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Curso de Nutrição

Disciplina de Nutrição Materno Infantil


Profas. Ana Carolina Montenegro Cavalcante

Ajustes Fisiológicos da
Gestação
Características Gerais

• Alterações anatômicas, fisiológicas e


psicológicas que afetam quase todas as
funções orgânicas da gestante
• Mudanças necessárias:
• Regulação do metabolismo materno
• Promoção do crescimento fetal
• Preparação da mãe para o parto e lactação
Períodos de Crescimento Fetal
• BLASTOGÊNESE (período de implantação)

– Da fecundação até a 2ª semana (14º dia)

– Período hiperplásico: origina o EMBRIÃO (a partir do


óvulo fecundado)

– Essenciais: ácido fólico e B12 (síntese de ácidos


nucléicos: divisão e crescimento celular)
Períodos de Crescimento Fetal

• EMBRIONÁRIO OU ORGANOGÊNESE

– Da 2ª até a 8ª semana gestacional

– Período hiperplásico e hipertrófico: origina o FETO

– Diferenciação celular com formação dos órgãos

– Deficiência nutricional: anomalias congênitas


Períodos de Crescimento Fetal
• EMBRIONÁRIO OU ORGANOGÊNESE
– ↓RIBOFLAVINA: má formação esquelética
– ↓ PIRIDOXINA E MANGANÊS: comprometimento do
desenvolvimento neuromotor
– ↓ B12, NIACINA e FOLATO: síntese de ácidos
nucléicos, divisão e crescimento celular / defeitos no
SNC
– ↓ VITAMINA A: alteração na diferenciação celular normal,
crescimento e desenvolvimento fetal e dos tecidos maternos,
podendo causar má-formação de órgão diversos
• Sistema imunológico
Períodos de Crescimento Fetal
• FETAL

– Da 8ª semana gestacional até o nascimento

– Período hipertrófico

– Peso passa de 6g para 3,0-3,5Kg


Períodos de Crescimento Fetal
• FETAL
– Engloba períodos críticos:
• Cérebro, pulmão, fígado, suprarrenal e
diafragma: hipertrofia a partir do 7º mês;
• Tecido muscular, ósseo e adiposo: hiperplasia a
partir do 3º/4º mês gestacional
• Velocidade máxima de ganho de peso: 20ª a 34ª
SG
• O feto masculino cresce um pouco mais que o
feminino: 0,9 cm e 150g
Diferenciação celular de acordo
com a IDADE GESTACIONAL

Idade Crescimento Velocidade Peso


gestacional atingido
pelo feto
12 semanas Hiperplasia Lenta 300g
13 a 27 Hiperplasia Acelerada 1000g
semanas Hipertrofia 4º mês: formação das
células adiposas

Acima de 28 Hipertrofia Máxima 3000g


semanas Intenso ganho: a partir
da 30ª SG.
Sintomas Clínicos
• 4 semanas após o último período menstrual:
Amenorréia

• 5 semanas:
– Náuseas (+ pela manhã)
– Sono
– Vômitos e anorexia: ↓peso: adaptação materna
ao HCG e potencializada por aspectos psíquicos
– Mamas doloridas e edemaciadas
Sintomas Clínicos

• 6 semanas (2º mês de gestação):


– Aumento do volume uterino: compressão da
bexiga
• Polaciúria (micção frequente em pequena
quantidade)

• 8 semanas:
– Hiperpigmentação da aréola mamária
• Ação estrogênica
Sintomas Clínicos

• 12 semanas:
– Útero enche a pelve e é palpável na sínfise
púbica
– Batimentos cardíacos podem ser auscultados
• 16 semanas:
– Produção do pré-colostro (estrógeno)
– Aumento visível do volume abdominal

• 18 a 20 semanas: movimento fetais


Exames de Comprovação

• Hormonal: Identificação do HCG


– URINA OU SANGUE
– Detecção da subunidade ß desse hormônio protéico
comprova a gestação

• Ultra-sonografia:
– Após 4 semanas de amenorréia: detecção do saco
gestacional na parte superior do útero
– 12 semanas: identificação da placenta
Cálculo da Idade Gestacional

I. Quando a data da última menstruação (DUM) é


conhecida e de certeza:

Calcular a idade gestacional em mulheres com


ciclos menstruais regular:

• Uso do calendário: somar o número de dias do


intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo
o total por sete (resultado em semanas)
Cálculo da Idade Gestacional

II. Quando a data da última menstruação é


desconhecida, mas se conhece o período do
mês em que ela ocorreu:

– Se o período foi no início, meio ou fim do mês,


considerar como data da última menstruação os
dias 5, 15 e 25, respectivamente.
Cálculo da Idade Gestacional
III. Quando a data e o período da última
menstruação são desconhecidos:

Clinicamente: Medida da altura do fundo do


útero e pelo toque vaginal (clínicos);
Início dos movimentos fetais: 16 a 20 semanas.

Ultrassonografia obstétrica
Formação da Placenta
Formação da Placenta
• Implantação do blastocisto:
– 5º ao 8º dia após a ovulação
• Células trofoblásticas (se desenvolvem na superfície
do blastocisto) e do endométrio proliferam-se
rapidamente formando a PLACENTA.
– Órgão esponjoso, oval, peso ao termo entre 450 e 650
gramas, de alta complexidade metabólica
• Partes da placenta:
– Porção fetal
• Produção de estrogênio e progesterona
– Porção materna originada do endométrio
Formação da Placenta

• Progesterona é secretada pelo corpo lúteo ovariano


durante a segunda metade de cada ciclo menstrual:
– Estimula as células endometriais a acumularem
glicogênio, proteínas e lipídios (células armazenam
nutrientes) passando a ser chamadas de células
decíduas = camada decídua
– As células trofoblásticas (do blastocisto) invadem a
decídua, digerindo-a e embebendo-a, utilizando
esses nutrientes para seu crescimento, no início da
gestação
Placenta
Placenta
Placenta

• Sangue materno e fetal não se misturam 


membrana placentária (camada muito fina)
– Torna-se mais fina ao longo da gestação,
permitindo a passagem de outras
substâncias, a até drogas
• Transporte de substâncias entre o feto e a
mãe: troca de nutrientes, gases e excretas
Hormônios da gestação

– Protéicos: HCG e Lactogênio Placentário Humano


– Esteróides: Progesterona e Estrogênio (colesterol)

• Endocrinologia da Gestação é dividida:


– Fase Ovariana (até 8ª semana - corpo lúteo):
• HCG (secretado pelas células trofoblásticas): secreção
de estrogênio e progesterona pelo corpo lúteo
– Fase Placentária (a partir da 8ª semana)
• Hormônios produzidos pela placenta
Hormônios da gestação (placenta)
• Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG)

– Secretado pelas células trofoblásticas


– Sangue: 8 dias após a fecundação / Urina: 15 dias
– Evita a involução do corpo lúteo no final do ciclo sexual
feminino mensal, para manter a secreção de
progesterona e estrogênio
– Inibe a contração espontânea do útero
– Nível máximo: 10ª a 12ª SG (reduz a partir da 15ªSG)
Hormônios da Gestação (placenta)
• Progesterona
– Placenta secreta a partir de 6ª SG
– Estimula o desenvolvimento do endométrio
– Diminui a contratilidade do útero gravídico, evitando o aborto
espontâneo
– Estimula o centro respiratório a aumentar a ventilação (para
dissipar maior quantidade de CO2)
– Relaxamento da musculatura uterina e de outros órgãos
Intestino: < MOTILIDADE: > ABSORÇÃO / + CONSTIPAÇÃO
– Hormônio Contra-insulínico
– Efeito natriurético (aumenta a excreção de Na pela urina)
– Facilita anabolismo (depósito de gordura materna)
Hormônios da Gestação (placenta)

• Estrogênio
– Aumento do útero materno e do seu sistema vascular
– Relaxamento dos ligamento pélvicos; aumento da
elasticidade da parede uterina e do canal cervical:
altera o tecido conjuntivo tornando mais elástico
– Aumento das mamas e dos ductos mamários
– Estimula a força contrátil do miocárdio para aumentar
o débito cardíaco
– Aumento da genitália externa feminina na gestante
Hormônios da Gestação (placenta)

• Lactogênio placentário ou
Somatomamotrofina Coriônica Humana
– SECREÇÃO: a partir da 4ª SG. NÍVEL MÁXIMO: após 32ª SG
– Contra-insulínico: reduz a sensibilidade materna a insulina
– Estimula a lipólise materna, fornecendo fonte alternativa de
energia para a mãe
– Promove a deposição de proteína nos tecidos fetais
– Inicia o processo de lactogênese nos alvéolos das glândulas
mamárias
Ação de Hormônios na Gestação

• Glicocorticóides (córtex adrenal)


– Mobilização de AAS dos tecidos maternos para a
formação de tecidos fetais

• Aldosterona (córtex adrenal)


– Retenção de sódio e excreção de potássio
– Maior retenção de Na: maior retenção de água:
mais sede: SISTEMA ATIVADO
• Aumento da capacidade de reter líquido
• Causa retenção de líquidos, podendo causar HAS.
Ação de Hormônios na Gestação

• Insulina
– A gestante tem resposta insulínica normal no início da
gestação, mas com o avanço da gestação, uma quantidade
maior de insulina é necessária para transportar a mesma
quantidade de glicose:
– Período Hiperinsulinêmico : < sensibilidade a insulina –
presença de hormônios contra regulatórios: progesterona,
cortisol, prolactina e hormônio lactogênio placentário
• Em jejum: níveis glicêmicos mais baixos na mãe.
• Pós prandial: níveis glicêmicos mais elevados na mãe.
• Ao final da gestação: insulina menos eficiente em até 60%.
Modificações no Organismo Materno
Taxa Metabólica Basal

• 15 a 20% a partir do 3º mês devido a demanda

> de oxigênio
> produção hormonal
Modificações no Organismo Materno
Metabolismo Protéico

• Fornece 20% das calorias para o feto

• Insulina estimula síntese tecidual fetal e materna

• < AAS na circulação materna: redução das


proteínas plasmáticas da mãe (albumina) por
diluição: pode favorecer a ocorrência de EDEMA
Modificações no Organismo Materno
Metabolismo dos Carboidratos

• Último trimestre: 50-70% das calorias para o feto: GLICOSE

• Consumo de glicose pelo feto: Redução da glicemia


materna

• Gestante: < sensibilidade materna a insulina: < utilização


de glicose periférica

• Insulina tem < eficácia devido a presença dos hormônios


contra-regulatórios

• Feto produz sua insulina a partir da 14ª SG


Modificações no Organismo Materno
Metabolismo dos Lipídios

• Fornece 30% das calorias para o feto

• Devido a transferência de glicose para o feto, os AG


tornam-se uma importante fonte de energia para a
mãe
– No final da gestação existe um maior acúmulo de
gordura em forma de TAG

• Objetivo: conservar glicose para feto e para o tecido


nervoso materno
Modificações no Organismo Materno
Sistema Circulatório

• Volume Plasmático:
– Aumento de 50% (da 6ª até 34ª semana)
• PICO: 30ª a 34ª SG

• Volume globular (conteúdo de hemoglobina e eritrócitos):


– Aumento de 20% a partir do 6º mês.
• PICO: PARTO
– Desproporcionalmente: < taxas de hematócrito e
hemoglobina:
• ANEMIA FISIOLÓGICA
Modificações no Organismo Materno
Sistema Circulatório

• Aumento de 30 a 50% do débito cardíaco (10ª a


12ª SG):
↑ perfusão e irrigação dos tecidos 
Melhor desempenho dos órgãos

• PA: cai no início (vasodilatação periférica) e


retorna aos níveis normais no 3º Trimestre
Modificações no Organismo Materno
Equilíbrio Hidroeletrolítico

• Acréscimo total de água no organismo: 7,5 litros

• 1,7 litros deve estar nos tecidos:


– O sódio (Na) é essencial para manter esse volume
– .... Mas a progesterona tem efeito NATRIURÉTICO e a
filtração glomerular está 50% maior:
• O sistema RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA é
ativado:
– Renina estimula a secreção de ALDOSTERONA
aumentando a reabsorção de Na
Modificações no Organismo Materno
Sistema Urinário

• > Produção de Urina: em consequência da >


ingestão de líquidos e > carga de solutos
• Aumento da filtração glomerular em 50% (2º mês)
• Diluição maior da albumina: aumenta a velocidade
da passagem do sangue pelos rins
• Diminuição nos níveis séricos de creatinina e uréia
• Aumento na reabsorção de Na
Modificações no Organismo Materno
Sistema Urinário

• Fluxo de urina retardado (pressão das veias


ovarianas nos ureteres pelo útero)  infecções
urinárias

• Pode ocorrer glicosúria fisiológica:


– Aumento em 50% da filtração de glicose
Modificações no Organismo Materno
Sistema Respiratório

• Expansão uterina: < movimentação do diafragma:


↑ frequência respiratória
Maior frequência com menor profundidade

• ↑ 50% da ventilação pulmonar devido há um


aumento na demanda de oxigênio (10 a 20%)
– Progesterona aumenta a sensibilidade materna ao gás
carbônico
Modificações no Organismo Materno
Sistema Digestivo

• 1º trimestre:
– Náuseas, enjôos e vômitos matinais: perda de peso
– Aumento dos “desejos”

• Gengivas edemaciadas, hiperêmicas, sangram com


facilidade (HCG / PROGESTERONA / ESTROGÊNIO)
Modificações no Organismo Materno
Sistema Digestivo
• ↓ Secreção gástrica de ácidos: < incidência de úlceras

• Ptialismo ou Sialorréia: produção excessiva de saliva


– Estimulo do trigêmeo / vago / ingestão de amido

• Hipotonia do TGI (PROGESTERONA):


– > tempo de esvaziamento gástrico:
• > absorção
• > incidência de náuseas, pirose, RGE e constipação
Modificações no Organismo Materno
Sistema Digestivo

– Consensual:
• Ocorrência de mudanças do olfato, paladar e preferências
alimentares
– Paladar alterado:
• Diminuição da sensibilidade ao sal: aumento do consumo
– Olfato alterado:
• Aumento da capacidade olfativa: desejos, enjôos, vômitos
• Aumentos da capacidade de sentir o “amargo”:
– Proteção contra possíveis intoxicações
Modificações no Organismo Materno
Modificações Posturais
• Modificações posturais

– Lordose da lombar: alteração do centro de gravidade


da gestante, pois com a expansão do volume uterino,
a postura adotada, lembra a de alguém carregando
um objeto pesado, com isso para manter o equilíbrio
a gestante empina o ventre e surge a lordose da
coluna lombar.
– “Andar de pata”
Modificações no Organismo Materno
Modificações Psicológicas

FATORES HORMONAIS:
• Progesterona: efeito depressivo sobre o SNC,
causando um efeito introspectivo
• Catecolaminas: papel regulado das emoções
– Alterações de humor / irritabilidade
• Corticosteróides: variações emocionais
– Depressão / euforia / paranóia
Modificações no Organismo Materno
Modificações Psicológicas
FATORES SOCIOCULTURAIS:
• Conflitos internos: status de mulher e de mãe
– Hiperêmese
– Bulimia
– Ganho de peso excessivo ou insuficiente
– Ansiedade
• Conflito com o companheiro
“Gravidez como evento social e familiar”
Fatores de Risco Gestacionais
• Idade
• Paridade
• Peso e altura
• Tabagismo
• Ingestão de Álcool
• Anemia
• Desnutrição
• Obesidade
• HAS
• Diabetes
Gestação na Adolescência
• Prevalência: 19,3% (2012)
• Imaturidade biológica da adolescente + fatores
ambientais desfavoráveis como anemia, BP,
deficiências nutricionais, tabagismo, escolaridade e
instabilidade emocional e familiar
– Prematuridade
– BPN
– Anemia
– DHEG
– Complicações no parto
Gestante com mais de 35 anos
• Natimortos
• Baixo peso
• Prematuridade
• Aborto espontâneo no 1º trimestre
• DHEG
• DM
– > 40 ANOS: anomalias genéticas (Down)
Amenizar fatores de risco modificáveis!!!!
Gestante com Baixo Peso ou
Ganho insuficiente
• Menor expansão do volume plasmático
– Menor fluxo útero placentário
• Menor transporte de oxigênio e nutrientes para o feto:
–Menor peso e tamanho da placenta:
»BPN
»RCIU
»Prejuízo no desenvolvimento neurológico
»Deficiência imunológica
»Sequelas no crescimento pós natal
Excesso de Peso ou Obesidade ou
Ganho Excessivo de Peso

• Excesso de glicose: excesso de insulina:


lipogênese fetal: bebê obeso (maior
mortalidade) – Macrossomia fetal
• Maior risco obstétrico durante o parto
• Maior risco para HAS e DM
• Mais citocinas inflamatórias: programação
fetal da obesidade
Síndromes hipertensivas da
gravidez

• Comprometimento de fluxo fetal:


– Restrição de crescimento intrauterino
– Baixo peso ao nascer
– Sofrimento fetal

ALTO ÍNDICE DE MORTALIDADE PERINATAL


Diabetes prévio ou gestacional

• Aumento nos níveis fetais de insulina:


macrossomia
• DM prévio: anomalias congênitas
• Geral: SHG, infecção, parto prematuro,
sofrimento fetal e hipoglicemia neonatal
Tabagismo

– Afeta crescimento fetal (RCIU): aumenta


prematuridade e mortalidade perinatal
– Efeito do CO e nicotina: < perfusão placentária: ação
vasoconstritora, redução do transporte de O2 em 10%
– Menor ingestão de nutrientes

• Gestantes e lactentes:
– ABORDAGEM PSICOTERÁPICA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Álcool e drogas ilícitas

• Álcool:

– Efeito tóxico para o feto: anomalias fetais, RCIU;


– Má formações fetais que afetam olhos, nariz, coração
e SNC + RETARDO DE CRESCIMENTO E FETAL
• SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL
Referência da Aula
• FRANCESCHINI, S. C. C.; RIBEIRO, S. A. V., PRIORE, S. E., NOVAES, J. F. Nutrição e saúde da
criança. 1a/ edição – Rio de Janeiro: Rubio, 2018. Capítulo 1: Nutrição intrauterina.
• WEFFORT, V. R. S.; LAMOUNIER, J. A. nutrição em pediatria: da neonatologia à
adolescência. 2ª edição – Barueri: Manole, 2017. Parte 1 / Capitulo 1: Nutrição
materna e saúde fetal: prevenção de doenças crônicas no adulto.
• ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E.M.A. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio
de Janeiro: Cultura Médica, 2009.
– Capítulo 4
• VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2014.
628p.
• BARBOSA, J. M., NEVES, C. M. A. F.; ARAÚJO, L .L., SILVA, E. M. C. Guia ambulatorial de
nutrição materno-infantil. Rio de Janeiro: Medbook, 2013.
• GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica.Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
– Capítulo 82
• CARREIRO, D. M e CORREA, M. M. Mães saudáveis têm filhos saudáveis. São Paulo: Ed.
Referência, 2010.
Orientações Nutricionais nas
Queixas Mais Comuns da
Gestação
Orientação Nutricional

 Gestante com ANEMIA


 Orientar o consumo diário de alimentos ricos em ferro
 Carnes em geral e vísceras (fígado, coração, moela)

 Orientar consumo de fontes vegetais:

 Feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, folhas verde-


escuras (brócolis, couve, rúcula), grãos integrais,
nozes e castanhas
 Orientar consumo, logo após as refeições, de suco de
fruta natural ou a própria fruta que seja fonte de
vitamina C
 Acerola, laranja, caju, limão, abacaxi, goiaba, etc

 Evitar os alimentos que inibem a absorção de ferro:


chás, café, leite e derivados, refrigerantes e chocolate
Orientação Nutricional

 Gestante com CEGUEIRA NOTURNA


GESTACIONAL

 Recomendar o consumo de 1 bife pequeno de


fígado 1x/semana no almoço ou jantar

 Estimular os alimentos fontes de vitamina A: leite


integral, ovos, folhosos verde escuros e
alaranjados e de alimentos fortificados.
Orientação Nutricional

 Prescrição de Suplementos Nutricionais

 Ferro e folato:
 Prevenção da instalação de baixos níveis de
hemoglobina no parto e no puerpério

 Folato peri-concepcional:
 Efeito protetor contra DTN

 Deve ser usado rotineiramente pelo menos 2


meses antes e nos 2 primeiros meses da
gestação
Orientação Nutricional

 Prescrição de Suplementos Nutricionais

 Cálcio:
 Parece* ser benéfico em mulheres que apresentam :

 Alto risco de desenvolver DHEG

 Baixa ingestão de cálcio.

*Novas investigações para definição da dose.

 Proteínas:
 Evidências insuficientes

 (?) Suplementação balanceada: melhora o


crescimento fetal e redução dos riscos de morte fetal
e neonatal
Condutas nas queixas mais comuns

 Náuseas, vômitos e tonturas: estrógeno

 Geralmente entre a 6ª e 20ª semana


 Alimentação fracionada (7 a 8x/dia – redução do volume)
 Evitar frituras e gorduras (alimentação branda)

 Evitar alimentos com cheiros fortes (podem causar


desconforto). Descobrir alimentos e cheiros!!!!!
 Evitar líquidos durante as refeições

 Evitar deitar-se após as refeições

 Ingerir alimentos sólidos e ricos em carboidratos pela manhã


(biscoito cream cracker, torradas, geléias)
 Mastigar Gengibre, chupar gelo picado e alimentos gelados
(efeito antiemético)
Condutas nas queixas mais comuns
 Pirose (azia): progesterona
Causa: pressão do útero sobre o estômago
 Alimentação fracionada (6 a 8 refeições)

 Comer devagar e aumentar freqüência da mastigação

 Evitar alimentos que causam desconforto

 Evitar deitar-se após as refeições

 Elevar cabeceira da cama

 Evitar café, chá preto, mates, doces, alimentos


gordurosos, picantes.
 CUIDADO: Restrição de frutas ácidas: pode
comprometer o aporte de vitaminas.
 Alguns casos: prescrição de antiácidos
Condutas nas queixas mais comuns

 Sensação de plenitude

Comum: gestação gemelar e no último trimestre


(compressão causada pelo útero)

 Reduzir volume e aumentar fracionamento

 Preferência pela consistência pastosa

 Evitar deitar-se após as refeições


Condutas nas queixas mais comuns

 Fraquezas e desmaios:

 Oriente a gestante para que não faça mudanças


bruscas de posição e evite a inatividade;

 Indique dieta fracionada, de forma que a gestante evite


jejum prolongado e grandes intervalos entre as refeições;

 Explique à gestante que sentar com a cabeça abaixada


ou deitar em decúbito lateral, respirando profunda e
pausadamente, melhora a sensação.
Condutas nas queixas mais comuns

 Sialorréia (salivação excessiva)


 Comum no início
 Deglutir a saliva
 Aumentar líquidos (frutas com mais água) .

 Picamalácia
 Ingestão de substâncias não-alimentares: terra, sabão,
tijolo, barro, gelo*, cal de parede e cinza de cigarro.
 Etiologia: desconhecida
 Hipóteses: alívio de náuseas e vômitos e suprimento de
cálcio e ferro (presentes na maioria dessas substâncias)
Condutas nas queixas mais comuns

 Dor abdominal, cólicas, flatulência e obstipação


intestinal
Certificar-se de que não sejam contrações uterinas;
Se a gestante apresentar flacidez da parede abdominal, sugerir
exercícios apropriados;
Se houver flatulência (gases) e/ou obstipação intestinal:
 Orientar alimentação rica em fibras: consumo de frutas laxativas
e com bagaço, verduras cruas e cereais integrais;
 Recomendar caminhadas (movimentação e regularização do
hábito intestinal);
 Evitar falar durante as refeições

 Aumentar a ingestão de líquidos e evite alimentos de alta


fermentação
Quando necessário: supositórios de glicerina
Condutas nas queixas mais comuns

 Dor abdominal, cólicas, flatulência e obstipação


intestinal
Aveia em flocos ou Farelo de aveia ou trigo:
Iniciar com 1 colher de chá / dia
Evoluir até 2 colheres de sopa / dia

Pode-se recomendar alimentos industrializados ricos


em fibras + líquidos / nos lanches

IDEAL: Observar tolerância dos flatulentos: alho,


batata-doce, brócolis, cebola, couve, couve-flor,
ervilha, feijão, milho, ovo, rabanete, repolho.
Condutas nas queixas mais comuns

 Hemorróidas

• Alimentação rica em fibras, a fim de evitar a


obstipação intestinal.
Supositórios de glicerina
• Utilizar papel higiênico macio e fazer higiene
perianal com água e sabão neutro, após a
evacuação;
• Banhos de vapor ou compressas mornas.
Atenção: dor ou sangramento anal persistente.
Condutas nas queixas mais comuns

 Sangramento nas gengivas:

• Recomende a escovação (escova de dentes macia)


após as refeições
• Oriente a realização de massagem na gengiva;
• Recomende o uso de fio dental;
• Atendimento odontológico
Condutas nas queixas mais comuns

 Câimbras e inchaço

• Massagem no músculo contraído e dolorido com


aplicação de calor;
• Evitar o excesso de exercícios;
• Realizar alongamentos antes e após o início de
exercícios ou caminhadas longas;
Alimentos fontes de magnésio (maior causa é a
carência desse nutriente): farelo de trigo, castanhas,
amêndoas, pistache, nozes, soja, acelga.
Recomendações Adicionais
 Cafeína x Gestação

 Efeitos maléficos: 10 a 14 xícaras de café/dia


 > 600mg/dia

 A dose diária segura de cafeína para a gestante


sem riscos para o bebê: até 3 xícaras (200 ml) de
café coado, ou até 2 xícaras pequenas (50 ml) de
café expresso, ou até 2 xícaras (200 ml) de café
instantâneo.
 Ideal: < 300mg
 Estudo de revisão (2017): 100 a 150 mg/dia
Recomendações Adicionais
 Cafeína x Gestação
Recomendações Adicionais
 Chás x Gestação

 Secretaria de Saúde do RJ (2002):


 Portaria que contraindica uso de chás na gestação: erva-
doce, espinheira-santa, erva-cidreira, camomila e boldo
 Efeito emenagoco (provoca mentruação) durante a
gestação de animais
 *: Camomila, cavalinha, espinheira-santa, folhas de
maracujá, sene.
 Estudos com extratos das plantas: Doses muito acima do
habitualmente consumido
Conduta: inquérito dietético com frequência e quantidade
de consumo, principalmente no 1º trimestre.
Sugestão: Leitura do Memento Fitoterápico (ANVISA/2016)*
Recomendações Adicionais
 Edulcorantes x Gestação

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