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PROCESSO DE
CRAQUEAMENTO
CATALÍTICO FLUIDO
Eduardo Fernandes Carneiro
REDUC / OT/OP
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização por escrito da
Petróleo Brasileiro S/A-Petrobras - Abastecimento. Este material foi desenvolvido para uso
exclusivo no Sistema Petrobras.
sumário
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ANEXOS...............................................................................................................................................................42
ANEXO II.B curva de eficiência do ciclone e regiões mais prováveis para danos em
ciclones ou câmaras plenas............................................................................................44
ANEXO II.C Perfis de pressão x altura em stand pipe(s) com ou sem problemas de
circulação..................................................................................................................................45
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................................46
CONSIDERAÇÕES
SOBRE O
PROCESSO
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O processo de craqueamento catalítico tem como objetivo transformar correntes pesadas de petróleo, em
especial o gasóleo de vácuo da unidade de destilação e o gasóleo de coque da unidade de coqueamento
retardado, em correntes de maior valor agregado, principalmente aquela que, após tratamento, compõe
a mistura final de gasolina. O princípio do processo é a utilização de energia térmica na presença de
um catalisador específico para promover a quebra das moléculas de alta massa molar do gasóleo em
moléculas menores. O catalisador do processo encontra-se na forma fluida e é o elemento chave para a
grande produção de gasolina de alto número de octano. Durante o processo, forma-se coque na superfície
do catalisador que, em decorrência, se desativa. Em uma etapa posterior, o coque é queimado e o
catalisador é restaurado ao processo. Há um ciclo de reação e regeneração pelo qual o catalisador passa
que caracteriza o processo. Além da gasolina, o FCC também é grande contribuinte do pool de GLP, além
da produção de olefinas leves, principalmente o propeno.
A carga é convertida quimicamente na presença do catalisador que se encontra em forma fluida numa
etapa de reação. Ocorre a separação entre os produtos do craqueamento e o catalisador gasto. Os produtos
craqueados são destinados ao fracionamento, separação, compressão e tratamentos. O catalisador gasto é
enviado para uma etapa de regeneração, onde se dará a queima do coque depositado em sua superfície.
Esta queima se dá na presença de ar e altas temperaturas.
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Este processo foi desenvolvido primeiramente em leito fixo na década de 1930, mas o grande salto
tecnológico ocorreu durante a segunda guerra mundial com o desenvolvimento do processo em leito
fluidizado. Desde essa época várias inovações tecnológicas foram propostas com sucesso, sendo a Petrobras
detentora de várias patentes relacionadas ao processo.
A unidade de craqueamento catalítico pode ser dividida nos seguintes sistemas, conforme Figura 2:
ÁREA QUENTE
Ar Sistema de gases
Soprador Regenerador
de combustão Gases de
Combustão
GC
ÁREA FRIA Compressão e
recuperação de GLP
gases Nafta
Alguns dos principais problemas associados ao processo de craqueamento catalítico são descritos a seguir.
Seção de Carga
Seção de Conversão
No vaso regenerador uma das grandes preocupações é o fenômeno de afterburning, que são disparos de
temperatura no interior do vaso. As temperaturas reinantes são da ordem de 700 ºC. Um aumento súbito
de temperatura é uma situação altamente indesejada que pode levar a danos nos materiais do vaso e no
catalisador.
Outra questão que merece destaque são os problemas de circulação de catalisador. Como mencionado,
o catalisador encontra-se na forma fluida dentro do conversor e percorre os diversos equipamentos de
processo, participando das reações e regenerando. Uma interrupção do escoamento do catalisador é uma
questão grave que pode levar à parada da unidade e acidentes.
Outro fato recorrente altamente indesejado são obstruções por coque ou catalisador nos dispersores de
carga, riser, ciclones ou vaso separador. O coque é formado em condições favoráveis de baixa temperatura
e presença de hidrocarbonetos, devido a não vaporização destes. A presença de coque nestes pontos
prejudica a eficiência dos equipamentos levando a prejuízos financeiros e em casos mais graves, leva à
parada da unidade.
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Outros dois problemas que serão abordados são: formação de coque no domo e na linha de transferência
e baixa produção de vapor nos resfriadores de catalisador cat-cooler.
Seção de Fracionamento
No fracionamento, há dois problemas que devem ser tratados com maior atenção. O primeiro diz respeito
à formação de coque com ou sem obstrução no fundo da fracionadora principal, e/ou nos trocadores e
filtros do sistema de borra. O sistema de fundo da fracionadora tem que lidar com um produto pesado,
a alta temperatura, que possui finos de catalisador com alta dureza. Para se evitar problemas, deve-se
trabalhar controlando bem as condições operacionais (temperatura, nível, tempo de residência, vazões).
Qualquer desvio pode levar a obstrução por coque ou catalisador e consequentemente prejuízos financeiros
e riscos à vida humana.
O segundo é elevado PFE da nafta craqueada. Esta situação está relacionada ao mau fracionamento entre
a nafta e o LCO. Considerando que a nafta craqueada é o principal produto da unidade, todos os esforços
devem ser realizados para manter o produto nos limites de suas especificações. Esta situação pode ser
relacionada com parâmetros operacionais, com obstruções internas da torre por formação de sais, entre
outros.
A Seção de Recuperação de Gases merece atenção especial, pois neste sistema são produzidos os dois
principais produtos do FCC: a nafta craqueada e o GLP. Esta seção tem grande ligação com a fracionadora
principal em termos energéticos e correntes de reciclo. As questões mais recorrentes são: intemperismo
elevado no GLP e PVR da nafta alta. As perdas de GLP no gás combustível são verificadas pela análise do
C3+ no GC, e é outro ponto a ser acompanhado de perto. Também é abordada a questão de corrosividade
no GLP, que é um problema que pode se iniciar no FCC e permeia por diversos sistemas das refinarias
(tratamentos, parque de esferas etc.), sendo um problema que causa grandes prejuízos e necessidade de
reprocessamento ou retratamento.
Os Anexos II.A e II.B e II.C apresentam informações complementares para identificação / análise de
problemas associados à seção de conversão.
II.1.1 Vibração da linha de carga com indicação de vazão e/ou pressão com alto ruído.
II.2.1 Perda excessiva de catalisador - Elevação e estabilização das perdas com aumento da concentração de finos no ECAT.
II.2.5 Perda excessiva de catalisador - Perda súbita de catalisador para fracionadora com perda de nível do regenerador.
II.2.10 Obstrução / coque nos dispersores de carga, riser, ciclones ou vaso separador.
(continua)
Causas possíveis Ações corretivas recomendadas
II.2.10.1 Vazão insuficiente de vapor de dispersão; YY Verificar no campo e, quando possível, via leituras de SDCD, as condições de vazão da carga e do vapor
em todas as injeções do riser, visando identificar o(s) bocal(is) com desvio para intervenção corretiva.
YY Realizar balanço de pressão para identificar a região do riser onde está ocorrendo a obstrução.
YY Revisar o(s) instrumento(s) de medição de vazão do vapor de dispersão e carga para dispersores.
YY Revisar as ROs dos vapores de purga /limpeza quanto eventual obstrução.
YY Revisar os bloqueios e alinhamentos de vapor quanto eventual posição fechada inadvertida ou gaveta
solta ou agarrada na posição fechada ou restringida.
YY Elevar a vazão do vapor de dispersão para a vazão ou razão recomendada em relação à vazão de carga da
unidade.
YY Planejar/realizar intervenção de limpeza do(s) bocal(is) de injeção de carga com obstrução (se sacável).
II.2.10.2 Vazão insuficiente de vapor de lift, partida, YY Verificar no campo e, quando possível, via leituras de SDCD às condições de vazão de lift, partida e purga
purga ou domo; em todas as injeções do riser, visando identificar o(s) bocal(is) com desvio para intervenção corretiva.
YY Realizar balanço de pressão para identificar a região do riser onde está ocorrendo à obstrução.
YY Revisar o(s) instrumento(s) de medição de vazão dos vapores de lift, partida e purga.
YY Revisar as ROs dos vapores de lift, partida e purga quanto eventual obstrução.
YY Revisar os bloqueios e alinhamentos de vapor quanto eventual posição fechada inadvertida ou gaveta
solta ou agarrada na posição fechada ou restringida.
YY Elevar a vazão do vapor de lift, partida ou purga para a vazão ou razão recomendada em relação à vazão
de carga da unidade.
YY Em caso de injeção de vapor de lift, partida ou purga obstruída, avaliar a viabilidade e planejar
intervenção para desobstrução.
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II.3.1 Formação de coque e/ou obstrução no fundo da fracionadora principal e/ou nos trocadores/filtros do sistema de borra.
(continua)
Causas possíveis Ações corretivas recomendadas
II.3.1.1 Temperatura alta no fundo da fracionadora; YY Verificar e respeitar temperaturas máximas recomendadas para o sistema de fundo da fracionadora
(regra geral: 371ºC para cargas leves e 343ºC para cargas pesadas).
YY Avaliar elevação da vazão de quench frio de OCL diretamente para o fundo da fracionadora para melhor
resfriamento do líquido desta região.
YY Buscar aumento da remoção de calor nos trocadores de OCL recirculante, visando maior resfriamento do
líquido no fundo da fracionadora.
YY Avaliar a aplicação de aditivo inibidor de formação de coque.
II.3.1.2 Temperatura alta ou vazão baixa de refluxo YY Verificar e respeitar temperaturas máximas recomendadas para as chicanas ou grades do sistema de
nas chicanas ou grades da região OCL x HCO; fundo da fracionadora, conforme projeto da unidade.
YY Avaliar elevação da vazão e/ou maior resfriamento do refluxo circulante de OCL para o distribuidor acima
desta seção, para melhor resfriamento e fluxo de líquido pelas chicanas ou grades desta região.
YY Avaliar a aplicação de aditivo inibidor de formação de coque.
II.3.1.3 Elevado tempo de residência do OCL no fundo YY Elevar a retirada de OCL ao mínimo estabelecido via:
da fracionadora por vazão muito baixa de retirada de ZZ Redução da retirada de LCO e/ou HCO, derrubando parte destas correntes para o OCL.
OCL; ZZ Aumento do rendimento de OCL via redução da cat/oil mantendo ou reduzindo a TRX.
YY Avaliar a aplicação de aditivo inibidor de formação de coque.
II.3.1.4 Elevado tempo de residência do OCL no fundo YY Reduzir o nível de fundo da fracionadora para a faixa de controle recomendada.
da fracionadora por operação com nível alto no YY Avaliar a aplicação de aditivo inibidor de formação de coque
fundo;
II.3.1.5 Carga com resíduo de carbono alto; YY Reavaliar a composição da carga de forma a buscar enquadramento do resíduo de carbono na faixa
prevista para a unidade.
YY Avaliar a aplicação de aditivo inibidor de formação de coque.
YY Minimizar nível do fundo da fracionadora e/ou aumentar a retirada de OCL para redução do tempo de
residência.
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ANEXO II.A
ANEXO II.B
Figura 3: Curva de Eficiência do Ciclone: Eficiência vs. Vazão Volumétrica de Vapor e Diferencial de P
Figura 4: Regiões mais prováveis para danos em ciclones ou câmaras plenas quando há queda na concentração
de finos do ECAT e aumento gradativo das perdas.
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ANEXO II.C
Figura 5: Comparativo: perfis de pressão x altura em stand pipe (s) com ou sem problema de circulação
REFERÊNCIAS
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referências
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