Você está na página 1de 10

MARINHA DO BRASIL

ESCOLA NAVAL

TRABALHO PROPOSTO DE TERMODINÂMICA E MECÂNICA


DOS FLÚIDOS

CICLO DO ENRIQUECIMENTO DO URÂNIO

CA-HM2

GRUPO 1

INTEGRANTES:

- 3006 FARIAS FRANÇA;

- 3015 NAMIKI;

- 3079 DANIEL FIGUEIREDO;

- 3104 GUILHERME SILVA;

- 3108 SENA;

- 3110 COSTA SIMÕES;

- 3116 BELMONT;

- 3121 CRIVELLARI;

- 3124 STEVE;

- 3126 VAZ;

- 3134 FRANÇA;

- 3139 ALVES CORREA; e

- 3140 ANDRADE.

1
SUMÁRIO:

1) Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3

2) Mineração e Purificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4

3) Conversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

4) Separação Isotópica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

5) Reconversão e Fabricação das Pastilhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

6) Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8

2
1) Introdução
A energia nuclear vem sendo implantada atualmente como uma forma de
substituir antigos meios de geração energia que afetam com maior intensidade
o meio ambiente, tendo em vista que as usinas nucleares não utilizam
combustíveis fósseis para gerar eletricidade, logo, não liberam gases estufa na
atmosfera e geram um crescimento sustentável. Outros pontos positivos a
serem destacados são: a exigência de pequenas áreas para a construção de
usinas, grande disponibilidade do material para combustível e independência
de fatores climáticos.

Entretanto, o processo de geração de energia através da matriz nuclear


apresenta pontos negativos quanto sua utilização. A produção de lixo nuclear
radioativo, grande custo de construção das usinas e um possível risco de
acidentes nucleares são alguns exemplos que demonstram as desvantagens
em utilizar essa forma de energia. Contudo, para obtermos a energia nuclear,
primeiro devemos obter a produção de combustível nuclear que se dá através
do uso do urânio enriquecido(U-235), que tem utilidade também na área bélica
pelo uso da bomba atômica e uso medicinal no tratamento do câncer e para o
desenvolvimento de radiofármacos.

Na natureza, observamos os isótopos do urânio, U-238, U-234 e U-235. O


U-238 está em maior quantidade na natureza. Esse isótopo do urânio
representa 99,27% do mineral U3O8, enquanto que o U-235, que é de total
importância para ser usado nos reatores, só representa 0,72% do U308.

O processo de enriquecimento é realizado a partir do urânio retirado da


natureza. Para aumentar a concentração de urânio-235, é necessário separá-lo
do urânio-238, que como explicitado acima, é o isótopo mais abundante do
urânio natural.

O objetivo do processo é enriquecer essa mistura no isótopo U-235, que possui


uma abundancia natural de 0.711% até a concentração de 3% utilizada nos
reatores de água leve. (PEREIRA Victor Vieira da Costa - Separação Isotópica
de Metais Pesados por Centrifugação)

É o aumento da concentração do urânio o que torna possível a sua utilização


como combustível. Essa concentração do isótopo U235 passa de 0,7%, como ele
se encontra na natureza até 5% (suficiente para que ele gere energia. O Brasil
utiliza a tecnologia da ultracentrifugação para enriquecer o urânio na Fábrica de
Combustível Nuclear da INB em Resende/RJ. (https://www.inb.gov.br/Nossas-
Atividades/Ciclo-do-combustivel-nuclear)

Existem vários métodos para realizar o enriquecimento do urânio,


processo restrito a apenas 12 países no qual o Brasil está contido, porém para
a separação isotópica analisaremos somente a ultracentrifugação, que
representa o processo de separação utilizado na indústria.

3
2) Mineração e Purificação
Antes do enriquecimento, o processo se inicia com a extração do urânio
natural (U308) por meio da mineração.

O minério é extraído das lavras e transportado para os processos de


cominuição do minério por britagem (PEREIRA Victor Vieira da Costa -
Separação Isotópica de Metais Pesados por Centrifugação)

A próxima etapa é a partir de uma lixiviação ácida, o U3O8 se transforma


em um líquido chamado de “licor de urânio” conhecido como uranil nitrato.

A lixiviação é feita com a aplicação contínua de ácido sulfúrico sobre a pilha de


minério britado. Após percolar a pilha, a solução líquida é recolhida na base,
onde passa a ser chamada de licor de urânio. (PEREIRA Victor Vieira da Costa
- Separação Isotópica de Metais Pesados por Centrifugação)

O licor de urânio é purificado a partir de um processo de filtração e


decantação (processos físico-químicos) e se torna uma “pasta” de urânio
chamada de “yellowcake” que é o concentrado de urânio que se dá em dióxido
de urânio (UO2).

A termodinâmica é importante nessa etapa, pois as reações químicas


envolvidas na conversão do urânio em dióxido de urânio são exotérmicas(há
liberação de calor).

3) Conversão
O próximo passo é transformar o dióxido de urânio (UO2) em gás de
hexafluoreto de urânio (UF6), para que possa ser introduzido na centrífuga,
como explicado por PEREIRA em sua tese de Separação Isotópica de Metais
Pesados por Centrifugação:

O processo de conversão em UF6 se dá após todas as etapas do processo de


lixiviação e purificação do concentrado de urânio. Porém, a conversão não é
direta, pois primeiro envolve a produção do UF4 a partir do óxido concentrado.

O processo de reação do óxido com um composto contendo flúor. A reação é


produzida na faixa de temperaturas de 300 − 600◦C, que é função da
reatividade do urânio em pó.

UO2 + 4HF → UF4 + 2H2O

Após a fluoretação do urânio, o produto intermediário UF4 é reagido com o


flúor em forma gasosa em uma reação que se procede de forma muito rápida
em temperaturas acima de 250◦C, e os reatores utilizados trabalham na faixa
de 400−1100◦C.

UF4 (s) + F2 (g) → UF6 (g)

4
É válido ressaltar a importância da mecânica dos fluidos nessa etapa do
processo pois é necessário controlar a velocidade e a pressão do gás na
câmara de conversão para garantir que a transformação do UF4 em UF6
ocorra de forma eficiente. Além disso, é preciso ter cuidado para evitar
explosões, já que o UF6 é um gás altamente reativo.

4) Separação Isotópica

O gás de UF6 produzido na etapa anterior é então introduzido em


centrífugas (dispositivos cilíndricos que giram em alta velocidade). O objetivo
das centrífugas é separar o isótopo de urânio-235 (U-235) do isótopo de
urânio-238 (U-238) com base em suas massas atômicas diferentes devidas aos
diferentes números de nêutrons no núcleo atômico (característica distintiva
principal dos isótopos).

As centrífugas funcionam com base nos princípios da mecânica dos


fluidos, onde o fluido (o gás de UF6) é submetido a uma força centrífuga que o
separa em componentes com diferentes massas. O gás é introduzido na
centrífuga através de uma entrada na base, e é acelerado por meio de um rotor
giratório que gira a uma velocidade muito alta. É importante controlar a
temperatura, a pressão e a velocidade dos gases nesse processo.

Figura 1.2: Detalhes de uma centrífuga.


(PEREIRA Victor Vieira da Costa - Separação Isotópica de Metais Pesados por Centrifugação)

5
O urânio-235, que é mais leve do que o urânio-238 é desviado para
o centro da centrífuga, enquanto o urânio-238 é forçado para a parede externa
da centrífuga.

O processo de enriquecimento do urânio por centrifugação é muito


eficiente e consome menos energia do que outros métodos de separação de
isótopos.

Para a separação de isótopos pesados em larga escala a difusão gasosa e a


centrifugação são os mais econômicos. (PEREIRA Victor Vieira da Costa -
Separação Isotópica de Metais Pesados por Centrifugação)

No entanto, é necessário utilizar um grande número de centrífugas em


série para obter uma concentração de urânio-235 suficientemente alta para fins
de energia nuclear logo

apenas uma centrífuga não seria suficiente para produzir as quantidades


necessárias de material físsil enriquecido para a produção de energia nuclear,
de forma que são operadas em arranjos de máquinas chamado de cascatas,
como pode ser visto na Figura 1.4. Um arranjo possível das máquinas pode
envolver 164 centrífugas distribuídas. (PEREIRA Victor Vieira da Costa -
Separação Isotópica de Metais Pesados por Centrifugação)

Figura 1.4: Arranjo real de centrífugas


(PEREIRA Victor Vieira da Costa - Separação Isotópica de Metais Pesados por Centrifugação)

5) Reconversão e Fabricação de Pastilhas


O processo de reconversão se inicia agora, com o gás enriquecido (UF6)
sendo reconvertido em pó de dióxido de urânio (UO2), que é realizado por meio
de uma hidrólise, onde o UF6 é hidrolisado com vapor d'água para produzir
dióxido de urânio e ácido fluorídrico (HF):

6
Utiliza misturas de hidrogênio e vapor d’água para reagir com o UF6 gasoso.
Esse processo ocorre em equipamentos que possuem uma ou duas câmaras
onde se faz a alimentação do gás enriquecido e dos gases reagentes, e o
produto já em pó se acumula na base do equipamento. Os equipamentos
envolvidos devem ser construídos a partir de materiais selecionados
cuidadosamente, pois os gases gerados são compostos por ácido fluorídrico
gasoso em altas temperaturas, que será posteriormente tratado. (PEREIRA
Victor Vieira da Costa - Separação Isotópica de Metais Pesados por
Centrifugação)

UF6 + 2H2O → UO2 + 4HF

Finalmente, o UO2 em pó pode ser compactado e sintetizado para a obtenção


das pastilhas. (PEREIRA Victor Vieira da Costa - Separação Isotópica de
Metais Pesados por Centrifugação)

Com o dióxido de urânio (UO2) em pó, as pastilhas podem ser fabricadas.

Após um processo de mistura com outros compostos de urânio, o pó de UO 2 é


transportado para uma prensa rotativa automática, onde são produzidas as
chamadas "pastilhas verdes", que são encaminhadas para um forno de
sinterização e aquecidas a 1750ºC para ganhar rigidez e adquirir a resistência
necessária às condições de operação a que serão submetidas dentro do reator
de uma usina nuclear.
Esta etapa da produção do combustível nuclear é realizada na FCN –
Pastilhas, na unidade da INB em Resende/RJ. Apenas duas destas pastilhas
produzem energia suficiente para abastecer uma residência média, com quatro
pessoas, durante um mês.
(Indústrias Nucleares do Brasil - https://www.inb.gov.br/Nossas-
Atividades/Ciclo-do-combustivel-nuclear/Producao-de-Pastilha)

Diagrama da Fabricação de Pastilhas


(Indústrias Nucleares do Brasil – INB)

7
Figura 1.6: Pastilha de Urânio para combustível nuclear produzido na INB
(PEREIRA Victor Vieira da Costa - Separação Isotópica de Metais Pesados por Centrifugação)

Com a produção das pastilhas, pode ocorrer a produção do combustível


nuclear onde:

as pequenas pastilhas de urânio enriquecido são colocadas dentro de varetas


de uma liga de aço especial – o zircaloy. Em seguida, as varetas são
organizadas em feixes, formando uma estrutura firme de até 5 metros de altura
- o combustível nuclear. (Indústrias Nucleares do Brasil -
https://www.inb.gov.br/Nossas-Atividades/Ciclo-do-combustivel-
nuclear/Producao-de-Pastilha)

e em seguida o processo de geração de energia nuclear:

com a fissão dos átomos de urânio que estão contidos no combustível nuclear
dentro do núcleo do reator que gera calor, aquecendo a água, e transformando-
a no vapor que faz movimentar as turbinas, gerando assim energia. (Indústrias
Nucleares do Brasil - https://www.inb.gov.br/Nossas-Atividades/Ciclo-do-
combustivel-nuclear/Producao-de-Pastilha)

6) Conclusão

Em suma, o ciclo de enriquecimento do urânio é um processo complexo e


essencial para a produção de combustível nuclear, dentre outras aplicações. A
compreensão dos conceitos fundamentais da termodinâmica e da mecânica
dos fluidos é essencial para garantir a eficiência e a segurança durante todo o
processo. A importância do pleno conhecimento desses conceitos vai desde a
etapa da conversão do urânio em dióxido de urânio, transformação do dióxido
de urânio em gás, até a etapa de separação dos isótopos. Ressaltando a
necessidade do controle constante da temperatura, pressão e velocidade,
garantindo que todas as etapas ocorram da maneira planejada e evitando
possíveis acidentes ao longo do processo.

Você também pode gostar