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MÉTOD OS ENERG ÉTICO S E ANÁLISE


'
ESTRUTURAL

PROGRAMA DO LNRO·TEXTO
UOITOHA OA UNICAMI-'
APOIO FAEP
EDITORA DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
UNICAMP

Reitor: José Martins Filho


Coordenador Geral da Universidade: André Villalobos
Conselho Editorial: Antonio Carlos Bannwart, Arício
Xavier Linhares, César Francisco Ciacco (Presidente),
Eduardo Guimarães, Fernando Jorge da Paixão Filho,
Hugo Horácio Torriani, Jayme Antunes Maciel Júnior,
Luiz Roberto Monzani, Paulo José Samenho Morao
Diretor Executivo: Eduardo Guimarães
Aloisio Ernesto Assan

MÉTOD OS ENERG ÉTICO S E ANÁLISE


ESTRU TURAL
o;jol/o(;,
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BffiLIOTECA CENTRAL DA UNICAMP
Assao, Aloisio Ernesto
As72m Métodos energéticos e análise estrutural/ Aloisio Ernesto
Assao. -- Campinas, SP : Editora da UNICAMP, 1996.
(Coleção Livro-texto)

1. Teoria das estruturas. 2. Deformações e tensões. 3.


Força (Mecânica). 4. Resistência de materiais. I. Título.
20.CDD - 624.17
-620.112 3
- 621.042
ISBN 85-268-0382-4 -620.112
Índices para Catálogo Sistemático:

I. Teoria das estruturas 624.17


2. Deformações e tensões 620.112 3
3. Força (Mecânica) 621.042
4. Resistência de materiais 620.112

Coleção Livro-texto .

Copyright © by Aloisio Ernesto Assao

Coordenação Editorial
Carmen Silvia P. Teixeira

Produção Editorial
Sandra Vieira Alves

Preparação de Originais
Rosa Dalva V. do Nascimento

Revisão
lvana de Albuquerque Mazetti
Katia de Almeida Rossini
Armando Luiz Miatto

Capa
Claudio Roberto Martini

1996
Editora da Unicamp
Caixa Postal 6074
Cidade Universitária- Barão Geraldo
CEP 13083-970 - Campinas - SP- Brasil
Te!.: (019) 239.8412
Fax: (019) 239.3157
Sumário

Prefácio VIl

1 Revisão histórica 9

2 Energia de deformação 13
2.1 Cálculo com os esforços internos 13
2.1.1 Força normal .. 13
2.1.2 Momento fletor . 17
2.1.3 Força. cortante . 18
2.1.4 Momento torçor 20
2.2 Observações . . . . . . . 23
2.3 Cá.lculo com a.s tensões e deformações 27
2.3.1 Estado uniaxial de tensão 27
2.3.2 Estado plano de tensões . 30
2.:1.:3 Estado triplo de tensões . 32
2.4 Energia de deformação complementar . 34
2.5 Exercícios propostos ..... . 37

3 Princípio do trabalho virtual 41


:3.1 Exercícios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4 Teoremas de energia 51
4.1 Teorema de Clapeyron 51
4.2 Teorema de Maxwell . 53
4.3 Teorema de Betti . . . .54
4.4 Teoremas de Castiglia.no 59
4.4.1 Teorema del minimo lavor·o 60
4.4.2 Teorema de Menabréa ou princípio do trabalho mínimo
de Menabréa ou segundo teorema de Castigliano . 62
4.4.3 Teorema de Crotti- Engesser 63
4.5 Exercícios propostos 79

5 Métodos da energia potencial 83


5.1 Conceito de energia potencial . . . . . . . . 83
5.2 Princípio da mínima energia potencial total 84
5.3 Método de Rayleigh-Ritz . 84
5.4 Método de Ga.lerkin . . 101
5.5 ExercíCios propostos . 106

v
VI

A Referências 109

B Estado triplo de tensões e deformações 111

C Integrais de produtos de duas funções 113

D Relações entre deformações e deslocamentos 115

E Torção livre de barras de eixo reto 117

Índice 123
Prefácio

Este texto destina-se a alunos dos cursos de graduação em engenharia e


àqueles que estejam iniciando-se na pós-graduação.
Não se pretendeu escrever um trabalho original, mesmo porque tudo aqui
contido encontra-se espalhado em vasta literatura, da qua!'alguns livros são
citados no Apêndice A.
Procurou-se reunir concisamente em um único volume as noções básicas da
energia de deformação, os princípios e teoremas que empregàm esses conceitos
e os métodos aproximados deles derivados, dos quais emergiu o método dos
elementos finitos.
A linguagem empregada é simples e acessível a alunos que tenham c<::mhe-
cimento elementar de mecânica das estruturas.
A notação utilizada é a mesma vigente nos cursos de resistência dos mate-
riais da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, que também é adotada
em diversos livros didáticos.
Embora os livros de resistência dos materiais nos capítulos referentes aos
métodos energéticos apresentem os teoremas de energia com os nomes de Cas-
tigliano, Menabréa, Maxwell, Clapeyron e Betti, muitos outros contribuíram
para que os conceitos: trabalho virtual, conservação de energia, mínima energia
potencial etc., fossem corretamente enunciados, e suas aplicações na solução
de problemas relativos à engenharia estrutural fossem amplamente divulgadas.
Uma revisão histórica é feita no primeiro capítulo deste texto sem preten-
der ser completa. ou abrangente. O objetivo é apenas o de tentar dar uma visão
cronológica de cada um daqueles conceitos e mostrar outros nomes ilustres -
além dos já divulgados nos livros didáticos - que participaram do desenvolvi-
mento dessa área de estudos e são desconhecidos para a maioria dos leitores.
Não há muitos trabalhos sobre a história da resistência dos materiais e/ou
teoria da elasticidade, principalmente tratando dos princípios energéticos; as
informações contidas no primeiro capítulo foram obtidas exclusivamente nos
trabalhos relacionados no Apêndice A.
Para aqueles interessados em saber mais sobre o desenvolvimento histórico
dos princípios e métodos energéticos, o autor indica os trabalhos de Oravas e
McLean.
No Capítulo 2 apresenta-se o conceito de energia de deformação e como é
calculada: via esforços internos ou pelas tensões e deformações para. estados
unidimensional, bidimensional e tridimensional. Trata-se, também, da energia
de deformação complementar.
O princípio dos trabalhos virtuais é abordado no Capítulo 3.

Vli
Vlll

O Capítulo 4 contém os teoremas de energia, ou mais precisamente: os


teoremas de Cla.peyron, de Maxwell, de Betti, de Castigliano, de Menabréa e
de Crotti-Engesser.
Os teoremas de Ca.stiglia.no são mostrados seguindo da. maneira mais fiel
possível o texto original, que não está disponível nos livros de resistência dos
materiais.
No Capítulo 5 apresentam-se os métodos da. energia potencial englobando
o princípio da mínima energia potencial total e o método de Rayleigh-Ritz. Aí
encontra-se também o método de Galerkin.
Nos Apêndices A, B, C, D e E encontram-se, respectivamente, a biblio-
grafia consultada, as fórmulas para. o estado triplo de tensões e deformações,
uma tabela com as integrais de produtos de duas funções, as relações entre
deformações e deslocamentos e a teoria da torção livre.
Capítulo 1
Revisão histórica

Os conceitos: energia- associada ao movimento dos corpos - e força, em-


bora expostos de forma diferente da que hoje estamos habituados a tratá.- los,
· já. eram conhecidos dos filósofos da. Antiguidade.
O uso preciso do termo energia, para. exprimir a. quantidade de trabalho
realizado por um sistema. é atribuído a. Thoma.s Young (1773-1829).
Segundo Oravas e McLean Estratã.o de Lã.mpsa.cos, que vive11 por volta.
de 250 a.C., foi, aparentemente, o responsável pela germinação do ·.princípio
das velocidades virtuais, conhecido séculos depois por princípio dos trabalhos
virtuais, tendo sido aplicado por Heron de Alexandria (1d.C.) no' estudo ele
máquinas.
Cha.rlton, Truesclell e Oravas e McLea.n citam o monge dominicano alemã.o
Jorclã.o ele Nemora, que viveu no século XIII, como o primeiro a. utilizar o
princípio .dos trabalhos virtuais envolvendo deslocamentos finitos.
Leornado da. Vinci ( 1452-1519) com sua frase: ogni azione fatta dalla na11lre
é fatta nel piu breve modo deu a. primeira. forma a.o princípio da. mínima. ação.
Galileu Ga.lilei (1564-1642) intuiu o princípio da conservaçã.o da energia. das
observações dos movimentos dos pêndulos.
De acordo com Timoshenko, foi .Jean Bernoulli (1667-1748)- considerado
o maior matemático do seu tempo - quem formulou o princípio dos trabalhos
virtuais, em 1717, comunicando-o a. Pierre Varignon (1654-1722).
Todavia., Truesdell descreve que Joseph Louis Lagrange (1736-181:l) foi o
primeiro a formulá.- lo de forma. geral, embora. o princípio tenha sido revisto e
estendido por Jean Bernouilli.
Cha.rlton a.in.da. assinala. que: "acredita-se que a verdade do princípio foi
primeiro observada. explicitamente por Simon Stevin (1548-1620), no fina.! do
século XVI, em associa.çã.o com suas pesquisas sobre o equilíbrio de sistemas
ele polias. Diz-se que Galileu reconheceu a validade do princípio ao estudar o
problema. do plano inclinado, mas parece que a. universalidade do princípio foi
primeiro reconhecida. por Jean Bernouilli ... "
Christiaa.n Huygens van Zelen (1629-1695) demonstrou que no choque de
bolas elásticas a. força viva (vis viva) ou energia. cinética. permanecia. invariável
e utilizou o princípio da. conservaçã.o da. energia para. resolver problemas de
vibra.çã.o ele pêndulos.
Gottfried Wilhelm, Freiherr von Leibniz (1646-1716) calculou corretamente
a energia cinética de um corpo e concluiu que a. perda. de energia cinética era.

9
10 Capítulo 1. Revisão histórica

compensada por um ganho igual de energia potencial e vice-versa. Leibniz e


Jean Bernouilli, nas palavras de Charlton, "consideravam o conceito energia
como o maior princípio da mecânica, ao qual todos os outros princípios eram
subordinados".
No século XVIII esse princípio foi utilizado por Daniel Bernouilli (1700-
1782), Jean Bernouilli e Jacopo Francesco Ricatti (1821-1894) e no século XIX
por Ludwig Ferdnand von Helmholtz (1821-1894), dentre outros.
Cha.rlton diz que parece que a Jean Victor Poncelet (1788-1867) coube a.
primazia. de introduzir o princípio da. conservaçã.o da energia. na mecânica. das
estruturas.
Benoit Paul Emile Clapeyron (1799-1864), criador do teorema dos três
momentos, publicou em 1858 um dos mais importantes trabalhos no âmbito
da engenharia estrutura.!: o teorema da. igualdade entre trabalhos externo e
interno.
Foi a. partir deste teorema que .Ja.mes Clerk Maxwell (1831-1879) e Otto
Christia.n Mohr (1835-1918) desenvolveram métodos para cálculo de treliças
hiperestá.tica.s.
Em 1864 Maxwell publicou um dos teoremas da reciprocidade e em 1872
o matemático italiano Enrico Betti (1823-1892) apresentou esse teorema em
uma forma mais geral que hoje leva. seu nome.
Nessa época já. eram conhecidos os princípios da mínima energia potencial
e da mínima energia. potencial complementar. De acordo com Cha.rlton, Pierre
Louis Morea.u de Ma.upertuis (1698-1759), em 1740, ao enunciar a lei do re-
pouso, parece ter observado que o equilíbrio de um sistema implica máxima ou
mínima energia. (trabalho) do sistema, originando, daí, o princípio da mínima
energia potencial total, que viria a ser de imensurável utilidade na moderna.
engenharia. estrutural.
Ch<';.rlton afirma que Daniel Bernouilli sugeriu a. Leonhard Euler (1707-
1783) 1 que havia sido seu aluno, que obtivesse a. elástica de barras minimizando
a funÇã.o j ~;, sendo r o raio de curvatura da barra fletida. Essa integral
multiplicada pelo parâmetro que representa. a rigidez da barra corresponde à
.energia. de deformação da. barra fletida.
Em 1834 o engenheiro inglês Henry Guynne Moseley (1802-1872) formulou
o princípio ,da mínima resistência. estabelecendo que: "Se, dentre todas as
forças que estã.o em equilíbrio, há. um número de forças resistentes, sujeitas à
condição de que todo o sistema esteja em equilíbrio, entã.o cada uma delas é
um mínimo", conforme tra.nscriçã.o de Cha.rlton.
Mais tarde Moseley aplicou esse princípio na determinaçã.o da correta linha
de pressões de arcos de alvenaria.
Cha.rlton também aponta que em 1858 o general Luigi Federico Mena.bréa.
(1809-1896), matemático, militar e estadista italiano comunicou à Acade-
mia Francesa um novo princípio que ele denominou de princípio de elasti-
cidade, enunciado por: "sempre que um sistema. elástico assume um estado de
equilíbrio sob a. açã.o de forças externas, o trabalho devido à açã.o das trações
11

ou compressões das barras que ligam os vários nós do sistema é um mínimo".


Em 1859, o físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887) demonstrou
que o princípio do trabalho virtual corresponde às equações de equilíbrio.
James Henry Cotterill (1836-1922), em 1865, assumindo o princípio da
mínima resistência de Moseley, generalizou-o escrevendo, como mostra Charl-
ton: "Se o trabalho for expresso em termos de forças resistentes em todos os
pontos do sistema, ou em alguns deles, e sendo implicitamente satisfeita a lei
da conservação da energia, temos simplesmente que fazer mínimoo tra.ba.lho
rea.liza.do, sujeito às condições de equilíbrio estático".
Cotterill demonstrou os teoremas que mais tarde seriam chàma.dos de pri-
meiro e segundo teoremas de Ca.stiglia.no.
Cotterill aplicou seus teoremas na. análise de vigas, arcos e treliças. Porém,
e
essas aplicações não foram conhecidas dos seus contemporâ.neos seu tra.ba.lho
ficou praticamente desconhecido. , ,
Toda.via., foi Ca.rlo Alberto Pio Ca.stigliano (1847-1884), jovem engenheiro
ferroviário italiano, quem ficou com a.s !áureas pela. demonstração e énuncia.do
dos teoremas do trabalho mínimo, baseados no princípio da mínima energia
potencial de Mena.bréa.
Em 1873 Castiglia.no apresentou, em seu tra.ba.lho de formatura., a. demons-
tração da. va.lida.de do princípio enunciado por Mena.bréa., que havia. cometido
erro na. sua demonstração.
Em tra.ba.lhos posteriores Castiglia.no aplicou esse princípio na. solução de
problemas reais de engenharia., considerando também efeitos de variação de
temperatura. em estruturas hiperestáticas. Fra.ncesco Crotti (1839-1896), amigo
de Ca.stiglia.no, e Friedrich Engesser ( 1848-1931) desenvolveram, independen-
temente, os princípios relativos à energia complementar- sendo que o termo
energia complemementar é devido a. Engesser -, surgindo da.í o princípio da.
mínima. energia. potencial complementar.
Um grande impulso à análise estrutura.! via. esses princípios de energia. foi
proporcionado por John William Strutt, Lord Ra.yleigh (1842-1919), em 1877,
e por Wa.lter Ritz (1878-1909), físico suíço, em 1908, que os utilizaram pa.ra
obter soluções a.proxima.da.s pa.ra. a.s deflexões de estruturas a. partir de funções
previamente fixa.da.s para. representar essas deflexões, tendo como coeficientes
pa.râ.metros incógnitos, obtidos pela. solução do sistema. de equações resultante,
gerado a. partir da. a.plica.çâo de um desses princípios.
Esse método ficou conhecido como método de Ra.yleigh-Ritz, servindo de
ba.se pa.ra. o desenvolvimento do método dos elementos finitos.
Muitos outros nomes poderiam ser citados por sua.s contribuições nesse
campo da. mecâ.nica. das estruturas, tão importantes ta.! vez quanto os que a.qui
foram apresentados; porém, fica. a. critério do leitor a. oportunidade de conhecê-
los consultando a bibliografia. citada., principalmente o tra.ba.lho de Ora.va.s e
McLea.n.
Capítulo 2
Energia de deformação

Quando um sólido é deformado no regime elástico diz-se que a ação que


provocou a. deformação realizou um trabalho que será totalmentE! transformado
em energia quando cessar a açà.o.
Assim, o arqueiro, ao curvar o arco, realiza. um trabalho; 'a.o 'liberar a. seta.,
toda. a energia potencial armazenada. no arco é transferida pàra. a. seta em
forma. de energia cinética..
O mesmo ocorre com uma. mola comprimida. por um peso.. O trabalho
realizado pelo peso durante a. deformação da. mola. é transformado ep-Í energia
potencial que a mola. poderá liberar assim que se retirar o peso.
Os elementos que compõem uma. estrutura também se deformam sob a
ação, por exemplo, de seu peso próprio, do peso da alvenaria, de multidão, da
interação com outros elementos estruturais etc., comportando-se de maneira
análoga à. mola ou ao arco.
A energia armazenada. na estrutura devida à deformação dos elementos
estruturais é denominada energia de deformação elástica e é igual ao traba-
lho realizado pelas forças atuantes; este fato será. utilizado para cálculo de
deslocamentos de pontos da estrutura.
Para que isso seja. possível, é preciso saber calcular a energia de deformação
elástica, uma vez que a determinação do trabalho das forças é imediata.
A energia de deformação elástica pode ser calculada com os esforços inter-
nos: força. normal, forç.a cortante, momento fletor e momento torçor, ou com
a.s tf'nsões e deformações. Neste ca.pítulo serão abordados os dois métodos de
cálculo.

2.1 Cálculo com os esforços internos

2.1.1 Força normal

Seja uma barra prismá.tica constituída de material elástico, solicitada por


uma. força normal de tração (poderia ser força. normal de compressão que pro-
duziria um encurtamento L./), centrada, aplicada lr>nt.amente do valor inicial
zero até o valor final P, produzindo um alongamento final L./, como mostra a
Figura 2. l.
14 Capítulo 2. Energia de deformação

A resultante das tensões normais a cada seção transversal da barra é de-


nominada esforço solicitante normal N e é igual à força aplicada à barra em
cada instante.

N N

p p
/
l f{

1/
N
N N~K:r
' '

61
.~;9 X X
rxp I, X u 61 I. X li 61
dx dx
p

(a) (b) (c)

Figura 2.1: a) Barra tracionada b) Material elástico c) Material elástico linear

O trabalho realizado por um valor intermediário Ni, do esforço normal,


quando a barra. sofre um alongamento dx, é dado pela área hachurada da
Figura 2.1b e vale:

dW = Nidx (2.1)
e o trabalho da força final p· responsável pelo alongamento final !':,./ é igual à
área sob a curva da Figura 2.1b , ou seja:

W = Jot'l Nidx (2.2)

Se o material não obedece à lei de Hooke tem-se que Ni = Ni(x), e para se


calcular o valor do trabalho deve-se conhecer a função Ni(x).
Se o material segue a lei de Hooke a função Ni(x) é linear, como mostra a
Figura 2.1c,'e a equação( 2.2) fica:

W = ib.l kxdx (2.3)

sendo k uma constante dada por:


p
k = !':,./ (2.4)

Substituindo esse valor em ( 2.3) obtém-se:

W = ~P/':,.1 (2.5)
2.1. Cálculo com os esforços internos 15

que é igual à área sob o segmento de reta. da. Figura 2.1c.


Sendo a a. ·tensão norma.P em qualquer seção transversal da. barra, E a.
deformação elástica. correspondente ao alongamento 61, E o módulo de Ymmg
ou módulo de elasticidade do material e A a. área. da. seção transversal da barra.,
tem-se:

/:::,/ = Pl (2.6)
EA
que substituído em ( 2.5) dá a seguinte expressão para. o trabalho:

(2.7)
Chamando de U a. energia. de deformação elástica da barra, tem-se da
igualdade entre esta energia. e o tra.balho da força. externa. (conserv~ção de
energia) que:

pzz
U=- (2.8)
2EA
Dividindo-se ambos os lados da igualdade acima pelo volume (V = AI) da
barra., obtém-se uma grandeza chamada. energia de deformação específica. ou
energia de deformação por unidade de volume representada por u, cujo valor
é:
p2
u=-- (2.9)
2EA2
A igualdade ( 2.5) pode ser aplicada para calcular o trabalho realizado
por outros esforços internos como: momento fletor, força cortante e momento
torço r, assumindo a seguinte forma:

trabalho= ~(esforço interno)(deslocamento correspondente ao esforço)


(2.10)
1
Da lei de Hooke:

Da definição de deformação elástica:

6.1
<=-
1
Da definição de tensão:

N
tT=-
A
16 Capítulo 2. Energia de deformação

Com poucas exceções, os projetos de estruturas são feitos com as tensões


e deformações limitadas ao regime elástico do material. Porém, é importante
saber como o material se comporta além do regime elástico, fase que é chamada
de regime plástico.
Quando uma barra de metal é submetida. a. um teste de ruptura. por tração,
as medidas das tensões e deformações resultam em um diagrama do tipo mos-
trado na. Figura. 2.2a ou 2.2b. Quando a tensão ultrapassa. o regime elástico
(<7et) diz-se que o material começa a. escoar. A tensã.o continua. a crescer com
o aumento da deformação, mas a. uma taxa menor do que no regime elástico,
até o valor máximo da tensão nominal. Depois desse ponto a barra entra em
regime de ruptura até que se dê a fratura em uma seção transversal.

(a) (b)

Figura 2.2: a) Material pouco dútil b) Material dútil

Mesmo nesses casos a energia de deformação é dada. pela. área. total sob os
diagramas e representa uma medida da tenacidade do material: maior a área,
mais tenaz é o material.
Denomina-se resiliência de uma. barra o máximo valor da energia dê de-
formação elástica que ela. é capaz de armazenar, sendo essa. energia represen-
tada pela:s áreas ABC das Figuras 2.2a. e 2.2b.
No regime inelástico, somente uma peqwona. parcela. da energia absorvida.
pelo material pode ser recuperada. A maior parte é dissipada em forma de
calor e o material fica com uma deformação permanente. A energia recuperável
· é dada pela. área D EF da Figura 2.2b.
.2.1. Cálculo com os esforços internos 17

2.1.2 Momento fletor

Considere-se, na Figura 2.3a, um trecho de uma barra prismática f!etida


por ações aplicadas lentamente.
Na Figura 2.3b tem-se, ampliado, o elemento diferencial deformado extraído
da Figura 2.3a.
Nas seções AC e BD são representados apenas os momentos f!etores, deixando-
se de mostrar outros esforços como, por exemplo, forças cortantes, que devem
.existir para manter o equilíbrio do elemento.

('.
j--->\
de \
1
I \
I \

1::----"'d~::- / ~M+ dM
---- D
c

(a) (b)

Figura 2.3: a) Barra f!etida b) Elemento deformado

A retas representa a seçã:o AC antes da. flexão e o segmento mn corresponde


ao eixo baricêntrico da barra; portanto, o ângulo dr.p representa a inclinação da
linha elástica da barra no ponto m. Sendo v= v(x) a função que representa. a
elástica, pode-se escrever que:

dv
r.p=- (2.11)
dx
Sabe-se que:

M
(2.12)
E!
sendo f o momento de inércia. da seção transversal da barra.
A igualdade ( 2.12) pode ser, ainda, representada por:

d dv M
-(-)-- (2.13)
dx dx -E!
Substituindo ( 2.11) em ( 2.13) obtém-se:
18
Capítulo 2. Energia de deformação

d~p M
-=-
dx E! (2.14)
Como o elemento da Fig ura 2.3b
é infinitesimal, é possível reescrev
igu ald ade ( 2.14) como: er a

M
dr.p = -d x (2.15)
E!
O trab alh o ele me nta r realizado pelo
mo me nto M par a gira r a seção AC
ângulo dr.p, ten do em vist a a iguald do
ade (2.11) vale:

1
dW = -Mdr.p
2 (2.16)
e o trab alh o este ndi do a tod a a bar
ra é obt ido inte gra ndo (2.16) ao long
com prim ent o l da bar ra resultando: o do

z M2
W=
Da igualdade ent re a energia de def
l 0
-dx
2E I
ormação elás tica da bar ra e o trab alh
(2.17)

realizado pelo mo me nto fletor tem-se o


que:

(2.18)
O mo me nto fletor M, em geral, é um
a função da ord ena da x, o mo me nto
de iné rcia I par a a bar ra pris má tica
é con stan te ao longo do seu com prim
podendo, jun tam ent e com o módul ent o,
o de Young E ficar fora da integra
bar ra não for pris má tica tem-se que l. Se a
obt er o mo me nto de inércia em função
ord ena da x. da

2.1 .3 Fo rça co rta nte

De mo do a simplificar o raciocínio e
a exposição, considere-se um element
diferencial de bar ra pris má tica sub me o
tido à ação de. tensões cisalhantes r =
como mo stra a Fig ura 2.4. Txy,
Den om ina ndo w as ordenadas da
elás tica produzidas ape nas pel a forç
cor tan te (designou-se por v as ord ena a
das da elás tica produzidas apenas
mo me nto fletor), sabe-se que w ~ pel o
v, na ma iori a dos casos. Dessa ma
conclui-se que o efeito da força cor nei ra
tan te no cálculo da energia de deform
é peq uen o com par ado ·ao do mo me ação
nto fletor, justificando-se um a ava
. bas tan te apr oxi ma da par a seu valo liação
r.
Cad a elemento reta ngu lar de arestas
( dx) e (dy) sofre um a distorção me did
pelo ângulo 1 = /xy que tem a me sma a
variação da ten são tangencial, conform
a igu ald ade : e
2.1. Cálculo com os esforços internos 19

Figura 2.4: Elemento diferencial deformado por cisalhame11to

r
i=- (2.19)
G
sendo G o módulo de deformação transversal do material.
Como o ângulo 1 varia ao longo da altura da barra, adota-se um valor médio
lm para poder calcular a translação relativa dw das duas seções distantes de
dx.
Tratando-se de pequenos deslocamentos, dw é calculada por:

dw = lmdx (2.20)
Se r fosse constante ao longo da altura da barra, a força cortante na seção
BD seria dada por:

V=rA (2.21)
sendo A a área da seção transversal da barra.
Essa estimativa da força cortante é muito grosseira. Para corrigi-la, o
lado direitÓ da igualdade (2.21) é multiplicado por um coeficiente c cujo valor
depende da forma da seção.
Desse modo, a distorção média, considerando as igualdades (2.19) e (2.21),
passa a ser dada por:

cV
/m = GA (2.22)

e a translação dw por:

cV
dw = GAdx (2.23)
20 Capítulo 2. Energia de deformação

A energia de deformação elementar armazenada no elemento diferencial,


igual ao trabalho realizado pela força cortante V para transladar a seçã.o AC,
tendo em vista a. igualdade (2.10), é calculada. por:

1
dU = (2.24)
2vdw
Estendendo-se o cálculo da. energia. de deformação a. toda. a barra e levando-
se em conta. a igualdade (2.23) obtém-se, finalmente, que:

1 cvz
U=
1
0
--dx
2GA
(2.25)

2.1.4 Momento torçor

Considere-se um elemento diferencial de barra prismática engastado em


uma das extremidades e sujeito a. um momento torçor M, na extremidade
livre, de acordo com a Figura 2.5.

Figura 2.5: Elemento deformado sob torçã.o

Sabe-se que o â.ngulo de torçã.o está relacionado com o momento torçor


através de:

M,
dO= -dx (2.26)
GJ,
sendo I, o momento de inércia à torção da seção da. barra.
A energia. de deformação armazenada. no elemento diferencial, que é igual
ao trabalho realizado pelo momento torçor para girar a seção transversal em
torno do eixo x do â.ngulo (),tendo em vista. a. igualdade (2.10), vale:
Z.l. Cálculo com os esforços internos 21

1
dU =
2M,dl} (2.27)

Substituindo (2.26) em (2.27) e integrando ao longo do comprimento l da


barra, obtém-se a energia de deformação da barra dada por:

( Mz
U =lo 2G~, dx (2.28)

Se todos os esforços estiverem presentes ao mesmo tempo; a .energia de


deformação vale:

(2.29)

Figura 2.6: Viga submetida às cargas simultâneas P1 e P2

Tome-se uma viga simplesmente apoiada, submetida a duas cargas verticais


P1 e P 2 , com deflexões sob elas iguais a v 1 e v 2 , respectivamente, como mostra
a Figura 2.6.
O cálculo da energia de deformação armazenada na viga - supondo que
ela tenha comportamento elástico-linear, de modo que se possa supor como
válida a superposição de efeitos - pode ser efetuado considerando que uma
delas atue inicialmente, por exemplo P1 , variando seu valor desde zero até P1
e em seguida passe a atuar a outra carga, variando também seu valor desde
zero até Pz.
Ficam, então, caracterizadas duas fases de carregamento. Calculando-se
a energia de deformação em cada fase e somando-as tem-se o valor total da
energia. Não importa a ordem de aplicação das cargas.
Esse cálculo é efetuado da seguinte maneira: supõe-se atuando inicialmente
a carga P1 , como se vê na Figura 2.7.
Se P 1 fosse unitária, a deflexão sob ela seria 811 ; ampliando a carga unitária
de P1 a deflexão também ficaria ampliada de P1 , passando então a P1 811 •
O trabalho realizado nessa primeira fase, que é igual à energia de de-
formação armazenada na viga, vale:
22 Capítu lo 2. Energi a de deformação

P,

6~ ~
(a) (b)

Figura 2. 7: Primei ra fase onde apenas atua P1

(2.30)

Mante ndo H aplicad a e colocando P2 , crescente de zero até o valor final(P2 ),


como mostra a Figura 2.8, tem-se que a energia de deformação tem o valor:

: Figura 2.8: Segunda fase de carrega mento onde agem P1 e P 2 .

Mais adiant e mostrar-se-á, com o teorem a de Maxwell, que 821 = 812 .


Somando (2.30) e (2.31) obtém-se a energia de deformação total:
1 2 1 2 (2.32)
U = U1 + Uz = 2H 8n + HPz821 + 2Pz 822
a
que mostra que atuand o simult aneam ente mais de uma carga que produz
deslocamentos na mesma direção, tem-se que considerar a interação entre elas;
não vale simple smente calcular a energia de deformação proveniente de cada.
carga atuand o isolada mente e somá-las, para obter a energia de deformação
total.
2.2. Observações 23

1 X

(a) (b)

(c) (d)

Figura 2.9: a) Pórtico plano h) Momento fletor c) Força cortante d) Força


normal

2.2 Observações

a) A parcela da energia de deformação referente à força cortante é quase


sempre pequena comparada às demais, de modo que na maioria dos casos pode
ser desprezada.

h) No caso de pórticos planos são considerados apenas os dois primeiros


monômios internos à integral em (2.29). A parcela da força normal é menor
do que a do momento fletor, podendo ser deixada de lado.

c) Nas vigas usuais deve-se considerar apenas a parcela da energia de de-


formação devida ao momento fletor.

d) Nos arcos, todavia, devem ser consideradas as parcelas devidas à força


normal e ao momento fletor.

e) Se houver torção, o termo correspondente da energia de deformação em


24 Capítulo 2. Energia de deformaçã o

seções delgadas abertas, em geral, é predomina nte.

f) Não vale para a energia de deformaçã o a superposiç ão de efeitos. As-


sim, se se considera, por exemplo, a ação simultânea , na barra tracionada ,
da força normal e do peso próprio; não vale calcular a energia de deformaçã o
para cada ação em separado e somá-las. A explicação é que existindo já esforço
atuando, ele realizará trabalho quando o outro esforço passar a atuar na barra.

A igualdade (2.29) é válida porque nenhum dos esforços realiza trabalho


quando os outros estão atuando simultanea mente, porque cada um deles pro-
duz deformaçã o que não interfere nas deformações dos demais.

g) Para treliças, somente o primeiro monômio é considerad o, e a integral


substituíd a por um somatório referente a todas as barras.

h) A energia de deformaçã o é função <']uadrática dos esforços.

Exemplo 2.1 Para o pórtico plano da Figura 2.9, comparar os valores da


energia de deformaçã o devidos ao momento fletor, força cortante e força nor-
mal, supondo que a viga e o pilar tenham o mesmo momento de inércia I, a
mesma área A e o mesmo módulo de Young E. São dados: P, 1,1, A, E.
As Figuras 2.9a, 2.9b e 2.9c mostram os diagramas dos esforços que entrarão
no cálculo da energia de deformaçã o.
Calculando -se separadam ente a energia de deformaçã o tem-se:

a) Momento fletor

· 1 ( 2 1 ( 2 ( 2 2P 2 [3
UM= 2El lo M dx = 2EI[lo (Px dx +lo (Pl) dy] = 3El

b) Força cortante

1 ( cP 2 l
Uv = 2GA lo cV2dx = 2GA

c) Força normal

1 ( 2 P 2l
UN = 2EA lo N dy = 2EA
Para facilitar a verificação supõe-se que tanto o pilar quanto a viga têm
seção quadrada de lado a, tal que a= i/10 e que G = E/2.
2.2. Observações 25

Sendo a seção quadrada tem-se, ainda., que:

A 12
e c= 1.2
I a2

Comparando-se as parcelas da energia. de deformação devidas à força. cor-


tante e à força. normal com a do momento fletor tem-se:

UM 667 UM 1600
- -- e UN = -1-
Uv 1

mostrando que realmente, em pórticos, a parcela. da energia de. deformação


relativa. ao momento fletor é predominante.

LINHA DE AÇÃO DE P ---1

~r----+)___,~ ....c
I. l x=-1

3[]

I· ,I
A-A

(a) (b)

Figura 2.10: a.) Viga em perfil b) Seção transversal da viga

Exemplo 2.2 Calcular o valor numérico da energia de deformação para. a


viga, da Figura 2.10. Supõe-se conhecida a posição do centro de cisalhamento
da seção transversal da viga. São dados: a força. P, o comprimento l, o módulo
de Young E, o raio R, a espessura e e o coeficiente de Poisson 11.
Nesse caso tem-se uma viga com os esforços: momento fie to r, força cor-
tante e momento torçor. Calculando separadamente a parcela da energia de
deformação para cada um dos esforços tem-se:

a) Momento fletor
A energia de deformação-é dada por:
26 Capítulo 2. Energia de deformação

U= -1-
2EJ
11 0
M 2 dx

Sendo:

M=Px e

tem-se a energia de deformação dada por:

(2.33)

b) Força cortante

Uv = 2 ~A 1 1
2
cV dx

onde: G = E/2(1 +v), A= 1rRe e V= P.


A energia de deformação tem o seguinte valor:
2
Uv = (1 + v)cP (2.34)
E1rRe

c) Momento torçor
A energia de deformação referente à torção tem a forma:

O momento torçor M, e o momento de inércia à torção I, valem:


1rRe3
e J,=--
3
que, substituídos na expressão de U,, fornecem:
. _ 48(1 + v)P 2 R ~ . (1 + v)P R
2
U' - E 1r 3 e3 ~ 1.55 E e3

Para se efetuar uma comparação entre os valores obtidos para as parcelas


da energia de deformação supõe-se que: l = 10R, e = 0.1R e v = 0.3. Assim
tem-se:

-UM = --
1
ou U, = 6.33UM
u, 6.33
2.3. Cálculo com as tensões e deformações 27

Uv c 487
-=-- ou Ut = Uv
Ut 487 c
como o valor de c é próximo da unidade, pode-se dizer que a parcela da energia
de deformação devida à torção é preponderante.
O valor total da energia de deformação é:

U =pz
- [.-+
zz.
E7r R 3 e
(l +v)(-Re+1.55R)]
c-- e3
Observa-se, ainda, dessa igualdade, que quanto mais curta a: viga maior
a colaboração da ·energia de deformação relativa à torção no valor da energia
total.

2.3 Cálculo com as tensões e deformações

2.3.1 Estado uniaxial de tensão


Barra tracionada
Seja a barra prismática da Figura 2.11 sujeita a esforço axial crescente
lentamente de zero até o valor final N.

Ux -------- Gz f-----;t
a"i O'xif----,f;

du du

'----"'--.J..._- E

(a) (b) (c)

Figura 2.11: a) Barra tracionada b) Material elástico c) Material elástico linear

Ao atingir o valor final N, as tensões normais às seções transversais da


barra são iguais e valem <Tx. A deformação correspondente a <rx em cada ponto
da barra vale Ex· Admite-se que em todos os pontos de cada seção transversal
a tensão tem o mesmo valor.
Considere-se que para uma tensão <Tx intermediária tenha havido um a-
créscimo dEx da deformação correspondente. A variação da energia de de-
formação elástica armazenada em um elemento diferencial de lados dx, dy e
dz da barra é:
28 Capítulo 2. Energia de deformação

d(dU) = kxdydz) déxdx = O"xdExdxdydz = O"xdE,dV (2.35)


~~
dNi d.6.li
ou

d(dU) ddU d
dV = dV = O"x Ex (2.36)
Embora existam deformações Ey e Ez, sua contribuiçã.o no cálculo da energia
é nula.
O quociente ~~ é a energia de deformaçã.o específica u. Portanto, tem-se
que:

(2.37)
A energia de deformaçã.o específica referente a um valor Ex da deformaçã.o
é calculada por:

u =lo r· axdéx (2.38)

representada nas Figuras 2.11 b e 2.11c pelas áreas sob as curvas.


Se o materia] segue a lei de Hooke, entã.o:

(2.39)
Substituindo (2.39) em (2.38) e integrando, obtém-se:

1 2
U = 2EEx (2.40)
ou, ai': da, somente em funçã.o da tensã.o:

1 (j2
u=--X (2.41)
2E
Uma forma mais comum de apresentaçã.o da energia de deformação es-
pecífica é 9btida. de (2.40) substituindo Ex por 'f; assim, tem-se:

1
U = 20"xEx (2.42)
e
Se o material nã.o obedece à lei de Hooke, entã.o preciso conhecer a função
a-x( Ex) que, nesse caso, não é linear.
Para se obter a energia de deformaçã.o U basta integrar (2.41) no volume
do sólido:

U ;:_ 1 udV (2.43)

A energia de deformaçã.o da barra tracionada, ver Figura 2.1la, sabendo-se


que:
2.3. Cálculo com as tensões e deformações 29

N
O"x = A e (2.44)
vale:

U= (~NN (2.45)
.fo 2 A EA
ou:

(2.46)

Barra fletida
Supondo, para. simplicidade, a viga. prismática. bia.poia.da. cujo diagrama. de
momentos fletores é mostrado na. Figura 2.12a., com seção transversa.!, dada.
na. Figura. 2.12b, tem-se em uma. seção distante x do apoio esquerdo ·O valor
M = M(x) do momento fletor. ..

y
(a) (b)

Figura. 2.12: a.) Diagrama de momento fier.or b) Seção transversa.! da viga.

Sabe-se que:

(2.4 7)

sendo que I é o momento de inércia. da. seção transversal da. viga. em relação
ao e1xo z.
Substituindo (2.47) em (2.41) e integrando r10 volume tem-se:

(2.48)

Ma.s a. integral interna. ao parêntesis é igual ao momento ele inércia. da seção


transversal, resultando:
30 Capítulo 2. Energia de deformação

(2.49)

2.3.2 Estado plano de tensões

Seja a chapa da Figura 2.13 constituída por material isótropo, homogêneo


e que segue a lei de Hooke. No interior dessa chapa é considerado um elemento
infinitesimal de lados dx e dy e espessura dz.
Solicitando a chapa por tensões uniformes, de intensidade O"x e O"y, aplicadas
lentamente, nas suas bordas, o elemento infinitesimal se deforma assumindo a
forma mostrada na Figura 2.13a.
Os alongamentos L:!.dx e L:!.dy que o elemento infinitesimal experimenta
valem:

(2.50)

como se pode ver na Figura 2.13b.

- dx
1+--+1
1/Zt:.y

r------,

dy I I :::::1 I Idy+L\y dy :
I
tY :
l___.X I
1-----1 L _ _ _ _ ...J

dx+.ó.x dx

(a) (b)

Figura 2.13: a) Chapa com solicitações b) Elemento infinitesimal deformado

O trabalho realizado pelas forças na direção x, igual à ene~gia de de-


. formação elástica armazenada no elemento de volume elementar dV = dxdydz
vale:

(2.51)
2.3. Cálculo com as tensões e deformações 31

Analogamente, a energia de deformação elástica armazenada no elemento,


devida à tensão ay, vale:

(2.52)
A energia de deformação total armazenada no elemento é a soma das ener-
gias calculadas através das igualdades (2.51) e (2.52) , resultando:

(2.53)
Dividindo (2.53) pelo volume do elemento infinitesimal tem-se. a energia de
deformação específica:

. (2.54)
A energia de deformação correspondente às tensões tangenciais r,yé' calcu-
lada como o trabalho realizado pela força r,ydxdz, aplicada lentamente, com
o deslocamento /xydy, como mostra a Figura 2.14, resultando:

Figura 2.14: Elemento deformado por cisalhamento

(2.55)
e

1
Uxy = 2_Txy/xy (2.56)
Adicionando-se essa energia de deformação específica àquela já obtida para
as tensões normais, tem-se a energia de deformação específica para o caso geral
de estado pli!-no de tensões, ou seja:

(2.57)
32 Capítulo 2. Energia de deformação

Utilizando-se as relações entre tensões e deformações do Apêndice B, p_ode-


se escrever a energia de deformação específica em termos de tensões apenàs,
como:

U = 21[
E CJx 2 + CJy 2 - 2VCJxCJy + 2( 1 + v)rxy2] (2.58)
ou somente em função das deformações:

E (2 2
tl = 2( 1 _ v 2 ) Ex+ Ey + 2TIExEy + -12--"fxy)
v2
(2.59)

sendo v o coeficiente de Poisson.

2.3.3 Estado triplo de tensões

Sem maiores dificuldades pode-se representar a. energia de deformação es-


pecífica para o estado triplo de tensões a partir da igualdade (2.57). Tem-se,
então:

1
tl = 2[CJxEx + CJyEy + CJzEz + Txy"/xy + Tyz"/yz + Tzx"!zx] (2.GO)
Em funçã.o apenas das tensões fica:

ou em função apenas das deformações:

E [2 2 2
U = 2(1 +v) Ex+ Ey + f.z + 1-I/ 2v. (Ex+ Ey + Ez) 2 + 2("/xy
1 2 2
+ "fyz + "fz.x2 )] (2.62)

sabendo-~e que G = 2 (1~v).


Sendo as direções principais (direções das tensões principais) designadas pe-
los índices 1, 2 e 3, a energia de deformação específica nos moldes da igualdade
(2.60) é dada por:

1
U = 2( CJJ E1 + CJ2E2 + CJ3E3) (2.63)
Só com as deformações principais fica.:

E [2
u = ?( 1
- +11
) El + E22 + €32 + I - I/ 2TI ( €1 + €2 + €3 )2] (2.64)

e em funçã.o das tensões principais tem-se:


2.3. Cálculo com as tensões e deformações 33

(2.65)

É interessante observar que a energia de deformação específica pode ser


dividida em dua.s parcelas: uma representando a. energia responsável pela mu-
dança da forma do elemento sem que seu volume seja alterado, e outra res-
ponsável pela. variação do volume sem que ,·ua forma varie.
Para. determinar essas dua.s parcelas basta. considerar no ponto estudado a
tensão média a m dada por:

(2.66)

e fazer:

(2.67)
O estado de tensões principais pode, entã.o, ser decomposto em dois como
mostra a Figura 2.15.

a'
3

(a) (b) (c)

Figura 2.15: Estado triplo de tensões principais

O estado de tensões da Figura 2.15b é responsável pela mudança do volume


do elemento sem alterar sua forma, uma vez que em todas as faces a.tua.m a.s
mesmas tensões (estado hidrostático de tensões) e o estado de tensões da Figura.
2.15c muda. a. forma. do elemento mantendo o mesmo volume.
Isso pode ser verificado supondo um elemento cúbico de lados unitários.
Sob a a.çã.o de tensões a;, a; a;,
e como na. Figura. 2.15c, nas sua.s faces, o
cubo deforma-se, ficando os lados com comprimentos 1 +E;, 1 +E; e 1 +E;. O
volume do cubo é:

v= (1 + €~)(1 + €;)(1 + €~) (2.68)


·Como a.s deformações sã.o muito menores que a. unidade, os produtos entre
ela.s podem ser desprezados, resultando:
34 Capítulo 2. Energia de. deformação

(2.69)

A variação de volume, ou dilatação volumétrica específica, do elemento é


igual à diferença entre o volume final V e o volume inicial unitário representada
por:

L.V=V-1=<~+<~+<; (2.70)

Substituindo as deformações pelas relações do Apêndice B, tem-se:

1- 2v I

+ ,.2 + o-3)
I I

6V= E (,.t (2.71)

Das igualdades (2.66) e (2.67) obtém-se :

(2. 72)

Confrontando as igualdades (2.71) e (2.72) percebe-se que a variação de


volume do elemento é nula.
A parcela da energia de deformação que corresponde à variação do volume
é indicada por Uv e é obtida com adequadas substituições nas igualdades já
apresentadas , resultando, finalmente:

1- 2v 2
Uv = E (<Tt + 0"2 + <T3) (2.73)
6
A parcela da energia de deformação corresponden te à variação da forRla é
chamada de energia de distorção, sendo representada por ud e vale:

(2.74)

2.4 Energia de deforma ção complem entar

Antes de passar aos teoremas de Castigliano é preciso entender o· que é


energia de deformação complementa r e a diferença entre ela e a energia de
deformação que vem sendo utilizada.
Para isso suponha-se uma barra prismática constituída de material elástico
cuja curva tensão-deform ação é mostrada na Figura 2.16.
Como já se mostrou (item 2.1.1), o trabalho realizado pelo esforço axial
crescente lentamente de zero até o valor N, com corresponden te alongamento
61 e deformação Et>./, vale:
L>.l
W=U=
1 Ndx (2.75)
2.4. Energia de deformação complementar 35

a N

af-----:?1
dNL.
u*

7
l W=U

u
dW
E X
~., u 61
d.-r

(a) (b) (c)

Figura 2.16: a) Barra tracionada b) Diagrama tensãoxdeformaç ão G) Dia-


grama esforço axial x deslocamento

Este trabalho é igual à energia de deformação elástica armazenada r\a viga


(porque o sistema é conservativo).
Geometricamente a igualdade (2. 75) é representada pela área sob a curva
esforço axialxalongamen to mostrada na Figura 2.16c.
A energia de deformação específica, conforme já foi apresentado no item
2.3.1 é dada por:

u = ["'' adE (2.76)

correspondendo à área sob a curva tensãoxdeformaç ão da Figura 2.16b.


A energia de deformação U é obtida de (2.76) integrando no volume da
barra como:

U =f udV (2.77)

Desse modo tem-se as relações entre trabalho, energia de deformação e


energia de deformação específica.
O trabalho complementar é representado pela área acima da curva esforço
axialxdeslocame nto, como mostra a Figura 2.16c, correspondendo, matemati-
camente, a:

W* = U* = iN xdN (2.78)

sendo válida a igualdade entre energia de deformação complementar e trabalho


complementar.
Pode-se considerar também que:

(2.79)
36 Capítulo 2. Energia de deformação

cuja representação geométrica é vista na Figura 2.16b e:

U* =f u"dV (2.80)
Energia complementar nã.o tem significado físico, somente geométrico; porém,
há situações em que a ener$ia de deformaçã.o e a energia de deformaçã.o comple-
mentar são permutáveis. E, por exemplo, o ca.so em que a barra. é constituída
de ma.teria.l que segue a lei de Hooke.
Nesse ca.so tem-se a relação:

N = k.r (2.81)
e, como se pode observa.r da. Figura 2.17, a.s relações dadas a. seguir, obtidas
diferenciando (2.75) e (2.78), respectivamente, são válidas:

dU*
-=N (2.82)
dx
e

t'·l (N
U = lo N d:1.: = U* = lo xdN (2.83)

u*
u
~~----------~-----x

Figura 2.17: Curva esforço axial X alongamento para material elástico linéar

Assim, pode-se escr<ever que: U = U* = W, e da Figura 2.17 obtém-se:

U + U* = 2W = N L, I (2.84)
Portanto:

(2.85)
expressão que dá o valor do trabalho realizado pela carga N com o alongamento
fina.! L,/ obtido anteriormente.
2.5. Exercícios propostos 37

/ I
T
p

l L
a. a
I• •I• •I

(a) (b)

Figura 2.18: a) Exercício 1 b) Exercício 2

2.5 Exercícios propostos

1. Determinar o valor da. energia. de deformação para. a. barra da. Fi-


gura 2.18a considerando a. ação simultâ.nea. da força axial P e do peso
próprio da barra. São conhecidos o módulo de Young E, o peso es-
pecífico do material, o comprimento l e a área A da seção transversal
da barra. Resp.: U = 21A (P 2 + P0 P + ~P:S), com P0 = 1Al.

2. Para a treliça da. Figura 2.18b calcular o valor da energia de de-


formação. São' dados P, a, a área da seção transversal A de cada
barra e E. Resp.: U = 6 · 3ji~'a.

3. A viga, mostrada na Figura 2.19a, composta de três segmentos de


comprimento a e seções transversais iguais com momento de segunda
ordem I e momento de inércia à torção I, é solicitada pela carga P.
Qual a energia de deformação armazenada? São ainda conhecidos E e
o módulo de deformação transversal G. Resp.: U = P 2 a3 (i 1
+ 2Ó1.).
4. Calcular a energia de de:íormaçã.o para a viga da Figura 2.19b com
seção transversal com momento de segunda ordem I. Os fios têm
seção transversal de área A. A viga e os fios são de mesmo material
com mo'd u Io de Young E . Resp... [T -- 16
•'l'
E ( l'
151
+ A2.41) .
38 Capítulo 2. Energia de deformação

l/Z l/Z

~a
EA }z "~
q
}z
p

(a) (b)

Figura 2.19: a) Exercício 3 b) Exercício 4

Zh 1.8h 2R
I•

1.8h l/5

1.6h l/5

1.4h
1/5
l/5

h l/5

p p p

{a) (b) {c)

Figura 2.20: a) Exercício 5 b) Exercício 6 c) Exercício 7


2.5. Exercícios propostos 39

5. A barra tronco-pir amidal de seção retangular com uma dimensão b


constante e outra que varia de h a 2h, como mostrado na Figura 2.20a,
é solicitada por uma carga axial P. Calcular a energia de deformaçã o
armazenad a pela barra. São dados E e o comprimen to l.
Resp.: U = 2~ b~ In 2.
2

6. A mesma barra do exercício 2.5 é discretizad a em cinco prismas de


mesmo comprime nto com base retangular de largura b e alturas que
variam de h a 1.8h, como se vê na Figura 2.20b. Determina r o valor
da energia de deformaçã o. Resp.: U "" · ;~[' .
0 3 1

7. Uma barra de raio r e um tubo de raio R são colados a um cilindro de


borracha com módulo de elasticidad e transversa l G, cujo corte longi-
tudinal é mostrado na Figura 2.20c. Qual o trabalho de deformaçã o
do cilindro de borracha? São dados: P, l, R, reG.
Resp ... LT -_ P
SOL
2
(R'r' - 1)·

/1
!';

12-fa.se 22-fase

Figura 2.21: Exercício 9

8. Qual a energia de deformaçã o armazenad a na treliça da Figura 2.18b


se a barra 45 sofre uma variação de temperatu ra 6t. O coeficiente de
2 2
dilatação térmica é a. Resp.: U = a 6t EAa.
9. Considere um corpo elástico, esquemati camente mostrado na Figura
2.21, vinculado extername nte de modo que não ocorram movimento s
de corpo rígido. Esse corpo será solicitado em duas fases: na 1ª
fase atua apenas a força F1 no ponto 1. Na 2ª fase permanece F1 e
passam a atuar duas forças F 2 no ponto 2 e F 3 no ponto 3. Calcular a
energia de deformaçã o armazenad a no corpo ao fim do carregame nto.
Designar por v; e v'i os deslocame ntos dos pontos i da 1ªfase e da 2ª,
respectiva mente. Resp.: U = ~F1v1 + F1v'! + HFzv'z + F3v'3).
Capítulo 3
Princípio do trabalho virtual

O princípio do trabalho virtual é de inestimável utilidade na mecânica das


estruturas, propiciando soluções simples na determinaçã.o de deslocamentos em
estruturas, na soluçã.o de problemas hiperestáticos e na obtençàÓ de linhas de
influência de estruturas isostáticas.
A palavra virtual quer significar hipotético, que poderia ocorrer, embora,
de fato, não ocorra. É um deslocamento infinitesimal que se impõe a. um
ponto ou a um corpo rígido de modo a nã.o alterar a configuraçã.c est~tica ou
geométrica do corpo e das forças que nele atuam, preservando as condições de
equilíbrio a que essas forças estã.o sujeitas. ·
Um deslocamento virtual consiste em uma translaçã.o em qualquer direçã.o,
uma rotaçã.o em torno de qualquer eixo ou ambos. Com a condiçã.o elo corpo
rígido estar em equilíbrio, o trabalho virtual realizado pda.s força.s é nulo.
O princípio dos trabalhos virtuais pode ser aplicado também à.s estruturas
ou corpos deformáveis, devendo-se levar em conta não apenas o tra.balho virtual
da.s forças externas ma.s, também, o associado às forças internas.
Admita-se que uma estrutura esteja. solicitada. por forças, momentos fleto-
res, cargas distribuídas etc., como mostra. a. Figura 3.1. A estrutura., sob a. açã.o
dessas solicitações, encontra-se em estado de repouso e equilíbrio, o chamado
estado de carregamento.
Suponha-se que a essa estrutura. é dada uma deformaçã.o virtual consis-
tindo ele deslocamentos virtuais que produzem uma. mudança. na. sua. forma.
deformada..
A cleforma.çã.o virtual indepencle ela superfície deformada real; entretanto,
ela. deve ter uma. forma que poderia. ocorrer fisicamente e ser compatível com
as vinculações da estrutura.
Durante a deformaçã.o virtual, cada elemento (entenda-se elemento diferen-
cial) da. estrutura se deforma e os esforços (internos e externos) - ver Figura
3.lb - agindo diretamente sobre ele realizam trabalho virtual, denominado
dW.
Esse trabalho pode ser supostamente formado por duas parcelas:

a) o trabalho virtual devido aos movimentos de corpo rígido, denominado


dW" correspondente a.o trabalho virtual realizado durante o movimento de
corpo rígido do elemento que a.ssume uma. posição intermediária. entre a posiçã.o
in deformada. ABCD e a. posiçã.o deformada. final A 'B'C'D';

41
42 Capítulo 3. Princípio do trabalho virtual

b )o trabalho virtual referente à deformação do elemento, designado por


dWd.
Estando o elemento em equilíbrio, o trabalho dWr é nulo.
Assim, tem-se que:

(3.1)

A igualdade (3.1) significa que, durante o deslocamento virtual, o trabalho


virtual total realizado pelas forças é igual ao trabalho virtual realizado pelas
mesmas forças durante a deformação virtual do elemento.
Essa igualdade estendida a toda a estrutura fica:

(3.2)

M M+dM

N--808--
V
N +dN
V+dV

(a) (b)

Figura 3.1: a) Estrutura deformada b) Elemento diferéncial

Pode-se ainda interpretar a igualdade (:3.2) raciocinando da seguinte ma-


neira.: a. integra.! do lado esquerdo da. igualdade representa. o tra.ba.lho virtual
realizado por todas a.s forças durante a. deformação virtual da. estrutura.. Na
fa.ce comum a. dois elementos diferenciais de um membro da estrutura a.tua.m
esforços de mesma. intensidade e sentidos opostos; assim, os trabalhos virtu-
ais .rea.liza.dos por esses esforços internos se a.nula.m, já que eles têm o mesmo
valor numérico e sentidos opostos. Sobra. apenas o tra.ba.lho virtual das forças
externas.
Portanto, a. primeira integral da. igualdade (3.2) corresponde a.pena.s ao
tra.ba.lho virtual das ca.rga.s externas, sendo representado por Wext·
43

A segunda integral representa o trabalho virtual associado à deformação


de todos os elementos da estrutura considerando a ação de todas as forças
externas e internas (tensões resultantes). Porém, durante a deformação .da
estrutura, apenas as forças internas realizam trabalho, correspondendo, então,
essa integral, ao trabalho virtual interno Wint·
Pode-se dizer, assim, que: o trabalho virtual realizado pelas forças externas,
quando se dá a uma estrutura deformável em equilz'brio um deslocamento vir-
tual, é igual ao trabalho realizado pelas forças internas; sendo essa igualdade
representada por:

(3.3)

O trabalho virtual externo é calculado como o produto das forças externas


pelos deslocamentos virtuais impostos à estrutura.
O trabalho virtual interno é calculado a partir das tensões e das def0 r~ações
que ocorrem nos elementos ao se dar o deslocamento virtual.
Suponha-se que o elemento diferencial ABCD (Figura 3.la), após o deslo-
camento virtual aplicado à. estrutura, assumiu a posição deformada A 'B'C'D'
e que as seções que eram planas mantiveram-se planas após a deformação.
Assim, chamam-se de :
du= deslocamento relativo do centro de gravidade da seção AC na direção x;
dv= deslocamento rela.tivo do centro de gravidade da seção AC na direção y;
dil= a rotação relativa da seção AC em torno de um eixo perpendicular ao
plano da figura passando pelo centro de gravidade da seção.
O trabalho virtual interno associado a.o elemento diferencial é dado por:

dW; = N du + V dv + M dil (3.4)

desprezados os infinitésimos de ordem superior.


Supõe-se que os esforços c deslocamentos no mesmo sentido realizam tra-
balho positivo.
Considerando a igualdade (3.4) estendida a toda a estrutura e tendo em
vista. a validade de (3.3) pode-se escrever que:

W,,, =INdu+ f Vdv +f MdiJ (:3.5)

O princípio do trabalho virtual aplica-se a estruturas independentemente de


o material se comporta.r linearmente ou nã.o, elasticamente ou inelasticamente.
Uma aplicação do princípio do trabalho virtual na determinação de desloca-
mentos em estruturas é o chamado método da wrga 11nitár·ia, que foi utilizado
por Maxwell e Mohr para re,;olver estruturas hiperestáticas.
Na. aplicação desse mét.odo são considerados dois sistemas de carregamento.
O primeiro sistema consiste na estrutura submetida a. ações externas res-
ponsáveis pelo deslocamento que se quer calcular.
44 Capítulo 3. Princípio do trabalho virtua.l

O segundo sistema de carregamento corresponde à atuação de uma carga


unitária agindo na. estrutura. Essa carga unitária. é fictícia, porém deve cor-
responder ao deslocamento que se quer calcular (se o deslocamento desejado é
uma rotação, a carga fictícia eleve ser um momento unitário aplicado no ponto
onde se quer a. rotação).
Seja, pois, D. o deslocamento procurado. O trabalho externo produzido
pela carga unitária, com o deslocamento desejado D., causado por cargas reais,
vale:

(3.6)

O trabalho virtual interno é realizado pelos esforços internos ( N1 , \1,, M 1 ),


durante a. deformação virtual ela. estrutura., produzida. pela carga uni1.i,ria.
Igualando o trabalho virtual externo com o interno tem-se determinado o des-
locamento procurado:

D. =f N1du +f \l,dv + ./ M 1d() (3.7)

Para materiais que seguem a lei de Hooke, as deformações envolvidas na


igualdade (3. 7) são:

du = Nrdx _ cV,.dx dO= Mrdx


dV - GA (3.8)
EA EI
sendo Nr, V,. e Mr a.s tensões resultantes prod uziclas pelas cargas reais.
Substituindo os valores dados em (:3.8) na. igualdade (:3. 7) tem-se:

te,= f NtNr dx
EA +.
I c\1, V,. dx
GA +
f MtMr dx
EI
(3.9)

Basta, então, conhecer os diagramas de esforços produzidos pela carga


unitá.ri": e pelas cargas reais e combiná-los.
O deslocamento D. tanto pode ser rota.çã.o como translação.

Exemplo 3.1 Calcular as reações de apoio R 1 , R 2 e M2 da viga dada na


Figura. 3.2 'utilizando o método da carga unitária. São dados o módulo de
Young E, o momento de inércia I da seção, a força P e o comprimento I.
O método da carga. unitária consiste em considerar dois sistemas: o sistema
A onde se substitui o vínculo hiperestático por uma ação correspondente man-
tendo as cargas atuantes e o sistema B constituído pela. viga sem as cargas mas
com uma ação unitária aplicada na. posição do vínculo hiperestático retirado.
Ambos os sistemas sã.o isostáticos.
Suponha-se que a incógnita hiperestática, para a viga da Figura 3.2, seja
o momento fletor que existe no engastamento e é denominado JV12 • Assim, os
sistemas A e B são os mostrados na Figura 3.3.
Seja. D. a. rotação da viga no enga.stamento. Da igualdade (3.9) tem-se:
45

2P

t:,,....--__._l~~) M 2
2 2
f. l/ ·I · l/ ·t

Figura 3.2: Viga com reações a calcular

L,= f M,Mr
EI
dx (3.10)

onde M 1 é a função que representa. a. va.ria.ção do momento fletor devido à. ca.rga


unitária e J11r a. função que representa. a. va.ria.çã.o do momento fletor pa.ra. a
viga. da. Figura. 3.:3a..

2P

l )M2 u )1
l/2 l/2
1 t
RI R2

(a) (b)

Figura 3.a: a.) Viga. do sistema. A b) Viga. do sistema. B

Para. simplificar o cá.lculo, essa. viga. pode ser sepa.ra.da. em dua.s onde atuam
separadamente a.s ações 2P e 11.12 , como se mostra. na. Figura. 3.4. Nessa. figura.
também aparecem os diagramas de momentos fletores pa.ra. cada. caso.
O diagrama de momento fletor para. a. carga. unitária. é da.do na. Figura. 3 ..5.
A integra.! da. igua.lda.de (3.10) pode ser dividida em dua.s de modo a. se ter:

L, = O, + 02 = (f M~~1,. dx) b + (/ M~~1r dJ:)' (3.11)

ond<> a. primeira. integra.!' corresponde à. combina.çà.o dos dia.gra.ma.s de momen-


tos fletores da viga ela. Figura. 3.4h e da Figura :).5, e a. segunda integral à
1Os índices b e c dtls integrais da igualdade (a.ll) referem-se aos diagramas de momentos
dn.s Figuras :t4a e b respectivamente.
46 Capítulo 3. Princíp io do trabalho virtual
Jy) U\ Cz.)
2? 2?
~
1 Mz
1 .........--- M2
LS 6) !i.--.....___ };76 + LS 6)
e1
1/2 1/2 1/2 !/2 !/2 t/2

Mz
~M2
~
(a) (b) (c)

to
Figura 3.4: a) Viga do sistem a A b) Viga com carga 2P c) Viga. com momen
M2

combinação dos diagram as das Figura 3.4c e da Figura. 3.5.


Utilizando a. tabela de integrais de produt os de funções aprese ntada no
Apêndice C, a.s integrais da igualdade (3.10) ficam:
-11 Pl1 l 1 Pl l
6 = - - - - - ---(1 +) + -M2
3
2322 262

Como !::, na. viga. real é nulo, obtém-se M 2 que resulta:

Do equilíbrio da viga. da. Figura. 3.3 obtêm- se a.s reações R 1 e R 2 dadas por:

~ = !..!:.p
8
3.1. Exercícios propostos 47

I. '/2 ·I· '/2 ·I


I ...
~1

Figura 3.5: Viga com ação unitária e seu diagrama de momentofletor

3.1 Exercícios propostos

1. Uma estrutura, mostrada na Figura 3.6a, é formada por três fios que
devem sustentar uma viga. O fio do meio foi .construído com compri-
mento menor do que o necessário. Calcular a. força na barra 2 depois
que ela foi unida ao restante da estrutura. Os três fios são de mesmo
material e têm a mesma seção transversal de área A. A viga tem
módulo de Young E e seção transversal constante com momento de
segunda ordem I. São dados: A, E, l, L., E e I.
Resp. .· N 2 -- (9El+EAI'
6EEAI )l
·

(}) EA @ EA @ EA p

EI .i;:,. EI !

(a) (b)

Figura 3.6: a) Exercício 1 b) Exercício 2

2. Calcular o valor da rotação O, devida à torção, da seção A da viga AB


da Figura 3.6b. As seções são circulares com diâmetro d. Dados P, a,
de E. Resp.: IJ "" 50 J,;~f•'.
48 Capítulo 3. Princípio do trabalho virtual

p R R

l
R

(a) (b)

Figura 3.7: a) Exercício 4 b) Exercício 5

3. Determinar o valor do deslocamento vertical ó, do ponto 5 da treliça.


da Figura. 2.18b quando as barras 12 e 25 sofrem uma. variação de
temperatura de 30°C. Dados: a= 200crn, a= 0.000015( C.
Resp.: Óv = 0.18crn.
4. Qual o deslocamento norizontal óh da viga circular de raio R, conforme
a Figura 3.7a. São dados: P, R, E, e I. Resp.: óh = ~:;.
5. Calcular o alongamento D.l da barra. cônica maciça de seção circular
devido apenas a.o peso próprio. A barra, mostrada. na. Figura 3. 7b, é
constituída de material com peso específico 1 e módulo de Young E.
São dàdos também o raio R e o comprimento I. Resp.: D.l = ~~.

h/2 h/2 R R

{a} (bj

Figura. 3.8: a.) Exercício 6 b) Exercício 7

6. Calcular o valor do momento fletor MA no ponto A do pórtico da.


Figura. 3.8a.. Sã.o conhecidos: P e h. Resp.: MA = ~h.
3.1. Exercícios propostos 49

7. Determinar o deslocamento vertical fi v do ponto A do pórtico triarti-


cu la.do da Figura. 3.8b. As seções são constantes e têm momento de
,;egunda. ordem/. Dados: P, R, E e/. Resp.: 5v "=' PR3 El.

p
s
)Mo -i
~
E! E!
;j zs: [:;,
1.51 l

(a) (b)

Figura 3.9: a) Exercício 8 b) Exercício 10

8. A viga prismática em balanço da Figura. :3.9a tem em sua extremi-


dade livre um momento !VIa aplicado. Sendo I o momento de segunda.
ordem de sua. seção transversa.!, E o módulo de Young do material
que a. constitui e l a medida. do comprimento do balanço, calcular o
deslocamento vertical da. extremidade livre. Resp.: 8, = 7~;]'.
9. Calcular o deslocamento vertical do ponto de a.plica.çã.o da. carga. P da
treliça. dada. na. Figura. 2.18b. Dados: P, E, A,e a. Resp.: 5v "=' 6 ·JZJa.
10. Como varia. o deslocamento vertical v(.s) no meio do vão da viga
priomática. da. Figura 3.9b se a carga Pé móvel? São conhecidos o mo-
. menta de segunda. ordem I da seçã.o transversal da. viga, seu módulo
de Young E e seu comprimento I. Resp.: v(s) = 4~~ 1 (3s- 41~').
Capítulo 4
Teoremas de energia

4.1 Teorema de Clapeyron

O teorema de Clapeyron estabelece que a energia de deformação U de


um sólido submetido a um sistema de esforços P; é igual à metade do valor
da soma dos produtos das intensidades dessas forças pelas componentes dos
deslocamentos de seus pontos de aplicação nas direções das forças. . .
Considerem-se n forças externas P1 , P2 , ••• , Pn (podem ser forçás ou momen-
tos) e os respectivos deslocamentos finais- v 1 , v 2 , ... , Vn (podem ser translações
ou rotações).
Uma vez que o trabalho realizado pelas forças externas é independente da
ordem de aplicação das forças e depende apenas de seus valores finais, pode-se
admitir que as mesmas variam de seus valores iniciais até os valores finais P;
assumindo valores intermediários kP;, onde k é um coeficiente que varia de
zero até o valor final 1.
Seja Vi o valor final do deslocamento do ponto i na direção da força P;
aplicada no ponto i. Como o sólido é elástico, uma vez que a força genérica
aplicada no ponto i alcançou o valor intermediário kP;, a correspondente com-
ponente do deslocamento do ponto i na direção da força atingiu o valor kv;.
Quando a força aumenta de kP; para (k + dk)P;, a correspondente com-
ponente do deslocamento aumenta da quantidade v;dk na direção de Pi e o
correspondente trabalho, desprezados os termos de ordem superior, vale:

n n

dW =L kP;v;dk =L P;v;kdk (4.1)


i=l i=1

Integrando nos limites k = O até k = 1 tem-se:

1 n
W=- LPiVi (4.2)
2.t=l

o que demonstra a proposição, já que para sistemas conservativos o trabalho


realizado é igual à energia de deformação armazenada no sólido.
Esse resultado já foi obtido anteriormente, quando se calculou a energia de
deformação originária dos esforços internos, item 3.1.

51
52 Capítulo 4. Teorema..' de energ ia

ar uma a.p!icaçã.o
Exem plo 4.1 Como exem plo simpl es, apena s para. ilustr
a. deflexã.o da. viga.
do teore ma de Clape yron, deter minar o valor da máxim
nto de inérci a I, o
da Figur a 4.1. São dados o módu lo de Young E, o mome
comp rimen to I e a força P.

Figur a 4.1: Viga em balan ço fletida

o na iguald ade
O traba lho rea.lizado por P, de acord o c.om o estah elecid
(4.2) vale:

com a igualda.rle
A energ ia de defor maçã o armaz enada na viga. de a,:ordo
(2.18) é dada por:

1
-dx~~ M2 (4.:))
U= -
2. o El

A fuuç'ã.o que repre senta o mome nto fletor tem a forma :

M=P .r

que subst ituída em (4.3) fornece:

1 ~~ p2 2 P'l"
u-
.- 2- .
- 1 · d:r - - -
E{. ·-6E f
0

Como o sistem a P :onoerva.tivo \V= U, result ando:

~ Pj' = P' 6EI


2 [3

mr:

Pl"
f= :)E f
4.2. Teorema de Maxwell 53

4.2 Teorema de Maxwell

Suponha um sólido elástico com vínculos fixos ou elásticos submetido a dois


sistemas de ações A e B (podem ser forças ou momentos), como se mostra na
Figura 4.2.

I
I
a I
/
b

Figura 4.2: Sistemas de esforços atuando no sólido elástico·

No sistema A uma força P, cuja linha de ação é a reta a, atuando len-


tamente de zero até o valor final P, no ponto A, provocou deflexões Vaa na
direção a e Vba na direção b (deve-se entender que Vaa significa deflexão na
direção a provocada. por força atuando na direção a, e Vba é a deflexão na
direção b produzida por força atuando na direção a).
O trabalho WA realizado pela força P no sistema A vale:

(4.4)

Mantendo P aplicada no ponto A faz-se com que outra. força P a.tue da.
mesma maneira no ponto B, com linha de ação coincidente com a reta b. O
trabalho W lJ realizado pelas forças vale:

(4.5)

já que vale a superposição de deslocamentos. O segundo monõmio do lado


direito da igualdade (4.5) não leva o coeficiente ~ porque a carga P já estava
atuando no ponto A quando a outra carga P começou a. agir lentamente no
ponto B.
O trabalho total realizado pela atuação das duas forças é dado pela soma
das igualdades (4.4) e (4.5) valendo:
54 Capítulo 4. Teoremas de energia

(4.6)

Supõe-se, agora, que se comece aplicando ao sólido, lentamente, a força P


no ponto B, provocando deflexões vbb e Vab respectivame nte nos pontos E e A.
O trabalho realizado por essa força vale:

(4.7)

Mantendo-se P atuando no ponto B e aplicando-se lentamente outra forçá


P no ponto A, direção a, o trabalho realizado pelas forças vale:

(4.8)

Atuando as duas forças em seqüência, o trabalho total realizado vale a soma


das igualdades (4. 7) e (4.8), ou seja:

W* = ~PVaa + ~Pvbb + Pvba (4.9)

Como as igualdades (4.6) e (4.9) devem ser iguais, conclui-se que:

Vab = Vba (4.10)

ou seja: o deslocamento na direção a causado por força atuando na direção b


é igual ao deslocamento na direção b causado por força atuando na direção a.
Esse teorema também é chamado de teorema da reciprocidade de M axwell.

4.3 : Teorem a de Betti

Esse teorema é um dos teoremas da reciprocidade e é mais geral do que o


anterior.
Conside~e-se um sólido elástico com vínculos fixos ou elásticos submetido
a dois sisten\.as de ações externas A e B, como se mostra na Figura 4.3.
Supõe"se que as ações do sistema A sejam aplicadas em primeiro lugar,
produzindo o trabalho WA dado por:

(4.11)

Mantendo as ações do sistema A, aplicam-se as ações do sistema B, sendo


o trabalho W B realizado por todas as ações iguais a:

(4.12)
4.3. Teorema de Betti 55

f4s

Figura 4.3: Sistemas de ações atuando no corpo elástico

Notar que m, n, p, r e s são direções fixas e iguais para as duas situações


de carregamento , uma vez que o sólido é o mesmo.
O trabalho total, realizado pelas ações dos sistemas A e B, é obtido com a
soma das igualdades (4.11) e (4.12), valendo:

1 1 1 1 1
W = 2pJAVJA + 2PzAV2A + 2PssVsB + 2p4BV4B + 2PssVsB +PJAVJB +PzAV2B
(4.13)

Invertendend o-se, agora, a ordem de aplicação dos sistemas de ações, ou


seja, fazendo atuar em primeiro lugar o sistema B, o trabalho W.B realizado
pelas ações desse sistema vale:

(4.14)

Mantendo-se as ações do sistema B e aplicando as ações do sistema A, o


trabalho WÂ realizado por todas as ações vale:

(4.15)

O trabalho total, para esse caso, vale:

* 1 1 1 1 1
W = 2pJAVJA + 2PzAV2A + 2PssVsB + 2p4BV4B + 2PssVsB +
+PssVsA + P4BV4A + PssVsA (4.16)
56 Capítulo 4. Teoremas de energia

Os trabalhos W e W* devem ser iguais, resultando, então, da igualdade


entre (4.13) e (4.16):

(4.17)
ou seja: O trabalho realizado pelas ações do sistema A com os deslocamentos
do sistema B é igual ao trabalho realizado pelas ações do sistema B com os
deslocamentos do sistema A.
Existem outros teoremas da reciprocidade, inclusive englobando o teorema
de Betti, porém não são conhecidos no ãmbito da resistência dos materiais.

ZP ZP 1

~ l X
!
!S.. 2S Li !S.z::..::__ ~
t vz
~I~
vz
~
vz
~I·
vz
~ T
v(x}
Rr Rz Rr

(a} (b}

Figura 4.4: a) Vigas com reações a calcular b) Viga com deflexões conhecidas

Exemplo 4.2 Com o auxílio do teorema de Betti, calcular as reações de


apoio da viga da Figura 4.4, sabendo que a função que representa. as deflexões
da viga é:

p[3
v(x)= 4 SEJ 12(y-4(y)
[ X X 3] para O :S: x :S: l

O sistema A é representado pela própria viga, Figura 4.5a, ao passo que


o sistema B.é obtido retirando o vínculo hiperestático e as cargas externas e
uma força unitária substitui a reação incógnita hiperestática, como mostra a
Figura 4.5b. Esse sistema é fictício mas deve ser compatível com o sistema A.
O trabalho realizado pelas ações do sistema A com os deslocamentos do
sistema B vale:

(4.18)

O sinal negativo indica que as deflexões v 1 têm sentido oposto às ações 2P.
O trabalho realizado pelas ações do sistema B com os deslocamentos do
sistema A é dado por:

Ws = (1).(0) (4.19)
4.3. Teorema de Betti 57

2P 2P

~~~ I úI
I vz ·I· vz ~ vz ·i· vz .I 11
1(2 I
11
l/2 •

Rz 1

{a.) {b)

Figura 4.5: a) Viga do sistema A b) Viga do sistema B

Da. igualdade elos trabalhos WA e WB tem-se:

-4Pv 1 + .R2v2 = O

resultando:

V]
.R2 = 4-P (4.20)
v2
Da. equa.ç.ão das cleftexões fornecida obtém-se que o deslocamento vertical
à distância I/2 do apoio é:

I 11
VJ =v(-)= - - - 13
2 96EI
e no meiofclo vão:

1 3
v2 = v(l) = ---1
6EI
Substituindo 7! 1 e v2 em (4.20) resulta:

.R2 = .!:..!.p
4

e do equilíbrio vertical da. viga. da Figura 4.4a obtém-se a. outra reação:

5
.R1 = -P
8

O momento ftetor no apoio intermediá.rio vale:

M= ~PI
58 Capítulo 4. Teoremas de energia

Exemplo 4.3 Para a viga da Figura 4.4a, calcular a variação do momento


fletor no apoio intermediá rio com a variação da posição das cargas 2P. São
dados a força P, o módulo de Young E, o momento de inércia I, o comprimen to
l e as equações das deflexões e rotações para a viga da Figura 4. 7b, com M = 1.
2
v(x)= - [X--(-) 3
/
6EI l
X
l
l

1
B(x) = -v'(x) = -6EJ
- [-1+ 3(::)l 2
]

Como o problema é simétrico, pode-se trabalhar com metade da viga, como


mostra a Figura 4.6.

2P 2P 2P 2P

w+
M M
~ i i i
!S. zs: 6. - !S. ç!S.
6.
I. X •I• l-x .1. l-x ·I· X
.I I. X oi l-x .I I. z-x li· X
.I

Figura 4.6: Viga dividida em duas estaticame nte equivalentes

Toma-se· uma das duas metades como o sistema A e a viga com momento
unitário no apoio onde atuaM como sistema B, como mostra a Figura 4.7.

2P '
1
·.•• k M
Jv~
4~ ___-/~ 7J
I .i
41 . • 4
I l-x •
I I. X
·I· z-x .I

Figura 4.7: a) Viga do sistema A b) Viga do sistema B

O trabalho das forças do sistema A com os deslocamentos do sistema B


fornece:

WA = -2Pv + MfJ
O trabalho das forças do sistema B com os deslocamentos do sistema A é
dado por:
4.4. Teoremas de CastigJiano 59

WB = (1).(0)

Da igualdade dos dois trabalhos resulta que:


v
M=2-P (4.21)
o
A rotação (} para x = l vale:

l
(}=-
3EI

Substituindo v(x) e(} em (4.21) obtém-se:

M = 2PZ2 [='- _ (:;_) 3 ]3EI = Pl [='- _ (='-?] (4.22)


6EI l l l l l
A equação (4.21) mostra qve b momento fletor no apoio intermediário da
viga é proporcional à equação das deflexões da viga quando· 2P varia sua
posição sobre ela. A forma final dessa equação está representada pela igualdade
(4.22). A função que representa o momento fletor no apoio intermediário é
chamada linha de influência do momento fletor.
A verificação da fórmula (4.22) pode ser feita supondo-se x = 1/2:.

que coincide com o valor anteriormente calculado.

4.4 Teoremas de Castigliano

Embora possa não ser adequada do ponto de vista didático - já que se


presume que os possíveis leitores dessas notas sejam alunos de graduação-, a
demonstração do teorema de Castigliano, que foi sua dissertação de engenheiro,
será apresentada seguindo, da maneira mais fiel possível, o texto original. Em-
bora não se tenha tido a pretensão de que o texto apresentado neste trabalho
seja a tradução do original, preferiu-se destacá-lo (em itálico) por se tratar
de um extrato. As razões que levaram a optar por essa demonstração são,
principalmente, duas: a) dar ao leitor a oportunidade de acompanhar a de-
monstração original, real, histórica; e b) prover um texto alternativo, uma vez
que a maioria dos livros de resistência dos materiais contém uma demonstração
mais didática ou, então, mais simples, utilizando o teorema da reciprocidade
de Maxwell.
60 Capítulo 4. Teoremas de energia

4.4.1 Teorema del minimo lavoro

O enunciado deste teorema. é: Se frn·ças atuam em um sólido elástico, então


a der·ivada pa·rcial da energia de deformação do sólido em relação a uma das
forças é igual ao deslocamento do ponto de aplicação da força na direção e
sentido da for·ça.
S1tponlw-8e um s1:stema. dáshco deformado po·r for·ças e:rternas cujos valo-
res .finais sejam P, Q, R., ... e as pmjeções dos deslocamentos dos pontos de
aplicação de8sas .fryrças medidas nas direções das forças sejam p, q, r, .... Es-
8es deslocam.erdos podem ser· expressos como funções linear·es das forças P, Q,
R. 7 • • • r;o·mo:

p ÀP + ftQ + vR + ... ( 4.23)


q À1P + f.t 1Q + 111R + ... ( 4.24)
r ÀzP + l'2Q + llzR + ... (4.25)

= (4.26)

sendo À, ft, 11 1 , •• • , À1 , ... constantes independentes de P, Q, R., ....


Chamando de P', Q', R.', ... 'ILm sistema de .fo·rças com valo·res intermediários
aos de P, Q, R, ... que vão crescendo lentamente de zem até seus valores .fi-
nais e p', q', r' ... os correspondentes deslocamentos projetados nas direções
daquelas .for·ças, tem-se:

p ÀP' + jtQ' +v R'+ ... ( 4.27)


q = À]P' + f.l]Q' +V] R'+ ... ( 4.28)
r' À2P' + flzQ' + vzR' + ... (4.29)

= ( 4.30)

Se se supÕ'e que as .for·ças P', Q', R.', ... sejam, ·respectivamente, proporcio-
nais a P, Q, R, ... , tem-se:

q' = ;3Q' ( 4.31)

sendo a, ;3, "(, ... constantes. Nesse caso o trabalho da força P', enquanto ela
cresce de zem até o valo·r final P, é dado por:

P,, 1P,,a 1
i
.o
P dp =a
o
p dP = -p2 = - Pp
2 2
( 4.32)

1 Nest.ademonstração v não é o coeficiente de Poisson. Procurou-se manter as mesmas le-


tras ut.ilizadas por Castigliano, e espera-se que não se faça confusão com letras já empregadas
neste texto, porém com significados diferentes.
4.4. Teoremas de Castigliano 61

e po·rtanto o trabalho de todas as forças externas aplicadas ao sistema é:

1
2'(Pp+ Qq+ Rr + ... ) (4.33)

Mas o trabalho da.s fo,·ça.s externas deve ser igual ao trabalho interno, e este
é independente da lei de crescimento da.s fm·ças externas; portanto a igualdade
(4.88} representa o trabalho inte·rno (energia de defo·rmaçâo}, independente da
lei de va·riação das forças externas.
Snponha-se qne às forças P, Q, R, ... sejam dados incrementos dP, dQ,
dR, ... e dp, dq, dr, ... sejam os incrementos dos deslocamentás p, q, r, .... O
tmbalho intemo desta defo·rm.ação infinitesimal pode se·r expre.sso por:

Pdp + Qdq + Rdr + ... (4.34)


ou. diferenciando ( 4..18} tnn-Be:

1 1
2(Pdp + Qdq + Rdr + ... ) + '2(pdP + qd(j + rdR + ... ) (4.:35)

Essas du.a.s e:1:pn:.ssõc:s devendo sr:T equú;alentes, St!J7Lt que:

Pdp + Qdq + Rdr + ... = pdP + qdQ +,·riR+ ... (4.36)

Snpondo mn sisterna eslrutural.fórnwdo por pa1'ie da esh·uhua sendo q1H·


a rndm parte r.' substitnída fJo·r esfrrrço" inln·nos na sc:çúo de e:orle. rle modo a
·mante·r o equiUbrio, o trabalho interno F jJorle ser posto em .f1mçâ.o rias forças
externas P, Q, R., ... e das j(Jrças internas ]j, :T2 , •.. ou:

F = F'( P, Q, R ... , T1 ,T2, ... ) ( 4.:l7)

O difer·encial do trabalho interno, de a.cordn NJI/1 o c:rposlo acima, pode sa


expresso por:

pdP + qdQ + rdR + ... + t 1 d1] + t 2 d12 + ... (US)


se.urlo p, q, r, ... , 11 , 12 , . . . dcslocam.enlos nas direçôes de P, Q, B ,.... '11, 72 .... ,
T'esper:fivarnente.
fl,fas o diferencial do l:rabalho interno pode se·1· escrito. l.ambém, r·o1no:

dF dF dF dF dF
dPdP + dQdQ + dRdR + ... + rlT, rm + d:T2 d72 + ... (4.:19)

Co·mo as igualdades (J-.38) ,. (4-.99} IIm IJI!.e sn· ig1w.is quaisquer que ,,ejam
os valor·es de dP, dQ, dR, .... rl1j, rlT2 .... (ocr i,(jna.ldarlt (J,.:/6)). crmcl1ú-sr
qne:
62 Capítulo 4. Teoremas de energia

dF dF dF dF
dF =dr -=t, dT = t2
dP =p dQ =q dR dT1 2
.••

(4.40)
conforme enunciado.
Na notação que se tem utilizado, a energia de deformação é U, o esforço
genérico é P e o deslocamento é v.
Sendo Pv o esforço atuante em um ponto na direção do deslocamento v do
ponto de uma estrutura., o primeiro teoreT'1a de Castigliano estabelece que:

au
--=v (4.41)
OPv
Se P é força, então v é defiexão; se P é momento, então v é rotação.
Admite-se que os esforços sejam independentes entre si.
Castigliano também publicou o teorema recíproco do acima enunciado onde
está estabelecido que: A derivada parcial da energia de deformação em relação
a um deslocamento v de um ponto de uma estrutura é igual ao esforço Pv, no
ponto, na direção e sentido do deslocamento v, ou seJa:

au -P (4.42)
8v - "

Alguns autores chamam a esses dois teoremas de segundo e primeiro teo-


rema de Castiglia.no, respectivamente; outros autores, como Volterra e Gaines,
denominam· o primeiro desses dois teoremas primeiro teorema de Castigliano
e o princípio do mínimo trabalho, derivado dele, teorema de Menabréa ou
segundo teorema de Castigliano.

4.4.2 Teorema de Menabréa ou princípio do trabalho


mínimo de Menabréa ou segundo teorema de
Castigliano

Embora leve o nome de Menabréa, este teorema foi corretamente demons-


trado por Castigliano e aplica-se na resolução de estruturas hiperestáticas.
Suponha-se, então, uma estrutura hiperestática onde X 1 , X 2 , ••. , Xn sejam
os esforços incógnitos (reações de apoio ou esforços internos) e v1 , v2 , ... , vn os
deslocamentos nas direções dos esforços X 1 , X 2 , ••• , Xn.
Com o segundo teorema de Castigliano, representado pela igualdade (4.41),
tem-se a.s seguintes equações:

au au au
ax, =v, ax2 = v2 ... ' ÔXn = Vn (4.43)
4.4. Teoremas de Castigliano 63

A energia de deformação, em geral, é função quadrática das ações exter-


nas e dos esforços incógnitos e, portanto, o primeiro membro de cada. uma
dessas equações é constituído de termos que representam deslocamentos cor-
respondentes às incógnitas hiperestáticas, e outros às ações externas (cargas
externas).
Se X 1 , X 2 , ••• , Xn são reações de apoio ou esforços internos que não reali-
zam deslocamentos, então as equações (4.43)) passam a ser:

au au
ax1 = 0 8Xz =
0 .. 'l (4.44)
Essas equações representam a.s condições para um valor esta~ionário da
energia de deformação e, no caso de estruturas em equilíbrio estável, é mínimo.
A solução do sistema linear de equações (4.44) fornece ós valores das
incógnitas hiperestáticas.

p p

dU* dU*

:[ u*

1! ,I
u
dU
v
:[ u*

1! .u
u
dU
v
dv dv

(a) {b)

Figura 4.8: a) Diagrama linear b) Diagrama não-linear

4.4.3 Teorema de Crotti-Engesser

Crotti e Engesser estenderam o segundo teorema de Castigliano demons-


trando que: A derivada parcial da energia de deformação complementar em
relação a um esforço Pv é igual ao deslocamento v no ponto de aplicação do
esfor·ço e em sua direção, ou seja:

au· (4.45)
8Pv =V

Esse teorema consiste numa generalização do teorema de Castigliano por-


que permite a sua aplicação ao caso em que os deslocamentos são funções
não-lineares dos esforços, como se pode ver na Figura 4.8b.
64 Capítulo 4. Teoremas de energia

Quer-se dizer que, para. estruturas de comportamento não-linear, valem os


dois teoremas:

âU* f)[!
--=v e -=Pv (4.46)
ÔPv âv
ao. passo que o primeiro teorema de Ca.stigliano vale apenas para estruturas
com comportamento linear onde U = U*, conforme Figura. 4.8a..
A energia de deformação é expressa. geralmente em função de deslocamen-
tos e o sistema. de equações formado pelas equações (4.42) tem como incógnitas
deslocamentos; por isso, o método de cá.lculo baseado nos teoremas de Ca.sti-
gliano é chamado ele método do8 deslocamentos.
A energia. de deformação complementar é expressa comumente em função
dos esforços, e o sistema. de equações fornecido pela. igualdade (4.45) tem como
incógnitas esforços; por isso, o método de cá.lculo baseado no teorema. de Crotti-
Engesser é denominado método da fórça.

r, >r, .l. I de
JFX T. Ath I r--
l~ ___l __ 2_ _, I 1

(a) (b)

Figura. 4.9: a.) Viga sob ação da. temperatura b) Elemento deformado

. Exemplo "4.4 Ca.lcnla.r a deflexii.o no meio do vão da. viga. ela Figma. 4.9a.
sujeita a. uma va.ria.çii.o de temperatura. a.o longo de sua altura.. Na parte
inferior da viga a. temperatura é T1 e na parte superior é T2 > T,. São dados
o comprimento l, o coeficiente de dila.taçã.o térmica. a e a altura. h da viga..
lnic.ia.hnente é necessá.rio equa.cionar a energia de deformaçã.o devida. à va-
riação ela temperatura.. Pa.ra. isso. consider<'-se o elemento diferencial ele viga.
mostrado na Figura. 4.9b, após ter ocorrido a. va.ria.ção de t.empcerat.ura.
De maneira gera.!, pod<'-se dizer que a variação de um comprimento ch a.o
ser submetido a. uma temp<era.t.ura. T é:

Ld:v = aTdx
Desse modo, a variação do comprimento da.s "fibras inferiores e superiores
vale:
4.4. Teoremas de Castigliano 65

6dx 1 = aTtdx e 6dx 2 = aT2 dx


/

e, da Figura 4.9b, determina-se o ângufo dO que representa a rotação da seção


da viga:

dO = 6dx 2 - 6dx 1 = aT1 dx


h
ou:

dO== aL;,T dx
h

sendo 6 = T2 - Tt.
Para resolver o problema com o teorema de Castigliano tem-se qu.e 'aplicar
uma força fictícia vertical no meio da viga e derivar a energia de deformação
em relação a ela.

fS. -.---- - à
X
l!.T
~
(b)

f:(
__ f ___
l!.T 6. = !S.
+

:6. (c)
X
fF=O
F=O +

(a) - - H
(d)

Figura 4.10: a) Viga inicial b) Ação da temperatura c) Força fictícia d) Força


hiperestática

Esquematicamente as ações na viga podem ser postas como mostram as


Figuras 4.10.
A Figura 4.10b mostra as deflexões devidas apenas à variação da tempe-
ratura; a Figura 4.10c a força fictícia F atuando no meio da viga, e a Figura
4.10d representa a atuação da força hiperestática H.
Como a força H não provoca reações verticais nos apoios, os momentos
fletores são nulos. Como são desprezadas as deformações axiais no cálculo da
energia de deformação, somente as ações mostradas nas Figuras 4.10b e 4.10c
colaboram para a energia de deformação.
66 Capítulo 4. Teoremas de energia

Assim tem-se:
1 dM(x) 1
M(x) = M + 2Fx e dF = 2x
sendo M o momento fletor devido à variação da temperat ura.
O deslocamento vertical no meio da viga vale:
f_aul _ au dM(x)l
- 8F F;O- 8M(x) dF F;O
Sendo a energia de deformação dada por:
1/2 M2(x)

a deflexão f tem a forma:


U= 2 o
1 2EI dx

112 M(x) 1
f=2
0 1 ---xd x
EI 2
Da resistênc ia dos materiais sabe-se que:
(4.4 7)

d() M
=
EI
dx
e, portanto , o momento fletor M, devido à variação da temperat ura, vale:

M = Eld() = Ela/';T (4.48)


dx h
Substitui ndo na igualdad e ( 4.4 7.), sabendo que F é nulo tem-se:

= - -1
12 12
1 a6T 1 a6T 1 a6TZZ
f= 2
1
o
---xd x
h 2 h o 8h
xdx = -:-:--
O:mesmo exercício pode ser resolvido com a aplicação do método da carga
unitária.
Considere-se a viga da Figura 4.10b como sendo a solicitad a pelas cargas
reais (tempera tura) e a da Figura 4.10c a solicitada pela carga unitária.
Da igualdad e (3.9) tem-se que o deslocamento /'; na direção da carga
unitária vale:
f = ['; = 211/2 MlMr dx
EI 0

sendo Mt o momento produzido pela carga unitária e Mr o momento devido


à temperat ura.
Esses valores já foram determin ados e valem:
1 a6T
M1 = 2x e Mr = El-h-
fornecendo· f como:
_1
f- 2 o
12
1 a/';T ~
h
_ a6Tl 2
2 xdx - 8h
4.4. Teoremas de Castigliano 67

Exemplo 4.5 Determinar a deflexão vertical da extremidade livre da barra


circular de raio R tendo uma carga P, perpendicular a seu plano, aplicada
na sua extremidade livre, como mostra a Figura 4.11a. São dados o módulo
de Young E, o coeficiente de Poisson v, o raio R e o diâmetro d da seção
transversal da barra.

" '-R d

"
'
/

P (para baixo)

(a) (b)

Figura 4.11: a) Barra circular engastada b) Momento torçor e fletor

O teorema de Castigliano estabelece que se v é a deflexão vertical da barra


sob a carga P, tem-se:
au
8P =v
sendo U a energia de deformação da barra. Considerando simultaneamente os
efeitos da flexão e torção, pode-se escrever que U vale:

U = -111M2 111M2
-dx + - -' dx
2 0 EI 2 0 GI,
sendo M e M, os momentos fletores e torçores ao longo da barra, l o seu
comprimento, I o momento de segunda ordem (ou de inércia) e I, o momento
de inércia à torção da seção transversal da barra.
Chamando de (! uma coordenada angular com origem na extremidade livre
da barra, a função que representa a variação dos momentos fletores na barra,
como mostra a Figura 4.11, vale:

M(O) = Pe = PRsenO (4.49)


O momento torçor, de acordo com a Figura 4.11 vale:

M,(O) = Pd = PR(1- cosO) (4.50)


68 Capítulo 4. Teoremas de energia

Do teorema de Castigliano pode-se escrever que:

ôU ôU dM ôU dM,
v= ôP = ôM dP + ôM, dP (4.51)

De (4.49) tem-se que:

dM
dP = RsenO (4.52)

e de (4.50) que:

dM,
dP = R(1- cosO) (4.53)

Assim, derivando-seU como mostra (4.51) obtém-se:

1 ['!f dM 1 ['!f dM,


v= EI lo M dP Rd() + GJ, lo M, dP Rd()

Substituindo os valores dados por (4.49), (4.50), (4.52) e (4.53) resulta:

Integrando, tem-se a deflexão dada por:

v= PR
4
3
[..!.._
EI +
31f-
GJ,
8]
SendÓ a seção da viga circular pode-se representar a deflexão v em função
apenas de P, R, v e E.
Portanto; com:

1=1fR:' 1rR•
1,= - - e G = -,:-;-cE-...,.
4 2 2(1 +v)

e assumindo que v == 0.3, obtém-se:

v= p [~ + 0.589] 1.589P
R E E RE
mostrando que a parcela da flexão é preponderante no cálculo da deflexão da
viga neste problema.
4. 4. Teoremas de Castigiiano 69

l>/3/2 l>/3/2 l>/3/2 l>/3/2

3
N N

® ® ® ®

F
5

(a) (b)

Figura 4.12: a) Estrutura antes da montagem b) Esquéma com a força F


aplicada

Exemplo 4.6 A barra 3 da estrutura mostrada na Figura 4.12a foi construída


ligeiramente menor do que o necessário para ser unida ao nó 5, formando a
estrutura desejada.
Quais os esforços que aparecerão nas barras após a barra 3 ter sido forçada a
se ligar ao resto da estrutura? Supor que todas as barras tenham a mesma seção
transversal (área A) e mesmo módulo de Young E. São dados: o comprimento
l, E, A e L::,.
Na Figura 4.12a tem-se que os comprimentos das barras são: 11 = l, 12 =
IVS e /3 = l.
Supõe-se que através da aplicação mecânica de uma força F na extremidade
4 da barra 3, conforme Figura 4.12b, consegue-se unir os nós 4 e 5.
Com o teorema de Castigliano pode-se escrever que:

au _ au dNi _ L::, (4.54)


8F- 8Ni dF-
sendo U a energia de deformação das barras 1, 2 e 3 e Ni a força na barra
genérica i.
Do equilíbrio da estrutura da Figura 4.12b tira-se que:

A energia de deformação de uma barra i é dada por:

. 111
ub = -2 Nz
-dx
EA
0
70 Capítulo 4. Teoremas de energia

Se a barra é prismática e N constante ao longo de seu comprimento pode-se


escrever que:

Estendendo a igualdade (4.54) para as barras 1 e 3 obtém-se:

,6. = 2Fl 1 Fl 2 = _!_( 2l I) = 3Fl


EA + EA EA + EA
Portanto, o valor da força F necessária para unir as duas partes da estrutura
vale:

F= ,6.EA
31
Para calcular as forças nas barras após a união supõe-se a estrutura já
montada, Figura 4.13a, e através do equilíbrio dos nós obtêm-se as forças nas
barras. O importante é supor que no nó 4 da Figura 4.13a atua também a força
F com sentido oposto ao aplicado inicialmente, como é mostrado na Figura
4.13b.

30' ! 30'

'~'N2'
N2
Ns

(a) (b)

Figura 4.13: a) Estrutura após a união b) Equilíbrio dos nós

Do equilíbrio do nó 4 tem-se:

2N2' cos 30 - F - N 3' =O


ou
4.4. Teoremas de Castigliano 71

(4.55)

O equilíbrio do nó 3 fornece:

ou

(4.56)

Têm-se, então, duas equações e três incógnitas.


O teorema de Menabréa permite afirmar que se N' é uma força interna a
um sistema estrutural, pode-se dizer que: ,

ôU
ôN' =O

sendo U a energia de deformaçã o do sistema estrutural considerad o.


Assim, no problema em análise tem-se que:

Obtém-se para a barra 1:


•2
U1 - N3 11 e ôU1 _ N~l 1
- 2EA dN~- EA

e para a barra 3:
•2
U3 - N3 h e dU3 _ N~l 3
- 2EA dN~- EA

Para a barra 2 resulta:

2
-
2
U _ N; l2
2EA e
dU2 _ dU2 dN; _ N;h
dN'3 - dN'2 dN'3 - EA
(y'3) _(F+ N~)/2
3 - 3EA

Somando as derivadas para todas as barras obtém-se:

ou:

I('+ ' +
EA 2N3 N3 ,y'3]
2(F + N3 )S =O
72 Capítulo 4. Teoremas de energia

resultando:
, 6.EA
N3 = -0.0926--
1
O sinal negativo significa que essa força é de compressão.
Então as forças nas barras são:

, 6.EA
barra 1-> N1 = N + N 1 = 0.240-- (tração)
1

, y'3 6.EA
barra 2-> N 2 =(F+ N3 )3 = 0.139-- (tração)
1

, 6.EA
barra 3-> N3 =F+ N3 = 0.240-- (tração)
1

2P 2P

B
E ,I
k
l E,A

l/2 l/2 l/2 l/2

Figura 4.14: Viga com apoio flexível

Exemplo 4;7 Calcular a rotação da extremidade livre C da viga da Figura


4.14. A barra BE tem área da sua seção transversal igual a A. A constante de
mola vale k e a viga tem momento de inércia I. Todos os materiàis são iguais
e têm módulo de Young E.
Inicialmente tem-se que resolver o problema hiperestático. Para isso substituem-
se a barra e a mola por forças verticais como mostra a Figura 4.15 .
. Consideram-se as equações de equilíbrio estático:

RA = Ra =R
e
4.4. Teoremas de Castigliano 73

2P 2P RB Rc

A
!S.
l B l c B! c!
f Y-1
i-
RA
X

RB Rc
1
(a) (b) (c)

Figura 4.15: Viga com as ações mútuas entre: a)viga b )barra: c)mola

RB =4P -2R (4.57)


A energia de deformação, considerando as parcelas da barra e da mola, tem
a forma:

(4.58)

sendo que as duas primeiras integrais referem-se aos trechos AB e BC da viga,


as terceira e quarta correspondem às energias de deformação armazenadas
na barra e na mola, respectivamente. As variáveis x e y têm suas origens
mostradas na Figura 4.15a.
Os momentos f!etores MAB e MaB são determinados a partir da Figura
4.15a e valem:

MAB = Rx para x::; 1/2

I
MAB = Rx- 2p(x- ) para 1/2 ::; x ::; I
2
MaB =MAB
As forças normais atuantes na barra e na mola, tendo em vista a equação
(4.57), são:

N= RB =4P-2R
e
F=Ra+R
74 Capítulo 4. Teorema s de energia

Assim, a energia de deformaç ão explicita da pela igualdad e (4.58) passa a


ser:

U =2 [~
2
1f 0
M1B dx
EI + 2 1~
~ t Ml;B
2
EI
dx] Nzl pz
+ 2EA + 2k
Sendo R a incógnita hiperestá tica, a derivada da energia de deformaç ão em
relação a ela vale:

'
dU- 2 {' MAB dMAB d
+ 2
r l
McB dMcB d Nl dN FdF
li. EI dR x + EA dR + k dR
(4.59)
dR- lo EI dR x 2

Substitui ndo os valores já determin ados em função de R tem-se:

-dU = 2-
dR EI
(1t
0
Rx dx2
+ 1
1
2
1
l
[Rx- 2p(x- -)]xdx
)
2
+ 2(4P-2R
EA
R
)I +-
k

Integrand o, obtém-se :

dU = _2_ [~Rz3
dR EI 3
__2pz
24
3] 8Pl _ 4Rl
+ EA EA +k
R (4.60)

Como R é um esforço interno, tem-se que:


dU
-=0
dR

e da eq11ação (4.60) tira-se que o valor de R é:

R= (2h-~) p (4.61)
1
31 -
2
Al2
+ 2kfi
E

e a reação RB tem o valor:


11 2E)
R B_-
( m+w E
p (4.6'2)
1 2
3! - AI' + 2kP
Para verificar se os valores das duas reações estão corretos, supõe-se que
tanto a barra quanto a mola são infinitam ente rígidas, ou seja: A = oo e
k = oo. Assim resulta:

R = 5P e RB = llP
8 4

que são exatame nte iguais aos valores calculados no Exemplo 4.2.
Para se determin ar a rotação da extremid ade da viga supõe-se aplicado,
neste ponto, um momento fictício M. Esse momento é suposto atuando na
4.4. Teoremas de Castigiiano 75

ZP ZP
Y--j
B c
(b)

ZP 2P

B C
E.I
k
E.A

l/2 l/2 l/2 l/2


---------=
(a)
r
A

M/2l
(d)
M/2l.

Figura 4.16: Viga com momento fictício

estrutura isostática vista na Figura 4.16d e, no transcorrer da solução, será


anulado.
Os morn•mtos MAB e Mcs têm que representar também os momentos de-
vidos à atuação de M, ficando, então:

1 X l
MAB = (2P- zRs)x- M para O<x<-
- -z
21

l
-<X< [
z- -
1 l
Mcs = (2P- 2Rs)Y + M( 21y -1) para O<y<-
- -2

1 y l
Mcs = Pl- 2Rsy + M( -1) para 2 S.y 5. l
21
A energia de deformação é representada pela igualdade (4.58).
Pelo teorema de Castigliano, a rotação da extremidade livre da viga é
obtida derivando a energia de deformação em relação ao momento fictício M,
ou seJa:

dU = () = (MAs dMAB dx I + ( Mcs dMcs I


dy +F dF (4.63 )
dM lo El dM M=o lo El dM M=o k dM
76 Capítulo 4. Teoremas de energia

A força atuante na mola vale:


1 M
F=2P- -RB+-
2 21
A reação RB é a fornecida pela equação (4.62).
Substituindo as grandezas acima na equação (4.63), obtém-se:

()- 1
EI [1~ (2P-zRB)x
1 t 1 8 x)(- 21X )dx] +
(- X )dx+ }t(P1-ZR
21
0 2

1
+-
EI
[1~(2P-~2 R8 )y(!!...__1)d
0 21
y+ }tt(P1-~R
2
8 y)(~-1)dy]
21
+
2

F
+ 2kl (4.64)

Após integração da expressão acima resulta:


2
()=- 3P1 1 l2 )
1 ( ---+-RB +-F
El 4 4 2k1

Se a barra e a mola forem infinitamente rígidas tem-se a rotação:


p[Z
()= - - -
16EI
O sinal negativo indica que o sentido da rotação é contrário ao do inicial-
mente suposto.

L
~
l/2 l/2
I· , I, ·I

(a)

Figura 4.17: a) Viga inelástica carregada b) Seção da viga

Exemplo 4.8 Determinar a deflexão no meio do vão da viga mostrada na


Figura 4.17. A viga é constituída de material cuja relação entre as tensões
e deformações segue a lei: O" = C tn tanto para tensões de tração como de
4.4. Teoremas de Castigliano 77

compressão. A viga tem seção retangular com largura b e altura h. Supõem-


se conhecidos a carga P, o comprimento l da viga e o módulo de Yoimg do
material.
Timoshenko mostra que o momento fletor em qualquer seção e a curvatura
em qualquer ponto da viga valem: ·

(4.65)
e

ft
=-
K. ( 4.66)
h
onde ft é o dobro. da deformação nas fibras extremas da seçãodaviga.
Substituindo na igualdade (4.65) a tensão (j = C En, sendo C uma. constante
elástica e n um número real, e integrando, tem-se:

donde:

A curvatura pode ser agora determinada a partir de (4.66):

1
= [2n(2n + 4)M] /n .!_ ( 4.67)
K CbH 2 h
Em uma seção genérica da viga o momento vale:

1
M= -Px
2
e a curvatura passa a ser:

~>
= [2n(2n + 4)M] /n I.
Cbh 2 h
1
(!2Px) /n 1

A deformação em qualquer seção é calculada por:

e a tensão pode ser obtida utilizando-se a relação tensão x deformação fornecida


(relação constitutiva do material):
78 Capítulo 4. Teoremas de energia

Substituindo a curvatura nessa expressão, obtém-se:

(4.68)

que representa a tensão em qualquer ponto de uma seção genérica.


A energia complementar específica é dada por:

u* - a; ia; (O') 1/n ( n ) 1


1 +n
EdO' - - dO' - --
-
i -
0
C - C(lfn)(J'~t+t/n)

substituindo o valor da tensão O'i determinado em (4.68) tem-se:

A energia de deformação complementar é obtida integrando u* no volume,


ou seJa:

t/2 [ {h/2 ]
U* = 4 lo lo u*bdy dx

Após substituir u* e integrar resulta:

p
1--------~1

(a) (b)

Figura 4.18: a) Exercício 1 b) Exercício 2

Aplicando o teorema de Crotti-Engesser encontra-se a deflexão no meio do


vão:
âU* 1 n(2 + n)1fn p1!nz(1+2n)/n
J= âP = 2(n+1)/n (1 + 2n) b1/nh(2+n)/nC1/n
4.5. Exercícios propostos 79

Se n for igual à unidade a deflexão máxima vale:

(4.69)

sabendo-se que para a seção retangular o momento de inércia em relação ao


eixo baricêntrico vale:

bh 3
T=-
12
e que para material que segue a lei de Hooke: O"= Et, obtém·se de (4.69) que:

PP
f= 48E/

que é o valor exato.

a a

{a)

p p

~~ !
~' ~
E! E! X
[5. •
/ tv(x)
l l

(b) (c)
Figura 4.19: a) Exercício 3 b) Exercício 4

4.5 Exercícios propostos

1. Calcular a deflexão da extremidade livre da viga da Figura 4.18a. São


dados o momento M0 , o comprimento l, o momento de inércia I da
seção transversal da viga e o módulo de Young E.
2
Resp.: Mol
EI .
80 Capítulo 4. Teoremas de energia

B r------,..c

q
l

P- A

(a) (b)

Figura 4.20: a) Exercício 5 b) Exercício 6

2P 3P
p 1 2 3 4 ~5

{ 7 8

a a a a

Figura 4.21: Exercício 7


4.5. Exercícios propostos 81

2. Determinar a força no fio de área A da estrutura da Figura 4.18h. A


viga tem seção transversal com momento de inércia I. São conhecidos
os comprimentos l e a, a força P e o módulo de Young E.
PA/ 3
Resp.: Al'+3IA.
3. Calcular as reações nos apoios A e B da viga da Figura 4.19a. São da-
dos os momentos de inércia à torção In e It2 e o módulo de elasticidade
transversal G. Resp.: Mn = I t1I+"It2 M,, Mtz = I I+"I M,.
tl t2

4. Obter a linha de influência da reação RA para a carga móvel P per-


correndo a viga da Figura 4.19b. Supõe-se conhecida a equação das
deflexões da viga da Figura 4.20b. São dados P e o comprimento l.
v(x) = 6 ~I(l- x) 2(2l + x).
Resp.: RA = (1- h+ h
3
)P, sendo 'f/= s/l.
5. Calcular as reações nos apoios A, B e C da viga da Figura 4.20a cujo
apoio intermediário sofreu um recalque !::,. São dados o comprimento
l, o momento de inércia I, o módulo de Young E e a carga q. Resp.:
R A -- R C -- ~
16
+ 24EI6 R -
F· ' B -
5ql -
8
48E[b,
p .

:::1n H H S S~
) E!
l

(a) (b)

Figura 4.22: a) Exercício 8 h) Exercício 9

6. Uma carga P aplicada em A, com direção horizontal e sentido mos-


trado na Figura 4.20b, produziu nesse ponto um deslocamento conhe-
cido !::, em sua direção. Qual o valor de um momento fletor M que
aplicado em C anula o deslocamento !::, do ponto A?. São conhecidos
a força P e o comprimento l. Utilizar os teoremas de Castigliano e de
Betti. Resp.: 4Pl.
7. Calcular a variação do raio de um anel circular de raio r submetido à
carga radial p. A área da seção transversal do anel é A. Dados: q, r,
E e A . Resp.: !i!!_
EA"

8. Determinar a função que representa as deflexões da viga da Figura


4.22a utilizando o teorema de Castigliano. São dados: q, l, E, I.
Resp.: 24~r(6ZZ- 4lx + x 2 ).
82 Capítulo 4. Teoremas de energia ·

p
s
A 1· X
~Mo
li EI B@ li '
l ' l v(x)

(a) (b)

Figura 4.23: Exercício 11

9. Com o teorema de Betti calcular as reações nos apoios da viga da


Figura 4.22b solicitad a pelos momentos torçores Mn e M, 2 • Dados:
a, Mn e Mt2· Resp.: X, = ~(2Mn + M, 2) e X 2 = ~(Mn + 2Mt2)·
10. Calcular a rotação da barra 25 da treliça do exemplo 2 do Capítulo 2.
Resp ... 4.1P
EA.

11. Com o teorema de Betti, para a viga da Figura 4.23a, calcular a va-

l
riação da grandeza do momento fletor em B quando a distância s, de P
até o apoio B, varia. É dada a função que represen ta as deflexôes v(x)
para a viga da Figura 4.23b. São conhecidos também: P e l. Dado:
v(x) =~r [-2 ('f)+ 3 ('f) - (!f)l Resp.: M = P [s- ;; + ;~ ].
2 3
''
12. Calcular a rotação da extremid ade livre da viga da Figura 4.18a. São
dados o momento M0 , o comprim ento l, o momento de inércia I da
seçã.o transvers al da viga e o módulo de Young E. Resp.: i:J,} •
3 1

13. Para a viga da Figura 4.19a, calcular a deflexão no meio do vão,


Çonsiderando s = l/2. São dados P, o comprim ento l, o momento
de i)1ércia I da seção transversal da viga e o módulo de Young E.
7Pl 3
R·. esp.: 76BEI"
14. Calcular o deslocamento horizontal do nó 1 e o giro da barra 17 da
treliça2 da Figura 4.21. Todas as barras têm a mesma área A e o
mesino módulo de Young E. São dados também o comprim ento a e a
força P. Resp.: ·;Jf",
7 3
ff .

calcular o giro de uma barra de treliça supõem-se forças fictícias iguais e de sent.idos
. 2 Para
opostos aplicadas perpendicularmente ao eixo da barra em seus nós. Desse modo obtém-se
um binário. Derivando a energia de deformação em relação a esse momento tem-se a rotaçã.o
da barra.
Capítulo 5
Métodos da energia potencia l

5.1 Conceito de energia potencial

O conceito de energia potencial foi fundamental para o üesenvolvimento


da moderna mecânica das estruturas. Dela derivaram-se métodos numéricos
que provêm soluções aproximadas para problemas onde a solução exata não é
possível de ser obtida, ou é extremamente difícil, foram a partir dela desenvol-
vidos e são de grande utilidade.
Define-se energia potencial de um sistema estrutural comci o t~abalho rea-
lizado pelos esforços atuantes para levar o sistema estrutural da posição final
(deformada) à posição inicial.
Aqui também entendem-se esforços atuantes como as cargàs externas e es-
forços internos. Assim, tem-se a energia potencial formada por duas parcelas:
uma é a energia potencial externa ou das cargas externas e a outra é a ener-
gia potencial interna que é igual à energia de deformação U armazenada na
estrutura carregada.
A energia potencial externa é dada por:·

n
!1 =- LPivi (5.1)
i=l

onde Pi representa esforços genéricos, Vi são os deslocamentos genéricos e n o


número de esforços. O sinal negativo indica que cada esforço externo realiza
trabalho negativo ao retornar da posição carregada para a inicial, sem carga.
!
Essa parcela da energia potencial não tem multiplicando o segundo membro
da igualdade ( 5.1) porque ela é o trabalho dos esforços atuantes com seus
valores finais quando a estrutura é movida para sua posição inicial.
Chamando de II a energia potencial total, tem-se, então, que:

(5.2)
ou:

n
II = u- LPiVi ( 5.3)
i=1.

83
84 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

5.2 Princípio da mínima energia potencial


.total

Como anteriormente mencionado, a energia de deformação U é expressa


em função dos deslocamentos Vi que são incógnitas a determinar.
Tomando a derivada parcial da energia. potencial em relação a qualquer um
dos deslocamentos incógnitos Vi, tem-se a seguinte equação:

ôii = ôU _Fi (5.4)


Ôvi Ôvi
Deve-se lembrar que os deslocamentos são independentes entre si e que os
esforços externos Fi são constantes.
Do primeiro teorema de Castigliano sabe-se que:

ôU -P (5.5)
ÔVi - '

Comparando as igualdades (5.4) e (5.5), conclui-se que:

ôii =o (5.6)
Ôvi
Este resultado pode ser aplicado a cada um dos deslocamentos desconhe-
cidos, formando um sistema de equações cuja solução são os valores dos deslo-
camentos.
Esse sistema de equações representa as equações de equilíbrio no método
dos deslocamentos e é igual ao sistema de equações obtiqo com a energia de
deformaçao, ver igualdade (4.42). Entretanto, o sistema de equações obtido
de (5.6) t<:'m significado especial porque mostra que as condições de equilíbrio
da estrutura ,são satisfeitas quando a energia potencial da estrutura tem um
valor estacionário. Como usualmente a estrutura está em equilíbrio estável, a
energia potencial total é um mínimo.
O princíplo da mínima energia potencial total, ou de Kirchhoff, pode ser,
então, estabelecido como: Uma estrutura estará em equilzôrio estável quando
a energia potencial total for mínima.

5.3 Método de Rayleigh-Ritz

Este método utiliza o princípio da mínima energia potencial total e é po-


derosa ferramenta para resolver problemas da mecânica estrutural, podendo
ser aplicado tanto a estruturas com comportamento linear como nã.o-linear,
isostática ou hiperestática.
5.3. Método de Rayleigb-Ritz 85

Ele se baseia em assumir para a função que representa a forma deformada


(linha elástica) da estrutura uma expressão conhecida: comumente polinômios
ot.i funções trigonométricas, denominadas funções aproximadoras para.os des-
locamentos ou funções de forma.
Essas funções contêm como coeficientes parâmetros incógnitos denominados
parâmetros de deslocamentos. Derivando a energia potencial em relação a cada
um desses parâmetros e igualando a zero, obtém-se um número de equações
igual ao número de parâmetros incógnitoe. que são obtidos através da solução
desse sistema de equações.
' \
E importante que a função aproximadora seja bem esco)hida. Ela deve
·Se aproximar da verdadeira linha elástica o máximo possível; além disso ela
. deve satisfazer as condições geométricas de contorno da estrutura e, em geral,
.quanto maior o número de parâmetros de deslocamento melhor o resultado
obtido pa.ra a. elástica.

q : qdx

~
'
;;~ttttt
~=X EJ-ete t ~v(x)
;:: l dx
I. ·I
v(x)

(a) (b) (c)

Figura. 5.1: a) Viga analisada b) Diagrama de momentos fletores c) Elemento


infinitesimal

Como ilustração desse método considere-se a viga da Figura 5.1, com com-
primento I, módulo de Young E, momento de inércia I e carregamento q co-
nhecidos. Procura-se o valor numérico da deflexão f na. extremidade livre da.
VIga.
A energia de deformação U da viga é dada. por:

1 Mz
U=
1
·
· -dx
0 2EI
(5.7)

ma.s é preciso colocá-la em função dos deslocamentos. Para isso considere-se


que:

d2 v M
(5.8)
dx 2 EI
que, substituída em (5.7), fornece:
86 Capítulo 5. • Métodos da energia potencial

(5.9)

A energia potencial da. carga. externa é calculada avaliando a energia po-


tencial elementar da carga externa no elemento diferencial da Figura 5.1-c, que
vale:

d[! = -qv(x)dx = -qvdx (5.10)


Integrando ao longo do comprimento da viga tem-se:
1 .
n =-
1 o qvdx

A energia potencial total TI é obtida com a soma de (5.9) e (5.10), ficando:


(5.11)

1
E! d2 v
TI=
1 0
[ - ( - 2) 2
2 dx
-

O princípio da mínima energia potenciaJ total estabelece que:


qv]dx (5.12)

dTI
-=0 (5.13)
do: i
sendo o:; os parâmetros de deslocamento.
Assumindo para v( x) a forma polinomial dada por:

(5.14)
tem-se:

v" ( x) = 2a:1 + 6o:2x (5.15)


Substituindo essas duas igualdades em (5.12) obtém-se:
1
TI =
o 2 1 E!
[-(2a:

efetuando o quadrado tem-se:


2 2
1 + 6o: 2x) - p( o: 1 x + o: 2x
3)] dx (5.16)

(5.17)

Derivando em relação aos parâmetros a: 1 e a: 2 vem:

dTI =
-d 11 [EI(4a:, + 12a: x)- qx 2Jdx =O
2 (5.18)
. a, o

(5.19)
.5.3. Método de Rayleigh-Rítz 87

Integrando as duas equações chega-se a:

EI( 4al + 6a2/) - ~q/ 2 = O (5.20)

1 2
EI(6a 1 + 12a 2 1)- 4ql =O ( 5.21)
Resolvendo esse sistema ele equações obtém-se:

5qz2 ql
a--- e a 2 = --- (5.22)
1-24EI 12EI
Portanto, a equação da. linha elástica fica.:

5ql 2 .2 ql 3
v(x) = 24Elx - 12Elx (5.23)
A cleflexão na extremicla.cle livre vale:

ql4
f=v(l)=- (5.24)
SEI
que é o valor exato.
O dia.gra.ma. ele momentos fletores, Figura. 5.1 b, tem como função:

ql
M(x) = (51- 6x) (5.25)
12
Para. x = O tem-se:

M(O) = SqJ2 (5.26)


12
que não é o valor correto (af-), e para. x = l tem-se que M(l) # O, o que
também não é correto.
Nota-se, então, que obter a correta. linha. elástica. não garante que os esforços
sejam corretos.
A verdadeira solução é aquela que fornece valores corretos ta.nto pa.ra. des-
locamentos como para esforços.
No caBo desse exemplo é necessário considerar para. v( x) a. função:

v(x) = a 1 x + a 2 x 3 + a;3 x
2 4
(5.27)
de modo a obter a. solução rea.l.
Obtidos os parâmetros de deslocamento ai, pode-se ca.lcula.r o va.lor da.
energia. ele deformação rr. Entã.o, pa.ra. ca.cla. funçã.o Vj(x) a.clotacla. tem-se um
valor IT;.
Para. sa.ber se as funções que estão sendo a.clota.da.s formam uma. seqüência.
convergente, isto é, se ela.s estã.o convergindo pa.ra. um valor estacionário, deve-
se ter:

(5.28)
88 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

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(a) {b) (c) ~)LC<:oo,-0~ 0 l:,·- J.ct..
o\~ (~-CQ'i,BJ
Figura 5.2: a) Coluna biarticulada b) Coluna deformada c) Elemento diferen-
cial

Exemplo 5.1 Determinar o valor da carga crítica de f!ambagem para a co-


luna mostrada na Figura 5.2a. São dados o comprimento l, o módulo de Young
E e o momento de inércia I da seção transversal.
Este problema pode ser tratado analogamente ao da viga f!etida. A energia
de deformação U é dada por:

e a energia potencial da carga externa P como:

n = -P6.
sendo 6. o encurtamento do eixo da coluna ao a~ingir a carga P o valor crítico
(ou de f!ambagem) Per.
A Figura 5.2c mostra um elemento infinitesimal da coluna deformada. Su-
pondo que o ângulo () seja pequeno, obtêm-se as seguintes relações:

() ~ tan () ~ sen() = -dv = v , (5.29)


dx
onde v' é a derivada da função que representa a elástica da coluna.
Da Figura 5.2c tem-se ainda que:

du = (1- cos())dx (5.30)


Desenvolvendo o co-seno em série de Taylor tem-se:
5.3. Método de Rayleigh-Ritz 89

()2 ()3
cosll=1- + .,... ...
2 24
Tomando-se apenas os dois primeiros termos e substituindo na igualdade
(5.30) obtém-se:
1 2
du = -11 dx
2
De (5.29) pode-se escrever, então, que:

du = !:_( v') 2 dx
2
O encurtamento /::; da coluna é obtido fazendo:

/::; = ( du = !:. ( (v') 2dx


lo 2 lo
Substituindo esse resultado na equação de !1, tem-se que a energia potencial
total TI vale:

TI = !:_ ( EI( v")'dx - p


2 lo 2 lo
v') 2 dx f\ (5.31)

Admitindo para v uma função trigonométrica da forma


1rX
v(x) = a1 sen--
1
que satisfaz as condições de contorno do problema, tem-se para a equação da
energia potencial total:
111
TI = -
7r4at2 27rx p
--EJ sen -dx - -
2 o 14 l
7r2at2 27rX
--cos -dx
2 o [2 l .
11
A integração dessa igualdade fornece:

A condição de estacionariedade (de mínimo) da energia potencial total


estabelece que:
8TI =0
8a1
Como a 1 é arbitrário tem-se, então, que:

p =Per= 7r2EJ
[2

que é o valor exato da carga crítica ou de fiambagem.


90 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

Exemplo 5.2 Resolver o problema. anterior adotando para. a. função v formas


polinomiais.
Seja, entã.o, a primeira aproximação dada. por:

As condições ele contorno geométricas permitem escrever que:

De x =O --> 1•(0) =O e a 0 =O

De x =I --> v( I) = O e ou
Então v(x) assume a. forma:

Deriva.ndo•e substituindo na. equaçã.o (5.31) tem-se:

Integrando, resulta:

! '13. '2
n= • -,
(2Ell- 6)a 2

A minimização de n leva a.:


rm
-=0
Ôa2

Como a2 é arbitrá.rio, obtém-se a. carga crítica dada por:

p _ 12EJ
cr - /2

Comparando este valor com o exato encontra.-se um erro de 21, 58%.


Como segunda aproximação toma-se:

Com as condições ele contorno geométricas tem-se:

De x =I --> v(l) =O e ou

Assim, v(x) assume a forma.:

Derivando e substituindo em (5.:n) obtém-se:


5.3. Método de Rayleigh-Ritz 91

A pós a integração resulta:

Ell( . . PP 1 4
II = - 2- 4a 22 + 12la2a3 + 1212 a32) - 2 [3a 22 +r/2a32 + la 2 a3 ]
A condição de estacionariedade permite escrever que:
an an
-=-=0
8a2 8a 3
Da primeira condição tem-se :

e da segunda

Resolvendo o sistema de equações admitindo que a 2 e a 3 são arbitrários,


obtêm-se dois valores para a. carga. crítica:
12EJ 60E1
Por1 = - 12- e Pcr2 = ~

Nota-se que o primeiro valor é igual ao anteriormente encontrado e o se-


gundo muito diferente do valor teórico. Portanto, a aproxima.çã.o adotada não
é adequada.
Supõe-se, agora., a. seguinte funçã.o aproximadora.:

Com as condições de contorno geométricas tem-se:

De x = l ---> v(l) = O e a 1 = -a 2 l- a 3 F - a 4 z3

A função a.proxima.dora então fica:

Para. evitar a resoluçã.o de uma equação ciÍbica., lança-se mã.o da.s condições
de contorno nã.o-essenciais 1 • No caso tem-se que os momentos fletores na.s
extremidades da. coluna sã.o nulos. Essa condição implica:
1
Há dois tipos de condições de contorno: as essenciais ou geométrica..-.; e a."i não-essenciais
ou naturais. As essenciais correspondem a deslocamentos r.onhecidos e as nat.urais a esforços
conhecidos.
92 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

de v"(O) = v"(l) =O resulta a2 =O e a3 = -2a 4 l

Tem-se finalmente que:

Substituindo as derivadas na equação (5.31), obtém-se:

Da integração da igualdade acima encontra-se:

Da condição de estacionariedade:

tem-se a carga crítica:


p _ 9.88EI
cr - [2

que difer~ do· valor exato em apenas O, 13%.

p~! lll J ll J ll J J J l J ll_ p


l

Figura 5.3: Viga com carregamento axial e transversal

Exemplo 5.3 Calcular o valor da deflexão no meio do vão da viga mostrada


na Figura 5.3, sujeita à ação de uma carga q uniformemente distribuída e de
uma força axial P de compressão. São conhecidos o comprimento l da viga, o
módulo de Young E e o momento de inércia I da seção transversal da viga.
5.3. Método de Rayleigb-Ritz 93

Adota-se a seguinte função aproximadora para as deflexões:


7rX
v= asen-- (5.34)
1
A energia potencial total para este problema é da forma:

II = ~ ( EI(v") 2 dx- p f\v'?dx- q ( vdx


2 lo 2 lo lo
Substituindo nessa igualdade a função v dada em (5.34) esuas derivadas,

il
resulta para a energia potencial total:

II
Ef7r4
=
- - a2
4
11 7rX P7r2 7rX
sen 2 - d x - __.!1- cos 2 - d x - qa
7rX1( .
'sen-·-dx
21 o I 212 o I o I
Integrando, tem-se:
II = (EJ7r4 - P7r2) a2- 2ql a
4P 41 1r

A condição de estacionariedade de II permite escrever que:·

5II = (EJ7r4- P7r2) a- 2ql =O


2P 21 1r .

de onde resulta o valor de a:

4
4ql ( 1 ) (5.35)
a= Ef7r5 1- Pl2
EJ7r4
e a equação da linha elástica fica sendo:

v(x) =
E4q!l45 ( -
1 Eh4
~)
sen 7rlx (5.36)
7r
A deflexão máxima ocorre no meio do vão e seu valor coincide com o do
parâmetro a dado pela igualdade (5.35).
Observa-se nessa igualdade que se o valor da força axial P for muito pe-
queno, tendendo a zero, a deflexão máxima se aproxima do valor:
. 5ql4
f= 384EI

Se o valor de P for igual ao da da carga crítica de flambagem (carga de


Euler, ver Exemplo 2), a deflexão máxima fica indeterminada, significando que
ocorreu a instabilidade da barra.
Supondo-se que as deflexões para. a viga da Figura 5.3 possam ser expressas
pela série:
7rX 27rX 37rX
v(x) = a1sen-- + a2sen-- + a3sen-- + .. ·
1 1 1
fica a sugestão para que o leitor determine o valor da deflexão máxima adotando
um número maior de parâmetros a., para a função aproximadora v(x).
94 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

Exemplo 5.4 Considere uma. viga. de comprimento I sob apoio elástico, apoi-
ada. em suas extremidades em apoios articulados, submetida. a uma. carga. con-
centrada P no seu meio-vão. Calcular o deslocamento vertical desse ponto.· O
solo tem coeficiente de reação k.
O funcional energia de deforma.çã.o total para este caso tem a. forma.:

E! t;z 2 1 t/2 )
11 = 2 ( 2 lo (v") dx + 2 lo kvdx - Pvlx=l/ 2

Tomando para. a. função aproxima.dora. v( a:) o valor:


1rX
v(x) = asen-
1
a energia. de deformação total fica. sendo:

7r4 E!
11 = - 14- lot/2 a sen
2 2
1rX
- -dx +
11/2 kasen-1rX-dx- Pa
1 0 1
Derivando em relação ao pa.rãmetro a e igualando a. zero obtém-se:

Portanto, a. função representativa. das deflexões é dada. por:

2(P-J;f)P 1rx
v(x) = 1r 4EI sen--
1
Pàra. x =1/2 e k =O tem-se o valor:

PP
v(l/ 2 ) = 48.7EI
pouco diferente do valor exato.

Exemplo 5.·5 Determinar os estados de tensão e deformação na. chapa. d(J


lados 2a e 2b; solicitada. por tensões p como mostra. a. Figura. 5.4, utiiiza.ndo o
método de Rayleigh-Ritz.
A energia. potencial total para. este caso de estado plano de tensão é dada.
por:

11;, ~1" jb (a,€, +ayEy +Txy"/xy)dxdy- plb ufx=ady- (-p)lb ufx=-ady


2 -a -b -b (5.37)
-b
sendo u e v os deslocamentos de pontos da. chapa. nas direções x e y, respecti-
vamente.

'
:.~
:l
·~

5.3. Método de Rayleigh-Ritz 95

p p
- -
- L
y(1J)
- T,
- -
- x(u)
- }
- a a -
Figura 5.4: Chapa sob estado plano de tensão.

Sabe-se, da teoria. da elasticidade, que:

ôu Ôv ôu Ôv
fx=-
Ôx
Ey = ôy e /xy = -Ô
y
+-
Ô
X
(5.38)

e da. lei de Hooke (material elástico linear) que:

(5.39)
com:
E
a=
1 - 1/2

Substituindo a.s igualdades (5.39) na. expressão de II, explicitada por (5.37),
obtém-se:

I1 = ~ 1"
2 -a
jb [m!+2aliExEy+m;+.Bi;y]dxdy-p1b uix=ady+plb uix=-ady
-b -b -b
(5.40)
Tomando-se como funções aproxima.dora.s para. os deslocamentos:

u = Ax e v= By

que satisfazem a.s condições de contorno (para. x = y = O tem-seu = v = O),


resulta. de (5.38) que a.s deformações valem:

Ex= A Ey = B e /xy =O

Substituindo-as em (5.40) obtém-se:


96 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

TI=~ [ 1: (aA
2
+ 2avAB + aB 2 )dxdy- 2p J: Aady

A integração de TI fornece:

TI= 2a(A 2 + 2vaAB + B 2 )ab- 4pAab


Derivando essa igualdade em relação a A e B e igualando a zero tem-se:
âTI
DA = (4aA + 4avB)ab- 4pab =O ou A+vB = P
a

âTI
âB = (4avA + 4aB)ab =O ou 11A = -B
Resolvendo-se o sistema de equações acima. obtêm-se as gra.ndeza.s A e B:
vp
A= P2 e B=
(1- 11 )a (1- v 2 )a
Portanto, os deslocamentos ficam:

u= p
(1- v2 )a
e
vp
v=

As deformações são dadas por:

E:z;-
- p - p
--
(1- v2 )a E
vp vp
= -VE.x = - -
1- v2 E

/xy =O
e as tensões, 'da.das pelas igualdades (5.39), resultam:

vp
o-y =a [ -
. (1 - v2 )a
+ (1-vpv2 )a ] =O

Txy =O
Vê-se que, para. esse exemplo simples, as funções aproxima.doras a.dota.da.s
produziram resultados corretos.
i

l
.
5.3. Método de Rayleigh-Ritz 97

q
p p
-- --
---- L
y(v)
---- T,
--
--
x(u)
---- }
q
a a
I
Figura 5.5: Chapa sob estado duplo de tensões.

Exemplo 5.6 Resolver o exercido anterior adotando tensões p e q atuando


nos lados da chapa, conforme mostra a Figura 5.5.
Sejam as funções aproximadoras para os deslocamentos u e v dadas por:

u = Ax+Cy

e
v= By+Dx
As deformações obtidas das igualdades (5.38) sã.o:

Ex =A ' €y =B e /xy = c +D
Substituindo os valores obtidos para as tensões e deformações na equação
(5.37), considerando as tensões atuantes nos lados de comprimento 2a tem-se:

I1 - ~ 1: 1:[aA + 2
2avAB + aB
2
+ j3(C 2 + 2CD + D 2 )Jdxdy-
-p f'(Aa+Cy)dy-(-p) fb[A(-a)+Cy]dy-
}b 1-b
-q l:[B(-b)+Dx]dx-(-q) 1:[Bb+Dx]dx (5.41)

Integrando, obtém-se:

1
I1 = :2[4aA 2 + 8avAB + 4aB 2 + 4j3C 2 + 8;3CD + 4/1D 2 Jab- 4pAab + 4qBab
(5.42)
98 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

Minimizando a igualdade (5.42) em relação aos parâmetros A, B, C e D


resulta o seguinte sistema de equações:

A+vB =!!...
a

q
vA+B = - -
a
cuja soluçâo fornece:

A= (p+vq)
a(l - v 2 )

B = - (q + vp)
a(l- v2 )
C=-D
As deformações assumem .as seguintes formas:
p+ vq
Ex= E

q+ vp
E
e as tensões ficam:

O"x =P e O"y = -q
Te~-se ainda que:

/xy = C +D = O e, portanto, Txy = O.


Se se fizer q = O obtém-se a solução do exemplo anterior.

Exemplo á. 7 Determinar o valor do ângulo de torção por unidade de com-


primento e da máxima tensão tangencial na extremidade livre de uma barra
prismática,. de seção circular de diâmetro d, engastada na outra extremidade
e submetida a um momento torçor M aplicado à sua extremidade livre. I)ado
também G = módulo de elasticidade transversal e l = comprimento da barra.
A energia de deformação total para a torção é dada por:

II = ~
2
r
lv
(Txy/xy + Txz/xz)dV- MBl
sendo B o ângulo de torção por unidade de comprimento.
Em função apenas das tensões, para o comprimento l, tem-se:
5.3. Método de Rayleigh-Ritz 99

l1 =
z
}A
20 A
r 2 2
(-rxy + -rxz)dA- MOI
.

Procedendo como Washizu, pode-se escrever essa igualdade da seguinte


forma.:

ou:

I1 = l r{l 2
}A 20 (-rxy + -rxzl-
2 2
G('yxy + 'Yxzl
2
+ -rxy"fxy + -rxz'Yxz }··. dA- MOI
.

resultando:

I1 =I }A
r{l(z7xy + -rxz 2)
-
1 2
(-rxy + -rxzl
2
+ -rxy"fxy + -rxz'Yxz }. dA-
·
MOI
20 0

Operando sobre esta igualdade e agrupando o resultado em duas integrais,


tem-se o funciona.!:

Substituindo na primeira integral as tensões dadas pelas igualdades (E.S)


e as deformações da segunda integra.! pela.s igua.lda.des (E.9) obtém-se:

Do Apêndice E, igualdade (E.l2), tem-se que a terceira. integral é igual a:

OI r(z-rxy- y-rxz)dA
}A .
= OIM = 201 r,PdA
~
Substituindo na segunda. integral as tensões tangencia.is pelos seus respec-
tivos valores dados em (E.S), tem-se:

OI r [- a..pay a,paz + a..paz a,p]


}A Ôy
dA= r [-~ (..;, a,p)
}A Oy
OI
az
+-º_ (~/J a,p)] dA
az ay
Com o teorema de Green esta última integral de superfície é transformada
em integral de linha, passando a ter a. forma. (ver equa.ção (E.ll ):
100 Capítulo .5. Métodos da energia potencial

ez r [-~ (,;, a<P) + ~ (,;, 8 <P)] dA


JA oy az . az ay =

Portanto, o funcional II reduz-se a:


2 2
l
II = _ _
2G
r [(o<P)
}A oy
8
+ ( o:;<P) - 4GIJ</J] dA- MIJI

Adota-se como função de tensão:

que satisfaz a condição de ser nula no contorno. Têm-se dois parâmetros a


determinar: k e e.
Da condição de estacionariedade da energia potencia.l total tem-se:

Lembrando que para um raio r genérico vale a relaçã.o:

dA= 21rrdr

a: equação acima resulta:

2k = -GO (5.43)
Derivando 1r em relação a. e obtém-se:
-07r = - -
ae
l
20
1
A
-4Gk(y 2
·
+ z 2 -R2 )dA- Ml· =O

donde:

( 5.44)
Eliminando k de (5.43) e (5.44) tem-se fina.lmente o â.ngulo por unidade de
comprimento dado por:
5.4. Método de Galerkin 101

32M
(i=--
7rd4G
que é o valor exato.
As tensões são obtidas de:

âd;
Txz = -· = 2ky
ây
A tensão ta.ngencia.l resultante vale:

A tensão máxima. ocorre no contorno e tem o valor:


d 16M
Tmax = G{l-2 = - -
7rd 3

5.4 Método de Galerkin

Este método, introduzido por B.G. Ga.lerkin em 1915 para. o estudo de


pla.ca.s, pertence à classe de métodos aproximados para. a. solução de equações
diferenciais parciais e ordinárias.
Tem sido muito utilizado não apenas para. resolver problemas de mecânica.
dos sólidos como também de mecânica. dos fluidos, transferência. de calor etc.
Os métodos de Ritz e de Ga.lerkin, sob certas condições, como por exemplo
aplicados a. problemas conserva.tivos, são equivalentes.
Ao contrário do método de Ritz, o método de Galerkin nã.o requer a
existência. de um funciona.!; ele utiliza. diretamente a. equação diferencia.!, o
que o torna. ma.is gera.! que o primeiro.
Pa.ra. descrever o método de Ga.lerkin suponha-se que se quer resolver a.
seguinte equação diferencial:

Lv(x)=f xEV ( 5.45)


onde L é um operador e a. função v( x) satisfaz algumas condições de contorno
no domínio S de V.
Admite-se uma. função aproxima.dora. v(x) para v da forma.:
n
D(x) = l:a;v;(x) (5.46)
.(,;)·
102 Capítulo 5. Métod os da energi a potenc ial

funções, cada
sendo a, coeficientes a. determina.r e v; uma. certa. seqüência. de
uma. satisfa zendo a.s condições de contor no do proble ma.
a, haven do
Ao substi tuir v em (5.45), a. equaç ão diferencial não se verific
um erro dado por:

E=L v(x)- f ( 5.4 7)

Trans portan do (5.46) em (5.47) tem-se o erro expres so por:


n

E= L(~ a;vi(x ))- f (5.48)


i=1
represen-
Os coeficientes a; são obtido s da. condiçã.o de ser mínim o o erro
a condição de
tado pela iguald ade (5.48). Para que isso ocorra impõe -se-lhe
ortogo nalida de repres entada por:

(5.49)

ientes a,.
A soluçã o desse sistema. de n equaçõ es leva. aos valores dos coefic

Exem plo 5.8 Resolver a. equa.çã.o diferencial dada.

d2v
dx 2 +v + x para O ::0: x ::0: 1

com a.s coúdições de contor no:

v=O para. x = O

v=O para x = 1

, é escrita
A equa.çã.o (5.49), para esse caso, sendo v a soluçã.o aproximada.
como:

(5.50)

Adota ndo para v a. forma:

tem-se a. segunda. deriva da dada por:


d2;:;
- 2 = 2(a2- a,- 6a2x)
dx

Subst ituind o em (5.50) tem-se :


5.4. Método de Galerkin 103

Integrando essas duas equações resulta o seguinte sistema,de equações li-


neares:

3 3 1
-ai+ -a2 -
10 20 12
3 13 1
-ai+ -a2 = -
4 21 4
que, resolvido, fornece:

a1 = 0.1924 e a2 = 0.1707
Portanto a solução aproximada da equação diferencial é:

v= 0.1924(1- x)x + 0.1707(1- x)x 2


A solução exata da equação diferencial é:
senx
v=---x
sen1
O Quadro 5.1 mostra uma comparação entre a solução aproximada e a
exata para alguns valores de x.

Quadro 5.1
Método de Galerkin e solução exata
X v(x) Galerkin v(x) exata
0.25 0.04407 0.04401
0.50 0.06944 0.06975
0.75 0.06008 0.06006

O método de Galerkin pode ser derivado diretamente da condição de esta-


cionariedade da energia potencial total .
Para. verificar isto, tome-se a energia potencial total para uma viga com
carga uniforme q, dada pela equação (5.12).
A variação da energia potencial total para esse caso tem o valor:
104 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

Integrando por partes e aplicando a condiçã.o de estacionariedade, isto é:


8II = O, tem-se:

tlo (E! dx4-


d4v ) d v dó v
3
2
d v 1
1

q 8vdx +E! dxz dx o- E! dx38v o= O


1
1

Lembrando que:

V= -E!d3v força cortante


dx 3

M = E!az, momento fletor


dx 2
essa equação fica:
4 1
( ( d v ) dó v 1 1
lo E! dx4 - q 8vdx + M da; o+ V8vlo =O

Se houver força cortante V* e momento fletor M* aplicados em ponto de


coordenada x = x* do eixo da viga, a essa equaçã.o devem ser acrescentados
os termos:

- V*óvlx=x• -M*dóvl
dx x=x*
Supondo que haja apenas a carga q e as condições de contorno levem os
dois últimos termos a se anular, a equação acima reduz-se a:

(5.51)

Sendo v a função aproximadora, a equação (5.51) p.ode ser escrita pÓr


analogia com (5.49) da seguinte maneira:

l (Lv- q) 8vdx =O (5.52)

Como v é dada pela igualdade (5.46), sua variação é:


n

8v = Lóaivi
i= I

que levada em (5.52) fornece:


5.4. Método de Ga.lerkin 105

/ n
{ (Líí-q)Lcía;v;dx=O
.fo i==t .

resultando finalmeute a eqnaç.ào:

1
1
(Lii- q)v;dx =O (.5.5:3)

que formalmente é idêntica. à. equação (5.49).

Exemplo 5.9 Resolver com o método de Ga.lerkin o exemplo da. Figura 5.1.
Assume-se como função aproximadora:

Com as condições de contorno geométricas tem-se que: C 1 = C 2 ~ o.


Como na. extremidade livre não há. momento fletor nem força. cortante,
deve-se anular a. segunda e terceira. derivadas de ·ii( ~·):

. Dessas duas equações resulta. que:

Portanto tem-se v(x) apenas em funçã.o de a 5 :

A equaçã.o (5.53), substituindo o operador L pela derivada quarta., tem a


forma:

1 1
(Elv 1v- q)v;dJ: =O com i= 1 (5.54)

com a. função v; sendo:

Então da equação (5.54) obtém-se:


106 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

de onde resulta que:


q
as= 24EJ

Os deslocamento s ficam expressos por:

A flecha na extremidade livre vale então:


ql4
v(l) = -
SEI
que é o valor exato.

5.5 Exercíc ios propost os

J J
J J l/2
J J
J J F->
q J qJ
J J l/2
J X J
J .i._..y J
Pi
. (a) (b} (c)

Figura 5.6: a) Exercício 1 b) Exercício 2 c) Exercício 3

1. Calcular o valor da carga. crítica. de flamba.gem para. a coluna subme-


tida à. ação de uma carga q uniformemen te distribuída ao longo elo seu
comprimento , conforme mostra. a. Figura. 5.6a. São dados o compri-
mento I, o módulo de Young E e o momento de inércia I. Supor como
3 2
função aproximador a para a.s deflexões v(x) = a(x - 3lx ).
Resp.: 8 ~ 1 .
5..5. Exercícios propos tos 107

2. Calcul ar o valor da carga crítica de flamba gem para a coluna subme-


tida à. ação de uma carga q uniform emente distrib uída ao longo do
seu compr imento , confor me mostra. a Figura 5.6b. São dados o com-
primen to I, o módulo de Young E e o momen to de inércia I.3 Supor
como função aproxi mador a para as eleflexões v( x) = a( x - 2lx + Px).
4

Resp . .. 19.76El
~ [3 .

3. Calcul ar o valor da máxim a deflexã.o para a viga da Figur;~. 5.6c sujeita


à. ação simultâ .nea da força de compre ssão P e da força transve rsal F.
São dados o compr imento I, o módulo de Young E e o· momen to de
1
. . . I d a seçao
tnercta - transversa.I d a vtga..
. _7 E 1 ( _..I:E_ ) . Ad otar
Resp. FI" 48
l El'tr2
~X
v= asenT .

4. Calcul ar o valor da eleflexà.o máxim a f para uma viga biapoiada, ele vão
I com carga P vertica l no meio do vão. A relação tensão x deform ação3 é
dada por O' = EE e a equaçã o das deflexões é: v(J:) = 1 -6/a: +4x ).
3 2
fr(
A seção da viga é consta nte ao longo do seu compri mento. A largura
I
e. b e a atura. e. h.. I':\.esp.: .,. = 4 Ebh~~
Pl" · ·

Figura 5. 7: Exercíc io 6

5. Calcul ar o valor da deflexã.o f da extrem idade livre de uma viga em


balanç o solicita da por carga uniform emente distrib uída q. A seção
transve rsa] da viga de compri mento l é consta nte tendo largura b e
altura h. A equaçã.o constit utiva para o materi al ela viga é dada por
O'= CEn sendo C uma consta nte. As deflexões
são: v(x) = fp(2P -
·n I (2)n (n+2) 2 l2 (n+ll
3/
2
.r.+ X 3) • Resp.: f = 4 3 CbhC"+'l ·

6. Determ inar a função que represe nta as deflexões para a viga sobre
base elástic a mostra da na Figura 5. 7. O solo tem coeficiente de reação
k. São dados: E, I, I, q e k. Assum ir para a função das deflexões a
~x + azsen-
37!'x
· te
segmn · aprox1· maçao: - v ( x ) = a,senT 1- .

Resp ... v ( .T ) = rr(~'EI


4q.,1
4
+kl')senT
n + rr(16~
~
+kl')sen-l-.
3~x

v e~t"
ji>(~;TI~C)·I';tQ\.1)
108 Capítulo 5. Métodos da energia potencial

7. Calcular o valor do áng.ulo de torção por unidade de comprimento e a.


má.xima tensão tangencial em uma barra cilíndrica com seção trans-
versal quadrada de lado a, enga.sta.da. em uma extremida.de e wbme-
t.ida a. um momento torçor M na extremidade livre. Sã.o conhecidos
o módulo de deformaç.âo transversal G ·e o comprimento l da ba.rra.
Assumir para. a função de tensão a forma: tjJ = A(y 2 - a 2 )(z 2 - a 2 ).
Rei) . 0 - 9 M. _9M
· S '' - 10 Ga' T - 8 a~l ·

8. Resolver o problema. 7 quando a barra tem seçã.o transversal elíptica


com semicliâ.metros a e b. Assumir uma funçã.o ele tensão e comparar
" " l ta. do con1 os va
o Iesu . l ores teoncos
' . c[ac.Jos po1." 0 -- M(o.'+b')
Grra:·~b~~ e Tmax =
2M
1rab2 ·
Apêndice A
Referências

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alia Commissione Esaminatrice della R. Scuolla d'Applicazione degli lngegneri,
Torino, 1873 In: Selecta 1.984. Torino, Editrice Levrotto Bella..

CHARLTON, T.M. A histo·ry of theory of structures in the Nineteenth Cen-


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vol. 2.

TR.UESD ELL, C. "História da mecânica clássica- Parte ]". Revista Br-asi-


leira de Ciências Mecânicas, 1982.

VOLTERRA, E. e GAINES, J.I-1. Advanced strength of m.ate·rials. Prentice-


Hall Inc., 1971.

WASHIZU, K. Variational m.ethods zn elasticity and plasticity. Pergamon


Press, 1968.

109
'
Apêndice B
Estado triplo de tensões e
deformaçoes

Figura B.1: Estado triplo de tensões

As relações entre as tensões e as deformações são:

E
O"x = - [Ex+ v(Ey + Ez)]
1-v2
E
O"y = - [Ey + v(Ez +Ex)]
1- 11 2
E
Uz = - 1-v2
[Ez + v(Ex + Ey)]

/xy {yz /zx


'Txy = G 'Tyz = Q Tzx = G

111
112 Apêndice B. Estado triplo de tensões e deformaç ões

1
Ex= - E[ax- v(ay + az)]
1
Ey= - E[a.-v(a z+ax)]
1
Ez= = E[az-v(a x+ay)]

G= E
2(1 +v)
Apêndice C
Integrais de produtos de duas funções

~
l

"i "~
a ap{3
)
l
a C/
parábola do 2~ grau
~laO<
3
§.zaa
12
!_ (5a-f-3j3)la
12

a[ la laa 1
2 zacx !.(a+j3)a
2

1
a~ 2
taa .lzacx
3
.!_ (2a+f3) la
6

~b
1
tba _!_ l.ba ,}(a+2{3)lb
2 6

I
I ''
iaD b I
I
I
1
-zl(a+b)a
I
I
,} l(2a+b)a
I
-/; l [a(2a+j3)
+ b(a+2{3)] '
I
1

l=) f(x)rp(x)dx
o

113
Apêndice D
Relações entre deformações e
deslocamentos

Seja a chapa da Figura 3.1 (p.42). Supõe-se que ela seja vihculada de tal
modo que os seus pontos não apresentem movimentos de corpo· rígido .

.---------------------~:r

üu.
n+-rlJ;
d:r iJx
4 1+------.j-.:
-f-'
.
B '-.,-
i 1'
A' I
~ '

-~ I~d:t:
- ô:t
.B'
I

.,.. ~ -(1.1)
iJv J
·-I- C
1
Oy . __y__

1/.
(}!~., rh;
i)y .

Figura D.l: Elem.,nto infinitesimal deformado

Supõe-se, tatnbé1n, que as ckfonna.ç.ões <F.IC ocorren1 sã.o pequena.s, a.s~nm


con}o o.s deslocan1cnt.os, con1o é usual nas estruturas.
Considere-se um e.lemento infinitesimal ABCD que após deformar-se passou
à posição A'B'C'D". Os lados desse elemento infinitesimal sào designados por
d:r e dy e as componentes dos deslocamentos do ponto A nas direções dos eixos
.t e y sã.o u e.,, respectiva.rnente, como n1o.stra.-se na. Figura. D.).
O dceslocamento do ponto B na direç<io :r é (aproxima.çii.o de primeira or-
dem):

i)u
11 + -d:r
ih:
e na direçào y vai":
116 Apêndice D. Relações entre deformaçõe s e deslocamen tos

Portanto, a. deformação no ponto B, na. direção .x, é:

n + 8Bx"dx- n ân
Ex = -----'""---- -
dx âx
Na. direção y a deformação é dada por:

v+ ~dy- v âv
Ey = - ây
dy

A distorção do ângulo reto é calculada com a soma dos ângulos 1 1 e 1'2


obtidos da seguinte forma:

~~dy âu
/J "" tan 1 1 = - - = -
dy ây

aud X
iJ "
UV
/2 "" ta.n í'2 = _dx
X
= ,-
UX

âu âv
í'xu = /1 + /2 = ,.---
uy
+ ,-
ux

Assim, no estado plano de t.ensã.o, as deformações relacionam-s e com as


componentes dos deslocamento s através de:

âu âv ou ov
Ex=- E--
y - ây /xy = ' l + ,-
âx Oy u.T

A exte':são para. o caso tridimensiona l é feita por analogia. com o caso pl<tno
devendo considerar-se , além das já. apresentadas acima, as seguintes relações
adicionais:·
âu aw
.
í'xz = ,.---
OZ
+ -::;----
uX

sendo w o deslocamento na. direção do eixo z, perpendicula r a.o plano xy.


Apêndice E
Torção livre de barras de eixo reto .

x(u)

y(v)

(a) (b)

Figura E.l: a) Barra de eixo reto sob torção b) Deslocamentos na rotação

Considere-se a barra de eixo reto mostrada na Figura E. la com momentos


torçores atuantes nas extremidades.
As hipóteses da torção livre, apresentadas por Saint Venant em 1853,
prevêem que as seções transversais tenham uma rotação e um empenamento.
O empenamento, aqui designado por 1/J é o mesmo em todas as seções, não
dependendo, então, de x (eixo longitudinal); porém depende de y e z, eixos
transversais.
O ângulo de rotação por unidade de comprimento, (), varia com x, valendo
()I na extremidade livre e em uma seção genérica tem o valor Ox. Para pequenas
rotações pode-se escrever que:

v - R(Jx cosa = xz(J


w ROx sina = -xy(J (E.l)

117
118 Apêndice E. Torção livre de barras de eixo reto

O deslocamento u na direção do eixo x nã.o tem o mesmo valor para os


pontos da mesma seçã.o transversal, podendo, então, ser representado como
uma função do empena.mento 'lj.{y, z):

u = (}'lj.>(y, z) (E.2)
Com os deslocamentos (E.l) e (E.2) pode-se escrever que:

Ea..· = f.y = f.z = {yz = Ü

ou + -ov =. {}-
01/•
oy ox oy.+ zO
. = -.-
"fxy

"txz
ou ow
= -oz + -Dx = 0-.Dz-· -
Bw yO

As correspondentes componentes de tensii.o sào:

(E.3)

que mostra que na torção livre ocorrem apenas tensões cisa.lhantes nas seções
transv<;rsais da barra.
A Figura E.2a mostra um elemento infinitesimal da barra. Deve-se notar
· que nas faces do paralelepípedo, perpendiculares ao eixo ~:, nào aparecem os
diferenéia.is correspondentes à variação das tensões porqw" elas não variam
longitudinalmente.
O equílibrio das forças na direção a; é escrito como:

Cancelando os termos opostos tem-se:

fJrxy OTxz
--;;--
uy
+ --;;-
oz
= o (E.4)

Das igualdades (E.3) e (E.4) resulta a equação difcerencial:

(E.5)
119

aT-
Txy + __:::]f_ dy
iJy

,_
. z !
z ~-1----'--+.--1-

d.z
1
i
dyi -.
f"
dx 'L 1i:::: + üT:r= d:::
üz '.
y

(a.) (b} (c)

Figura. E.2: a.) Tensões cisa.lha.ntes no elemento diferencia.! b) Tensoes no con-


torno c) Tensões em ponto interno

No contorno da. seç.ão transversal, as equações (E.4) e (E.5) devem obede-


cer as condições a.í impostas do estado de tensão, ou seja.: a. componente de
tensão cisa.lhante normal ao contorno deve ser nula, havendo apenas tensão ele
cisa.lhamento tangente ao contorno.
Considerando um elemento diferencial no contorno, Figura E.2b, com a
variável s crescente no sentido anti- horário, tem-se:

dz dy
Txz = -Txy-
ds
+ T xds
z- =O (E.6)

Substituindo Txy e Txz pelas (E.3) obtém-se:

â,P ) dz (â,P ) dy 0
- ( f)y +z ds + âz - 11 d~ = (E.7)

Assim, para. se resolver o problema ela. torção, basta determinar uma. funçií.o
1Í' que sa.tisfa.ça a. equação (E.5) e a condição de contorno expressa. pela. equação
(E.7).
Para facilitar a soluçã.o do problema. ela torção - ele modo semelhante a.o
a.clota.do na. teoria da ela.sticiclacle com a. função ele Airy -, define-se uma. funçã.o
</J(y, z), denominada jlLnçâo de tensão, introduzida por Ludwig Pra.ndtl (1875-
195:~), tal que:

e (E.S)

Essas duas igua.lclaclee eat.isfazem a equação ele equilíbrio (E.4). Dessas


duas relações obtém-se, ainda.:
120 Apêndice E. Torção livre de barras de eixo reto

arjJ = -GO (a,P + z) azr!J ( az..p )


az ay
e azz = -GO ayaz + 1

ar!J =
ay
ao (a..P -v)
f}z
e az!/J
8y 2
= -GO ( ez..p -
ayaz
1) (E.9)

Somando as duas segundas derivadas resulta a equação diferencial da. torção:

(E.10)

Substituin do (E.10) na equação (E.6) tem-se a seguinte equação que ex-


prime a condição de contorno:
8!/J dz arjJ dy (E.ll)
--+--=0
8z ds ay ds
essa equação reduz-se a:

8!/J =o
as
que significa que a funçã.o r/J é constante no contorno. Tendo em consideração
que as grandezas que entram no problema da torção dependem de derivadas
de r/J, adota-se para essa função valor nulo no contorno.
O equilíbrio de um elemento diferencial de uma seção submetida a um
momento torçor M, tendo em vista a Figura E.2c, é dado por:

dM = (rxyZ- TxzY)dA

Para a seção toda tem-se o valor do momento torçor:

M = l (rxyZ- TxzY)dA (E.12)

Em função do empename nto, essa igualdade tem a forma:

ou:

M = GO l (~~ z- ~~ y + y + z 2 2
) dA (E.13)

Chamando de momento de inércia à torção, !, o integrando de (E.l3),


resulta que o ângulo de torção por unidade de comprime nto é:
M (E.14)
0=-
GJ,
121

Substituindo (E.S) em (E.12) tem-se:

!VI = -
1(
A
aq, + r..!..y
-
0z
z
'J. )
oy
dA

mas:

J,"z [izz aq, zdz] dy


1 A
f)q,
a-
.~ zdA =
yl zl
<>,
0-

A integral dentro dos colchetes pode ser resolvida por partes da. seguinte
(E.l.5)

forma.:
zz aq, z2

Considerando-se q,
i z1
- zdz = 4;zl;~ -
8Z 1 z1

=O no contorno, a igualdade (E.16) reduz-sé a:


q,dz (E.16)

zz aq, lzz 4;dz


i
z1
f}zdz =-
Z • zl

Portanto, a. igualdade (E.l5) fica. sendo explicitada. por:

raq, zdA = - }Ar4;dA


}A OZ
Analogamente, pode-se escrever que:

de modo que:

r (aq, aq, ·)
}A f)z z + oy!J dA= -2 }A 4;dA
r
e, portanto, o momento torçor também va.le:

M= 21 4;dA (E.l7)

Indice

Bernouilli, Daniel, 10 Cialileu. 9


Bernoulli, .Jean, 9
Betti, 10 Helmholtz, 10
Herou, 9
Cast.igliano, 11 Huygens, 9
primeiro teorema., 1 L
s~gundo t<eorema.. 11 integrais de produtos de duas funções.
Clapeyron, 10 lU
condiçào de estacionariedade da ('JH'r-
.Jordiío de Nemora., 9
gia. pot<encial, S!l, 91--9:1, 100,
10:1, l 04 Kirchhoff, 11, 84
condiç.ões de contorno, !Jl
Cotteri 11, 11 Lagra.nge, 9
Crotti, lL Leihniz, 9
Leoma.do da. Vinci, !J
<:nergia ciu~tico, 9
energia d~ deformação, ]:.) m,;todo de Ga.lerkin, 101
energia. cin~t.ica., l:J método de Rayleigh-Ritz, 11, K4
energia potenciaL J :) método dos deslocamentos, 8,:1
cálculo com as t.ensôes e defonnaçôes, rnétodo dos elementos finitos, li
"27 métodos da energia. potencial, s:3
estado plano de tensôes, :30 energia potencia.l, 8:1
estado triplo de tensôes, :l2 !Vliiupert.ins, 10
estado uniaxia.l de tensão. 27 Maxwell, JO
cákulo com os esforços internos. l'vlenabr8a. lO
1;J l\'lohr, lO
força cortante, 18 Moseley, lO
força normaL 1:3
monwnto f!etor. 17 Po11cdct, 10
momento torc;or, 20 Prandt 1, 119
energia de defonnilçào comphemen- primeiro t<•nrPma. ck Castigliano, R4
ta.r. :34 princípio <ia cnJJSf'rvaçHo da. PJJergia,
9
energia de distorção, :14
energia potenciaL LO princípio da n1Ínin1a a.çào~ 9
principio d<-1 míninul C:~nergia. pot<··n-
Enge"er, LI
<>stado triplo de> tensôf's f' deforma.ç.ôes, cial. I O
princípio da mmrrna energia. poten-
111
Est.ratilo. 9 cial cornpkmentar, lO
pri11cípio d<1. lllÍllimn <'llf'rgia po1 ('\l-
Eukr, lU
cial1ola\. 10. X-L 1\(i
for(a vi \"éL 9 princípio da. mí11irna resist.(•ncia. I()
124 Índice

princípio das velocidades virtuais, 9


princípio dos trabalhos virtuais, 9,
41
método da carga. unitária, 43

R.ayleigh, 11
Relações entre deformações e deslo-
camentos, 115
resiliência, 16
R.ica.tti, 10
R.itz, 11

Stevin, 9

teoremas da reciprocidade, lO
teoremas de energia, 51
teorema de Betti, .54
teorema de Cla.peyron, 51
teorema. de Crotti-Engesser, 6;3
teorema de Ma.xwell, 53
teoremas de Ca.stigliano, 59
segundo teorema de Ca.stigli-
a.no, 62
Teorema de] minimo lavoro, 60
Torção livre de barras de eixo reto,
117

Varignon, 9
Volterra,, 62 .

Young,9·

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