Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESPOSTAS
SOBRE O MANEJO
DO GREENING
Elaborado por:
1ª edição
Araraquara (SP)
Fundecitrus
2023
SUMÁRIO
PLANTAS HOSPEDEIRAS E BIOLOGIA DO PSILÍDEO •••••••••••••••••••••• 4
HÁBITO E DISPERSÃO DO PSILÍDEO •••••••••••••••••••••••••••••••••••• 5
AQUISIÇÃO E TRASMISSÃO DA BACTÉRIA PELO PSILÍDEO •••••••••••••••• 6
FATORES RELACIONADOS À BROTAÇÃO •••••••••••••••••••••••••••••••• 8
COMO O CLIMA INTERFERE NA BACTÉRIA ••••••••••••••••••••••••••••• 10
MONITORAMENTO DO PSILÍDEO •••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 11
CONTROLE QUÍMICO •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 12
Pulverização ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 12
Qualidade do controle do psilídeo ••••••••••••••••••••••••••••••••••• 14
Inseticida sistêmico ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 14
Rotação de inseticidas •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 15
OUTROS MÉTODOS PARA O CONTROLE DO PSILÍDEO •••••••••••••••••• 17
Óleo mineral ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 17
Bioinseticida ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 17
Caulim •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 18
Planta-isca •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 18
AÇÃO EXTERNA •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 20
PLANTAS HOSPEDEIRAS E
BIOLOGIA DO PSILÍDEO
1) Quais espécies são hospedeiras são da ninfa é de aproximadamente qua-
do psilídeo? tro dias. As ninfas recém-eclodidas levam
Os hospedeiros do psilídeo no Estado aproximadamente seis dias para comple-
de São Paulo são todas as espécies de tar os três primeiros ínstares, e aproxima-
citros (laranja, limão, lima ácida, tangerina, damente mais oito dias para completar
etc.), murta, curry e swinglea. os dois últimos ínstares (4º e 5º ínstares).
Ressalta-se que a temperatura é um dos
2) Qual o local de preferência do fatores que mais influenciam na duração
psilídeo na planta? do ciclo de vida dos psilídeos. Tempera-
O psilídeo tende a se concentrar na turas de 25 ºC são ideais para o seu de-
parte externa e terço superior da copa senvolvimento, sendo que temperaturas
das plantas de citros. As brotações são mais altas ou baixas podem reduzir ou
as estruturas vegetais preferidas para ali- aumentar, respectivamente, a duração do
mentação, acasalamento e oviposição. ciclo de vida deste inseto. Temperaturas
No entanto, os psilídeos adultos podem abaixo de 12 ºC e acima de 32 ºC são
se alimentar também em folhas madu- desfavoráveis ao psilídeo, mas não o ma-
ras, preferencialmente na face abaxial tam. O psilídeo pode sobreviver à geada.
(inferior) das folhas.
4) Quanto tempo vive o psilídeo adulto?
3) Qual é o ciclo de vida do psilídeo? Os adultos vivem, em média, 30 dias.
O ciclo de vida do psilídeo, período Em temperaturas mais amenas (< 25 ºC),
que vai de ovo até a emergência do adul- podem sobreviver por até 90 dias.
to, dura cerca de 14 a 19 dias durante a
primavera/verão no cinturão citrícola. No 5) Qual é a fecundidade do psilídeo?
outono e inverno, o ciclo pode durar de Fêmeas do psilídeo podem ovipositar
30 a 44 dias. O período de ovo até a eclo- até 800 ovos ao longo de sua vida.
5
AQUISIÇÃO E TRASMISSÃO DA
BACTÉRIA PELO PSILÍDEO
10) Como o psilídeo adquire a bactéria? sição. No caso do psilídeo ter completado
Como as bactérias responsáveis pelo seu desenvolvimento em planta doente, os
greening são restritas ao floema, a ali- adultos recém-emergidos já são capazes
mentação do psilídeo nesse local é es- de transmitir a bactéria.
sencial para a aquisição da bactéria. Uma
hora de alimentação do psilídeo em uma 12) Como o psilídeo transmite a bactéria?
planta doente já é o suficiente para adqui- A transmissão da bactéria ocorre pela
rir a bactéria. Quanto maior o tempo de salivação do psilídeo no floema durante
alimentação do psilídeo na planta doen- o processo de alimentação. Os psilídeos
te, maior a probabilidade de aquisição da precisam se alimentar por pelo menos
bactéria. Os psilídeos podem adquirir a 30 minutos no floema para poder trans-
bactéria durante todos os estágios ninfais mitir a bactéria. Quanto maior o tempo
e também na fase adulta, sendo a eficiên- de alimentação, maior será a taxa de
cia de aquisição maior nos estágios nin- transmissão. Quando os psilídeos ad-
fais (≈ 100%) em relação à fase adulta (≈ quirem a bactéria na fase adulta, a taxa
30%). É importante destacar que a aqui- de transmissão é menor que 10%. Por
sição em brotações é maior do que em outro lado, em adultos que adquiriram a
folhas maduras. bactéria na fase ninfal, a taxa de trans-
missão é de até 90%. E quando esses
11)
Após a aquisição, em quanto adultos se alimentam nos brotos, a taxa
tempo o psilídeo está apto para trans- de transmissão é maior que 80% e, nas
mitir a bactéria (período de latência)? folhas maduras, menor que 5%. Uma
Após a ingestão, a bactéria se multiplica vez que os inseticidas geralmente levam
no corpo do inseto, atingindo as glândulas mais de algumas horas para matar os
salivares. No geral, o psilídeo pode transmi- insetos, pode-se inferir que o controle
tir a bactéria após duas semanas da aqui- químico reduz, mas não impede total-
7
FATORES RELACIONADOS
À BROTAÇÃO
15) Quais os fatores climáticos funda- à chegada e à alimentação do psilídeo.
mentais para a ocorrência de brotações? Por conta disso, pulverizações frequentes
Os ciclos de brotações são fortemente são importantes.
influenciados pela disponibilidade de água
no solo (chuvas ou irrigação) e temperatu- 16) O greening causa alguma altera-
ra. Por exemplo, em épocas com chuvas ção na fenologia das plantas?
regulares e temperaturas entre 23 a 28 Sim. Uma planta com greening pode
ºC, as plantas cítricas têm ciclos novos antecipar a brotação em 15/55 dias e
de brotação a cada 40/60 dias. Porém, emitir até 80% mais brotos do que uma
no final do outono e durante o inverno, planta sadia. Esse adiantamento da bro-
quando há poucas chuvas e as tempera- tação é mais comum de acontecer entre
turas do ar diminuem, os ciclos de brota- o final do outono e o final do inverno/início
ção podem aumentar para 80/120 dias, da primavera, quando a falta de água no
mesmo que as plantas sejam podadas. solo está associada à desfolha em plantas
É por isso que nas regiões norte, onde o doentes, com a consequente emissão de
déficit hídrico é mais acentuado, o núme- brotos novos “fora de época”. Isso expli-
ro de ciclos de vegetação é menor, redu- ca, em parte, por que as populações do
zindo a favorabilidade de reprodução do psilídeo em algumas regiões começam a
psilídeo, resultando em menores popula- aumentar nas épocas mencionadas.
ções. O período de desenvolvimento do
broto (V1 a V6) é de 75, 52 e 36 dias a 17) Plantas de pomares irrigados bro-
20, 25 e 32 ºC, respectivamente. Impor- tam igual às de pomares de sequeiro?
tante ressaltar que as partes dos brotos Não. Em pomares irrigados, os brotos
que crescem entre uma pulverização e costumam ser mais frequentes, inclusive
outra subsequente ficam sem a cobertu- em épocas de poucas chuvas. Porém,
ra do inseticida e, portanto, vulneráveis no final do inverno/começo da primavera,
9
COMO O CLIMA INTERFERE
NA BACTÉRIA
21) O clima influencia na quantida- o número de registros de temperatura ho-
de de bactéria nos brotos e na disse- rária igual ou maior que 33 ºC, menor será a
minação do greening? quantidade de bactéria no broto. E se me-
Sim. Quando uma planta doente emite nor quantidade de bactéria no broto, menor
brotos e a temperatura do ar é de 24 a 38 é a chance de sua aquisição pelo psilídeo
ºC por pelo menos 72h, a quantidade de e, consequentemente, de transmissão para
bactéria nesses brotos pode ser 30% me- uma planta doente. Maior número de regis-
nor se comparada à quantidade de bacté- tros de temperaturas igual ou acima de 33
ria na temperatura de 18 a 28 ºC. Em outro ºC se observa na época do verão e nas re-
estudo, foi observado que quanto maior for giões norte do parque citrícola.
11
11
CONTROLE QUÍMICO
13
aérea é utilizada a dose do produto por armadilha/avaliação são indicativos de fa-
hectare. De modo geral, o residual do lhas no manejo do psilídeo, como: 1) pela
produto na aplicação aérea é menor do utilização de dose/produto inadequado;
que nas aplicações terrestre. Ressalta- 2) ou frequência de pulverização insufi-
-se que, em estudos de aplicação aérea ciente; 3) ou qualidade da pulverização
com drone para o controle do psilídeo, o (cobertura desuniforme ou insuficiente na
modelo com o sistema de pulverização copa); 4) ou resistência do psilídeo ao in-
de disco rotativo obteve uma eficácia seticida utilizado.
superior ao modelo com bico hidráulico.
QUALIDADE DO INSETICIDA
CONTROLE DO SISTÊMICO
PSILÍDEO 32) Qual a importância dos inseti-
cidas sistêmicos para o manejo do
30) Como aferir se a pulverização psilídeo?
está sendo adequada? Ao contrário dos inseticidas aplicados
Por meio de papéis hidrossensíveis fi- via pulverização, que têm sua eficiência
xados na parte externa da saia, meio e reduzida com crescimento dos brotos
topo da planta, sendo que a cobertura da e pela ação das chuvas (lavagem), os
pulverização deve ser no mínimo de 30%. inseticidas sistêmicos (imidacloprido,
thiametoxam, thiametoxam + clorantra-
31) Como aferir se o controle do niliprole) aplicados via drench ou tronco
psilídeo está adequado? não são afetados por esses fatores, por
Por meio do monitoramento visual de circularem internamente na planta (xile-
ninfas nos brotos (descrito no item 6, per- ma e floema). Os inseticidas sistêmicos
gunta 23) e/ou alta captura de psilídeos interferem no processo de alimentação
nas armadilhas dispostas nos talhões in- do psilídeo, afetando principalmente as
ternos da propriedade. Nesses talhões, a atividades no floema (redução > 90% no
presença de ninfas de 4º e 5º ínstares nos tempo de alimentação) e, consequen-
brotos ou média superior a um psilídeo/ temente, reduzindo as chances de ino-
15
inseticidas com pelo menos três modos grupos químicos, esses produtos pode-
de ação diferentes (ex. piretroide, orga- rão perder sua eficácia, sendo necessária
nofosforado, neonicotinoide, diamida e a utilização de inseticidas de outros gru-
outros) para que não ocorra a seleção pos químicos mais caros, aumentado o
de psilídeos resistentes. custo de controle do psilídeo.
35) Quais as consequências eco- 36) O que fazer caso seja detecta-
nômicas de não rotacionar diferentes da a resistência do psilídeo a um de-
modos de ação de inseticidas? terminado inseticida?
A rotação de inseticidas com três ou Excluir os inseticidas do grupo quí-
quatro modos de ação aumenta o custo mico em que haja uma suspeita de re-
de controle do psilídeo. No entanto, caso sistência por pelo menos três meses.
a rotação não seja feita de forma adequa- Durante esse período, inseticidas de
da, populações do psilídeo resistentes a outros grupos químicos devem ser in-
inseticidas irão se multiplicar na proprie- cluídos no esquema de rotação. Após
dade, levando ao aumento da incidência esse período, a reintrodução dos inse-
do greening e à inviabilização do pomar. ticidas pode ser realizada observan-
Atualmente, os inseticidas de menor cus- do a eficácia do produto (presença de
to são os piretroides e neonicotinoides. ninfas grande na área pulverizada, ver
Caso não sejam rotacionados com outros item VII.B, pergunta 31).
17
ele não controla adultos que chegam na dispersível em água, permitindo sua apli-
planta após a pulverização. cação por meio de turbopulverizadores.
19
19
AÇÃO EXTERNA
44) Qual a importância das ações 45) Qual o raio mínimo ao redor das
externas no controle do greening? propriedades para adoção das ações
O controle externo da doença reduz externas e o que devo priorizar?
os criadouros do psilídeo e da bactéria Baseado no comportamento migra-
do greening ao redor das propriedades tório do inseto e na distância de voo, o
citrícolas e, consequentemente, a mi- raio recomendado para o controle ex-
gração do psilídeo de áreas sem mane- terno do greening é de 5 km. Deve-se
jo para as áreas comerciais produtoras. priorizar sempre as fontes de inóculo
A infecção causada pelos psilídeos in- mais próximas e em maior quantidade.
fectivos provenientes de áreas exter-
nas é a que possui controle mais difícil, 46) Qual a importância de os pro-
mesmo com pulverizações frequentes dutores adotarem ações conjuntas
nos pomares comerciais. Quanto maior de controle do greening?
a quantidade de inóculo externo à pro- É importante para obter uma maior
priedade, maior deverá ser a frequência abrangência, melhorar a eficiência e
de pulverização para diminuir a infecção reduzir custos com a erradicação e
primária da doença. Dessa forma, a ma- substituição dos citros, além da eli-
neira mais econômica e a curto prazo minação de murtas. É imprescindível
para reduzir a quantidade de pulveri- que propriedades de uma mesma re-
zações é reduzir as fontes de inóculo gião façam também um controle in-
externas ao redor da propriedade. Em terno rigoroso do psilídeo, adotando
locais onde a fonte de inóculo externa todas as medidas recomendadas para
é baixa, as pulverizações quinzenais o controle eficaz do inseto e, assim,
são suficientes para uma baixa incidên- evitar a migração de uma propriedade
cia anual de plantas doentes. Por ou- comercial para outra. No período de
tro lado, onde há uma maior fonte de setembro a novembro de 2022, quatro
inóculo externo, pulverizações mais fre- propriedades da região de Santa Cruz
quentes são necessárias. do Rio Pardo que adotaram um ma-
21
21
Av. Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201
Vila Melhado, Araraquara/SP
16 3301 7000 / 0800 1102155
www.fundecitrus.com.br