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Brazilian Journal of Health Review 6776

ISSN: 2595-6825

Avaliação da força muscular respiratória de pacientes com DTM:


relato de casos

Evaluation of respiratory muscular strength in patients with TMD:


case report

DOI:10.34119/bjhrv4n2-227
Recebimento dos originais: 09/02/2021
Aceitação para publicação: 30/03/2021

Isabella Chaves Moreira Lima


Fisioterapeuta Graduada pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais
Especializanda em Fisioterapia Respiratória – HCFMRP / USP-Franca – SP,Brasil
E-mail: bella_lima_@hotmail.com

Jacqueline Rodrigues de Freitas Vianna


Pós doutoranda pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Docente do Centro Universitário Claretiano de Batatais - Convidada do laboratório -
LABIM Batatais – SP,Brasil
E-mail: jacque@claretiano.edu.br

Evandro Marianetti Fioco


Doutor em Biologia Oral pela FORP-USP e Docente do curso de Educação Física
Bacharel do Claretiano Centro Universitário - Coordenador do laboratório - LABIM
Batatais – SP, Brasil
E-mail: evandroacm@claretiano.edu.br

Lara Cristina Pereira de Andrade


Fisioterapeuta Graduada pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais
Aperfeiçoamento em Fisioterapia Hospitalar Infantil – FAMERP-Franca – SP,Brasil
E-mail: lara_andrade_pereira@hotmail.com

Mateus dos Santos Escolano Rodrigues


Fisioterapeuta Graduado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais
Pós graduado em Fisioterapia Neurofuncional – Centro Universitário Claretiano
Altinópolis – SP, Brasil
E-mail: mateusescolano1997@gmail.com

Thauany Borissi Bueno dos Santos


Fisioterapeuta Graduada pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais
Especializanda em Fisioterapia Respiratória - HCFMRP/ USP
Franca – SP, Brasil
E-mail: thauanybueno2@hotmail.com

Saulo Cesar Vallin Fabrin


Mestre em Ciências no programa de Reabilitação e Desempenho Funcional – FMRP
Doutorando no programa de Biologia Oral pela FORP-USP
Docente do Centro Universitário Claretiano de Batatais - Convidado do laboratório -
LABIM Batatais – SP,Brasil
E-mail: saulo.fabrin@gmail.com

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Edson Donizetti Verri


Doutor em Biologia Oral pela FORP-USP e Docente do curso de Fisioterapia do
Claretiano Centro Universitário - Coordenador do laboratório – LABIM
Batatais – SP, Brasil
E-mail: edverri@gmail.com

RESUMO
As disfunções Temporomandibulares (DTMs) compreendem uma ampla categoria de
desordens que engloba alterações clínicas na musculatura mastigatória. Entretanto,
alterações mais globais parecem estar envolvidas na etiologia das DTMs. O objetivo do
estudo foi avaliar a força e a atividade eletromiográfica dos músculosrespiratórios em
pacientes com disfunção temporomandibular e propor um protocolo de treinamento
muscular respiratório (TMR) avaliando a sua efetividade. Foram avaliados 3 pacientes
(P1, P2 e P3) de ambos os gêneros com idade média de 22±5,29 anos. A força dos
músculos inspiratórios e expiratórios foi avaliada por meio do manovacuômetro e a
função muscularde intercostais, diafragma, serrátil anterior eesternocleidomastoideo com
eletromiografia, nas condições de pré e pós treinamento muscular. Foram realizadas duas
sessões por semana onde naprimeira semana os pacientes realizaram reeducação funcional
diafragmática associada ao TMR com o uso de resistor de carga linear pressórica fluxo
independente com o dispositivo threshold IMT e Pressão expiratória positiva (PEP), nas
próximas 4 semanas os pacientes foram orientados a seguir apenas com TMR, sem a
realização do exercício diafragmático, totalizando10 sessões. Os resultados encontrados
na pressão inspiratória máxima (PImax) foram: Pré: P1 = - 60cmH2O, P2 = -60cmH2O
e P3 = -80cmH2O; Pós:P1 = -96 cmH2O, P2 = -84cmH2O, P3 = -120cmH2O. E na
pressão expiratória máxima (PEmáx) foram: Pré: P1 = 52cmH2O, P2 = 60cmH2O, P3
= 100cmH2O, Pós: P1 =100cmH2O, P2 = 84cmH2O, P3 = 120cmH2O. A
eletromiografia inicial demonstra aumento no sinal eletromiográfico dos músculos
acessórios e redução dos músculos principais da respiração e após o TMR redução do
sinal eletromiográfico (SEMG) dos músculos acessórios e aumento dos músculos
principais da respiração. De acordo com os resultados, houve um aumento na força
muscular respiratória. Sugerimos novos estudos, para que seja possível fazer inferências
estatísticas e generalizar esses resultados, comprovando a eficácia desse protocolo de
tratamento nas DTMs.

Palavras-Chave: Músculos Respiratórios, Articulação Temporomandibular,


Manovacuômetro, Eletromiografia.

ABSTRACT
Temporomandibular dysfunctions (TMDs) comprise a broad category of disorders that
includes clinical changes in masticatory muscles. However, more global changes seem to
beinvolvedin the etiology of TMDs. The aim of the study was to evaluate the strength and
electromyographic activity of respiratory muscles in patients with temporomandibular
disorders and to propose aRMT protocol evaluating their effectiveness. Threepatients (P1,
P2 and P3) of both sexes with an average age of 22±5.29 years old were evaluated. The
strength of the inspiratory and expiratory muscles was evaluated using amanovacuometer
and the muscle function of intercostal, diaphragm, anterior serratil and
sternocleidomastoid through electromyography, in the conditions of pre and post muscle
training. There were 2 sessions per week where in the first week the patients underwent
diaphragmatic functional re-educationassociated with respiratory muscle training (TMR)

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with the use ofan independent flow pressure linearload resistor with the IMT and PEP in
the next 4 weeks, patientswere instructed to continue with RMT alone, without
performing diaphragmatic exercise,totaling 10 sessions. The results found in the
maximum inspiratory pressure (MIP) were: Pre: P1 = -60cmH2O, P2 = -60cmH2O and
P3 = -80cmH2O. Post: P1 = -96 cmH2O, P2 = -84cmH2O, P3 = -120 cmH2O.
And at the maximum expiratory pressure (MEP) were: Pre: P1 = 52cmH2O, P2 =
60cmH2O, P3 = 100cmH2O, Post: P1 = 100cmH2O, P2 =84cmH2O, P3
=120cmH2O.The initial electromyography shows an increase in the EMGS of the
accessory muscles and a reduction in the main muscles of breathing and after the TMR a
reduction in the EMGS of the accessory muscles and an increase in the main muscles of
breathing. According to the results, there was an increase in respiratory muscle strength.
We suggest new studies, so that it ispossible to make statistical inferences and generalize
these results, proving the effectiveness of this treatment protocol in TMDs.

Keywords: Respiratory Muscles, Temporomandibular Joint, Manovacuometer,


Electromyography.

1 INTRODUÇÃO
A disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de distúrbios que
envolvem os músculos mastigatórios (TOSATO; CARIA, 2006), compreendem uma
ampla categoria de desordens que engloba alterações clínicas na musculatura
mastigatória, na articulação temporomandibular (ATM) ou em ambas (PASINATO,
2006).
A DTM gera um distúrbio nos músculos temporal, masseter e
esternocleidomastoideo (ECOM), ocasionando assim dor e limitação aos pacientes (DE
ANDRADE, 2019). O ECOMé um dos principais responsáveis pelas alterações ocorridas
na ATM, também é um músculo atuante na flexão da cervical sobre a torácica que pode
tencionar a musculatura hioidea tracionando a mandíbula posteriormente (PINHEIRO,
2015), é considerado um músculoacessório da respiração e quando usado de maneira
inadequada pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbio da mecânica respiratória,
resultando no desenvolvimento das alterações importantes da coluna cervical, que por sua
vez, podem contribuir para o desencadeamento de alterações do sistema estomatognático,
sendo assim causando alterações nos músculos esqueléticos e respiratórios.
Alterações mais globais também parecem estar envolvidas na etiologia das DTMs,
especialmente a postura corporal e, mais recentemente, a influência da mecânica e padrão
ventilatórios nas DTMs. A relação entre respiração e DTM é determinada especialmente
pelo uso excessivo da musculatura inspiratória acessória, o que pode também acarretar
alterações posturais. Fatores como padrão ventilatório apical, tensão/ansiedade e

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respiração bucal podem ser apontados como os principais responsáveis por estas
alterações (PASINATO, 2006).
A respiração bucal, por não promover um preparo do ar inspirado, provoca uma
modificação dos mecanismos pulmonares de absorção de gases, elevação da resistência
das viasaéreas e diminuição da complacência pulmonar, diminuindo o aproveitamento do
O2 não só norepouso, mas principalmente no exercício, o que pode causar Cor pulmonale,
que é a insuficiência cardíaca decorrente um grande aumento da resistência ao fluxo
sanguíneo pulmonar (ABREU, 2009). Estes mecanismos que afetam a mecânica
respiratória da caixa torácica, como diminuição da complacência ou aumento de
resistência, podem alterar a força muscular respiratória.
A força muscular respiratória pode ser avaliada por meio das pressões musculares
respiratórias máximas que podem ser medidas pela manovacuometria. Trata-se de um
exame de baixo custo e de fácil realização, que mensura as pressões negativas e positivas
(PImax e PEmax) (SILVA et al., 2020).
As pressões respiratórias máximas permitem direcionar o tratamento dos
pacientes, por meio do treinamento muscular respiratório (TMR). O TMR pode auxiliar
além da melhora da força muscular respiratória, nas alterações do sistema
estomatognático. O treinamento pode serrealizado por meio de resistores de carga linear
e alinear pressórica (PRESTO, 2003). O Threshold IMT® e o Threshold PEP® são
cilindros de plásticos, que possuem uma válvula com regulador de pressão interna,
controlada pela tensão de uma mola e que requer uma pressãopré-determinada para iniciar
o treinamento da musculatura inspiratória e expiratória respectivamente (DAITX et al.,
2017).
As alterações musculoesqueléticas podem ser avaliadas utilizando eletromiografia
(EMG) que é uma forma insubstituível para se verificar as condições fisiológicas do
sistema estomatognático. A EMG de superfície é atualmente uma parte da avaliação que
quantifica a função dos músculos da mastigação dos pacientes. Apresenta-se como um
método seguro, fácil, e não invasivo que permite a quantificação objetiva da energia do
músculo estudado (MALTAet al., 2006).
Com isso, o estudo tem a proposta de desenvolver um protocolo de
treinamentomuscular respiratório (TMR) para pacientes do DTMs e espera-se que ocorra
melhora nas funções musculares respiratórias, consequentemente melhora da disfunção
temporomandibular.Foram encontrados poucos estudos na literatura sobre a relação da
DTM com a musculatura respiratória, e nenhum estudo de TMR na DTM, desta forma

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este estudo visa avaliar a força e a atividade eletromiográfica dos músculos respiratórios
em pacientes com disfunção temporomandibular e propor um protocolo de TMR
avaliando a sua efetividade.

2 METODOLOGIA
Estudo desenvolvido no laboratório de avaliação muscular – LABIM do Centro
Universitário Claretiano-Batatais-SP. A amostra foi composta por 3 participantes de
ambos osgêneros com idade média de 22±5,29 anos, com disfunção temporomandibular
unilateral. Os indivíduos selecionados para o estudo passaram por uma avaliação geral,
onde foi realizado a coleta de dados antropométricos, sinais vitais e avaliação da dor na
região da articulação temporomandibular, além do preenchimento individual do
questionário RDC antes do início doprograma e após cinco semanas de treinamento para
a obtenção dos resultados.
Na avaliação da função muscular respiratória utilizamos a eletromiografia, para
determinar a ativação de determinados grupos musculares durante as diversas fases de
uma tarefa motora. Análise da postura e de tarefas diárias e especificas que podem
determinar o uso
inadequado desta musculatura levando a fadiga muscular que pode comprometer as trocas
gasosas e consequentemente menor desempenho nas atividades de vida diária (AVDs)
Para a avaliação eletromiográfica utilizamos um Eletromiógrafo da marca EMG
System810 C, com 8 eletrodos, bipolares, álcool, aparelho de barbear, creme de barbear,
tesoura, esparadrapos, uma sala isolada e silenciosa com a iluminação adequada.

Figura 1 - EMG System 810 C utilizado para avaliação dos músculos ECOM, intercostal, diafragma e
serrátil anterior.

Como primeiro passo foi realizada a análise da colocação dos eletrodos da


eletromiografia, utilizando protocolo experimental desenvolvido no Labim, para

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aumentar a replicabilidade e confiabilidade do sinal, assim como garantir que o local de


coleta seja o mesmo(ou pelo menos próximo) semelhante aos padrões estabelecidos pela
SENIAM — Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscle. Antes
de posicionar oseletrodos alguns procedimentos preparatórios para a melhoria da
qualidade do sinal sãonecessários comotricotomia, limpeza e abrasão do local de coleta.
No segundo passo os eletrodos da eletromiografia foram posicionados nos
músculos: esternocleidomastoideo, intercostal, diafragma e serrátil anterior.

Figura 2 -Pontos de aplicação para Eletromiografia.

Legenda – A). Posicionamento dos eletrodos. B) Eletrodos utilizados. C) Localização anatômica dos pontos.

Foi colocado o eletrodo referência para retirar ruídos, melhorar a qualidade do


sinal coletado, o isolamento e proteção do indivíduo em sua avaliação. No terceiro passo
foi realizadotarefas de função muscular executadas da seguinte forma: Inspiração forçada,
expiraçãoforçada, ciclos respiratórios e repouso.
Iniciou-se pelo repouso, sendo a coleta deste repouso em 4 segundos, em seguida
realizamos a inspiração forçada com duração de 10 segundos (em contração isométrica),
depoisa expiração com duração de 10 segundos (em contração isométrica) e por fim os
ciclos respiratórios (inspiração e expiração). Realizamos três coletas com intervalo de 2
minutos e de5 minutos para a troca de cada tarefa muscular.
Foram avaliadas as pressões inspiratórias máxima (PImax) e expiratória máxima
(PEmax) e a percepção de esforço pelo Índice de esforço percebido pela Escala CR10 de
Borgpara controle da carga. No quarto passo realizamos a avaliação da força muscular
por meio do manovacuômetro. A PImax e PEmax foram mensuradas de acordo com a
recomendação da American Thoracic Society (ATS, 2002) utilizando um
manovacuômetro analógico (Comercialmédica®, Brasil) com escala numérica de 0 a 120
cmH2O com intervalos de 4 em 4 cmH2O. Com o indivíduo sentado e as vias aéreas
ocluídas, foi solicitado medidas até que fosse obtido 3 medidas reprodutíveis, sendo

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considerado o maior valor medido. Importante lembrar que deve-se evitar o uso dos
músculos bucinadores durante a manobra.

Figura 3 – Avaliação da força muscular respiratória por meio da manovacuometria.

E no quinto passo, seguindo o protocolo descrito abaixo, foi realizado o


treinamento muscular inspiratório, utilizando 2 dispositivos com carga fixa imposta aos
músculos respiratórios por meio de válvula de limiar (Threshold IMT® e Threshold PEP®
- Respironics,EUA), válvulas que bloqueiam o fluxo aéreo até que o paciente gere pressão
suficiente para vencer a carga imposta pela mola na inspiração e expiração,
respectivamente.

Figura 4 – Dispositivos de treinamento muscular respiratório e avaliação

Legenda – A) Threshoud PEP® B) Threshoud IMT® C) Manovacuômetro

Na primeira semana com o intuito de conscientizar o padrão ideal durante as


sessões de treinamento foi realizado um programa de exercícios respiratórios com
respiração diafragmática, associado ao TMR com os dispositivos Threshold IMT® e
Threshold PEP® e após seguiu-se apenas com o TMR. O treinamento inspiratório foi
iniciado com uma carga de 50% da PImax na primeira semana, sendo acrescidos 10% por
semana, e na quinta semana apenas 5%, completando 100%, ou seja, o valor de pressão
máxima do Threshold IMT (41cmH2O). E para o treinamento expiratório iniciou-se com
a carga mínima na primeira semana, sendo acrescidos 5cm H2O por semana, completando
na quinta semana 100%, ou seja, o valor de pressão máxima do Threshold PEP (20

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cmH2O). As sessões tiveram duração máximade 20 minutos, com frequência de 2 vezes


por semana, com 5 séries de fortalecimento de 2 minutos cada com intervalo de 1 minuto
entre as séries, durante as primeiras 2 semanas e progredindo para 7 séries nas 3 últimas
semanas. Desta forma a duração do treinamento foi de 10 min a 15 min em 2
sessões/semanais.

Figura 5 – Paciente realizando o treinamento com o Threshold

3 RESULTADOS
Os resultados encontrados nas pressões respiratórias máximas (PImax e PEmax)
estão descritos na tabela abaixo (Tabela 1) e os resultados obtidos do sinal
eletromiográfico (Tabela2).

Tabela 01 – Dados da avaliação da manovacuometria antes e após a intervenção


MANOVACUOMETRIA PRÉ E PÓS TRATAMENTO
PACIENTE MÚSCULOS INSPIRATÓRIOS MÚSCULOS EXPIRATÓRIOS
PRÉ PÓS PRÉ PÓS
P1 -60 cmH2O -96 cmH2O 52 cmH2O 100 cmH2O
P2 -60 cmH2O -84 cmH2O 60 cmH2O 84 cmH2O
P3 -80 cmH2O -120 cmH2O 100 cmH2O 120 cmH2O

Podemos observar na tabela acima, nos 3 casos estudados, um aumento de força


muscular respiratória (inspiratória e expiratória), avaliadas pela manovacuometria, após
cinco semanas de treinamento muscular respiratório associado com a reeducação
funcional dodiafragma.

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Tabela 02 – Valores obtidos na eletromiografia antes e após a intervenção


MEDIDAS ELETROMIOGRÁFICAS
MÚSCULOS REPOUSO CICLOS EXPIRAÇÃO INSPIRAÇÃO
RESPIRATÓRIOS FORÇADA FORÇADA

PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS


ECOM 0,23 0,10 0,54 0,26 0,74 0,23 0,59 0,41
INTERCOSTAL 0,40 0,48 0,88 0,76 0,80 0,90 0,81 0,19
DIAFRAGMA 0,60 0,38 0,76 0,66 0,51 0,95 0,80 0,08
SERRATIL 0,34 0,41 0,58 0,62 0,21 0,18 0,26 0,04
ANTERIOR

Observamos na Tabela 2 os resultados do sinal eletromiográfico dos músculos


estudadosantes a após intervenção fisioterapêutica. Os indivíduos apresentaram melhora
da ativação dosmúsculos principais da respiração como o diafragma e intercostais, pois a
entrada e saída do ar ocorreram com maior precisão, menor gasto de energia e
consequentemente com menor ativação dos músculos acessórios promovendo uma função
mais postural na caixa torácica, poiso músculo esternocleidomastoideo relaciona a cabeça
com o tórax, mudando a posição da mandíbula (posição morfológica e funcional). No
indivíduo com disfunção temporomandibular a mandíbula deslocada fora da postura
anatômica produzindo alterações na postura global das pessoas podendo levar a
disfunções das atividades musculares.

4 DISCUSSÃO
Este estudo avaliou os efeitos de um protocolo de TMR em 3 casos de DTMs,
detectandonos casos relatados a melhora na força dos músculos respiratórios, por meio
do aumento da PImax e PEmax e, também um melhor equilíbrio da atividade dos
músculos respiratórios (ECOM, serrátil, intercostais e diafragma) por meio da
eletromiografia. No atual estudo a EMGrevelou nos casos relatados uma menor ativação
do esternocleidomastoideo no repouso, ciclosrespiratórios, expiração forçada e inspiração
forçada, com maior ativação do serrátil em todas as fases e maior atividade
eletromiográfica do diafragma e intercostal na expiração forçada.
De Nardi (2010) e Andrade (2019) utilizaram a eletromiografia na avaliação
diagnóstica e no processo terapêutico das disfunções temporomandibulares, verificando
que a EMG confirma equantifica a presença e severidade da disfunção elétrica muscular.

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Os níveis de atividade eletromiográfica mostram um perfil do quanto os músculos


estariam eletricamente ativos.
Em outro estudo realizado por Bini (2018) a eletromiografia, permitiu avaliar os
efeitosde um programa de natação e reeducação respiratória para uma população de
asmáticos, avaliando os efeitos sobre os músculos ECOM e trapézio, e também sobre as
pressões inspiratórias e expiratórias máximas utilizando o manovacuômetro. No atual
estudo mesmo que com um público e patologia diferente, observa-se uma semelhança
quanto a forma de avaliação. O treinamento muscular inspiratório aumenta a velocidade
da contração muscular inspiratória e modifica o tempo inspiratório e expiratório. O
estudo de Ozalp et al., (2019) examinou o impacto do treinamento muscular inspiratório
(TMI) de alta intensidade na capacidade de exercício e concluiu que o TMI de alta
intensidade aumentou a capacidade de exercício com efeitos positivos na força e
resistência muscular respiratória e nos aspectos sociais da qualidade de vida.
Os resultados pré da intervenção fisioterapêutica nos estudos de Pasinato (2006)
e de Abreu (2009) apresentaram uma prevalência de diminuição de força muscular do
diafragmáticacomparado aos músculos acessórios da respiração, o que indica o desuso
funcional e postural do músculo diafragma tornando o indivíduo um respirador
prevalentemente bucal.
Vale ressaltar a importância da fisioterapia descrito no estudo de Pancin (2010), no
quala sua atuação não está apenas no combate a sintomatologia, mas também na busca da
etiologiada disfunção, o que sabe-se é que o aparelho estomatognático está interligado
com o sistema respiratório, pode-se observar nas disfunções temporomandibular que os
indivíduos se tornaram respiradores orais momentaneamente associando-se a dores
orofaciais. Estas dores podem potencializar os fatores corriqueiros como estresse,
bruxismo, traumas, hábitos posturais, comportamentais e psicológicos, que irá progredir
e aumentar as dores.
Dentre as limitações encontradas para confecção do estudo temos, o tamanho
amostral, a escassez de estudos que permitissem uma discussão das correlações entre a
musculatura respiratória e DTM, e também a carga máxima dos dispositivos threshold
PEP são de apenas 20cmH2O, o que limita a continuidade da repotencialização dos
músculos envolvidos na expiração.
Com o protocolo delineado neste estudo foi possível em 5 semanas obter melhora
da força muscular inspiratória e expiratória assim como melhor desempenho dos
músculos principais da respiração e como consequência redução no recrutamento

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inspiratório dos músculos acessórios que auxiliam em um melhor posicionamento


mandibular na cavidade articular da articulação temporomandibular. Entretanto, para a
prática clínica e outros estudos recomenda-se a continuidade do tratamento até 8 semanas,
assim como associar exercícios abdominais no treinamento expiratório, já que a carga
máxima dos dispositivos limita a continuidade da repotencialização dos músculos
envolvidos na expiração.

5 CONCLUSÃO
Este estudo adiciona a literatura um novo protocolo de tratamento aos indivíduos
com DTM e mostra que o TMR resultou em aumento da força dos músculos respiratórios,
menor ativação do ECOM, menor ativação de todos os músculos avaliados na inspiração
forçada, maior ativação do serrátil na inspiração e maior ativação do diafragma e intercostal
na expiraçãoforçada. Vale ressaltar a importância da manutenção de exercícios físicos
com foco principalmente na melhora da mobilidade e flexibilidade da coluna vertebral,
devido ao impacto positivo na mecânica respiratória, evitando os efeitos do
destreinamento.
Sugere-se novos estudos com uma maior amostragem, para que seja possível fazer
inferências estatísticas e generalizar esses resultados.

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REFERÊNCIAS

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