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Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

1. GEOLOGIA DE ENGENHARIA

1.1. Definição de Geologia de Engenharia


“Engenharia é a arte de aplicar conhecimentos científicos e empíricos, e
certas habilitações específicas à criação de estruturas, dispositivos e
processos que se utilizam para converter recursos naturais em formas
adequadas ao atendimento das necessidades humanas”. (Novo Dicionário da
Língua Portuguesa)

“Geologia é a ciência que estuda a estrutura da crosta terrestre, seu


modelado externo e as diferentes fases da história física da terra”. (Dicionário
Geomorfológico)

Como vem acontecendo em outras áreas do conhecimento, o conceito de


Geologia de Engenharia tem evoluído com o tempo, procurando acompanhar
as novas tecnologias e necessidades desenvolvidas pelo homem.

Um dos conceitos mais antigos é o de Krynine, Judd (1957), estabelece que


a “Geologia de Engenharia pode ser definida como um ramo do
conhecimento humano que usa a informação geológica, combinada
com a prática e a experiência para assistir ao engenheiro na solução de
problemas nos quais este conhecimento é aplicável”.

Num dos conceitos mais atuais, a Geologia de Engenharia, ramo aplicado


das Geociências, foi definido nos estatutos da Associação Internacional de
Geologia de Engenharia (IAEG), conforme aprovado em setembro de 1992
em Kyoto no Japão, e adotado pela ABGE - Associação Brasileira de
Geologia de Engenharia como “a ciência dedicada à investigação, estudo
e solução de problemas de engenharia e meio ambiente, decorrentes da
interação entre a Geologia e os trabalhos e atividades do homem, bem
como à previsão e desenvolvimento de medidas preventivas ou
reparadoras de acidentes geológicos”.

Nestes 35 anos que separam estas duas definições, observam-se duas


novas abordagens da Geologia de Engenharia: uma refere-se a
transformação de um caráter apenas informativo, subordinado e passivo de
sua ação à atividade de Engenharia para um importante papel no sentido de
solucionar e intervir na sua correção (Engenharia) e prevenção de acidentes
geológicos; uma outra abordagem relaciona-se a um caráter multidisciplinar
com um enfoque a questões ambientais.

No próprio IPT, onde nas últimas décadas tem-se concentrado o maior


número de especialistas desta área no país, é possível verificar esta
tendência refletida na estrutura de sua Divisão de Geologia - DIGEO, onde
dois de seus agrupamentos (Geologia Aplicada a Obras e Geologia Aplicada
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ao Meio Ambiente) foram organizadas segundo duas áreas básicas de


atuação da Geologia de Engenharia (Bitar, 1995).

Assim, a Geologia de Engenharia, anteriormente também conhecida como


Geologia Aplicada, pode ser definida como a união entre o campo do
conhecimento da Terra, representada pela Geologia como base científica, e
o campo de desenvolvimento das técnicas de transformação da Terra pelo
homem, tendo como área de aplicação a Engenharia.

Ainda de acordo com o novo estatuto da IAEG a Geologia de Engenharia


abrange:

a) a identificação das condições da geomorfologia,


estrutura, estratigrafia, litologia e águas subterrâneas das
formações geológicas;

b) a caracterização das propriedades mineralógicas, físicas,


geomecânicas, químicas e hidráulicas de todos os
materiais terrestres envolvidos na construção,
recuperação de recursos e alterações ambientais;

c) a avaliação do comportamento mecânico e hidrológico


dos solos e maciços rochosos;

d) a previsão de alterações, ao longo do tempo, das


propriedades acima;

e) a determinação dos parâmetros a ser considerados na


análise de estabilidade de obras de engenharia e de
maciços naturais; e

f) a melhoria e manutenção das condições ambientais e das


propriedades do terreno”.

A Geologia de Engenharia tem uma grande relação com a Mecânica dos


Solos e a Mecânica das Rochas, formando o campo da Geotecnia, conforme
se observa na figura apresentada a seguir.

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OBRAS CIVIS MEIO


E AMBIENTE APLICAÇÃO
MINEIRAS

MECÂNICA GEOLOGIA MECÂNICA ACERVO


DAS ROCHAS DE DOS SOLOS TECNOLÓGICO
ENGENHARIA
GEOTECNIA

RESISTÊNCIA BASE
GEOLOGIA MECÂNICA DOS CIENTÍFICA
MATERIAIS

( Bitar, 1995 )

1.2. Evolução Histórica


No Exterior

Embora a aplicação empírica dos resultados de observações de natureza


geológica tenha se processado ao longo de todo o desenvolvimento da
civilização, a Geologia somente foi definida a partir do final do século XVIII,
no estudo dos aspectos estruturais dos Alpes suíços.

Durante esse século e o seguinte, destacaram-se vários pesquisadores,


como Hutton (1726-1797), Lyell (1797-1875), Darwin (1809-1882), dentre
outros que criaram as bases da Geologia.

James Hutton publicou na Escócia, em 1785, a “Teoria da Terra”. Neste livro


ele estabelece conceitos pioneiros na época, como por exemplo: dos
processos lentos que atuam na dinâmica da Terra e da divisão em três
grupos fundamentais de rochas que são adotados até nossos dias.

O século XIX foi em grande parte consumido na defesa de novos conceitos a


respeito da evolução da Terra, que foram duramente contestados pela Igreja
católica.

A partir de meados do século XIX, obras necessárias para atender as


exigências do grande crescimento industrial europeu, principalmente nos
sistemas de comunicação e transporte, forçaram os técnicos envolvidos a
apurar sua capacidade de previsão e prevenção de dificuldades em obras

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subterrâneas nos Alpes, contribuindo enormemente para o conhecimento


geológico.

Após a Primeira Guerra Mundial, um grande surto de desenvolvimento varreu


a Europa dos anos 20, destacando-se na Geologia de Engenharia de Obras
Subterrâneas nomes como: J. Schmidt, J. Stini e Hans Cloos. Este último
destacou-se na interpretação de fenômenos tectônicos e sua implicação em
obras subterrâneas, enfatizando a necessidade de se efetuar um estudo
geoestrutural adequado para conhecer o maciço rochoso.

No início do século XX, foram estabelecidas por Karl Terzaghi (1883-1963)


as bases teóricas e conceituais da Mecânica dos Solos, que enfatizou em
toda a sua obra a importância da geologia na compreensão dos fenômenos
que ocorrem nos terrenos e na resolução de problemas de engenharia. São
clássicos os trabalhos “Efeito de detalhes geológicos secundários na
segurança de barragens” (1929) e “Mecanismos de Escorregamentos”
(1950).

No intervalo de tempo compreendido entre as duas guerras, tornou-se


corriqueira a participação de equipes de geólogos de engenharia em
empresas e organizações voltadas a projetos e execução de grandes obras.

A partir da década de 50, ocorre um crescimento acelerado da Geologia de


Engenharia, em grande parte devido à utilização crescente em todas as
áreas de crescimento científico e tecnológico.

 Final do século XVIII – De Saussure (1740-1799) define Geologia

 Século XVIII e XIX – Hutton (1726-1797), Lyell (1797-1875) e


Darwin (1809-1882) criaram as bases da Geologia

 Meados XIX – Grande contribuição ao conhecimento geológico

 Após 1ª Guerra Mundial – Desenvolvimento da Geologia de


Engenharia, valiosas contribuições de Schmidt, Stini e Hans
Cloos

 Década de 20 – Karl Terzaghi (1883-1963) lança as bases


teóricas e conceituais da Mecânica dos Solos

 Período entre Guerras – Corriqueira a participação de geólogos


de engenharia em empresas e organizações voltadas a projetos
e execução de grandes obras

 A partir da década de 50 – participação ativa em trabalhos


multidisciplinares, com grande atuação na área ambiental

 1964 – Criação da IAEG

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No Brasil:

 1875 – criação da Comissão Geológica do Brasil

 1893 – início do ensino de geologia na Escola Politécnica / SP

 1907 – trabalho pioneiro do Engenheiro Miguel Arrojado Lisboa


sobre Geologia Aplicada

 1909 – criação do Centro de Pesquisas Geológicas da IFOCS

 1937 – criação da Seção de Geologia e Minas / IPT Engenheiro


Tarcísio Damy de Souza Santos

 Década 40 – estudo pioneiro de Geologia de Engenharia de


barragens sobre Salto Grande – Engenheiro Pichler

 1947 – visita de Terzaghi ao Brasil

 1957 – aula inaugural do Curso de Geologia da USP

 1961 – início do ensino de Geologia de Engenharia no Rio de


Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco

 1968 – início do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em


Geologia de Engenharia – UFRJ
Criação da APGA

 1974 – criação da ABGE


Realização em São Paulo do 2º Congresso Internacional
de Geologia de Engenharia

 1976 – realização no Rio de Janeiro do 1º Congresso Brasileiro


de Geologia de Engenharia

 Década 80 e 90 – enfoque para as questões ambientais

1.3. Áreas de Atuação


A prática tem demonstrado que os projetos de engenharia são bem
sucedidos quando há uma adequada integração entre o geólogo e o
engenheiro.
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A Geologia de Engenharia tradicionalmente está em grande parte voltada


para as atividades de Engenharia, atuando em planos diretores, estudos de
inventário, de viabilidade técnica-econômica, projetos básicos e executivo de
obras, fiscalização das etapas construtivas, concluindo com o
acompanhamento durante a operação.

O geólogo define o quadro físico, o engenheiro concebe a obra e ambos


ajustam a concepção e o projeto às condições do meio físico.

Na verdade, enquanto as atividades humanas representarem qualquer


interferência no meio físico geológico os conhecimentos da Geologia de
Engenharia serão de grande importância, seja, mais tradicionalmente, nos
estudos da fundação de uma obra, de áreas de empréstimo de materiais
naturais para construção, do rebaixamento ou exploração das águas
subterrâneas, da construção de taludes, ou mais recentemente com uma
forte componente ambiental, para disposição de resíduos sólidos ou líquidos,
da recuperação de áreas degradadas e da ocupação e uso do solo.

ENGENHARIA MEIO AMBIENTE

 Fundação de Barragens e outras  Planejamento Urbano e Territorial


obras civis;
 Recuperação e Remediação de
 Pesquisa de materiais naturais Áreas Degradadas;
para construção;
 Estudos de Impacto Ambiental;
 Estabilidade de Taludes;
 Análise de terrenos e elaboração
 Mineração; de diretrizes de projetos
habitacionais populares;
 Túneis;
 Controle de erosão;
 Exploração das Águas
Subterrâneas;  Sistemas de Gestão Ambiental
(ISO 14000);
 Monitoramento;
 Seleção de Áreas para Disposição
 Zoneamento de Áreas de Risco;
de Resíduos;

1.4. Exemplos de Aplicações


 Barragem Jacarecica II/SE;

 Escavação Casa de bombas – Platô de Neópolis / SE;

 Mapeamento Geológico-Geotécnico – Região de Poço Redondo / SE;

 Fundação em solos moles – Torre de Pisa;

 Mapeamento Geológico-Geotécnico – Vista Chinesa / RJ.

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2. GEOLOGIA

2.1 Fundamentos da Geologia

A geologia representa como ciência básica, já definida na aula anterior, o


conjunto de conhecimentos sobre o globo terrestre em que vivemos.

Assim, trata de explicar, através da Geologia Física a constituição e


propriedades dos materiais que compõem a Terra, sua distribuição, os
processos que os formaram e alteraram, a maneira que foram transportados
e estruturados e a natureza e evolução da paisagem.

A Geologia Histórica estuda a evolução da vida sobre a Terra e as


mudanças ocorridas em nosso planeta ao longo dos seus 4,6 bilhões de
anos.

A Geologia moderna se originou em 1785, quando James Hutton formulou o


princípio de que os mesmos processos que atuam no presente se
manifestaram também no passado – Princípio do Uniformitarismo.

“O presente é a chave do passado”.

A partir deste princípio, e reconhecendo que os processos que ocorreram no


passado sucedem-se com a mesma lentidão dos atuais, ficou claro quando
observamos um Grand Canyon ou uma cadeia montanhosa a imensa
dimensão do tempo necessário para formar tais feições.

Acredito que a maior contribuição da ciência geológica ao pensamento da


civilização moderna seria a concepção da imensa dimensão do tempo –
Tempo Geológico, que acaba por demonstrar o pequeno espaço de tempo
da existência do homem e contrapõe o imenso impacto ao meio ambiente do
planeta causado por uma única espécie em tão pouco tempo.

Com toda essa imensidão de tempo nada é permanente tudo muda. Como
exemplos: rochas calcárias originadas de mares (Riachuelo), rochas
vulcânicas originadas de erupções no passado (Paraná, São Paulo, etc).

Muitas vezes este fato demonstra a dificuldade do geólogo em tentar


interpretar situações para aplicações em geologia de engenharia. Pois este
profissional dispõe algumas vezes de uma tênue imagem dos processos
geológicos que ficaram registrados em afloramentos, boletins de sondagem,
etc. Agrava esta situação o caráter geralmente pontual das investigações,
requerendo uma boa dose de experiência, raciocínio e imaginação para
compreender os fenômenos ocorridos.

Nos últimos 220 anos, a geologia tem evoluído de uma ciência basicamente
qualitativa para uma mais quantitativa, impulsionada essencialmente pela
evolução dos equipamentos e técnicas de investigação.

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ESCALA GEOLÓGICA DO TEMPO

TEMPO
ERAS PERÍODOS ÉPOCAS DECORRIDO
(anos)

CENOZÓICA Quaternário Holoceno 11.000


Pleistoceno 1.500.000

Terciário Plioceno 12.000.000


Mioceno 23.000.000
Oligoceno 35.000.000
Eoceno 55.000.000
Paleoceno 70.000.000

MESOZÓICA Cretáceo 135.000.000


Jurássico 190.000.000
Triássico 230.000.000

PALEOZÓICA Permiano 280.000.000


Carbonífero 350.000.000
Devoniano 400.000.000
Siluriano 440.000.000
Ordoviciano 500.000.000
Cambriano 570.000.000

PRÉ-CAMBRIANO
SUPERIOR

PRÉ-CAMBRIANO Mais de 2 bilhões


MÉDIO

PRÉ-CAMBRIANO ± 4,5 bilhões


INFERIOR
Segundo Leinz e Amaral (1998)

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2.2 O Planeta Terra – Principais características e estrutura interna


Idade e origem

A datação radiométrica permitiu aos cientistas calcular a idade da Terra em


4 bilhões 650 milhões de anos.

Depois de condensar-se a partir da poeira cósmica e do gás, por força da


atração gravitacional, a Terra ficou quase homogênea e relativamente fria.
Mas a contínua contração desses materiais fez com que se aquecesse,
aquecimento que contribuiu para a radioatividade de alguns elementos
mais pesados. Quando a Terra se tornou mais quente, começou a fundir-se
sob a influência da gravidade. Isso levou à diferenciação entre a crosta, o
manto e o núcleo, com os silicatos mais leves movimentando-se para cima
para formar a crosta e o manto; e os elementos mais pesados, sobretudo o
ferro e o níquel, submergindo para formar o núcleo. Ao mesmo tempo,
erupções vulcânicas provocaram a saída de vapores e gases voláteis e
leves do manto e da crosta. Alguns foram atraídos pela gravidade da Terra
e formaram a atmosfera primitiva, enquanto o vapor de água condensada
formou os primeiros oceanos do mundo.

Características Principais
Forma – A Terra é aproximadamente um elipsóide de rotação com diâmetro
equatorial de 12.756.776m e 12.713.824m nos pólos (raio médio 6.370km).

Densidade – As rochas possuem em média uma densidade de 2,76. No


entanto o valor da densidade global achou-se o valor de 5,527.

Grau Geotérmico – número de metros para elevar a temperatura em 1ºC. O


valor normal é de 30m, variando de 11m para locais com eventos vulcânicos
recentes até 125 m para regiões antigas (Escudo Canadá e África).

Composição da Terra

A Terra se divide em cinco partes. A atmosfera é a cobertura gasosa que


rodeia o corpo sólido do planeta. A litosfera, composta principalmente pela
fria, rígida e rochosa crosta terrestre, estende-se até uma profundidade de
100 km. A hidrosfera é a camada de água que, em forma de oceanos,
cobre 70,8% da superfície da Terra. O manto e o núcleo formam o interior
da Terra e constituem a maior parte de sua massa. Acredita-se que o
núcleo se compõe em grande parte de ferro, com uma pequena
porcentagem de níquel e outros elementos. As temperaturas do núcleo
podem chegar a 6.650°C.

ATMOSFERA - É a capa gasosa que envolve a Terra. É composta por cinco


camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera,
dependendo do gradiente de temperatura da região;

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HIDROSFERA – É formada pela água dos mares e oceanos, cobre a maior


parte da superfície da Terra;

CROSTA - Os continentes, as ilhas e as terras do fundo do mar compõem a


parte externa da crosta terrestre. Sua espessura varia de 5 a 10 km sob os
oceanos e, de 25 a 90 km, nos continentes. É formada por três grandes
grupos de rochas: magmáticas ou ígneas, metamórficas e sedimentares.

MANTO - Camada pastosa com cerca de 2.900 km de espessura. Silício,


alumínio, ferro e magnésio são os elementos químicos predominantes. Sua
temperatura varia de 870º C, junto à crosta, até 2.200º C, junto à parte
externa do núcleo;

NÚCLEO - O núcleo do globo é constituído de ferro e níquel derretidos. Sua


temperatura varia de 2.200º C na parte superior até cerca de 5.000º C nas
regiões mais profundas. Apesar da alta temperatura, a parte central do
núcleo é formada de níquel e ferro em estado sólido – conseqüência da
grande pressão do interior do planeta. O ponto central fica a 6.500 km da
superfície;

Rochas e Minerais

As rochas são agregados naturais de um ou mais minerais. Os minerais são


formados por processos inorgânicos. Podem ser classificados segundo sua
composição química, tipo de cristal, dureza e aparência. Os depósitos de
minerais metálicos de valor econômico e cujos metais são exportados
chamam-se jazidas. Os minerais são elementos ou compostos químicos,
sólidos.

ROCHAS MAGMÁTICAS ou ÍGNEAS – rochas formadas pelo esfriamento e


solidificação de matéria rochosa fundida, conhecida como magma. Quando a
solidificação acontece no interior da crosta originam-se as rochas
magmáticas intrusivas, como o granito. Quando o magma se solidifica na
superfície terrestre, como resultado de erupções vulcânicas, surgem as
rochas magmáticas extrusivas, como o basalto.

Ígnea quer dizer fogo. Representam rochas originadas a partir da fusão de


materiais no interior da crosta da Terra (magma), tanto nos continentes
quanto nos oceanos. O magma pode chegar até a superfície e formar os
vulcões com seus produtos (lava, derrame).

ROCHAS METAMÓRFICAS – Como o nome diz, são rochas produzidas por


metamorfose ou modificação. Esta modificação resulta de novas condições
de: pressão e temperatura sobre uma rocha pré-existente, seja esta
sedimentar, ígnea ou ainda uma metamórfica mais antiga. Nesta situação, os
minerais constituintes dessas rochas sofrem um novo arranjo, de modo que
alguns minerais transformam-se em outros. Ou, ainda, um mesmo mineral é
fundido e depois cristaliza-se novamente. Além das mudanças de
composição, mudanças maiores podem ocorrer nas rochas, sob a ação do
aumento de pressão e temperatura, formando: dobras de tamanho
milimétrico a quilométrico, quando a compressão empurra minerais uns

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sobres os outros, promovendo a deformação da rocha e falhas e fraturas,


quando a rocha não consegue dobrar-se, quebrando-se.

ROCHAS SEDIMENTARES – rochas compostas por materiais


transformados, constituídas pela acumulação e consolidação de matéria
mineral pulverizada, depositada pela ação da água e, em menor quantidade,
do vento ou do gelo.

Muitas vezes, nas rochas sedimentares são encontrados fósseis, que são
restos de partes resistentes (ossos, conchas, folhas, troncos) e marcas
(moldes, rastros) de animais e plantas extintos. Sua formação depende de
condições especiais existentes em alguns locais da Terra (lagos, mares, rios,
cavernas). Os organismos que vivem nestes habitats, ou são para aí
transportados, sofrem soterramento e alterações pelo acúmulo de sedimento,
após a sua morte.

2.3 A Crosta Terrestre

Composição litológica da crosta externa:


Volume Total da Crosta

5%

95% Rocha Ígnea


Superfície da Crosta
Rocha Sedimentar

25%

75%

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A proporção aproximada das rochas que ocorrem na crosta, segundo A.


Poldervaart está resumida na tabela a seguir:

PROPORÇÃO APROXIMADA DAS ROCHAS NA CROSTA

Rocha %

Sedimentos 6,2

Granodioritos, granitos e gnaisses 38,3

Andesito 0,1

Diorito 9,5

Basaltos 45,8

Apesar da existência de uma grande variedade de rochas magmáticas (cerca


de 1.000, 95% das rochas intrusivas pertencem a família dos granitos e
granodioritos que se acham localizadas nos continentes e 95% das rochas
extrusivas são basálticas.

O relevo é formado a partir de agentes internos e externos. Os agentes


internos são as forças do interior da Terra, como o vulcanismo, o tectonismo
e os abalos sísmicos. Os fatores externos são aqueles provocados por
agentes localizados na superfície terrestre, como ventos, chuvas, insolação,
enchentes de rios, marés, animais, vegetação e a ação do homem com obras
como, por exemplo, o represamento de um rio.

2.4 Dinâmica Interna

a) Terremotos
Vibrações produzidas na crosta terrestre quando as rochas que se haviam
tensionado se rompem e saem do lugar, de forma súbita. As vibrações
variam entre as que mal se percebem e as que se tornam catastróficas. No
processo, geram-se seis tipos de ondas de choque. Duas são classificadas
como ondas internas — viajam pelo interior da Terra — e as outras quatro
são ondas superficiais.

Atualmente, reconhecem-se três tipos de terremotos: tectônicos, vulcânicos e


artificiais. Os sismos do primeiro tipo são os mais devastadores e os mais
difíceis de se prever.

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As causas dos terremotos tectônicos são as tensões criadas pelos


movimentos em torno das 12 placas que formam a crosta terrestre. A maioria
dos sismos tectônicos acontecem nas fronteiras destas placas, em zonas
onde uma desliza sobre a outra.

Os terremotos de origem vulcânica podem ser fortes e destrutivos e


anunciam as erupções vulcânicas.

Por outro lado, os seres humanos podem induzir a ocorrência de terremotos


quando realizam determinadas atividades, como detonações subterrâneas de
explosivos atômicos ou o bombeamento de líquidos das profundidades da
Terra.

Os terremotos podem causar muitas perdas de vidas, demolindo edifícios,


pontes e represas. Também provocam deslizamentos de terras.

b) Deriva dos Continentes


Processo de deslocamento da crosta terrestre que provoca mudanças na
posição dos continentes e modifica o relevo da Terra. A primeira Teoria da
Deriva Continental é elaborada pelo geofísico e meteorologista alemão Alfred
Wegener (1880-1930). No livro A Origem dos Continentes e dos Oceanos
(1915), Wegener afirma que as terras do planeta se encontram inicialmente
agrupadas em um único supercontinente - o Pangéia -, que se fragmenta há
cerca de 200 milhões de anos. No entanto, sua hipótese não é confirmada
pelos cientistas da época, porque não explica qual a força que teria
provocado os deslocamentos. Logo após a II Guerra Mundial, em 1947 um
grupo de cientistas do Observatório Geológico de Lamont, nos EUA,
comprova a teoria de Wegener, que é aceita até hoje. Desde a desagregação
do Pangéia, a superfície terrestre encontra-se em movimento contínuo, até
chegar à configuração mais recente dos continentes, que se estabelece há
cerca de 60 milhões de anos. Atualmente, a deriva continua: a América do
Sul, por exemplo, afasta-se da África cerca de 5 cm por ano.

Ao se movimentar, as placas tectônicas se chocam entre si provocando


alterações no relevo e formando as cadeias de montanhas, como o Himalaia
(do choque entre as placas sob a Índia e a Ásia), os Andes e os Alpes,
cadeia do Atlas e as Rochosas.

2.5 Dinâmica Externa


2.5.1 Intemperismo

É o conjunto de processos operantes na superfície terrestre que ocasionam a


decomposição dos minerais das rochas, através da ação de agentes
atmosféricos e biológicos. Diversos são os fenômenos que agem em íntima
correlação nos processos intempéricos. Tais fenômenos podem ser físicos,
químicos e biológicos. Sua ação consiste, pois, na degradação da rocha

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matriz com a conseqüente formação do solo, sendo este o produto final do


intemperismo das rochas.

Principais fatores:

» Clima (temperatura, umidade, precipitação, vento, etc.);

» Topografia;

» Tipo da rocha;

» Cobertura vegetal;

» Tempo.
Embora a crosta terrestre seja formada de rochas, nem sempre elas ocorrem
sob a forma de grandes e contínuos afloramentos. Exceção são as regiões
desérticas ou geladas, onde a degradação superficial da rocha é retardada
ou mesma impedida, devido a falta de água ou a baixa temperatura.
Os seguintes processos atuam no intemperismo:

Desintegração Física: ocorre através de fatores relacionados a variação de


temperatura dos diferentes minerais (coeficiente de dilatação variáveis),
cristalização de sais, congelamento e agentes físico-biológicos.

- A variação do coef. de dilatação dos diferentes minerais que compõem


uma rocha faz com que estes recebam esforços intermitentes durante
séculos e séculos, com o contínuo aquecimento diurno (a superfície da
rocha geralmente é de 1,5 a 2,5 vezes mais que a temperatura da
atmosfera) e resfriamento noturno. Ocorre então a fadiga desses
minerais. As variações de temperatura são gradativamente menores
quanto maior é a profundidade do solo. As variações diárias atingem no
máximo 50 cm, já as anuais atingem no máximo 20m.

MINERAL / ROCHA COEF. DE DILATAÇÃO LINEAR


(micros/m) para aumento de 1ºC
Quartzo 8 a 14

Feldspato 1,5 a 19

Granitos 6 a 22

Arenitos 5 a 20

- A água ao congelar aumenta em 9% o seu volume.

Decomposição Química: devido principalmente a adaptação dos minerais às


novas condições de temperatura e pressão. É caracterizada pela reação
química entre a rocha e soluções aquosas diversas.
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Os seguintes fatores contribuem para a decomposição química: oxidação,


hidrólise e hidratação, ácido carbônico e dissolução.

a) Oxidação (Fe, Mn e S)
b) Hidrólise e Hidratação
KAlSi3O8 + H2O HAlSi3O8 + KOH

+
H2O + CO2 H + HCO3

2KAlSi3O8 + H2CO3 + nH2O K2CO3 + Al2(OH)2Si4O10.nH2O + 2SiO2

2KMg2Fe(OH)2AlSi3O8 + ½ O2 + 10H2CO3 + nH2O

2KHCO3 + 4Mg(HCO3)2 + Fe2O3.nH2O + Al2(OH)2Si4O10.nH2O + 2SiO2 + 2H2O

c) Dissolução
++ =
CaCO3 Ca + CO3

CaCO3 + H2CO3 Ca (HCO3)2

Decomposição Químico-biológica: fungos e bactérias

Processos do Meio Físico segundo as Esferas

ATMOSFERA HIDROSFERA LITOSFERA

Circulação de água no ar Escoamento das águas Endógenos: sismos e


em superfície vulcanismo
Circulação de partículas e Movimentação das águas Exógenos: intemperismo
gases de subsuperfície e movimentos de massa

(15)
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2.5.2 Fenômenos Associados à Risco

ESCORREGAMENTOS
Apresentam como principais características velocidades de deslocamento
médias a altas, mobilizam desde pequenos a grandes volumes de solo, rocha
e detritos, e podem ser planares, circulares e em cunha.

RASTEJO
Apresentam velocidades de deslocamento muito baixas, mobilizam solo,
rocha e depósitos.

QUEDAS
Apresentam velocidades altas, mobilizam principalmente materiais rochosos
e podem ocorrer na forma de rolamento de matacão, tombamentos e quedas
livres de lascas e blocos rochosos.

CORRIDAS
Apresentam velocidades médias a altas, mobilizam grandes volumes de solo,
rocha e detritos, desenvolvem-se ao longo de drenagens com grande raio de
alcance e alto poder de destruição.

(16)
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Características dos Principais Movimentos de Encosta na Dinâmica


Ambiental Brasileira (Augusto Filho, 1992)

PROCESSOS CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO,


MATERIAL E GEOMETRIA

Rastejo (creep) - Vários planos de deslocamento (internos)


- Velocidades muito baixas (cm/ano) a baixas
e decrescentes com a profundidade
- Movimentos constantes, sazonais ou
intermitentes
- Solo, depósito, rocha alterada/fraturada
- Geometria indefinida
Escorregamentos (slides) - Poucos planos de deslocamento
- Velocidades médias (m/h) a altas (m/s)
- Pequenos a grandes volumes de material
- Geometria e materiais variáveis
- Planares (solos pouco espessos
homogêneos e rochas muito fraturadas)
- Circulares (solos espessos homogêneos e
rochas muito fraturadas)
- Em cunha ( solos e rochas com dois planos
de fraquezas)
Quedas (falls) - Sem planos de deslocamento
- Movimentos tipo queda livre ou em plano
inclinado
- Velocidades muito altas (vários m/s)
- Material rochoso
- Pequenos a médios volumes;
- Geometria variável (lascas, blocos, placas,
etc.)
- Rolamento de matacão
- Tombamento
Corridas (flow) - Muitas superfícies de deslocamento
(internas e externas à massa em
movimentação)
- Movimento semelhante ao de um líquido
viscoso
- Desenvolvimento ao longo da drenagem
- Velocidades médias a altas
- Mobilização de solo, rocha, detritos e água
- Grandes volumes de material
- Extenso raio de alcance, mesmo em áreas
planas

(17)
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Agentes e Causas dos Escorregamentos ( Guidicini e Nieble, 1976)

AGENTES CAUSAS

Predisponentes Efetivos Internas Externas Intermediárias


Preparatórios Imediatos
Complexo Pluviosidade, Chuvas Efeito das Mudanças na Elevação do nível
geológico, erosão pela intensas, fusão oscilações geometria do piezométrico,
morfológico, climato- água e vento, do gelo, térmicas, sistema, elevação da coluna
hidrológico, congelamento erosão, redução dos efeitos de d’água em
gravidade, calor e degelo, terremoto, parâmetros de vibrações descontinuidades,
solar, tipo de variação da ondas, vento e resistência por rebaixamento
vegetação temperatura, ação do intemperismo rápido do lençol
dissolução homem freático. Erosão
química, subterrânea
oscilação do retrogressiva
freático, ação (piping), diminuição
de animais e do efeito de coesão
antrópica aparente

AFUNDAMENTOS CÁRSTICOS
São afundamentos de terreno que têm como condicionante principal a
presença de um substrato rochoso carbonático, que é submetido à
dissolução por circulação de água de subsuperfície. Essa dissolução resulta
na formação de cavernas subterrâneas, que podem desencadear
afundamentos na superfície do terreno.
A presença de coberturas de material inconsolidado tende a aumentar o
significado geoténico desse processo. Isso se deve à ampliação física da
área em afundamento, além do próprio mascaramento dos corpos
carbonáticos, produzindo até mesmo terrenos de topografia mais suave em
relação ao entorno e, conseqüentemente, podendo atrair usos mais
intensivos.
O afundamento pode se desenvolver de maneira natural, ou ser acelerado -
ou deflagrado - por ações próprias do uso do solo, principalmente aquelas
que resultam em alterações na dinâmica e nas características da circulação
das águas subterrâneas, como a exploração dessas águas.

COLAPSO DO SOLO
Esse processo consiste no abatimento, mais ou menos rápido, do terreno por
adensamento do solo, a partir do colapso de sua estrutura sob saturação,
sem haver necessariamente aumento de cargas aplicadas em superfície.
Em áreas urbanas, o processo pode ser agravado pela concentração de
água a partir de vazamentos dos sistemas de saneamento e de distribuição
de água. No primeiro caso, o problema se agrava quando os efluentes
lançados nas redes de esgoto são corrosivos ao material da própria
tubulação e reagentes do solo, como no caso de dispersantes de argila
usados na lavagem de vasilhames em fábricas de bebidas.

(18)
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EXPANSÃO DE SOLO
Os problemas ligados à variação volumétrica dos solos pela presença de
argilo-minerais expansivos ocorrem, quase exclusivamente, como
conseqüência das alterações introduzidas pelo próprio uso. Tais alterações
resultam na exposição de rocha/solo de alteração a ciclos de umedecimento
e ressecamento, em taludes de corte e áreas terraplenadas, gerando um
fenômeno também denominado empastilhamento.
As áreas onde tal fenômeno ocorre correspondem a formações geológicas,
onde predominam litologias com presença significativa de argilo-minerais
expansivos. Foram consideradas como tal: Formação Corumbataí/Estrada
Nova, na Bacia do Paraná; Formação Tremembé e parte da Formação
Caçapava, na Bacia de Taubaté, concentrando-se na Depressão Periférica.
Outras formações geológicas podem conter litologias com essas
características, mas com menor expressão e não diferenciadas das demais,
como é o caso de parte da Formação Itararé, na Bacia do Paraná.
Parte significativa dos problemas gerados pela expansão/contração do solo
ou da rocha está associada à abertura de estradas (instabilização de taludes
por desagregação superficial ou empastilhamento), que conta normalmente
com investigações geotécnicas específicas considerando esse aspecto.
Entretanto, tal consideração dificilmente ocorre em relação aos problemas de
fundação, cujo processo pode se desenvolver associado a edificações e
outras obras civis, caso os terrenos com argilo-minerais expansivos sejam
expostos a ciclos de umedecimento/ressecamento, promovendo a
danificação das estruturas das obras executadas por fundação direta nesses
locais.
As recomendações mais importantes para a ocupação dessas áreas referem-
se aos cuidados a ser tomados durante a execução de terraplenagens,
quando ocorre a exposição desses materiais a intempéries, e às técnicas
adequadas de fundação das edificações nesses terrenos.

RECALQUE DE SOLOS MOLES


Esse processo tem como condicionante principal a ocorrência de argilas
orgânicas moles em subsuperfície. Por serem não-consolidadas, contêm
grande quantidade de água em seus vazios. A água, ao ser expulsa, quer por
processos naturais de consolidação, devido ao próprio peso das camadas
sobrejacentes, quer por indução, drenagem e sobrecargas, leva ao
adensamento das argilas. A redução do volume dos sedimentos reflete em
recalques na superfície e nas estruturas fundadas nesses materiais, como os
aterros, pavimentos ou fundações de edificações e estradas.
Esses sedimentos distribuem-se principalmente na planície litorânea, onde
se observa, como em Santos, por exemplo, prédios inclinados em
conseqüência de recalque de solos moles encontrados em subsuperfície.
Outras áreas bastante propícias à ocorrência do problema são as planícies
aluviais.

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EROSÃO
No Brasil, sobretudo nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, o processo de erosão resulta
predominantemente da ação das chuvas (erosão pluvial), responsáveis pela
desagregação das partículas das camadas de solo que recobrem as rochas.
Essas partículas, por sua vez, são carregadas pela enxurrada.
O histórico da ocupação do estado de São Paulo incluiu, de início, o
desmatamento, a primeira intervenção antrópica que gerou desequilíbrio das
condições naturais. Posteriormente, iniciou-se a ocupação do território,
seguida pelo cultivo intenso da terra, pela instalação de rodovias e ferrovias,
pelo surgimento dos núcleos urbanos. Hoje, o estado vem sendo marcado
por um expressivo processo de expansão urbana. Todas essas alterações,
sobretudo quando realizadas de modo inadequado, constituem fatores
decisivos para a deflagração e a aceleração dos processos erosivos.
Erosão é o processo de desagregação e remoção de partículas de solo
ou fragmentos e partículas de rochas, pela ação combinada da
gravidade com a água, vento, gelo e/ou organismos (plantas e animais).
(IPT, 1986)
A erosão pode ser natural ou geológica, quando se desenvolve em
condições de equilíbrio com a formação do solo; acelerada ou antrópica,
quando a intensidade de sua formação/evolução é superior à do solo, não
permitindo a sua recuperação natural.
A erosão acelerada pode ser de dois tipos: laminar (ou em lençol), quando
provocada por escoamento difuso das águas das chuvas, resultando na
remoção progressiva dos horizontes superficiais do solo; ou linear, quando
provocada pela concentração das linhas de fluxo das águas de escoamento
superficial (enxurrada), resultando incisões na superfície do terreno.
A ação da erosão laminar é de percepção difícil mas muito prejudicial à
agricultura, pois junto com as partículas da superfície do solo são carreados
nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas, expondo as raízes
mais superficiais e deixando o solo com baixa fertilidade, o que provoca a
queda da produção rural. O controle da erosão laminar é feito por meio de
práticas de conservação do solo tais como rotação de culturas, terraços etc.
As principais feições que caracterizam a erosão linear são: sulcos, calhas,
ravinas e boçorocas.
Os sulcos e calhas apresentam uma profundidade inferior a 50 centímetros
e podem ser mais facilmente corrigidos pelo manejo do solo.
As ravinas são formadas apenas pelo escoamento superficial concentrado
de água, onde atuam mecanismos de desprendimento de material dos
taludes laterais, que geram o alargamento da feição erosiva.
As boçorocas são feições geralmente ramificadas que combinam a ação do
escoamento superficial à ação das águas de subsuperfície, proporcionando a
aceleração e a complexidade do processo. A ação da água subterrânea
ocorre pelo fenômeno do “piping” (erosão interna que remove as partículas
do interior do solo, formando “tubos” vazios que provocam colapsos e
escorregamentos laterais na parede da boçoroca, promovendo o seu
alargamento contínuo).
As ravinas e as boçorocas são as feições mais expressivas do processo
erosivo, que se desenvolvem em áreas urbanas e rurais. São importantes

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fontes de produção de sedimentos e também servem como canais de


transporte desses sedimentos. Quando ocorrem em áreas urbanas,
provocam sérios impactos, como a destruição de infra-estrutura urbana
(moradias e equipamentos públicos tais como rede viária, postes etc.),
expondo a população a situações de risco, e o assoreamento de canais
fluviais e reservatórios de abastecimento urbano.
O controle dos processos erosivos lineares de médio a grande porte, sejam
eles ravinas ou boçorocas, envolve obras de alto custo e complexas de
drenagem superficial e subsuperficial, além de obras de estabilização dos
taludes.

ASSOREAMENTO
O assoreamento é um processo de deposição sedimentar acelerada que
ocorre em corpos d'água de diversas naturezas, como córregos, rios, lagos,
estuários e ambientes praiais. Sua ocorrência já denota um desequilíbrio
entre a produção de sedimentos de uma bacia e a capacidade
transportadora de sua rede de drenagem.
Em ambientes continentais, o assoreamento pode ser resultado de uma alta
produção sedimentar de uma bacia hidrográfica, devido à eficiência dos
processos erosivos que se instalam em função da alta suscetibilidade de
seus terrenos e/ou dos impactos das formas de uso do solo (expansão
urbana desordenada, utilização agrícola inadequada, desmatamentos, obras
que provocam escoamento concentrado das águas pluviais etc.). É também
muito freqüente ocorrer em áreas de remanso de lagos e reservatórios, na
forma de deltas arenosos, que por sua vez auxiliam na retenção dos
sedimentos vindos de montante. Os materiais argilosos são transportados
mais facilmente para o interior dos lagos, sendo os primeiros a atingir a
tomada d'água nos reservatórios.
Em ambientes costeiros, o assoreamento pode ser fruto de um excesso
material sedimentar despejado no mar, em estuários e baías fechadas que
não conseguem dispersá-lo ao longo das correntes oceânicas; como pode
ser resultado de processos erosivos na própria costa, com carreamento e
deposição de material que depende dos vetores resultantes das correntes
marinhas.
São inúmeros os impactos ambientais causados pelo assoreamento, entre
eles a diminuição do volume e da vida útil de reservatórios, a abrasão de
turbinas em hidroelétricas, problemas de regularização de curso d'água em
reservatórios de controle de cheias, diminuição do calado para navegação
em rios, portos e hidrovias, enchentes em áreas urbanas, erosão de margens
de rios e praias, impactos na limnologia das águas aumentando a
eutrofização, perda da eficiência de obras hidráulicas e da drenagem urbana,
além de prejuízos ao lazer.
As medidas corretivas e preventivas do assoreamento requerem estudos
específicos, considerando-se a dinâmica sedimentar desde as áreas fonte
até as áreas de deposição. Esses estudos devem contemplar amostragens
diretas (testemunhagens) e indiretas (geofísica) e ensaios laboratoriais, além
da caracterização qualitativa e quantitativa dos depósitos. As medidas
preventivas pressupõem o controle e a prevenção da erosão nas áreas de

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produção de sedimentos e as corretivas, como dragagens, aproveitamento


mineral dos depósitos e obras hidráulicas específicas.

3. MINERAIS

Definição: Mineral é uma substância sólida natural, inorgânica e homogênea,


que possui composição química definida e estrutura atômica característica.
Um ou mais elementos químicos podem constituir os minerais. Os minerais
geralmente formados por apenas um elemento, são geralmente elementos
nativos (cobre, ouro, enxofre, etc.).

Alguns minerais são amorfos e não tem forma própria, sendo que os minerais
não amorfos formam os cristais, que são corpos com formas geométricas,
limitadas por faces, arranjadas de maneira regular e relacionadas com a
orientação da estrutura atômica.

Os minerais podem apresentar polimorfismo, que indicam uma mesma


composição química, mas com estrutura cristalina e consequentemente,
propriedades físicas distintas (diamante e grafita). Algumas vezes
apresentam isomorfismo, fenômeno apresentado por substâncias que
possuem estrutura cristalina semelhante e composição química distinta
(plagioclásio).

3.1 Propriedades Físicas

 Estrutura

 Brilho (metálico, vítreo, resinoso ou graxo, sedoso, perláceo, adamantino,


fosco, etc.)

 Cor

 Traço

 Clivagem (perfeita, boa, distinta e imperfeita)

 Fratura, para aqueles minerais que não apresentam clivagem (irregular ou


concóide);

 Dureza (escala de Mohs)

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ESCALA DE MINERAIS COMPOSIÇÃO REFERÊNCIAS RELATIVAS


DUREZA PADRÃO QUÍMICA
1 Talco Mg3SiO4(OH)2 Riscam-se com a unha
2 Gipsita CaSO4.2H2O
3 Calcita CaCO3 Risca-se com objeto de cobre
4 Fluorita CaF2 Riscam-se com o canivete ou com o
5 Apatita Ca5(PO4)3(F,Cl,OH) canto do vidro
6 Ortoclásio KAlSi3O8 Risca o vidro com dificuldade
7 Quartzo SiO2 Riscam o vidro
8 Topázio Al2SiO4(OH,F)2
9 Córindon Al2O3 Riscam o vidro com facilidade
10 Diamante C

 Tenacidade

 Magnetismo

 Peso Específico
Peso Específico = Par
Par - P imerso água

Par – Peso do mineral no ar


P imerso água – Peso do mineral imerso na água

3.2 Principais Minerais Formadores de Rocha

Na formação dos minerais, três fatores são importantes: pressão,


temperatura e disponibilidade de material químico.

De um modo geral, existem aproximadamente 2.000 minerais estudados e


classificados, apesar de poucos representarem os que formam as rochas.

Assim, os feldspatos perfazem cerca de 60% da totalidade dos minerais,


depois seguem-se os anfibólios e piroxênios 17%, seguidos pelo quartzo
(12%) e as micas (4%).

Durante o processo de diferenciação geoquímica da terra, dez elementos se


concentraram na crosta e formam a grande maioria dos minerais. São eles:

Oxigênio (46,6%)

Silício (28,2%)

Alumínio (8,2%)

Ferro (5,6%)

Cálcio (4,2%)

Outros (Na, K, Mg, Ti, P)

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A classificação dos minerais é baseada em sua composição química, sendo


o principal grupo formado pelos silicatos.

3.1. – Silicatos

Os silicatos, estruturalmente, apresentam o íon Si+4 situado entre quatro íons


de O-2 compondo um arranjo tetraédrico (SiO4) -4, o alumínio, como também o
ferro e o magnésio substituem a sílica neste arranjo. O restante das
estruturas dos silicatos é formada por outros cátions de outros elementos
comuns (Na, K, Ca, etc.), moléculas de água e íons hidroxila.

Os silicatos são subdivididos em subclasses conforme o tipo de ligação entre


as estruturas tetraédricas.

a) Nesossilicatos
–4
São silicatos que contém tetraedros (SiO4) Independentes, ligados por
cátions de Fe, Mg, etc.

Principais exemplos: olivina e minerais acessórios (granada, titanita e zircão)

b) Inossilicatos

Contém unidades tetraédricas ligadas por oxigênio em comum, formando


cadeias simples e compostas. Por causa disso, o hábito destes minerais é
em geral alongado, do tipo prismático.

Principais exemplos: piroxênios e anfibólios

c) Filossilicatos

Os minerais desta classe são hidratados e suas unidades tetraédricas se


dispõem em folhas, onde cada tetraedro e ligado a outros três por oxigênios
em comum. O hábito destes minerais é foliáceo.

Principais exemplos: micas (biotita e muscovita) e argilominerais

d) Tectossilicatos

Apresentam tetraedros ligados entre si por oxigênios em comum, resultando


em uma estrutura tridimensional.

Principais exemplos: feldspato, quartzo, feldspatóides e zeólitas.

3.2. – Não - silicatos

a) Elementos Nativos

Compreende qualquer elemento, na sua forma não combinada, encontrado


na natureza (grafita).

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b) Sulfetos

Como exemplo podemos citar a pirita.

c) Óxidos e Hidróxidos

Nestes minerais os ânions O-2 ou OH- se ligam a um ou mais metais. São


exemplos: magnetita, hematita, ilmenita, limonita e goethita, bauxita e
pirolusita.

d) Carbonatos

São caracterizados pelo ânion (CO3)-2. A calcita e a dolomita são os


principais representantes.

e) Halóides

São minerais caracterizados pela presença de um ânion de um elemento


halogênico. O mais comum é o NaCl (halita).

f) Sulfatos

Caracterizam-se pela presença do ânion (SO4)-2, sendo o mais comum o


gipso.

4. ROCHAS

Definição: Agregado natural formado por um ou mais minerais, que constitui


uma parte essencial da crosta terrestre. São divididas em três
grandes grupos:

- Magmáticas ou ígneas;
- Sedimentares;
- Metamórficas.

4.1 . Rochas Ígneas

Definição: Provêm da consolidação do magma, portanto diz-se que tem


origem primária, pois delas se derivam, por vários processos as
rochas sedimentares e metamórficas.

(25)
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Uma rocha magmática expressa as condições geológicas em que se formou


através da análise de sua textura, composição mineralógica e composição
química.

Textura: engloba os aspectos descritivos da rocha, relativos ao grau de


cristalização, tamanho e forma dos grãos minerais, relações mútuas
entre eles.

GRAU DE CRISTALIZAÇÃO

Holocristalina Inteiramente constituída por cristais (lentamente resfriada)

Hipocristalina Constituída por vidro e cristais

Holohialinas Constituída por vidro (rapidamente resfriada)

FORMA

Euédrico (idiomórfico) Mineral completamente limitado por suas faces cristalinas

Subédrico (hipidiomórfico) Mineral parcialmente limitado por suas faces cristalinas

Anédrico (xenomórfico) Mineral que não apresenta faces cristalinas

CRISTALINIDADE

Fanerítica Cristais individuais visíveis a olho nu

Afanítica Cristais invisíveis a olho nu. Microcristalina Cristais reconhecidos ao


Podem ter vidro ou ser microscópio
totalmente cristalinas
Criptocristalina Cristais não
reconhecidos ao
microscópio

TEXTURA

Granular Rocha holocristalina, com os minerais constituintes aproximadamente


eqüidimensionais.

Ineqüigranular Rochas apresentando cristais de diferentes tamanhos

Porfirítica Rocha apresentando cristais maiores (fenocristais), dispersos em uma


matriz uniformemente mais fina

Poiquilítica Rocha apresentando cristais relativamente maiores de determinado


mineral, que engloba cristais menores

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GRANULAÇÃO TAMANHO (mm)


Muito Grossa > 60 (> 30)
Grossa 2 – 60 (5 – 30)
Média 0,06 – 2 (1 – 30)
Fina 0,002 – 0,06 (< 1)
Muito Fina < 0,002
(IAEG, 1981)

Composição Mineralógica:
- minerais essenciais – normalmente são apenas 2 ou 3 ( feldspato, quartzo,
anfibólio - piroxênio, olivina, muscovita, biotita e
nefelina)
- minerais acessórios – granada, zircão, etc.

Em função da presença de minerais claros e escuros podem classificar-se


em:
- leucocrática (ricas em minerais claros com menos de 30% de minerais
escuros);
- mesocrática (30 a 60% de minerais escuros);
- melanocrática (mais de 60% de minerais escuros).

Composição Química:
Em função do teor de SiO2 (quartzo + silicatos) as rochas magmáticas
classificam-se em:
- ácidas (> 65% SiO2);
- neutras (65 a 52% SiO2);
- básicas (52 a 45% SiO2);
- ultrabásicas (< 45% SiO2).

Classificação de Rochas Ígneas


CLASSIFICAÇÃO TEOR DE SIO2 CLASSIFICAÇÃO PETROGRÁFICA /
QUÍMICA GRANULOMÉTRICA
Ácidas > 65% Granito (>0,06mm) e riolito (<0,06mm)

Intermediárias 65 – 52% Diorito (>0,06mm) e andesito (<0,06mm)

Básicas 52 – 45% Gabro (>2mm), diabásio (2-0,06mm) e basalto (<0,06mm)

Ultrabásicas < 45% Peridotito e piroxenito

Formas de Ocorrência
(27)
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- rocha intrusiva / plutônica / abissais

- rocha extrusiva / vulcânica / efusivas


- hipoabissais
- (pegmatitos e aplitos)

4.1.1 Principais Rochas Magmáticas

ROCHA ESTRUTURA TEXTURA COR MINERAIS


ESSENCIAIS
Granito maciça Granular fina a Cinza a rosa- Quartzo (20-30%),
(ácidas) grossa avermelhada plagioclásio+
P (granular, feldspato potássico
L menos (50-70%) e (biotita
U freqüente /hornblenda – 5 a
T porfirítica) 25%)
Ô Diorito maciça Granular fina a Cinza-escura Plagioclásio, biotita,
NI (intermed.) grossa (mesocrático) hornblenda (quartzo
C (fanerítica) (<10%), feldspato
A potássico)
S Sienito / maciça Granular fina a Esbranquiçada, Feldspato potássico
Nefelina grossa rosa a marrom- (biotita / hornblenda,
Sienito avermelhada quartzo <10%)
(leucocrático)
Gabro / maciça Granular Cinza-escura Plagioclásio cálcico
Diabásio grossa preta (45-65%), augita
fina a média (mesocrático) (25-45%) e opacos
Peridotito / maciça Granular fina a Preta, Olivina / piroxênio
Piroxenito grossa esverdeada
(melanocrático)
Riolito Maciça / Granular cripto Cinza a rosada Quartzo,
vesículo- a plagioclásio,
V amigdaloidal microcristalina feldspato potássico
U (porfirítica) (biotita / hornblenda)
L Andesito Maciça Porfirítica Cinza-escuro / Plagioclásio, biotita,
C marrom- hornblenda (quartzo,
 esverdeada feldspato potássico)
NI (mesocrático)
C Traquito Maciça Porfirítica Cinza a verde Feldspato potássico
A escuro (biotita / hornblenda)
S (leucocrático)
Fonolito Porfirítica (mesocrático) (nefelina / sodalita)

Basalto Maciça / Afanítica Cinza-escuro a Plagioclásio cálcico


vesículo- microgranular preta (35-50%), augita
amigdaloidal (20-40%) e opacos
(5-15%)
(IAEG, 1981)

(28)
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4.1.2 Principais Características Geotécnicas


- São as que apresentam melhor comportamento geomecânico;
- São as mais utilizadas em construção civil;
- Algumas são importantes matérias-primas industriais;
- Rochas plutônicas têm resistências mecânicas altas (homogeneidade,
forte coesão dos minerais e granulação mais grossa);
- Rochas vulcânicas maiores resistências que as plutônicas quando
compactas (cuidado especial com vesículas ou amígdalas);
- Grande quantidade de quartzo aumentam a resistência mecânica porém
aumentam a abrasividade;
- Os granitos devido a sua homogeneidade, isotropia, elevadas
resistências a compressão e alteração, baixa porosidade, etc., favorecem
seu uso em obras civis tanto em fundações, como em material para
construção. Sua aparência contribui para o uso como rocha ornamental;
- Granito:
- Presença ocasional de juntas de alívio próximo à superfície
(até 20 – 30 metros);
- Perfil de Intemperismo sequencial característico;
- Cuidados com zonas de alteração hidrotermal;
- Alteração dos feldspatos para caulinita (saibro).
- Vulcânicas:
- Complexidade geológica;
- Presença de fraturas de resfriamento sub-verticais;
- Presença freqüente de minerais expansivos;
- Canais e ou vales soterrados;
- Vazios e túneis;
- Presença de intertraps.
- Sienitos:
- Rochas ornamentais (sodalita sienito – Azul Bahia);
- Processos intempéricos e lixiviação levam a formação de
bauxita.
- Basaltos:
- Usos como pedra britada, em agregados asfálticos e lastros
para ferrovias;
- Presença de montmorilonita (mineral de alteração) leva a
rápida desagregação para ciclos de umidade e secagem.

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4.2 . Rochas Sedimentares

Definição: São aquelas formadas a partir de material originado da destruição


erosiva de qualquer tipo de rocha. Material que deverá ser
transportado e posteriormente depositado ou precipitado em um
dos muitos ambientes de sedimentação da superfície terrestre.
As rochas sedimentares são geralmente classificadas conforme sua origem
em:
- Detríticas;
- Químicas;
- Bioquímicas.

Rochas Detríticas
Uma rocha sedimentar detrítica típica consiste em uma fração principal
formada por clastos e uma fração secundária de caráter químico, que
preenche os espaços intersticiais e serve para manter unidas as partículas. A
fração principal é proveniente de algum processo erosivo e é levada ao local
de deposição por algum agente de transporte.
Durante o transporte e a deposição certos grãos da mistura original são
selecionados e outros acrescidos, dando como produto final uma mistura de
partículas cujas dimensões podem variar entre grandes limites (mal
selecionados) ou estarem muito restritas (bem selecionadas).
Estas relações entre os tamanhos, formas e disposição entre as partículas,
chamada de textura, caracteriza o ambiente de transporte e deposição, além
da fonte de material.
Assim, a textura e as estruturas primárias (estratificação cruzada, marcas
onduladas, gretas de contração, marcas de sola, estratificação gradativa,
etc.), originadas durante a deposição dos sedimentos, além da presença de
fósseis e as relações estratigráficas imprimirão nas rochas sedimentares
as principais características dos ambientes de deposição.
Os principais componentes das rochas detríticas são: clastos, matriz e
cimento.
Clastos: fragmentos de rochas e grãos minerais;
Matriz: de granulometria mais fina localizada entre os clastos;
Cimento: une os grãos e matriz, sendo determinante para uma maior
ou menor resistência mecânica da rocha.
Estas rochas se formam a partir dos processos que compõem o ciclo
sedimentar: o intemperismo, a erosão, o transporte, a deposição e a
litificação.

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CICLO SEDIMENTAR

ROCHA ÍGNEA OU
MAGMÁTICA
ROCHA SEDIMENTAR
ROCHA METAMÓRFICA

INTEMPERISMO Físico (temperatura)


Químico (hidrólise)
P

R EROSÃO

O Água
Vento
TRANSPORTE Gelo
C

E
SEDIMENTO

S
Aparecimento das
S estruturas
DEPOSIÇÃO sedimentares
(acamamento)
O

S Cimentação
LITIFICAÇÃO Compactação
Recristalização

ROCHA SEDIMENTAR

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4.2.1 Formas de Ocorrência


As rochas sedimentares constituem apenas 5% do volume da crosta
conhecida, no entanto correspondem a 75% das áreas de afloramentos.
Apesar de sua espessura variar de zero até 12,8km, a média alcançaria
cerca de 2,2km nas superfícies continentais.
Dos muitos tipos de rochas sedimentares conhecidas, somente poucas são
comuns, sendo que 99% destas rochas são constituídas por três tipos
principais: argilitos/siltitos/folhelhos (42%), arenitos (40%) e calcários (18%),
segundo Krynine (1948).

4.2.2 Principais Rochas Sedimentares


DETRÍTICAS
- Conglomerado;
- Arenito;
- Siltito;
- Argilito / Folhelho;
- Calcário (acumulação fragmentos ou grãos carbonáticos).
Escala de Classificação Granulométrica dos Sedimentos Detríticos

TAMANHO CLASSE SEDIMENTO ROCHA


LIMITE DA
CLASSE A B C
(mm)

> 256 Bloco

256 – 64 Pedra Cascalho Conglomerado Psefito Rudito


ou Brecha
64 – 4 Seixo
(>25% ->2mm)
4–2 Grânulo

2–1 Areia muito


grossa

1 – 0,5 Areia grossa


Areia Arenito Psamito Arenito
0,5 – 0,25 Areia média
(>50% - 2 a
0,25 – 0,125 Areia Fina 0,06mm)

0,125 – 0,06 Areia muito


fina

0,06 – 0,004 Silte Silte Siltito Pelito Lutito

< 0,004 Argila Argila Argilito

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QUÍMICAS E BIOQUÍMICAS
- Calcário (química e bioquímica);
- Dolomito (química inorgânica);
- Evaporitos (química inorgânica);
- Carvão (bioquímica)
Classificação Mineralógica e Granulométrica das Rochas Carbonáticas
Sedimentares

CLASSIFICAÇÃO DOLOMITA CLASSIFICAÇÃO TAMANHO DOS


MINERALÓGICA (%) GRANULOMÉTRICA (IAEG, 1981) GRÃOS (mm)

Calcário 0 – 10 Calcirudito >2

Calcário dolomítico 10 – 50 Calcarenito 0,06 – 2

Dolomito calcítico 50 – 90 Calcissiltito 0,002 – 0,06

Dolomito 90 - 100 Calcilutito < 0,002

4.2.3 Principais Características Geotécnicas


- Geralmente presença de estruturas originadas durante o processo de
deposição (acamamento).
ARENITOS:
- Influência da Cimentação:
- Quartzo (mais resistência – comportamento frágil);
- Carbonatos (solubilização);
- Argilominerais (menos resistentes);
- Minerais evaporíticos (fluência com o tempo).
- Tendência a comportamento frágil;
- Importante reservatório de água e hidrocarbonetos;
- Presença de intercalações de argilito e siltito (principal/e inclinados e com
água) – dificuldade de recuperação de amostras;
- Não apresenta um perfil de alteração típico;
- Presença de níveis de água suspenso, quando da ocorrência de
intercalações de argilito e folhelhos.
PELITOS (SILTITOS, ARGILITOS E FOLHELHOS):
- Um dos materiais mais críticos do ponto de vista geotécnico;
- Susceptibilidade à desagregação (slaking) – presença de minerais
argilosos expansivos e pirita;
- Baixa resistência paralela ao acamamento;
- Folhelhos escuros de grande importância como rochas geradoras de
hidrocarbonetos;
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- Alta deformabilidade, principalmente quando alterados;


- Susceptibilidade à expansão (montmorilonita/ilita e pirita).
CARBONATOS:
- Solubilidade (cavernas) em meio ácido;
- Efeitos de solubilidade no passado (dolinas);
- Presença de finas camadas de argila;
- Cavernas preenchidas por argila não adensada;
- Perfil de Intemperismo bastante característico;
- Ocorrência restrita;
- Utilização como material de construção (brita e pedra de mão);
- Obtenção de cal, utilização como corretivo de solo e indústria de cimento;
- Resistência e deformabilidade bastante variável.
EVAPORITOS (halita, karnalita, silvinita e taquidrita):
- Solubilidade;
- Variação de umidade causa variação volumétrica;
- Resistência e deformabilidade variam em função da umidade;
- Baixa permeabilidade.
CARVÃO:
- Importantes depósitos de valor econômico.

4.3 . Rochas Metamórficas

Definição: tanto as rochas magmáticas como as sedimentares podem ser


levadas por processos geológicos a condições diferentes daquelas
nas quais se formou a rocha. Estas condições podem determinar a
instabilidade dos minerais preexistentes, estáveis nas condições
em que forma formados. Estas rochas sofrem transformações sob
a ação das novas condições de temperatura, pressão, presença
de voláteis e fortes atritos.

As rochas metamórficas constituem cerca de 15% da crosta terrestre e são


produtos resultantes de condições intermediárias entre aquelas das rochas
ígneas e sedimentares.

Processos:

- recristalização dos minerais preexistentes


- formação de novos minerais
- deformação mecânicas nos minerais
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- textura orientada

Estima-se que, no metamorfismo, a pressão varie de 200 a 1000MPa e a


temperatura atinja até 800ºC.
Dependendo do ambiente geológico e da extensão geográfica onde ocorram
estas transformações, o metamorfismo pode ser classificado em: local,
regional ou dinâmico.
O metamorfismo local ou de contato ocorre quase que exclusivamente
pela ação do aquecimento de rochas ígneas, sedimentares ou metamórficas,
ao redor de intrusões ígneas ou abaixo de derrames espessos. São em geral
maciças e não foliadas. (Exemplos: serpentinito e esteatito)
O metamorfismo regional está associado a grandes áreas e geralmente
ligados a formação de cinturões orogênicos (formação de montanhas). São
atingidas temperaturas da ordem de 700 e possivelmente 800ºC. (Exemplos:
ardósias, filitos, xistos, gnaisses, migmatitos, mármores e quatzitos)
Metamorfismo dinâmico é aquele que ocorre ao longo de zonas de
cisalhamento, onde predomina processos relacionados a deformação
mecânica que origina uma redução na granulação e recristalização
subseqüente. (Exemplo: milonito)

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4.3.1. Principais Rochas Metamórficas

ROCHA ESTRUTURA COR TIPO MINERAIS


METAMORFISMO ESSENCIAIS

Ardósia Clivagem Tons de cinza ou Regional Sericita,


ardosiana marrom quartzo

Filito Xistosidade Tons de cinza ou Regional Sericita,


marrom quartzo

Xisto Xistosidade Tons de cinza ou Regional Micas, quartzo


marrom

Gnaisse Gnáissica Tons de cinza Regional Feldspatos,


por vezes róseo quartzo, biotita
e/ou
hornblenda

Migmatito Migmatítica Tons de cinza Regional Feldspatos,


por vezes róseo quartzo, biotita
e/ou
hornblenda

Milonito Milonítica Tons de cinza Dinâmico Variada

Hornfels Maciça Variada Contato Variada

Quartzito Maciça ou Branca, com Regional Quartzo e


foliada tons róseos ou sericita
verde

Mármore Maciça Cinza a Branca, Regional Calcita e ou


com tons róseos dolomita
ou verde

Anfibolito Maciça ou Verde escura a Regional Hornblenda e


foliada preta plagioclásio

Serpentinito Maciça Verde ou Contato Serpentina


marrom

Esteatito Maciça Cinza ou marrom Contato Talco

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4.3.2 Principais Características Geotécnicas

- Anisotropia – as características geotécnicas variam extremamente em


função da direção da anisotropia (xistosidade);
- Complexidade estrutural (maior número de sondagens);
- Zonas de baixa resistência ( xistosidade);
- A resistência é função do ângulo da xistosidade;
- Presença de Falhas e ou zonas fraturadas;
- Alterabilidade;
- Quanto maior o grau de metamorfismo maior a resistência da rocha e
melhores as características geotécnicas;

FILITO /XISTOS Altera-se facilmente;


Geralmente expansíveis;
Não são utilizadas como materiais de construção
GNAISSE/MIGMATITO Resistentes e adequadas a maioria dos propósitos da engenharia
desde que não alterados ou possuidoras de planos de foliação em
quantidades que venham a configurar descontinuidades ou planos
propícios a escorregamentos;
Ótimo agregado;
Ótimo como fundação;
Presença de juntas de alívio, próximo à superfície.
QUARTZITO Muito pouco susceptível a erosão e intemperismo;
Deformabilidade adequada;
Muito duro, com altas resistências à britagem e ao corte de serras
diamantadas;
Quando da presença de micas são utilizados como revestimentos
(pedra mineira);
Como agregado, problemas de sílica amorfa.

SERPENTINITO Fontes de amianto


ESTEATITO Apresentam baixa dureza e resistência mecânica.
ARDÓSIA Favorece a escorregamento e outros processos;
Sua fissibilidade permite a retirada de placas para revestimento de
pisos e telhados em climas frios.
MÁRMORE Características físico-mecânicas semelhantes ás dos calcários;
Muito utilizados como revestimentos de pisos e paredes.
MILONITOS Baixa qualidade físico-mecânica;
Muito sujeitas ao intemperismo

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