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Órgãos da Administração Municipal

ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL


OS órgãos da administração são segundo o código de 1940
A- Comuns:
a) O concelho municipal;
b) A câmara municipal;
c) O Presidente da câmara municipal.
B- Especiais
d) Juntas de turismo e comissões municipais de turismo;
e) Comissões municipais de assistência;
f) Órgãos municipais consultivos.

a) Conselho Municipal-é uma Assembleia composta do presidente da


câmara e de representantes. Esta assembleia tem carácter
representativo, e da sua composição se depreende o conceito orgânico
que o legislador forma de município, considerando, não como simples
conjunto de indivíduos – cidadãos, mas como expressão orgânica da
convivência de famílias agregadas.

As funções do concelho municipal podem classificar-se em:


- Função eleitoral, quando elege os vereadores;
- Função moderadora, quando como fiscal da actuação do presidente
da câmara municipal e dos vereadores, podendo requerer ao Governo
inquérito aos actos daquele e revogar o mandato destes, de modo a

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manter o equilíbrio dos dois elementos (de nomeação e electivo) que
compõem a câmara:
Função orientadora e fiscalizadora ao estabelecer as regras gerais da
acção administrativa e financeira da câmara, e ao pronunciar-se sobre
as deliberações desta que careçam da sua aprovação para se tornarem
executórias.
O conselho municipal reúne ordinariamente duas vezes por ano e
extraordinariamente sempre que for necessário. Tem mesa própria,
mas é seu presidente o da câmara. Podem assistir às suas reuniões, por
direito próprio, os vereadores; e os funcionários públicos ou
municipais e os munícipes com reconhecida competência que sejam
convocados pelo Presidente, mas só fins de informação e consulta nas
matérias em que forem peritos ou de que tenham conhecimento
especial (Marcelo de Sousa in Código Administrativo art 24).
b) Câmara municipal, é o órgão colegial de gestão permanente dos
negócios municipais: é o corpo Administrativo do concelho.

Compõem-se de um presidente nomeado pelo Governo, e de


vendedores eleitos conselho municipal e cujo número varia com a
classe e ordem dos conselhos.
As funções camarárias são principalmente deliberativas. A execução
das deliberações compete ao presidente da câmara, mas salvo nas
grandes cidades, os negócios municipais podem ser distribuídos por
pelouros, cada um dos quais é gerido por um dos Membros da Câmara
(Presidente e vereadores), cabendo aos vereadores a preparação da

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execução das deliberações relativas aos pelouros, sem prejuízo dos
poderes de direcção e coordenação do presidente (cod, art 58).
c) Presidente da Câmara Municipal - O Presidente da Câmara é
livremente nomeado pelo Governo, devendo ser escolhido, salvo
circunstancias excepcionais , de entre os Munícipes do respectivo
concelho-e, de preferência , vogais do conselho Municipal, antigos
vereadores ou Membros das comissões Administrativos municiais ou
diplomadas com um curso superior.

Tem uma dupla função, a de chefiar a administração municipal, como


órgão, embora nomeado, do conselho; e a de representar o Governo,
como magistrado administrativo. O Presidente da câmara é
simultaneamente órgão do Município e órgão do Estado.
Serviços Municipais a preparação das deliberações e decisões dos
órgãos municipais e respectiva execução correm por serviços
burocráticos e técnicos: são os serviços municipais, que o Código
distingue em secretaria, tesouraria e serviços especiais.

Secretaria- A secretaria é o serviço por onde corre o expediente das


câmaras, e o relativo à execução das deliberações camarárias e dos
despachos e ordens do Presidente.

Pode dividir-se em serviços ou Secções.

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O funcionário que a dirige é o chefe da Secretaria, mas os respectivos
serviços são sempre do pelouro do presidente da câmara.

Tesouraria compete-lhe a arrecadação das receitas a guarda de fundos


e valores, o pagamento das despesas e quaisquer movimentos dos
dinheiros do município. Está a cargo de um tesoureiro, que nos
concelhos de pequena receita é o tesoureiro da fazenda Pública e nos
outros um funcionário.

Serviços Especiais
Cabe esta designação aos partidos, médicos, médicos veterinários e
outros existentes no concelho, as repartições instituídas para assegurar
o exercício de determinado ramo das atribuições municipais que exija
conhecimentos especializados de qualquer ciência ou arte e não se
traduza em actividade económica, bem como os serviços de extinção
de incêndios.

A expressão partido é tradicional e designa hoje a função exercida em


beneficio dos habitantes do concelho, por conta deste, mas sob a
forma de profissão liberal. Quer dizer: o funcionário não deixa de
exercer livremente a sua profissão, mas recebe um vencimento para o
fazer dentro de certa área e aí atender gratuitamente os munícipes
pobres.
Quanto às repartições técnicas podem ser diversas (saúde e higiene,
engenharia, arquitectura e contencioso.

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Os serviços de incêndios é um serviço de segurança pública, a cargo
das autoridades policiais ou de corpos de bombeiros e para cujo
desempenho podem ser requisitados os serviços e bens necessários, e
ordenados até os indispensáveis sacrifícios de coisas e direitos.

Os Serviços Municipalizados
Além dos serviços municipais, podem as câmaras instituir com a
aprovação dos respectivos conselhos municipais e do Governo,
serviços municipalizados, isto é serviços públicos de interesse local
explorados sob forma industrial por conta e risco dos municípios.

Trata-se de empresas públicas cujo empresário é o município, embora


essas empresas não tenham personalidade jurídica: são autónomas,
mas estão integradas no concelho. As condições fundamentais
prescritas para a municipalização resumem-se em que os serviços a
instruir tenham:
1. Por fim, satisfazer necessidades colectivas da população do
concelho em relação as quais se verifique que:
a) A iniciativa privada as não provê satisfatoriamente;
b) Sejam de primacial importância para a colectividade;
2. Organização autónoma, dentro da administração municipal e sob
forma industrial (salvo autorização do Governo);
3. Funcionamento económico, em benefício do público.

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As actividades que podem ser municipalizadas o código enumera as
principais, relativas ao abastecimento de água, de energia eléctrica e
de gás de iluminação; ao aproveitamento, depuração e transformação
águas de esgoto, lixos, detritos e imundícies; à construção e
exploração de mercados frigoríficos, balneários, lavadouros públicos
e estabelecimentos hidroterapeuticos; comercialização de carnes
verdes, higienização de produtos alimentares, nomeadamente o leite, e
ao transporte colectivo de pessoas e mercadorias.

Além destas, porém podem ser municipalizadas outras actividades


quando circunstâncias especiais aconselhem o Governo a autoriza-lo.

O processo de musicalização – para que uma actividade se converta


em serviço municipalizado, o processo a seguir é:
a) Elaboração prévia de um estudo económico, técnico e financeiro da
empresa com o respectivo projecto;
b) Deliberação da Câmara sobre este projecto favorável a
municipalização;
c) Sujeição da deliberação da câmara à aprovação do conselho
municipal.

Geminações entre Moçambique e Portugal

As Geminações são uma via privilegiada de implantação da CIM e

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como tal da cooperação descentralizada. Neste trabalho são
entendidas como parcerias permanentes, formalizadas mediante
acordos entre as partes reconhecidas oficialmente entre dois ou mais
municípios e que promovem a troca de conhecimento e de
experiências podendo envolver diferentes sectores da sociedade civil.
(Associações, ONG, outras organizações).

A relação de geminação consiste em promover relações de amizade,


intercâmbio e apoio mútuo. Embora muitas não passem de acto
formal, as potencialidades quanto à sua utilização enquanto canais de
cooperação são grandes. Através delas podem-se desenvolver acções
conjuntas, apoiar os parceiros do sul em questões que são rotineiras
para os municípios de Países desenvolvidos mas que exigem um
considerável esforço no do sul ( infra-Estruturas básicas,
abastecimento de agua, recolha e tratamento de resíduos etc). Podem
constituir plataforma de intercâmbio cultural entre as associações e/ou
escolas, possibilitar o envio de voluntários e o estabelecimento de
convénios com ONG, através delas pode-se promover a educação
para desenvolvimento aumentando a consciência pública sobre a
interdependência.

As geminações tem sabido adaptar-se aos ventos das mudanças


internacionais e evoluir de actividades culturais e de solidariedade
para actividades mais complexas que podem ser combinadas com
interesses comerciais e políticos e de ajuda ao desenvolvimento.

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Recentemente por exemplo e intimamente ligada à relações
internacionais e do papel do poder local em muitos Países, as
geminações tendem a evoluir para o estabelecimento de trocas
económicas entre municípios.

A origem das parcerias pode ter fontes diversas, pois tanto pode ser o
resultado de um acordo formal como pode ser o culminar de um longo
percurso conjunto assinado apenas para oficializar as relações.

Não se pode dizer que haja o predomínio de motivos que conduzem


ao estabelecimento deste tipo de relações, variando desde tipo de
situações acidentais a uma programação cuidadosa, sendo esta a
forma mais comum. A primeira vaga de geminações N/S esteve ligada
a acção de ONG, das associações locais ou a indivíduos
transformando os laços existentes numa relação oficial de modo a
assegurar a sua continuidade, melhorar o acesso aos financiamentos e
ou desenvolver novas atitudes.

Apresenta-se de seguida algumas das motivações para a formalização


das relações entre os municípios:

1. Politicas - muitos municípios participam na CIM por razões de


ordem política ou compromisso com aspectos globais;

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2. Humanitária - reflexo da reacção perante situações de miséria e de
dificuldades;

3. Económicas – a procura do lucro, através do alargamento das


relações comerciais;

4. Técnicas - muitas vezes, os Países procuram este tipo de


geminações para ultrapassar o fosso tecnológico e para aceder a
financiamento exteriores, assistência técnica e know-how;

5. Interesses humanos, -na Base desta motivação esta muitas vezes o


interesse por outras culturas e estilos de vida;

6. Razões étnicas presença de minorias étnicas numa dada


comunidade pode motivar o envolvimento de um município na CIM;

7. Proximidade geográfica língua, problemas ambientais idênticos.

De um modo geral, a vontade de envolvimento dos municípios em


actividades de cooperação e em geminações passa pela escolha dos
parceiros nomeadamente, as semelhanças, demográficas geográficas,
laços históricos e/ ou culturais.

Outro dado importante é que a cooperação intermunicipal pode


também ser concretizada através de protocolos de colaboração. Estes

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dada a sua natureza mais especifica, dão normalmente lugar à
transferências de conhecimento, realizada ao nível de cooperação
técnica, tirando partido do desenvolvimento das capacidades e põe um
forte envolvimento do município e dos seus serviços técnicos
especializados. Diz respeito a formação dos Recursos Humanos em
áreas específicas como sejam o saneamento (recolha e tratamento de
resíduos, luta contra a poluição), os transportes urbanos, a qualidade
de vida, a reabilitação do património imobiliário, a gestão municipal,
etc. As intervenções dos técnicos fazem-se ao nível dos estudos
preliminares, da elaboração dos projectos da formação do pessoal e da
transferência de tecnologias.

Um outro tipo de protocolo tem a ver com as transferências de


conhecimento em domínios mais teóricos, ligados à elaboração de
políticas locais.

Pela sua natureza é frequente a assinatura simultânea de protocolos de


colaboração /cooperação aquando do acto da geminação, o inverso já
é menos frequente ou seja podem existir protocolos de colaboração
que ainda não deram lugar a acordos de geminação.

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23-10-2018
Cooperação Intermunicipal com Moçambique

Dando sequência ao processo de melhoramento de toda a


coordenação, o ICP (Instituto de Cooperação Portuguesa), em 1999,
mesmo sem verbas inscritas no seu orçamento para a cooperação
intermunicipal, passou a analisar os projectos dos municípios com
maior rigor e a sensibilizar tanto a ANMP como as câmaras para um
melhor planeamento dos projectos.

O plano integrado de cooperação portuguesa aprovado conjuntamente


com o orçamento de estado para o ano de 1999, veio criar condições,
face às novas orientações estratégicas definidas para a cooperação,
para o reforço da cooperação intermunicipal indo ao encontro da
proposta do ministério dos negócios estrangeiros e da cooperação com
Moçambique no sentido de dar apoio.

Geminações entre Moçambique e Portugal

Moçambique Portugal Data do acordo

Angoche Figueira da foz 31.07.97


Beira Porto 18.11.98
Seixal 06.11.97
Coimbra 23.06.97
Arganil 07.09.99
Ilha de Évora 15.09.97
Moçambique
Inhambane Aveiro 10.02.93
Oeiras N.D

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Na Área de Educação e Formação de Quadros
 Bolsas para acções de formação no âmbito da administração local e
da Administração autárquica;
 Formação e aperfeiçoamento profissional de quadros da
Administração local, fundamentalmente através da frequência de
cursos, seminários, sessões de informação técnica e realização de
estágios;
 Apoio na realização de estudos e projectos sobre assuntos
relevantes no poder local a empreender em Moçambique, organização
e reorganização das estruturas do poder local e a troca de experiência
e informação de natureza Técnico
Administrativa;
 Acções de formação de formadores nas matérias concernentes a
administração local.

Na Área de Infra-Estrutura, Saneamento Básico,


Urbanismo e Ambiente
 Apoio ao estudo e execução de infra-estruturas, cujo objectivo seja
a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar das populações;
 Apoio à formação de técnicos, a realizar em Moçambique em áreas
a definir.

Na Área de Apoio em Materiais e Equipamentos


 Acções que visem o envio de materiais e ou equipamentos
directamente relacionados com áreas referidas.

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Assim em 1999,refeletindo a crescente importância da cooperação
intermunicipal indo ao encontro dos desejos manifestados pelas
autoridades moçambicanas, o apoio a este tipo de projectos aumentou
aproximadamente cinco vezes mais, atingindo os 33 mil contos
distribuídos por 16 acções e projectos. Pode-se assim constatar houve
de 1998 para 1999 uma evolução extremamente positiva tanto ao
nível dos montantes desembolsados quanto ao nível da qualidade de
cooperação
portuguesa, a ANMP (Associação Nacional dos Municípios
Portugueses) passou a levar em conta algumas das recomendações do
ICP e as câmaras começaram a trabalhar no domínio das prioridades
da cooperação para o desenvolvimento e papel do coordenador do
MNE através do ICP.

Referência Bibliografica
José António Oliveira Rocha e Gonçalves Jonas Bernardo Zavale, « O
Desenvolvimento do Poder Local em África: O caso dos municípios
em Moçambique », Cadernos de Estudos Africanos, 30 | -1, 105-133

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Banco Mundial. (2009). Desenvolvimento municipal em
Moçambique: As lições da primeira década. Acedido em 09 de Maio,
2017, de http://siteresources.worldbank.org/INTMOZ
AMBIQUE/Resources/MunicipalPort.pdf

Zavale, G. J. B. (2011). Municipalismo e poder local em


Moçambique. Maputo: Escolar.

Preparado por:

Abel Saia Júnior – Mestrando em Ciências Juraicas

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