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MOSQUITOS CULICÍDEOS (AEDES AEGYPTI E HAEMAGOGUS)

❖ FASE LARVAL E FASE ADULTA


AEDES AEGYPTI
➢ FASE LARVAL
Como o Aedes aegypti é um inseto holometabólico (sofre metamorfose completa durante seu desenvolvimento), a
fase larvária é o período de alimentação e crescimento. As larvas passam a maior parte do tempo alimentando-se
principalmente de material orgânico acumulado nas paredes e fundo dos depósitos.

A duração da fase larvária depende da temperatura, disponibilidade de alimento e densidade das larvas no criadouro.
Em condições ótimas, o período entre a eclosão e a pupação pode durar até cinco dias.

A larva do Aedes aegypti é composta de cabeça, tórax e abdômen. O abdômen é dividido em oito segmentos. O
segmento posterior e anal do abdômen tem quatro brônquias lobuladas para regulação osmótica e um sifão ou tubo
de ar para a respiração na superfície da água. Para respirar, a larva vem à superfície. É sensível a movimentos bruscos
na água e, sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no fundo do recipiente {fotofobia).

A fase de pupa (intermédio entre a fase larval e adulta) destaca-se pela inexistência de alimentação e pela
metamorfose que marcará o início da fase adulta. Durante a fase de pupa, o Aedes Aegypti apresenta corpo div idido
em cefalotórax e abdômen, estrutura que se assemelha a uma vírgula. Esse período dura em média três dias e,
durante esse tempo, a pupa permanece na superfície da água para facilitar o voo quando adulto. A pupa tem um par
de tubos respiratórios ou "trompetas", que atravessam a água e permitem a respiração.

➢ FASE ADULTA
O adulto de Aedes aegypti representa a fase reprodutora do inseto. Como ocorre com grande parte dos insetos
alados, o adulto representa importante fase de dispersão. Entretanto, com o Aedes aegypti é provável que haja mais
transporte passivo de ovos e larvas em recipientes do que dispersão ativa pelo inseto adulto

O Aedes aegypti é escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e um desenho em forma de lira no
mesonoto. O macho se distingue essencialmente da fêmea por possuir antenas plumosas e palpos mais longos.

Logo após emergir do estágio pupal, o inseto adulto procura pousar sobre as paredes do recipiente, assim
permanecendo durante várias horas, o que permite o endurecimento do exoesqueleto, das asas e, no caso dos
machos, a rotação da genitália em 180°.

Dentro de 24 horas após, emergirem, podem acasalar, o que vale para ambos os sexos. O acasalamento geralmente
se dá durante o vôo, mas, ocasionalmente, pode se dar sobre uma superfície, vertical ou horizontal. Uma única
inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a fêmea venha a produzir durante sua vida.

As fêmeas se alimentam mais frequentemente de sangue, servindo como fonte de repasto a maior parte dos animais
vertebrados, mas mostram marcada predileção pelo homem (antropofilia).

O repasto sanguíneo das fêmeas fornece proteínas para o desenvolvimento dos ovos. Ocorre quase sempre durante o
dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer. O macho alimenta-se de carboidratos extraídos dos vegetais. As
fêmeas também se alimentam da seiva das plantas.

Em geral, a fêmea faz uma postura após cada repasto sanguíneo. O intervalo entre a alimentação sanguínea e a
postura é, em regra, de três dias, em condições de temperatura satisfatórias. Com frequência, a fêmea se alimenta
mais de uma vez, entre duas sucessivas posturas, em especial quando perturbada antes de totalmente ingurgitada
(cheia de sangue). Este fato resulta na variação de hospedeiros, com disseminação do vírus a vários deles.

A oviposição se dá mais frequentemente no fim da tarde. A fêmea grávida é atraída por recipientes escuros ou
sombreados, com superfície áspera, nas quais deposita os ovos. Prefere água limpa e cristalina ao invés de água suja
ou poluída por matéria orgânica. A fêmea distribui cada postura em vários recipientes.
É pequena a capacidade de dispersão do Aedes aegypti pelo vôo, quando comparada com a de outras espécies. Não é
raro que a fêmea passe toda sua vida nas proximidades do local de onde eclodiu, desde que haja hospedeiros. Poucas
vezes a dispersão pelo vôo excede os 100 metros. Entretanto, já foi demonstrado que uma fêmea grávida pode voar
até 3Km em busca de local adequado para a oviposição, quando não há recipientes apropriados nas proximidades.

A dispersão do Aedes aegypti a grandes distâncias se dá, geralmente, como resultado do transporte dos ovos e larvas
em recipientes.
Quando não estão em acasalamento, procurando fontes de alimentação ou em dispersão, os mosquitos buscam locais
escuros e quietos para repousar. O Aedes aegypti quando em repouso é encontrado nas habitações, nos quartos de
dormir, nos banheiros e na cozinha e, só ocasionalmente, no peridomicílio. As superfícies preferidas para o repouso
são as paredes, mobília, peças de roupas penduradas e mosquiteiros.

Quando o Aedes aegypti está infectado pelo vírus do dengue ou da febre amarela, pode haver transmissão
transovariana destes, de maneira que, em variável percentual, as fêmeas filhas de um espécime portador nascem já
infectadas.
Os adultos de Aedes aegypti podem permanecer vivos em laboratório durante meses, mas, na natureza, vivem em
média de 30 a 35 dias. Com uma mortalidade diária de 10%, a metade dos mosquitos morre durante a primeira
semana de vida e 95% durante o primeiro mês.

HAEMOGOGUS
➢ FASE LARVAL
A fase larval do mosquito Haemagogus tem aspecto vermiforme e coloração variada. São sempre aquáticas,
com o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome. A cabeça e o tórax apresentam formato globoso (forma
de globo), já o abdome encontra-se dividido em dez seguimentos, sendo que na porção terminal do oitavo
segmento encontram-se os espiráculos (canal estreito que se liga com o exterior). O abdome larval dos
culicídeos é constituído de nove segmentos aparentes, dos quais o nono inclui partes embrionárias do
oitavo e, provavelmente, também do décimo e do décimo primeiro. Em vista disso, a numeração dos
segmentos abdominais estende-se de 1 a 8, designando-se o último como décimo que também é conhecido
como lobo anal da larva. As larvas possuem cerca de 222 cerdas (pelo) dispostas simetricamente pelo corpo.
Essas cerdas apresentam papel fundamental na sistemática do grupo e o estudo da disposição e do aspecto
das mesmas é conhecido como quetotaxia. As cerdas são numeradas da parte mediana dorsal, contornando
o seguimento, até a parte mediana ventral. No que concerne à alimentação as larvas têm diversos
mecanismos para obter alimentos. Durante algum tempo, as larvas foram classificadas como fi ltrantes,
pastadoras e predadoras. Posteriormente, essa sistemática foi alterada, já que agora, considera -se o papel
trófico desempenhado no ecossistema aquático distinguindo diversas formas de coleta dos alimentos. As
larvas podem obter alimento mediante a filtragem, ou seja, as substâncias antes de serem ingeridas são
filtradas por escovas situadas próximas à cavidade bucal. As substâncias alimentares são carreadas por meio
de uma corrente produzida pelas escovas até o aparelho bucal. A necessidade do acesso ao oxigênio exige
que as larvas permaneçam na interface ar-água, ou utilizem a superfície da água para trocas gasosas com
certa frequência. Quando entram na fase pupal, as formas imaturas dos mosquitos não se alimentam. Na
maioria das vezes permanecem em contato com a superfície do líquido. Na região dorsal do cefalotórax
encontram-se duas estruturas conhecidas como trombetas respiratórias que são responsáveis pelas trocas
gasosas. O oitavo segmento abdominal apresenta um par de paletas que auxiliam na locomoção.
➢ FASE ADULTA
O gênero Haemagogus contém 28 espécies e mais quatro formas não descritas e nominadas formalmente, com ampla
distribuição no continente americano, e várias das espécies têm importância na transmissão de vírus de febre
amarela. Os mosquitos de Haemagogus são em geral silvestres, raramente saindo das matas, e com maior alcance de
vôo, já foi relatado invadindo domicílios. Com menor frequência, são encontrados em áreas de vegetação rasteira, e
podem penetrar em domicílios, especialmente quando estes estão situados perto de seus abrigos habituais. Ocorrem
principalmente em florestas tropicais, com atividade diurna, nas horas mais quentes do dia e, embora acrodendrófilos
(vivem nos topos das árvores) são capazes de realizar repasto sanguíneo ao nível do solo em áreas de desmatamen to.
Entretanto, esse padrão de comportamento pode variar em diferentes regiões e épocas. Costumam sugar animais
arborícolas (que vivem nas árvores), principalmente símios (semelhante a macaco), e podem descer para sugar, em
alguns horários do dia, em geral perto de meio-dia. Foi observado que com a aproximação dos humanos da floresta,
os macacos fugiam e os mosquitos Haemagogus iam para o solo, sendo maior o ataque se árvores fossem derrubadas,
e suspeitou fortemente do papel epidemiológico. A presença de maior proporção de fêmeas no solo pode indicar
maior perturbação da floresta pela atividade humana. A ocorrência de mais casos de febre amarela silvestre dois
meses após o início da temporada de chuvas em Trinidad pode estar relacionada com as chuvas, mas é preciso
lembrar que no final deste período, apesar da população menor de mosquitos, há alta proporção de fêmeas
multíparas, com maior probabilidade de estarem infectadas. A transmissão do vírus de febre amarela ocorre dentro
de florestas, atingindo principalmente homens em atividades (corte de madeira, pesca, caça etc.) nestas áreas, mas
no caso de Hg. Albomaculatus (espécie de Haemogogus), que tende a sair da floresta, podem ser infectados humanos
de ambos os sexos e várias faixas etárias.

IMAGENS
➢ AEDES AEGYPTI
➢ HAEMAGOGUS

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