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Introdução
De acordo com Pasqualetto et al.[1], a abóbora é originária das Américas, sendo conhecida e cultivada em todos os
continentes. Largamente empregada no consumo humano, animal e na indústria para fabricação de doces, quando
madura é excelente fonte de pró-vitamina A e carboidratos.
Do cruzamento entre linhagens selecionadas de abóboras e morangas, obteve-se a “Tetsukabuto”, originária do Japão
Cheng e Gavilares [2]. Seus frutos têm epiderme verde-escura, são ligeiramente achatados e pesam em média 1,5 a 2,0
kg. A polpa é de coloração amarelo-alaranjada, espessa e bastante enxuta, com 12 a 18% de sólidos totais, sendo os
frutos considerados como padrão de qualidade para abóboras e morangas no mercado nacional [3].
A abóbora híbrida apresenta várias vantagens sobre as cultivares de polinização aberta, precocidade (100 a 110 dias);
resistência à broca; estabilidade de produção; uniformidade no tamanho e coloração do fruto (casca verde escuro e
polpa alaranjada); resistência ao manuseio, transporte e pós-colheita; melhor qualidade nutritiva e culinária. As plantas
dos híbridos têm alto vigor, grande capacidade de resposta à fertilização e precocidade, entretanto, porém para evitar
baixas produtividades têm o produtor tem que estar atento a eficiência do processo de frutificação [4].
Quanto a condições ambientais a abóbora é uma espécie de clima quente, favorecidas por temperaturas elevadas e
tolerantes a temperaturas amenas. Os híbridos interespecíficos são mais tolerantes a temperaturas menores, em relação
às abóboras, adaptando-se melhor à cultura durante o outono-inverno. Todas as cultivares são intolerantes a baixas
temperaturas e também extremamente sensíveis à geadas [5].
É de suma importância o aproveitamento do potencial da cultura para a região Norte de Minas Gerais, visando o
abastecimento dos principais mercados das regiões Sudeste e Sul. Sendo muito importante assim a geração e/ou
adaptação de tecnologias que subsidiem o desenvolvimento de um sistema de produção competitivo. Neste sentido, a
geração de informações básicas, como o comportamento de novos híbridos, torna-se necessário. Com isso, esse trabalho
teve como objetivo a realização do cultivo da Abóbora híbrida “Tetsukabuto” nas condições do Norte de Minas Gerais
avaliando a produtividade e a rentabilidade da cultura.
Material e métodos
O trabalho foi conduzido em uma área de 9m2, localizado na área de pesquisa em olericultura na Universidade
Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, município de Janaúba - MG. O município está inserido no semiárido
brasileiro e a área experimental apresenta as coordenadas 15º47‟18” de latitude sul e 43º18‟18” de longitude oeste, com
altitude de 515 metros e clima AW segundo a classificação de Köppen. A precipitação média anual é de 740 mm e a
média de temperaturas máximas e mínimas de 32 °C e 19,5 ºC, respectivamente.
O preparo do terreno foi feito no dia 15 de agosto de 2012, constando de uma capina manual e a retirada de pedras e
entulhos presentes no solo. Em seguida foi realizada a abertura das covas com as dimensões de 30 x 30 cm, com 30 cm
de profundidade. O espaçamento utilizado foi de 3 metros entre linhas e 1,5 metros entre plantas. A adubação de plantio
foi realizada de acordo com as recomendações da 5ª aproximação, constando de 38,5 g de Cloreto de Potássio (KCL) e
1/3 da adubação nitrogenada o que corresponde a 21,28 g de ureia. Não foi realizada a calagem do solo. A adubação
orgânica foi realizada sete dias antes do plantio utilizando 2,25 Kg de esterco bovino curtido por cova.
No dia 29/08/12 foi feita a semeadura direta, sendo depositadas três sementes por cova a uma profundidade de dois
cm. Foi realizada adubação através do sistema de microaspersão de acordo com as exigências hídricas da abóbora.
Foram feitos tratos culturais como: desbaste, controle das plantas daninhas, realizado semanalmente com capina manual,
com auxílio de enxada e o monitoramento de pragas e doenças, do qual não foi constatado à presença de pragas e ou
doenças que viessem causar danos econômicos a cultura.
A frutificação assexuada foi realizada com o uso de hormônio, pulverizando-se um jato rápido de 2,0 ml de uma
solução de 2,4-D comercial no interior das flores femininas. As aplicações iniciaram no dia 15 de outubro de 2012,
quando foram constatadas flores abertas na área. A colheita ocorreu de forma manual, iniciando 84 dias após o plantio,
sendo colhidas as abóboras que apresentavam início de coloração amarelada e o pedúnculo com a cor palha, parecendo
estar seco. Após a colheita os frutos foram pesados para determinação da produção e produtividade. A receita foi obtida
de acordo com a cotação da abóbora no CEASA de Minas Gerais.
Resultados e discussão
A produtividade alcançada na área foi de 13,33 t ha-1, com os frutos apresentando um peso médio de frutos de 1,7
kilos (tabela 1). A produtividade obtida foi inferior á média brasileira que é de 15 t ha-1 Correia [6]. Pereira &Lima [7]
em unidade de observação, no Norte de Minas Gerais, com os híbridos Kaneco, Jabras e Takayama obteve
produtividade de 10,6, 12,1 e 13,7 t ha-1, respectivamente, utilizando-se a técnica de frutificação com fitohormônios
(2,4-D). Os frutos apresentaram um peso ideal para o comércio, já que atualmente no mercado é desejado frutos de peso
mediano.
Resende et al. [8] recomendam o plantio da abóbora híbrida nos meses de maio a agosto, para a região Norte de
Minas Gerais. Porém os resultados obtidos não alcançaram a média de produtividade nacional, devendo se considerar
que a adubação de cobertura não foi convencional, devido à carência de informações a respeito desta para a cultura da
abóbora híbrida e a adubação foi indicada por um produtor orgânico da região. Além disso, 7 abóboras desapareceram
antes da colheita e isso tem influencia direta, já que as mesmas deixaram de ser contabilizadas nos cálculos de produção
e produtividade .
Na tabela 2, pode ser observada a receita bruta e os preços da abóbora híbrida no mercado local e Ceasa-MG [9], que
correspondem ao mês em que se realizou a colheita. No mercado local o preço foi de R$ 0,99 por kilo, já de acordo
com o boletim diário de preços do Ceasa-MG o preço da abóbora foi de R$ 0,91 por kilo. A receita bruta para a
comercialização no mercado local é superior aos valores comercializados na Ceasa-MG, apresentando uma receita de
R$ 13.198 por hectare, e R$ 11,88 para a produção na parcela. De acordo com a figura 1, o preço de comercialização,
especialmente em nível de atacado, sofre acentuada flutuação estacional ao longo do ano. Observa-se, portanto Maiores
ofertas de outubro a novembro, porém os preços são menores. Como nossa região apresenta condições edafoclimáticas
para o cultivo durante todo o ano pode ser interessante à produção concentrando a colheita em períodos de menores
ofertas alcançando dessa forma maiores preços no mercado.
A cultura Abóbora híbrida “Tetsukabuto” apresenta potencial produtivo em nossa região. Mas como em qualquer
cultura e importante que haja o planejamento e aplicação correta das práticas culturais, além da implementação de um
bom programa de logística para que se obtenham preços satisfatórios e o emprego da irrigação potencializa ainda mais
essas ótima possibilidade de negócio.
Conclusão
O cultivo da Abóbora Híbrida “Tetsukabuto” é promissor para o Norte de Minas, por apresentar expressiva
produtividade e rentabilidade, mas são necessárias práticas culturais e escolha da época de plantio ideal para obtenção
de maiores produtividades e preços de mercado.
Referências
[1] PASQUALETTO, A. et al. Produção de frutos de abóbora híbrida pela aplicação de 2,4-d nas flores. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 31, n.1, p. 23-27, 2001.
[2] CHENG, S.S. & M. L. GAVILARES. Microsporogênese e macho-esterilidade da moranga híbrida interespecífica “Tetsukabuto”. In Congresso Brasileiro de
Olericultura, 20. Embrapa/ Embrater/Sob. p. 26.1980.
[3] PEDROSA, J. F.; FERREIRA, F. A.; CASALI, V. W. Abóbora, morangas e abobrinhas: cultivares e métodos culturais. Informe Agropecuário, 8 (85) : 24- 26. 1982.
[4] ISLA -Sementes . Comunicado técnico recomendações básicas para a frutificação da abóbora híbrida tipo tetsukabuto ou KABUTIÁ. i- uso de polinizadores e
produtos hormonais.
[5] FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura. 2°edição, Viçosa-MG, Editora UFV, 2003.
[6] CORREIA, L. G. Situação da Olericultura Mineira e ações da EMATER-MG no setor. SOB Informa, v.13, nº.1, p. 7-18, 1994.
[7] PEREIRA, W.; LIMA, D. de B. Avaliação de características da produção e qualidade de híbridos de moranga (Cucurbita maxima x Cucurbita moschata) em Claro dos
Poções-MG. In: XXXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 1996, Rio de Janeiro. Resumos... Horticultura Brasileira, v.14, n.1, p.108, novembro
1996 (resumo 242).
[8] RESENDE, G.M.; SILVA, R. A. da; GOULART, A. C. P. Produtividade de cultivares de moranga e de híbridos do tipo „Tetsukabuto‟ em diferentes épocas de
plantio. Horticultura Brasileira, v.14, n.2, p.228-231, novembro 1996.
[9] CEASAMINAS. Lista Completa de Preços dos Produtos nas Unidades da Ceasa Minas. Disponível em: <http://www.ceasaminas.com.br/>. Acesso em: 15 de
julho de 2014.