Strongyloides stercoralis A morfologia do Strongyloides stercoralis é varia
conforme a fase e etapa do ciclo no qual ele se encontra. No ciclo de vida
livre a fêmea mede 1 a 1,5 mm de comprimento, apresentando o corpo fusiforme. Sua extremidade anterior é mais romba e possui uma boca cercada de três pequenos lábios. A infecção humana ocorre quando há penetração da pele por larvas filarioides de Strongyloides stercoralis, geralmente por contacto direto com o solo contaminado por fezes humanas. Andar descalço é um dos fatores de risco mais importantes para se contaminar. Além da invasão da pele, a estrongiloidíase também pode ser adquirida pela via oral, através da ingestão de água contaminada ou quando o paciente ingere alimentos preparados por mãos infectadas, não adequadamente lavadas após uma evacuação. Após a penetração na pele, as larvas migram para os pulmões. Uma vez nos pulmões, elas migram em direção à parte superior das vias aéreas, sendo inconscientemente engolidas ao chegarem próximos à faringe, caindo no sistema gastrointestinal. Quando chegam ao intestino delgado, as larvas amadurecem e evoluem exclusivamente para a forma de fêmeas adultas, que medem cerca 2 mm de comprimento. Cada fêmea adulta pode viver até 5 anos, produzindo ovos e liberando novas larvas ainda dentro dos intestinos. As novas larvas são excretadas juntos com as fezes, reiniciando o ciclo de transmissão o verme. As larvas lançadas ao ambiente junto com as fezes podem contaminar outras pessoas ou evoluir para vida adulta no meio ambiente, desta vez, tornando-se macho ou fêmeas (quando dentro do intestino, a larva torna-se sempre uma fêmea na fase adulta). Do momento da contaminação até a liberação de novas larvas pelas fezes costuma haver um intervalo de 3 a 4 semanas. Portanto, uma vez infectado, o paciente passa a ser um potencial transmissor em cerca de 1 mês. Auto-infecção O Strongyloides stercoralis é o único helminto capaz de completar seu ciclo de vida dentro do seu hospedeiro. Nem todas as larvas nascidas no intestino serão excretadas nas fezes. Algumas delas conseguem penetrar a mucosa do cólon ou a pele da região perianal e retornar à circulação sanguínea, indo em direção aos pulmões. Deste modo, o paciente fica se auto-infectando, tornando possível a perpetuação da parasitose. Em pacientes com sistema imunológico intacto, esse ciclo de auto-infecção é limitado. Todavia, se o paciente for imunodeprimido, pode haver processo de auto-infecções maciças, provocando um quadro de hiperinfecção pelo Strongyloides stercoralis e estrongiloidíase disseminada. A estrongiloidíase disseminada é aquela que o verme consegue acometer órgãos extra-intestinais, como o sistema nervoso central, coração, trato urinário, glândulas, etc. Todos os órgãos e tecidos podem ser invadidos.
O Ancylostoma duodenale e o Necator americanus são pequenos vermes
cilíndricos, que medem entre 0,5 e 1,5 cm de diâmetro e apresentam a cabeça em forma semelhante a um gancho, especialmente o N. americanus. Ambos apresentam uma boca bem definida, com 2 pares de dentes pontiagudos (A. duodenale) ou duas placas afiadas (N. americanus), que servem para aderir à parede do intestino e sugar o sangue do seu hospedeiro. Ciclo de vida do Ancylostoma duodenale e do Necator americanus Indivíduos com ancilostomíase eliminam diariamente milhares de ovos do parasito em suas fezes. Em locais com saneamento básico precário, essas fezes acabam contaminando o solo. Se os ovos do ancilostomídeo forem depositando em um local úmido, quente e sem exposição direta à luz solar, eles conseguem dar origem a larvas que, após cerca de 7 dias no ambiente, amadurecem e tornam-se capazes de infectar o ser humano. As larvas dos ancilostomídeos conseguem sobreviver no meio ambiente, à espera de um hospedeiro, por até 6 semanas, caso encontrem condições adequadas de umidade e temperatura. A contaminação com o Ancylostoma duodenale ou Necator americanus se dá por contato direto da pele com o solo contaminado (geralmente pelos pés) ou por ingestão acidental da larva presente no ambiente (geralmente por mãos contaminadas pelo solo que vão à boca sem terem sido lavadas). Apenas 5 minutos de contato direto da pele com o solo contaminado é suficiente para a larva conseguir penetrar o nosso organismo. Após penetrar a pele, a larva alcança os vasos sanguíneos e viaja até os pulmões, onde permanecerá por alguns dias. Quando o paciente tosse, o parasito pode ser lançado em direção à cavidade oral, sendo, então, inadvertidamente deglutido. Se a contaminação inicial não tiver sido pela pele, mas sim por ingestão acidental da larva, essa primeira parte do ciclo não existe, indo o parasito diretamente para o trato gastrointestinal.Ao ser deglutida, a larva passa pelo estômago e se aloja no intestino delgado, onde irá amadurecer até a forma adulta do verme. Lá, cada ancilostomídeo ingerido se adere à mucosa e passa a ingerir cerca de 0,3 a 0,5 ml de sangue por dia. Para surgir anemia, é necessária uma contaminação com, pelo menos, 40 vermes. Cinco a oito semanas após o paciente ter sido contaminado pela primeira vez, a fêmea do Ancylostoma duodenale ou Necator americanus passa a produzir milhares de ovos, que serão lançados ao ambiente pelas fezes, reiniciando o ciclo de vida do parasito. Tanto o Ancylostoma duodenale ou Necator americanus não se multiplicam dentro do nosso organismo. Para gerar novos vermes, os ovos precisam se depositados no ambiente. Portanto, se o individuo não se recontaminar, ele acaba se curando sozinho da ancilostomíase com o tempo. O problema é que o Ancylostoma duodenale costuma ter um tempo de vida de 1 ano e o Necator americanus pode chegar até a 5 anos de vida. Se o paciente vive em uma área com más condições de saneamento, ele acaba se infectando novamente antes de a primeira geração de vermes ter morrido.
O Trichuris trichiura é um parasito que não se adapta bem a locais áridos ou
muito frios, por isso, as regiões tropicais, onde o clima é úmido e quente, são as que apresentam maior número de casos desta verminose.Em todo mundo, estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas estejam infectadas com esse parasito, a maioria delas sem apresentar qualquer tipo de sintoma. Devido ao fato do Trichuris trichiura viver em ambientes com características semelhantes aos do parasito Ascaris lumbricoides, é muito comum a co-infecção por ambos nematódeos. O Trichuris trichiura é um verme morfologicamente parecido com o Ascaris lumbricoides, porém, ele é bem menor, medindo, em média, cerca de 4 cm contra os habituais 30 cm do áscaris (leia: Ascaridíase | Ascaris lumbricoides). Transmissão do Trichuris trichiura A tricuríase é uma doença de transmissão fecal-oral. Um indivíduo se contamina com o Trichuris trichiura quando ingere acidentalmente ovos do parasito contidos em alimentos, água ou no solo. O ciclo de vida do Trichuris trichiura pode ser resumido da seguinte forma: um indivíduo infectado libera milhares de ovos do parasito a cada evacuação. Se as fezes entrarem em contato com o solo, os ovos encontram um local propício para amadurecer. Após cerca de 2 ou 3 semanas, os ovos passam a conter um embrião do verme capaz de infectar quem o consumir. A ingestão de ovos que foram eliminados recentemente nas fezes não é capaz de contaminar outras pessoas, pois o embrião no seu interior precisa deste tempo de 2 semanas de amadurecimento no solo para poder completar o seu ciclo de vida. Em ambientes úmidos e com pouca exposição solar direta, os ovos do Trichuris trichiura podem permanecer viáveis por vários meses. Por outro lado, em locais secos, muito quentes ou com exposição solar direta, o ovo sofre desidratação e o embrião em seu interior morre rapidamente. As duas formas mais comuns de contaminação são através do contato da boca com mãos que manipularam solo infectado ou por consumo de alimentos plantados em terra adubada com fezes humana. Uma vez ingeridos, os ovos do parasito conseguem atravessar incólumes o estômago e eclodem ao chegar ao intestino delgado, liberando as larvas do verme. Após cerca de 3 meses, as larvas se tornam vermes adultos e migram para o intestino grosso, onde irão habitar definitivamente. No intestino grosso, o Trichuris trichiura pode viver por até 5 anos. A fêmea do parasito é capaz de colocar mais de 20 mil ovos por dia, que serão eliminados pelas fezes, dando início a um novo ciclo.