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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR PLÍNIO RIBEIRO

REDAÇÃO PARA O ENEM – 1º ANO – DATA: ___/___/___

AULA- Artigo de opinião (conhecendo o gênero)


Artigos de opinião geralmente são construídos a partir de fatos, questões ou acontecimentos que
dividem a opinião das pessoas. No artigo de opinião, o autor apresenta a sua posição (tese) sobre um tema
polêmico, tendo como objetivo persuadir o leitor a aderir a seu posicionamento por meio de argumentos.
 Com base nisso e no título do artigo a seguir, que tema você imagina que a autora discutirá?
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Por que o funk e não o rap?


23/03/15 | Equipe On-line Thífani Postali
Para se pensar as práticas musicais rap e funk e suas relações com os veículos de comunicação de
massa, não podemos fugir à lógica mercadológica que compreende a indústria do entretenimento. Visando
atingir ao maior número de pessoas possível, a indústria cultural admite ou adapta os produtos que melhor
atendam ao sistema capitalista. Como acrescenta Néstor Canclini, os formatos e as mudanças permitidas são
feitas de acordo com a dinâmica do mercado do sistema em que se encontra. Assim, o que é passível de
veiculação são os produtos culturais rentáveis à indústria, que deixa de lado as escolhas pessoais dos
produtores, no caso, dos compositores de rap e funk.
De acordo com Edgar Morin, as produções da indústria cultural são dirigidas a todos, ou seja, às
diferentes idades, às diversas classes e grupos sociais, que formam a massa de consumo para as indústrias
nacionais ou mundiais.
Considerando as colocações de Canclini e Morin, a fórmula para se inserir nos meios de
comunicação de massa implica produzir conteúdos que dialoguem com o maior número de pessoas. Assim,
alguns temas, como amor, sexo e poder, são líderes nas produções massivas, já que envolvem textos
facilmente identificáveis por uma maioria.
Surgidas a partir da segunda metade do século XX, as práticas culturais urbanas rap e funk são
oriundas de um mesmo grupo social, formado por jovens que se encontram às margens da vida social
urbana, ou melhor, daquilo que se coloca como ideal da vida social urbana, já que são desfavorecidos
economicamente.
O rap, por exemplo, tem sua raiz na Jamaica e surgiu em 1960, quando a população carente do país
passou a utilizar a música como meio de expressão contra o sistema local. Da Jamaica para os Estados
Unidos e depois para o mundo – graças às novas tecnologias, o rap tornou-se a música do movimento Hip
Hop, que tem como finalidade disseminar “Paz, Amor, União e Diversão” por meio de manifestações
artísticas chamadas de elementos, tais como o rap, a dança, o grafitti, os MCs e os DJs.
É claro que as invenções humanas podem ser utilizadas para diversos fins. A princípio, o Hip Hop foi
criado por África Bambaataa para diminuir a violência e disciplinar as gangues dos guetos de Nova Iorque.
Entretanto, cientes da capacidade que a música rap tem em disseminar informações, outras gangues
começaram a utilizá-la para fazer apologia ao crime e ao uso de drogas ilegais. A partir dessa situação,
Bambaataa criou o quinto elemento do movimento, chamando-o de “conhecimento”. A intenção era
legitimar o movimento dizendo que o verdadeiro Hip Hop tem que passar mensagens positivas ao grupo,
além de despertar o senso crítico dos jovens.
Por esse motivo, existem dois tipos de rap: aquele que possui conteúdo crítico-social abrangendo
discursos políticos e filosóficos e o gangsta rap, que relata o cotidiano violento dos indivíduos que vivem
esse contexto. Não coincidentemente, a maioria das pessoas que desconhecem essa musicalidade a assimila
à delinquência, o que é fruto dos textos midiáticos que sempre trataram o rap de forma taxativa, dando
ênfase apenas às produções gangstas.
Emergido no mesmo período e grupo social, o funk que relata o cotidiano dos jovens das favelas não
teve a mesma trajetória do rap. Com algumas exceções, a maioria das letras abordavam o comportamento e
o entretenimento dos jovens moradores dos morros do Rio de Janeiro, tendo como foco os cenários dos
bailes funk e o sexo. Recentemente, os compositores de funk alteraram os temas trocando os relatos da
diversão dos jovens desfavorecidos economicamente para a diversão dos jovens de famílias abastadas. Com
esse novo formato, nomeado “funk de ostentação”, o produto cultural ganhou visibilidade e ingresso na
mídia.
O interessante é perceber como a indústria cultural continua praticando as mesmas imposições de
sempre. Talvez o rap não obtenha tanta notoriedade pelo fato de produzir textos reflexivos e resistentes ao
sistema social vigente. Do mesmo modo, existem funks com conteúdos críticos, como os de MC Garden que
refletem sobre a política e a opressão de seu grupo, mas esses não chegam a ser difundidos pela indústria
cultural. Já alguns rappers como Emicida tentam, além de suas letras críticas, produzir outras mais neutras,
aparecendo apenas em canais e programas de menor audiência. Por outro lado, recentemente, a maior
emissora de televisão brasileira passou a divulgar o funk, inserindo-o nos programas líderes de audiência.
É certo que não podemos depositar o sucesso do funk apenas a sua divulgação propiciada pelos
grandes meios. Devemos levar em consideração também o consumo da população brasileira que, de certa
forma, aponta os produtos de melhor aceitação. Logo, o funk é viável por oferecer uma linguagem mais
rentável à atual prática social que permite textos mais explícitos sobre assuntos como sexo, consumo de
bebidas alcoólicas, entre outros comportamentos considerados imorais por diversas instituições sociais.
Assim, talvez possamos pensar que o funk tornou-se viável por acompanhar o comportamento de inúmeros
jovens brasileiros e também por não possuir, em maioria, textos passíveis de censura, como os do rap.
Thífani Postali é Mestra em Comunicação e Cultura e Professora da Uniso. É autora de “Blues e Hip Hop: uma
perspectiva folkcomunicacional”. Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul, 23 mar. 2015.

ATIVIDADES
1- De que trata o artigo de opinião? Suas hipóteses iniciais sobre o texto foram confirmadas?
2- Qual a relação entre o texto e o seu título? Em que parágrafo isso fica evidente?
3- Qual a tese apresentada pela autora?
4- A que conclusão a autora chega sobre a questão tratada?

5- De que lugar a autora do artigo lido fala sobre a presença do rap ou do funk na indústria da cultura de
massa:
a) Do lugar de quem aprecia funk e rap?
b) Do lugar de quem produz um dos gêneros musicais.
c) Do lugar de quem comercializa um dos gêneros musicais.
d) Do lugar de quem pesquisa a indústria do entretenimento, principalmente a música.

6- No início do texto (nos três primeiros parágrafos), a autora faz considerações sobre a lógica
mercadológica que rege a indústria do entretenimento.
a) Explique como funciona essa lógica.
b) Nesse trecho a autora cita dois estudiosos. Qual a importância da referência feita a eles?

7- Ao falar de funk e do rap, no desenvolvimento do texto, a autora faz comparações ente eles.
a) Que elementos desses gêneros musicais ela compara?
b) Aponte as semelhanças e as diferenças entre o funk e o rap mencionadas no texto.

8- No sexto parágrafo, a autora faz uma afirmação de caráter genérico: “É claro que as invenções humanas
podem ser utilizadas para diversos fins”.
a) O que ela faz na sequência desse parágrafo para comprovar essa afirmação?

9- O sétimo parágrafo apresenta uma explicação para o fato de as pessoas associarem o rap à delinquência.
Qual é essa explicação?

10- Releia o oitavo parágrafo e identifique uma relação de causa e consequência utilizada pela autora como
argumento para construir a sustentação de sua tese.

11- No último parágrafo, a autora apresenta um contra-argumento, fazendo uma ressalva em relação ao
poder de influência da mídia. Identifique esse contra-argumento e escreva-o em seu caderno.

12- Você concorda que o funk seja mais ouvido que o rap atualmente? Justifique.
Fonte: PAIVA, Andressa Munique. Ser protagonista: a voz das juventudes: língua portuguesa: ensino médio. São Paulo: Edições SM, 2020.
GABARITO

ATIVIDADES
1- De que trata o artigo de opinião? Suas hipóteses iniciais sobre o texto foram confirmadas?
Trata da preferência do funk em detrimento do rap pela indústria de cultura e de entretenimento.

2- Qual a relação entre o texto e o seu título? Em que parágrafo isso fica evidente?
O texto responde ao título. Isso se comprova nos dois últimos parágrafos.

3- Qual a tese apresentada pela autora?


A tese de que a indústria cultural brasileira promove mais o funk do que o rap pelo fato de a temática do
funk ser mais comercial.

4- A que conclusão a autora chega sobre a questão tratada?


A autora conclui que o funk é mais viável á indústria cultural do que o rap por refletir o comportamento de
jovens brasileiros, com temas sobre sexo, consumo de bebidas alcólicas, etc., e também por apresentar
menos textos críticos à estrutura social vigente, diferentemente do rap.

5- De que lugar a autora do artigo lido fala sobre a presença do rap ou do funk na indústria da cultura de
massa:
a) Do lugar de quem aprecia funk e rap?
b) Do lugar de quem produz um dos gêneros musicais.
c) Do lugar de quem comercializa um dos gêneros musicais.
d) Do lugar de quem pesquisa a indústria do entretenimento, principalmente a música.

6- No início do texto (nos três primeiros parágrafos), a autora faz considerações sobre a lógica
mercadológica que rege a indústria do entretenimento.
a) Explique como funciona essa lógica.
De acordo com o texto, a indústria de entretenimento tem como objetivo atingir o maior número possível de
consumidores. Para isso, ela investe em produtos culturais que tenham mais aceitação e adapta e transforma
os que não têm tanto apelo junto ao público, a fim de ampliar seu alcance.

b) Nesse trecho a autora cita dois estudiosos. Qual a importância da referência feita a eles?
Nértor Canclini e Edgar Morin são estudiosos com trabalhos nas áreas de Antropologia e Sociologia. Ao
citá-los a autora procura das respaldo à sua fala, por meio de argumentos de autoridade.

7- Ao falar de funk e do rap, no desenvolvimento do texto, a autora faz comparações ente eles.
a) Que elementos desses gêneros musicais ela compara?
Ela compara as origens, a trajetória e as temáticas de cada gênero musical.

b) Aponte as semelhanças e as diferenças entre o funk e o rap mencionadas no texto.


Semelhanças: Ambos os gêneros musicais em comunidades social e economicamente desfavorecidas.
Diferenças: A trajetória e as temáticas. O rap tem conteúdo crítico, político, de relato do cotidiano violento,
enquanto o funk trata do cotidiano das favelas, de questões de entretenimento, como sexo, ostentação de
bens materiais e conquistas financeiras.

8- No sexto parágrafo, a autora faz uma afirmação de caráter genérico: “É claro que as invenções humanas
podem ser utilizadas para diversos fins”.
a) O que ela faz na sequência desse parágrafo para comprovar essa afirmação?

Ela dá um exemplo: cita as diferentes finalidades com que o hip-hop foi utilizado.
9- O sétimo parágrafo apresenta uma explicação para o fato de as pessoas associarem o rap à delinquência.
Qual é essa explicação?
A associação do rap à delinquência é resultado da influência da mídia, que trata esse gênero musical de
forma taxativa, dando destaque apenas para o rap com temática sobre violência (o gangsta rap).

10- Releia o oitavo parágrafo e identifique uma relação de causa e consequência utilizada pela autora como
argumento para construir a sustentação de sua tese.
Recentemente, compositores de funk trocaram a temática da diversão de jovens na favela pela diversão de
jovens da classe média urbana; com isso, ganharam espaço na mídia de massa.

11- No último parágrafo, a autora apresenta um contra-argumento, fazendo uma ressalva em relação ao
poder de influência da mídia. Identifique esse contra-argumento e escreva-o em seu caderno.
É certo que não podemos depositar o sucesso do funk apenas a sua divulgação propiciada pelos grandes
meios. Devemos levar em consideração também o consumo da população brasileira que, de certa forma,
aponta os produtos de melhor aceitação.

12- Você concorda que o funk seja mais ouvido que o rap atualmente? Justifique.

Fonte: PAIVA, Andressa Munique. Ser protagonista: a voz das juventudes: língua portuguesa: ensino médio. São Paulo: Edições SM, 2020.

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