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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA CIVIL
CONCURSO PÚBLICO
PROVA DISCURSIVA
Você recebeu este caderno contendo um tema de peça prática a ser desenvolvido e 3
questões discursivas.
Confira seus dados impressos na capa deste caderno.
Quando for permitido abrir o caderno, verifique se está completo ou se apresenta
imperfeições. Caso haja algum problema, informe ao fiscal da sala.
Assine apenas no local indicado; qualquer identificação ou marca feita pelo candidato no
corpo deste caderno, que possa permitir sua identificação, acarretará a atribuição de nota
zero à prova.
É vedado, em qualquer parte do material recebido, o uso de corretor de texto, de caneta
marca-texto ou de qualquer outro material similar.
Redija as respostas e o texto definitivos com caneta de tinta exigida no edital. Os
rascunhos não serão considerados na correção. A ilegibilidade da letra acarretará prejuízo
à nota do candidato.
Ao sair, você entregará ao fiscal este caderno.
Até que você saia do prédio, todas as proibições e orientações continuam válidas.
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QUESTÃO DISSERTATIVA
(LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE)
A Lei nº 9.613/98 dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores,
além de tratar da prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos. Em relação à Lei
nº 9.613/98, Lei de lavagem de capitais, elabore um texto dissertativo de modo a abordar:
LEI 9.613/1998
O termo “lavagem de dinheiro” surge nos EUA, sendo lá chamada de “money laundering”.
A origem do termo remonta a cidade de Chicago, na década de 20, quando vários líderes do
crime organizado abriram lavanderias de fachada nas quais superfaturavam os lucros a fim de
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justificar seus ganhos ilícitos e seu padrão de vida. Os criminosos, portanto, lavavam pouca
roupa, mas muito dinheiro.
GERAÇÕES
Primeira geração:
São os países que preveem apenas o tráfico de drogas como crime antecedente da lavagem.
Recebem a alcunha de primeira geração justamente porque foram as primeiras leis no mundo a
criminalizarem a lavagem de dinheiro.
Somente previam o tráfico de drogas como crime antecedente porque foram editadas logo após
a “Convenção de Viena” que determinava que os países signatários tipificassem como crime a
lavagem ou ocultação de bens oriundos do tráfico de drogas.
Segunda geração:
São as leis que surgiram posteriormente e que, além do tráfico de drogas, trouxeram um rol de
crimes antecedentes ampliando a repressão da lavagem.
Como exemplos desse grupo podemos citar a Alemanha, Portugal e o Brasil (até a edição da Lei
n.° 12.683/2012).
Terceira geração:
Este grupo é formado pelas leis que estabelecem que qualquer ilícito penal pode ser
antecedente da lavagem de dinheiro.
Em outras palavras, a ocultação ou dissimulação dos ganhos obtidos com qualquer infração
penal pode configurar lavagem de dinheiro.
É o caso da Bélgica, França, Itália, México, Suíça, EUA e do Brasil com a alteração promovida pela
Lei n.° 12.683/2012.
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https://www.dizerodireito.com.br/2012/07/comentarios-lei-n-126832012-que-alterou.html
A lavagem de dinheiro é entendida como a prática de conversão dos proveitos do delito em bens
que não podem ser rastreados pela sua origem criminosa. A dissimulação ou ocultação da
natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade dos proveitos
criminosos desafia censura penal autônoma, para além daquela incidente sobre o delito
antecedente. O delito de lavagem de dinheiro, consoante assente na doutrina norte-americana
(money laundering), caracteriza-se em três fases, a saber: a primeira é a da “colocação”
(placement) dos recursos derivados de uma atividade ilegal em um mecanismo de dissimulação
da sua origem, que pode ser realizado por instituições financeiras, casas de câmbio, leilões de
obras de arte, entre outros negócios aparentemente lícitos. Após, inicia-se a segunda fase, de
“encobrimento”, “circulação” ou “transformação” (layering), cujo objetivo é tornar mais difícil a
detecção da manobra dissimuladora e o descobrimento da lavagem. Por fim, dá-se a
“integração” (integration) dos recursos a uma economia onde pareçam legítimos.
(Inq 3515, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 08/10/2019, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-156 DIVULG 22-06-2020 PUBLIC 23-06-2020)
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SUGESTÃO DE RESPOSTA:
A introdução consiste na separação física entre o agente e o produto auferido pelo crime,
dificultando a identificação da procedência delituosa do dinheiro. A dissimulação é a lavagem
propriamente dita. Procura-se construir uma nova origem lícita para o dinheiro, espalhando-o
em diversas operações financeiras de empresas e instituições financeiras nacionais e
estrangeiras. A integração, por sua vez, é a incorporação dos valores ao sistema econômico com
aparência de licitude, por meio de investimento em negócios lícitos ou compra de bens.
Vale ressaltar que, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal, para a ocorrência do crime
de lavagem de dinheiro, não é necessária a ocorrência das três etapas.
No que tange ao parlamentar, nas hipóteses elencadas, não haveria o crime de lavagem de
capitais. Apesar de, na prática, ele estar ocultando os valores provenientes da corrupção, esse
comportamento é mero exaurimento da infração antecedente. Isso porque o agente não
praticou qualquer ato deliberadamente voltado a conferir aparência de licitude ao numerário
subtraído, não se revestindo tal conduta da indispensável autonomia em relação ao crime
antecedente, não se ajustando à infração versada no art. 1º da Lei nº 9.613/98.
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QUESTÃO DISCURSIVA 1
(DIREITO PROCESSUAL PENAL)
Como muito se coloca, em sede de inquérito policial, passou-se a distinguir o termo “elementos
de informação” de “elementos de prova”. Isso é decorrência da reforma promovida ao Código
de Processo Penal pela Lei nº 11.690 de 2008, que passou a diferenciar os dois conceitos.
Sobre o tema, qual o elemento central de distingue entre elementos de informação e elementos
de prova? Quais são as provas presentes no inquérito policial? É possível a antecipação cautelar
de provas com fundamento no decurso do tempo para policiais? [valor: 15,00 pontos]
Art. 155 do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas
as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
O termo “prova” é utilizado para se referir aos elementos produzidos em contraditório (mesmo que
diferido), ao passo que o termo “elementos de informação” abrange todos os demais que foram
produzidos inquisitoriamente ou por uma das partes fora do devido processo legal.1 Não se pode
esquecer que, excepcionalmente, existe produção de provas (e não só de elementos de
informação) na fase inquisitorial. Perícias e documentos produzidos na fase inquisitorial são
1
. LIMA, 2011, p. 116.
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Na verdade, essa distinção entre prova e elementos de informação guarda relação com o valor
probatório do inquérito policial, o qual tem as suas ressalvas para ser utilizado em juízo. Em regra,
os elementos de informação produzidos no curso do inquérito policial devem ser repetidos
em juízo. Isso consta do art. 155 do CPP, ao prescrever que o juiz formará sua convicção pela
livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
De fato, o juiz não pode fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação; no entanto, tais elementos possuem papel de relevância no contexto
do livro convencimento do magistrado, como o STF3 já se posicionou em inúmeras vezes:
(...) 3. Ao contrário do que alegado pelos ora agravantes, o conjunto probatório que
ensejou a condenação dos recorrentes não vem embasado apenas nas declarações
prestadas em sede policial, tendo suporte, também, em outras provas colhidas na fase
judicial. Confirmação em juízo dos testemunhos prestados na fase inquisitorial. 4. Os
elementos do inquérito podem influir na formação do livre convencimento
do juiz para a decisão da causa quando complementam outros indícios e provas
que passam pelo crivo do contraditório em juízo.
Nessa linha, para o STJ 4, as provas inicialmente produzidas na esfera inquisitorial e reexaminadas
na instrução criminal, com observância do contraditório e da ampla defesa, não violam o art.
155 do Código de Processo Penal - CPP visto que eventuais irregularidades ocorridas no
inquérito policial não contaminam a ação penal dele decorrente.
O art. 155 do CPP tem por finalidade evitar o contato judicial com as provas inquisitoriais, o que
poderia interferir na sua imparcialidade para o julgamento da causa. Por isso, a atuação do
magistrado no inquérito policial deve ocorrer de forma excepcional.
Nesse contexto, no curso do inquérito policial, o seu contato com a investigação somente ocorre
em três hipóteses: (a) quando houver lesão ou ameaça de lesão a direitos subjetivos,
(b) quando houver algum tipo de prejuízo à efetividade da jurisdição penal e (c)
quando houver necessidade de controle da legalidade dos atos produzidos no curso
do inquérito policial.
Outro tipo de atuação por parte do magistrado importaria na violação ao princípio constitucional
da imparcialidade, uma vez que ele tomaria conhecimento do material probatório. De acordo com
Eugênio Pacelli de Oliveira,5 o sistema acusatório não permite que o juiz tenha contato direto com
as provas produzidas nessa etapa:
Ora, não cabe ao juiz tutelar a qualidade da investigação, sobretudo porque sobre
ela, ressalvadas determinadas provas urgentes, não se exercerá jurisdição. O
conhecimento judicial acerca do material probatório deve ser reservado à fase de
22
AgRg no REsp 1522716/SE, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, julgado em 20/03/2018.
3
. RE 425734 AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 04/10/2005
4
AgRg nos EDcl no AREsp 1006059/SP,Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, julgado em 20/03/2018.
5
. OLIVEIRA, 2010, p. 11.
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A análise deve ser feita a partir de cada caso concreto, norteada pela razoabilidade, de modo a
envolver a análise de elementos como a idade da pessoa, a sua saúde e o risco que a não
realização imediata dessa prova poderá acarretar para a futura instrução criminal. Deve-se levar
em consideração, ainda, fatores como a demora no trâmite de inquéritos policiais e da futura
ação penal. Em regra, a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no
6
. HC 92893, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 2/10/2008,
conforme noticiado no Inf. 522 do STF.
7
. TÁVORA e ARAÚJO, 2010, p. 223. No mesmo sentido, é a posição de Eugênio Pacelli de Oliveira
(2010, p. 11).
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art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero
decurso do tempo, tal como consta da Súmula 455 do STJ. Excepcionalmente, o STF8 entendeu
ser possível a antecipação de provas em situação correlata:
Ainda sobre o tema, de acordo com o STJ9, é possível a antecipação da colheita da prova
testemunhal, com base no art. 366 do CPP, nas hipóteses em que as testemunhas são policiais,
tendo em vista a relevante probabilidade de esvaziamento da prova pela natureza da atuação
profissional, marcada pelo contato diário com fatos criminosos:
Por fim, é importante ressaltar que, seja nas hipóteses em que a atuação do magistrado é
constitucional, seja na hipótese do art. 156, inciso I, do CPP, o juiz que atuar no inquérito policial
estará prevento para a futura ação penal10.
8
. HC 135386/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 13.12.2016
9
RHC 074576/DF, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 21/08/2018.
10
. HC 94188, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 26/0/2008; HC 93762,
Relator(a): Min. Eros Grau, Segunda Turma, julgado em 29/4/2008; HC 99353, Relator(a): Min. Eros
Grau, Segunda Turma, julgado em 18/08/2009.
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SUGESTÃO DE RESPOSTA:
O termo “prova” é utilizado para se referir aos elementos produzidos em contraditório, mesmo que
diferido, ao passo que o termo “elementos de informação” abrange todos os demais que foram
produzidos inquisitoriamente ou por uma das partes fora do devido processo legal. Observe que o
inquérito policial possui elementos de prova e elementos de informação, em especial porque, no
inquérito, podem ser produzidas as provas cautelares, não repetíveis ou antecipadas.
Uma dessas provas guarda relação com a antecipação cautelar de provas, medida essa que, em
regra, não pode se fundamentar exclusivamente no decurso do tempo. Contudo, o Superior
Tribunal de Justiça tem restringido tal entendimento para os policiais, cuja natureza da atividade
profissional é marcada pelo contato diário com fatos criminosos semelhantes, para que sejam
ouvidas com a máxima urgência possível
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QUESTÃO DISCURSIVA 2
(DIREITO CONSTITUCIONAL)
Sobre o tema, qual a natureza jurídica da cláusula de reserva de plenário? Indique quatro
hipóteses em que a cláusula de reserva de plenário não terá aplicabilidade. [valor: 15,00 pontos]
Não há dúvida de que o juiz de primeiro grau possui competência para declarar a
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo no caso concreto. No entanto, quando o
processo estiver se desenvolvendo, originariamente ou pela via recursal em um Tribunal, o
magistrado, a Turma ou a Câmara não possuem competência para declarar a
inconstitucionalidade da lei.
Em qualquer Tribunal, somente o Pleno ou o Órgão Especial pode declarar a
inconstitucionalidade da lei, em razão do artigo 97 11 da Constituição Federal, que prescreve
11. Art. 97 da Constituição Federal: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros
do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
do Poder Público”.
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Por fim, não se aplica a cláusula de reserva de plenário em atos normativos com efeitos
concretos, uma vez que tais atos não constituem espécie legislativa em sentido formal ou
material, nem possuem caráter de ato normativo. Por exemplo, um decreto legislativo que
susta andamento de ação penal movida contra deputado estadual. 16
14
RE 635088 AgR-segundo, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 04/02/2020.
15. Rcl 6.944, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 23-6-2010, Plenário, DJE de 13- 8-2010
16. Rcl 18165 AgR/RR, rel. Min. Teori Zavascki, 18.10.2016.
17. Parágrafo único do artigo 949 do Código de Processo Civil: “Os órgãos fracionários dos tribunais não
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18. Nesse sentido, Arguição de Inconstitucionalidade na AMS número 95.04.00514-4, julgada em 29/05/1995,
Rel. para acórdão Teori Albino Zavascki, TRF 4ª região.
19. DIDIER e CUNHA, 2008, p. 552.
20. Rcl 10864 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgada em 24/03/2011.
21. ARE 1221838 AgR-segundo, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em
14/02/2020..
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SUGESTÃO DE RESPOSTA:
Contudo, existem cenários em que a cláusula não será aplicada, podendo-se citar
quatro exemplos. Primeiro, quando o Pleno ou Órgão Especial do Tribunal em que foi suscitada
a inconstitucionalidade ou o Pleno do Supremo Tribunal Federal já tiver se manifestado sobre
aquela lei ou ato normativo. Segundo, quando analisar normas pré-constitucionais. Terceiro,
quando a houver declaração de constitucionalidade da norma. Quarto, quando existir súmula
vinculante sobre o tema debatido.
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QUESTÃO DISCURSIVA 3
(DIREITO ADMINISTRATIVO)
O direito de greve é uma garantia prevista na Constituição Federal para todos os trabalhadores
da iniciativa privada. Na iniciativa pública, contudo, tal direito possui certas limitações. Sobre o
tema responda: em geral, o servidor público pode fazer greve? É possível que os militares façam
greve? Por fim, admite-se que os policiais civis façam greve? Fundamente suas respostas à luz
da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. [valor: 15,0 pontos].
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
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EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5º, INCISO LXXI).
DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO DO
TEMA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). DEFINIÇÃO DOS
PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA
FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS
TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA SEGURANÇA JURÍDICA E À
EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO
DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS, FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA
QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO
PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989 (GREVE NA
INICIATIVA PRIVADA). 1. SINAIS DE EVOLUÇÃO DA GARANTIA FUNDAMENTAL DO MANDADO
DE INJUNÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
[...]
6.1. Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei nº 7.783/1989, sem prejuízo de que,
diante do caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao
juízo competente a fixação de regime de greve mais severo, em razão de tratarem de "serviços
ou atividades essenciais" (Lei no 7.783/1989, arts. 9º a 11).
[...]
6.7. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos termos acima
especificados, determinar a aplicação das Leis nºs 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às
ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das
que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
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05/04/2017
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
De início, destaca-se a previsão constitucional do direito de greve, estampada no art. 37, VII, da
Constituição Federal. Esse diploma atribui à lei específica o estabelecimento de limites e termos
gerais relacionados ao direito de greve. Ocorre, entretanto, que a lei específica ainda não foi
editada, o que poderia – em uma primeira análise – lesar a garantia constitucional ora em
comento. Contudo, em mandado de injunção, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os
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servidores públicos podem fazer greve, devendo observar os parâmetros que regulamentam a
greve dos trabalhadores da iniciativa privada.
Em relação aos militares, a Constituição Federal veda expressamente que estes façam greve. No
que tange aos policiais civis, não há vedação no texto constitucional; contudo, o Supremo
Tribunal Federal decidiu pela impossibilidade de greve desta categoria. O Tribunal fixou o
entendimento de que é inviável o exercício do direito de greve por qualquer servidor que
trabalhe diretamente na segurança pública, tendo em vista a especificidade desta atuação e a
impossibilidade de supri-la com auxílio de atividades privadas. É importante frisar que, mesmo
com a impossibilidade de greve, o Supremo Tribunal Federal destacou a necessidade de os
profissionais da segurança pública poderem vocalizar seus anseios. Tal vocalização deve se dar
por intermédio de mediação dos órgãos de classe com o poder público.
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QUESTÃO DISCURSIVA 4
(DIREITO PENAL)
Em certos Estados da Federação, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul, existem relatos de passeatas em que mulheres se apresentam parcialmente nuas para
distintas finalidades, como a proteção ao meio ambiente, mostrando partes do corpo em
público, cenário que, em tese, está tipificado no Código Penal. Em outro cenário, esse ocorrido
na final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, algumas pessoas invadiram o campo para
protestar contra o presidente Russo.
Caso os dois cenários tivessem ocorrido em território brasileiro, como enquadrar tais condutas
à luz da legislação criminal? [valor: 15,0 pontos].
Culpabilidade
Cometido um fato típico, não se pode assegurar que o autor deste praticou um delito, pois é
necessário se verificar se o fato é também antijurídico. Estando imbuído por uma excludente de
ilicitude, não subsiste o crime.
Trata-se, para maior parte da doutrina, do 3º substrato do crime, sendo que a culpabilidade
consiste em um juízo de reprovação, de censura. Por outro lado, uma doutrina minoritária
defensora do finalismo dissidente, entende que a culpabilidade é algo exterior ao crime, sendo
pressuposto de aplicação da pena (René Ariel Dotti, Damásio, Mirabete e Delmanto).
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Dolo ou Culpa
Excludente de antijuridicidade:
Legítima defesa
Estado de necessidade
Exercício regular do direito
Estrito cumprimento do dever legal
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
a) Art. 22 1ª parte: essa parte do artigo trata da coação moral irresistível (vis relativa) – somente
coação moral onde é punível o autor da coação (o coator). Interessante diferenciar as espécies
de coação moral:
Resistível ambos respondem pelo crime, sendo que o coator terá uma agravante na
sua pena (art. 62 CP) e o coacto tem direito a atenuante de pena (art. 65 CP).
Irresistível incide nesse artigo e não responde pelo crime.
Ex. de coação moral irresistível: art. 121 do CP – A ameaça matar filho de B se B não matar C:
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Coator responde pelo crime praticado pelo coato (autor mediato) + tortura (art. 1º, I, “b”. da
lei 9.455/97 – tortura para aça criminosa) .
Coato pratica o crime, mas não responde por ele, por inexigibilidade de conduta diversa,
OBS: Para que haja a coação moral irresistível a ação não precisa ser dirigida contra a pessoa do
coator, pode ser contra família ou mesmo animal.
Ordem emitida por superior hierárquico (a ordem é relativo ao direito público, não
abrangendo hierarquia particular, familiar, eclesiástica,...).
o O policial que esteja na audiência sob as ordens do juiz para fins de manter a
ordem da mesma, incide nesse artigo, pois, apesar de não possuir vínculo-
administrativo funcional, existe subordinação hierárquica com o juiz para fins
penais.
Ordem não manifestamente (não claramente) ilegal. Deve-se diferenciar:
o Ordem é claramente ilegal responde pelo crime o superior e o subordinado.
o Ordem é legal não há crime por ser estrito cumprimento do dever legal (art.
23 CP) e nenhum responde.
o Ordem não é claramente ilegal superior responde pelo crime e o subordinado
não tem culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa – art. 23 do CP).
Divergente. Mas existe uma linha crescente: o rol de inexigibilidade de conduta diversa é
exemplificativo por ser impossível prescrever todas as hipóteses.
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Dificuldade econômica pela empresa gera inexigibilidade de conduta diversa nos crimes
tributários.
Ex: não pagamento de tributo para pagar funcionário
- se o filho morre por falta da transfusão pai responde pelo crime. Médico também
responde se ele podia fazer algo, mas nada fez.
Ex: Legítima defesa exculpante – local ermo e noturno em que sou atacado por trás e
atiro. A pessoa cai no chão, mas começa a se levantar e descarrego a arma para matar.
Depois verifico o corpo ao chão e descubro que era um amigo.
Desobediência civil: são ataques a bens jurídicos necessários para fazer valer garantias
e direitos fundamentais. São comportamentos de inovação. Quando não violentos, não
são crimes por falta de inexigibilidade de conduta diversa (a desobediência civil era o
meio mais apto a alcançar o que se queria). Como como coloca Rogério Sanchez (Manual
de Direito Penal, 2022, ed. Juspodivm, p. 423), dois são os requisitos: “que a
desobediência esteja fundada na proteção de direitos fundamentais e que o dano
causado não seja relevante”.
Ex. invasão do MST (fato típico, mas não há culpabilidade. Obs.: tem que haver
proporcionalidade do ato)
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
A questão narra a existência de dois cenários distintos; no primeiro, passeatas em que mulheres
se apresentam parcialmente nuas, mostrando partes do corpo em público; no segundo, ocorrido
na final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, em que algumas pessoas invadiram o campo
para protestar contra o presidente Russo. Apesar de distintos, ambos são qualificados como
exemplos de desobediência civil.
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