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PERGUNTAS E

RESPOSTAS
SOBRE O MANEJO
DO GREENING
Elaborado por:

Antonio Juliano Ayres | Arthur F. Tomaseto | Guilherme M. Rodriguez | Haroldo X. L. Volpe


Ivaldo Sala | Juan C. Cifuentes-Arenas | Marcelo P. Miranda | Marcelo S. Scapin
Olavo de S. Bianchi | Renato B. Bassanezi | Sérgio R. S. do Nascimento | Sílvio A. Lopes
Wellington Ivo Eduardo

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE


O MANEJO DO GREENING

1ª edição
Araraquara (SP)
Fundecitrus
2023
SUMÁRIO
PLANTAS HOSPEDEIRAS E BIOLOGIA DO PSILÍDEO •••••••••••••••••••••• 4
HÁBITO E DISPERSÃO DO PSILÍDEO •••••••••••••••••••••••••••••••••••• 5
AQUISIÇÃO E TRASMISSÃO DA BACTÉRIA PELO PSILÍDEO •••••••••••••••• 6
FATORES RELACIONADOS À BROTAÇÃO •••••••••••••••••••••••••••••••• 8
COMO O CLIMA INTERFERE NA BACTÉRIA ••••••••••••••••••••••••••••• 10
MONITORAMENTO DO PSILÍDEO •••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 11
CONTROLE QUÍMICO •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 12
Pulverização ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 12
Qualidade do controle do psilídeo ••••••••••••••••••••••••••••••••••• 14
Inseticida sistêmico ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 14
Rotação de inseticidas •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 15
OUTROS MÉTODOS PARA O CONTROLE DO PSILÍDEO •••••••••••••••••• 17
Óleo mineral ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 17
Bioinseticida ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 17
Caulim •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 18
Planta-isca •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 18
AÇÃO EXTERNA •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 20
PLANTAS HOSPEDEIRAS E
BIOLOGIA DO PSILÍDEO
1) Quais espécies são hospedeiras são da ninfa é de aproximadamente qua-
do psilídeo? tro dias. As ninfas recém-eclodidas levam
Os hospedeiros do psilídeo no Estado aproximadamente seis dias para comple-
de São Paulo são todas as espécies de tar os três primeiros ínstares, e aproxima-
citros (laranja, limão, lima ácida, tangerina, damente mais oito dias para completar
etc.), murta, curry e swinglea. os dois últimos ínstares (4º e 5º ínstares).
Ressalta-se que a temperatura é um dos
2) Qual o local de preferência do fatores que mais influenciam na duração
psilídeo na planta? do ciclo de vida dos psilídeos. Tempera-
O psilídeo tende a se concentrar na turas de 25 ºC são ideais para o seu de-
parte externa e terço superior da copa senvolvimento, sendo que temperaturas
das plantas de citros. As brotações são mais altas ou baixas podem reduzir ou
as estruturas vegetais preferidas para ali- aumentar, respectivamente, a duração do
mentação, acasalamento e oviposição. ciclo de vida deste inseto. Temperaturas
No entanto, os psilídeos adultos podem abaixo de 12 ºC e acima de 32 ºC são
se alimentar também em folhas madu- desfavoráveis ao psilídeo, mas não o ma-
ras, preferencialmente na face abaxial tam. O psilídeo pode sobreviver à geada.
(inferior) das folhas.
4) Quanto tempo vive o psilídeo adulto?
3) Qual é o ciclo de vida do psilídeo? Os adultos vivem, em média, 30 dias.
O ciclo de vida do psilídeo, período Em temperaturas mais amenas (< 25 ºC),
que vai de ovo até a emergência do adul- podem sobreviver por até 90 dias.
to, dura cerca de 14 a 19 dias durante a
primavera/verão no cinturão citrícola. No 5) Qual é a fecundidade do psilídeo?
outono e inverno, o ciclo pode durar de Fêmeas do psilídeo podem ovipositar
30 a 44 dias. O período de ovo até a eclo- até 800 ovos ao longo de sua vida.

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HÁBITO E DISPERSÃO DO PSILÍDEO
6) Qual o período de maior ativida- rência de brotações e ventos. Essas con-
de do psilídeo ao longo do dia? dições geralmente ocorrem entre os me-
Os adultos são insetos diurnos (ati- ses de agosto e novembro, quando mais
vidade de cópula e voo). O período de de 50% dos psilídeos são capturados.
maior atividade de voo do psilídeo é entre
14h e 16h, sendo as temperaturas entre 9) Qual a distribuição do psilídeo
26 a 28 ºC ótimas para o seu voo. Duran- na propriedade?
te à noite, ficam pousados na planta, com Os psilídeos apresentam gradiente
nenhum ou poucos adultos capturados decrescente da borda para o interior da
em armadilhas. propriedade. Cerca de 50% dos psilí-
deos observados nas armadilhas estão
7) Qual a distância que o psilídeo nos primeiros 50 m da borda, 70% até
pode se dispersar? 100 m, e 95% até 150 m. Em condi-
O psilídeo possui uma tendência de ções de manejo adequado (não criar o
voar a favor do vento e pode se dispersar psilídeo dentro da propriedade), a cap-
até 2 km em um único voo. No entanto, tura é maior nos talhões localizados nas
alguns indivíduos da população podem bordas da propriedade do que nos ta-
fazer voos verticais e migrar, com ajuda lhões internos. Dentro dos talhões, o
do vento, a longas distâncias (> 2 km). psilídeo também apresenta um gradien-
Psilídeos com a bactéria do greening te decrescente da borda para o interior.
apresentam maior propensão ao voo. Capturas maiores de psilídeos podem
ocorrer também em talhões localizados
8) Qual período do ano é mais fa- em pontos mais altos e expostos aos
vorável à dispersão do psilídeo? ventos. Além disso, são observadas
A dispersão do psilídeo no estado de capturas significativas de psilídeos em
São Paulo está associada a períodos de talhões próximos a locais iluminados
baixas umidades relativas e maior ocor- (portaria, sede e barracões).
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AQUISIÇÃO E TRASMISSÃO DA
BACTÉRIA PELO PSILÍDEO
10) Como o psilídeo adquire a bactéria? sição. No caso do psilídeo ter completado
Como as bactérias responsáveis pelo seu desenvolvimento em planta doente, os
greening são restritas ao floema, a ali- adultos recém-emergidos já são capazes
mentação do psilídeo nesse local é es- de transmitir a bactéria.
sencial para a aquisição da bactéria. Uma
hora de alimentação do psilídeo em uma 12) Como o psilídeo transmite a bactéria?
planta doente já é o suficiente para adqui- A transmissão da bactéria ocorre pela
rir a bactéria. Quanto maior o tempo de salivação do psilídeo no floema durante
alimentação do psilídeo na planta doen- o processo de alimentação. Os psilídeos
te, maior a probabilidade de aquisição da precisam se alimentar por pelo menos
bactéria. Os psilídeos podem adquirir a 30 minutos no floema para poder trans-
bactéria durante todos os estágios ninfais mitir a bactéria. Quanto maior o tempo
e também na fase adulta, sendo a eficiên- de alimentação, maior será a taxa de
cia de aquisição maior nos estágios nin- transmissão. Quando os psilídeos ad-
fais (≈ 100%) em relação à fase adulta (≈ quirem a bactéria na fase adulta, a taxa
30%). É importante destacar que a aqui- de transmissão é menor que 10%. Por
sição em brotações é maior do que em outro lado, em adultos que adquiriram a
folhas maduras. bactéria na fase ninfal, a taxa de trans-
missão é de até 90%. E quando esses
11)
Após a aquisição, em quanto adultos se alimentam nos brotos, a taxa
tempo o psilídeo está apto para trans- de transmissão é maior que 80% e, nas
mitir a bactéria (período de latência)? folhas maduras, menor que 5%. Uma
Após a ingestão, a bactéria se multiplica vez que os inseticidas geralmente levam
no corpo do inseto, atingindo as glândulas mais de algumas horas para matar os
salivares. No geral, o psilídeo pode transmi- insetos, pode-se inferir que o controle
tir a bactéria após duas semanas da aqui- químico reduz, mas não impede total-

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mente a transmissão da bactéria pelos 14) Quanto tempo após a transmissão
psilídeos infectivos que se dispersaram da doença a planta pode passar a ser fon-
de áreas externas para dentro do pomar. te de inóculo (período latente) e manifes-
Dessa forma, é muito importante o ma- tar os sintomas (período de incubação)?
nejo externo. Após um período entre 15 e 60 dias da
transmissão da bactéria, um outro psilídeo
13) Por quanto tempo psilídeos adul- já consegue adquiri-la na planta infectada.
tos infectivos mantêm a capacidade de Os primeiros sintomas aparecerão após
transmitir a bactéria? quatro meses da transmissão da bactéria,
Os psilídeos conseguem transmitir a ou seja, a planta infectada pode ser fonte
bactéria por até 12 semanas, o que re- de inóculo ainda assintomática e, por isso,
presenta quase a totalidade de seu tem- deve ser protegida do psilídeo por meio de
po de vida. pulverizações frequentes.

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FATORES RELACIONADOS
À BROTAÇÃO
15) Quais os fatores climáticos funda- à chegada e à alimentação do psilídeo.
mentais para a ocorrência de brotações? Por conta disso, pulverizações frequentes
Os ciclos de brotações são fortemente são importantes.
influenciados pela disponibilidade de água
no solo (chuvas ou irrigação) e temperatu- 16) O greening causa alguma altera-
ra. Por exemplo, em épocas com chuvas ção na fenologia das plantas?
regulares e temperaturas entre 23 a 28 Sim. Uma planta com greening pode
ºC, as plantas cítricas têm ciclos novos antecipar a brotação em 15/55 dias e
de brotação a cada 40/60 dias. Porém, emitir até 80% mais brotos do que uma
no final do outono e durante o inverno, planta sadia. Esse adiantamento da bro-
quando há poucas chuvas e as tempera- tação é mais comum de acontecer entre
turas do ar diminuem, os ciclos de brota- o final do outono e o final do inverno/início
ção podem aumentar para 80/120 dias, da primavera, quando a falta de água no
mesmo que as plantas sejam podadas. solo está associada à desfolha em plantas
É por isso que nas regiões norte, onde o doentes, com a consequente emissão de
déficit hídrico é mais acentuado, o núme- brotos novos “fora de época”. Isso expli-
ro de ciclos de vegetação é menor, redu- ca, em parte, por que as populações do
zindo a favorabilidade de reprodução do psilídeo em algumas regiões começam a
psilídeo, resultando em menores popula- aumentar nas épocas mencionadas.
ções. O período de desenvolvimento do
broto (V1 a V6) é de 75, 52 e 36 dias a 17) Plantas de pomares irrigados bro-
20, 25 e 32 ºC, respectivamente. Impor- tam igual às de pomares de sequeiro?
tante ressaltar que as partes dos brotos Não. Em pomares irrigados, os brotos
que crescem entre uma pulverização e costumam ser mais frequentes, inclusive
outra subsequente ficam sem a cobertu- em épocas de poucas chuvas. Porém,
ra do inseticida e, portanto, vulneráveis no final do inverno/começo da primavera,

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quando chegam as primeiras chuvas, um e inocular a bactéria em decorrência do
pomar em condição de sequeiro emite menor número de brotos na copa.
muitos mais brotos (até duas vezes mais)
do que pomares com irrigação. Isso se 19) A idade das plantas influencia
deve ao maior estresse por deficiência hí-
na dinâmica de brotação?
drica que as plantas sofrem em condição Sim. Em plantas novas de até três
de sequeiro. anos, as brotações são mais frequentes
do que em plantas adultas com ciclos de
18) Existe alguma associação entre brotação mais regulares. É por isso que
a variedade de porta-enxertos, a dinâ- o manejo do psilídeo deve ser mais fre-
mica de brotação das copas neles en- quente em pomares em formação.
xertadas e a incidência de greening?
Sim. As copas podem crescer mais 20) Como a poda influencia na dinâ-
vigorosamente (maior quantidade de bro- mica de brotação?
tos e de maior tamanho) dependendo do Quando o pomar é podado e hou-
porta-enxerto usado. Porém, o período e ver disponibilidade de água suficiente no
frequência de brotação não varia muito solo, as plantas cítricas podem emitir até
entre os porta-enxertos durante o ano. A 41% mais brotos do que plantas não po-
taxa de aumento na incidência de gree- dadas. Dependendo da temperatura do
ning tem sido menor em pomares com ar, os primeiros brotos (V1) começam a
porta-enxertos menos vigorosos, como surgir entre 5 e 12 dias após a poda e po-
os ananicantes (como o Flying Dragon). dem completar seu desenvolvimento (até
Mas esse fato deve ser analisado com o V6) em 40/60 dias. Como os primeiros
cuidado. Essa menor incidência não é as- estádios de desenvolvimento do broto
sociada à resistência dos porta-enxertos (V1 até V4, que tardam em média de 15
ananicantes (todas as variedades comer- a 25 dias) são os mais críticos para o fa-
ciais atuais são suscetíveis), mas a uma vorecimento da infecção, a proteção das
menor chance do psilídeo infectivo con- plantas deve ser reforçada, especialmen-
seguir achar os brotos para se alimentar te nas primeiras semanas após a poda.

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COMO O CLIMA INTERFERE
NA BACTÉRIA
21) O clima influencia na quantida- o número de registros de temperatura ho-
de de bactéria nos brotos e na disse- rária igual ou maior que 33 ºC, menor será a
minação do greening? quantidade de bactéria no broto. E se me-
Sim. Quando uma planta doente emite nor quantidade de bactéria no broto, menor
brotos e a temperatura do ar é de 24 a 38 é a chance de sua aquisição pelo psilídeo
ºC por pelo menos 72h, a quantidade de e, consequentemente, de transmissão para
bactéria nesses brotos pode ser 30% me- uma planta doente. Maior número de regis-
nor se comparada à quantidade de bacté- tros de temperaturas igual ou acima de 33
ria na temperatura de 18 a 28 ºC. Em outro ºC se observa na época do verão e nas re-
estudo, foi observado que quanto maior for giões norte do parque citrícola.

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MONITORAMENTO DO PSILÍDEO
22) Como monitorar o psilídeo adulto? populacional do inseto (locais que vão
O monitoramento deve ser feito com exigir o controle mais rigoroso) e auxiliar
cartões adesivos de cor amarela, que na identificação de locais vizinhos a es-
apresentam gradio quadriculado, pois ses talhões que são criadouros de adul-
facilitam a leitura dos insetos captura- tos (pomares sem controle do psilídeo,
dos. As armadilhas devem ser instala- quintais, matas e pastagens).
das preferencialmente nos talhões de
borda. Neles, as armadilhas são insta- 23)
Como monitorar as ninfas do
ladas nas plantas periféricas espaçadas psilídeo?
entre 100 e 200 m. Na planta, devem O monitoramento deve ser feito sema-
ser posicionadas no terço superior, par- nalmente, de preferência nas árvores das
te externa da árvore (local preferido pelo bordaduras dos talhões, em 1% das plan-
inseto) e com um dos lados voltado para tas, avaliando de três a cinco brotações
o carreador. A leitura deve ser feita uma do terço superior da copa à procura da
vez por semana e a troca, a cada 15 presença de ninfas e adultos. A inspeção
dias. Os dois lados com cola da arma- deve ser feita em forma de espiral, come-
dilha devem ser expostos no momen- çando sempre pelas bordas do talhão e
to da instalação e não se deve cortar a terminando no centro. O objetivo dessa
armadilha ao meio (usar metade da ar- inspeção visual é avaliar a qualidade da
madilha em cada quinzena), pois quan- pulverização, uma vez que a presença de
to maior a área da armadilha, maior é a ninfas de 4º e 5º ínstar indicam uma falha
captura de insetos. O objetivo do moni- no controle (como intervalos longos entre
toramento com armadilha é determinar aplicações, baixa qualidade da pulveriza-
o momento e o local com maior pressão ção e ineficácia do inseticida).

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CONTROLE QUÍMICO

PULVERIZAÇÃO um centímetro por dia na primavera e


verão. Por isso, nessa fase, é preciso
ter alta frequência de aplicação – de, no
24) Qual deve ser o alvo das apli- máximo, sete dias.
cações de inseticidas químicos? O
psilídeo ou a planta? 26) Como o inseticida químico
As plantas, principalmente brotos, mata o psilídeo?
devem estar protegidos pelo inseticida A maioria dos inseticidas atua no
após a pulverização em quantidade e sistema nervoso do inseto, fazendo-o
cobertura suficientes para que o psilí- colapsar e morrer. Existem inseticidas
deo entre em contato com ele e morra com diferentes modos de ação, que
antes de transmitir a bactéria (residual). irão atuar em locais específicos do sis-
tema nervoso (como moduladores dos
25) Como proteger os brotos com a canais de sódio e agonistas da acetilco-
pulverização de inseticidas químicos? lina) e, consequentemente, podem ser
É preciso ter uma cobertura acima utilizados em rotação. Também existem
de 30%. Os inseticidas aplicados nas inseticidas químicos que atuam no de-
folhas não têm movimento sistêmico, senvolvimento da fase jovem do psilí-
ou seja, a ação é local. Em folhas ma- deo (formação da ecdise e hormônios).
duras, a cobertura se mantém porque Eles controlam somente as ninfas, nun-
não há expansão foliar e o residual do ca podem ser utilizados isoladamente e
produto dependerá da sua degradação a recomendação é que sejam aplicados
ou lavagem. Sem chuvas e em folhas em mistura com os demais inseticidas
maduras, esse residual pode ser de três químicos. A maioria dos inseticidas ma-
a 14 dias, dependendo do produto. Nos tam por contato tópico (aplicação sobre
brotos, há uma expansão dos tecidos o inseto) e/ou residual (contato do psi-
deixando-os descobertos (sem a co- lídeo com a superfície tratada). Quando
bertura ideal). Os brotos podem crescer o inseto está pousado na planta e é rea-

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lizada a pulverização, a morte do inseto maior residual devido à rápida expan-
é mais rápida, pois terá a ação tópica são de brotos. A qualidade da pulveri-
mais a residual. Insetos que pousam na zação é um fator tão importante quanto
planta tratada somente serão mortos o volume de pulverização. Por isso, é
pelo residual do produto. necessário sempre fazer uma avaliação
da qualidade da pulverização (ver item
27) Qual a frequência de pulverização VII.B, pergunta 30).
recomendada para o controle do psilídeo?
Para evitar a multiplicação do psilí- 29) Como a pulverização aérea
deo dentro do pomar, a frequência mí- (drone e avião) pode ser utilizada
nima deve ser ≤14 dias (devido à dura- para o controle do psilídeo?
ção do ciclo do insetom – ver item 1, Essa modalidade de aplicação é
pergunta 3). Para reduzir a infecção pri- uma opção complementar às pulveriza-
mária (plantas infectadas por psilídeos ções terrestres e pode ser utilizada em
de fora do pomar), a frequência de pul- momentos que exigem uma aplicação
verização em época de brotação deve rápida (como durante pico populacional
ser de sete dias (para manutenção do do psilídeo), devido ao alto rendimen-
resíduo do inseticida no broto em cres- to operacional. Além disso, aplicações
cimento). É importante destacar que, aéreas podem ser úteis em situações
se houver a ocorrência de chuvas (≥ de dificuldades operacionais com pul-
10mm), deve-se fazer uma aplicação de verizadores terrestres, tais como: após
um inseticida com outro modo de ação. períodos de chuvas intensas, indispo-
nibilidade de pulverizadores, pomares
28) Qual o volume de pulverização adultos adensados (plantas se tocando
terrestre adequado para o controle nas entrelinhas e com altura superior
do psilídeo? 4,5 m). A pulverização aérea é realiza-
Em momentos de alta população do da com um volume de 5 a 10 L/ha, o
psilídeo, o volume de pulverização deve que proporciona uma cobertura em tor-
ser ≥ 40 mL/m3 de copa. Contudo, du- no de 2%, no entanto, a concentração
rante as brotações, volumes maiores do produto na calda é maior em relação
que 70 mL/m3 de copa não garantem à aplicação terrestre, pois na aplicação
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aérea é utilizada a dose do produto por armadilha/avaliação são indicativos de fa-
hectare. De modo geral, o residual do lhas no manejo do psilídeo, como: 1) pela
produto na aplicação aérea é menor do utilização de dose/produto inadequado;
que nas aplicações terrestre. Ressalta- 2) ou frequência de pulverização insufi-
-se que, em estudos de aplicação aérea ciente; 3) ou qualidade da pulverização
com drone para o controle do psilídeo, o (cobertura desuniforme ou insuficiente na
modelo com o sistema de pulverização copa); 4) ou resistência do psilídeo ao in-
de disco rotativo obteve uma eficácia seticida utilizado.
superior ao modelo com bico hidráulico.

QUALIDADE DO INSETICIDA
CONTROLE DO SISTÊMICO
PSILÍDEO 32) Qual a importância dos inseti-
cidas sistêmicos para o manejo do
30) Como aferir se a pulverização psilídeo?
está sendo adequada? Ao contrário dos inseticidas aplicados
Por meio de papéis hidrossensíveis fi- via pulverização, que têm sua eficiência
xados na parte externa da saia, meio e reduzida com crescimento dos brotos
topo da planta, sendo que a cobertura da e pela ação das chuvas (lavagem), os
pulverização deve ser no mínimo de 30%. inseticidas sistêmicos (imidacloprido,
thiametoxam, thiametoxam + clorantra-
31) Como aferir se o controle do niliprole) aplicados via drench ou tronco
psilídeo está adequado? não são afetados por esses fatores, por
Por meio do monitoramento visual de circularem internamente na planta (xile-
ninfas nos brotos (descrito no item 6, per- ma e floema). Os inseticidas sistêmicos
gunta 23) e/ou alta captura de psilídeos interferem no processo de alimentação
nas armadilhas dispostas nos talhões in- do psilídeo, afetando principalmente as
ternos da propriedade. Nesses talhões, a atividades no floema (redução > 90% no
presença de ninfas de 4º e 5º ínstares nos tempo de alimentação) e, consequen-
brotos ou média superior a um psilídeo/ temente, reduzindo as chances de ino-

14 FUNDECITRUS I PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O MANEJO DO GREENING


culação da bactéria. Em condições de início do outono, sempre associada ao
laboratório (altamente favoráveis para fluxo vegetativo. Por apresentar baixo
transmissão das bactérias), observou- rendimento operacional, as aplicações
-se uma redução 44%, 52% e 80% da via drench ou tronco devem ser inicia-
infecção em plantas tratadas via drench das pelas áreas mais críticas (como ta-
com imidacloprido, thiametoxam + clo- lhões de borda com maior captura de
rantraniliprole, e thiametoxam, respec- psilídeos). Em pomares acima de três
tivamente, quando comparadas com anos, os resultados das aplicações de
plantas não tratadas. Em campo, após inseticidas sistêmicos foram erráticos.
quatro anos, áreas tratadas com insetici-
das sistêmicos (três a quatro aplicações/
ano) e com pulverizações, tiveram uma ROTAÇÃO DE
redução de 50% na incidência de gree-
ning em relação às áreas que receberam
INSETICIDAS
apenas pulverizações.
34) Qual a importância da rotação
de modos de ação de inseticidas?
33) Quando devemos utilizar os in-
Devido à alta variabilidade genética
seticidas sistêmicos?
dentro das populações de insetos, esti-
Em pomares em formação (0-36 me- ma-se que, naturalmente, já existe uma
ses), utilizando aplicações via drench pequena proporção (<0,01%) da popu-
e/ou tronco. Um ponto importante é o lação que é resistente a algum ingre-
momento correto da aplicação, sendo diente ativo (inseticida). Pelo fato dessa
que a primeira deve ser feita no fim do parcela ser tão pequena, não são obser-
inverno (primeiras chuvas e intumesci- vadas falhas no controle. Contudo, apli-
mento das gemas) e a segunda, após cações repetidas com o mesmo modo
45 dias. O objetivo dessas duas apli- de ação podem aumentar a proporção
cações é que os pomares estejam com de insetos resistentes ao longo do tem-
máxima proteção durante os meses de po, reduzindo a eficácia do produto.
agosto e novembro (ver item 2, pergun- Nos EUA, México e Paquistão, esse fato
ta 8). Uma terceira e/ou quarta aplica- já foi reportado. Dessa forma, é impres-
ção poderá ser realizada no verão e/ou cindível que seja realizada a rotação de 15

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inseticidas com pelo menos três modos grupos químicos, esses produtos pode-
de ação diferentes (ex. piretroide, orga- rão perder sua eficácia, sendo necessária
nofosforado, neonicotinoide, diamida e a utilização de inseticidas de outros gru-
outros) para que não ocorra a seleção pos químicos mais caros, aumentado o
de psilídeos resistentes. custo de controle do psilídeo.

35) Quais as consequências eco- 36) O que fazer caso seja detecta-
nômicas de não rotacionar diferentes da a resistência do psilídeo a um de-
modos de ação de inseticidas? terminado inseticida?
A rotação de inseticidas com três ou Excluir os inseticidas do grupo quí-
quatro modos de ação aumenta o custo mico em que haja uma suspeita de re-
de controle do psilídeo. No entanto, caso sistência por pelo menos três meses.
a rotação não seja feita de forma adequa- Durante esse período, inseticidas de
da, populações do psilídeo resistentes a outros grupos químicos devem ser in-
inseticidas irão se multiplicar na proprie- cluídos no esquema de rotação. Após
dade, levando ao aumento da incidência esse período, a reintrodução dos inse-
do greening e à inviabilização do pomar. ticidas pode ser realizada observan-
Atualmente, os inseticidas de menor cus- do a eficácia do produto (presença de
to são os piretroides e neonicotinoides. ninfas grande na área pulverizada, ver
Caso não sejam rotacionados com outros item VII.B, pergunta 31).

16 FUNDECITRUS I PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O MANEJO DO GREENING


OUTROS MÉTODOS PARA O
CONTROLE DO PSILÍDEO

ÓLEO MINERAL BIOINSETICIDA


37) Como o óleo mineral pode con- 38) Como o fungo entomopatogênico
tribuir para o manejo do psilídeo? atua sobre o psilídeo?
O seu modo de ação vai depender da No psilídeo, o fungo atua por contato tó-
concentração em que é utilizado. Em ge- pico (pulverização sobre o inseto). De modo
ral, concentrações entre 0,12-0,25% são geral, após o contato com o psilídeo, o co-
utilizadas como adjuvantes. Para um efei- nídio do fungo inicia a germinação (≈ 24 h),
to inseticida/acaricida, é necessário utilizar penetra no corpo do inseto e, após 72 ho-
concentrações entre 0,75-1% e um volu- ras, os insetos começam a morrer, atingindo
me de calda ≥70 mL/m3 de copa. O óleo cerca de 80% de mortalidade aos dez dias.
mineral apresenta diferentes modos de
ação: 1) efeito direto, quando pulveriza- 39) Quais as condições adequadas
do sobre insetos pequenos (ex. ninfas do para pulverização dos bioinseticidas?
psilídeo) e ácaros, pode causar alta mor- Os bioinseticidas têm maior eficácia
talidade (≥80%) por meio do sufocamen- com umidade do ar acima de 60% e tem-
to – essa ação é favorecida quando estes peraturas de 25 a 30 ºC. Como esse pro-
apresentam baixa mobilidade; 2) como duto precisa ser aplicado sobre o inseto,
efeito indireto, sua pulverização pode re- recomenda-se a pulverização durante a
sultar em uma redução da oviposição e noite (momento que o inseto está pou-
alimentação. Em áreas com alta popula- sado sobre a planta e em temperaturas
ção e suspeita de resistência do psilídeo a mais amenas). O volume de calda reco-
inseticidas químicos, a aplicação de óleo mendado é ≥ 60 mL/m3 de copa. Outro
mineral em associação com esses insetici- ponto importante é que o bioinseticida
das é uma opção interessante de manejo. não deixa resíduo nas folhas, ou seja,
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ele não controla adultos que chegam na dispersível em água, permitindo sua apli-
planta após a pulverização. cação por meio de turbopulverizadores.

40) Em que situação os bioinsetici- 42) Como o caulim processado


das podem ser utilizados para o con- atua sobre os psilídeos?
trole do psilídeo? De modo geral, o caulim não é tóxico
Em pomares comerciais, os bioinsetici- para o psilídeo ou qualquer outro inseto.
das podem ser usados na mistura com in- Esse produto atua no comportamento.
seticida químico, pois têm modo de ação Quando aplicado sobre as plantas, cria
diferente de todos os químicos, auxiliando uma película branca que pode interferir na
também no manejo da resistência. Além identificação da planta hospedeira (efeito
disso, os bioinseticidas podem ser dire- de camuflagem e aumento da refletância
cionados para áreas não comerciais sem de luz) pelo psilídeo e, consequentemente,
a adição de químicos. Essa medida pode reduz o número de insetos adultos pousa-
ser adotada quando não é possível a er- dos sobre as plantas. Além disso, o caulim
radicação dessas plantas em áreas exter- pode reduzir a alimentação e oviposição do
nas e por ser um biológico que não deixa psilídeo. Da mesma forma que os inseti-
resíduo nos frutos, o que contribui para a cidas químicos pulverizados, o caulim não
aceitação dessas medidas, favorecendo o “acompanha” o crescimento dos brotos.
manejo externo e, consequentemente, a Para ter um efeito na redução da popula-
redução da infecção primária. ção e incidência de greening, são necessá-
rias aplicações, no mínimo, a cada duas se-
CAULIM manas ao longo do ano, com dose de 2%.

41) Quais as características ne- PLANTA-ISCA


cessárias para utilização do caulim
processado no manejo do psilídeo? 43) O plantio-isca pode ser uma
A formulação deve ser livre de con- estratégia para uso nas bordas dos
taminantes (metais pesados), não abra- pomares comerciais para o manejo
siva, de granulometria pequena (≤ 2µm), do psilídeo?
coloração branca (>85%) e facilmente Devido à maior frequência de bro-

18 FUNDECITRUS I PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O MANEJO DO GREENING


tação e aos odores emitidos pelas juntamente com o plantio-isca de mur-
folhas, as plantas de murta são mais ta em sua borda, observou-se, após
atrativas ao psilídeo do que plantas de cinco anos, uma redução de 30% da
citros. Quando as murtas (plantio-isca) população de psilídeos e incidência
são plantadas na borda de pomares de greening comparado a um pomar
de citros em formação e tratadas com sem plantio-isca. Além disso, um es-
inseticidas (sistêmico e pulverização), tudo em pequena escala realizado em
parte dos insetos oriundos de áreas um pomar experimental de citros com
externas são atraídos para essas mur- o plantio de curry (atrativa ao psilídeo)
tas, se alimentam e morrem. Em um na borda e tratado com inseticidas
pomar comercial implementado na re- demonstrou o potencial dessa planta
gião central do estado de São Paulo, como plantio-isca.

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AÇÃO EXTERNA
44) Qual a importância das ações 45) Qual o raio mínimo ao redor das
externas no controle do greening? propriedades para adoção das ações
O controle externo da doença reduz externas e o que devo priorizar?
os criadouros do psilídeo e da bactéria Baseado no comportamento migra-
do greening ao redor das propriedades tório do inseto e na distância de voo, o
citrícolas e, consequentemente, a mi- raio recomendado para o controle ex-
gração do psilídeo de áreas sem mane- terno do greening é de 5 km. Deve-se
jo para as áreas comerciais produtoras. priorizar sempre as fontes de inóculo
A infecção causada pelos psilídeos in- mais próximas e em maior quantidade.
fectivos provenientes de áreas exter-
nas é a que possui controle mais difícil, 46) Qual a importância de os pro-
mesmo com pulverizações frequentes dutores adotarem ações conjuntas
nos pomares comerciais. Quanto maior de controle do greening?
a quantidade de inóculo externo à pro- É importante para obter uma maior
priedade, maior deverá ser a frequência abrangência, melhorar a eficiência e
de pulverização para diminuir a infecção reduzir custos com a erradicação e
primária da doença. Dessa forma, a ma- substituição dos citros, além da eli-
neira mais econômica e a curto prazo minação de murtas. É imprescindível
para reduzir a quantidade de pulveri- que propriedades de uma mesma re-
zações é reduzir as fontes de inóculo gião façam também um controle in-
externas ao redor da propriedade. Em terno rigoroso do psilídeo, adotando
locais onde a fonte de inóculo externa todas as medidas recomendadas para
é baixa, as pulverizações quinzenais o controle eficaz do inseto e, assim,
são suficientes para uma baixa incidên- evitar a migração de uma propriedade
cia anual de plantas doentes. Por ou- comercial para outra. No período de
tro lado, onde há uma maior fonte de setembro a novembro de 2022, quatro
inóculo externo, pulverizações mais fre- propriedades da região de Santa Cruz
quentes são necessárias. do Rio Pardo que adotaram um ma-

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nejo integrado do psilídeo reduziram a a alternativa mais eficaz é a pulverização
captura do inseto de 85 a 98%. periódica (<15 dias) dessas plantas com
inseticidas para não permitir a multiplica-
47) Quais as medidas de controle ção do psilídeo nelas. Não sendo possível
externo para o controle do greening? a erradicação ou pulverização periódica,
A medida mais eficaz é a eliminação de uma alternativa é a soltura de Tamarixia ra-
plantas hospedeiras do psilídeo e/ou gree- diata em plantas com presença de ninfas
ning. Caso não seja possível a eliminação, (eficiência de parasitismo de 25 a 80%).

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