Você está na página 1de 8

‘Uma coisa é meu trabalho

político, outra o meu CNPJ’, diz


dono de empresa de segurança
Foto: Akira Sassaki

Publicidade
Ouvir: ‘Uma coisa é meu trabalho político, outra o meu CNPJ’, diz dono de em

Santini nega conflito de interesse e culpa crime organizado por ações; secretaria alega
aumento de crime e diz que vai apurar

Por Marcelo Godoy


10/04/2023 | 05h00

O empresário Nelson Santini negou haver conflito entre suas atividades empresariais e
políticas. “Uma coisa é o trabalho político que faço até hoje, outra coisa é o CNPJ. Eu
separo muito bem.” Segundo ele, a amizade com o secretário da Segurança, Guilherme
Derrite, não influencia as ações de sua empresa, a CampSeg, contratada pela Rumo
Logística para vigiar a ferrovia na Baixada Santista.

Vagões de trem da Rumo Losgítica são incendiados por bandidos Foto: Polícia Civil

Leia também
Senado avança com ‘Lei Moro’ para enquadrar ações de milícias e de facções como
terrorismo

“Tenho uma relação de amizade de 20 anos com o Derrite. Fui vereador antes dele e ele
faz parte do meu grupo político. Nunca existiu nenhuma conversa ou solicitação de
benefício em razão de ele ser secretário.” Conforme Santini, a Rumo Logística o chamou
pela primeira vez para trabalhar há dois anos.

“Eles mudaram a gestão da segurança – em setembro, novembro (de 2022, quando


Antonio Neves assumiu o setor) – e o novo gestor veio com a proposta de resolver o
problema (na Baixada Santista). Tenho capacidade para resolver o problema. As
solicitações que fiz (ao governo) foram oficiais. Não criei a empresa para atender a Rumo.
Tenho mais de 500 contratos. Minha especialidade é enfrentar o crime organizado.”
Santini diz ter mais de mais de 10 mil funcionários. “Só de ferrovia temos mais de dez anos
de trabalho.” Segundo ele, a empresa que trabalhava anteriormente com a Rumo na
Baixada envolvia “policiais, crime organizado e ilícitos, inclusive com policiais”. Ele afirmou
que a CampSeg concluirá até julho a digitalização da segurança na região.

NEWSLETTER

Política
As principais notícias e colunas sobre o cenário político
nacional, de segunda a sexta.

INSCREVER

Ao se cadastrar nas newsletters, você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade.

O empresário admitiu que o capitão da PM Felipe Barboza trabalha para a CampSeg como
“consultor”, mas negou que ele tenha feito isso antes de se ter licenciado. Ao ser
confrontado com o fato de ele ter sido filmado com uniforme da empresa antes de sua
licença ser publicada, o empresário afirmou que ele estava em vias de obter a licença.
Além de Barboza, o grupo tinha ainda como administrador o gerente Vaz.

“Não estou aqui (na Baixada) para pegar bico; minha ideia é regularizar a operação, com
100% de funcionários registrados. Pela primeira vez vi o governo se interessar e combater
o PCC, que domina ali. Quem tem interesse nessa matéria? O PCC está pagando essa
matéria?” Santini disse não saber se os dois seguranças mortos em janeiro estavam
trabalhando para a CampSeg. E disse que, se for a responsável, “ela vai arcar”.

“Se tinha policiais? Tem. Com certeza, policiais da reserva, que eu nunca trabalhei com
policial da ativa.” Ele questionou como um capitão que está afastado teria poder para
acionar o Águia. “Para acionar o Águia tem de ser o comandante da região.” Segundo ele,
todo acionamento é feito por meio do 190, pela central da Rumo. “Se alguém acionou a
viatura no paralelo tem dois problemas: o cara chamou porque quis e a viatura foi porque
quis. Não é algo institucional.” Pelos trilhos da Baixada passam 30% do movimento o Porto
de Santos – foram 514 mil vagões em 2022.

A morte dos seguranças

Armado com fuzil, policial do COE é flagrado examinando o corpo de uma das vítimas

SECRETARIA E RUMO
A Secretaria da Segurança informou que “qualquer denúncia de trabalho fora da instituição
envolvendo policiais militares, salvo nas ocasiões em que estes estejam oficialmente
licenciados e sem vencimentos, conforme determina a lei, será devidamente apurada”.
Ainda segundo ela, “as circunstâncias dos fatos que culminaram na morte do policial
reformado Reginaldo dos Santos Conceição são investigadas por meio de inquéritos civil e
militar”. Ela destacou que “não compete à administração pública a avaliação de
contratações efetuadas por entes privados”.

Tanto a pasta quanto a Rumo Logística realçaram a importância do combate ao roubo e


furto de cargas. “Essa é uma das linhas de ação da Secretaria, que vem intensificando o
trabalho para identificação e desmantelamento do crime organizado”. A Rumo informou que
em 2022 foram registradas 80 ocorrências na ferrovia. Só “nos dois primeiros meses de
2023, foram mais de 200, todas registradas em boletins de ocorrência.” Segundo ela, esse
ataques visam furtos de grãos e combustíveis e colocam vidas em perigo.
Carro da patrulha rural do 39.º Batalhão da PM ao lado da linha de trem da Ruma: batalhão deslocou viaturas
do Comando de Grupo Patrulha 3 para região. Foto: Polícia Militar do Estado de São Paulo

Continua após a publicidade

Leia abaixo a íntegra das notas da Secretaria da Segurança Pública e da Rumo Logística
SA

NOTA DA SECRETARIA

A Secretaria da Segurança Pública informa que todas as circunstâncias aos fatos que
culminaram na morte do policial reformado são investigadas por meio de inquéritos civil e
militar, com o acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário e destaca que
não compete à administração pública a avaliação de contratações efetuadas por entes
privados. Toda e qualquer denúncia de trabalho fora da instituição envolvendo policiais
militares, salvo nas ocasiões em que estes estejam oficialmente licenciados e sem
vencimentos, conforme determina a lei, serão devidamente apuradas.

O combate ao roubo e furto de cargas é uma das linhas de ação da SSP que vem
intensificando o trabalho para identificação e desmantelamento do crime organizado. Ao
longo do primeiro bimestre deste ano, foi registrado um aumento de 61% nos casos dessa
natureza na região da Baixada Santista na comparação com o mesmo período do ano
passado. Esse resultado vai na contramão do restante do Estado, que registrou diminuição
de 13% no período. No endereço citado pela reportagem, desde o início do ano foram
registradas 68 ocorrências, ao passo de que no ano anterior foram oito. Por essa razão, as
forças de segurança intensificaram as atividades na região, inclusive com a realização de
operações com o apoio de equipes especializadas para reduzir os índices criminais,
inclusive ao longo da malha ferroviária.
NOTA DA RUMO LOGÍSTICA

As operações policiais de combate ao crime organizado na Baixada Santista, as quais


envolvem áreas de Inteligência das Polícias Militar e Civil, o Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (GAECO) e o Poder Judiciário, estão
sendo fundamentais para conter o aumento dos ataques feitos contra o setor ferroviário na
região.

Ao longo de 2022, foram registradas cerca de 80 ocorrências. Somente nos dois primeiros
meses de 2023, foram mais de 200, todas devidamente registradas em boletins de
ocorrência. Esses ataques, que visam furtos de grãos e combustíveis, colocam vidas em
perigo. Tanto as dos nossos funcionários quanto as das pessoas que vivem nas
comunidades próximas do trecho.

Continua após a publicidade

Essas ações causam reflexos na cadeia produtiva de vários estados das regiões Sudeste e
Centro-Oeste, que dependem do Porto de Santos para manterem suas atividades
econômicas e industriais. Três ferrovias têm em Santos o seu destino final ou inicial.
Cargas que vem de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e
Rio de Janeiro passam todas pelo sistema ferroviário da Baixada Santista.

As ações de organizações criminosas, se não forem freadas, prejudicam não apenas as


três operadoras ferroviárias que trafegam com mercadorias por aquele trecho, como
aumentam o custo Brasil e comprometem as exportações brasileiras.

A concessionária também conta com o apoio de empresas de segurança especializadas e


selecionadas seguindo critérios de competência e de reputação no mercado, dentre elas a
CampSeg.

As operações conjuntas de todos os atores envolvidos neste combate ao crime organizado


têm se mostrado efetivas até então. Para o bem de toda a cadeia produtiva brasileira e da
população que vive nas proximidades da linha férrea, é muito importante que elas tenham
continuidade até a solução definitiva do problema.

Sobre ocorrências envolvendo vítimas nesse combate ao crime organizado, a Rumo


lamenta profundamente o ocorrido, se solidariza com os amigos e familiares das vítimas, ao
mesmo tempo em que segue à disposição e contribuindo com as autoridades competentes.

A Rumo tem confiança na atuação das Policias Militar e Civil, do Poder Judiciário e
Ministério Público para que a situação seja resolvida de forma definitiva.

Assessoria de Imprensa da Rumo

Encontrou algum erro? Entre em contato

Compartilhe

Tudo Sobre

Secretaria de Segurança Pública Polícia Militar de São Paulo Rumo Logística

Guilherme Derrite

COMENTÁRIOS

Notícias relacionadas

1 2 3
Senado avança com ‘Lei Moro’ para ‘Lula falar em armação da PF of
enquadrar ações de milícias e de a mim e ao MP’, diz promotor ju
facções como terrorismo de morte pelo PCC
ATENDIMENTO

Correções Fale conosco

Portal do assinante Trabalhe conosco

Copyright © 1995 - 2023 Grupo Estado

Você também pode gostar