmH2O
e P3 = -80cmH2O; Pós:P1 = -96 cmH2O, P2 = -84cmH2O, P3 = -120cmH2O. E na
pressão expiratória máxima (PEmáx) foram: Pré: P1 = 52cmH2O, P2 = 60cmH2O, P3
= 100cmH2O, Pós: P1 =100cmH2O, P2 = 84cmH2O, P3 = 120cmH2O. A
eletromiografia inicial demonstra aumento no sinal eletromiográfico dos músculos
acessórios e redução dos músculos principais da respiração e após o TMR redução do
sinal eletromiográfico (SEMG) dos músculos acessórios e aumento dos músculos
principais da respiração. De acordo com os resultados, houve um aumento na força
muscular respiratória. Sugerimos novos estudos, para que seja possível fazer inferências
estatísticas e generalizar esses resultados, comprovando a eficácia desse protocolo de
tratamento nas DTMs.
ABSTRACT
Temporomandibular dysfunctions (TMDs) comprise a broad category of disorders that
includes clinical changes in masticatory muscles. However, more global changes seem to
beinvolvedin the etiology of TMDs. The aim of the study was to evaluate the strength and
electromyographic activity of respiratory muscles in patients with temporomandibular
disorders and to propose aRMT protocol evaluating their effectiveness. Threepatients (P1,
P2 and P3) of both sexes with an average age of 22±5.29 years old were evaluated. The
strength of the inspiratory and expiratory muscles was evaluated using amanovacuometer
and the muscle function of intercostal, diaphragm, anterior serratil and
sternocleidomastoid through electromyography, in the conditions of pre and post muscle
training. There were 2 sessions per week where in the first week the patients underwent
diaphragmatic functional re-educationassociated with respiratory muscle training (TMR)
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with the use ofan independent flow pressure linearload resistor with the IMT and PEP in
the next 4 weeks, patientswere instructed to continue with RMT alone, without
performing diaphragmatic exercise,totaling 10 sessions. The results found in the
maximum inspiratory pressure (MIP) were: Pre: P1 = -60cmH2O, P2 = -60cmH2O and
P3 = -80cmH2O. Post: P1 = -96 cmH2O, P2 = -84cmH2O, P3 = -120 cmH2O.
And at the maximum expiratory pressure (MEP) were: Pre: P1 = 52cmH2O, P2 =
60cmH2O, P3 = 100cmH2O, Post: P1 = 100cmH2O, P2 =84cmH2O, P3
=120cmH2O.The initial electromyography shows an increase in the EMGS of the
accessory muscles and a reduction in the main muscles of breathing and after the TMR a
reduction in the EMGS of the accessory muscles and an increase in the main muscles of
breathing. According to the results, there was an increase in respiratory muscle strength.
We suggest new studies, so that it ispossible to make statistical inferences and generalize
these results, proving the effectiveness of this treatment protocol in TMDs.
1 INTRODUÇÃO
A disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de distúrbios que
envolvem os músculos mastigatórios (TOSATO; CARIA, 2006), compreendem uma
ampla categoria de desordens que engloba alterações clínicas na musculatura
mastigatória, na articulação temporomandibular (ATM) ou em ambas (PASINATO,
2006).
A DTM gera um distúrbio nos músculos temporal, masseter e
esternocleidomastoideo (ECOM), ocasionando assim dor e limitação aos pacientes (DE
ANDRADE, 2019). O ECOMé um dos principais responsáveis pelas alterações ocorridas
na ATM, também é um músculo atuante na flexão da cervical sobre a torácica que pode
tencionar a musculatura hioidea tracionando a mandíbula posteriormente (PINHEIRO,
2015), é considerado um músculoacessório da respiração e quando usado de maneira
inadequada pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbio da mecânica respiratória,
resultando no desenvolvimento das alterações importantes da coluna cervical, que por sua
vez, podem contribuir para o desencadeamento de alterações do sistema estomatognático,
sendo assim causando alterações nos músculos esqueléticos e respiratórios.
Alterações mais globais também parecem estar envolvidas na etiologia das DTMs,
especialmente a postura corporal e, mais recentemente, a influência da mecânica e padrão
ventilatórios nas DTMs. A relação entre respiração e DTM é determinada especialmente
pelo uso excessivo da musculatura inspiratória acessória, o que pode também acarretar
alterações posturais. Fatores como padrão ventilatório apical, tensão/ansiedade e
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respiração bucal podem ser apontados como os principais responsáveis por estas
alterações (PASINATO, 2006).
A respiração bucal, por não promover um preparo do ar inspirado, provoca uma
modificação dos mecanismos pulmonares de absorção de gases, elevação da resistência
das viasaéreas e diminuição da complacência pulmonar, diminuindo o aproveitamento do
O2 não só norepouso, mas principalmente no exercício, o que pode causar Cor pulmonale,
que é a insuficiência cardíaca decorrente um grande aumento da resistência ao fluxo
sanguíneo pulmonar (ABREU, 2009). Estes mecanismos que afetam a mecânica
respiratória da caixa torácica, como diminuição da complacência ou aumento de
resistência, podem alterar a força muscular respiratória.
A força muscular respiratória pode ser avaliada por meio das pressões musculares
respiratórias máximas que podem ser medidas pela manovacuometria. Trata-se de um
exame de baixo custo e de fácil realização, que mensura as pressões negativas e positivas
(PImax e PEmax) (SILVA et al., 2020).
As pressões respiratórias máximas permitem direcionar o tratamento dos
pacientes, por meio do treinamento muscular respiratório (TMR). O TMR pode auxiliar
além da melhora da força muscular respiratória, nas alterações do sistema
estomatognático. O treinamento pode serrealizado por meio de resistores de carga linear
e alinear pressórica (PRESTO, 2003). O Threshold IMT® e o Threshold PEP® são
cilindros de plásticos, que possuem uma válvula com regulador de pressão interna,
controlada pela tensão de uma mola e que requer uma pressãopré-determinada para iniciar
o treinamento da musculatura inspiratória e expiratória respectivamente (DAITX et al.,
2017).
As alterações musculoesqueléticas podem ser avaliadas utilizando eletromiografia
(EMG) que é uma forma insubstituível para se verificar as condições fisiológicas do
sistema estomatognático. A EMG de superfície é atualmente uma parte da avaliação que
quantifica a função dos músculos da mastigação dos pacientes. Apresenta-se como um
método seguro, fácil, e não invasivo que permite a quantificação objetiva da energia do
músculo estudado (MALTAet al., 2006).
Com isso, o estudo tem a proposta de desenvolver um protocolo de
treinamentomuscular respiratório (TMR) para pacientes do DTMs e espera-se que ocorra
melhora nas funções musculares respiratórias, consequentemente melhora da disfunção
temporomandibular.Foram encontrados poucos estudos na literatura sobre a relação da
DTM com a musculatura respiratória, e nenhum estudo de TMR na DTM, desta forma
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este estudo visa avaliar a força e a atividade eletromiográfica dos músculos respiratórios
em pacientes com disfunção temporomandibular e propor um protocolo de TMR
avaliando a sua efetividade.
2 METODOLOGIA
Estudo desenvolvido no laboratório de avaliação muscular – LABIM do Centro
Universitário Claretiano-Batatais-SP. A amostra foi composta por 3 participantes de
ambos osgêneros com idade média de 22±5,29 anos, com disfunção temporomandibular
unilateral. Os indivíduos selecionados para o estudo passaram por uma avaliação geral,
onde foi realizado a coleta de dados antropométricos, sinais vitais e avaliação da dor na
região da articulação temporomandibular, além do preenchimento individual do
questionário RDC antes do início doprograma e após cinco semanas de treinamento para
a obtenção dos resultados.
Na avaliação da função muscular respiratória utilizamos a eletromiografia, para
determinar a ativação de determinados grupos musculares durante as diversas fases de
uma tarefa motora. Análise da postura e de tarefas diárias e especificas que podem
determinar o uso
inadequado desta musculatura levando a fadiga muscular que pode comprometer as trocas
gasosas e consequentemente menor desempenho nas atividades de vida diária (AVDs)
Para a avaliação eletromiográfica utilizamos um Eletromiógrafo da marca EMG
System810 C, com 8 eletrodos, bipolares, álcool, aparelho de barbear, creme de barbear,
tesoura, esparadrapos, uma sala isolada e silenciosa com a iluminação adequada.
Figura 1 - EMG System 810 C utilizado para avaliação dos músculos ECOM, intercostal, diafragma e
serrátil anterior.
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Legenda – A). Posicionamento dos eletrodos. B) Eletrodos utilizados. C) Localização anatômica dos pontos.
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considerado o maior valor medido. Importante lembrar que deve-se evitar o uso dos
músculos bucinadores durante a manobra.
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3 RESULTADOS
Os resultados encontrados nas pressões respiratórias máximas (PImax e PEmax)
estão descritos na tabela abaixo (Tabela 1) e os resultados obtidos do sinal
eletromiográfico (Tabela2).
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4 DISCUSSÃO
Este estudo avaliou os efeitos de um protocolo de TMR em 3 casos de DTMs,
detectandonos casos relatados a melhora na força dos músculos respiratórios, por meio
do aumento da PImax e PEmax e, também um melhor equilíbrio da atividade dos
músculos respiratórios (ECOM, serrátil, intercostais e diafragma) por meio da
eletromiografia. No atual estudo a EMGrevelou nos casos relatados uma menor ativação
do esternocleidomastoideo no repouso, ciclosrespiratórios, expiração forçada e inspiração
forçada, com maior ativação do serrátil em todas as fases e maior atividade
eletromiográfica do diafragma e intercostal na expiração forçada.
De Nardi (2010) e Andrade (2019) utilizaram a eletromiografia na avaliação
diagnóstica e no processo terapêutico das disfunções temporomandibulares, verificando
que a EMG confirma equantifica a presença e severidade da disfunção elétrica muscular.
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5 CONCLUSÃO
Este estudo adiciona a literatura um novo protocolo de tratamento aos indivíduos
com DTM e mostra que o TMR resultou em aumento da força dos músculos respiratórios,
menor ativação do ECOM, menor ativação de todos os músculos avaliados na inspiração
forçada, maior ativação do serrátil na inspiração e maior ativação do diafragma e intercostal
na expiraçãoforçada. Vale ressaltar a importância da manutenção de exercícios físicos
com foco principalmente na melhora da mobilidade e flexibilidade da coluna vertebral,
devido ao impacto positivo na mecânica respiratória, evitando os efeitos do
destreinamento.
Sugere-se novos estudos com uma maior amostragem, para que seja possível fazer
inferências estatísticas e generalizar esses resultados.
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