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Avaliação da Produtividade e Rentabilidade da Cultura da Abóbora Hibrida

“Tetsukabuto” com uso de Hormônio para Induzir a Frutificação no Norte de Minas


Luanna Vanessa de Souza Cangussú, Rafael Martins de Souza, Ana Cecilia Mariana de Aguair, Lucas Vinícius de
Souza Cangussú, Jorge Luiz Rodrigues Barbosa, Wágner Ferreira da Mota

Introdução
De acordo com Pasqualetto et al.[1], a abóbora é originária das Américas, sendo conhecida e cultivada em todos os
continentes. Largamente empregada no consumo humano, animal e na indústria para fabricação de doces, quando
madura é excelente fonte de pró-vitamina A e carboidratos.
Do cruzamento entre linhagens selecionadas de abóboras e morangas, obteve-se a “Tetsukabuto”, originária do Japão
Cheng e Gavilares [2]. Seus frutos têm epiderme verde-escura, são ligeiramente achatados e pesam em média 1,5 a 2,0
kg. A polpa é de coloração amarelo-alaranjada, espessa e bastante enxuta, com 12 a 18% de sólidos totais, sendo os
frutos considerados como padrão de qualidade para abóboras e morangas no mercado nacional [3].
A abóbora híbrida apresenta várias vantagens sobre as cultivares de polinização aberta, precocidade (100 a 110 dias);
resistência à broca; estabilidade de produção; uniformidade no tamanho e coloração do fruto (casca verde escuro e
polpa alaranjada); resistência ao manuseio, transporte e pós-colheita; melhor qualidade nutritiva e culinária. As plantas
dos híbridos têm alto vigor, grande capacidade de resposta à fertilização e precocidade, entretanto, porém para evitar
baixas produtividades têm o produtor tem que estar atento a eficiência do processo de frutificação [4].
Quanto a condições ambientais a abóbora é uma espécie de clima quente, favorecidas por temperaturas elevadas e
tolerantes a temperaturas amenas. Os híbridos interespecíficos são mais tolerantes a temperaturas menores, em relação
às abóboras, adaptando-se melhor à cultura durante o outono-inverno. Todas as cultivares são intolerantes a baixas
temperaturas e também extremamente sensíveis à geadas [5].
É de suma importância o aproveitamento do potencial da cultura para a região Norte de Minas Gerais, visando o
abastecimento dos principais mercados das regiões Sudeste e Sul. Sendo muito importante assim a geração e/ou
adaptação de tecnologias que subsidiem o desenvolvimento de um sistema de produção competitivo. Neste sentido, a
geração de informações básicas, como o comportamento de novos híbridos, torna-se necessário. Com isso, esse trabalho
teve como objetivo a realização do cultivo da Abóbora híbrida “Tetsukabuto” nas condições do Norte de Minas Gerais
avaliando a produtividade e a rentabilidade da cultura.

Material e métodos
O trabalho foi conduzido em uma área de 9m2, localizado na área de pesquisa em olericultura na Universidade
Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, município de Janaúba - MG. O município está inserido no semiárido
brasileiro e a área experimental apresenta as coordenadas 15º47‟18” de latitude sul e 43º18‟18” de longitude oeste, com
altitude de 515 metros e clima AW segundo a classificação de Köppen. A precipitação média anual é de 740 mm e a
média de temperaturas máximas e mínimas de 32 °C e 19,5 ºC, respectivamente.
O preparo do terreno foi feito no dia 15 de agosto de 2012, constando de uma capina manual e a retirada de pedras e
entulhos presentes no solo. Em seguida foi realizada a abertura das covas com as dimensões de 30 x 30 cm, com 30 cm
de profundidade. O espaçamento utilizado foi de 3 metros entre linhas e 1,5 metros entre plantas. A adubação de plantio
foi realizada de acordo com as recomendações da 5ª aproximação, constando de 38,5 g de Cloreto de Potássio (KCL) e
1/3 da adubação nitrogenada o que corresponde a 21,28 g de ureia. Não foi realizada a calagem do solo. A adubação
orgânica foi realizada sete dias antes do plantio utilizando 2,25 Kg de esterco bovino curtido por cova.
No dia 29/08/12 foi feita a semeadura direta, sendo depositadas três sementes por cova a uma profundidade de dois
cm. Foi realizada adubação através do sistema de microaspersão de acordo com as exigências hídricas da abóbora.
Foram feitos tratos culturais como: desbaste, controle das plantas daninhas, realizado semanalmente com capina manual,
com auxílio de enxada e o monitoramento de pragas e doenças, do qual não foi constatado à presença de pragas e ou
doenças que viessem causar danos econômicos a cultura.
A frutificação assexuada foi realizada com o uso de hormônio, pulverizando-se um jato rápido de 2,0 ml de uma
solução de 2,4-D comercial no interior das flores femininas. As aplicações iniciaram no dia 15 de outubro de 2012,
quando foram constatadas flores abertas na área. A colheita ocorreu de forma manual, iniciando 84 dias após o plantio,
sendo colhidas as abóboras que apresentavam início de coloração amarelada e o pedúnculo com a cor palha, parecendo
estar seco. Após a colheita os frutos foram pesados para determinação da produção e produtividade. A receita foi obtida
de acordo com a cotação da abóbora no CEASA de Minas Gerais.

Resultados e discussão
A produtividade alcançada na área foi de 13,33 t ha-1, com os frutos apresentando um peso médio de frutos de 1,7
kilos (tabela 1). A produtividade obtida foi inferior á média brasileira que é de 15 t ha-1 Correia [6]. Pereira &Lima [7]
em unidade de observação, no Norte de Minas Gerais, com os híbridos Kaneco, Jabras e Takayama obteve
produtividade de 10,6, 12,1 e 13,7 t ha-1, respectivamente, utilizando-se a técnica de frutificação com fitohormônios
(2,4-D). Os frutos apresentaram um peso ideal para o comércio, já que atualmente no mercado é desejado frutos de peso
mediano.
Resende et al. [8] recomendam o plantio da abóbora híbrida nos meses de maio a agosto, para a região Norte de
Minas Gerais. Porém os resultados obtidos não alcançaram a média de produtividade nacional, devendo se considerar
que a adubação de cobertura não foi convencional, devido à carência de informações a respeito desta para a cultura da
abóbora híbrida e a adubação foi indicada por um produtor orgânico da região. Além disso, 7 abóboras desapareceram
antes da colheita e isso tem influencia direta, já que as mesmas deixaram de ser contabilizadas nos cálculos de produção
e produtividade .
Na tabela 2, pode ser observada a receita bruta e os preços da abóbora híbrida no mercado local e Ceasa-MG [9], que
correspondem ao mês em que se realizou a colheita. No mercado local o preço foi de R$ 0,99 por kilo, já de acordo
com o boletim diário de preços do Ceasa-MG o preço da abóbora foi de R$ 0,91 por kilo. A receita bruta para a
comercialização no mercado local é superior aos valores comercializados na Ceasa-MG, apresentando uma receita de
R$ 13.198 por hectare, e R$ 11,88 para a produção na parcela. De acordo com a figura 1, o preço de comercialização,
especialmente em nível de atacado, sofre acentuada flutuação estacional ao longo do ano. Observa-se, portanto Maiores
ofertas de outubro a novembro, porém os preços são menores. Como nossa região apresenta condições edafoclimáticas
para o cultivo durante todo o ano pode ser interessante à produção concentrando a colheita em períodos de menores
ofertas alcançando dessa forma maiores preços no mercado.
A cultura Abóbora híbrida “Tetsukabuto” apresenta potencial produtivo em nossa região. Mas como em qualquer
cultura e importante que haja o planejamento e aplicação correta das práticas culturais, além da implementação de um
bom programa de logística para que se obtenham preços satisfatórios e o emprego da irrigação potencializa ainda mais
essas ótima possibilidade de negócio.

Conclusão
O cultivo da Abóbora Híbrida “Tetsukabuto” é promissor para o Norte de Minas, por apresentar expressiva
produtividade e rentabilidade, mas são necessárias práticas culturais e escolha da época de plantio ideal para obtenção
de maiores produtividades e preços de mercado.

Referências
[1] PASQUALETTO, A. et al. Produção de frutos de abóbora híbrida pela aplicação de 2,4-d nas flores. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 31, n.1, p. 23-27, 2001.
[2] CHENG, S.S. & M. L. GAVILARES. Microsporogênese e macho-esterilidade da moranga híbrida interespecífica “Tetsukabuto”. In Congresso Brasileiro de
Olericultura, 20. Embrapa/ Embrater/Sob. p. 26.1980.
[3] PEDROSA, J. F.; FERREIRA, F. A.; CASALI, V. W. Abóbora, morangas e abobrinhas: cultivares e métodos culturais. Informe Agropecuário, 8 (85) : 24- 26. 1982.

[4] ISLA -Sementes . Comunicado técnico recomendações básicas para a frutificação da abóbora híbrida tipo tetsukabuto ou KABUTIÁ. i- uso de polinizadores e
produtos hormonais.
[5] FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura. 2°edição, Viçosa-MG, Editora UFV, 2003.

[6] CORREIA, L. G. Situação da Olericultura Mineira e ações da EMATER-MG no setor. SOB Informa, v.13, nº.1, p. 7-18, 1994.

[7] PEREIRA, W.; LIMA, D. de B. Avaliação de características da produção e qualidade de híbridos de moranga (Cucurbita maxima x Cucurbita moschata) em Claro dos
Poções-MG. In: XXXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 1996, Rio de Janeiro. Resumos... Horticultura Brasileira, v.14, n.1, p.108, novembro
1996 (resumo 242).

[8] RESENDE, G.M.; SILVA, R. A. da; GOULART, A. C. P. Produtividade de cultivares de moranga e de híbridos do tipo „Tetsukabuto‟ em diferentes épocas de
plantio. Horticultura Brasileira, v.14, n.2, p.228-231, novembro 1996.
[9] CEASAMINAS. Lista Completa de Preços dos Produtos nas Unidades da Ceasa Minas. Disponível em: <http://www.ceasaminas.com.br/>. Acesso em: 15 de
julho de 2014.

Tabela 1. Produção e produtividade de Abóbora Híbrida Tetsukabuto. Janaúba, MG.

Peso Médio por


N° de Frutos N° Plantas ha-1 Produção (kg) Produtividade (t ha-1)
Fruto (Kg)

1,7 7 2.222 12,0 13,33

Tabela 2. Receita bruta para venda no CEASA-MG e Mercado local de Janaúba-MG.

Venda Preço (R$) /Kg Receita/Parcela Receita/ hectare

Mercado Local 0,99 11,88 13.198

CEASA-MG 0,91 10,92 12.132

Figura 1. Média de ofertas e preços durante o ano no CEASA-MG.

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