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NA PRÁTICA
POR VINICIUS LORENZI
ANGE
FUNDAÇÕES
SEM COMPLICAÇÕES
Quem é Vinícius Lorenzi
Bons estudos!
FUNDACÕES
SEM COMPLICAÇÕES
FUNDAÇÕES
NA PRÁTICA
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução de qualquer parte
deste material didático, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam
eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográficos, reprográficos, microfilmicos, fotográficos, gráficos ou quaisquer outros que possam
vir a ser criados. Essas proibições também se aplicam à editoração da obra, bem como às suas características gráficas.
Capa Imagens
Diagramação e alização
Alexandre Rossa
L868F
Lorenzi, Vinicius
Fundações na Prática / Dr. Vinicius Lorenzi. - Cascavel, PR: FSC Treinamentos em Engenharia
Civil Ltda, 2022.
ISBN 978-65-997652-0-9
22-1748
CDD 624.15
FUN
SEM
COMPLICAÇÕES
ÇÕES
Prefácio
A Engenharia brasileira tem um longo caminho a trilhar, quando comparamos a teoria vista
na faculdade e a prática do dia a dia. A verdade é que, independente disso, na obra, não se permite
erro. Não dá pra fazer de qualquer jeito, ser um profissional inconsistente, descuidado e esperar
bons resultados. Os frutos sempre mostrarão como é a árvore de verdade.
Trabalhamos com cálculos, com precisão, avaliando as melhores soluções técnicas que
atendam a complexidade cotidiana das obras. Para a Fungeo chegar a ser referência como é hoje,
foram anos de estudo, de trabalho, de planejamento e de bons resultados. No início, tínhamos
poucos recursos e um grande propósito, que nos trouxe até aqui. Pioneirismo, tradição e um
legado de honestidade, qualidade e compromisso com nossos clientes.
O retorno do Vinicius para a Fungeo, após sua formação, foi como oxigênio: sempre ágil,
impetuoso e muito ligado às tendências, compartilhou uma nova visão e agregou muito à empresa,
conquistando dia após dia seu espaço. Nada foi fácil ou "de mão beijada". O olhar estratégico
para estudar os cenários atuais, a força para enfrentar os desafios e, posteriormente, o dinamis
mo para gerenciar os papéis de sócio-diretor, de engenheiro de fundações e de professor, foram
fundamentais nessa jornada de crescimento.
Com orgulho, afirmo que você terá nessa obra, caro leitor, um reflexo dessa atitude: de
entender que o conhecimento prático aliado ao conhecimento acadêmico amplia o campo de
visão e fundamenta as melhores decisões. Que a prática possibilita a evolução; fazer, ajustar e
refinar para, aí, fazer melhor. Por fim, que a busca pela excelência é o que vai te levar mais longe,
para grandes resultados.
Recordo-me criança, com pouco mais de 10 anos de idade, sentado em frente ao meu pai,
ouvindo-o negociar obras de fundações. Recordo-me também das inúmeras idas ao banco, com
essa mesma idade, auxiliando minha mãe na gestão da empresa. Na hora do almoço, havia
apenas um único assunto à mesa de refeições: obras de fundações.
Tive o privilégio de respirar fundações por uma vida toda, afinal sou apenas 2 anos mais
velho do que a Fungeo, empresa familiar, responsável por grandes obras, algumas, inclusive, com
renome nacional, como as passarelas das Cataratas do Iguaçu e muitas outras.
Respirar fundações. Sempre estive imerso nesse universo e jamais me vi fazendo outra
atividade. O conhecimento prático, adquirido no escritório e nas obras da Fungeo, me trouxeram
até aqui.
Escrevi este livro como forma de agradecimento a todo conhecimento que recebi na minha
jornada profissional. Sempre senti a necessidade de compartilhar tudo o que sei, tudo o que tive
a oportunidade de aprender.
O que você encontrará neste livro é o meu conhecimento prático, é literalmente Fundações
na Prática, pois é a maneira como eu, enquanto profissional e baseado em normas e boas práticas,
enxergo e vivo o tema.
Esta obra não é para quem procura páginas e mais páginas de fórmulas infinitas que você
sequer vai usar no seu dia a dia profissional. O livro lhe ajudará a ter uma visão prática, cotidiana,
com aspectos e casos reais de obras, tornando o leitor alguém mais familiarizado com o assunto
e apto a atuar nesse mercado.
Nas redes sociais, o Fundações Sem Complicações nasceu como um canal para compar
tilhar conhecimento prático do meu dia a dia de obras e, agora, este livro traduz em palavras e
disponibiliza aí, nas suas mãos, a minha experiência prática.
Desejo a você, leitor e aluno, uma excelente leitura e que esta obra seja sua companheira
para ir para as obras seguro e confiante.
Vinicius Lorenzi
SUMÁRIO
1. PARTINDO DO PRINCÍPIO. 14
2. ENGENHARIA GEOTÉCNICA. 22
3. INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA 27
4. ENSAIOS DE CAMPO. 36
4.1 Standart Penetration Test (SPT). .39
116
6.5 Imprevistos durante a execução de fundações rasas...
..123
7.1 Estaca escavada
.139
7.2 Estacas escavadas com alargamento de fuste
..142
7.3 Estaca hélice contínua monitorada
.164
7.4 Estaca hélice monitorada com trado segmentado.
.166
7.5 Estaca hélice de deslocamento (estaca ômega)
.170
7.6 Estaca raiz.
.179
7.7 Estaca raiz inclinada..
7.8 Estacas metálicas, de madeira e pré-moldadas em concreto.186
.203
7.9 Estacas Strauss.
..216
7.10 Estacas mega..
.224
7.11 Estacas Franki..
..233
7.12 Estacão e estaca barrete.
.244
7.13 Tubulão a céu aberto
7.14 Estacas helicoidais Por Incotep - Sistemas de Ancoragem...257
PARTE 3-DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES..........267
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS.... 268
8. 8.1 Tensões admissíveis das sapatas. .268
.270
8.2 Métodos Teóricos.
.277
8.3 Métodos Empíricos..
.280
8.4 Métodos Semiempíricos.
.282
8.5 Dimensionamento estrutural da sapata.
.298
8.6 Verificação à punção.
..303
8.7 Bloco de fundação superficial..
.307
9.1 Resistência de ponta.
9.2 Resistência lateral .307
PARTE 1
CONHECIMENTOS PRÉVIOS
NECESSÁRIOS PARA
FUNDAÇÕES
1. PARTINDO DO PRINCÍPIO
Objetivos do capítulo
2. contratar material com qualidade ruim para a execução (por exemplo, con
creto com Fck inadequado para as fundações).
Outro motivo para aprender bem o assunto de fundação é o custo. Um bom projeto
e uma boa execução podem gerar economia na obra quanto a tempo, pessoal, materiais
e insumos (concreto, aço, escavação).
Uma variável muito importante, que por vezes é ignorada, é o tempo de obra. Ob
serve: um mês a mais de obra significa um custo muito elevado, pois demanda mais horas
de mão de obra, mais horas de equipamentos alugados e pode significar atraso na entrega.
Cada tipo de fundação possui um processo executivo específico, que pode demandar mais
tempo e insumos. Para evitar desperdícios, isso precisa ser analisado coerentemente.
Então, por que aprender fundações? Porque esse conhecimento permite tomadas de
decisões conscientes e bem-feitas. Essas escolhas podem reduzir custos globais, aumentar
a margem de lucros da obra, agregar valor e confiança ao engenheiro (projetista e exe
cutor) e, ainda, promover mais segurança estrutural e durabilidade ao sistema projetado.
15
PARTINDO DO PRINCÍPIO
Mas o que é a efetivamente uma norma? Uma norma técnica é um documento ela
borado por um conjunto de especialistas da área e que reúne uma série de prerrogativas,
recomendações e orientações para o melhor desempenho dos serviços de engenharia
(como projeto e execução, entre outros), em termos de segurança e qualidade.
Na prática, ela serve como um norte para todos os profissionais, seja para quem está
iniciando na área ou para aqueles que estão há mais tempo no mercado.
A atual norma brasileira de fundações (ABNT NBR 6122:2019), por exemplo, detalha
os requisitos mínimos que devem ser observados pelos engenheiros de fundações nos
serviços de projeto e na execução no território nacional, abordando grande parte dos
tipos de fundações existentes.
O que não é contemplado na norma atual? A norma não contempla alguns tipos de
fundação com aplicação restrita, como sapatas estaqueadas, radier estaqueados, estacas
de compactação, estacas tubulares, entre outros. A norma de fundações também deixa
de fora as metodologias em desuso, como caixões pneumáticos. Para essas fundações,
Vinicius Lorenzi
são usadas adaptações a partir dos tipos trazidos pela norma atual ou, ainda, normativas
estrangeiras.
Você não será visitado por um fiscal com crachá da ABNT para ver se sua obra
está correta, seguindo as recomendações da norma.
Por exemplo, você deve aprender que toda obra precisa de sondagem. A ABNT NBR
6122:2019 é muito clara! Mas tem um detalhe: há muita dificuldade em vender o serviço
de sondagem para o cliente, que muitas vezes o acha caro e desnecessário, a princípio.
17
PARTINDO DO PRINCÍPIO
Dica!
Fuja de clientes que não querem que você siga as normas técnicas por questões
de custos!
Na prática, funciona assim: vamos imaginar uma obra na qual você tenha sido o
responsável técnico e que esta tenha gerado algum prejuízo ao contratante. Logo, esse
problema poderá levar a um processo judicial após uma tentativa amigável de resolução,
caso as partes entrem em desacordo. Cabe lembrar que a avaliação feita pelo juiz é con
sequente à análise dos assistentes técnicos e peritos judiciais, ou seja, se foi ou não foi
realizada a obra conforme o que preconizam as normas técnicas.
Não seguir o que estar na norma por manipulação do cliente, a fim de reduzir custos
para ele, é um grande risco: o mesmo cliente que lhe pedir isso é aquele que vai lhe pro
cessar por uma falha na obra dele - e ainda vai lhe dizer: "você deveria ter me alertado!".
Vinicius Lorenzi
Cuidado!
Outro ponto importante a ser analisado é: o engenheiro deve sempre estar atento
às alterações de norma. Uma mudança de mentalidade é necessária ao começar a projetar
fundações: não basta se graduar e especializar e achar que já sabe de tudo para sempre.
Não basta seguir as normas; é preciso seguir o que preconiza a última versão da norma
ou a mais atualizada.
- Eu não sigo integralmente a última revisão da norma, pois está pedindo um Fck 25 Mpa em
estacas hélice contínua. Isso é absurdo, visto que até a norma de 1996 eu usava Fck 15 Mpa?
Aqui, existem dois erros: o primeiro é que a opção de seguir parcialmente a norma
não basta, é preciso segui-la integralmente; a segunda é que as atualizações normativas
são evoluções do processo dentro da engenharia e, sim, é fundamental que você esteja
atento a isso e sempre utilize a que está mais recente em vigor.
Uma vez que uma norma técnica entra em vigor, passa a ser obrigatório usar a versão
mais recente, principalmente o que preconiza a ABNT NBR 15575:2013 com as premissas
de segurança, desempenho e durabilidade.
Fique ligado!
Para resumir, seguir a norma corretamente na sua obra significa, na prática, resguardo
quanto a complicações judiciais futuras.
19
PARTINDO DO PRINCÍPIO
Cuidado!
Para ficar mais claro, vou apresentar um exemplo: se o engenheiro assina por uma
obra simples de um barracão e, anos depois, o novo proprietário decide fazer uma mini-in
dústria e há acréscimos excepcionais de carga, se ocorrer um sinistro, a responsabilidade
civil e criminal é do engenheiro, inclusive em casos graves, como óbitos.
Outro caso muito recorrente de irresponsabilidade é de alterações nos projetos
arquitetônicos que ocorrem durante ou após a execução de obras pequenas.
A compreensão do peso e do forte caráter jurídico da ART é fundamental para a boa
engenharia. E se eximir dessa responsabilidade em uma assinatura ilegal é algo totalmente
inadequado e criminoso.
Infelizmente, para falar da responsabilidade que uma ART carrega, podemos lembrar
de algumas tragédias que ocorreram no cenário da engenharia brasileira, como a que
aconteceu em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019 e que foi um dos maiores crimes
ambientais (e geotécnicos) da mineração do País. Fatos como a ruptura da barragem, a
responsabilização dos engenheiros geotécnicos e, principalmente, a prisão desses profis
sionais são marcantes para qualquer engenheiro.
Recordando esse triste fato, a avaliação dos fluxos de água e da barragem de rejeitos,
que era a função específica do profissional da engenharia geotécnica, não foi feita adequa
damente. Logo, eu diria que este não foi desastre ambiental e, sim, um crime ambiental
por falha na obra. O caso de Brumadinho gerou grande comoção e mobilização social pelo
elevado número de mortos.
20
Vinicius Lorenzi
Muitas ARTS de obras executadas, para além do status, geram grandes respon
sabilidades. A assinatura com consciência e responsabilidade gera confiança e torna o
profissional melhor, trabalho após trabalho. Se o serviço for executado conforme as nor
mas e as boas práticas da engenharia, bem como com seriedade, o engenheiro pode ter
segurança e tranquilidade.
Se você faz engenharia com gambiarra (ajuste técnico permanente), sinto em lhe
informar: o porte de obras que você atrairá continuará pequeno e o número de serviços
captados, escasso.
Por outro lado, se faz um trabalho com seriedade e qualidade técnica, atrairá facil
mente novos clientes, negócios e indicações. Uma base teórica forte aliada à experiência
prática ajudam o profissional a se destacar e a atrair obras maiores na vida profissional.
Sempre tenha em mente que o principal é buscar qualidade, ter responsabilidade
e fazer a coisa certa.
as
Caso de obra!
Uma vez, um amigo estava querendo projetar a fundação de sua casa. Ao me procurar,
ele disse: "Para essa fundação, vou usar 5 barras de 8 mm, com diâmetro de 250 mm
Perguntei a ele: "De onde você tirou que o solo é firme?" A resposta foi: "Um vizinho
daquela região me falou".
Vamos lá... Como saber se esse solo, de fato, é firme? De várias formas, menos da for
ma como meu amigo fez (há vários ensaios quantitativos para isso, que serão descritos
posteriormente). Então, a informação tomada como base por ele não veio de um estudo
de solo ou de uma avaliação geotécnica, mas partiu do que o vizinho orientou, ou seja,
do "achismo".
Com isso, podemos fazer uma reflexão importante: dados colhidos a partir de infor
mações de terceiros sobre o solo da região configuram parâmetros equivocados. Na
prática, muitas vezes o ajuste técnico da engenharia é falho, pouco refinado.
No caso citado, a informação preliminar partiu de uma premissa errada, o que levou
a
uma abordagem inicial de projeto equivocada. E qual é o motivo de estar errada? O fato
não ter vindo de ensaios geotécnicos, avaliações ou estudos de solo.
de
A consequência dessa atitude pode ser um projeto totalmente desconexo com o que
seria necessário na prática, sendo superdimensionado ou subdimensionado e trazendo
muitos prejuízos. Como as fundações ficam enterradas, às vezes se dá pouco valor a elas.
Por isso, em muitos casos são realizadas sem responsabilidade, senso crítico ou bom senso.
21
2. ENGENHARIA GEOTÉCNICA
Objetivos do capítulo
Cuidado!
As primeiras coisas que você precisa desenvolver enquanto engenheiro são o bom
senso e o raciocínio técnico que conduz ao senso crítico.
-Mas por que falar sobre bom senso e senso crítico dentro da engenharia geotécnica? Onde
isso se aplica?
Negado! Meu cliente buscou, então, outro profissional, que argumentava que poderia
solucionar aquele projeto em parede diafragma e laje de supressão. Sim, é claro que seria
possível, mas e o custo? A obra poderia absorver aquele custo?
A resposta é não! O custo daquela solução geotécnica encareceria muito o valor final
dos apartamentos, que se tornariam pouco atrativos para a venda e deixaria as margens
de lucro daquele cliente extremamente reduzidas.
Aqui vai uma observação: ninguém faz obra porque é legal, porque contribui com o
caráter social (isso pode até acontecer, mas não é razão para se executar obras), mas, sim,
23
ENGENHARIA GEOTÉCNICA
porque traz resultado financeiro! Portanto, esse tipo de entendimento é premissa básica
daqueles que querem atuar nesse mercado.
Caso de obra!
Olha que interessante: na cabeça do calculista que projetou a obra, se ele aumentasse ao
máximo o diâmetro (para o maior possível, por exemplo, de 1,20 metro), ele aumentaria
a resistência proporcionalmente. Foi fixado o diâmetro da estaca e trabalhou-se em
profundidades até encontrar a resistência necessária para aquela fundação.
Esse era, de fato, até então o maior diâmetro executado pelas máquinas atuais. Mas,
na prática, o mercado possui certa dificuldade em atender a esse tipo de diâmetro. Não
são todas as empresas que possuem equipamentos com diâmetros tão grandes, ou seja,
por ser um diâmetro incomum, apenas um número reduzido de empresas possuem e,
devido a esta escassez, consequentemente é maior o custo.
O calculista não tinha senso crítico e, muito menos, qualquer tato para fundações:
aumentou o diâmetro das estacas hélice contínua para, supostamente, aumentar a
resistência, o que é um erro em uma análise isolada! Além disso, apoiou a fundação em
material com resistência baixa (tensão admissível baixa). Um verdadeiro desastre! Cer
tamente, esse profissional não estava apto a atuar no mercado de projeto de fundações.
Como consultor, ao fazer a análise de custos da obra, logo percebi que se pudesse
reduzir o diâmetro da estaca e aumentar a profundidade chegando a cotas de maiores
resistências (ou seja, a t maior), teria uma redução de custos muito grande - o que,
de fato, concretizou-se.
Motivos da redução de custos: chegando uma cota com tensão admissível maior, foi
possível utilizar diâmetros menores, que custam menos e mais empresas conseguem
executar (têm mais equipamentos disponíveis que façam o trabalho). Além disso, é
menor o volume de concreto gasto, menor o volume de escavação e, ainda, menor of
consumo de aço.
- Vinicius, veja isso. O projetista locou o muro de arrimo invadindo o terreno do vizinho e
sugeriu fazer a casa no limite do terreno.
24
Vinicius Lorenzi
Como assim?! Não pode invadir o terreno do vizinho! Essa invasão é totalmente
inadequada. Falaremos sobre isso mais adiante.
O que percebo em situações como essa é que profissionais levam muito mais em
consideração o que um software está mostrando do que a experiência adquirida por um
profissional ou empresa.
Não é que o software não tenha valor, mas a solução não é ele quem deve entregar.
Você precisa alimentá-lo corretamente e, mais ainda, saber o que esperar dele como res
posta. O profissional que se forma hoje no Brasil já quer comprar seu primeiro software
para sair atuando na área. O caminho, acredite, não é esse. Nem sempre a solução do
software é a melhor. O papel aceita tudo! Se você não souber alimentar o software ou até
mesmo partir de premissas incorretas, a tendência é dar errado, independentemente de
toda tecnologia disponível. Software faz conta, mas não tem a capacidade de definir qual
é a melhor solução técnica para a sua obra.
Outro caso bem interessante que aconteceu comigo foi em uma obra de concorrência
(nessa tipologia, diversas empresas estavam orçando essa obra). Recebi o quantitativo
das estacas, avaliei as metragens estimadas e os diâmetros - era uma obra em estaca
hélice - e, então, passei a proposta ao cliente.
Alguns meses depois, tendo vencido a concorrência, minha empresa poderia começar
a executar. Solicitei o último projeto de fundação da obra, na sua versão mais recente,
para poder analisar e avaliar se não havia nenhuma interferência e para entender qual
equipamento efetivamente deveria enviar para a obra.
Lição fundamental: o engenheiro deve saber com clareza o que está projetando
e não apenas confiar irresponsavelmente (e cegamente) em softwares!
ENGENHEIROS FORTES
CRIAM OBRAS FÁCEIS.
ENGENHEIROS FRACOS
REFLITA!
A OBRA COMPLICADA É
UMA BÊNÇÃO:
Além disso, obras ainda são construídas no País com fundações escolhidas generica
mente, até mesmo sem um projeto. Isso é uma grande irresponsabilidade! Uma fundação
não pode ser executada sem um projeto!
Não dá para simplesmente adotar uma sapata 80 cm x 80 cm e achar que isso é sufi
ciente porque se trata da construção de uma casa. Uma coisa não tem nada a ver com a outra!
Não se pode projetar uma fundação sem saber nada do solo, por mais simples que ela pareça!
28
Vinicius Lorenzi
de
a
das
camadas
espacial
de
variabilidade
caracterizar
capaz
)
...
ser
deve
solo
presentes no subsolo, e a posição do nivel d'água, bem como ser capaz de fornecer
as características de resistência ao cisalhamento e compressibilidade de cada uma
das camadas de interesse à previsão do comportamento das fundações.
A investigação geotécnica não acontece apenas em uma etapa. Perceba: são várias
as análises que devem ser contempladas em uma campanha.
3 etapa Sondagem.
Dica!
Dentro da Engenharia temos diversas soluções construtivas, por exemplo, uma edifi
cação de concreto armado convencional comparada a uma estrutura em parede de concreto.
PRET
30
Vinicius Lorenzi
Por isso, nessa etapa, o projeto arquitetônico é muito importante. Mas e o projeto
estrutural? Com o passar do tempo, você vai tendo condições de prever uma expectativa
de cargas da estrutura, por isso, o projeto arquitetônico nesse momento lhe mostrará
informações mais valiosas.
Quanto mais dados você tiver nessa primeira etapa, melhor! Então, se já for possível
obter o projeto estrutural, ótimo! Mas, na prática, isso pouco acontece. A investigação é feita
muitas vezes conjuntamente com o arquitetônico, ou até antes. Quando acontece depois
do estrutural, ótimo, temos tudo o que precisamos para poder realizar uma campanha
investigativa adequada.
A segunda etapa é a busca por dados históricos de obras próximas a que será reali
zada a sondagem. Aqui, mapas geológicos, dados de empresas de sondagem e fundações
locais, e informações de obras vizinhas podem ser úteis.
- Ah, então vou pegar essas informações com os vizinhos e, assim, nem preciso realizar a
minha sondagem!
NEGATIVO!
O vizinho lhe disse que pegaria rocha com 10 metros e só foi acontecer isso com
20 metros: e agora? Nada é o fim do mundo! A geologia pode, sim, ter esse comporta
mento variável. Se dentro de um mesmo terreno podemos ter uma variação, imagina em
uma obra vizinha.
Essa busca por informações iniciais pode conduzir uma expectativa de resultados,
mas o que você realmente utilizará na sua obra vem agora na terceira etapa.
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
Na Mecânica dos Solos, existem amplas possibilidades de trabalho, por exemplo, nas
áreas de fundações, escavações, contenções e taludes, barragens e aterros. A previsão do
comportamento dessas estruturas variará muito de acordo com o que está sendo estudado.
Cuidado!
Por isso, vamos tratar sobre os ensaios de campo fundamentais para um projeto de fun
dações, explicando sua finalidade básica, na busca pela previsão do comportamento do solo:
▶ Ensaios laboratoriais: trazem parâmetros de resistência, coesão, resistência
drenada e não drenada, módulos do solo (avaliação de contenção, escavação,
barragem).
Vou lhe contar um segredo: não se usa ensaios de laboratório para dimensionar
fundações! Isso é muito raro. Por isso, para lhe levar direto ao objetivo, vamos focar nos
ensaios de campo.
Danziger e Lopes (2021) citam que, no caso de fundações profundas, que atravessam
várias camadas do subsolo, com perfis estratigráficos confusos/indefinidos, torna-se muito
complexo extrair amostras representativas/indeformadas. Além disso, o prazo disponível
à elaboração do ojeto costuma não ser suficiente para que se aguarde o cesso da
retirada de amostras até a execução do ensaio laboratorial.
32
Vinicius Lorenzi
Tenho, às vezes, certa preocupação quanto aos ensaios de laboratório. Eles podem
não demonstrar fielmente a realidade do local. A retirada da amostra pode ser realizada
de maneira indevida (não indeformada) e gerar parâmetros incorretos. Já no ensaio de
campo, é diferente (quando bem executado). Usamos a previsão de comportamento real
do ponto analisado, por exemplo, em um furo de SPT ou de rotativa.
ES
Caso de obra!
Imagine uma situação bem comum: uma construção de residência, muito simples de
ser realizada, por ter uma estrutura com baixas cargas. Neste caso, sem projeto de
fundações. A frase que vem na sequência você já sabe: construtor com "experiência".
E agora chegamos ao problema: classificação do solo feita por ele indica SOLO MUITO
O que percebemos disso? Que houve uma análise totalmente inadequada, inapropriada.
Veja: a classificação dos solos não é uma medida qualitativa (fofo, mole, duro, bom, ruim)
e, sim, uma medida quantitativa em termos de resistências e profundidades (por exemplo:
resistência aos 10 metros com NSPT de 10; tensão admissível de 3 kgf/cm²; 0,3 MPA).
Assim como outros materiais construtivos como concreto, aço são ensaiados e usa-se
Fck 20; Fck 30 no caso do concreto, por exemplo, o solo deve ser verificado quanto aos
seus parâmetros quantitativos. Mas que parâmetros são esses? Cito alguns:
▸
resistência do solo;
▸
resistência ao cisalhamento;
▸
resistência ao torque;
>
resistência a compressão;
▸
ângulo de atrito;
▶
nível d'água;
▶
estratigrafia do subsolo;
▸
coeficiente de permeabilidade;
>
módulo de elasticidade, entre outros.
Observe: nenhum ensaio fornecerá todos os parâmetros ao mesmo tempo.
A informação solicitada nem sempre é a informação necessária. De repente, solicito
uma sondagem CPT em um caso em que não necessito dela, ou seja, gero um custo a
mais para meu cliente e não obtenho os parâmetros que preciso.
A informação necessária nem sempre pode ser obtida. Mesmo com uma ampla cam
panha, uma varredura completa do solo, algumas informações podem não ser detec
tadas ou ser obtidas de forma parcial. Apesar da investigação complexa, pode haver
surpresas inesperadas.
33
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
O primeiro passo é entender que a sondagem será a base para o projeto de funda
ções, ou seja, ela precisa entregar informações completas do solo para que as melhores
decisões de fundação sejam tomadas. Uma sondagem incompleta é aquela que não dá
parâmetros suficientes para o projetista e que depois precisará sem complementada.
1. Avaliação do projeto arquitetônico
Vamos imaginar uma obra com dois pavimentos, um tipo de projeto muito comum
no nosso dia a dia, e que você precisaria, certamente, de uma boa investigação geotécnica.
=
2. Projeto estrutural
O cliente não enviou o projeto estrutural. Ele sequer contratou o projetista ainda, mas
precisa desse laudo de sondagem. Motivo para desespero? Não! Sabemos que a obra possui
dois pavimentos, logo, a carga estrutural não deve ultrapassar 80 a 100 toneladas por pilar.
3. Localização da obra
d) Nos mapas geológicos, não há nenhuma informação que auxilie nesse processo.
34
Vinicius Lorenzi
e) Um vizinho comentou que ali é uma região em que o nível do lençol freático
é alto, em torno de 3 metros.
a) Caso não tenha água (pois a informação do vizinho não é precisa), estacas
escavadas até 12 metros são comuns.
b) Caso tenha água, soluções em estaca hélice continua até 16 metros; estacas
pré-moldadas até 18 metros; estacas Strauss até 10 metros etc.
c) Essas profundidades são informações que você pode obter de executores locais.
Já temos vários cenários para a definição dessa profundidade de sondagem, e com base
nos diversos dados que temos, eu diria que sondar 20 metros seria bem-vindo nessa obra.
Será suficiente? Será que não é muito profundo? Não sei! Talvez seja. E se não for?
E se for muito? São perguntas que nós fazemos constantemente nesse tipo de definição.
Por isso se chama investigação geotécnica.
Caso seja pouco, uma sondagem complementar pode ser feita. Caso seja muito, você
poderá ter tido mais informações de profundidade do que o necessário, mas isso não trará
problemas, apenas gerou um pequeno custo maior.
- Vinicius, como você faz em suas campanhas?
Exatamente como mostrei aqui! A diferença é que o processo não termina quando
você define a profundidade. Ele continua na etapa da execução da sondagem, podendo
ser indicado quando uma sondagem pode terminar ou quando ela deve prosseguir.
O sondador precisa estar atento e deve informar sobre os resultados parciais da
campanha de investigação, para que o solicitante possa tomar a decisão final entre parar
a campanha ou dar sequência em profundidades maiores.
Por vezes, solicito uma sondagem de 15 metros, mas preciso prosseguir até
metros, por exemplo, pois o resultado aos 15 metros não satisfará as informações
necessárias para meu projeto.
Na Parte 3 deste livro, você aprenderá a projetar e, com alguns projetos dimensio
nados, você começará a ter senso crítico de análise.
35
4. ENSAIOS DE CAMPO
Objetivos do capítulo
Pode até parecer óbvio, mas não é bem assim. Você precisa conhecer os ensaios,
em termos de execução, mas também precisa saber quando os indicar ou contratar, se
for o caso.
37
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a
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Sísmicos
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hidráulica
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Ruptura
C
A
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-
Outros
B
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C
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C
C
placa
-
Ensaio
C
B
B
FDP
/
Palheta
-
B
C
C
C
B
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B
-
-
PressiômetCr o
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A/B
A/B
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B
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A
B
B
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Pressiómetro
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B
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B
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B
B
B
B
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B
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B
B
B
B
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B
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Sísmicos
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B
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SCPT
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C
C
B
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CPTU
A
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B
B
A/B
A
/
Pentrôme o
B
A
Piezocone
CPT
B
B/C
A
C
B
ENSAIOS DE CAMPO
A/B
Elétricos
C
Dinâmicos Mecânicos
B
C
B
C
-
C
/
-
A
C
C
C
Tipo solo
E
-
G
G₁
K₁
m₂
C₁
D₁
Grupo
Equipamento
OCR
Perfil
G
$
*
de
Parâmetros
Vinicius Lorenzi
SPT
CPT DMT PMT VST
Sondagem Ensaio Ensaio de
Ensaio Ensaio
de simples
de cone dilatométrico pressiométrico palheta
reconhecimento
39
ENSAIOS DE CAMPO
A resistência do solo, obtida na prática, por meio do NSPT é uma determinante para
a escolha da fundação, para decidir se será utilizada uma fundação rasa ou profunda e,
dentre elas, qual melhor solução técnica.
F
σ=
A
Tensão Admissível (do solo) é igual a Força (carga do pilar) divida pela área (da
sapata).
Nesse caso de baixa tensão admissível do solo, precisaríamos de uma sapata com
área de base enorme para equalizar a carga do pilar. Observe que, quanto maior é a tensão
admissível, menor é a área que vou precisar.
No caso das fundações profundas, precisamos desse ensaio para escolha do tipo
de fundação, dos diâmetros adequados das estacas e das profundidades de cada estaca,
utilizando para isso os métodos de capacidade de carga. O uso do NSPT leva a resultados
bastante satisfatórios, completos, permitindo boa avaliação do solo para dimensionamento.
Como é feito o ensaio? Conforme a norma ABNT NBR 6484:2020, o procedimento
do SPT consiste na perfuração e cravação dinâmica no terreno de um amostrador-padrão
com dimensões e energia de cravação normatizadas (pilão com massa 65 kg de massa
e altura de queda de 75 cm) a cada metro, resultando na determinação do tipo de solo e
de um indice de resistência, bem como na observação do nível d'água dentro do furo de
sondagem.
40
Vinicius Lorenzi
Roldana
Corda
Martelo de 65 kg ✓
cai de 75 cm
Operação
manual
repetidas vezes
Tripé
Guia
Haste
Furo de 2 1/2"
Amostrador
Martelo de 65 kg
cai de 75 cm Sequência executiva do ensaio SPT
repetidas vezes
Guia
Haste.
Amostrador
Acomodação 15 cm Trecho 1 N
N número 15 cm Trecho 2 N
de golpes ►
em 30 cm 15 cm Trecho 3 N
N=Nona + Ni
41
ENSAIOS DE CAMPO
Eles avaliarão dentro desse trabalho a quantidade de vezes que é necessário levantar
e soltar o martelo para atingir a resistência dinâmica.
Imagine três segmentos da haste: primeiro trecho, com 15 cm; segundo trecho, com
15 cm; e terceiro trecho, com 15 cm.
Dica!
Ao fim dos 45 cm, o operador abre o amostrador, coleta o material retido e manda
para o laboratório a inspeção geotécnica com amostras realizadas de 1 metro em 1 metro,
separadamente.
Vinicius Lorenzi
43
ENSAIOS DE CAMPO
Afinal, qual sondagem é a melhor? Quais são as restrições para cada uma das técni
cas de sondagem? De acordo com a norma, não necessariamente fornecerão os mesmos
resultados de índice de resistência.
Isso ocorre pois as energias de queda do martelo podem ser diferentes. Mas, aqui,
deixo uma observação importante e escrachada da realidade: você realmente acredita
que uma equipe de sondagem consegue levantar e soltar o martelo na altura PRECISA de
75 cm das 8 horas às 18 horas? Seria muita ingenuidade acreditar que sim!
A Tabela 4.1 expõe as alturas de queda de cada golpe obtidas pelos ensaios mecânico
e manual. Observou-se grande variação no método manual, com uma amostragem de
amplitude de 22,81 cm, comparado a uma amplitude de 0,69 cm do método mecanizado.
Tabela 4.1- Dados obtidos por meio da análise do ensaio mecânico e manual.
75,44
93.50
1
75,54 82,48
2
86,38
3 75,69
75,66 93,95
4
5 75,53
77,85
75,51
6 75,51
72,86
7 75,50
71,48
8 75,50
77,43
9 75,45
71,14
10 75,49
75,43 75,06
11
75,41
12 75,00
75,06 71,34
13
75,09 71,43
14
15 75,61 75,80
16 75,63 77,91
17 75,52 82,72
18 75,49 83,52
19 75,28 82,45
20 75,30 76,73
44
Vinicius Lorenzi
21 80,07
75,34
22 75.13 80,10
23 75,28 75,27
24 75.21 75,84
25 73,40
75,40
https://fundacoessemcomplicacoes.com.br
Que um solo com NSPT 34 é muito mais resistente do que um com NSPT 5, por
exemplo. Ou seja, quanto maior é o NSPT, maior é a resistência dinâmica do solo.
Assim, tem-se uma análise mais acurada acerca desse solo, com um conhecimento
muito maior sobre as capacidades e tensões admissíveis.
Podemos citar, resumidamente, alguns passos recomendados para execução desse
tipo de sondagem:
▸
sondar no primeiro metro (em 3 trechos de 15 cm, totalizando 45 cm):
▶
coletar amostra;
▶
recolher amostrador e colocar sistema de perfuração - lavagem com água
ou a trado;
▶
avançar 55 cm, para chegar no segundo trecho ou segundo metro;
▶
ao chegar ao segundo metro, recolher sistema de avanço e repetir o processo;
▶
recolher amostras a cada metro e enviar ao laboratório;
preencher o diário de campo.
Após a sondagem, o material coletado do amostrador-padrão é levado ao laboratório
de solos para que geólogos e/ou engenheiros geotécnicos façam a classificação tátil-visual
do solo e o relatório de sondagem SPT.
45
ENSAIOS DE CAMPO
Alguns passos devem ser seguidos para a correta classificação das amostras no
laboratório e realização de um relatório adequado.
▶ separar amostras SPT por furo e profundidades;
▸
observar as camadas e marcar as transições no relatório de sondagem;
▶
atentar-se às transições do solo pela mudança das características que podem
indicar mudanças na microestrutura e na composição mineralógica;
▶ notificar percolação, variações, seixos, amígdalas, solos com características
diferentes, entre outros;
Fique ligado!
É uma boa prática verificar nível de lençol freático, considerando variações ao longo
das épocas do ano. Períodos seco e chuvoso possuem níveis diferentes de lençol freático,
o qual pode, por exemplo, subir na época chuvosa e interferir nas fundações a serem
executadas.
Vamos imaginar que o cliente comprou o terreno e resolveu fazer a sondagem para
entender o comportamento do solo e definir as soluções de fundação para o caso dele.
46
Vinicius Lorenzi
Trago um caso de uma obra pequena, já locada e pronta para iniciar, com os equipa
mentos da fundação prestes a mobilizar para o canteiro de obras. Foram feitos três furos
de sondagem na época, em torno de 4 meses antes do início daquela fundação.
Na semana anterior ao início das fundações, foi realizada uma inspeção para verificar
o nível do lençol freático - basicamente, uma sondagem a trado, para verificar se o nível
d'água não havia sofrido alteração que pudesse impactar o projeto.
Recomendo que você faça essa validação com pelo menos uma semana de antece
dência. Esse período é importante por conta da margem de tempo para trabalhar caso haja
alguma alteração. É claro que, nesse caso, estamos falando de uma obra de menor porte,
no qual pequenas alterações não impactam em grandes mudanças. Em obras maiores,
isso precisa ser validado com maior antecedência.
No caso dessa obra, o nível da água variou de 10 metros para 8 metros de profun
didade (o nível da água subiu). Como a solução foi determinada em estacas escavadas
de 9 metros de profundidade, foi necessário rever o projeto e fazer as devidas alterações!
Solução prática
Uma dica nesses casos é rever os diâmetros das estacas utilizadas. Por exemplo:
estaca de 30 cm de diâmetro com 9 metros eu posso tentar validar (calculando, é claro)
para uma estaca de 40 cm de diâmetro com 8 metros.
Aqui temos seis pontos importantes:
O primeiro é a execução de uma sondagem a trado para verificação e validação desse
nível freático, e a segunda é deixar o furo de inspeção aberto (com uma tampa), para que,
assim que for começar a obra, possa medi-lo novamente. Claro que isso dependerá se o
solo é suficientemente coesivo para que tenha estabilidade; caso contrário, obviamente
você não conseguirá medir o nível de água.
47
ENSAIOS DE CAMPO
O quarto ponto é a locação correta (e, de preferência, gráfica) dos furos de sonda
gem. Essa informação é absolutamente relevante e mostra o local onde o furo de sondagem
foi realizado. É uma informação muito utilizada no momento do projeto de fundação.
Usualmente, em um projeto, busca-se compreender a distribuição das cargas na porção
onde o furo de sondagem foi realizado, o que torna fundamental esse tipo de locação.
Em obras de grande porte, como obras industriais, por exemplo, essa informação
é ainda mais relevante, pois posso ter diferentes obras dentro de uma mesma campanha
de sondagem.
es
Caso de obra!
Certa vez, fomos contratados para fazer uma grande campanha de sondagem SPT.
Tínhamos aproximadamente 120 furos para realizar a campanha! Era um parque indus
trial, com inúmeras obras dentro desse parque, e aquela sondagem estava caminhando
conjuntamente com a arquitetura. Isso é bom, não é? Nem tanto!
Estávamos na metade do trabalho e a locação das sondagens havia sido feito topo
graficamente, pois o terreno era muito extenso, em torno de 800 mil m², e então o
cliente oficializou uma mudança no layout da unidade, causando alteração na locação
de todos os furos de sondagem!
Aqui, vale lembrar que a quantidade de furos de sondagem não se dá pela área do
terreno, mas, sim, pela área implantada das edificações.
Pudemos aproveitar muito pouco daqueles furos já realizados; a maioria acabou ficando
fora das edificações, o que causou um custo não previsto naquela sondagem.
Nesses casos, quando você tem áreas muito extensas e projetos arquitetônicos ainda
não definidos, definitivamente não aconselho o início da campanha de investigação,
pois alterações podem realmente afetar o trabalho.
O quinto ponto diz respeito à cota topográfica, na qual a sondagem foi realizada. É
muito importante que seja sempre realizada a verificação da cota, com referência a algum
ponto escolhido na obra. Normalmente, adotamos o meio fio (quando obras urbanas)
como referência.
Por vezes, o arquitetônico define uma cota de implantação da obra e não leva em
conta possíveis declives ou aclives, o que é é ajustado apenas in loco. Se a sondagem
trouxer essa informação, o projetista consegue ficar atento e dimensionar corretamente
a fundação a partir da cota correta.
Vinicius Lorenzi
O sexto ponto faz referência à cota de parada da sondagem (que pode ser impene
trável ou não). Observe sempre se aquela parada foi causada por um material impenetrável
(rocha ou matacão) ou se foi determinada pelo executor e/ou contratante.
É uma realidade: a sondagem SPT não possui custo muito elevado, embora os valores
variem um pouco dependendo da região do país e da disponibilidade de equipamentos
em campo.
Lembre-se: por norma, o subsolo deve ser investigado desde a obra mais simples
até a mais complexa!
49
ENSAIOS DE CAMPO
Vejo que há uma questão cultural a ser combatida no País: a cultura de não se fazer
sondagem por achar desnecessário. Pode ser realmente difícil vender uma sondagem para
determinados tipos de obras em certas regiões...
De todo modo, não tem jeito: é preciso prospectar o solo. O que não se pode fazer
é iniciar a obra sem ter noção nenhuma do material das camadas do solo.
Darei um exemplo bem comum do que ocorre na prática. O cliente adquire um
terreno, aparentemente plano, todo gramadinho... o terreno dos sonhos para edificar ali
seu lar. Mal sabe ele que, antes da sua aquisição, o antigo dono do terreno fez o aterro
sem nenhum cuidado, e mais: com um monte de entulho!
Se após sondar, por outro lado, descubro que de 10 metros estimados inicialmente,
seriam necessários efetivamente 12 metros para a minha fundação, isso também é uma
grande vantagem! Nesse momento eu percebo que estou evitando uma fundação subdi
mensionada e um possível colapso futuro!
50
Vinicius Lorenzi
es
Caso de obra!
Em obras mais populares, como as obras financiadas pelo Governo Federal, os recursos
são escassos e é muito comum a execução de casas em série. Nesse caso, há sempre
Como especialista, qual solução você adotaria para essa investigação geotécnica?
Uma solução possível em um caso como esse é fazer algumas sondagens SPT e com
plementar com sondagens a trado, a fim de ter uma noção se há uma variação na
caracterização do solo, no terreno onde será executada cada residência.
51
ENSAIOS DE CAMPO
(503)
Fique ligado!
Cuidado!
3
A quantidade de furos deve seguir, pelo menos, o mínimo da norma ABNT NBR
6484:2020, norma atualizada recentemente.
4
O laudo deve conter as descrições básicas de como é realizado o ensaio, conforme a
norma ABNT NBR 6484:2020.
A ABNT NBR 6484:2020 designa as informações edeverão ser inseridas no laudo.
5
Por exemplo: "pouco compacta", "muito compacta". São designações qualitativas, não
trazendo informações numéricas precisas. Essa designação precisa ser traduzida em
números. Para isso, utiliza-se o Ner
6 Desenhos anexos: planta de locação dos furos; perfil individual dos furos; conclusões.
Algumas empresas ainda trabalham com SPT manual, entretanto, hoje se utiliza
7 também SPT mecanizado. Aconselha-se sempre acompanhar a execução da sondagem
para garantir que o trabalho está sendo feito corretamente.
O SPT automatizado garante a altura de queda correta; no caso do manual, a equipe
não necessariamente conseguirá manter o dia inteiro a altura indicada de 75 cm.
52
Vinicius Lorenzi
O local em que a informação do indice N aparece no perfil pode variar de laudo para
13
laudo. Algumas empresas deixam a informação a cada 15 cm e na sequência a soma
dos últimos 30; outras só indicam o valor final. Fique atento!
A caracterização geológica do material influencia tudo! Cada material, cada composição
14
geológica se traduz em um tipo de fundação diferente e gera impacto nas tensões
admissíveis e resistência das fundações. É preciso entender se é areia ou argila ou silte.
15
Atrito lateral, resistência de ponta ou resistência lateral falam sobre a resistência do solo.
O resultado da sondagem SPT deve ser analisado de maneira integral. Devemos
16
entender o nível d'água, o índice de golpes SPT (resistència), o material (caracterização
geológica), as cotas, a locação dos furos e a localização na qual o trabalho foi feito.
17 É interessante separar as camadas (e onde elas estão) para observar as modificações
das características geológicas.
Tonalidades e consistências: não são usadas nos métodos de cálculo. São usadas
18
para, por exemplo, escavações de tubulões/contenções ou, ainda, para verificar a
estabilidade do material.
Algumas empresas descrevem de metro em metro o que ocorre no solo. Deve-se evitar
19
preciosismos desnecessários e informações confusas para o leitor/cliente, que muitas
vezes pode ser leigo.
20 Os laudos devem ser compreensiveis: é importante que apareça cada uma das
camadas (os materiais podem variar muito entre elas).
No Brasil, já se buscou uma padronização, o que não deu certo. Na prática, cada
21
empresa faz o seu laudo. O que é importante é que as informações básicas estejam
nele e se não estiverem, você precisa solicitar que sejam inclusas.
Picos de resistência precisam ser analisados com critério, pois podem representar
22
materiais que antes não compunham o perfil de solo e que não representam a
realidade do solo.
Aterros muito antigos e bem compactados podem não ser detectados pela geologia.
23
Na sondagem, por exemplo, aterros com 50 anos de compactação feitos com material
de qualidade podem gerar esses picos de resistência que não representam a realidade
geológica da região.
24
O uso ou não do revestimento, e o fato do processo ter sido feito com água ou tricone,
não influenciam na leitura do laudo; só explicitam como foi feita a perfuração.
25
Outras informações fundamentais: cotas que demonstram aclives, declives e demais
variações de níveis, devem ser mostradas na locação dos furos.
53
ENSAIOS DE CAMPO
27
Conhecer previamente a geologia da região é interessante, no local em que será
realizada a investigação.
2
28
A locação do furo no perfil é uma boa prática, pois evita que o leitor tenha que voltar
na locação da sondagem para verificar onde foi realizado o furo.
2
É importante marcar a data de inicio de cada um dos furos. Isso pode ser importante
para avaliar se há variação em época de seca/chuva.
5
30
O parecer técnico não é obrigatório no laudo de sondagem, mas, para o cliente, é uma
informação muito importante.
5
31
Inserir o nome do profissional técnico responsável e que executou o laudo é
fundamental.
32
Não se recomenda lançar no laudo final as planilhas com resultados de capacidade de
carga sem observar outros critérios para a escolha das fundações.
O parecer técnico precisa ser bastante descritivo e demonstrar os resultados
33
encontrados para cada furo, além de outros detalhes da sondagem realizada.
34
No parecer técnico, pode haver a recomendação do tipo de obra a ser executada (em
termos de fundações, levando em consideração as restrições encontradas).
O laudo de sondagem sozinho não se traduz em resultado de fundação diretamente:
35 para projetar a fundação, deve-se entender as cargas estruturais e as limitações de
cada uma das possíveis técnicas de fundação.
4.4 CPT/CPTU
Quando buscamos parâmetros mais específicos, a sondagem SPT não traz a informa
ção necessária. Esse ensaio é muito utilizado em depósitos de argilas moles, por exemplo.
Os parâmetros geotécnicos nem sempre são obtidos pela sondagem SPT convencional;
nesses casos, outros ensaios como esse são necessários.
resistência encontrada na sondagem SPT com golpes entre 0 e 1 ao longo de uma camada
de 10 metros. Um resultado como esse entrega uma informação muito vaga.
Nesses casos, o CPT cumpre uma função que eu acredito ser a mais interessante de
todas: ele permite, com a cravação do equipamento (cone) no solo, entender as resistências
laterais e de ponta, ou seja, nesse ensaio é possível verificar de forma separada as parcelas
de resistência de atrito lateral e de ponta.
55
ENSAIOS DE CAMPO
Para solos com baixas resistências e solos muito arenosos, o CPT é bastante indicado.
Já em solos com alta resistência, como argila muito rígida, por exemplo, ocorre uma difi
culdade muito maior para esse tipo de cravação e, nesses casos, ele não é recomendado.
Veja o que a norma de fundações, ABNT NBR 6122:2019, diz sobre o ensaio:
Definição de norma
O principio do ensaio:
q=resistência de ponta;
» f = atrito lateral local.
e ainda a razão de atrito, definida por Rf, que é a relação entre fs / qc.
Nesse ensaio, é possível, ainda, inserir um transdutor de poropressões, obtendo mais
um parámetro geotécnico gerado durante a cravação, que é a poropressão (u).
O que precisa ficar claro é que um método mais automatizado, como o CPT, pode
gerar respostas melhores e mais precisas para determinados solos.
56
Vinicius Lorenzi
trecho sondado: cada avanço do cone permite avaliar cada trecho do solo e seu compor
tamento quanto à resistência de atrito e de ponta.
Por isso, normalmente os projetos de fundação, que usam a sondagem SPT, são
dimensionados de metro em metro. Por exemplo: estacas com 5 ou 6 ou 7 metros - não
é comum nem devem ser utilizados parâmetros quebrados, do tipo: 5,35 metros, pois
você não sabe o que acontece no intervalo para definir uma profundidade dessas. Já na
sondagem CPT, isso é possível, uma vez que o resultado integral ao longo da profundidade
permite entender as respostas do solo que a SPT não consegue fornecer.
Esse tipo de ensaio faz uso do equipamento automatizado que conta com sistema
de aquisição de dados e permite a entrega de um relatório completo do que foi sondado.
Qual é a razão disso? Algumas variáveis impactam a realização do ensaio, mas o alto
custo é a principal delas, uma vez que um número restrito de empresas possui os equipa
mentos e normalmente estão localizadas nos grandes centros urbanos, muito distantes de
cidades interioranas. Outra razão se dá pela cravação do cone, que, em argilas de maior
resistência, não consegue realizar o ensaio. Ou seja, há a necessidade de um conhecimento
prévio das condições geológicas locais para definir se esse tipo de sondagem pode ou não
ser empregado.
Mais uma razão para a baixa utilização desse ensaio é que há uma cultura nacional
que dá preferência aos resultados da sondagem SPT para o dimensionamento de fundações.
Pouco se aprende nas faculdades e pós-graduações acerca da utilização do CPT como
ensaio para dimensionamento de fundações.
57
ENSAIOS DE CAMPO
de carga de estacas, como os métodos indicados por Fernando Schnaid em seu livro Ensaios
de Campo e Suas Aplicações à Engenharia de Fundações:
Normalmente, esse tipo de sondagem está vinculada a uma Sondagem SPT ou,
ainda, à indicação de Sondagem Mista, que consiste na realização de uma investigação
Vinicius Lorenzi
geotécnica que inicialmente é dada pela SPT, até a camada impenetrável e, partir dessa
camada, pela Sondagem Rotativa para investigação do material rochoso.
Cuidado!
Afinal, por qual razão eu precisaria utilizar uma sondagem rotativa? Qual seria o
motivo de eu avançar na investigação da rocha se eu sei que a Sondagem SPT não conse
guiu avançar além daquela camada?
59
ENSAIOS DE CAMPO
Ao finalizar uma sondagem rotativa, são coletadas amostras desse material rochoso
em uma caixa de amostras cilíndricas enumerada, contendo as profundidades sondadas
organizadas em horizontes desde o solo até fragmentos de rocha să.
É bem simples! Você precisa olhar metro a metro a qualidade da composição da rocha
em suas alterações até chegar no material são/integro. Passa, ao longo das profundidades,
desde o solo (rocha alterada), a blocos de rochas, matacões, pedregulhos e posteriormente
rocha sem fratura, sã, com RQD muito alto.
- Ok, Vinicius, mas o que é ROD?
Observe que em um material bem alterado (uma rocha muito fraturada), a tensão
admissível será muito menor do que em uma rocha sã. Uma rocha alterada pode possuir
uma tensão admissivel de 5 ou 6 kgf/cm², enquanto uma rocha sã pode ter tensões ad
missíveis de 20 a 25 kgf/cm².
60
Vinicius Lorenzi
Uma rocha não intemperizada, sem fraturas ou desagregações, tem muito maior
resistência que uma fraturada. Ou seja, capacidade de suporte muito maior.
Dica!
Usamos muito no dia a dia a expressão "taxa 5", "taxa 6", que se
refere à tensão admissível de 5 kgf/cm² ou 6 kgf/cm², respectivamente.
AS
Caso de obra!
Em uma obra, no interior do Paraná, foi solicitado um orçamento para a Fungeo executar
as fundações em estacas raiz. Era uma obra grande e havia um projeto de fundações,
com as definições claras acerca dos diâmetros e profundidades dessas estacas, em suas
parcelas de solo e rocha.
No mesmo momento que recebi o projeto, solicitei a sondagem rotativa da obra, pois
eu precisava entender o material que perfuraria, a dureza da rocha nesse caso é uma
variável importante na definição de preços da estaca raiz. Entretanto, o cliente negou
o meu pedido, falou que o projeto era claro e que se eu quisesse orçar a obra, deveria
orçar daquela maneira!
RECUSE!!
Sim, claro que recusei! E, por sinal, isso acontece praticamente todas as vezes que me
61
ENSAIOS DE CAMPO
Talvez você esteja aí, indignado, pensando: Não é possível que uma obra desse
porte vá recusar a execução de uma Sondagem Rotativa que custa menos do que 3%
do valor da fundação. Mas, sim, isso é possível e foi assim que aconteceu.
Perdi a obra, claro! Passados mais ou menos dois meses, meu telefone tocou.
-Oi, Vinicius. Aqui é o Fulano da obra que você recusou em função de não ter uma rotativa.
Então, tivemos um problema lá na obra!
-Foi sim, Vinicius. Inclusive vou te mandar a sondagem e o novo projeto de fundação para a
obra. Gostaria muito de, daqui para a frente, contratar sua empresa para nossas obras.
De fato, não apenas essa, mas acabamos realizando outras obras para essa empresa,
uma vez que houve a percepção de que aquela solicitação não era algo comercial com o
intuito de apresentar um serviço adicional de sondagem (isso porque a Fungeo também
realiza sondagens rotativas).
A maior lição neste caso é: você precisa entender o material que a fundação perfu
rará! Não se pode imaginar ou supor que a partir da profundidade que a sondagem não
alcançou, você tenha resultados esperados, do tipo: rocha!
Desconfie! Qual rocha? Qual é a resistência dela? É realmente uma rocha? Será que
não temos ali um matacão ou coisa parecida? Lembre-se: é com informação real que você
projeta uma fundação e não com suposições de resistência.
62
Vinicius Lorenzi
O ensaio demonstra a capacidade de carga que aquele solo onde estou ensaiando
in loco, possui. Ou seja, a capacidade de suporte da cota específica.
Ele é feito a partir da aplicação de uma carga sobre uma placa rígida, de aço ou con
creto, que está apoiada sobre o solo. Para realizar o ensaio, podemos usar uma cargueira
ou tirantes, isto é, um sistema de reação (Figura 4.9).
bomba hidráulica;
▸ macaco hidráulico;
▶
conjunto de reação, que aqui pode ser divido em:
>>>
cargueira (na prática, é utilizado um caminhão ou equipamento com car
ga elevada, como uma escavadeira hidráulica como reação para a placa);
>>> tirantes no solo.
63
ENSAIOS DE CAMPO
▶
deflectômetro/relógio comparador (utilizado para a leitura dos deslocamentos
da placa).
Legenda:
Carga de reação
(3) Solo
+2 (4) Deflectômetro
5 Placa Ø 80 cm
6 Viga de transição
7 Célula de carga
8 Macaco hidráulico
Legenda:
1 Viga de referência
(5) Placa 80 cm
Veja: a placa ensaia o solo. Damos cargas no macaco; jogamos carga na bomba, de
5, 10, 15 toneladas; e lemos a deformação da placa. Sequencialmente, construímos um
gráfico carga deformação para analisar a capacidade de suporte do solo no elemento
onde apoia a fundação.
No caso dos tirantes, devem ser executados no solo e apoiar uma viga de reação
para que então haja uma reação no macaco e se possa executar o ensaio.
64
Vinicius Lorenzi
MINHAS ANOTAÇÕES
65
US S
SECT
ENGENHEIRO, ENTENDA!
R$ 100MIL VÊM DO
TRABALHO INTELIGENTE.
SEU PRIMEIRO
R$ I MILHÃO
Muitos podem ser os imprevistos que ocorrem durante uma sondagem, desde ques
tões relativas ao próprio maquinário, a faltas e falhas dos operadores, imperícia, má-fé ou,
ainda, surpresas do próprio solo.
E podem, sim, ser um problema! Imagina você apoiar uma fundação de uma obra,
com cargas elevadas em cima de um material que está solto no maciço. A sondagem SPT
não o atravessa, mas uma carga elevada pode facilmente gerar um deslocamento acima
do admissível e causar danos a obra. Por isso, normalmente são um problema.
A conclusão real do caso apresentado: no segundo e terceiro furos, o equipamento
de sondagem SPT chegou em um matacão e o topo rochoso, na realidade, está em uma
camada diferente daquela imaginada inicialmente.
-Se minha solução de fundação for em estaca escavada com 10 metros de profundidade, o
que ocorre se eu tiver matacão no terreno?
Não necessariamente você terá problemas em sua obra, pois você pode ser uma
pessoa de muita sorte. Mas se não tiver muita sorte, em alguns pontos do terreno poderá
68
Vinicius Lorenzi
Em um mesmo terreno, pode haver regiões com ou sem matacões que podem
modificar as soluções de fundações e gerar problemas complexos em obras. Em uma
situação assim, talvez precisaríamos até mesmo adotar uma solução mais onerosa como a
estaca-raiz para atravessar esse material rochoso ou ainda tubulões manuais para escavar
e chegar até ele.
Exemplo: seu terreno tem 20 metros x 40 metros, e a metade inicial dele constitui-se
de um solo siltoso até os 4 metros de profundidade. Em contrapartida, na metade final,
esse solo é caracterizado por um material orgânico nos primeiros dois metros.
- Vinicius, posso apoiar minha fundação nesse tipo de solo? Posso apoiar minha sapata?
NEGATIVO!
Solos como esse não são interessantes para apoiar fundações. Um apoio como esse
para uma fundação direta, por exemplo, seria desastroso.
Caso de obra!
Uma aluna da pós-graduação certa vez me contou sobre uma obra na cidade dela na
qual essa caracterização ocorria.
O prédio contava com 2 torres de 20 pavimentos cada e com salão de festas entre
elas, ao fundo do terreno. A obra foi feita adequadamente, com todas as investigações
geotécnicas necessárias. A fundação para as torres foi bem projetada e bem executada,
em hélice contínua, com 27 metros de profundidade.
69
ENSAIOS DE CAMPO
Para quem está fazendo torres com esse número de pavimentos, fazer o salão de festa
seria "mamão com açúcar", pois não precisa nem de sondagem, certo?
E foi justamente esse o problema: nessa área do fundo do terreno havia muito material
orgânico (solo podre) em uma camada intermediaria, entre 2 e 5 metros de profundi
dade, sem a mínima resistência.
A obra das torres estava em fase de acabamento e logo chegou o momento de executar
o salão de festas. A estrutura foi definida em pré-moldado e a fundação ficou a cargo
do encarregado definir in loco (mais um erro). Ele especificou sapatas com dimensões
de 1 metro x 1 metro apoiadas a 1,5 metro de profundidade.
Obviamente não havia nenhum problema nas torres, mas aquela falha foi terrível para
a imagem da empresa - "Poxa, os caras não sabem fazer sequer uma obra simples,
quem dirá uma edificação de 20 pavimentos!". Não era bem assim: o que faltou foi a
empresa ter mantido o padrão de qualidade adotado nas torres.
Moral da história: não importa a obra, faça bem feito! Faça uma sondagem adequada,
um bom projeto de fundação e uma correta execução.
Divulgaram que todos esses ensaios estavam sendo feitos, pois as torres estavam
tortas, sem que, na realidade, houvesse problema algum! Aqueles ensaios eram tão inco
muns na região que alguém divulgou essa barbaridade pela cidade.
Estava eu fazendo uma palestra em uma universidade da cidade quando citaram
esse "recalque"! Disseram, inclusive, que havia japoneses fazendo congelamento das
estacas para recuperação estrutural (não me perguntem que processo é esse, porque eu
também não conheço).
70
Vinicius Lorenzi
a)
Se o número de golpes ultrapassarem 30 golpes em qualquer dos três seg
mentos de 15 cm.
b)
Durante a aplicação de 5 golpes sucessivos do martelo, se não observar
avanço do amostrador-padrão. Nesse caso, após retirar o amostrador, deve
-se iniciar o ensaio de avanço da perfuração por circulação de água.
c)
O ensaio de avanço da perfuração por circulação de água deve ter duração
de 30 minutos, anotando os avanços do trépano obtidos em cada período
de 10 minutos.
4.
Critérios de paralisação da sondagem
De acordo com a ABNT NBR 6484:2020:
▶
O critério de paralisação das sondagens é de responsabilidade técnica do con
tratante ou de seu preposto, e deve ser definida de acordo com as necessidades
específicas do projeto.
▶
Na ausência do fornecimento do critério de paralisação por parte do contra
tante ou preposto, as sondagens devem avançar até que seja atingida uma
das seguintes condições:
a) avanço da sondagem até a profundidade na qual tenham sido
obtidos 10 metros de resultados consecutivos indicando N iguais
ou superiores a 25 golpes;
ou superiores a 35 golpes.
71
ENSAIOS DE CAMPO
( ) A Sondagem Rotativa deve ser feita toda vez que alcançado o impenetrável em uma
sondagem SPT.
( ) A Sondagem CPT é sempre a melhor solução para uma obra, por isso é a mais utili
zada Brasil.
SOLUÇÕES SUGERIDAS
1. Na realidade, depende do tipo de obra e sua complexidade. Obras menores nor
malmente exigirão menos furos; em obras maiores, são necessárias uma quantidade
superior.
A ABNT NBR 8036:1983, no item 4.1.1.2, estabelece: "As sondagens devem ser, no
mínimo, de uma para cada 200 m² de área da projeção em planta do edifício, até
1.200 m² de área. Entre 1.200 m² e 2.400 m², deve-se fazer uma sondagem para cada
400 m² que excederem 1.200 m². Acima de 2.400 m², o número de sondagens deve
ser fixado de acordo com o plano particular da construção".
Em quaisquer circunstâncias, o número mínimo de sondagens deve ser:
a) dois para área da projeção em planta do edifício até 200 m²;
b) três para área entre 200 m² e 400 m².
Quanto à locação dos furos, a NBR 6484:2020 cita: "A locação dos furos de sondagem
em planta deve ser fornecida pelo contratante. Nesta planta, deve constar a referência de
nível (RN), com cota preferencialmente georreferenciada, adotada para o nivelamento
dos pontos de sondagem. Na falta de dados sobre a referência de nível, deve-se adotar
um RN arbitrário, fora do perímetro da obra (guia, calçada etc.)."
2. Realizar outro furo auxiliar para compreender o que está ocorrendo solo é
primeiro passo. Usualmente, faz-se um ou dois furos em um raio de 5 metros de onde
foi feito o primeiro furo para avaliar se aquela característica permanecerá. Também
pode ser necessária uma sondagem rotativa. Isso é mais comum do que parece! Você
72
Vinicius Lorenzi
viu neste livro que uma das variáveis para definir a profundidade euma sondagem é
o conhecimento geológico local, que nem sempre existe! Ora, eu posso projetar uma
fundação em uma região geologicamente desconhecida e a sondagem me mostrará a
caracterização daquele solo, mas como eu só tinha a informação do número de pavimen
tos da obra, solicitei uma sondagem até os 20 metros. Entretanto, a sondagem mostrou
um resultado divergente daquele idealizado inicialmente. O que não é um problema!
3. Devo me preocupar com a segurança da minha obra? Sempre! Mas, neste caso, a
pergunta não é essa. O fato de não alcançar o impenetrável (rocha) não necessariamente
é um problema! Isso dependerá do tipo de obra e da resistência necessária. Em muitos
casos, as fundações não são apoiadas em material rochosos, logo, não necessariamente
é obrigatório que uma sondagem chegue até essa camada.
4.
c) (F) Não é o tipo de sondagem mais realizado no Brasil. Além disso, não necessaria
mente será a solução ideal para a obra. Depende de uma série de fatores.
73
)
m
( ENSAIOS DE CAMPO
/
m
)
(
Relatório de Sondagem N° 030921
de
30
Cota relação R.N.
fi
c
Final
30 cm finals
Cota Inicial
S
98,700
Perfuração
Fure SPT 02
n
m
Revestimento
Pa
NA
30 cm iniciais
T
Processo
India
1.00
0 0 0
1 1 1 2
1 2 3
1 2 2 4
2 2 3 5
4
2 3 7
3 3 5 8
Perf.C.A.
3 5 7 12
5 9 11 20
10,12
11
5 8 13 21
12
5 8 10 18
13,45
13
13,45
5 8 8 16
14 ARGILA SILTOSA, TONALIDADE ROKA A ROXA
7 10 10 20 ESCURA, ALTERAÇÕES AMARELADAS E EN
8 9 15 24
115,45 PONTUAIS ESBRANQUICADAS, PERCOLAÇÕES
16
COM CORES ESCURAS, CONSISTENCIA RIJA A
MUITO REA
15,45
..
17
18
20
..
22
123
124
.......
SPT 09 SPT 08 SPT 07 SP1 06 SPT 05 SPT 04 SPT 03 SPT 02 SPT OF WIDE
SE
SPT 19
33
●●
SPT 10 SPT 11 SPT 12 SP1 13 SPT 14 SPT 15 SPT 16 SPT 17
SPT 180
74
Vinicius Lorenzi
/
/
Relatório de Sondagem N° 030921
Perfuração )
m
)m
)
(
m
(
30cm
(
Final
Cota relação RN.
Camadas
finalSs
Revstimento
peneg
93,350 30 cm finais
de Fure SPT 10 Cota Inicial
torl
PT
apde
isc
€1,900 30 cm Inicial
N.A. Cota Final
Proces o
-
18 0 0 0 0
1 1 1 2
1 1 1
2
1 2 2 4
ARGILA SILTOSA, COR MARROM AVERMELHADA,
2 2 2 4 SEM TEXTURA INTERNA, CONSISTENCIA MUITO
MOLE AMÉDIA
2 2 2 4
2 3 3 6
3 3 4 7
8,45
fineferr
.
6 6 7 8,45
13
Perf.C.A. 9 16
ARGILA SILTOSA, TONALIDADE ROXA,
23 9,45
39
ALTERAÇÕES AMARELADAS, PERCOLAÇÕES COM
14 22 35 57
10
CORES MESCLADAS, CONSISTÈNCIA REA
9,45
20 11
34 58 11,45
92
ENCOTRADO 17
NÃO
N.A.
22
23
|મ
NA NÃO ENCONTRADO
.....
SPT 09 SPT OB SPT OF SPT 06 SPT 05 SPT 04 SPT 03 SP1 02 SPT 01
SPT 19
.........
SPT 10 SPT 11 SPT 12 SPT 13 SPT 14 SPT 15 SPT 16 SPT 17
SPT 18
75
ENSAIOS DE CAMPO
Descrição da sondagem
A terceira camada foi encontrada apenas no furo SPT 10, onde a argila siltosa apre
senta tonalidade amarelada, alterações esbranquiçadas e esverdeadas e percolações com
cores mescladas. A consistência é dura.
Indice de resistência à
Solo Designação
penetração (N)
<4 Fofa(o)
19 a 40 Compacta(o)
Mole
3a5
Média(o)
6 a 10
Argilas e siltes argilosos
11 a 19 Rija(o)
20 a 30 Muito rija(o)
> 30 Dura(o)
No primeiro furo, que foi limitado até os 15 metros, há uma resistência abaixo de
25 golpes nos 15 metros da sondagem. Já no segundo furo, a resistência ultrapassa os
50 golpes aos 10 metros e alcançou-se material impenetrável aos 11,45 metros! Ou seja, em
termos de capacidade de resistência do solo, você tem, em um mesmo terreno, diferentes
capacidades de suporte!
Quanto ao nível do lençol freático, referência básica para a tomada de decisões acerca
do tipo de fundação escolhido, no primeiro furo com 10 metros foi encontrada água, já no
segundo não foi encontrado NA.
76
Vinicius Lorenzi
Ou seja, você pode ter a necessidade de projetar mais de uma solução de fundação
em uma obra dessas (o que é perfeitamente normal) dada a diferença de altura do NA
em diferentes regiões da obra.
Isso explica um pouco a diferença de resultados dos dois furos e mostra também
que, quanto maior for a diferença que eu tenho, mais sondagens eu preciso fazer para
entender integralmente o comportamento do meu solo.
Por fim, completo que em relação ao tipo de material encontrado e caracterizado,
há um solo predominantemente com argila siltosa, do início ao fim do perfil.
Possíveis soluções de fundações para a obra: estacas escavadas até o nível do
lençol freático.
77
)
m
( ENSAIOS DE CAMPO
/
/
)
)
m
m
N° 081921
(
(
Relatório de Sondagem
Perfuração
30
Cota relação R.N
Camadas
Pure SPT 01
fi
30 cm finais
cS
Cota Inicial 1870,000
penet
nP
FinalNA
Lat: 7.195.075,916
gr
a
m
oa
de
Revestimento
lc
30 cm inicials
pi
l
eo
Ts
s
Long: 452.856,466 Cota Final 1062,400
Processo
Indice
Prof. SPT- Standart Penetration Test
1,00
de 10 20 30
d
7³1 0 0 0
HT + + 45 39 HE 60 0
2 4 5 9
TH 4 H 1
AVERMELHADA, SEM TEXTURA INTERNA,
CONSISTENCIA MOLE A MEDIA
:
4 9 Alterações acinzentadas
3 4 9 em 5,45m.
Perf.C.A.
5
6,45
2
6,45
10 10 20
00NWww
7
7,60
11 60/09 SILTE ARGILOSO, TONALIDADE MARROM CLARA,
.
ALTERAÇÕES AMARELADAS E ACINZENTADAS,
.
PERCOLACÕES COM CORES MESCLADAS,
CONSISTENCIA MUITO RIJA A DURA
10
Ocorrência de grânulos
11
e seixos em 6,45m e 7,45m.
7,60
(
)
m
N° 081921
)
m
(
Relatório de Sondagem
(
30fc
30 cm finals
Revestimento
CamadPa
SnP
penetr
Lat: 7.194.967,918
FinalNA
30 am Inicials
m
al
Perfuração
ro
Long: 452.882,580
E
ga
sf.
ol
ç
d p
ã
Indice
e
10 20 30
1⁹1 0 0 0 0
3 4
4
ARGILA A ARGILA SILTOSA, COR MARROM
4 5 6 11 AVERMELHADA, SEM TEXTURA INTERNA
CONSISTENCIA MÉDIA A RIJA
5 6 6 12
5.45
4 5 5 10
SAS
5 9
3 4
ARGILASILTOSA, TONALIDADE ROXA,
ALTERAÇÕES PONTUAIS ESBRANQUICADAS,
.
2 4 5 9
77.45 PERCOLAÇÕES COM CORES MESCLADAS,
7,40
3 4 5 9 CONSISTENCIA MÉDIA 7.45
.
PerfC.A
5
S 4 5 9
6 7 13
5
11 CONSISTENCIA MÉDIA A DURA
5 6 5 11
12 Ocorrência de grânulos
4 6 11 17
13
e seixos em 14,30m.
7 10 15 25 14,30
14 14,30
53 60/11
78
Vinicius Lorenzi
Descrição da sondagem
a)
Na primeira camada perfurada, a argila siltosa apresenta tonalidades marrom
avermelhada e ausência de textura interna. A consistência varia de mole a rija.
b)
Na segunda camada, a argila siltosa apresenta tonalidade roxa, alterações
pontuais esbranquiçadas e percolações com cores mescladas. A consistência
varia de média a rija.
c)
Na terceira e última camada, o silte argiloso apresenta tonalidade marrom
clara, alterações amareladas e acinzentadas e percolações com cores mes
cladas. A consistência varia de mole a dura.
O tipo de solo encontrado variou pouco nas duas sondagens. O que houve foi a
variação de nível de água; no primeiro furo não foi encontrada água e, no segundo, há a
presença aos 7,40 metros.
O detalhe é que nesta obra, as cargas são elevadas (diferentemente dos 3 pavimen
tos da obra anterior), ou seja, temos que pensar que soluções que suportam pequenas
capacidades de carga não são indicadas.
- Se a cargo é alta, não deveríamos executar uma sondagem rotativa na primeira sondagem
para entender melhor se temos ali um matacão ou uma rocha?
Com certeza! Nesse caso, seria fundamental uma sondagem rotativa que definiria
o tipo de material impenetrável. Caso seja uma rocha, a solução é mais simples de ser
idealizada. Já no caso de um matacão, ou algum material inapropriado para o apoio da
fundação, outro tipo de solução de fundação precisaria ser previsto.
Possíveis soluções de fundações para a obra: estacas escavadas de grande diâ
metro; ou ainda um tubulão a céu aberto, no primeiro furo (tomando como base que o
material é rochoso na sua base) onde não foi encontrada água; estacas hélice contínua ou
estacas pré-moldadas de concreto no segundo furo.
Obra 3) Nesta terceira obra, estamos diante de outro desafio: o das obras de silos de
armazenamento de grãos. Trata-se de uma unidade de armazenamento completa, onde
serão implantados diversos silos de grande porte, além de estruturas menor carga, como
balanças, tombadores, silos pulmão etc.
Assim, é uma obra com magnitudes de cargas distintas - obras maiores, com cargas
elevadas; obras menores, com cargas baixas.
79
ENSAIOS DE CAMPO
/
)
m
m)
(
N° 081721
(
Relatório de Sondagem
de
30fc
Cota relação R.N.
30 cm finais
sep d
Revestimento
i
S
Cota Inicial 459.500
nP
Fure SPT 02
Final
m
al
Perfuração
30 cm inicials
Ts
Cota Final 439,050
NA
Processo
ndice
SPT- Standart Penetration Test
10 20 30
7⁹1 0
0 0 0
1 1 1 2
•
1 1 1 2
1 1 1 2
TH 2 3 3 6
4 5 6 11
5 5 5 10
5 5 10
4
10
6 6 12
5
12,45
3 4 7
3
1212,45
3 4 5 9
5 6 11
13
ARGILA SILTOSA, COR MARROM AVERMELHADA,
5
SEM TEXTURA INTERNA, CONSISTENCIA MEDIA
PerfC.A
3,40 14
6 6 12 ARDA
6
15
16,45
6 7 9 16
.
16
16,45
6 8 11 19
17 ARGILA SILTOSA, TONALIDADE ROXA
6 8 12 20 ALTERAÇÕES PONTUAIS ESBRANQUICADAS,
18
7
PERCOLAÇÕES COM CORES MESCLADAS,
6 9 11 20
19
CONSISTENCIA RDA A MUITO RUA
7 8 11 19
" Ocorrência de grânulos
11 19
2020,45 de quartzo em 20,45m.
8 8
20,45
21
23
25
Descrição da sondagem
80
Vinicius Lorenzi
Outro detalhe importante quanto ao tipo de solo encontrado: temos uma areia fina
argilosa nas primeiras camadas. Eu avaliaria ser um tipo de solo que pode, sim, ter possi
bilidade de desbarrancamento em uma solução de Estacas Escavadas.
-Vinicius, porque em cada uma das sondagens apresentadas até agora as cotas topográficas
são completamente distintas?
Na realidade, cada obra tem a sua referência! Em uma obra, o 0.0 é a cota 100; na
outra é a cota 500. Então, depende do que cada um considera como referência.
A estaca pré-moldada, neste caso, talvez não seja tão interessante, uma vez que,
mesmo aos 20 metros, não há garantia de que a estaca encontre o impenetrável e conse
quentemente sua nega (veremos isso mais adiante).
Possível solução ideal de fundações para a obra: estacas hélice contínua.
Obra 4) Edificação de uso misto, com 14 pavimentos, sendo que na Sondagem SPT,
foi encontrado material impenetrável próximo aos 9 metros. Uma Sondagem Rotativa
apresentou o laudo a seguir:
ENSAIOS DE CAMPO
SONDAGEM SR N 01
CARACTERIZAÇÃO E
Solo Residual
SEM RECUPERAÇÃO Tonalidade amarelada
Sem recuperação
(9.40)
90.300
(12,85)
86,850
82
Vinicius Lorenzi
Descrição da sondagem
Após o solo residual, ocorre rocha basáltica să (diabásio), cor cinza, muito coerente,
textura fanerítica equigranular fina, estrutura maciça, ocorrência de veios de quartzo, pouco
fraturada com fraturas eventualmente preenchidas por óxidos e/ou quartzo. O índice de
recuperação dessa rocha é muito alto e, segundo seu RQD (Índice de Qualidade da Rocha
ou Rock Quality Designation), a qualidade varia de boa a excelente.
No perfil de Sondagem Rotativa, buscamos informações sobre a qualidade da rocha,
seja ela uma rocha fraturada ou sã, bem como sua rocha matriz. Nos gráficos da Sondagem
Rotativa temos a representação da recuperação simples (IRS) e do RQD.
Basicamente, em fundações, estamos sempre falando em tensões admissíveis, e uma
rocha fraturada, ou uma alteração de rocha, não possui características tão boas quanto
uma rocha să.
83
ENSAIOS DE CAMPO
Me
4.40
Uma solução muito interessante para a obra seria a estaca Franki, pois como ela
gera um alargamento na sua base, teríamos um aproveitamento muito interessante desse
material rochoso, dessa alta tensão admissível, apoiando a fundação em um material de
qualidade gerando uma fundação com alta capacidade de carga.
84
Vinicius Lorenzi
Possível solução ideal de fundações para a obra: estacas Franki (com a ressalva
de observar o entorno da obra).
Para corroborar com isso, apresento o laudo de sondagem rotativa desta obra. E
agora você que tinha dito que uma SPT era sequer necessária, imagina uma Rotativa? Pois
é, o que aconteceu na obra foi que a SPT não ultrapassou poucos metros e havia uma dúvida
muito grande sobre o material existente abaixo dessa camada impenetrável. Vamos ver!
SONDAGEM SR N 06
An
CARACTERIZAÇÃO E
% DE RECUPERAÇÃO CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL
60
80 100
16,70 (0.00) Nivel do terreno
Scio Residual
Tonalidade amarelada
Sem recuperação
93.25 (345)
NA
Rocha basáltica
Cor cinza amarelada
Textura afanitico
29,16
Rocha bosdifica
Cor cinza
Textura afanitica
Estrutura maciça
Fraturas preenchidos
por quartzo e óxidos
47.10 (9.60)
85
ENSAIOS DE CAMPO
Descrição da sondagem
O material encontrado inicialmente foi solo residual de tonalidade amarelada, sem
recuperação. Após o solo residual, ocorre rocha basáltica sã, cor cinza, muito coerente,
textura afanítica, estrutura maciça, pouco a extremamente fraturada com fraturas preen
chidas por quartzo e óxidos. O índice de recuperação dessa rocha varia de médio a muito
alto e, segundo seu RQD, a qualidade varia de muito pobre a boa.
Observe a amostra:
A
RT
86
Vinicius Lorenzi
De uma sondagem rotativa para a outra, da obra 4 para a obra 5, mudou tudo! Neste
caso, você tem uma pequena parcela de solo e aí começa uma alteração de rocha, que tem
uma tensão admissível muito baixa!
-Certo, Vinicius! Já vi que é uma rocha muito ruim, o que eu faço agora? Estaca Raiz?
Não necessariamente!
Aqui temos um caso clássico para o uso de uma fundação direta, não apoiando a
fundação nesse material rochoso de baixa qualidade.
Poderia ser proposto, por exemplo, um radier! Ou, ainda, uma sapata apoiada na
cota -1,5 metro. Claro que a tensão admissível da cota de apoio precisaria ser avaliada pela
sondagem SPT (que não foi demonstrada neste exercício), mas certamente é uma solução
interessante para essa obra.
radier.
Possível solução ideal de fundações para a obra: fundação direta por sapata ou
MINHAS ANOTAÇÕES
87
A PIOR COISA QUE VOCÊ
PODE ENCONTRAR EM UMA
OBRA:
GENTE NEGATIVA.
PESSOAS POSITIVAS
ENCONTRAM SOLUÇÃO
LAVERO
PARA QUALQUER
PROBLEMA.
FUNGSC
PESSOAS NEGATIVAS
ENCONTRAM VÁRIOS
PROBLEMAS, MESMO
QUANDO VOCÊ APRESENTA
A MELHOR SOLUÇÃO.
ENSAIOS DE CAMPO
MINHAS ANOTAÇÕES
90
FUN
DACOMPLICAÇÕES
ÇÕES
PARTE 2
PODE CONFIAR
66
Figura 5.1-Os perigos de uma fundação sem sondagem. Crédito: Matheus Borges.
Vinicius Lorenzi
▸
cada uma das metodologias executivas detalhadamente;
▶ as exigências de cada técnica para sua adequada execução, evitando erros
na execução;
▶ os problemas que podem ser gerados por cada método em situações normais;
93
INTRODUÇÃO À EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES
Nos próximos capítulos, entenderemos um pouco mais sobre cada tipo de fundação.
94
6. EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES
SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
Objetivos do capítulo
6.2 Sapatas
"Sapatas são estruturas de volume usadas para transmitir ao ter
reno as cargas de fundação, no caso de fundação direta" (ABNT NBR
6118:2014).
Sapatas isoladas: são aquelas em que um único pilar descarrega em apenas uma
única sapata. A carga total vinda do pilar descarrega sobre a sapata em questão. Geral
mente, uma carga axial pontual está envolvida. A sapata pode ter diversos formatos, entre
eles, retangular, piramidal, circular, que seguem a geometria do pilar.
Vinicius Lorenzi
Sapatas corridas: temos uma carga distribuída sobre essa sapata. Por exemplo:
edificações com blocos de concreto e distribuição da carga ao longo das paredes. Observe:
a fundação sempre corresponde à estrutura; a fundação é responsiva ao projeto estrutural.
7777
777
97
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
Į²
TO
Fique ligado!
Isso não é uma regra! Não deixe de avaliar sua fundação em sapata apenas porque não
possui o Nr indicado ou porque ultrapassa a profundidade mencionada.. O que ocorre
é que, na maioria das vezes, as fundações diretas que são projetadas abaixo desse limite
tornam-se inviáveis financeira ou tecnicamente.
Vinicius Lorenzi
Para Alonso (1983), a escolha por sapatas somente é viável técnica e economica
mente se a área ocupada pela fundação for entre 50 e 70% da área disponível. O autor
não recomenda o uso dessas fundações nos seguintes casos:
aterro não compactado;
▶ argila mole;
SUPERDIMENSIONAMENTO
SAPATA
SUPERDIMENSIONADA
SAPATA DIMENSIONADA
CORRETAMENTE
99
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
100
Vinicius Lorenzi
Imagine um sobrado de altíssimo padrão, com uma estética arrojada, grandes vãos
e balanços. Será que, nesse caso, as cargas serão pequenas? Quem contará isso será a
tabela de cargas, mas posso antecipar que há uma tendência de que as cargas não sejam
tão pequenas assim.
Uma realidade: uma vez determinado que o tipo de fundação será em sapata,
dependendo da magnitude das cargas, pode ser que sua obra tenha sapatas enormes,
o que talvez não seja nada interessante.
No caso de edifícios altos, isto é, com grandes cargas, que exigem sapatas de grandes
dimensões, que obviamente levam a maiores escavações, estas são feitas por meio de
equipamentos mecânicos. Mesmo assim, é fundamental que durante a limpeza final, na
cota de assentamento prevista, o solo seja retirado manualmente, para garantir a qualidade
da base, sem deixar material solto no fundo da cava.
Dica!
Mas é preciso parar e fazer outra ponderação: a cota de assentamento da sua funda
ção direta. Na verdade, a capacidade de suporte do seu solo é quem definirá a necessidade
de aprofundar mais ou menos a escavação, lembrando que, no mínimo, ela precisa estar
assente a 1,5 metro. Salvo casos específicos em que não se consegue avançar em função
de materiais rochosos.
101
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
O engenheiro precisa conferir a cava realizada, sua limpeza e verificar como está
o solo de apoio da sua fundação superficial. É fundamental ver se existe coesão naquele
solo e se há estabilidade e segurança para a equipe trabalhar, e se não há riscos de des
barrancamentos. Nesse sentido, a ABNT NBR 6122:2019 diz:
Antes da concretagem, o solo ou rocha de apoio das sapatas, isento de material
solto, deve ser vistoriado por profissional habilitado, que confirma in loco a ca
pacidade de suporte do material. Esta inspeção pode ser feita com penetrômetro
de barra manual ou outros ensaios expeditos de campo.
Alguns solos, como os solos arenosos, podem apresentar baixa coesão e, por isso,
dificultam a escavação sem um bom escoramento das paredes.
102
Vinicius Lorenzi
es
Caso de obra!
Uma vez, um cliente contratou nosso escritório para desenvolver o projeto e a execução
das sapatas de um prédio. A variação das cargas dos pilares era pequena, sendo 30
toneladas a menor e 38 toneladas a maior. Todas as fundações superficiais naquela
oportunidade foram dimensionadas em sapatas quadradas, 100 cm x 100 cm - até
então, algo muito simples.
Ao verificar com o encarregado, ele relatou que fez uso das tábuas de 90 cm, pois as de
1 metro haviam acabado. Questionei sobre as ferragens e recebi uma resposta inusitada:
- A ferragem foi mantida 90 cm x 90 com.
Fique ligado!
Quanto tempo demorará para essa sapata sem cobrimento da armadura começar a
oxidar e sofrer ruptura? Principalmente em regiões litorâneas... Não dá para "vacilar"!
Assim, aproveite uma das principais vantagens que uma fundação superficial pos
sui: você pode inspecioná-la e garantir que o que está em projeto seja efetivamente
executado.
103
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
TO
Fique ligado!
Se você projeta fundação superficial,jamais libere uma concretagem sem antes realizar
essa inspeção in loco, validando as características finais de sua sapata.
6.2.5 Lastro
A norma recomenda que deve haver regularização do fundo da cava antes da con
cretagem do elemento com lastro de concreto magro, isto é, não estrutural, com espessura
mínima de 5 cm, de modo que se tenha ao final uma superfície em um plano horizontal.
Aqui, é importante que fique claro que é um lastro de concreto e não de brita!
6.2.6 Concretagem
Deve ser realizada conforme especificado em projeto, com concreto de boa quali
dade (dentro das recomendações da norma) e dentro do prazo de validade adequado. O
caimento desse concreto deve permitir a concretagem das abas da sapata.
O lançamento do concreto normalmente é feito manualmente, entretanto, se houver
profundidades superiores a 1,5 metro, não é recomendado que seja lançado dessa forma,
pois pode haver segregação do concreto. Nesses casos, indica-se que seja lançado por
uma bomba de concreto.
6.2.7 Reaterro
Aqui, nós temos duas situações. Você pode ter projetado e estar executando essa
fundação; nesse caso, vendo um problema em campo, o projeto deverá ser revisado em
busca da melhor solução técnica.
Em outra situação, você pode apenas executar o projeto de outra empresa. Se for
este o caso, cuidado! Não faça alterações ou tome decisões precipitadas sem informar ao
projetista.
104
Vinicius Lorenzi
Vantagens Desvantagens
Em algumas regiões do país com logística maior tendência que nesse tipo de funda
desfavorável, com dificuldades para trans ção, que em boa parte dos casos é mais
portar equipamentos maiores, esse tipo de simples e não possui equipe técnica espe
fundação é muito bem-vinda! cializada, algumas validações não sejam
▶
Obras menores →→sapatas.
▶ Obras maiores estacas.
105
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
6.3 Bloco
Fique ligado!
Bloco
Bloco de coroamento
Bloco estrutural que transfere a carga dos pilares para os elementos da fun
dação profunda.
6.4 Radier
O radier é uma estrutura monolítica, isto é, um pano de laje em que todas as cargas
ou todos os pilares da obra descarregam em uma única fundação, em um único elemento.
Conforme a definição da norma ABNT NBR 6122:2019, é um elemento de fundação rígido
o suficiente para receber e distribuir mais que 70% das cargas da estrutura.
No Brasil, mais recentemente, o uso da fundação em placa ou radier tem sido as
sociado a obras populares. Podemos citar que o radier é uma das soluções de fundação
recomendada para solos com baixa capacidade de carga e estruturas de pequeno porte.
106
Vinicius Lorenzi
É importante destacar que a solução em radier não é exclusiva para obras de pequeno
porte. Há edificações com grandes cargas executadas, por exemplo, em radier Estaqueados,
para melhor distribuição/equalização das cargas.
Existem grandes obras pelo mundo com essa solução. Entre elas, por exemplo, estão
o icônico Burj Khalifa, em Dubai, e o edifício mais alto da América Latina, o Yachthouse
Residence, em Balneário Camboriú (SC).
Você precisa se lembrar: a escolha do tipo de fundação deve ser fruto da análise
de diversas alternativas, e não se deve deixar levar pelas imposições do sistema que se
apresente no mercado em determinada época. Tudo precisa ser analisado, estudado...
Não existe norma brasileira específica para a fundação em radier em que sejam es
tabelecidos os critérios de dimensionamento e as recomendações construtivas, carecendo
de rotinas sistematizadas que facilitem o trabalho do engenheiro projetista.
O uso do radier deve estar embasado em uma compreensão ampla tanto da questão
107
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
Existem, no Brasil, vários mitos sobre o uso de Radier e uma crença de que o sistema
tradicional, composto por estacas e vigas baldrames é mais econômico (DÓRIA; LIMA,
2008).
Eu lhe digo que depende: por exemplo, da região de sua obra e da disponibilidade
do concreto usinado no local. Com a evolução da Ciência de Materiais e da Tecnologia do
Concreto, atualmente, a realidade é outra.
É possível, sim, projetar e executar, hoje, um radier com qualidade, economia, fun
cionalidade e segurança...
108
Vinicius Lorenzi
▶
Radier liso: mais comum, de fácil execução. Consiste em uma laje lisa.
↓P ↓²
Ih
Radier liso
Pilar ou parede
Radier
←
Ih₂
Pedestral
пуп
Pilar ou parede
Radier
←
▶
Radier nervurado: vigamentos, nervuras principais e secundárias, colocadas
sob os pilares.
↓P
I h
Radier nervurado
109
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
Nervedura Nervedura
Pilar ou parede
Principal Secundária
Radier
4
↓² ↓²
Radier em caixão
Pilar ou parede
Radier
←
Quanto à rigidez, pode ser flexível ou rígido. De acordo com Albuquerque e Garcia
(2020), o emprego do radier flexível em obras de edificações térreas tem sido mais co
mum devido à sua execução mais prática e simples. Já o radier rígido necessita de uma
quantidade maior de materiais (aço e concreto).
110
Vinicius Lorenzi
▶
Radier de concreto armado: estrutura composta por uma malha de aço envolta
por uma camada de concreto. Nesse tipo de radier, temos armaduras passivas.
▶
Radier protendido: consta sistema de pós-tração não aderente com cordoalhas (fios
de aço de alta resistência enrolados entre si) engraxadas e plastificadas. A protensão
tem a finalidade de diminuir a espessura ou os esforços de tração no concreto.
Vantagens Desvantagens
mais cara.
m
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
Para projetar e executar uma fundação em radier, é preciso, antes de mais nada,
que se conheça o terreno em que se está trabalhando (capacidade de carga, possíveis
alterações no subsolo, entre outros).
Ou seja, não adianta nada um projeto bem feito e uma execução ruim.
Como o radier fica diretamente em contato com o solo, alguns passos são impor
tantes para a sua execução correta:
▸ limpeza do terreno;
▶
escavação até a cota de implantação;
▶
fechamento lateral da área a ser concretada, de acordo com projeto, com
112
Vinicius Lorenzi
113
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
114
Vinicius Lorenzi
Topografia no terreno;
Corte ou aterro;
Compactação do solo;
Forma do radier;
Gabarito:
. Tubulações;
Nivelamento básico;
.
Ferragem;
Concretagem.
115
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
Há etapas que demandam mais atenção nesse sistema, são elas: a cobertura das
valas das instalações; a execução das vigas de borda e o nivelamento final do concreto em
toda laje (esta deve ter a mesma espessura em todos os pontos).
Possibilidades de solução:
▶ Aumentar área da sapata; pode ser uma solução adequada, uma vez que quan
to maior for a área da sapata, mais resistência ela terá com uma capacidade
de suporte de solo inferior a solicitada.
▶ Escavar profundidades maiores até encontrar a tensão admissível solicitada.
Essa solução é interessante, uma vez que seria mantida a área da sapata, apenas
a profundidade escavada seria maior.
Possibilidades de solução:
116
Vinicius Lorenzi
Uso de sapatas isoladas com tensões admissíveis distintas. Dessa forma, não
temos exatamente um problema quando isso ocorre, desde que se use os
coeficientes de forma diferente. É importante que se trabalhe com capacidades
de suporte do solo reais e distintas.
Possibilidade de solução:
▶
Uso de soluções de fundação profunda que ultrapassem essas camadas, como
estaca raiz.
4.
Percolação de água para a base da fundação (influência do lençol freático
nas fundações diretas)
Possibilidades de solução:
117
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS NA PRÁTICA
dessa técnica passa a ser solução. O uso de técnicas como ponteiras filtrantes
ou rebaixamento direto nem sempre é viável, e muitas vezes só é executado
por empresas especializadas.
▶ Drenar a água: essa solução é indicada de forma definitiva, fazendo com que
a água não tenha contato com a base da fundação direta.
Fique ligado!
Não é permitido que seja concretada a sapata dentro d'água. Caso essa condição esteja
presente, é interessante colocar uma bomba submersa para drenar a água ou realizar
alguma concretagem ascendente, em que a água seja retirada por gravidade pelo con
creto (mais denso que a água). Não concrete a sapata com água lançando concreto de
forma inadequada.
118
Vinicius Lorenzi
b)( ) A sapata é um tipo de fundação bastante utilizada na construção civil por não haver ne
cessidade de armá-la, sendo o concreto capaz de resistir a todos os esforços de tração.
c)() Sapatas são soluções exclusivas para obras de pequeno porte, não podendo ser
utilizadas para grandes obras.
a) (FALSO) De acordo com a ABNT NBR 6122:2019, baldrame não é um tipo de fundação.
b) (FALSO) Há, sim, a necessidade de armação de sapatas. O único tipo de fundação
superficial em que há a possibilidade da não armação são os blocos.
C) (FALSO) Em materiais de alta capacidade de suporte, como as rochas sã, o uso de
fundações superficiais é indicado inclusive em grandes torres de múltiplos pavimentos.
d) (VERDADEIRO).
119
PRÁTICA NÃO LEVA À
PERFEIÇÃO.
FUNGEO
7. EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES
PROFUNDAS
Objetivos do capítulo
Neste capítulo, veremos as tipologias mais usuais de fundações
profundas e a execução delas.
RESISTENCIA
DE
BASE/PONTA ATRITO
LATERAL
111 111
RASA 111110
PROFUNDA
A resistência pode ser dada por apenas uma das parcelas ou, ainda,
por uma combinação destas, sendo que sua ponta ou base deve estar
função de reforço estrutural, como podemos ver na utilização das estacas mega.
Percebe como as estacas são diversas? E não apenas em termos de finalidade. Em termos de
tipologia, deparamo-nos com várias metodologias, que serão tratadas ao longo deste capítulo.
A seguir, são apresentados os tipos de estacas mais utilizados na prática de fundações, os quais
serão detalhados ao longo deste capítulo:
>
estaca hélice contínua monitorada, hélice segmentada monitorada e hélice de desloca
mento monitorada;
▸ estaca mega;
▶
estacão e estaca barrete;
► estacas helicoidais.
As estacas podem ser subdivididas em dois tipos: estacas de deslocamento e estacas de subs
tituição. O próprio nome já indica o processo: na primeira, há apenas o deslocamento do solo e, na
segunda, há substituição do solo.
As estacas de deslocamento podem ser separadas, ainda, em (1) grande deslocamento, que
seriam as pré-moldadas de concreto, os tubos de aço de ponta fechada e as estacas tipo
Franki; e (II) pequeno deslocamento, que seriam as estacas de aço constituídas por perfis
ou tubos cravados de ponta aberta, ou, ainda, estacas pré-moldadas de concreto cravadas
em pré-furos de diâmetro um pouco menor. (DANZIGER; LOPES, 2021, p. 15)
Vinicius Lorenzi
Por sua vez, nas estacas de substituição, o processo é realizado pela remoção do
solo no momento da escavação e preenchimento com o elemento concreto. Exemplos
dessa tipologia são as estacas escavadas em geral e as estacas tipos raiz e hélice contínua.
ESTACAS
1.CRAVADA
ESTACA
L
2.ESCAVADA
ESTACA
Agora que você já conhece as classificações básicas das estacas, trataremos das
especificidades de cada uma delas.
Cabe ressaltar, que além das estacas, abordaremos neste capítulo a execução dos
tubulões a céu aberto, que também pertencem à categoria das fundações profundas.
123
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Conhecida como escavada, broca ou estaca trado, a estaca escavada possui diversas
nomenclaturas nas distintas regiões do Brasil, entretanto, todas possuem uma mesma
técnica executiva. A norma ABNT NBR 6122:2019 define que:
es
Caso de obra!
Recentemente, executei uma fundação em uma rodovia, com estacas escavadas com
300 mm de diâmetro e 3 metros de profundidade. A execução da perfuração levou
2 minutos e a movimentação do equipamento, de um ponto ao outro, outros 4 minutos.
O tipo de trado utilizado na confecção dessa estaca é diferente dos trados usados em
outros tipos, como na hélice contínua.
124
Vinicius Lorenzi
Isso se dá pois, se houver água, esta adentrará a perfuração, levando o solo a des
barrancar ou desprender-se para dentro do furo. Consequentemente, não se tem a garantia
da estabilidade e do formato final da estaca.
Se o solo não tiver uma boa coesão, ou coesão suficiente para a escavação sem que
ocorra o desbarrancamento, também não é interessante adotar uma estaca escavada,
como é o caso das areias.
Fique ligado!
As estacas escavadas com lama e/ou polímero são outras soluções que serão discutidas
nos próximos capítulos.
Por ser um processo de fundação mais simples, é possível dispor de várias frentes
de trabalho em campo, ou seja, várias máquinas em obra simultaneamente, conforme a
urgência e necessidade do contratante.
Na prática, para execução desse tipo de estaca, pode-se utilizar tanto o trado manual
quanto diversas adaptações a equipamentos como:
125
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Fique ligado!
126
Vinicius Lorenzi
verticalidade da escavação;
▶
comprimento e diâmetros reais;
limpeza do furo de escavação;
possíveis desmoronamentos do fuste durante a escavação;
▶
tempo decorrido entre o fim da escavação e a concretagem;
▶
irregularidades na concretagem;
▸
volume de concreto utilizado;
Realiza-se a perfuração com trado curto acoplado a uma haste até atingir a profun
didade determinada em projeto. Esse processo é realizado por diversas vezes até atingir
a cota final da estaca. Isso porque, nesse tipo de perfuração, não temos uma escavação
contínua, mas, sim, um segmento de trado que é inserido diversas vezes no fuste para a
perfuração do solo.
Nesse contexto, é importante que a retirada do solo preso ao trado não seja feita
em cima da escavação, mas ao lado da mesma. Alguns equipamentos não realizam a mo
vimentação lateral para que esse processo ocorra. Nesses casos, pode ser feita a remoção
do solo colocando-se uma proteção (uma tábua, um madeirite) para que não caia material
solto no fundo da estaca.
127
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
2. Colocação da armadura
128
Vinicius Lorenzi
Para estacas que não recebam esforços de tração ou flexão, a armadura é apenas de
arranque sem função estrutural, conforme a Tabela 4 da ABNT NBR 6122:2019.
129
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EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
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Anexo
compressão
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Tensão
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Classe
Classe
Vinicius Lorenzi
3. Concretagem
Quando a profundidade escavada for elevada, é recomendado que seja feita a con
cretagem utilizando-se o bombeamento de concreto, com colocação do mangote dentro
da escavação, reduzindo, assim, a segregação. Outra solução que pode ser feita é por meio
de funil (tubo tremonha) a fim de orientar o fluxo de concreto.
Na prática, após realizada a perfuração das estacas, é importante cuidar para que
sejam removidas as grandes quantidades de solo adjacentes aos furos (da própria esca
vação das estacas), para que esses volumes de solo não atrapalhem a concretagem das
mesmas e que não se misturem ao concreto lançado.
ção, os furos devem ser protegidos, isto é, cobertos para evitar acidentes e para minimizar a
contaminação da estaca com solo solto, o que seria prejudicial à sua qualidade e resistência.
FO3
Fique ligado!
Você só pode deixar para concretar estaca no dia seguinte, quando ela apresenta
coesão suficiente para que a perfuração permaneça estável. Caso contrário, o ideal é
que essa concretagem seja praticamente simultânea à perfuração.
a)para o C25, consumo minimo de cimento de 280 kg/m³ e fator a/c ≤ 0,6;
b) para o C40, consumo mínimo de cimento de 360 kg/m³ e fator a/c ≤ 0,45.
131
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Fique ligado!
Para os elementos em concreto, devemos observar que, além da ABNT NBR 6122:2019,
é preciso ter zelo com o controle, a qualidade e o recebimento do material, devendo
seguir as orientações das normas vigentes:
É recomendado que não se execute estacas com espaçamento inferior a três diâme
tros em período inferior a 12 horas, referindo-se à estaca de maior diâmetro. Nesse caso,
o intervalo deve ser respeitado a partir da concretagem da estaca.
Outro ponto importante: ao menos 1% das estacas, e pelo menos uma por obra,
obrigatoriamente, deve ser exposta abaixo da cota de arrasamento para que sua integridade
e a qualidade do fuste sejam verificadas.
132
Vinicius Lorenzi
Esse boletim, obviamente, não serve apenas para a estaca escavada, mas também
para os mais diversos tipos de fundações.
Um tipo de locação que não funciona: quando ela não possibilita que o equipamento
acesse o local para realizar o trabalho, principalmente nos limites da obra, próximo aos
taludes.
133
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Por isso, é importante que o profissional da fundação vá até a obra para fazer uma
verificação da locação e entendê-la como um todo, observando se alguma alteração precisa
ser realizada (por exemplo, escavar mais algum talude), idealmente antes de o equipa
mento chegar em obra.
Juan
Caso você encontre água, é importante avisar ao projetista para que ele adote as
soluções pertinentes - seja alteração de diâmetro, profundidade e, em último caso, de
alteração do tipo de fundação.
134
Vinicius Lorenzi
Estacas fora de prumo são um problema! Tecnicamente, elas passam a sofrer esfor
ços para os quais não foram projetadas. Portanto, é fundamental a conferência com nível
constantemente nas perfurações das estacas escavadas.
135
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Nunca deixe de conferir isso! Estacas com menores profundidades tendem a apre
sentar menor atrito lateral e, ainda, serem apoiadas em cotas não previstas em projeto.
Dessa forma, acabam ficando com capacidades de carga diferentes, o que não é desejado.
(Figura 7.11), possibilitando fundações complexas. Dificuldade de limpeza do fundo da estaca. Com solo solto
com cargas muito maiores. Essa variação faz com no fundo da estaca, não se garante a resistência de ponta.
que a solução seja indicada desde pequenas resi Nesses casos, deve-se voltar ao dimensionamento pelos
dências até grandes edificações. métodos de previsão de capacidade de carga e eliminar
essa parcela de resistência. Soluções como o apiloamento,
que garantem essa ponta, não são tão convencionais.
136
Vinicius Lorenzi
Figura 7.11 - Equipamento executa estacas escavadas com 4,6 metros de diâmetro e 76,2 metros de profundidade.
Crédito: CZM Foundation and Mobil Equipament.
es
Caso de obra!
o cliente, não: o grão. Quando falamos sobre silos de armazenamento de grãos, é este
elemento que dita o ritmo da obra, porque, uma vez que o grão está plantado e começa
seu processo de colheita, a obra precisa estar pronta para receber seu "morador".
!
Para resolver isso , foi preciso mobilizar 5 máquinas em obra ao mesmo tempo
Em uma obra de estaca escavada, isso é muito mais simples. Cada equipamento pode
Dependendo da altura de queda do concreto, pode ser lançado pelo próprio caminhão
betoneira, sem necessitar de tremonha ou bombeamento ascendente com mangote.
137
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Cheguei para o meu cliente e falei: "Vai sair mais barato nós fazermos a fundação em
estaca hélice contínua".
Naquela obra específica, o custo para executar as perfurações da estaca hélice contínua
seriam de R$ 60 mil - já o custo para executar a fundação em estaca escavada seria
de R$ 30 mil.
- Vinicius, você não tinha falado que a fundação ficaria mais econômica em hélice?
Sim. Explico: naquele caso, a estaca hélice contínua teria maior capacidade de carga,
isto é, capacidade de resistência das estacas ficava muito superior às estacas esca
vadas, porque chegavam em profundidades maiores e atingiam materiais de maior
capacidade de suporte.
Vamos pensar assim: minha estaca hélice contínua tinha capacidade de suporte de
50 toneladas em um diâmetro de 40 cm; já na estaca escavada, no mesmo diâmetro,
a capacidade ficava em torno de 20 toneladas. As estacas escavadas tinham limitação
de profundidade em função do nível do lençol freático, enquanto as estacas hélice
podiam ultrapassá-lo.
Para ficar mais claro: imagine um pilar com 50 toneladas. Nesse caso, uma opção seria
a utilização de 1 estaca hélice (que suporta, nesse caso, as mesmas 50 toneladas), en
quanto, com estaca escavada, eu teria que colocar no mínimo três estacas para absorver
essa carga. Dessa forma, os volumes de concreto tanto das estacas quanto dos blocos
acabariam ficando muito maiores na estaca escavada.
Fique ligado!
Sempre que falarem "Esse tipo de fundação será mais barato, não tem erro!", não
acredite logo de cara! Faça as contas antes!
Em fundações, é importante a análise caso a caso. Não adianta você querer tomar
uma solução como definitiva para sempre. Para uma obra uma solução foi escavada;
para outra, do mesmo porte, mas em outro tipo de solo, com outras características,
138
Vinicius Lorenzi
a solução mais econômica pode ser outra. Assim, você pode tomar a melhor decisão
possível para sua obra.
Figura 7.12-Estaca com alargamento de fuste, extraída em Maceió (AL). Crédito: AGM Geotécnica Ltda.
139
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
140
Vinicius Lorenzi
141
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
O estudo apresentado agora foi realizado com auxílio de provas de carga estática
na cidade de Cascavel (PR) e a partir de simulações numéricas realizadas pelo Método
dos Elementos Finitos (programa PLAXIS), além de cálculos de capacidade de carga por
métodos semiempíricos.
No Gráfico 7.1, é possível verificar a diferença de capacidade de carga (em uma prova
de carga) de uma estaca lisa e de uma estaca com alargamento de fuste.
Carga (kN)
0,00 +
200 250
0 50 100 150
-2,00
)(
-4,00
-6,00
mm
-8,00
Recalque
-10,00
-12,00
-14,00 +
-16,00
+ +
-18,00
-20,00
Sem falsas impressões, ela é, sim, o tipo de fundação preferido do autor. Listarei
neste capítulo uma série de razões para isso. É a solução ideal para os casos em que a sua
fundação precise ultrapassar o nível do lençol freático.
142
Vinicius Lorenzi
O nome "hélice contínua" tem relação com o fato de ela possuir uma hélice continua
ou um trado contínuo na composição do equipamento de perfuração. A estaca hélice tam
bém poderia ser chamada de estaca trado contínua (Figura 7.15). Já o termo "monitorada"
está relacionado a um sistema controlado (monitorado) por computador.
Figura 7.15-Perfuratriz hélice continua Top Drive CZM EK300, a maior já fabricada nas Américas! Com 40 metros
de profundidade máxima e 1200mm de diámetro máximo. Crédito: CZM Foundation Equipament
A definição da norma diz:
Outras variantes da técnica podem existir, como Estaca Hélice Segmentada, que
será discutida no próximo capítulo.
No contexto das fundações profundas, a Hélice Contínua Monitorada (HCM) é uma
das técnicas que mais evoluiu no Brasil nas últimas décadas.
143
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Por possuir um equipamento de maior porte e mais complexo, é uma solução para
obras maiores devido à logística difícil para mobilização. Logo, não é o tipo de solução
mais adequada para obras de pequeno porte ou sem acesso apropriado. Certo?
Mais ou menos! Por isso cito que é um tipo de estaca que evoluiu tanto no mercado.
Com o tempo, as mini-hélices começaram a atender esse tipo de mercado, que até então
era solução apenas utilizada em obras maiores.
CARA
Essa mini-hélice (Figura 7.16) é um equipamento que a Fungeo adquiriu, sob fabri
cação da empresa CZM, inclusive esse equipamento foi o primeiro do Brasil nesse formato.
Qual é a profundidade e o diâmetro máximo que a HCM executa, isto é, a máxima profundidade
e o máximo diâmetro que podem ser considerados em projeto?
Para esta pergunta, a resposta é: depende.
-Depende do quê?
144
Vinicius Lorenzi
Hoje, no Brasil, existem máquinas que podem atingir essas profundidades e diâ
metros, ou até mais do que isso, mas é claro que estamos falando de equipamentos com
torques elevadíssimos, de maior robustez, acopladas sobre escavadeiras maiores, com
peso de transporte muito mais elevado. O que se tem de mais comum hoje no País é uma
gama de máquinas que executam estacas até 80 cm com 20 a 24 metros de profundidade.
A diferença entre uma máquina grande e uma máquina menor tem relação direta
com o custo de transporte e o tempo de montagem: uma máquina mini pode levar apenas
algumas horas para ser montada, enquanto as maiores levam até 2 dias, o que impacta
diretamente o cronograma da obra e logística dos projetos da empresa.
A escolha de profundidade é uma consideração muito importante quando se projeta
uma fundação em HCM. É preciso conhecer o equipamento que está disponível na região.
Não adianta projetar uma fundação muito profunda se o equipamento mais pró
ximo, que possibilita o feito, está em uma localidade muito distante do local da obra
projetada.
145
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
FUNGED
A perfuração é feita de forma contínua até a cota final da perfuração, ou seja, o trado
é inserido integralmente no terreno até sua profundidade final. Não se recomenda perfurar
e aliviar, pois isso pode gerar descompressão do solo.
Nem sempre será perfurado o tamanho integral do trado; isso varia com a carga
da obra, o diâmetro, o tipo de perfuração, entre outras variáveis. Perfura-se até certa
profundidade, conforme a necessidade.
146
R
NA CARREIRA DE
ENGENHEIRO, PREPARE-SE
PARA:
Um detalhe importante que não pode ser ignorado é que, com o equipamento de
perfuração de estaca, há a necessidade de um equipamento auxiliar, como uma retroes
cavadeira ou uma miniescavadeira, que tem por objetivo retirar o excesso de material
escavado oriundo da perfuração. Por exemplo: uma estaca com diâmetro de 80 cm e 20 m
de profundidade terá volumes escavados superiores a 10 m³, ou seja, não haveria qualquer
viabilidade de remover isso com uma tropa de auxiliares. O equipamento auxiliar atende
justamente a esses casos.
148
Vinicius Lorenzi
Dica!
3. Segunda fase-Concretagem
Aqui, eu diria que uma HCM não inicia sua perfuração antes que a bomba de con
creto esteja em obra, com os mangotes conectados aos mangotes da perfuratriz e que o
caminhão betoneira também esteja no local. Não se recomenda iniciar a perfuração antes
de toda estrutura estar devidamente montada (Figura 7.18).
Outro detalhe importante: a bomba de concreto deve permanecer em tempo integral
na obra, durante o período da perfuração, ou seja, uma vez iniciada a perfuração, esse
equipamento de bombeamento só é liberado da obra quando se encerra a perfuração
das estacas.
149
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Figura 7.19-Tampa do trado por onde deve passar o concreto injetado sobre alta pressão.
O trado da hélice não pode sair da posição (ser levantado) para expulsar a tampa
antes do início do lançamento do concreto. Outro ponto importante: a pressão do concreto
precisa ser positiva para que não haja interrupção do fuste, devendo ser controlada pelo
operador em todo período da concretagem.
A norma ABNT NBR 6122:2019 menciona que "se a concretagem da estaca for feita
com o trado girando, este deve girar no sentido da perfuração", ou seja, não é adequado
inverter o sentido de rotação para concretar durante a subida do trado.
150
Vinicius Lorenzi
A HCM é uma excelente solução para quando se tem nível d'água e solos arenosos
não coesivos que podem desbarrancar (o furo não permanece estável nesses casos), uma
vez que essa metodologia executiva faz com que não fiquem vazios no solo, pois ora a
perfuração está preenchida pelo trado, ora pelo concreto.
-C30, consumo mínimo de cimento de 350 kg/m³ e fator a/c ≤ 0,6 para ambien
tes de agressividade le ll;
- C40, consumo mínimo de cimento de 350 kg/m³ e fator a/c ≤ 0,45 para am
bientes de agressividade III e IV.
4.
Terceira fase-Colocação da ferragem
A inserção da ferragem/armadura se dá imediatamente após a concretagem. Por
essa razão prática, exige-se um slump alto do concreto (abatimento entre 220 mm e
260 mm), o qual deve ser bem fluido para que a ferragem adentre corretamente no
concreto.
Para ferragens maiores, isto é, maiores profundidades (por exemplo: armaduras com
18 metros), pode ser usado um slump superior a 260 mm, bem mais fluido, a fim de facilitar
a execução e garantir que a ferragem adentre o concreto, tornando o processo exequível.
151
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Dica!
ALLEELEY laluuauc
ans
Canal
152
Vinicius Lorenzi
Tabela 7.1 - Tabela sugestiva de diâmetro das armaduras de estaca tipo hélice contínua.
O saci 3 0
000000
000000
153
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
O operador consegue observar como a concretagem ocorre e o perfil que está sendo
formado na concretagem da estaca, ou seja, "a cara da estaca" pois esta aparece na tela
do computador. Variações de consumo de concreto ficam visíveis na tela, tornando o
operador do equipamento a figura chave para garantir a correta concretagem da estaca.
Na tela de concretagem da perfuratriz aparecem as seguintes informações:
a) Pressão de concreto: é a pressão de injeção que sai da bomba e chega até
a perfuração. Quanto maior for a pressão, a tendência é termos maior con
sumo de concreto.
O sobreconsumo na hélice é bom ou ruim? Antes de responder isso, faço aqui uma
afirmação: ele é NECESSÁRIO! Sim, esse tipo de estaca possui uma vantagem perante
as outras fundações, que é o ganho de atrito lateral causado pela pressão de injeção de
concreto! Caso a fundação tenha um consumo menor do que o diâmetro nominal, temos
154
Vinicius Lorenzi
Agora, vamos supor que a estaca tenha 20% de sobreconsumo de concreto, logo,
esse consumo passará para:
Parece pouco, mas vamos supor que a obra tenha 100 estacas. Logo, teríamos algo
em torno de 43 m³ a mais na fundação, o que é bem significativo.
Agora, vamos entender se isso é bom ou ruim. Eu diria: depende. Se for para o cliente,
que pagará o excedente em concreto, é ruim; se for para o projetista, o qual quer garantir
uma boa resistência da estaca, é bom.
Alguns projetistas levam em conta que a hélice contínua não possui resistência de
ponta, pois não podem garantir uma ponta na estaca; entretanto, isso precisa que ser
tratado com muita cautela.
A mobilização por atrito na HCM tem a tendência a ser a maior parcela de resistência
na fundação. Como mobiliza muito atrito lateral, quando a resistência chega lá embaixo na
ponta, a tendência é que carga de trabalho já tenha sido atingida, ou seja, não foi necessário
considerar a ponta. Obviamente isso não é regra, mas é uma tendência.
Raramente deixo de considerar resistência de ponta nas minhas HCM; isso depende
muito da qualidade da empresa executora. Projetos que saem da minha empresa, cuja
qualidade de execução é duvidosa, pode apostar que não vou levar em consideração a
resistência de ponta da estaca.
155
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
▸
Em toda obra que eu inicio, me fazem esta pergunta. De fato, isso é muito
relativo, pois depende de uma série de fatores:
▸
pressão de injeção na bomba de concreto;
>
resistência do solo (solo com menor resistência maior sobre consumo);
> diâmetro da estaca;
>
slump do concreto.
Para não ficar "em cima do muro", eu diria que é, sim, bom o aumento de concreto,
mas precisa estar dentro de um limite, apesar do aumento de custo.
Quanto ao sobreconsumo adequado, não existe um valor fixado. Isso varia de acor
do com os fatores citados, mas vamos colocar uma média de 15%. Em solos moles, há a
tendência de aumento desse sobreconsumo.
156
Vinicius Lorenzi
25%
0 200 400 25% 25% 0 200 400 25%
HI
10 10
9
11 11
10
10
12 12
11
11
13 13
12
12
14
13
13
15
14 14 16 16
15 17
15
18
16 16
19
17 17
18 18
19 19
Gráfico 7.2 - Velocidade lenta de subida do trado e alto Gráfico 7.3- Velocidade adequada de subida do
157
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Ajuste no slump do concreto. Caso seu concreto esteja com um slump muito alto.
▶
por exemplo, 26, é possível que isso esteja interferindo no sobreconsumo. Realize
uma redução desse slump para amenizar as porcentagens.
E o que não fazer?
Jamais faça uma consideração de cálculo que leve em consideração que a sua estaca
terá determinado sobreconsumo e, assim, reduzirá diâmetros e/ou profundidades
Isso porque você não pode GARANTIR que sua estaca terá aquele sobreconsumo!
Uma estaca pode ter, a outra não, e aí? O que você vai fazer se a estaca não tiver o
sobreconsumo solicitado? Ajustar in loco? Talvez você precise do acompanhamento
integral do projetista de fundações nesse caso, mas não sei se isso é viável...
Ao final do estaqueamento, é possível solicitar os gráficos e um relatório completo
à empresa executora da fundação: com a profundidade da estaca, o volume de
concreto, o superconsumo, o perfil da estaca.... Desse modo, o cliente entenderá
se a fundação foi realizada conforme foi projetada ou não.
d) rotação do trado;
Pelo menos 1% das estacas, e no mínimo uma por obra, deve ser exposta abaixo
da cota de arrasamento e, se possível, até o nivel d'água, para verificação da sua
integridade e qualidade do fuste.
158
Vinicius Lorenzi
GD
Cliente:
P. Hidráulico (bars) Rotação (RPM) Velocidade m/h ↓ P. Concreto (bars) ↑ V. Extração (m/h) ↑ Perfil Estimado
Acc
A
ww
Bay
17
19
20
mw
A
21
159
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
j) inclinação do trado;
k) volume de concreto real e teórico por estaca, com base no volume de con
creto do caminhão betoneira;
160
Vinicius Lorenzi
▶
A locação das estacas, os piquetes de marcação, devem estar enterrados em
aproximadamente 50 cm de profundidade e colocado um material com cal ou
Areia, para encontrar os piquetes. Esse processo é feito para que os piquetes
não se percam com a movimentação do equipamento de grande porte.
▶
Se a equipe não conseguir inserir a armadura, deve-se passar ao projetista/
calculista imediatamente a fim de que ele avalie a melhor solução técnica a ser
tomada. Essa estaca pode até ser eliminada em um caso como este.
▶
O processo executivo da HCM deve ser muito rápido para que o concreto não dê
pega (tecnicamente inicie as reações químicas no concreto) e torne inexequível
a colocação da armadura.
Vantagens Desvantagens
Por produzir baixo ruído e vibrações, são indicadas em A logística para a execução da estaca hélice é grande.
áreas densamente ocupadas, não gerando patologias Há a necessidade do acompanhamento em tempo
nas obras vizinhas como a Estaca Franki por exemplo. integral de bomba de concreto, caminhões betoneira,
Tendo o concreto bombeado para o interior da além de equipamento para deslocamento da
retirada da estaca; exige grande planejamento.
perfuração durante a retirada do trado, as estacas
hélice trabalham abaixo do nível do lençol freático (é Entretanto, uma vez que a logística está perfeitamente
ajustada, planejada, a produtividade é muito grande e
a principal vantagem frente a soluções sem coesão na
torna-se uma solução interessante.
escavação como as estacas escavadas convencionais).
Limitação quanto ao comprimento das ferragens:
Dica! como a ferragem é adentrada posteriormente à
concretagem, há certa dificuldade na colocação de
Se não há água no subso
armaduras de aço com grandes comprimentos. Dessa
lo, talvez a HCM não seja a op
forma, o controle do slump do concreto é fundamental.
ção mais viável, tendo em vista
o maior custo de perfuração em Nos casos em que as ferragens são muito grandes (15
comparação com as outras solu -18 metros) e exigem concreto bastante fluido e com
161
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Utilizada em diversos tipos de solo (exceto perfuração. Há a necessidade de que o terreno esteja em perfeitas
em rocha).
condições, pois os equipamentos são de grande porte e
geram ações consideráveis no solo, que deve suportar
para garantir a estabilidade do equipamento.
Dica! Em casos em que a obra tenha vários patamares
de execução: trabalhar com taludes e platos para
Tendo uma camada em rocha
garantir a estabilidade, inclusive do centro de carga do
não é possível continuar com a hé
equipamento.
lice contínua, deve-se buscar outra
solução técnica, como estaca raiz. Capacidade de carga das estacas pode ser inferior a
outros sistemas disponíveis no mercado. Estaca raiz,
tubulão e estacão podem absorver maiores cargas. A
HCM é limitada quando ao diâmetro e à profundidade
Dados da execução da HCM, acoplados em um sistema
execução e segurança.
162
Vinicius Lorenzi
Hora parada?
Antes de iniciar, eu indico uma verificação por parte do engenheiro responsável acerca da
locação da obra!
163
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
.
30 mpa;
slump 22 +3;
.
Entupimento de mangote!
.
Erros em resistência finais (28 dias) do concreto!
Retro:
.
Miniescavadeira;
.
Escavadeira hidráulica;
Pá carregadeira;
.
Ou... 8 serventes! Não dá, não é?
.
Rampas de acesso.
Fiação de energia.
Contate a empresa executora anteriormente! Peça para que vá à obra verificar o acesso!
➤ Contratação de empresa de controle tecnológico
.
Contra prova da concreteira.
164
Vinicius Lorenzi
Definição da norma:
A hélice segmentada difere da HCM quanto aos valores de torque tendo em vista
que estes devem ser compatíveis com o peso reduzido do equipamento, com mínimo
de 30 kN.m. Os diâmetros das estacas hélice monitorada com trado segmentado são:
250 mm, 300 mm, 350 mm, 400 mm e 500 mm.
165
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
FOUNDATION EQUIPMEN
No País, outras técnicas são mais recorrentes, embora possua uma metodologia exe
cutiva interessante. São encontradas pouquíssimas máquinas no País, não representando
a maioria dos processos, que é em HCM.
166
Vinicius Lorenzi
neheld
FAY A
me
b)
167
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Reflita!
168
QUER APRENDER A
PROJETAR?
TREINE.
TREINE.
TREINE.
SUCESSO É SINÔNIMO DE
TREINO.
Estacas escavadas são utilizadas quando não temos água na escavação. Estaca hélice
é interessante, pois ultrapassa o nível do lençol freático. Mas e a estaca raiz? Por que usar
um tipo de fundação cujos valores unitários de escavação são elevados?
A estaca raiz é um processo de execução muito interessante e muito apropriado
quando temos que ultrapassar perfis rochosos, como matacões, alterações de rocha ou
rochas fraturadas (ou, ainda, uma rocha sã), para apoiar/engastar a fundação.
Veja a definição da ABNT NBR 6122:2019):
Geralmente usamos estaca raiz quando as condições do terreno não estão aptas
a utilização de metodologias convencionais e quando outras soluções não atendem ao
problema, inclusive em limitação de altura, visto que esses equipamentos normalmente
são de porte menor.
Aestaca raiz tem a vantagem de perfurar tanto o solo quanto a rocha. Na etapa de
solo, trabalha-se na perfuração com revestimento. Basicamente, temos a perfuração com
injeção de água e/ou tricone.
Por que não se usa concreto? Porque a brita impediria que a mistura avançasse em
fraturas, alterações de rochas etc.
170
Vinicius Lorenzi
▶
Polímero pode ser adicionado, principalmente em casos em que o avanço do
revestimento é complexo e não há estabilidade na perfuração.
▶
Características da água usada na perfuração:
>>>
limpa, podendo ser utilizada água de reúso, inclusive água reciclada
proveniente da perfuração;
171
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
▶
Para estacas de diâmetro acabado iguais ou inferiores a 250 mm, a bomba
deve ter em sua curva características mínimas de vazão de 15 m³/h a pressão
de 120 mca.
Para diâmetros acabados iguais ou superiores a 310 mm, a bomba deve ter em
sua curva características mínimas de vazão de 25 m³/h a pressão de 150 mca.
▸ Em solos muito duros ou muito compactos, o uso do tricone é indicado dentro
do revestimento.
Diâmetro nominal
mm 150 160 200 250 310 400 450
da estaca
Como a injeção de argamassa na estaca raiz provoca uma grande pressão, o diâmetro
mínimo do revestimento externo é inferior ao diâmetro nominal da estaca, pois há uma
tendência de que, com a pressão de injeção, essa estaca sofra aumento da sua seção.
O procedimento deve ser repetido até encontrar matacão ou topo rochoso. Em se
quência, a perfuração continua só que por dentro do revestimento utilizando o conjunto
martelo/bits que permita a perfuração na rocha.
172
Vinicius Lorenzi
Os bits são usados com os martelos para a perfuração de diferentes tipos de solos e
rochas. Existem diversos tamanhos e tipos de bits, que variam de acordo com o diâmetro
do furo desejado e, também, do tipo de solo/rocha encontrado.
Essa solução de perfuração de fundação pode gerar uma quantidade grande de lama
em obra, pela sua perfuração com circulação com água. Por isso, é importante destinar uma
área específica da obra para jogar essa lama e, assim, organizar a obra. Essa vala pode ser
criada e ali você terá a sedimentação do material, podendo reutilizar a água da perfuração.
BUNDER
Solo Rocha
Mínimo externo
Bits Interno do tubo
Nominal da do tubo
mm
estaca Polegadas
173
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
3. Colocação da ferragem
▶
Depois de perfurar e antes de injetar a argamassa, o furo deve ser limpo
com a composição de lavagem e, depois, a armadura deve ser colocada
até a cota de apoio (fundo do furo).
▸ A armadura pode ser montada em feixe ou gaiola.
▸
Combate-se as consequências de uma grande esbeltez com a armadura
integral na estaca.
4. Argamassa
▶ Preenchimento da estaca
A norma recomenda que seja com argamassa com Fck ≥ 20 MPa e deve satisfazer
as seguintes exigências:
c) agregado: areia.
174
Vinicius Lorenzi
▶
Deve ser retirado corpo de prova com argamassa da mangueira de injeção, na
boca da estaca que está sendo executada, para posteriormente ser ensaiada.
Exemplo:
175
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
(es
Certa vez, fiz uma PCE em uma estaca raiz de 200 mm de diâmetro, com apenas
2 metros de embutimento em rocha. O trecho em solo era curto, em torno de 3 metros,
ou seja, era uma estaca com 5 metros de profundidade.
O projeto da fundação não era meu, mas a execução era. E, naquela oportunidade, eu
acreditava que as cargas indicadas no projeto eram "arrojadas". Até por isso o ensaio
foi muito bem-vindo para provar as cargas indicadas.
176
Vinicius Lorenzi
O resultado foi impecável: a estaca rompeu estruturalmente com 100 toneladas! O dobro
da carga de trabalho. Foi muito "emocionante" aquele ensaio!
Isso mostra que essa estaca possui uma ótima relação carga x diâmetro quando com
parada às outras. Se fosse uma estaca escavada de 200 mm, apoiada em solo com
5 metros (pois é um tipo de fundação no qual você não consegue embutir o elemento
em rocha), não garantiria mais do que 20 toneladas de carga de trabalho.
es
Certa vez, fui contratado para executar umas estacas de 40 metros de profundidade no
diâmetro de 410 mm em uma barragem. Parecia insana aquela profundidade.
Era um pilar geodésico, que precisava ser muito preciso e não podia sofrer quaisquer
recalques.
177
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Vantagens Desvantagens
As estacas raiz suportam grandes cargas . Alto custo de perfuração das estacas; o maior custo dessa estaca
de compressão e de tração em relação ao está na perfuração. Mas não necessariamente esse tipo de estaca
diâmetro. tem o maior custo global de uma fundação.
Não possuem restrições quanto à Exemplo
Podem ser executadas estacas inclinadas Nesses 3 casos, eu teria 2 estacas no meu bloco de coroamento,
(muito comum em obras de viadutos e entretanto, na estaca raiz, esse bloco seria muito menor (2 de
pontes); isso faz com que esse tipo de 300mm).
equipamento trabalhe tranquilamente. Alto consumo de cimento e aço (devem ser armadas integral
em terrenos acidentados. mente no seu comprimento); consumo de cimento: 600 kg/m3
Boas soluções para reforço de fundações, de argamassa.
Fique ligado!
A composição de custo de uma fundação não pode ser realizada apenas levando em
consideração o custo da perfuração. Precisa ser avaliado o volume de concreto, a questão
dos blocos, a quantidade de aço utilizada, entre outros. A análise precisa ser global!
178
Vinicius Lorenzi
Fui a uma reunião que era para fechar um contrato de execução de fundação para uma
edificação com pouco mais de 20 pavimentos.
Naquela oportunidade, eu havia proposto uma solução de fundação mista, na qual as
fundações da torre seriam em estaca raiz e do embasamento, em estacas hélice.
Havíamos feito várias simulações geométricas das possíveis soluções de fundação da
torre, mas não chegamos, naquela etapa, a calcular todos os custos envolvidos com os
blocos de coroamento. Isso acontece pois o cálculo do bloco de coroamento não era
feito pelo nosso escritório, então, eu não conseguia ter precisão dos resultados para
gerar uma planilha de custos.
Quando cheguei à reunião, estava confiante de que a minha solução era totalmente
viável. O gestor do contrato (que não era engenheiro, mas, sim, administrador) con
vidou o projetista dos blocos para participar da reunião e, assim que eu apresentei
meus resultados, ele pegou a HP 12C dele e começou a fazer contas com o calculista.
Ele só me olhava e falava: Não acredito que essa solução é a mais econômica!
De fato, ele tinha uma solução alternativa, cujo custo de perfuração das estacas era
realmente bem menor do que a minha solução.
E eu ali, sem demonstrar, estava suando frio, pois naquele momento nem eu tinha
certeza mais!
Aliviado, olhei para ele firme e disse: "Meu papel como projetista é sempre encontrar
a melhor solução para a sua obra!"
- Negócio fechado!
dependendo dos pontos de apoio e sua posição, há grandes esforços horizontais devido
à carga dinâmica.
179
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
A transferência dos esforços atinge as estacas que, por sua vez, devem equilibrar o
esforço horizontal. Nesse tipo de caso, essa solução inclinada é interessante.
INCAY
Vamos analisar a solução de fundação para uma ponte que, por definição é um
elemento estrutural que atravessa curso d'água. Essa é realmente uma curiosidade muito
grande das pessoas. Muitos me questionaram isso nessa longa caminhada na área de
fundações.
180
Vinicius Lorenzi
No caso de pontes, como geralmente nos deparamos com muito material rochoso,
alterado, indicamos sondagem mista. E é bem interessante a gente pensar, desde o início,
como é que se desenvolve um projeto de uma fundação de leito de rio.
As sondagens que executamos dentro de rio são feitas com balsa, desde a sonda
gem SPT até a execução de Sondagem Rotativa, necessária quando a gente vai avaliar o
material rochoso do local.
O procedimento pode ser feito nas margens, mas, nesse caso, é importante entender
onde os pilares da ponte se encontram. Recomenda-se a execução de uma sondagem por
apoio de ponte.
Destacarei aqui possíveis soluções para pontes - lembrando que estamos avaliando
o PPE e ainda estamos na primeira fase, o planejamento.
1. Tubulão a ar comprimido
▶
Em desuso. Esse tipo de solução foi utilizado em pontes por muitos anos em
todo o país, entretanto, a NR-18 tornará esse tipo de fundação proibida no
Brasil, dado seu alto risco.
▶ Sua maior vantagem é que torna possível apenas uma fundação por pilar,
eliminando blocos de coroamento.
181
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
4. Estaca raiz
182
Vinicius Lorenzi
É muito importante que a linguagem de projeto seja facilitada para que todos os
profissionais compreendam bem. Nos meus projetos, sempre indico a profundidade mínima
em rocha sã para uma fundação em estaca raiz. A estaca deve efetivamente ser engastada
em material de alta resistência.
A estaca raiz possui maior variação de profundidade que nos outros tipos de fun
dação, por isso, o trecho em rocha deve ser indicado com clareza: cravar 4 metros em
rocha sã, por exemplo.
Como comentado, também podemos ter estaca raiz com estacas inclinadas (princi
palmente nas cabeceiras das pontes, por conta da irregularidade do terreno). A finalidade
disso é combater esforços horizontais Fx e Fy. Quanto maiores forem os esforços horizontais,
menor será a probabilidade de uma estaca vertical absorver todos esses esforços.
- Mas Vinicius, além das apresentadas, existe outra possibilidade?
Sim, afinal, fundação não é uma ciência exata. Deve ser analisada caso a caso. Posso,
por exemplo, cravar um perfil metálico. Na realidade, é uma ótima solução.
Descobrir qual é a melhor solução para sua obra vai depender de uma série de
variáveis, como custo, prazo, disponibilidade de equipamentos na região... e a gente tem
que avaliar o todo para definir o tipo de fundação.
183
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
>
acesso normalmente pouco adequado - a terraplanagem é necessária para
trazer o terreno a um patamar exequível;
▸
a logística local da equipe e de equipamentos, normalmente em obras afastadas
de centros urbanos, deve ser bem planejada;
Figura 7.29-Fundação em estaca raiz para uma ponte. Crédito: Fungeo Fundações
184
Vinicius Lorenzi
MY
*
2000 pcm
60 m/h
56 m/h
1800 pcm
1801 pcm
50 m/h
1600 pcm
1400 pcm
40 m/h
1200 pcm
32 m/h
800 pcm
812 pcm
20 m/h
16 m/h.
600 pcm
400 pcm
8 m/h
459 pcm 10 m/h
200 pcm
212 pcm
0 pcm 0 m/h
7,0 bar 10,0 bar 14,0 bar 16,0 bar 25,0 bar
175%
123% 215%
185
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Um compressor pequeno, por exemplo, de 10 bar por 400 pcm, produzirá algo em
torno de 16 metros de estaca por hora, enquanto um compressor de ar de 16 bar por 1.000
pcm produzirá 32 metros por hora.
A esse grupo pertencem as estacas cravadas, que são aquelas que não são moldadas
in loco, mas já estão prontas para serem introduzidas no solo, podendo ser metálicas,
pré-moldadas em concreto ou em madeira (em menor proporção na atualidade).
De acordo com a ABNT NBR 6122:2019, a cravação de estacas pode ser feita por
percussão, por prensagem ou por vibração.
186
Vinicius Lorenzi
Fe
SCAC
* Fique ligado!
187
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Veja o que a norma diz, por exemplo, sobre o equipamento das estacas metálicas:
Quando a cravação for executada com martelo de queda livre, devem ser ob
servadas as seguintes condições:
a) peso do martelo igual ou superior a 10 kN;
c) para estacas cuja carga de trabalho seja superior a 1,3 MN, a escolha do
sistema de cravação
deve ser previamente analisada.
No uso de martelos automáticos ou vibratórios, deve-se seguir as recomenda
rocha să etc., e não é mais possível avançar com a cravação da estaca, inicia-se
o processo de obtenção da NEGA", que basicamente é o deslocamento per
manente da estaca para 10 golpes do martelo com a mesma altura de queda.
Nesses 10 golpes consecutivos, caso a estaca não sofra recalques, diz-se que
Segundo a ABNT NBR 6122:2019, o emprego de martelos mais pesados e com menor
altura de queda possui maior eficiência do que o uso de martelos mais leves e com maior
Ao longo dos últimos anos, a solução de martelos de queda livre (Figura 7.32) vem
sendo substituída pelos martelos hidráulicos (Figura 7.33). Uma das grandes preocupações
com uso de cravação de estacas é com a vibração excessiva e geração de ruídos, a qual
pode afetar todo entorno acaba sendo aliviada por essa técnica.
188
Vinicius Lorenzi
ESTAO
189
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Por essa razão, ainda hoje, o número de equipamentos de queda livre é superior aos
martelos. Empresas que buscam adquirir uma máquina como essa devem ter uma grande
demanda por esse tipo de solução.
Além das duas soluções citadas de cravação de estacas, outro processo vem se
190
Vinicius Lorenzi
Quando falamos sobre estacas de aço, pensamos em perfis, que podem ser lamina
dos ou soldados (de forma isolada ou associada) nos tubos e nos trilhos (que, inclusive,
historicamente são reaproveitados de ferrovias).
191
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Quanto à escolha do equipamento, esta deve ser feita de acordo com o tipo de es
taca, dimensão da estaca, características do solo, condições de vizinhança, características
do projeto e peculiaridades do local, como a própria regionalidade e disponibilidade de
equipamentos.
Tudo! Tenha algo em mente: toda vez que um processo executivo gerar grandes
impactos e vibrações, ele deve ser avaliado com cautela. Você precisa entender como é
sua vizinhança, os tipos de obras ali presentes, se não há nenhuma em condição precária
ou, ainda, algum monumento público.
Quanto aos materiais, quais aços são mais comuns no país para esse fim? Geralmente,
aços ASTM A36 (tensão de escoamento 250 MPa), A572 Grau 50 (tensão de escoamento
345 MPa) e aços com resistência à corrosão atmosférica (tipo SAC ou CORTEN).
É preciso destacar que o projetista deve definir o aço a ser utilizado em projeto e, se
necessárias emendas e outros procedimentos de soldagem especiais, devem ser detalhados.
A cravação de uma estaca metálica pode ser realizada em diversos tipos de solos,
para diferentes cargas admissíveis. Para alguns casos, podemos citar como uma solução
interessante:
▶ Alteração de rocha: nesses casos, estacas de concreto sofrem mais perdas por
quebras, o que não ocorre na estaca metálica.
▶ Solos sedimentar: onde a estaca precisa ultrapassar horizontes de argila dura
ou materiais de alta resistência.
▶ Solos com resistências muito baixas ou solos orgânicos: onde soluções como
a HCM provocam grandes sobreconsumos de concreto. Essa solução resulta
em racionalização de material.
192
Vinicius Lorenzi
Vantagens Desvantagens
Quanto aos cuidados relativos à corrosão nas estacas metálicas, podemos ainda
observar:
193
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Quanto à seção transversal, os formatos mais comuns são: circular (maciço ou vaza
do), quadrado, hexagonal e octogonal. Além das características geométricas, o projetista
de fundações deve definir, a partir das cargas do projeto estrutural, os diâmetros e com
primentos das estacas que serão fabricadas.
Isso significa que a estaca deve ser capaz de resistir a todas as intempéries, ou seja,
todos os esforços e danos que pode sofrer desde o momento que sai do local de fabricação
até a hora em que é cravada. Esses esforços podem ser pensados em termos de tensões,
considerando a relação Força/Área.
-Mas, na prática, a tensão suportada por essa estaca é influenciada por quais fatores?
A resposta é simples: pela qualidade dela, principalmente, e pela execução adequada.
- Como assim, Vinicius?
Para um bom desempenho dessa tipologia de estaca, é preciso ter cuidado com
algumas coisas. Destaco aqui o controle de fabricação e o controle de cravação.
Pensando primeiramente no controle de fabricação, isto é, na qualidade propria
mente dita da estaca: no caso das pré-fabricadas, cujo processo é usinado (ou seja, você
vai contratar outra empresa fabricante para lhe fornecer a estaca), deve-se buscar uma
empresa fornecedora séria, criteriosa no processo de fabricação, no controle de insumos,
na dosagem correta do concreto, conforme o que a norma exige, a fim de adquirir estacas
que atinjam a resistência mecânica esperada.
Além disso, é importante observar se há um registro de provas e contraprovas para
que, posteriormente, os corpos de prova sejam ensaiados e a resistência à compressão
(em várias idades) seja verificada e atestada pelo ensaio.
194
Vinicius Lorenzi
No caso do concreto fabricado in loco, ou seja, estacas feitas pela equipe local, é
importante seguir adequadamente o traço proposto em projeto, respeitando as proporções
dos constituintes (dosagem) e controlar a qualidade dos materiais empregados, além da
cura e do armazenamento das peças.
O concreto, por exemplo, deve ser de boa qualidade - isso significa concreto com
materiais dentro das especificações técnicas.
O cimento deve ser de boa procedência, além de ser bem armazenado e protegido
contra umidade em local adequado.
O controle rigoroso dos materiais tem por objetivo evitar manifestações patológi
cas do concreto/aço, que podem comprometer as propriedades da sua estaca. Claro que
aqui abordamos a questão dos materiais de forma bastante resumida, sem a intenção de
explanar profundamente o assunto, o que cabe à Engenharia de Materiais.
Em todo tipo de estaca em que a concretagem é local, o engenheiro responsável
pela execução deve sempre estar atento, instruir sua equipe sobre as boas práticas (e
sobre as reprováveis), monitorar a concretagem e observar se após a cura não há avarias
ou defeitos de concretagem em sua estaca pré-fabricada.
Dica!
Recomenda-se valores inferiores a 0,85 Fck. "O sistema de cravação deve ser di
mensionado de modo que as tensões de compressão durante a cravação sejam limitadas
a 85 % da resistência nominal do concreto" (ABNT NBR 6122:2019), podendo variar em
algumas outras situações.
195
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Destaco: os valores das cargas de trabalho usuais dos elementos só são conhecidos,
de fato, na prática. As empresas que executam esse tipo de fundação diariamente possuem
expertise e propriedade para fornecer dados confiáveis sobre as dimensões, tensões de
trabalho e cargas máximas suportadas na execução da estaca.
As estacas pré-moldadas são içadas pelo cabo do equipamento por um ponto espe
cífico na estaca, no qual é previamente instalado (na fabricação) um gancho, uma vez que a
armação é dimensionada para essa condição. Ao ser levantada a estaca, o posicionamento
e o prumo devem ser verificados.
d) para estacas cuja carga de trabalho seja superior a 1,3 MN, a escolha do
sistema de cravação deve ser previamente analisada.
No uso de martelos automáticos, devem ser seguidas as recomendações dos
fabricantes.
196
Vinicius Lorenzi
Outro detalhe preconizado pela norma: a nega e o repique devem ser medidos em
todas as estacas e o diagrama de cravação deve ser realizado em 100% das estacas, assim
como nas estacas metálicas.
Como esses processos dependem das pressões do solo e podem demorar de horas
(nos solos não coesivos) até dias (nos solos coesivos), é preciso determinar a nega des
cansada, alguns dias após o término da cravação.
Se a nova nega for superior à obtida no final da cravação, as estacas devem ser
recravadas; se for inferior à obtida ao final da cravação, limita-se o número de golpes a
fim de evitar danos à estaca.
197
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Vantagens Desvantagens
198
Vinicius Lorenzi
Chegamos, por fim, ao tipo mais antigo de estaca cravada: a estaca de madeira.
Essa tipologia, hoje em menor uso, consiste na cravação de elementos de madeira pre
viamente preparados (que passam por tratamentos químicos, como: creosoto ou sais de
zinco, cobre, mercúrio).
O uso desse material remonta aos primórdios da humanidade, por se tratar de uma
matéria-prima abundante na natureza, e era realizado de forma rudimentar, com a cravação
de troncos de árvores sem grandes preparos.
Por muito tempo, a madeira utilizada foi a chamada "madeira de lei", o que cha
mamos na Teoria das Estruturas de Madeira como madeiras duras, de maior qualidade
estrutural e valor. São elas: mogno, aroeira, carvalho, ipê, entre outras.
Veja: a discussão da problemática ambiental sobre desmatamento e práticas sus
tentáveis, como o reflorestamento, entre outras, datam do final do século XX. O termo
"desenvolvimento sustentável", por exemplo, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, da Organizações das Nações Unidas (ONU), data de 1987.
Quanto às fundações, o uso da madeira foi empregado em todo mundo tanto em
obras civis como em obras de arte especial (pontes, por exemplo). O Teatro Municipal do
Rio de Janeiro, cuja construção data de 1905, é uma das mais importantes obras do Brasil
com fundações de estaca de madeira. Foram utilizadas, à época, 1.180 estacas de madeira
de lei em sua fundação (SILVA, 2019).
Quanto às peças usadas para a confecção das estacas, a norma de fundações orienta
que ponta e o topo devem ter diâmetros superiores a 15 cm e 25 cm, respectivamente, e
apresentar eixo de topo a ponta dentro do perímetro da estaca.
Quanto à cravação, a fim de reduzir danos, deve-se proteger a região que terá con
tato com o bate-estaca com um capacete. Se na execução houver algum dano na cabeça
da estaca, a norma recomenda corte da parte afetada. A ponta, por sua vez, deve ser
protegida por ponteiras de aço.
Em 100% das estacas deve ser feita medição da nega e em, ao menos 10%, feito o
diagrama de cravação (lembre-se: as estacas escolhidas devem ser as mais próximas aos
furos de sondagem).
199
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Vantagens Desvantagens
geral: a reconstrução do Campanário da Igreja de São . Opodem ser sujeitas à ciclos de molha
Marcos, em Veneza, em 1902, revelou estacas que, após gem esecagem.
tenção programados.
200
Vinicius Lorenzi
O material da estaca pode ser inspecionado antes da . Barulhos, vibrações e ruídos são as princi
cravação, ou seja, maior controle sobre o material cra pais desvantagens dessa solução. Em áreas
vado; você consegue inspecionar a qualidade do ele densamente ocupadas, soluções com uso
mento que será cravado. do martelo de queda livre não são indica
Seu uso é indicado para fundações abaixo do nível do das. Talvez seja melhor optar por outras
lençol freático; não há descompressão do solo e pos opções com martelo hidráulico.
sibilidade de desbarrancamento. O solo é compactado. Antes de optar por essa fundação, há a
lateralmente. necessidade de avaliação da vizinhança
Em solos moles, onde soluções moldadas in loco geram para que possíveis abalos estruturais sejam
aumento dos consumos de material, as estacas crava evitados.
das provocam menor custo relativo; não há variações. Caso seja impreterível utilizar o método de
por sobreconsumo; pode ocorrer de a estaca atingir a queda livre, é fundamental realizar o relató
nega antes do previsto em projeto (por exemplo: com rio de vizinhança. Deve-se compreender o
prou uma estaca de 12 e atingiu a nega com 10 metros). estado da arte para corrigir apenas as pos
Pode ser cravada em grandes comprimentos, sob uso síveis avarias que seu equipamento venha a
de emendas. ter gerado na obra vizinha.
Estava lecionando em Belém (PA) certa vez e os . Dependendo das dimensões das peças,
go cravação de estacas pré-moldadas estava reali pode ser necessário guindaste e um plano
zando cravações com 60 metros de profundidade. de rigging para o içamento.
Tem grande capacidade de suporte de cargas. Muito embora sejam equipamentos caros e ainda
utilizadas quando há grandes cargas de flexão em todo escassos no país.
o comprimento da estaca.
Fique ligado!
Cuidados redobrados com a energia de queda do martelo! A energia de queda pode ser tão
grande que a estaca não suporte e comece a gerar trincas/fissuras devido à energia de queda
incompatível com o elemento que está sendo cravado. Cuidados redobrados com a tensão de
compressão ou tração em excesso durante a cravação.
201
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
MINHAS ANOTAÇÕES
202
Vinicius Lorenzi
Chegamos à estaca Strauss, que pode ser considerada uma estaca "à moda antiga".
Muita gente me pergunta-se ainda tem mercado para Strauss. E com certeza tem! Até
porque, se a gente for pensar no tipo de obra em que vamos usar a metodologia, vemos
que é um tipo de solução para obras menores, com difícil acesso.
Além disso, e principalmente em obras em que temos o nível de água elevado e não
conseguimos usar outras soluções que exijam grandes equipamentos, como uma HCM ou
um bate-estaca.
Claro que sim! Para isso, é adotado um tubo de revestimento. Se executado corre
tamente, não há problema.
Então, a Strauss é um tipo de solução que ainda sobrevive e ainda viabiliza pequenas
obras. Para obras muito grandes e grandes cargas, não faz sentido utilizar uma estaca
Strauss.
É uma realidade: o método Strauss tem perdido mercado desde a criação da HCM.
Hoje em dia, poucas empresas o executam, pois se tornou pouco competitivo frente a outras
soluções. Até pouco tempo atrás, a Strauss ainda reinava absoluta em obras de pequeno
porte, mas com a entrada das mini-hélices no mercado, com baixo custo de mobilização
e alta produtividade, a solução acabou perdendo mercado.
A estaca Strauss é uma estava escavada, moldada in loco, sem necessidade de gran
des equipamentos (como nas outras soluções que utilizam trator, caminhão, escavadeira...).
203
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
204
Vinicius Lorenzi
Depois disso, são inseridos 75 cm a 100 cm de concreto, que pode ser apiloado ou
não à medida que o revestimento vai sendo sacado, repetindo o processo até acima da
cota de arrasamento para garantir uma concretagem de qualidade em toda a extensão da
estaca. Ao final, a ligação entre bloco e estaca é feita pela armadura.
Obviamente, os diâmetros são limitados nessa tipologia, que é uma das mais de
pendentes do operador, por ser bastante manual.
A qualidade da sua estaca Strauss está diretamente ligada à qualidade da sua equipe
de operação (se segue a norma, se faz o trabalho bem-feito e se segue as boas práticas
ou não).
1. Perfuração
▶
Equipamento: posicionado a prumo de modo a garantir centralização e ver
ticalidade da estaca.
▶
Execução: começa com os golpes com o pilão ou a piteira para formar um
pré-furo com profundidade de 1 metro a 2 metro. Nesse furo, é inserido um
segmento curto de revestimento com coroa na ponta.
▶
Perfura-se com repetidos golpes da sonda e adição de água para remoção
do solo.
▶
À proporção em que o furo é formado, os tubos de revestimento são colocados
até a cota prevista.
▶
Finalizada a perfuração, os tubos devem ser limpos. A água e a lama devem
ser retirados pela piteira e o soquete é lavado. O processo deve ser repetido
até que os tubos desçam sem dificuldade.
2.
Concretagem
▶
A norma é clara: "A retirada do revestimento deve ser feita com guincho ma
nual de forma lenta, para evitar a subida da armadura, quando existente, e a
formação de vazios, garantindo-se que o concreto esteja acima da ponta do
revestimento".
▶
A concretagem deve terminar no nível do terreno.
205
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
3. Colocação da armadura
SO
Fique ligado!
Você não pode concretar estacas com espaçamento inferior a cinco diâmetros em in
tervalo menor que 12 horas, considerando a estaca de maior diâmetro. E, ao final, ao
menos 1% das estacas e, no mínimo, uma por obra, precisa ser observada abaixo da
cota de arrasamento e, se possível for até o NA para conferência da sua integridade e
da qualidade do fuste.
Quando falamos em Strauss, duas falhas são muito comuns no dia a dia de obra. A
primeira é relativa à qualidade desse concreto, que deveria ser como especificado ante
riormente, mas nem sempre é feito de maneira adequada no canteiro e pode apresentar
resistência insuficiente após a cura.
A segunda falha tem relação com o revestimento ou, nesse caso, a falta dele. Se essa
etapa for realizada de modo inadequado, pode gerar grandes problemas.
206
Vinicius Lorenzi
Explico: quando você está executando, se o revestimento não for colocado até a
cota adequada, ou seja, o fundo da perfuração, e você concretar, pode ocorrer uma falha
nessa concretagem.
▶
evitar mistura de concreto e solo (e, consequentemente, estrangulamento do fuste);
Na sua estaca, dentro do furo, não pode ter água e barro no momento da con
Fique ligado!
Esse tipo de estaca não pode ser utilizado em areias submersas ou em argilas muito
moles saturadas. A ponta da estaca deve estar em material de baixa permeabilidade
para permitir as condições necessárias para limpeza e concretagem.
Vantagens Desvantagens
Pode ser utilizada em locais de acessibilida-. O tubo de revestimento deve ser minucio
de reduzida. samente colocado e retirado: o revestimen
Boletim de execução
b) características do equipamento;
c) identificação da estaca: diâmetro, nome ou número conforme projeto de
fundação;
207
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Imagine em sua obra: você não acompanhou a fundação, não estava lá na hora da
perfuração ou na escavação... você não viu a concretagem nem a centralização da armadura
e a fundação ficou super mal feita!
Bom, o que acontece é o seguinte: a gente tem que entender que a fundação tem
a função de equilibrar, equalizar as cargas do edifício e, para isso, precisa ter capacidade
de suporte, da carga do seu projeto.
Enfim, o grande impacto disso na sua obra é que não acontecerá nos primeiros
momentos e, sim, quando as cargas máximas se instalarem, por exemplo.
Resultado Manifestação patológica
Trincas, fissuras, infiltrações, recalques... Por isso, é fundamental que você tenha total
domínio de fundações. Ou você sabe ou não sabe! Não tem meio-termo.
Por mais que sua equipe seja qualificada, esteja em obra (e atento!) nas datas de
realização das frentes críticas de serviço. Sabemos como é o cotidiano do escritório e
das obras. Mesmo assim, o olhar do profissional faz toda diferença na qualidade final do
produto. No nosso caso, esse produto é a obra.
Cheguei ao meu escritório para mais um dia de atividades e recebi, às 8 horas, uma
pessoa totalmente em desespero, falando que o prédio dela iria cair. Como vez ou outra
alguém me fala isso (e, às vezes, é apenas um problema no paver da calçada), pedi para
marcarmos um dia para visitar a obra.
- Não, o senhor não está entendendo! A Defesa Civil interditou a obra, todas as emissoras
de TV estão em frente ao prédio, que vai cair, e eu preciso que o senhor me ajude!
De fato, não era algo simples. Cheguei ao local e aproveitei para levar comigo um
perito para avaliar conjuntamente a situação, pois a edificação possuía manifestações
patológicas graves, muitas trincas e fissuras por todo lado, para fazer um laudo técnico.
Sim! Laudo técnico é um serviço que pode ser prestado pelo profissional de engenharia.
208
Vinicius Lorenzi
>>>
Na realidade, o primeiro insight que se teve nessa obra pela maioria dos
presentes: a obra vai cair. O que poderíamos fazer, então? Em primeiro
lugar, o escoramento para garantir a segurança de todos!
Escorar o prédio seria suficiente? No caso foi. O prédio estava pronto para tombar em di
reção ao sentido do talude. A estrutura precisava ser travada o quanto antes! Escorou-se
todo o lado da obra que estava sofrendo deformação, isto é, todos os pilares desse lado.
209
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Em uma situação como essa, uma perícia em que haja o risco de queda, o primeiro
ponto a ser resolvido é como trabalhar nessa edificação mitigando o risco de quem
está no local! Não se arrisque, profissional!
Após escoramento, no dia seguinte, entrei com a sondagem SPT mecanizada. Está
vamos na fase de planejamento, entendendo o que aconteceu (lembra-se do método
PPE-planejamento, projeto e execução? Pois bem). Buscamos, então, nesse momento
da perícia, encontrar informações do projeto, das memoriais técnicos da obra, enfim,
qualquer tipo de informação para tentar compreender a situação e ainda conseguir
elaborar o laudo técnico.
Uma equipe multidisciplinar foi formada para verificar as diversas possibilidades encon
tradas na obra: verificamos que não havia trincas e fissuras nos pavimentos superiores;
o prédio havia inclinado como um todo. Tínhamos ali uma situação clara de um recalque
diferencial de 28 cm para uma das direções.
Ficou muito claro, após a análise da equipe, que o problema era a fundação.
210
Vinicius Lorenzi
Fomos a fundo buscando por mais informações sobre a fundação, até que encontramos
o projeto e o tipo de fundação utilizada: fundação em estacas Strauss.
Com o resultado da nova sondagem SPT em mãos, fizemos com um projetista estrutural
uma retroanálise para entender se as cargas estruturais e as soluções de fundações
estavam de acordo ou se ali havia um subdimensionamento. Por incrível que pareça,
não havia! As estacas aparentemente tinham sido dimensionadas corretamente.
.
falta de SPT-o ensaio permitiria compreender as capacidades de suporte do solo;
à época, não foi executada sondagem;
não houve acesso à empresa executora de fundação; foi necessário fazer uma
retroanálise para compreender de fato o que teria acontecido;
211
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
.
Execução: só poderia estar ali o erro. Ninguém que acompanhou a execução das
fundações conseguiu ser contactado.
As armaduras não foram avançadas além do corpo do aterro. Logo, as estacas estavam
sofrendo mais impactos do que poderiam suportar: execução incorreta e desconside
ração do aterro.
Dica!
No caso das estacas Strauss moldadas in loco, como já citado, a falta de controle de
qualidade dos elementos e execução inadequada (fator água/cimento inadequado,
traço crítico, entre outros) pode levar a problemas sérios!
212
Vinicius Lorenzi
Se houvesse uma concretagem mais adequada, poderia ter sido evitado esse tipo de
problema gravíssimo!
1.
Escoramento para mitigar riscos.
Alternativas técnicas:
Tubulão manual
Estaca broca manual também não (aterro de 6 metros, que precisaria ser
ultrapassado).
Nesse caso, não foi indicado um reforço de fundação. Na verdade, foi necessária uma
nova fundação para a obra.
Nos pilares em que foi observado um dano muito grande nas estacas, substituiu-se a
fundação; outros pilares foram inspecionados e não houve problema. O concreto das
estacas da região de aterro estava muito mais danificado do que do outro lado da obra.
Só foi reforçada a região do aterro onde se deu a deformação principal. O custo de todo
processo ficou em cerca de R$ 150 mil. Barato! O prédio de 4 pavimentos poderia ter
ido abaixo!
213
VOCÊ É A MÉDIA DOS
ENGENHEIROS COM OS
QUAIS CONVIVE.
PROCURE ENGENHEIROS
QUE ESTUDAM.
PROCURE ENGENHEIROS
QUE QUESTIONAM.
PROCURE ENGENHEIROS
HUMILDES
PROCURE ENGENHEIROS
CONFIANTES.
PROCURE ENGENHEIROS
HONESTOS.
ESCOLHA SUAS
Spe REFERÊNCIAS!
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Observe que nas estacas mega de concreto há uma armadura de ligação na ponta
da estaca. Nesse tipo de fundação, a única ligação que existe entre um elemento e outro
é essa barra. Na parte da frente, uma barra de aço e, na parte de trás da estaca, um furo
para a inserção dessa armadura de ligação.
216
Vinicius Lorenzi
Normalmente, não se usa qualquer outro elemento de ligação. No caso das estacas
mega metálicas, a rosca é a ligação entre elas.
CO
Fique ligado!
A escolha da fundação sempre deve ser cuidadosamente realizada, caso a caso, bus
cando a melhor solução técnica.
217
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Dizer que essas estacas são prensadas significa, na prática, que temos uma prensa
por meio do conjunto macaco hidráulico-bomba, o qual gera uma carga e faz com que
elas reajam contra a estrutura pré-existente ou contra outros elementos, como tirantes e
cargueiras. Veja o que diz a norma de fundações:
Algo deve ficar claro: quando pensamos em mega estacas no dia a dia, pensamos
em reforço, ou seja, executar um novo elemento em uma estrutura já existente e, por isso,
devemos ter cuidado com essa estrutura antiga. Como as mega são prensadas, ou seja,
não há golpes de cravação, não são transmitidos impactos ou vibrações que gerem danos
obra ou à vizinhança.
Por isso, a mega é tão interessante: além de possibilitar a efetivação do reforço sem
danos a estruturas pré-existentes, permite ainda acesso a locais restritos ou de difícil acesso
218
Vinicius Lorenzi
quando comparamos com outras soluções, tendo em vista as grandes dimensões comuns
aos equipamentos de fundação, o que não é o caso das estacas de reação.
Observe: a estaca mega também pode ser utilizada como uma fundação do princípio
e não somente como reforço, como é mais comum. No final da década de 1930, em São
Paulo e no Rio de Janeiro, algumas edificações tiveram a estaca prensada como solução
de fundação desde o projeto: em meados de 1939, as Indústrias Matarazzo, em São Paulo,
tiveram suas fundações em 255 estacas prensadas com diâmetro de 300 mm e 60 toneladas
de carga de trabalho. A reação dos macacos ocorreu, nessa obra, na própria estrutura do
prédio que estava sendo executada (JUNQUEIRA, 1995).
Pensando nisso, cabe destacar que podemos realizar a cravação dessas estacas de
duas formas: ou com uma plataforma com sobrecarga ou com uso da própria estrutura
para reação, conforme vemos na Figura 7.42.
Pórtico
Macaco
Bloco
Peso
a) b)
219
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Segunda
concretagem
concretagem
es
Caso-Obra residencial
Citarei um caso de uma obra residencial muito simples, que quase entrou em colapso
por fundações mal projetadas.
220
Vinicius Lorenzi
1.
Acesso ao local da execução da mega
Por incrível que pareça, essa pode ser a parte mais complexa do processo. É onde você
escavará para chegar no ponto da aplicação do reforço. Nesse momento, é preciso tomar
alguns cuidados com a segurança da obra e sempre realizar o escoramento da estrutura.
221
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
2.
Cravação por prensagem
▶ É feita usando um conjunto de macaco hidráulico acionado por bomba elétrica
ou manual dotada de manômetro.
▶
Aferição do conjunto: o conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro deve
ter data inferior a um ano, contado do início da obra.
▶
O macaco hidráulico: sua capacidade deve exceder pelo menos 20% a carga
prevista de cravação.
Sua função é auxiliar a cravação. Podem ser vários, dentre eles, a inundação do
solo, jatos d'agua pelo interior dos segmentos, retirada do solo embuchado nas estacas
metálicas tubulares, vibrações e outros.
5. Encunhamento
Essa etapa é realizada após a cravação. São colocados o cabeçote de concreto arma
do, tijolinhos e cunhas, coerente com as cargas impostas e com que for mais interessante
para obra, como, ainda, solidarizando diretamente à estrutura.
Casos de obras
Já tivemos várias obras nas quais o uso da mega foi a solução. Inclusive, vou citar alguns:
.
Residência de altíssimo padrão, cuja fundação tinha sido absurdamente subdi
mensionada com apenas uma estaca por pilar. Nessa obra, a deficiência de carga
de cada fundação estava em torno de 30 toneladas por pilar. Tivemos que fazer
4 estacas mega por pilar como reforço.
222
Vinicius Lorenzi
.
Ampliação de um hotel. Nesse caso, não havia patologias a serem resolvidas, mas,
sim, uma carga adicional a fundação existente. O hotel havia s vendido e, na
reforma e ampliação, foi adicionado uma sobrecarga grande a estrutura existente
e os pilares precisaram ser reforçados.
.
Estruturação de uma concessionária de veículos novos. Pegamos um barracão
antigo para fazer esse trabalho. Não tínhamos quaisquer informações sobre as fun
dações, e tivemos que fazer uma verificação in loco. Seria instalado um mezanino
na estrutura e os apoios precisavam ser nos pilares existentes, sobre carregando
os mesmos. As estacas mega foram a solução.
Vantagens Desvantagens
.
Cuidados com a aferição.
Pode ter a função de atenuador dinâmico
de vibrações. Tempo de execução, uma vez que uma
.. Ausência de vibrações.
Boletim de execução
b) data da cravação;
223
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
p) observações pertinentes;
q) nome e assinatura do executor;
r) nome e assinatura da fiscalização e do contratante.
224
Vinicius Lorenzi
a) b) c) d)
1. Cravação do tubo
É realizada com golpes do pilão na bucha seca. A adesão da bucha ao tubo ocorre
por atrito até atingir a nega.
Há duas formas de obter as negas de cravação do tubo: para 10 golpes de 1 metro de
altura de queda do pilão; para 1 golpe de 5 metros de altura de queda do pilão, conforme
Tabela 7.6 (Tabela H.1 da norma ABNT NBR 6122:2019).
225
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Tabela 7.6 - Peso e diâmetro dos pilões, segundo a norma ABNT NBR 6122:2019.
0,30 10 0,18
0,35 15 0,18
0,40 20 0,25
0,45 25 0,28
0,52 28 0,31
0,60 30 0,38
0,70 34 0,43
2.
Execução da base alargada
A norma ABNT NBR 6122:2019 orienta:
Uma energia mínima deve ser utilizada para os diferentes diâmetros nos últimos
0,15 m³. Veja a Tabela 7.7.
5 MN x m 450 mm a 600 mm
-
"
se
e
de
controlando
golpes
pelo
número
de
queda
altura
pela
do
pilão
peso
do
produto
pelo
obtida
A
é
energia
o
volume injetado pela marca do cabo do pilão em relação ao topo do tubo.
3. Colocação da armadura
▶ A armadura deve ser colocada ao final da execução da base e deve ser anco
rada nesta.
226
Vinicius Lorenzi
4.
Concretagem do fuste
▶
São lançadas, uma após a outra, pequenas camadas de concreto seco. A se
quência é essa: lança-se o concreto, apiloa-se, retira-se o revestimento.
▶
Em casos normais, o fator água/cimento é igual a 0,36. Se o fuste for vibrado,
o a/c deve ser ajustado conforme o caso.
▶
Deve-se concretar até 30 cm acima da cota de arrasamento.
O concreto dessa estaca é seco e deve possuir as seguintes características:
▶
▶
consumo de cimento igual ou superior a 350 kg/m³;
▶
Fck ≥ 20 MPa aos 28 dias.
▶
No final do processo, lembre-se que ao menos 1% das estacas, e no mínimo
1 por obra, você precisa ver a estaca abaixo da cota de arrasamento e, se
possível, até o NA para conferência da sua integridade e da qualidade do fuste.
Boletim de execução
q) observações relevantes;
r) nome e assinatura do executor;
227
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Perceba que, até o momento, em grande parte das técnicas citadas, o solo deveria
ser retirado primeiro, escavado e, a partir daí, concretava-se a estaca. Nesse caso, o pro
cesso é diferente.
Sim, são muitas! Ela tem uma grande capacidade de carga, tem uma ponta maravi
lhosa por conta do bulbo, atinge bons comprimentos, tem boa rugosidade... eu diria até
que, em termos de qualidade final da estaca, é uma das melhores soluções que existem!
Veja uma estaca Franki que fica em exposição no Shopping Tijuca, no Rio de Janeiro.
Olha a rugosidade lateral da estaca! Incrível, não?
A estaca Franki costuma "ganhar" umas obras por sua capacidade de carga ser muito
alta. Por exemplo: se uma HCM de 400 mm suporta 50 toneladas de carga, uma Franki,
com mesmo diâmetro, suporta 70 toneladas.
Mas cuidado! Nem tudo é bônus: o ônus desse método gera muito impacto de vizi
nhança. Eu diria que é a metodologia que mais gera impacto nas obras vizinhas.
228
Vinicius Lorenzi
Nessa metodologia executiva, os golpes na bucha geram muita vibração, pois pra
ticamente toda energia é dissipada abruptamente no solo.
Na estaca Franki, isso não acontece: nela, eu já bato diretamente no solo, ou seja,
na hora que bato no solo, toda energia de queda do martelo libera a energia para o solo.
No caso dessa estaca, é fundamental que você veja o entorno e faça um relatório
de impacto de vizinhança antes de iniciar sua obra.
Na aula, ela questionou se havia algum problema nisso, demonstrando que não
possuía conhecimento profundo acerca da metodologia que em poucas semanas come
çaria a executar! No início, até achei que ela estivesse brincando, mas não, ela falava sério!
Reflita!
229
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
sondagem e vai para a etapa de projeto. Faltou, obviamente, nesse caso, uma análise mais
aprofundada do local.
As variantes tubadas e mistas, isto é, com fuste pré-moldado e bucha estanque, são
aplicadas em obras em regiões com leitos d'água: pontes e obras marítimas. As mistas
podem ainda ser usadas em ambientes agressivos, para maior controle do desempenho
do concreto do fuste.
A variante com fuste vibrado tem aplicação em terrenos com argilas muito moles
e sua finalidade é otimizar o processo. Entretanto, as estacas Franki não são indicadas
também em terrenos com camadas de argila mole saturadas, pois, dependendo de como
a concretagem é feita, pode ocorrer estrangulamento do fuste ao sacar revestimento.
Por fim, a variante de ponta aberta, que conta com escavação do fuste no processo,
pode ser aplicada quando se tem no entorno obras que apresentem grandes fragilidades.
Isso pode ser feito? Sim! Mas é preciso reconhecer que há outras soluções viáveis mais
interessantes para casos como esse.
230
Vinicius Lorenzi
Não é também só chegar com método de cálculo e achar que vai resolver. NÃO VAI!
Fique ligado!
231
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Fique ligado!
MINHAS ANOTAÇÕES
232
Vinicius Lorenzi
Esse tipo de fundação tem sido relevante no Brasil em obras de grande porte, princi
palmente pelo fato de esse tipo de fundação absorver grandes capacidades de cargas em
grandes diâmetros. Os equipamentos utilizados para essa solução normalmente também
são de grande porte, como os da Figura 7.47:
Na rdade, temos entender inicialmente que isso não é nem água nem barro,
mas um fluido estabilizante, que pode ser lama bentonítica ou, ainda, polímero. Vamos
falar desta última logo mais.
233
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Para obter a lama em si, é preciso adicionar água com baixo teor de dureza e pH
neutro por meio de equipamentos de alta turbulência.
Nas paredes internas do furo, é formada uma película impermeável, que chamamos
de "cake", e, por isso, essa solução não precisa de revestimentos. Assim, concluímos que
a função do fluido é substituir o revestimento.
TO
Fique ligado!
234
Vinicius Lorenzi
A indicação básica para essas estacas é suportar grandes cargas de pilares muito
carregados.
Figura 7.48-Estacão de 1,8 metro de diámetro com uso de fluido estabilizante. Fundação utilizada em uma
edificação de 35 pavimentos.
São estacas escavadas com uso de fluido estabilizante, que pode ser lama
bentonitica para perfuração ou polímeros sintéticos, naturais ou naturais
modificados para sustentação das paredes da escavação. A concretagem é
submersa, com o concreto deslocando o fluido estabilizante em direção as
cendente para fora do furo.
235
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
236
Vinicius Lorenzi
Outro detalhe importante a ser destacado é que essa solução, assim como a HCM,
exige um preparo mais elaborado do canteiro para que a execução seja possível. O preparo
da lama bentonítica é feito em uma instalação específica, a central de lama (Figura 7.51).
15 so oce
1. Escavação
Alguns cuidados precisam ser tomados nesse momento da sua execução. Antes dessa
etapa, é preciso cravar uma camisa metálica ou fazer uma mureta-guia para conduzir a
ferramenta de escavação. Sua finalidade é garantir uma boa locação.
As guias devem ser cerca de 5 cm maiores do que a estaca projetada; precisam ser
embutidas no terreno com um comprimento de pelo menos 1 metro.
237
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Fique ligado!
A lama bentonítica, depois de misturada, deve ficar em repouso por 12 horas para
hidratação completa. Motivo? Ela apresenta um inchamento muito acentuado quando
na presença de água.
No caso dos polímeros, a especificidade é maior. Por isso, é uma boa prática observar
o tipo de solo a ser escavado para indicação correta do fluido polimérico, que pode ser
composto de vários polímeros.
Alguns exemplos de polímeros que a norma cita são a PHPA (poliacrilamida), goma
xantana, PAC (celulose polianiônica) e CMC (carboximetilcelulose).
Alguns cuidados devem ser tomados também quanto à água a ser utilizada no
preparo: o pH precisa estar entre 7 e 11 (a medição pode ser realizada em campo por meio
de indicadores de pH); a dureza da água (excesso Ca+/Mg+) precisa estar no intervalo
de 0 a 120 ppm. Caso não esteja, pode ser corrigida com carbonato de sódio antes do
preparo do fluido.
7 all Indicador de pH
pH
pH 9 a 12 Indicador de pH
Por meio de ensaios, como peso específico, viscosidade, pH e teor de areia, entre
outros. A amostra é coletada do fundo da escavação.
238
Vinicius Lorenzi
3. Colocação da armadura
4. Concretagem
▶
É usado tubo tremonha para evitar segregação do material.
Nessa estaca, a concretagem também não pode ser interrompida (assim como
a HCM) e é preciso ter cuidado com a validade do concreto.
▶
A concretagem imediatamente feita após as outras operações.
CO
Fique ligado!
Você também não pode executar uma nova estaca com espaçamento inferior a cinco
diâmetros em intervalo inferior a 12 horas, considerando a estaca de maior diâmetro.
Precisamos controlar muitos fatores em uma estaca escavada com uso de fluido
estabilizante:
▶
a ferramenta de escavação (caçamba ou clamshell) quanto a folgas e dimensões
para evitar quaisquer desvios executivos durante a escavação;
▶ as características do concreto;
239
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Na realidade, existem outros formatos para a estaca barrete, como o formado pela
associação de duas ou mais estacas, podendo formar um L ou, ainda, um T. Enfim, essa
definição passa também pela avaliação da geometria do pilar.
Vamos falar das três etapas primordiais da execução, agora para a estaca barrete
240
Vinicius Lorenzi
Nas estacas com fluido estabilizante, é fundamental ter um bom controle de quali
dade. Na fase de perfuração, qualquer indício de desaprumo deve ser verificado e corrigido
para que a verticalidade seja perfeita.
241
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
SO
Fique ligado!
Você deve ser muito cuidadoso na etapa de subida desse concreto na sua estaca. A
ponta do tubo tremonha sempre deve estar totalmente imersa no concreto. O concreto
e a lama não devem se misturar.
Reutilizar é vida! Para o reúso da lama, é necessário que esta passe por um processo
de reciclagem. Reutilizar é uma vantagem, pois diminui o custo final da lama (que é usada
mais vezes) e diminui resíduos a serem descartados.
Depois de reciclar a lama, a parte que será reutilizada volta aos tanques de arma
zenamento enquanto as impurezas retiradas são descartadas.
Em termos ambientais, é um processo muito interessante também.
- E os polímeros?
São uma tecnologia resultante do cerco, cada vez mais fechado dos órgãos ambien
tais em relação ao uso da bentonita. Diferentemente da lama bentonítica, os polímeros
são um produto biodegradável.
Além disso, não precisam de tempo longo de maturação como a lama - enquanto
ela precisa de 12 horas, o polímero precisa de 15 minutos após preparar a mistura para
inserção na perfuração.
242
Vinicius Lorenzi
▶
Qualidade da água (salinidade, matéria orgânica e pH).
▶
Viscosidade e densidade do fluido (podem impactar a estabilidade do furo).
▶
Deposição de material no fundo da escavação. É o principal indicador de
desmoronamentos e por isso é preciso monitorar continuamente.
Indicador do pH.
▶
menor dificuldade e custo de descarte, que pode ser em um bota-fora comum;
preparo e dispersão em água mais simples;
►
▶
aplicação imediata (após 15 minutos do preparo);
grande reaproveitamento;
▶
menor desgaste dos equipamentos e ferramentas.
Dica!
Boletim de execução
b) características do equipamento;
243
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
m) observações relevantes;
n) nome e assinatura do executor,
Para ser considerado tubulão, a ABNT NBR 6122:2019 preconiza que deve haver a
descida de um operário, o poceiro, o qual realizará a limpeza da base ou alargamento da
base do tubulão (a saia).
Fique ligado!
244
Vinicius Lorenzi
descida do poceiro;
abertura manual da base/saia;
▸
verificação da base por profissional competente;
▶ inserção da armadura;
▶ concretagem.
245
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Td1
Revestimento
(quando necessário)
Fuste
Base
Tubulão 2
Tubulão 1
P₂
Folga
5₁
A escavação do fuste pode ocorrer de forma manual pelo trabalho dos poceiros ou
ainda com auxílio de perfuratriz até a cota de projeto. Equipamentos perfuratrizes são
indicados nos casos em que não haja dificuldade logística de acesso (Figura 7.54).
246
Vinicius Lorenzi
247
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Fique ligado!
O mínimo diâmetro que um tubulão pode ter é de 90 cm. Além disso, precisam estar
revestidos ao longo de todo o fuste.
248
Vinicius Lorenzi
- Como assim, é incrível? Você descer em um lugar apertado, com risco de queda?
Não é bem assim...
Primeiro, é importante que fique claro que a solução em tubulão só pode ser realizada
em um tipo de solo que comporte esse tipo de solução, ou seja, não pode ser projetada
sem que o solo tenha coesão e/ou sem a resistência adequada para a descida do poceiro
e do profissional que fiscalizará a base.
Além disso, hoje, a NR-18 indica uma série de normativas, de especificações que
precisam ser seguidas para garantir a segurança de todos!
249
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
4. Colocação da armadura
Deve ser feita de forma controlada, para que não ocorram desprendimentos de
solo dentro do seu tubulão e consequentemente deixem sujeira na base (já vistoriada).
É uma boa prática usar espaçadores (roletes) para garantir o cobrimento adequado.
Além disso, a armadura deve permitir a correta distribuição do concreto sem reter os
agregados graúdos.
5. Concretagem
Se o fuste ficar aberto ao tempo, sem concretar, pode ocorrer desprendimento de solo
para o seu interior. Além disso, se chover, o furo pode ficar cheio de água e comprometer
todo um trabalho já realizado.
O concreto é lançado por meio de funil e não é preciso utilizar vibrador. Por isso,
cuidado: seu concreto precisa ter uma consistência que permita a ocupação total do seu
tubulão, sem deixar vazios de concretagem.
250
Vinicius Lorenzi
▶
ser encamisado em toda a sua extensão;
▶
ser executado após sondagem ou estudo geotécnico local, para profundidade
superior a 3 metros;
▶ possuir diâmetro mínimo de 90 cm.
251
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Fique ligado!
É possível que você tenha cotas distintas de assentamento dos seus tubulões. Se isso
acontecer, comece pelos mais profundos e só então parta para a execução dos mais
rasos. As bases devem ter distância, de centro a centro, ao menos 2,5 vezes o diâmetro
da maior base.
P1 P2 P3 P4
das fundações
AH
ΔΗ,
ΔΗ,
AH₂
Trago uma discussão sobre a situação atual do uso dessa solução no Brasil: é fato
que o tubulão vem caindo em desuso. Talvez você se pergunte a razão disso.
Para começar, na prática, além de fatores limitantes, como a boa coesão do solo ou
a inexistência de água (você pode fazer tubulão abaixo do NA, com as ressalvas: desde
que seja possível retirar a água e mais, se não existir riscos de desmoronamentos), existem
uma série de fatores que causam essa situação atual.
252
Vinicius Lorenzi
▶
As equipes podem estar trabalhando em condições insalubres.
▶
Dificuldade de acesso à mão de obra. Profissional difícil de se encontrar no
Agora, vamos pensar nas inúmeras exigências indicadas na nova NR-18. São exi
gências que tiveram a intenção de extinguir essa técnica, pois tornam o sistema cada vez
mais complexo de se executar.
É certo que muitas vidas foram retiradas com essa técnica, principalmente quando
nenhuma das normas eram seguidas e quando o solo não era o indicado para essa técnica.
Se por um lado as novas prerrogativas normativas vêm para garantir a segurança dos
trabalhadores, por outro lado poderá, sim, levar ao desuso do método devido aos altos
custos para seguir essa normativas.
Não sejamos inocentes em achar que todas as empresas fazem uso dessas normas,
porque isso não é verdade. Ainda há muitas execuções fora de norma e que colocam em
risco as atividades exercidas.
CO
Fique ligado!
253
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Dica!
Exemplo:
Permite acesso a locais que grandes equipamentos não Solução de alto risco para os trabalhadores,
alcançam. possibilidade de soterramento, infecções,
asfixia, intoxicação com gases etc.
.
Suas dimensões podem ser alteradas durante a escava Necessidade de mão de obra disposta a tra
ção para compensar condições de subsolos diferentes as
balhar sob condições desfavoráveis.
previstas.
O controle da limpeza da base deve ser ri
Exemplo:
goroso e, para isso, um profissional técnico
Fundação dimensionada para ser apoiada em um solo
deve estar sempre presente para liberar os
com tensão admissível de 5 kgf/cm² em 12 metros de pro
tubulões.
fundidade. Mas em campo não se concretizou a tensão
254
Vinicius Lorenzi
(es
Caso de obra!
Vou compartilhar aquela que foi a minha obra derradeira de tubulão! Não que eu ainda
não faça e/ou não venha a executar obras com esse método, mas foi a partir dessa obra
que eu disse: Chega!
impenetrável);
Um solo para atender essa característica precisa de uma resistência alta! A sondagem
SPT mostrava um número de golpes que atendia a essa resistência, sin loco isso
acabou não se concretizando.
Uma das possibilidades seria aumentar a geometria da base dos tubulões, por exemplo,
passando de 2 metros de diâmetro para 2,5 metros, mas isso não era possível, pois os
mesmos já estavam muito próximos uns dos outros, o que impedia um aumento da
área da base.
Por fim, tomou-se a decisão de descer mais a profundidade até encontrar a tensão
admissível esperada. A mesma encontrava-se em 17 metros-4 metros a mais de per
furação, sendo que pelo menos 3 metros abaixo do NA. Era um perrengue e tanto!
Sim, como eu disse, essa obra foi feita antes das novas recomendações; até então, esse
255
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
O cliente só enxergava o custo da escavação! De fato, ele era mais econômico naquela
oportunidade, mas e a variável tempo de execução? Ela precisa estar em nossas pla
nilhas orçamentárias!
Agora, trago em números o motivo de eu acreditar que o tubulão vem perdendo mer
cado e cada vez mais viabilidade (custo-benefício): essa obra teve preço estimado de
escavação da fundação em tubulão de R$ 70 mil. Estamos falando somente de mão
de obra, sem material. Naquela oportunidade, o orçamento da estaca hélice contínua
tinha ficado em R$ 120 mil.
Se essa obra fosse orçada hoje em dia, os custos de mão de obra do tubulão, devido à
indisponibilidade de equipes e, ainda, às novas exigências da NR-18, subiriam 100%,
ou seja, a obra custaria R$ 140 mil. Já a HCM não sofreu a mesma incidência de reajuste
e não sairia por mais de R$ 150 mil.
Veja que, lá atrás, havia uma diferença financeira que até poderia justificar a opção por
uma ou outra técnica; entretanto, hoje em dia isso não acontece mais! Principalmente
se eu colocar uma diferença de 8 meses de trabalho. Ou seja, faça sempre conta!
MINHAS ANOTAÇÕES
256
Vinicius Lorenzi
No Brasil, por se demandar equipe reduzida para sua instalação, possuir uma logística
simplificada e ser uma solução com alto grau de confiabilidade, a estaca helicoidal tornou
-se uma candidata natural para obras de linha de transmissão, em especial por se tratar
de obras com poucos dados de sondagem e com alta índice de complexidade logística.
257
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Entretanto, nos últimos anos, sua utilização no Brasil tem se disseminado entre os
mais diversos tipos de obra, de maneira similar ao que aconteceu em outras regiões do
mundo. Essa popularização ocorre ao se observar os benefícios dessa solução e os ganhos
que podem ser obtidos na obra com sua utilização, como:
▶
correlação entre torque de instalação e capacidade real de carga, aumentando
a confiabilidade da solução e validando os ensaios de investigação de solo,
previamente realizados;
▶
solução industrializada, retirando todas as incertezas de campo de sua
fabricação;
▶
equipamento simples, necessário para sua instalação, permitindo sua utilização
em qualquer região e com ágil deslocamento entre os pontos de instalação;
▶
equipe reduzida necessária para a instalação, reduzindo custo de mobilização
e execução da solução;
1. Seção guia: é o primeiro elemento a ser instalado no solo. Possui sua ponta
cortada em ângulo para facilitar a penetração e possui diversos helicoides
258
Vinicius Lorenzi
999
259
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Importante ressaltar que todas estas partes, devem ser conectadas entre si de ma
neira a garantir a completa transmissão dos esforços entre elas.
7.14.2 Dimensionamento
O outro dimensionamento que deve ser realizado é o geotécnico, e para este existem
poucas normas vigentes no mundo. Por isso, utilizamos teorias aplicadas para outros tipos
de fundações - as normas técnicas nos pontos em que se aplicam e artigos científicos de
reconhecida relevância sobre o tema, além de conhecimentos gerais de mecânica dos solos,
geotecnia e afins. Esse dimensionamento deve observar minimamente os seguintes pontos:
260
Vinicius Lorenzi
▶ profundidade mínima - esse quesito deve ser definido com base em equações
de distribuição de tensões no solo e nos parâmetros imputados nas fórmulas
de cálculo da capacidade de carga;
▶ comprimento de flambagem, em especial, para estacas à compressão - deve
se verificar a possibilidade de flambagem da estaca, quando ocorrer longos
trechos sem contenção lateral;
relação à carga aplicada e em relação às demais estacas que compõe esse sistema;
Finalizadas ambas as análises, você poderá recomendar a exata estaca que será
necessária para esse projeto.
7.14.3 Instalação
Como comentado anteriormente, uma das grandes vantagens das estacas helicoidais
está relacionada à velocidade e praticidade de sua instalação.
Uma equipe de instalação de estacas helicoidais, em geral, é composta por 4 a5
profissionais e um equipamento hidráulico (por exemplo: retroescavadeira, escavadeira
etc.) acompanhado de um rotor, capaz de transformar a potência do equipamento em
torque, e um torquímetro, que mensurará o torque que está sendo aplicado na estaca
instantaneamente.
261
EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS
De todos esses itens, o mais crítico, sem dúvidas, é o torquímetro, pois ele é res
ponsável pela leitura que proporcionará o monitoramento da instalação, garantindo que o
avanço do torque seja condizente com as premissas e limitações estabelecidas em projeto.
Por esse motivo, é fundamental buscar um equipamento de qualidade e calibrado.
262
Vinicius Lorenzi
7.14.4 Limitações
Outra limitação diz respeito a solos muito compactos, onde pode haver dificuldade
na penetração das estacas helicoidais, em função de suas limitações geométricas.
Agora que estamos mais familiarizados com os diversos tipos de execução de fun
dações, vamos para o cálculo?
263
ଓ ରବିନ୍ଦୁ ହଳଦ ଦେବବର
2 TIPOS DE ENGENHEIROS
MINHAS ANOTAÇÕES
266
FUN
DASEM
COMPLICAÇÕES
ÇÕES
PARTE 3
DIMENSIONAMENTO DAS
FUNDAÇÕES
ALERTA: Caso você tenha vindo diretamente a essa parte, sem ter concluído as duas
anteriores, recomendo que retorne a elas! Isso porque a etapa de dimensionamento só fará
sentido se o conhecimento adquirido nos outros capítulos tenha sido pleno! Boa Leitura.
8. DIMENSIONAMENTO DAS
FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Objetivos do capítulo
Fique ligado!
De acordo com a norma de fundações, a tensão admissível pode ser assim definida:
Máxima tensão que, aplicada ao terreno pela fundação rasa ou pela base de
tubulão, atende, com fatores de segurança predeterminados, aos estados limites
últimos (ruptura) e de serviço (recalques, vibrações etc.).
oque
adm
FS
▶
características ou peculiaridades da obra;
▶
sobrecargas externas;
▸ inclinação da carga;
inclinação do terreno;
▶ estratigrafia do terreno;
▶ recalques.
Sempre que for projetar uma sapata, deve-se encontrar a tensão admissível do seu
solo. Veja o que a norma diz: "As sapatas devem ser calculadas considerando-se diagra
mas de tensão na base representativos e compatíveis com as características do terreno
de apoio (solo ou rocha)".
269
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
▶ Métodos Empíricos;
▶ Métodos Semiempíricos;
▶ Prova de carga sobre placas.
Vamos abordá-los a seguir, exceto a prova de carga sobre placas, que já foi objeto
de estudo no Capítulo 4, no item 4.4.
NNN são fatores de carga da ruptura geral (função de ângulo de atrito do solo)
270
Vinicius Lorenzi
271
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
241,80 512,84
21 18,92 8,26 4,31 47 224,55
831,99
23 21,75 10,23 6,00 49 298,71 344,63
Fatores de forma
Forma da sapata
S
S
1,0
Corrida 1,0
0,8
Quadrada 1,3
0,6
Circular 1.3
Retangulares 0,9
1,1
(L> Bel<5B)
Em sua teoria, Vésic (1975) propõe os seguintes fatores de forma, que variam de
acordo com o formato da sua sapata.
quadradas quando L = B;
272
Vinicius Lorenzi
Fatores de forma
Forma da sapata
S Sy
S₁
Corrida 1,0 1,0 1,0
N
Quadrada ou circular 1+ 1+tano 0,6
N
0.4.-(-:-)
Retangulares
¹000.
B 'N B
1+ 1+ 1+0,4
tand
(L> Bel<5B)
L N L L
2
tand + tand
tand = 3 tand
5
2 6
▶
Ruptura local (areias fofas e argilas moles)
Op CS₂N+q-S-N +0,5-y-B-S₂ - N
2 2
C' = ce tand' = tand
3 3
273
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
18.56 14,71
13 8,96 2,38 0,42 39 32,53
25,21 22,50
16 10,06 2,92 0,67 42 40,33
up CS-N+q-S-N +0,5-y-B-S, N
C+C' 5 N+N'
-C N'=
2 6 2
274
Vinicius Lorenzi
Os casos extremos, descritos por Terzaghi (1943) como de ruptura geral e ruptura
local, são mostrados no Gráfico 8.1.
Tensões
Recalque
Geral
Recalque
Recalque Local
up=C-N₂+y-H
em que:
C
é a coesão da argila
H H
N₁ = f( ), considera a relação (conforme abaixo)
B B
Sapatas corridas:
H H
N=51+0,2. limitando N = 7,5 para >2,5
B B
4-6-(1-02.)
H H
N , limitando N = 9 para >2,5
B B
275
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
▶ Sapatas regulares:
>>> Para
H
B
<2,5 N=51+0,2 -(1-a2 +)-(1.02 ) B
H
Para >2,5 N = 7,51+0,2
B
Se sua carga for inclinada, é preciso fazer os devidos ajustes utilizando fatores para
correção:
Fazendo esses cálculos encontramos uma tensão ruptura. A partir dela, utilizando
o Fator de Segurança estipulado pela norma, encontramos nossa tensão admissível.
Tabela 8.6 - Fundações rasas: fatores de segurança e coeficientes de ponderação para
solitações de compressão.
Semiempíricos ou analíticos
acrescidos de duas ou
mais provas de carga, 1,40 2,00
necessariamente executadas na
cEm todas as situações, ym=yf=1,4 (majoração) para o esforço atuante, se disponível apenas seu valor
característico; se já fornecido o valor de cálculo, nenhum coeficiente de ponderação deve ser aplicado a ele.
276
Vinicius Lorenzi
Fique ligado!
Usar tabela de tensões básicas pode ser um problema. Você pode partir de uma in
formação incorreta, que o levará a um resultado totalmente divergente da realidade!
Classe
Descrição Valores (MPa)
1
Rocha să, maciça, sem laminação ou sinal de decomposição 3,0
2
Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1.5
3
Rochas alteradas ou em decomposição (ver nota c)
4
Solos granulares concrecionados - conglomerados 1,0
5
Solos pedregulhosos compactos a muito compactos 0,6
6
Solos pedregulhosos fofos 0,3
7
Areias muito compactas 0,5
8
Areias compactas 0,4
9
Areias mediamente compactas 0,2
10
Argilas duras 0,3
11
Argilas rijas 0,2
12
Argilas médias 0,1
14
Siltes rijos (compactados) 0,2
15 0,1
Siltes médios (mediamente compactos)
Isso aconteceu, pois era muito comum buscar a tabela para retirar dados de resis
tência por informações muito básicas, como:
271
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
- Na minha região, tem uma argila dura, logo, vou utilizar uma tensão admissível prevista em
norma de 3 kgf/cm. Não tem erro!"
Opa, tem erro, sim! Isso porque, na maioria das vezes, sequer existe uma sondagem.
Compartilho diversos casos nos quais esse tipo de informação acerca da característica
do solo, era indicada pelo proprietário do terreno,como:
-Aqui no meu terreno tem uma argila dura, muito dura! Pode usar uma tensão admissível de
3 kgf/cm², que eu garanto!
E aí, quando o SPT era realizado, tinha uma sequência de golpes menores do que
5 ao longo de todo o comprimento do perfil de solo, ou seja, uma capacidade admissível
bem inferior.
Fique ligado!
Usar dados tabelados que não condizem com a realidade encontrada em campo não
faz senti
Outra maneira empírica está ligada à avaliação in loco por parte de um geólogo/
geotécnico. Esse processo ainda é muito comum e está ligado diretamente à experiência
por parte do profissional, por isso que o nome "empírico", nesse caso, é bem utilizado.
Lembrando que o significado de empírico é algo baseado na experiência e na ob
servação, metódica ou não. Ou seja, é extremamente interessante esse tipo de análise
profissional, desde que essa análise seja feita por um profissional habilitado e com signi
ficativa experiência.
278
Vinicius Lorenzi
Figura 8.2- Profissional avalia tensão admissível da cota de apoio da fundação superficial.
Quando avaliamos a rocha, esse tipo de trabalho se torna até mais interessante, pois
o profissional consegue entender o comportamento da rocha e a partir disso determinar
suas tensões admissíveis.
É claro que a Sondagem Rotativa pode ser interessante nesse caso, uma vez que
gerará amostras que trazem o RQD da rocha, o qual pode ser correlacionado com as resis
tências da rocha. Uma rocha sã, integra, pode chegar a 30 kgf/cm². Uma rocha fraturada,
em decomposição, terá resistências menores, da ordem de 10 a 15 kgf/cm².
As diferentes tensões admissíveis do solo/rocha devem ser minuciosamente avaliadas
a fim de que se apoie as fundações superficiais com:
279
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
25-50% Fraco
50-75% Regular
75-90% Bom
90-100% Excelente
Meyerhof (1956)
NSPT
Areia σ= para N≤16
4
Nepr
Argila σ₁ =
6
NSPT
Solos intermediários
5
Valores em (kgf/mc²)
280
Vinicius Lorenzi
Valores em (MPa)
NSPT
o = +q para 5 ≤N 20 Skempton (1951) para argilas
50
NSPT
o= 0,05+ (1+0,4B) - Teixeira (1996) para areias
100
Sapata apoiada a-3 metros (cota alta). A sondagem detectou capacidade dinâmica,
com índice NPT 10, aos 3 metros.
RADM = NSPT/5
RADM = 2 kgf/cm²
É uma noção básica para quem está em campo e que se baseia em fatores de segu
rança significativos para que o resultado esteja dentro do esperado.
Na relação acima, indica-se utilização em solos com Nor máximo = 30.
Dica!
Você pode se perguntar: qual é uma tensão boa para apoiar minha sapata?
Não existe uma tensão boa ou ruim. Lembre: tensão = força/área. Se sua tensão
é alta, a área da sua fundação diminui. Tensão boa é aquela que não leva a áreas muito
grandes de sapata, que não leva ao consumo elevado de concreto e, portanto, que tenha
um bom custo-benefício.
281
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Nada disso! Não interessa se é prédio, se é sobrado ou se é casa... Você precisa fazer
a conta! A sapata é um elemento estrutural em concreto!
O dimensionamento dos elementos de fundação deve ser feito com base nas solici
tações obtidas a partir das combinações de ações, atendendo os requisitos da ABNT NBR
8681:2004, já contemplando todos os seus efeitos de primeira e segunda ordens globais.
Ou seja: o projetista de fundações recebe do calculista esforços combinados!
Pilar
B ·b·
CA a C₁
282
Vinicius Lorenzi
KN+N
adm
Em que:
A norma diz que a carga vertical deve ser majorada em 5%, o que, por vezes, pode
ser feito já sobre a carga total:
1,05 N
g+ak
Su
adm
Fazendo c Ac B tem-se:
A-a, =B-b₂
A-B=a-b
Recomendação prática:
A≤ 2,5B
Considerando a geometria da minha base, posso fazer o cálculo dessa área por
intermédio das dimensões:
Ssap= Ax B
A = S/B
Manipulando a equação, Sp
S, - B² =B (a - b)
283
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
E, por fim,
1
1
Em que: B =
2 (a-b)+√ (b-a)² + Sap
4
dimensões do pilar
Recomendações:
Lembre-se!
É recomendado que o centro de gravidade (cg) do pilar seja coincidente com o centro
de gravidade da base da sapata, para qualquer forma do pilar. Geralmente, se o pilar é
retangular, a sapata também é retangular, seguindo a geometria.
A-a
h2
3
Em que:
h é a altura da sapata
284
Vinicius Lorenzi
TO
Fique ligado!
Comportamento estrutural.
O item 22.6.2 da ABNT NBR 6118:2014 traz informações relevantes sobre a distinção do
comportamento de uma sapata flexível e uma sapata rígida.
Trabalho à flexão nas duas direções, admitindo-se que, para cada uma delas, a
tração na flexão seja uniformemente distribuída na largura correspondente da
sapata. Essa hipótese não se aplica à compressão na flexão, que se concentra
mais na região do pilar que se apoia na sapata e não se aplica também ao caso
de sapatas muito alongadas em relação à forma do pilar;
Trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruptura
portração diagonal, e sim por compressão diagonal verificada conforme 19.5.3.1.
Isso ocorre porque a sapata rígida fica inteiramente dentro do cone hipotético
de punção, não havendo, portanto, possibilidade física de punção. (ABNT NBR
6118:2014).
a) b)
e)
d)
Figura 8.5-Distribuição de pressão no solo em sapata sob carga centrada: a) sapata flexivel sobre argila; b) sapata
flexivel sobre areia; c) sapata rígida sobre argila; d) sapata flexivel sobre areia; e) distribuição simplificada.
285
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Montoya (1971) considera uma sapata rígida com ângulo ß igual ou superior a 45°.
Pilar
a
Balanço
Figura 8.6-Angulo Be balanço c. Crédito: adaptada de Bastos (2019). Crédito: adaptada de Bastos (2019).
▸ Ângulo B (tg B=h/c)
0,5≤tg B≤1,5
(26,6° ≤B≤56,3°)
dzl
▶
Rodapé da sapata:
hz 3
15cm
Em resumo, para os esforços que chegam ao seu pilar, você encontra todas as di
mensões da sapata, as quais garantem tanto segurança quanto economia e, ainda, a área
de aço suficiente para resistir a esses esforços sem que haja falha.
286
Vinicius Lorenzi
Figura 8.7-Ruptura por Flexão. Crédito: Bastos (2019). Figura 8.8-Ruptura por cisalhamento.. Crédito: Bastos (2019).
- Nossa, mas antes de me mostrar como são os cálculos da flexão, já me mostrou a peça
rompida!?
1.
Características geométricas necessárias
Os balanços (abas) "c" precisam estar dentro dos intervalos apresentados a seguir:
h 1 C
≤C≤2h (ou S ≤2)
2 2 2h
Em que:
C balanço
h altura da sapata
287
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Para:
2. Seções de referência
ds1,5c
C₁
0,15 a
P
SIA
A₁A
Figura 8.9-Seção de referência S 1A, relativa à dimensão A da sapata. Crédito: adaptada de Bastos (2019).
▸ Balanços
A-a B-b
C₁ = C=
2 2
N
p=
A-B
▶ Distâncias
X=C+0,15a
X=C+0,15b
288
Vinicius Lorenzi
Fique ligado
Essas distâncias "x" são medidas da seção S (S₁ e S) até a face da sapata (tanto na
dimensão A quanto na B).
▶
Momentos fletores relativos às seções de referência S₁ e S
x₂²
M₁A = P B
M₁ = P 22/ A
x₂ ex distâncias
Cálculo da armadura
M₁
A₂=
0,85d-fd
A área de aço
M₁ momento fletor
289
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Logo:
M₁Ad MIBO
A=
AA 0,85d-fd 0,85d-fyd
Esse método baseia-se no fato de que há uma transferência da carga do pilar para
a base da sapata por meio de bielas de concreto comprimido, os quais induzem tensões
de tração na base da sapata.
POR ENGMATHEUSBORGES
CONCRETO
BIELA COMPRIMIDO
TIRANTE ARMADURA
TRACIONADA
A-a,
dz
4
TOB
Fique ligado!
Você só pode utilizar o método se a altura útil da sua sapata atender à condição indicada.
290
Vinicius Lorenzi
P (A-a) P (B-b)
T₁ = T₁=
8 d 8 d
▶ Armadura
Txd
Asx=A₁A= A = A=
fyd
Agora, precisamos encontrar a área de aço por metro. Para isso, basta dividir a área
de aço por cada uma das dimensões:
A/m=A₁/A
e
A/m = A/B
Tendo a área de aço por metro, é possível chegar às bitolas adequadas das arma
duras longitudinais.
291
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Ou seja, a tensão solicitante deve ser menor que a tensão resistente, considerando
que essa verificação deve ser feita no contorno C.
sa
ud
com:
u 2(a+b)
292
Vinicius Lorenzi
Eu sei que você deve estar se perguntando como é que, na prática, a gente verifica
tudo isso e o que é esse tanto de informação. Então, chegou a hora do exemplo para
você entender de verdade o que está fazendo.
8.5.6 Exemplos
KN +N
1. Sap
adm
1.000
2.
Fazendo os balanços iguais
1
B=
1
2 (b-a) + √ -(b₁-a₂)² + Sap
4
1
B= x (30-70)+( x (30-70)² +55.000)"
2 4
A-B=a₁-b₂
A-220= 70-30
A = 260,00
293
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
A-a,
C₁=CB=
2
70
Ca=Cb=260-- -= 95 cm
2
A-a
h>
3
h≥260-70/3
h≥63,33
dz4
> =10 mm
$
yo
.
b=
4 fod
f=0,15-fck2/5= 0,15-252/3
Adotando h = 70 cm, a sapata é classificada como rígida (> 63,33 cm), e para
a altura útil d pode-se considerar:
d=h-(c+1)
d=h-(4+1)
294
Vinicius Lorenzi
d= 70-5 cm 65 cm
d> b
65 > 60,38 cm
Altura do rodapé
n
70 = 23.3
h3 3 cm
15 cm
h = 25 cm (valor múltiplo de 5)
d>4
Figura 8.11- Altura útil mínima para a sapata e outras notações. Crédito: adaptada de Bastos (2019).
4.
Cálculo dos momentos fletores internos solicitantes.
▶
Pressão no solo
N₂
P₁=
A-B
P=1,4-1.000/260-220=1.400/57.200=0,024475 kN/cm²
h/2≤c≤2
35 < 95<140
295
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
X₂²
M18.d = Pa A = 0,024475 (99,5)² - 260/2 = 31.500,12 kN.cm
2
▸ Armaduras
M₁Ad
ASA = 29.965,42 / (0,85 x 65 x 43,48) = 12,47 cm²
0,85d-f
Mad
31.500,12/ (0,85 x 65 x 43,48) = 13,112 cm²
0,85d-f
Fsd =Nd=y, N=
F=1,4 x 1.000=1.400 KN
Fsd
sa=
ud
= 1.400/(200 x 65)
296
Vinicius Lorenzi
Retomando o exemplo anterior, calcule as armaduras de flexão pelo Método das Bie
las. Dados: a = 70 cm; Nk = P = 1.000 kN; A = 260 cm; B = 220 cm; h = 70cm; d= 65 cm;
yf=1,4; y s = 1,15; CA-50.
▶
Critério de verificação do método
A-a
dz
4
d> (260-70)/4
d≥ 47,5
P (A-a)
T₁ =
8 d
Tx=1.000 (260-70)/8 × 65
Tx = 365,38 KN
P (B-b)
8 d
T = 1.000 (220-30)/ 8 × 65
T,= 365,38 KN
▶ Armaduras
A₁ =A₁A=
fvd
A = 365,38/43,37
A = 8,40 cm² = Asy (balanços iguais levam a esforços de tração iguais)
297
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
▶ Armadura/m
Fique ligado!
Com o Método das Bielas foram encontradas armaduras de flexão com bitolas meno
res que o CEB-70, nesse caso, sendo, portanto, uma solução mais econômica e arro
jada. Entretanto, sempre é preciso conferir se seus cálculos estão corretos e se não
há uma divergência muito grande entre os métodos. Para esse método, a ABNT NBR
6118:2014 também solicita a verificação da diagonal comprimida, como foi feito no
primeiro exemplo.
tg a= fazendo a = 27°
X
d d
tg 27⁰ = →X= 2d
X 0,51
-Pilar
Limite do cone
de punção
-Sapata
Figura 8.12- Llimite do cone de punção. Crédito: adaptada de Bastos (2019).
Na prática, não se recomenda fazer sapata flexível por conta da punção. No dia a
dia, sempre que se faz uma sapata, busca-se fazer sapata rígida; se ela não for classificada
como tal, aumentamos as suas dimensões de modo que passe a ser. Depois, obtemos as
armaduras e verificamos a diagonal comprimida, como mostrada no no exemplo.
A avaliação básica de onde a sapata será apoiada faz parte de uma grande definição
da etapa de projeto.
Caso de obra!
Pode ser que, ao chegar à obra, você descubra que há tensões no solo diferentes do
que aquelas que haviam sido programadas.
Por exemplo: pode ser que a obra foi projetada com tensões admissíveis de 4 kgf/
cm² e, ao chegar na hora de realizar a obra, escavou a sapata e com 1,5 metro os
4 kgf/cm² atendiam.
Como solução para isso, poderia ser realizado um aumento da área da sapata a fim de
equ pela equação tensão = força/área, absorvendo a mesma força com uma área
r
299
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Entretanto, pode ocorrer de não haver espaço físico para aumentar essa sapata,
havendo uma limitação espacial. Em alguns casos, desse modo, é preciso aumentar a
escavação, aprofundar a sapata e, então, chegar a tensões ou capacidades de suporte do
solo que atendam satisfatoriamente às condições de projeto.
BULBOS DE TENSÕES
DIFÍCIL DE ENTENDER..... AGORA SIM. PROFESSOR!
-SOLO ESCURO
FUNDAÇÃO LANTERNA
"BULBOS" DE
BULBOS DE
LUZ
TENSÕES
Sapatas apoiadas em solos resistentes terão, cada uma, seu bulbo de tensão. Isso
significa que o elemento de fundação recebe todas as cargas vindas da edificação. E fun
dação descarrega onde? No solo.
300
Vinicius Lorenzi
Circular ou
Retangular Corrida
quadrada
L=de 2 a 48 L258
L=B
Vista em corte
↓P
|²
Em linhas gerais, é como se ela "roubasse" carga da outra, o que pode gerar recal
que. Sobreposição de bulbos de tensões pode gerar recalque na obra, portanto, é preciso
avaliar cuidadosamente.
c) rochas: a ≥ 30°.
301
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS
Fique ligado!
Outras recomendações:
Na obra não se pode simplesmente apoiar uma sapata colada na outra em cotas
diferentes. Em caso de pilares muito próximos, há duas opções:
CO
Fique ligado!
As cotas de assentamento da sua fundação não podem ser muito profundas, evitando
escavações muito grandes (de 4 ou 5 metros), as quais podem gerar riscos na sua obra.
Para grandes escavações, a pergunta que sempre fica: será que isso realmente é
interessante? A relação custo-benefício pode não ser atendida e, além disso, pode não ser
uma situação segura para os colaboradores que estão lá embaixo executando a limpeza
da sapata, apoiando as ferragens e as caixarias.
Tudo isso deve ser avaliado na hora de projetar e definir a cota de apoio de uma
sapata.
CO3
Fique ligado!
Em seu projeto, as sapatas deverão ter a sua cota de apoio definidas. O embutimento
no terreno deve ter a capacidade de carga compatível com a do projeto. Isso deve ser
verificado por meio de sondagens e inspeção local. Também devemos levar em consi
deração as cotas de apoio das sapatas anexas a sapata em análise.
302
Vinicius Lorenzi
Como sabemos, o concreto não resiste bem a esforços de tração; por isso, com uma
maior altura do elemento, temos tensões de tração mais baixas, as quais ele consegue
resistir.
- Pilar
-Bloco
Reação
do solo
tg p adm
> +1
В fa
Em que:
↓P L
Mesa
2,5 cm
A fim de economizar material, o bloco pode ser escalonado ao invés de ser retangular.
Não pretendo com este livro, e neste conteúdo, esgotar todas as possibilidades de
cálculos de sapatas (e de estacas), com os mais diversos tópicos, solicitações e possibili
dades. Isto é, dentro do dimensionamento de fundações, há uma série de possibilidades
e não abordaremos todas elas.
Oficina de Textos). A partir dessa obra, é possível dimensionar sapatas isoladas e corridas
submetidas à aplicação de momento, à flexão composta oblíqua, sapatas associadas, em
divisa, alavancadas, entre outros.
MINHAS ANOTAÇÕES
304
T
UM ENGENHEIRO É O QUE É
POR CONTA:
SUPEROU;
●
DOS PROBLEMAS QUE
RESOLVEU;
VOCÊ SE CONSTRÓI AO
LONGO DO CAMINHO.
▶ resistência lateral.
Fique ligado!
R SR
adm (geotécnica) adim (estrutural)
Em que:
Na prática, o que nos interessa é utilizar a resistência limite, ou o menor dos dois
valores de resistência, seja:
É preciso deixar claro que é muito mais provável que uma fundação profunda venha
a sofrer ruptura por falha geotécnica do que por falha estrutural.
Por isso, estruturalmente, nosso elemento precisa ter a resistência adequada aos
esforços e ser dimensionado corretamente. O que é certo é que você precisa dominar tanto
uma quanto a outra metodologia.
R₁ = r,-A,
Em que:
Uma vez solicitada, a estaca passa a descarregar suas tensões por atrito lateral. É a
primeira parcela de resistência que uma estaca suporta (por menor que seja esse atrito).
Em que:
307
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
R=R₁+R₂
Em que:
R₁ resistência lateral
Por sua vez, a carga admissível sempre é obtida considerando a razão com o Fator
de segurança (FS):
R₂ R₁
Radn = +
FS FS₁
Podemos obter de várias formas a capacidade de carga de uma estaca, seja por meio
de fórmulas estáticas (teóricas e semiempíricas), fórmulas dinâmicas, provas de carga e,
por fim, modelos numéricos.
308
Vinicius Lorenzi
Meu interesse é que você aprenda a calcular sua fundação de forma correta, práti
ca, aplicada e útil em seu cotidiano, o qual exigirá, para além de habilidades de cálculo,
agilidade e coerência nos resultados para o sucesso das fundações projetadas por você.
Fique ligado!
O mercado competitivo que temos hoje exige de você muito mais do que apenas
fazer cálculos. Você, como engenheiro, precisa entregar soluções ágeis, coerentes,
estratégicas e com o menor custo para o seu cliente.
R₁ = ₁₂A₁
R₂=1, A₂
Em que:
A₁ é a área lateral
4₁
área lateral (perímetro da seção transversal da estacax comprimento)
N ensaio SPT
A, área de ponta
1.000 1,4%
Areia
600 3,0%
Areia argilosa
700 2,4%
Areia silto-argilosa
350 2,4%
Argila arenosa
310
Vinicius Lorenzi
Tipo de estaca F₁ F₂
Carga de ruptura
Nor
Rup=B-U-L-10 +1 +a-C-N₂-Ap
3
В parâmetro de adaptação
As área lateral
Em que:
N ensaio SPT
311
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
a parámetro de adaptação
área de ponta
Observação:
In
Solo Fundação produnda
(estaca)
SPT1(anterior)
NSPT2(ponta)
Nepr
3 (posterior)
Solo C (kPa)
120
Argilas
Areias 400
Solos residuais.
312
Vinicius Lorenzi
Tipo de estaca
Hélice
Solo
Escavada Escavada continua Injetadas
Raiz
em geral (betonita) / hélice sob pressão
deslocamento
Tipo de estaca
Hélice
Depois achar a carga de ruptura geotécnica, esta deve ser dividida pelo Fator de
Segurança (FS). Após isso, para achar o número de estacas, você precisa dividir a carga
do pilar pela carga admissível da estaca.
Vamos supor que, a partir de um dos métodos de capacidade de carga, você encontre
a capacidade de suporte de 20 toneladas. Para uma estaca escavada de 300 mm com
12 metros. Além disso, você sabe que o pilar que você está buscando solucionar a fundação
possui 78 toneladas de carga.
313
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Logo, se eu utilizar 4 estacas nesse meu pilar, elas suportarão, a carga máxima de
80 toneladas. Valor esse superior a carga do pilar.
PPILAR
N=
P
Em que:
Em que:
314
Vinicius Lorenzi
Antes de mais nada, a norma traz considerações sobre as tensões médias limites
para as quais não há necessidade de armar (considerando a tipologia da sua estaca) e
respectivos comprimentos das armaduras mínimas.
MINHAS ANOTAÇÕES
315
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
P
/O
e
qm
concreto
defin dos argmas
ue
se
/
1 J G H x M
3 -
Anexo
L
N
encontram
com(
n
de
)
qã
arma r
liga
)
e
Tensão
compressão
(
bclo simples
atuante
abaixo
u
dao
al
é
necessário
eçxc
ã eo
to
MPa
bloco
6,0 5,0 6,0 5,0 5,0 III
oc
útil
ar
m ligação
i
mínimo
do
m
d
%
a
m
e
d
e
comprimento
u
a
Armadura
ra
0,4
trecho
Y₁ 2,7 3,6 3,1 5,0 2,7 3,6 2,5 1,8 2,2 3,6 1,6 1,8 1,8
ou
/
20
C40
20
MPa
da
MPa
PMa
MPa
20
:
,I,V
,I,V
,I,V
,I,V
)(
agresivdae ambiental
2014
,
ABNT
,IV
III
de
III
,IV
III
III
conforme
,11
,11
Classe
IVHI
I ,IV
CAA
III
I
,I
I
III
1 1
,
I
,I
,
I
I
I
I
NBR
I
d/
/
não
sem
e
hélice
fluído
fluído
hélice
encamisdo
trado
trado
vazado
deslocamento
segmentadco
Escavds Escavdas
Hélice
Tipo
om
Vinicius Lorenzi
c)
O espaçamento entre face de barras deve ser de um diâmetro da barra e, no
mínimo, 20 mm. As taxas máximas de armadura são de 8 % A, para diâme
tros menores ou iguais a 310, e de 6% A, para diâmetros iguais ou superiores
a 400 mm. As taxas máximas devem ser verificadas na seção de maior con
centração de aço (considerando inclusive as emendas por transpasse). Em
situações críticas, o dimensionamento pode ser feito em função da área de
aço (f=500 MPa; A = área de aço), conforme a seguir:
>>>
quando A, ≤ 6% A, o dimensionamento deve ser feito considerando
a estaca trabalhando como pilar de concreto (a resistência da estaca é
formada pela parcela do concreto e pela parcela do aço);
quando A, 26% A, o dimensionamento deve ser feito considerando que
todo o esforço solicitante deve ser resistido apenas pelo aço da seção
da estaca (a parcela resistente do concreto é desprezada).
d) Argamassa.
e) Calda de cimento.
Nd=y, N
Md=Y,M
fyd = fyj/Y,
A-fcd
As p
fyd
Primeiro, com a carga axial, N, você majora usando o yf (1,4) e encontra o Nd. Com
o momento M, você faz o mesmo e acha o Md. Na sequência, calcula o fcd e o fyd.
Depois, para achar sua área de aço, você precisa encontrar o "p", que é obtido no
cruzamento do valor "m" e "n" contidos nos ábacos apresentados adiante.
Só falando assim, parece que foi a mesma coisa que não dizer NADA! Por isso, logo
na sequência é apresentado um exemplo para você ver como tudo se encaixa.
317
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
EXEMPLO
Estaca de 50 cm
Área de concreto
Act-502/4=1.963,5 cm²
Esforço axial
Nd = Nk 1,435-1,4 = 49 tf = 490 KN
Momento
m= 11.900/(60³x0,6855) = 0,1388
318
Vinicius Lorenzi
1,8 Nd=y, N
1,6 M₁=Y, M
fcd = 0,85 fcd/Yc
1,4
Compresão 1,2
1,0
fyd = fyk / Y₁
As-p
A-fcd
fyd
0,8
N
0,6
n=
0,2 M₂
n m=
0,0 db³ x fcd
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
Tração -1.0
-1,2
-1,4
-1,6
-1,8
p = 0,38 (aproximadamente)
A-fcd
A₂ =P fyd
As = 0,38 (1.963,5-0,6855)/43,48 = 11,763 cm²
319
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Escolha adotada: 10012, 5=> longitudinal (a escolha depende, para além da questão
ANEXO:
Outros ábacos que podem ser usados (considerando a relação entre os diâmetros):
2,6
2,4
22
2,0
1,8
CA-50 B
1,6
dd/d=0,85
1,4
Nd=y, N
1,2
M=Y, M
1.0
0.6 A-fcd
A=p.
Compr
0,4 fyd
No
0.2
0
Te
n=
rs
0,0
db² x fcd
0.4
asção
-0,2 as
06 M₂
-0,4
XD m=
db³ x fcd
-0.6 +
16
-0.8
1.87
-1,0 x
-1,2
922
-1,4
-1,6
-1,8
).
320
Vinicius Lorenzi
CA-50 B
2.6
d₂ d d/d=0,90
2.4
Nd=y, N
2.2 M=Y,M
fcd = 0,85 fcd/Y
2,0
fyd = fyk/Y₁
1,8 A-fcd
A=p.
1,6
fyd
N
1,4
n=
db² x fcd
1,2
M₂
1,0
m=
db³ x fcd
0,8
Compresão 0,6
0.4
0,2
0,0
n
0,0
02
OF
-0,2
6.0
-0,4
0,8
10
-0,6 £2
Tração -0.8
1.4
1,8
-1.0
27
-1.2
p=22
-1,4
-1,6
-1,8
321
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
2,4
2.2
CA-50 B
2,0
.. dd/d=0,95
1,8
1.6 Nd=y, N
1,4
M=Y, M
/Y
1,2
fcdfyd
==
0,85
fcdfyk/Ys
1,0
A-fcd
0.8
A=p.
fyd
0.6
N₁
Compresão 0,4
0,2
n=
db2x fcd
M
0.0
0.0
de m=
db³ x fcd
4
-0.2
n
0.0
-0,4
8
10
-0,6
1.4
-0,8
-1,6
-1.8
Para saber até qual profundidade você deverá armar sua estaca, é preciso lançar
mão de uma modelagem. Você precisa compreender como os esforços se estendem no
longo eixo de sua estaca e, conforme recomendação da norma, há necessidade de armar
seu elemento até a profundidade em que esse valor não ultrapasse a tensão limite.
Exemplo: para estacas escavadas, deve se armar até profundidades em que a tensão
ultrapasse 5 MPa.
Isso vai depender, por exemplo, das solicitações: momentos e esforços laterais. Se sua
estaca está sujeita a grandes cargas e solicitações, tenderá a ter armaduras mais robustas
e de grandes comprimentos.
Por outro lado, é importante entender aspectos básicos na hora de indicar a pro
fundidade das armaduras das suas estacas e aqui vou indicar algumas premissas básicas.
322
Vinicius Lorenzi
1. Verificação do solo
O primeiro ponto de atenção está na análise do solo onde sua armadura será apoiada.
Veja que o problema do dimensionamento estrutural de estacas é que ele leva em consi
deração somente aspectos estruturais e não geotécnicos.
Apoiar a sua armadura em solos com SPT abaixo de 5 não é recomendado quando
há esforços de tração na sua fundação.
Observe que no trecho que não há armadura não ocorrerá o suporte a tração do ele
mento. Uma estaca armada com 3 metros suportará esses esforços até essa profundidade.
Parece óbvio, mas aprendi isso na prática. Vou contar a história de uma estaca
minha que foi integralmente arrancada. Em uma Prova de Carga, eu analisei os aspectos
estruturais da estaca, avaliei a profundidade que deveria inserir a armadura e assim o fiz.
Mas em momento nenhum analisei a profundidade de armadura por meio dos aspectos
geotécnicos e apoiei a minha armadura em uma cota com NSPT relativamente baixo frente
à tração que a estaca sofreria.
Pois bem, quando o ensaio iniciou, a estaca começou a ser arrancada, foi quase um
tapa na minha cara: "Não acredito que eu armei essa estaca nessa cota!"
A estaca foi arrancada por inteiro no trecho onde tinha sido armada!
Portanto, quando nos referimos à armação de uma estaca, pense sempre na cota
de apoio dela, qual é o solo que você tem? Qual é a capacidade de suporte à tração desse
solo? São informações importantes que precisam ser entendidas.
No seu dia a dia de dimensionamento de uma fundação a tração, você precisa calcular
a capacidade estimada na cota de apoio.
A maneira mais prática para você fazer isso é calcular a capacidade de carga a com
pressão da sua estaca por atrito lateral. Nesse caso, a ponta não precisa ser dimensionada,
uma vez que, no tracionamento, a ponta da estaca não é solicitada.
323
DIMENSIONAMENTO DAS FUNDAÇÕES PROFUNDAS
A capacidade de carga à tração por atrito lateral é muito menor do que a sua capa
cidade a compressão. Por isso, usamos um fator redutor da ordem de 30%.
Vamos supor que o cálculo da sua estaca á compressão, por atrito (sem a considera
ção de ponta), tenha chegado a 15 toneladas para uma estaca de 300 mm com 9 metros.
Logo, a sua capacidade estimada à tração será de 4,5 toneladas.
A realidade é que, em fundações, cada caso é um caso,é que como venho demons
trando desde o início. Por isso, o trabalho do calculista e do projetista de fundações deve
ser, no mínimo, colaborativo.
324
10. CAPACIDADE DE CARGA DE
FUNDAÇÕES - CARGA DE CATÁLOGO
Objetivos do capítulo
Para trilhos usados (valores entre parênteses), recomenda-se considerar uma redução máxima de peso da
ordem de 20% e de capacidede de carga da ordem de 40%. Em nenhuma circunstância deve-se utilizar
perfis com redução de área maior do que 40 %. Para calcular a carga de estacas com perfis compostos, basta
Isso ocorre pois diferentes fabricantes podem usar aços distintos na fabricação de
peças de uma mesma seção. Recorra sempre aos catálogos atualizados das fabricantes
como Gerdau ou ArcelorMittal.
326
.
)
(
Vinicius Lorenzi
2d
+
+
+
+
0
186
Tu
190
198
Concreto
194
334 355
202
278 305
100,9
251
64,9
90,7
77,5
52,2
2
339
ep
:
+
2er
+93
MPa
Adaptado
+98
+
+
+
MPa
90
96
101
206 221
$
64,4
55,1
46,3
71,5
310 37,3
244
Fonte
40
metálico
+
+71
+80
+73
75
41,2+78 159
63,7
125 142 176 190
$
49,2
57,4
Tubo
33,3
219
+
+
+
+
186
Concreto
198
1990
202
194
$
100,9
64,9
0,7
77,5
52,2
339
+
MPa
+98
+93
+
+
+96
MPa
90
$
1031
310
71,5
55,1
7,3
244
30
metálico
+80
+75
+71
+78
+73
$
63,7
41,2
49,2
57,4
219
104 52,2 134 64,9 164 77,5 195 90,7 219 100,9
MPa
339
310=
Fy
metálico,
244
66 85
219
)
m
/(
kg
admis ível
teórico
Carga
Distância
máxima
Diâmetro Massa Perimetro minima
estrutural Área (cm²)
(cm) (kg/m) (cm) entre eixos
admissível*
(cm)
(KN)
15 180 42 177 47 60
18 260 61 255 60
57
28 700 148 88 70
616
33 1.000 104 85
205 855
328
.
)
.
)
(
.
)
Vinicius Lorenzi
(
(
20
T
T
Tração
)t(f
d2e
Tração
)tf
5,3 7,9 7,9 8,7 11,1 16,3 11,5 12,1 13,9
Proten
:
)t(f
)
2
Compres ão Compresão
)tf
Ad
( (
d
47 66 80 97 127 158 162 194 224
ap
N.
i
N.
Fonte tat
do
c)
)(
cm
Mapc
vaz
min
m
4,9 5,6 6,2 6,8 7,7 8,5 9,9 11,4 13
min
)
cm
cm²
(
min Imin
rq
o
he
oi
)(
)(
u
tx
ta
p
ng
dn
)
m
a
m
a
a
do
r
/
d
a
/
d
d
i
Mas a
air
k(
r
s
d
(
g
Estacas -
d
Massa
aã
d
s
a
ã
)
io
a
ao
Perimetro
s
)
)
0a s
()
Perímetro
.4
c(
c(
68 78 86 94 106 118
m
m
Tabela
cm²
Tabela
cm²
(
Acheia
)
c
(
cm²
(
m²
50
40
%
%
29,5
M
)
CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES - CARGA DE CATÁLOGO
(
Tabela 10.6 - Especificações técnicas.
cà
)(
)
)
de
mínimo
c(
m
)
(
m
cm
tf
DMSA
seção
cm²
(
de
Comprientos
eixos
Capcidae estrutural
con reto Afastmeno
eixd
Área
oe
entre
16x16 28 64 256 64 30 40 6810
18x18 40 81 324 72 30 45 6 8 10 12
23x23 70 132 92 35 60 6 8 10 12
529
26*26 90 104 40 65 6 8 10 12
169 676
330
Vinicius Lorenzi
Diâmetro mm
200
104 20
180
Argamassa
8 + 20
¥c=1,6
160
Aço CA-50
6 $20 7622
fyd = 420 MPa
140
4620 6420
120
4 $20
100
64 20
90
5420
6616
80
5616
70
6 16
60
4616
5 16
616
50
5416
40
4616 3620
4616 3620
30
4616 3 20
4 16 6616
20
3616 3616 do
1625
10 1625
ESTRIBOS $6.3 c/20 63 c/20 $6.3 c/20 6.3 c/20 5c/20 $50/20 45120 451/20 45c/20
331
CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES - CARGA DE CATÁLOGO
Observe, neste caso, que uma estaca Ø410 mm, por exemplo, pode ser dimensionada
desde 100 toneladas até 150 toneladas em função de uma armadura maior (de 6 barras
de Ø16mm até 7 barras de Ø22 mm).
Além disso, na estaca raiz, algumas informações são importantes na hora do projeto.
Observe que os diâmetros de Ø450 mm/0410 mm/0310 mm são diâmetros comerciais,
mas que não são efetivamente o diâmetro dos tubos de revestimento, como na Tabela 10.8.
Diâmetro da
450 410 310 250 200 160 150 120 100
estaca (mm)
Diâmetro externo
406 355 275 220 168 140 127 102 80
do tudo (mm)
Área de secção
1590 1320 755 491 380 201 177 113 79
transversão (cm²)
Perímetro da
141 126 98 79 63 50 47 38 31
estaca (cm)
Distância mínima
40 30 30 30 30 30 30
30 30
eixo-divisa (cm)
Diametro externo do
330 280 200 155 110
estribo (mm)
Diametro interno da
323 235 180 133 120 105 72 60
374
coroa (mm)
Diâmetro da estaca
355 305 228 178 127 101 76 .
em rocha (mm)
co
Armação long.
10 20 620 620 6616 516 416 3416 1625 1625
mínima CA-50 (mm)
Muita confusão tem sido criada acerca desses diâmetros, mas é importante que no
projeto esteja claro o diâmetro nominal da estaca, pois a partir desses diâmetros nominais
tem-se as indicações desta tabela.
332
Vinicius Lorenzi
dica prática do uso dessas cargas mínimas e máximas tem a ver com o comprimento da
estaca. Exemplo: para curtas < 10 metros indica-se cargas mínimas, para estacas maiores,
indica-se cargas maiores.
Espaçamento
Estaca hélice 8
recomendado entre Carga minima (ton) Carga máxima (ton)
(mm)
eixos (mm)
150 200
25
Não indicadas para
250 350
32
argilas moles e abaixo
350 450
38
do NA
45
500 650
333
CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES-CARGA DE CATÁLOGO
Simbolo
Designação Valores
Unidade
Momento de
4 I cm
inércia 39.761 73.662 125.664 201.289 358.908 636.172 1.178.588
Momento
5 W cm³ 2.651 4.209 5.283 8.946 13.804 21.206 33.674
resistente
Distância entre
6 em 1,00 1,20 1,30 1,40 1,50 1,70
eixos 2,00
Comprimento
7 Lm 15 18 23 27 40 40 40
máximo
Armadura
9
CA-50 A 4612,5 4 12,5 416 4616 4+20 4 $20 4+25
mínima
Armadura
11 CA-50 A 6 16 8 20 8620 8 22,5 8 25 8 $25 6632
mínima
12 Carga tração TKN 100 150 200 250 300 400 500
15 Cimento Saco 50kg 0,50 0,70 1,00 1,25 1,50 2,00 3,00
16
17
Pedra
Areia
FUSTE APILOADO m³
m³
0,07
0,05
0,10
0,06
0,13
0,08
0,16
0,11
0,22
0,14
0,30
0,19
0,40
0,26
18 Estribo 6,3 CA-25 kg 1,30 1,50 1,70 1,80 2,00 2,30 2,70 11
19 Arame kg 0,09 0,10 0,12 0,13 0,15 0,20 0,25
334
Vinicius Lorenzi
Espaçamento recomendado
Estaca escavada Ø (mm) Carga recomendada (ton)
entre eixos (mm)
250 65 20
300 75 30
400 100 50
500 125 80
Fonte: autor
335
ENGENHEIRO:
TE DEIXAR NA MÃO.
É A PERSISTÊNCIA QUE
MANTÉM SEU TALENTO
FIRME.
É O PROGRESSO QUE
CONSTRÓI SUA CONFIANÇA.
ALLER
CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES - CARGA DE CATÁLOGO
MINHAS ANOTAÇÕES
338
FUN
DACOMPLICAÇÕES
ÇÕES
PARTE 4
FUNDAÇÕES NA PRÁTICA
11. O QUE FAZ UM PROJETISTA?
Objetivos do capítulo
saber a doença que ele tem, sem sequer ter feito um exame antes. Não tem condições! Você
precisa saber o que está calculando e o motivo disso!
Entenda:
E a fundação adequada garante que sua obra durará 50, 70, 100 anos sem manifes
tações patológicas, sem "dor de cabeça".
Por outro lado, também é na fundação que mora o perigo. Sem dominar funda
ções você pode viver o pesadelo de ter seu nome associado a um - além do admissível
- ou até mesmo a queda de uma obra.
Afinal, por que há tanto medo e insegurança em se projetar uma fundação? A razão
é simples: o solo é uma das variáveis mais importantes no processo e o conhecimento
das suas características é fundamental no projeto. Entretanto, esse solo passou por um
processo natural, no qual sua caracterização não seguiu um processo industrial, ou seja, há
uma complexidade envolvida pelo simples fato de estarmos trabalhando com uma variável
produzida pela natureza (com várias transformações físico-químicas de seus minerais
ocorrendo constantemente no processo de intemperização).
Nesse caso, quanto maior for a complexidade do solo, maior será o desafio.
Deve verificar, ainda, se foi realizada a sondagem do terreno e, caso não tenha sido,
deve propor uma campanha de investigação geotécnica (lembrando que, como a norma
preconiza, não existe projeto de fundação sem sondagem).
341
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
camada de solo (e suas respectivas resistências, nível da água, entre outros), mensura-se,
como vimos, a partir dos métodos semiempíricos de capacidade de carga, os diâmetros,
o número de estacas, as profundidades e determina-se o melhor tipo de fundação para
o projeto em questão.
Berberian (2015) afirma que, por mais refinados que sejam os métodos de capacidade
de carga, as análises laboratoriais para obtenção de parâmetros geotécnicos e os ensaios
in situ, o bom senso do engenheiro geotécnico é determinante para um bom projeto de
fundações.
342
Vinicius Lorenzi
uma proposta competitiva e com alto valor agregado, atrativa aos olhos do principal ator
desse cenário, nessa fase: o cliente.
Uma boa prática dos grandes escritórios de projeto de fundações é a agilidade na
etapa da proposta, por conta da grande demanda diária de novos projetos. Nessa fase,
as propostas que chegam são realizadas com maior rapidez e nível de detalhamento su
ficientes para realizar o orçamento e o fechamento.
Após o contrato estar fechado, o pré-projeto é reavaliado, recalculado e detalhado,
evoluindo, assim, a um projeto final de fundações. Tudo isso tem o objetivo de tornar o
fluxo de trabalho mais eficiente e as entregas possíveis, em tempo hábil.
E mais: muitas vezes, o cliente está na expectativa de que você entregue a solução
que ele deseja para a obra, mas nem sempre a solução que ele quer é definitivamente
a melhor para a obra dele. Aí entra a sua expertise.
Vamos pensar em um caso hipotético: o cliente quer fazer a fundação em estacas
escavadas por conta do custo, mas na hora do arranjo das estacas da fundação não é pos
sível executar dessa maneira, pois há conflito de estacas na planta, ou, ainda, observa-se
alto nível do lençol freático (o que inviabiliza a metodologia). A solução para resolver o
conflito é, então, toda pensada em hélice . adivinha? Cliente insatisfeito! Por quê? As
expectativas dele não foram alinhadas inicialmente!
A logística deve ser realizada de modo cirúrgico tanto para os escritórios que
trabalham apenas com projetos quanto para aqueles que trabalham com projetos e
execução.
No primeiro caso, a demora para entrega dos projetos pode desencadear atrasos
no início da execução, que será realizada por outra empresa, impactando o cronograma
global da obra e gerando ônus a outrem (e até mesmo prejuízos financeiros).
custo!
Tempo de obra B
343
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
Na Tabela 11.1, podemos ver que diferentes equipamentos possuem distintas dis
tâncias características:
344
Vinicius Lorenzi
Hélice
Escavadas
345
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
Outro ponto importante: você precisa saber se a obra comporta os equipamentos que
você usará para executar a fundação escolhida. Tem espaço para colocar um equipamento
de estação? Ou uma hélice contínua?
O que faltou? Experiência prévia em campo. Mas calma, temos uma caminhada pela
frente e exploraremos o máximo possível de casos para levar essa experiência para você.
A partir daí, caso a caso, obra a obra, é preciso refinar e sistematizar toda essa teo
ria, agregar conhecimentos práticos e construir o raciocínio técnico de fundações. É esse
raciocínio que permitirá a melhor tomada de decisão quando algum caso difícil chegar à
mão e precisar de uma solução inovadora.
Fique ligado!
O processo de escolha do tipo de fundação envolve variáveis que você não pode
esquecer!
▶ Topografia do terreno;
▶ dados geológicos-geotécnicos;
▸ investigação do subsolo;
levantamento de mapas e fotos aéreas;
346
Vinicius Lorenzi
▶
tipo de estrutura e fundações executadas;
▶
avaliação das consequências de escavações ou aterros;
Para a boa escolha de um tipo de fundação, você tem que observar, inicialmente,
as restrições apresentadas, isto é, os fatores limitantes encontrados ao analisar a obra
como um todo.
José Carlos A. Cintra e Nelson Aoki afirmam que "a análise dos dados da edificação
e do terreno permite delimitar os tipos de fundações tecnicamente viáveis, recaindo a
escolha final sobre os fatores custo e prazo de execução" (CINTRA;AOKI, p. 47, 2010).
Eu diria que preços e prazos são as condições mais críticas de projeto. Isso porque
nem estamos falando de questões técnicas.
Frente aos desafios do cenário econômico do país, conhecer bem cada metodo
logia e realizar uma comparação precisa entre os prazos e custos das soluções viáveis
- para cada caso - é fundamental!
Por acaso, alguma vez você já viu uma obra que não tenha pressa? Bom, por aqui,
é tudo para ontem!
Cada solução tem sua característica e, claro, umas demoram mais que outras para
serem executadas. Então, o prazo precisa ser avaliado. Afinal, atrasos podem custar muito
caro. Imagine uma farmácia ou um grande supermercado que abrirá na cidade: uma semanal
347
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
Se sua próxima obra fica a 100 km de distância do local atual onde estão as máquinas,
es
Caso da obra!
Tivemos uma obra de um silo de armazenagem de grãos, na qual o cliente tinha muita
pressa na execução. Sim, eu sei que todo cliente tem pressa, mas quando se trata de
armazenamento de grãos o prazo vem do próprio grão. Isso porque o grão que está
sendo produzido não espera! É um fato: quando ele está pronto, deve ser colhido, e se
o silo não estiver pronto, o prejuízo é certo.
Iniciamos o projeto de fundações dessa obra. Eis que o cliente, ao acertar o projeto de
fundação conosco, indicou que a escolha do tipo de fundação deveria levar em conta
a única variável que para ele impactava naquele momento: o prazo!
- Podemos trabalhar com a solução técnica de fundação que trará maior velocidade de
execução, mas certamente isso impactará em um aumento do custo total da fundação.
Ele respondeu, seguramente:
- Vinicius, isso não é problema para mim. Se você me entregar essa obra dentro do prazo, o
meu resultado financeiro vai ser 20 vezes superior ao acréscimo de custos que me causará
essa escolha de fundação.
Decisão tomada! Eu sabia que, para aquela obra, uma estaca pré-moldada seria muito
mais interessante, mas na região onde ela seria executada, os únicos equipamentos
disponíveis eram martelos de queda livre, e esse equipamento tem uma produtividade
muito baixa quando comparada a outras soluções.
É um fato que o raciocínio técnico não surge da noite para o dia: ao contrário, de
manda tempo e experiência com os mais diversos tipos de obra.
348
Vinicius Lorenzi
Uma vez que você domina o raciocínio técnico como um todo, de forma ampla,
isso muda o jogo! Muda tudo! Dessa forma, você compreende cada vez mais a fundação,
respeitando início, meio e fim do processo.
É como quando uma criança está aprendendo a falar. No começo, ela só falará pa
lavras soltas, mas, pouco a pouco, aprenderá a criar frases e, aí, quando tudo se encaixa,
sai falando com segurança, naturalmente.
Ao dominar o raciocínio técnico, você não está ali apenas fazendo o que te mandam
fazer; você fica seguro para pensar, criar e visualizar a fundação como uma solução com
pleta para a obra. Você passa a enxergar as fundações de forma global.
- Vinicius, como eu vou saber se o tipo de fundação escolhida para uma obra é o melhor, o
mais econômico, o mais seguro?
FO
Fique ligado!
- Vinicius, como você identificou esse problema, fazendo a leitura da sondagem tão
rapidamente?
E a resposta é simples: raciocínio técnico, prática, experiência. É isso que muda o jogo.
349
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
A presença de um checklist padrão pode ajudar, por exemplo, quando você está
iniciando em um emprego novo na área de projeto e não sabe bem por onde começar.
É um norte. Também pode ajudar a otimizar a rotina diária do projetista experiente, que
geralmente tem muitos projetos sendo executados ao mesmo tempo.
A seguir, apresento um modelo de checklist que você pode usar nos seus projetos.
Obra: XXXX
Local: XXXX
Proprietário: XXXX
CONCEPÇÃO DO PROJETO
1 Combinações de cargas
Cargas de tração
Necessidade de contenção
2 Identificação das estacas (A, B, C etc.) nos blocos com mais de 2 estacas
Desenho dos contornos do terreno e identificações
Divisas
3
Alinhamento predial
Rua xxx
350
Vinicius Lorenzi
Pilares
Textos não devem estar sob linhas de eixo ou linhas mais grossas
INFORMAÇÕES DA PRANCHA
Detalhe genérico das estacas (conforme projeto, se escavadas, hélice, raiz etc.)
Notas relativas aos tipos de estacas do projeto (se sapatas, estacas escavadas,
estacas hélice, estacas raiz etc.)
ATERRO: se não consta, deixar nota padrão; se foi considerado aterro, especificar
considerações
PCE: analisar tipo de obra e ABNT NBR 6122 (considerando sempre a versão mais atual)
351
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
Identificação correta do tipo de estaca no título da tabela (se escavada, hélice ou raiz)
Verificação dos nomes dos pilares para cada tipo de bloco
Indicar datas e respectivas alterações de cada revisão na tabela (não apagar histórico)
6
Conferir informações
Proprietário
8 Obra
Endereço
Conteúdo da prancha
Depois de tudo o que foi analisado até aqui, elencamos algumas das principais falhas
observadas em projetos de fundações.
352
Vinicius Lorenzi
▶
Previsão malfeita das cotas de apoio das fundações superficiais.
es
Caso de obra!
Uma vez, atendi a um cliente que era um grande empresário, com diversos engenheiros
dentro da construtora. Eu, como projetista, tive acesso somente a esses engenheiros.
Situação da obra: 4 meses de projeto e diversas revisões solicitadas pela equipe de
engenharia da construtora. Quando o projeto chegou às mãos do proprietário, ele não
gostou! Ele não participou dos 4 meses da etapa de elaboração do projeto e, no fim,
entendeu que estávamos querendo impor uma solução, quando, na verdade, o que
fizemos foi realizar todas as alterações conforme solicitações da própria equipe dele!
Fizemos uma reunião para destacar que as soluções que tomamos tinham o objetivo de
otimizar o projeto em função das demandas que vieram até nós. Além disso, todas as
revisões foram realizadas por conta de solicitações da equipe dele e não por imposição
da nossa empresa.
Algumas empresas podem, sim, querer impor a condição que melhor atenda aos seus
equipamentos (quando ela é a projetista da fundação), do tipo: só tem equipamento
de Estaca Franki e em toda obra a solução é a mesma, em Estaca Franki.
Nesse caso, visivelmente não está sendo buscada a melhor solução técnica para a obra,
mas, sim, a que atende melhor à empresa de fundação. Por isso, olho aberto sempre!
353
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
AS
Este case é do projeto de uma grande edificação com 3 subsolos em um centro urbano.
Em um projeto como esse, um grau de compatibilização muito grande deve existir. E
no caso dessa obra, em específico, os projetistas não tinham trabalhado juntos ante
riormente. Quando se conhece os outros projetistas, já se tem uma noção da forma de
trabalho das equipes e do trabalho de cada integrante.
Em situações como a desse projeto, uma primeira reunião de alinhamento das expecta
tivas e compatibilização inicial entre todos os projetistas e o incorporador interessado
é fundamental. No caso, o projetista estrutural pediu ensaios, entre eles uma prova de
carga estática na fundação e um ensaio em túnel de vento para avaliação da estrutura.
O cliente questionou se isso seria realmente necessário, pois não queria pagar pelos
ensaios que aparentemente sairiam caros, mas queria que continuasse a ser o prédio
mais alto da região.
Em uma obra como essa, pequenos detalhes fazem a diferença. O que o projetista de
fundações precisa fazer? Buscar entender melhor o solo com mais ensaios para embasar
as melhores soluções técnicas de fundações. Nesse tipo de obra, não há espaço para
achismos e amadorismo. Logo, é preciso o maior número de dados possíveis para que
a solução técnica seja eficiente.
solução definida dessa obra foi em estaca raiz, com 6 metros de embutimento em
rocha. Havia 14 metros de camada de solo até chegar no impenetrável. Foram neces
sárias sondagens SPT e Rotativa para solucionar essa fundação.
Em síntese, a solução da fundação foi um grande desafio, pois tinha cargas muito ele
vadas nessa obra. As normas brasileiras trazem alguns artifícios facilitadores para veri
ficação tanto da estrutura quanto da fundação: no caso das estacas, com a realização do
ensaio de prova estática (PCE) e no caso das estruturas, com a análise no túnel de vento.
Nesse caso, o cliente queria fazer o melhor e estava decidido a investir tempo em projeto
a fim de otimizar sua fundação. Quanto maior for o número de informações que se tem
para projetar, mais assertivo será o projeto.
No caso dessa obra, a prova de carga foi realizada antes do projeto de fundação: mobilizou
-se o equipamento, elaborou-se as estacas teste e a partir do resultado da prova de carga,
a fundação foi projetada. A própria ABNT NBR 6122:2019 indica que uma prova de carga
ensaiada a priori de um projeto de fundação torna viável a redução do Fator de Segurança.
354
Vinicius Lorenzi
Isso se torna possível pois nesse tipo depensaio-de PCE - conseguimos resultados
reais do comportamento da estaca (o que talvez seja uma das suas maiores vantagens).
Entretanto, os resultados precisam ser confirmados e analisados com senso crítico,
principalmente em obras mais complexas.
Com isso, o cliente desse empreendimento economizou em torno de R$ 500 mil com a
otimização do projeto de fundação (economia com estacas, blocos, aço, concreto etc.).
Os ensaios, nesse caso, foram fundamentais para essa economia.
Para concluir: a obra foi projetada e executada em estacas hélice e estacas raiz
embutidas em rocha.
Em síntese, a estaca raiz possui um custo unitário de perfuração maior, porém possui uma
ótima relação carga x diâmetro, algo que foi decisivo nessa grande obra urbana. Com
pilares muito carregados, uma solução que tenha essa boa relação carga x diâmetro torna
os blocos de fundação menores, o que significa melhor execução e redução de custos.
Dica!
Viu como se tornar um bom projetista de fundações não é nada fácil? Mas garanto
que é totalmente possível com prática, dedicação e trabalho duro!
355
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
MATE
5¹1²
SUPERCR
11
%
M 33
*
2000
Le 50
147
F
0
So
20 BLA
??
so
201
300m
ip
AM
MA 15
24 So 15
430
356
Vinicius Lorenzi
TOPO DO BLOCO
MÁ POSIÇÃO
UN AMORETUR VITET199
CONCRETO
A CORTAR
BOA
POSIÇÃO
COTA DE ARRASAMENTO POSIÇÃO
PREFERIVEL
BASE DO BLOCO
LASTRO DE CONCRETO
COTA DE ESCAVAÇÃO
MAGRO
ARMADURA
(BLOCO) LONGITUDINAL
TAV
DA
COTA DE ARRASAMENTO
BE
(BASE DO BLOCO)
EL
OLO
RA(
ESTA
Ø FUSTE
ESTAC 7.5
ESC
(FUSTE)
CAV
ESTRIBO
DA
A
ÚTIL
(VER TABELA)
ADO
COMPRIMENTO
ESTRIBO
=
COMPRIMENTO
Lu
L1 COMPRIMENTO DA FERRAGEM NO FUSTE DA ESTACA
L2 O COMPRIMENTO DE ANCORAGEM DEVERÁ SER
VERIFICADO PELO CALCULISTA DA ESTRUTURA
357
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
ESTRIBO Ø5,0mm
40 40
30 ESTRIBO Ø5,0mm
80
+ 4
ESTRIBO Ø5,0mm)
a •
80
e
P4, P11, P14, P15, P17, P18, 15
40 4 Ø12,5mm 3,4 0,6 20
P22.
80
ESTRIBO Ø5,0mm
0,6 30 15
P7. 65 65 5012,5mm 3,4
130
ESTRIBO Ø5,0mm
P9.
50 50 5012,5mm 5,4 0.6 30 15
100
40
ESTRIBO Ø5,0mm
3,4 0,6 30 5
15
5012,5mm
P12, P13.
50 50
100
358
Vinicius Lorenzi
40 12 106,00
0,00m COMPRIMENTO ESCAVADO DA ESTACA (L)
ESCAVADA
REVISÕES
REVISÃO DATA ALTERAÇÃO
ROO 07/06/21 EMISSÃO INICIAL
FUNGEOVGL
FUNDAÇÕES E GEOLOGIA LTDA. PROJETOS E CONSULTORIA
EM GEOTECNIA
VGLGEOTECNIA@GMAIL.COM
www.fungeo.com.br-fungeo@fungeo.com.br
PROJETO DE FUNDAÇÃO
PROPRIETÁRIO/CONTRATANTE:
OBRA:
LOCAL:
VINÍCIUS LORENZI
ENG CIVIL CREA-PR 107.361-D
PRANCHA
ASSUNTO:
01/R01
FUNDAÇÃO
359
O QUE FAZ UM PROJETISTA?
PROPOSTA COMERCIAL
A/C
Eng. Master
Data e cidade.
Cliente: Construtora
Obra: Obra
Prezados senhores,
O projeto conterá...
2. Responsabilidade da contratada
360
Vinicius Lorenzi
4. Preço
O projeto...
4.2 Valor
R$ XXX
5.
Condições de pagamento: na entrega.
6. Prazos
DE ACORDO.
CONTRATADA-CNPJ: XXXXXX
CONTRATANTE
CNPJ: XXXXXX
361
12.
QUALIDADE EM FUNDAÇÕES
Objetivo do capítulo
é fundação!
Calma! Primeiramente, é preciso entender o motivo desse fator de segurança "tão alto".
Imagine que você tem um terreno na sua cidade e resolveu comprar um outro terreno
a 500 metros da área da primeira propriedade, onde você tinha construído um barracão...
- Vinicius, vou fazer uma nova obra. Na época, fiz uma sondagem SPT no outro terreno,
que fica a 500 metros de distância um do outro. Podemos usar a sondagem antiga para essa nova
construção? É tão pertinho.
A resposta é não! Não se pode usar a mesma sondagem para solos vizinhos (apesar
de muitas vezes o cliente insistir nisso)!
O solo é um material que pode ter uma variabilidade muito grande. Em um mesmo
terreno, pode haver uma variação drástica de materiais e resistências de suporte. Em
terrenos vizinhos pode não haver semelhança alguma entre eles.
Por que avaliar a segurança? Por conta da heterogeneidade, principalmente em
terrenos maiores, é necessário maior investigação do solo. A engenharia geotécnica é, na
realidade, um trabalho dentro de um campo de incertezas.
O solo desse cliente, mesmo com uma pequena distância entre os terrenos, pode
ser completamente diferente de um ponto para outro!
Caso de obra!
Uma vez, acompanhei uma obra em que tínhamos duas torres de múltiplos pavimentos
em um grande terreno, algo em torno de 100 metros x 40 metros. O solo desse terreno,
desde o resultado da sondagem (foram feitas sondagens SPT e Rotativa), já mostrava
uma grande variação.
363
QUALIDADE EM FUNDAÇÕES
A primeira torre foi idealizada em estacas hélice, pois, pela sondagem, a camada rochosa
apresentava-se a uma profundidade que tornava possível essa solução. A segunda torre
foi dimensionada em estaca raiz (a sondagem mostrou que a fundação dessa torre não
atingiria grandes profundidades em função da camada rochosa).
A sondagem estava errada? Não! É um erro pensar que a sondagem do solo é igual ao
raio-x da Medicina! Ela não faz a varredura no solo, mas, sim, traz resultados repre
sentativos do terreno. O diâmetro de um ensaio de solo é de 100 mm. Mesmo que eu
faça 30 furos nesse terreno (impossível o cliente aceitar uma quantidade dessas em
obra!) de 4.000 m², ainda assim, proporcionalmente, eu estou longe de realizar uma
varredura no solo.
Olha só que interessante: a solução foi, dentro do mesmo edifício, técnicas distintas
de fundações (modificando a sugestão inicial mesmo após a campanha/investigação
de sondagem) por uma situação ocorrida in loco, que exigiu a alteração de projeto.
Para alguns pode parecer um absurdo, porém, dentro da Engenharia de Fundações, a
alteração de projeto conforme condição real de campo é algo perfeitamente normal,
mas que exige o acompanhamento constante do projetista.
Você já parou para pensar por que o Fator de Segurança de fundação é o mais alto
da Engenharia? Para explicar, vamos pensar em uma produção industrial, controlada,
monitorada, na qual todas as etapas do processo estão dentro das condições perfeitas de
temperatura e pressão.
364
Vinicius Lorenzi
Agora, vamos pensar em uma usina de concreto. Você lembra do Fator de Segurança
de estruturas de concreto? 1,4. E por que esse valor? Pois também se trata de um processo
em que o controle é muito maior.
Quando estamos falando de fundações, a variável solo de controlada não tem nada!
A geologia pode ser totalmente imprevisível. As camadas nem sempre são lineares, não
necessariamente seguem as previsões das investigações, ou seja, temos uma variável que
pode se apresentar diferente de quando sondada.
Por isso, o tal do Fator de Segurança em fundações não foi idealizado para você
subir um ou dois pavimentos a mais em sua obra, mas, sim, para possibilitar que, mesmo
tendo variações de capacidade de suporte no seu solo, você ainda assim tenha a segurança
necessária para a sua obra não ter problemas.
LIMITE SEGURO
FAIXA DE
SEGURANÇA
LIMITE REAL
ABISMO
DA
RUPTURA
365
QUALIDADE EM FUNDAÇÕES
Mas você não está convencido dessa carga e resolve solicitar uma prova de carga
estática para confirmar o resultado. O ensaio é feito, então, até a carga de ruptura da es
taca e para sua surpresa: suas estimativas estavam corretas e a estaca realmente rompeu
a 100 toneladas.
Qual é a carga que efetivamente você vai usar? A carga de 50 toneladas, pois você
está usando o Fator de Segurança = 2, que significa que você utilizará a metade da carga
de ruptura da estaca.
Aqui vai uma dica importante: caso você faça uma prova de carga antes de realizar
o projeto de fundação da sua obra, você pode reduzir o fator para 1,6. Nesse caso hipoté
tico, de 50 toneladas, passaria a utilizar como carga de projeto o valor de 62,5 toneladas.
Isso teria impacto na sua obra? Com certeza!
Imagine agora um pilar com 185 toneladas. você fosse utilizar a carga de
50 toneladas/estaca, você precisaria de, no mínimo, 4 estacas para suportar a carga do
pilar. Com as 62,5 toneladas, apenas 3 estacas suportariam a carga desse pilar.
O segundo item a ser analisado é a FUNCIONALIDADE. Uma obra pode recalcar? NÃO!
Ela não pode, ela VAI RECALCAR! É um fato: toda obra, mesmo que minimamente,
recalca. Por menores que sejam essas deformações podem ser até milimétricas -, a
obra vai recalcar.
O recalque, na prática, pode ser entendido como uma movimentação da sua fun
dação, uma translação ou rotação.
Não entenda o recalque como algo ruim, pois não é! Quando dentro dos valores
admissíveis, não há qualquer problema nisso!
366
Vinicius Lorenzi
sua vez, o recalque distorcional é aquele que consiste na razão entre o recalque diferencial
e o vão "L" considerado (BERBERIAN, 2015).
Toda obra recalca. Essa afirmação fundamental, que talvez tenha lhe deixado em
choque, deve ser interpretada da seguinte forma: desde que as deformações e os recal
ques sejam compatíveis com a estrutura/obra e se o recalque estiver dentro dos recalques
admissíveis, não há problema.
A prova de carga evidencia isso: desde os primeiros carregamentos de carga, a
fundação já começa a absorver essa carga e começa a gerar deformação e por conse
quência, recalca.
novamente, de modo que o material impenetrável rochoso é muito profundo (o que levaria
à necessidade de uma estaca de 50, 55 metros de profundidade).
Massad (2009) observa que os grandes desafios das obras da orla de Santos têm
Hoje existem em Santos cerca de 55 prédios tortos. E grande parte das patologias
geradas lá são por fundações insuficientes.
Entretanto, um detalhe bem legal sobre a orla santista, que é que alguns dos prédios,
mesmo tendo esse recalque diferencial, não apresentam problemas estruturais.
367
QUALIDADE EM FUNDAÇÕES
O recalque diferencial causa uma série de outros incômodos aos usuários. Imagine
um reservatório de água com fundação feita em Radier, que é uma fundação superficial. O
Radier, por algum motivo, recalca mais de um lado do que de outro, por heterogeneidade
do solo, por incompatibilidade do solo, por taxa de recalque diferente nas extremidades
do Radier, o que leva uma parte desse reservatório ter um afundamento e outra parte não.
Esse reservatório pode vir a ter um problema estrutural, levando à perda de funcio
nalidade, por conta do recalque.
Observamos no dia a dia de obra que as estruturas têm sofrido muitos recalques por
projetos inadequados ou execuções mal feitas. Muitas vezes, estão diretamente ligados à
falta de entendimento da heterogeneidade do solo. O projetista/executor não levou em
consideração as camadas do solo e suas distinções/resistências.
Por exemplo: imagine um projeto de sapatas 1 metro x 1 metro, feito sem nenhum
cálculo. Na obra, na realidade, podem facilmente haver pontos/regiões com menor resis
tência e capacidade de suporte que outros que não foram estudados. Ou seja, a sapata
tenderá a sofrer um recalque maior na região onde a capacidade de suporte é menor.
É fundamental que o engenheiro entenda exatamente aquilo que ele está fazendo
em suas obras. Por isso, toda obra de fundação precisa ter sondagem e projeto específico!
No cotidiano, muitas vezes, o mesmo projeto é feito para regiões distintas sem
considerar as peculiaridades do solo. O construtor "adota" Sapata 80×80 ou 60x60 desde
que atenda a uma tensão admissível de 2 kgf/cm² (em nota no pseudoprojeto).
Por vezes, quem executa a obra não sabe o que significa isso na prática. O operador
apoia a sapata no solo sem observar a capacidade indicada no projeto. E isso gera graves
problemas.
Logo, há uma alta probabilidade de esse tipo de obra ter uma patologia/recalque.
368
Vinicius Lorenzi
Uma vez que recalquem acima desse limite ou de forma diferencial, grandes proble
mas podem ser gerados, além de grandes possibilidades de manifestações patológicas.
Nesse quesito, não tem como não citar a nova norma de desempenho, isto é, a
norma ABNT NBR 15575:2013!
Essa norma fala sobre o tempo de vida útil nas obras. Com a criação dela, a res
ponsabilidade do engenheiro que já era muito grande, fica ainda maior, tendo em vista o
tempo em que ele é responsável por suas obras.
e
Caso de obra!
Para piorar a situação, o engenheiro não rompia os corpos de prova, pois sabia que não
dariam resistência adequada, por conta da forma como o concreto era misturado. Olha
o tamanho do risco que ele estava correndo.
E como! Em uma situação como essa, sua relação água/cimento fica diferente do que
foi considerado no projeto. Uma relação A/C desequilibrada significa alta porosidade,
concreto menos resistente no tempo e possíveis manifestações patológicas decorrentes.
No caso de fundações, como não são aparentes, é pior ainda! É muito mais grave colocar
um concreto mal executado. A anomalia demorará a aparecer, mas ela dará muita dor
de cabeça para ser resolvida depois, além de grandes gastos!
Por isso, deve haver um rigoroso controle desde os materiais até a qualidade executiva
da obra (sempre buscando cumprir o que as próprias normas técnicas indicam, tanto
para o controle dos materiais quanto para a execução das técnicas).
Na fundação, de uma forma prática, se o elemento que executamos não for visível, não
tem como avaliar o comportamento dele ao longo do tempo. A anomalia pode progredir
e a falha ocorrer sem uma percepção prévia.
369
QUALIDADE EM FUNDAÇÕES
Oengenheiro que não está no campo não pode verificar se, na obra, o processo está
sendo bem executado e a sua qualidade. Entretanto, ele deve controlar os fatores de
segurança.
Da amostra realizada, 100% citaram que sim, que já haviam tomado decisões por conta
própria e modificaram informações preconizadas em projeto. Por mais experiente que
possa ser o construtor, isso não pode ser feito, pois a responsabilidade técnica da obra
fica na mão do profissional que assinou a ART do projeto.
Isso leva a uma redução do fator de segurança. É algo muito grave realizar modifica
ções no projeto sem informar ao projetista!
A equipe deve estar ciente da gravidade de uma mudança como essa e das consequên
cias, como a ruptura da estrutura. Eu resumiria que qualidade envolve controlar todas
as etapas da obra. Aí, a probabilidade de ruína será muito menor.
Qualidade: bom projeto; controle. Execução: assegurar que todas as etapas do processo
executivo da obra sejam corretamente desenvolvidas. Se dentro dessa etapa uma delas
falhar, pode haver ruptura.
Uma prova de carga consiste em aplicar esforços estáticos crescentes à estaca, com
registro dos deslocamentos correspondentes (Figura 12.2).
É nesse ensaio que buscamos elementos para avaliar o comportamento carga x
deslocamento de uma fundação. Podem-se obter (após a devida interpretação) recalques
e a capacidade de carga da estaca.
370
Vinicius Lorenzi
As provas de carga por vezes são realizadas com intuito de refinar o cálculo das
fundações, além de conferir se as capacidades de carga previstas no pré-projeto são, de
fato, as encontradas em campo.
A norma de fundações prevê uma redução nos fatores de segurança das obras de
fundação quando do uso de provas de carga, assim, a execução de prova de carga estática
pode gerar redução nos custos de fundações.
1.
Carregamento lento com carga mantida - SM ou SML (Slow Maintained
Load Test): o carregamento é feito em incrementos iguais até determinado
nível de carga, maior do que a carga de trabalho.
2.
Carregamento rápido com carga mantida - QM ou QML (Quick Maintained
Load Test): são aplicados incrementos iguais de carga, até determinado
nível de carregamento, maior do que a carga de trabalho prevista para a
estaca.
371
QUALIDADE EM FUNDAÇÕES
Nas provas de carga, dificilmente chega-se à ruptura estrutural das estacas e, sim,
à uma ruptura geotécnica.
Os resultados das provas de carga são dados na forma de curvas carga x recalque, e
sua interpretação deve respeitar alguns critérios estabelecidos em norma. Atualmente, a
metodologia de Van der Veen (1953) e a previsão da curva dada pela ABNT NBR 6122:2019
são as melhores formas de avaliação das curvas.
Carga (Ton)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0,00
)(
-0,50
-1,00
mm
-1,50
-2,00
Recalque
-2,50
-3,00
-3,50
-4,00
-4,50
-5,00
-PCE 01
372
Vinicius Lorenzi
▶ bomba hidráulica;
▶
relógio comparador (extensômetros analógicos);
vigas e tirantes de reação, bem como porcas, contraporcas e chapas de aço
de travamento;
vigas de referência;
estaca de compressão;
Nas estacas testadas à compressão, são aplicadas cargas por macaco hidráulico
apoiado sobre o bloco de coroamento da estaca, sendo que o sistema bomba/macaco
hidráulico deve estar devidamente calibrado.
373
QUALIDADE EM FUNDAÇÕES
Sistema de reação
- Rótula
Célula de carga
Macaco
Extensometro Bomba
Viga de
referência
L
Bloco
Estaca
Outros tipos de ensaios podem ser realizados em fundações, como o PIT (Ensaio
de Integridade de Estacas) ou o PDA (Prova de Carga Dinâmica) e também pode trazer
benefícios ao entendimento das fundações.
374
13. INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Lembre-se que excentricidades entre o centro de carga do pilar e o centro de carga da fundação
geram a necessidade de vigas de equilíbrio, o que gera custos adicionais. Quanto maior for a excentri
cidade, maior será o desequilíbrio gerado e mais onerosa será a solução para "equilibrar" esse sistema,
com uma viga de equilíbrio mais reforçada.
Vamos desde o início: o que não se pode fazer é invadir o terreno do vizinho (seja sapata, seja
tubulão, seja o bloco de coroamento das estacas). Quando se faz, por exemplo, um bloco no limite
do terreno, com grandes diâmetros, pode haver uma necessidade real de utilizar vigas de equilíbrio
para equilibrar as cargas por não se conseguir centralizar o bloco com o centro de gravidade do pilar.
Aí se justifica a utilização de uma VE.
Se não houver presença de vizinhos até o momento da obra, o engenheiro pode escolher a fun
dação que lhe for mais conveniente. Futuramente, caso o novo vizinho que adquirir o lote ao lado deseje
construir, ele deverá observar a obra já executada e as fundações preexistentes a fim de não gerar danos.
Regras genéricas não existem na área de fundações. O importante é compreender os mecanis
mos de trabalho da estrutura e do solo. Por que não se pode, por exemplo, fazer uma fundação nova
na divisa se o vizinho já tem uma fundação? A fundação do vizinho já está trabalhando, distribuindo
tensões no solo e sua fundação nova competirá com a dele, isto é, as duas disputarão cargas uma
com a outra e poderá haver recalque.
É nesse momento que entra a capacidade técnica do projetista de fundação: escolher a solução mais
viável e adequada. É fundamental que o projetista de fundações conheça os equipamentos disponíveis
na região onde será executada a obra, para entender as limitações destes com relação às faces de divisa.
Caso de obra!
Vou contar uma pequena história: um cliente me chamou até o escritório dele, falou que os próximos
projetos dele demandavam 3 subsolos, mas que não poderíamos perder mais do que 40 ou 50 cm
(dependendo da obra) nas paredes de divisa!
Vinicius Lorenzi
E aí ele me provocou:
- Como as suas hélices não conseguem fazer estaca na divisa, vamos ter que fazer em diafragma!
- Nem pensar! - eu falei. - Vou dar um jeito!
Ligamos para uma empresa parceira na época, expusemos a situação e ela falou:
deixa comigo!
Eis que a empresa em questão criou um equipamento quase sob medida para nós, que
hoje é o maior sucesso de vendas, os equipamentos EM500.
Sabe o que eu tenho dentro de mim que gera isso? É a indignação! Sim, eu não me
deixo acomodar com a situação. Eu me indigno, vou atrás, não fico sentado esperando
as coisas acontecerem!
Engenheiros são forjados sob pressão para resolverem problemas! E aqueles que se
destacam estão anos-luz à frente da concorrência!
Apesarda diferença de cotas, não foi necessário fazer uma contenção na cota inferior,
no corte. E qual foi o motivo disso? O fato de a escavação ser provisória na obra e de haver
muita coesão do solo.
Nesse caso não, pois esse solo era extremamente coesivo, argiloso. Quando é per
cebido risco de tombamento ou escorregamento da região, uma solução pode ser fazer
reduzir sua altura e fazer um talude menos íngreme.
Esses casos em obras são muito comuns, isto é, ter que trabalhar com níveis dife
rentes na etapa de fundações. Faz-se um corte ou uma escavação provisória - nesse caso,
a prumo, o que pode ser feito pois, como o solo é muito coesivo, o risco é muito pequeno.
371
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
De todo jeito, tente buscar a melhor máquina possível, observando o estado do bem
e, além disso, o histórico de manutenções.
- Quando eu tiver a máquina, de quanto em quanto tempo deve ser feita uma manutenção?
Não existe uma regra! Quando meus operadores indicam que há uma possível falha,
que pode ter algo que não está bem, providenciamos uma manutenção preventiva. Mas
Me diga uma coisa: você está no início da carreira de engenharia, pegando alguns
projetos iniciais, buscando algumas obras? Aqui vai uma dica, que de tão simples parece
até bobeira: comunique-se.
Qual é o objetivo? Que as pessoas e as empresas lhe conheçam, conheçam seu tra
balho, seus projetos, as obras que você executa. Hoje, é imperativo aprender a "vender"
os seus serviços, usar as redes sociais e começar! Não estou dizendo para expor seus
clientes ou algo assim - se pensar em divulgar os clientes, converse com eles antes! Mas
é importante mostrar para o mundo suas capacidades.
O mercado precisa de pessoas determinadas, que tenham foco, que não procras
tinem, que tenham convicção do que querem. O profissional que não se empenha, não
estuda, não se atualiza e que faz um trabalho "meia boca", ou seja, que desperdiça seu
378
Vinicius Lorenzi
tempo e recursos (além do tempo e dos recursos dos seus clientes), está fadado ao insu
cesso enquanto continuar com essa postura.
Se quer estar entre os melhores do seu nicho de atuação, você tem que fazer valer
cada centavo de sua formação, do investimento (em livros, em extensões, em palestras,
em pós-graduações...). O mercado reconhece a pessoa que tem vontade de vencer e
trabalha para isso. Que tem desejo, vontade de fazer diferente e fazer melhor. Está no
brilho dos olhos, na força de vontade, no interesse.... O mercado valoriza esse profissional
e geralmente paga muito bem para tê-lo por perto.
É fato: cliente satisfeito é aquele que tem seus anseios atendidos do melhor modo
possível e com o melhor custo-benefício. O que seu cliente deseja é um produto ou serviço
inovador, exclusivo e de qualidade.
379
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Dica!
380
Vinicius Lorenzi
Cada empresa possui sua estrutura, seu tamanho e sua capacidade. Cada empresa
atua em certo ambiente e isso precisa ser entendido nessa etapa. Comparar seu custo com
o custo de outra empresa, sem entender a realidade daquela, pode ser um grande "tiro no
pé". A complexidade da avaliação de preços está em entender que cada gestor possui seu
arsenal de ferramentas para desenvolver a solução de cada problema.
O mesmo ocorre com os métodos de precificação, com cada um gerando algum tipo
de resultado, que dependerá principalmente do objetivo organizacional.
Precificar é, além de tudo, entender as margens de resultados desejadas. Seja para
uma empresa de capital aberto ou de capital fechado, o objetivo é o lucro. A decisão pre
cisa estar calcada em fatores como: crescimento no mercado, aumento do marketshare,
bloqueio de ações de concorrentes e novos entrantes, além do preço dos concorrentes,
liderança em preços (ou o contrário), estratégia de marketing da organização, tudo isso
buscando garantir a sustentabilidade e sobrevivência da empresa.
O problema é que cada projeto pode ter dependência técnica de outro e, caso al
gum venha a demorar para ser elaborado, o processo de precificação da atividade gera
insatisfação no cliente.
Na maioria das vezes, o que temos é apenas uma expectativa de custo a partir de
informações precárias e insuficientes.
Problema maior ainda está quando uma empresa desconsidera seus custos reais e
as despesas indiretas na precificação dos seus serviços de engenharia e trabalham com
valores agressivos, sem considerar todos os riscos envolvidos no processo.
381
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: projeto e execução de fundação. Rio de
Janeiro: ABNT, 2019.
ALBUQUERQUE, Paulo José Rocha. GARCIA, Jean R. Engenharia de Fundações. Rio de Janeiro: Grupo
GEN, 2020.
CAMPOS, João Carlos. Elementos de fundações em concreto. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
382
Vinicius Lorenzi
CINTRA, José Carlos A.; AOKI, Nelson. Fundações por estacas: projeto geotécnico. Oficina de Textos, 2011.
CINTRA, José Carlos A.; AOKI, Nelson; ALBIERO, José Henrique. Fundações diretas: projeto geotécnico.
Oficina de textos, 2011.
CINTRA, José Carlos A.; AOKI, Nelson; TSUHA, Cristina; GIACHETI, Heraldo. Fundações: ensaios estáticos
e dinâmicos. Oficina de Textos, 2013.
CRISTOFERI, Rafael Andre; BERGMANN, Ana Claudia; LORENZI, Vinicius. Comparativo entre ensaio de
sondagem à percussão manual e mecânica: um estudo de caso na região oeste do Paraná. UNIVERSIDADE
PARANAENSE, CAMPUS DE TOLEDO/PR. 2018.
DANZIGER, Bernadete Ragoni; LOPES, Francisco de Rezende. Fundações em Estacas. 1. ed. - Rio de
Janeiro: Grupo GEN,2021.
GERDAU. Perfis gerdau açominas aplicados como estacas metálicas em fundações profundas. Manual
técnico. Coletânea do uso do aço. 1. ed. 2006.
JUNQUEIRA, Sandoval. Estacas mega. Universidade de São Paulo. Escola de Engenharia de São Carlos.
Departamento de Geotecnia. 1995.
MASSAD, Faiçal. Solos marinhos da Baixada Santista: características e propriedades geotécnicas. [S.I:
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MELLO, V. F. B. Deformações como base fundamental de escolha de fundação. Geotecnia, SPG, n.12,
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MEYERHOF, G.G. Penetration tests and bearing capacity of cohesionless soils. Journal of the Soil Mechanics
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de Textos, 2014.
VESIC, A. S. Principles of pile foundation design. Duke University Pratt School of Engineering, Soil
Mechanics, series n. 38, 1975.
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FUNDAÇÕES
NA PRÁTICA
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FUNDACÕES
SEM COMPLICAÇÕES
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O maior canal de fundações do mundo.
Esse é o motivo de persistir nas redes sociais, dia após dia, há quase 5 anos
compartilhando obras, problemas, soluções, situações inusitadas e até emoções.
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