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Ana
Ana
Nasceu uma criança com vida que, todavia, veio a falecer poucas horas após a expulsão do ventre
materno. A autópsia revelou como causa da morte, múltiplas malformações congénitas, originadas,
sem margem para dúvidas, pelo consumo de heroína durante a gravidez. Carlos, pai de Ana,
informado do sucedido, convenceu a filha a confessar-lhe a identidade e o paradeiro do traficante de
droga. Munido dessas informações, não descansaria, intimamente, enquanto não fizesse o meliante
morrer ás suas próprias mãos, fazendo-o experimentar uma dose letal da mesma droga que causara a
“desgraça” de Ana e a morte do recém-nascido.
Para poder concretizar a vingança, combinou com Daniel, a quem convenceu mediante o pagamento
de uma avultada quantia, a execução conjunta do plano. Foi assim que, num dia determinado, ambos,
Carlos e Daniel, raptaram Bento quando este saia do Banco, onde fora depositar, na sua conta
pessoal, o dinheiro proveniente das vendas de heroína do dia anterior, e levaram-no para uma casa
arruinada. Ali chegados, amarraram-no a uma cadeira. Após o pai de Ana lhe ter contado ao que
vinham, desapossaram-no da droga que sempre trazia consigo e, a despeito das muitas súplicas de
Bento, ministraram-lhe uma dose brutal de heroína, abandonando-o de seguida. Sozinho, entregue á
sua sorte, Bento teve forças para se arrastar até á rua, onde acabou por ser socorrido. Não obstante
ter sobrevivido, ficou irremediavelmente cego.