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1 Saúde e trabalho Lívia Arantxa, M5 2018.

Aula 3 – Armando

Substâncias químicas prioritárias para a saúde


ambiental – Toxicologia

METAIS

O homem não tem a capacidade de criar e destruir os metais, contudo, sua ação
potencializa os impactos dos metais sobre a saúde humana, uma vez que ele aumenta a circulação
e o despejo de metais no ambiente (disponibilidade) e altera a espécie química (toxicidade).

• Chumbo (Pb)
É o metal tóxico mais abundante, amplamente difundido em todos os compartimentos
e sistemas biológicos.
As principais fontes de exposição para a população geral são os alimentos, combustão
automotiva, tintas, gráfica, emissão industrial. Já as ocupacionais são mineração,
metalurgia, siderúrgica, acumuladores (baterias)

Nome da contaminação por


chumbo: saturnismo.

As linhas de Burton (imagem ao lado)


podem ocorrer por intoxicação ocupacional
por chumbo. Esse quadro apresenta pouca
repercussão para a saúde bucal, contudo
deve-se investigar comprometimento do SN
quando essas estiverem presentes.

Nos últimos anos, houve retiradas das principais fontes de exposição humana a
chumbo.
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A concentração de chumbo no sangue é dado por μ Pb/dL. Pelo gráfico, em adultos, a


partir de 10 μg, já se aumenta o risco de hipertensão. A partir de 40 μg, tem-se o risco
de desenvolver nefropatias. Com 50 μg, tem-se a diminuição da síntese de
hemoglobina. O efeito em crianças se assemelha ao que ocorre em adultos, mas em
concentrações mais baixas.
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Obs: O chumbo atravessa a placenta.

Ações tóxicas do Chumbo

No sistema nervoso: em adultos, altera a velocidade de condução do nervo periférico


(neuropatia periférica). Em crianças, pode afetar o SNC (redução da cognição).
Rins: É nefrotóxico, pode reduzir a taxa de filtração glomerular.
Cardiovascular: pode aumentar o risco de hipertensão arterial.
Hematológico: diminui a síntese do grupamento heme (hemoglobina)

O chumbo inibe duas enzimas da cascata de síntese do grupo heme, a delta-ALA


desidratase (ALA-D) e a Heme sintetase. Os trabalhadores expostos ao chumbo
excretam mais ácido delta-aminolevulínico e tem um maior nível circulante de
protoporfirina III.

O chumbo atravessa a BHE, então, deve-se pensar principalmente em


NEUROTOXICIDADE. Os outros seriam efeitos mais “acessórios”/secundários
(hipertensão, anemia)

A principal rota de exposição para a contaminação ocupacional é a inalação,


pela qual partículas mais largas são depositadas nos cílios do trato
respiratório são transportadas até o esôfago, onde são deglutidas.
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• Mercúrio (Hg)
O mercúrio existe sobre 3 formas básicas: mercúrio elementar, mercúrio inorgânico e
mercúrio orgânico.
As principais fontes de exposição para a população geral são os alimentos e
amálgamas dentários. Em relação a fontes de exposição ocupacional, temos:
1) Mercúrio elementar: indústrias de material médico, cloro-soda, pilhas e baterias,
amálgamas dentários.
2) Mercúrio inorgânico: medicamentos, catalisador em indústrias de plástico.
3) Mercúrio orgânico: tintas, fungicidas, conservantes de madeiras e medicamentos.

Nome da contaminação por


mercúrio: hidrargiria

Rotas de exposição

1) Inalação: Hg0
O vapor de mercúrio sofre difusão através da membrana alveolar. É lipossolúvel e
apresenta afinidade pelos glóbulos vermelhos e SNC.
O tempo de meia vida do Hg é de 35-90 dias.
O limite permissível de exposição total ao mercúrio é no local de trabalho
50mg/m³, enquanto a referência da população geral é de 15mg/m³.
É uma via comum em garimpeiros, que utilizam mercúrio para localizar o ouro.
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2) Ingestão
➔ Metálico (Hg0): apenas 0.01% é absorvido.
➔ Inorgânico (HgCl₂): apenas 7% é absorvido, pode ser armazenado nos rins e
tem meia vida de, aproximadamente, 40 dias. Pode ser excretado na urina e
fezes principalmente na forma inorgânica (sal)
➔ Orgânico (MeHg): apresenta a maior absorção (90-95%) quando comparada
as outras formas, uma vez que está ligado a cadeias de hidrocarboneto. Pode
ser armazenado em fígado e cérebro e apresenta meia vida de,
aproximadamente, 70 dias. Está presente em comidas japonesas ☹

• Cádmio (Cd)
É um metal constituinte da água dos oceanos. É refinado e consumido para a
fabricação de baterias, pigmentos, estabilizantes para plásticos, revestimentos e
equipamentos fotovoltaicos.

➔ Manifestações clínicas:
A exposição aguda pode gerar os seguintes sintomas:
- Quando for pela via oral: dor abdominal, náuseas e vômitos;
- Quando for pela via pulmonar: pneumonia química e edema pulmonar. A taxa de
mortalidade é cerca de 20%. Os sintomas podem se iniciar 4-24h após a exposição.

A exposição crônica tem como alvo principal músculo esquelético e rim e pode gerar:
- Pulmonar: bronquite crônica, fibrose progressiva e lesão alveolar levando ao
enfisema.
- Renal: afeta a função tubular proximal, gerando aumento do Cd gera aminoáciduria,
glicosúria, proteinúria e diminui a reabsorção tubular de fosfato. Ocorre progressão
para reação inflamatória intersticial e fibrose.
- Ossos: responsável pelo desenvolvimento pela Síndrome de Itai-Itai, caracterizada
pela deformidade óssea e nefropatia.
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A via ocupacional principal é por


inalação, bem como a da população
de fumantes em geral.

• Arsênio (As)
É encontrado na forma trivalente e pentavalente (inorgânico e orgânico).
As principais formas de exposição são:
Ocupacionais: minas (cobre, zinco e chumbo), atividade industrial (produção de
pesticidas)
População em geral: contaminação de água e alimentos

Os efeitos agudos são conjuntivite, dermatite, bronquite, dispneia, vômitos, alterações


cardiovasculares, febre, anorexia, hepatomegalia, melanose, neuropatia periférica.
Os efeitos crônicos são a neurotoxicidade (SNC e SNP – alteração sensorial, parestesia,
fraqueza muscular), cirrose hepática, doenças de pele (despigmentação e
hiperpigmentação), depressão da medula óssea, diabetes, nefropatias.

Exposição ocupacional e ambiental – NR-7

SOLVENTES

São substâncias químicas ou uma mistura líquida de substâncias químicas capazes de


dissolver outro material de utilização industrial. Geralmente, são compostos de
natureza orgânica, como os hidrocarbonetos.
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Apresentam composição química diversa e possuem as seguintes propriedades


físico-químicas em comum:

1) São líquidos a temperatura ambiente;


2) São lipossolúveis;
3) Apresentam grande volatilidade
4) São muito inflamáveis, alguns são explosivos;
5) Produzem importante efeitos tóxicos

Importante: Quando maior o peso molecular, maior a lipossolubilidade e menor a volatilidade.


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Quem trabalha com solventes?

Cerca de 10-15% da população economicamente ativa trabalha com solventes.

Quais são as principais vias de exposição do trabalhador?

a) Via respiratória: principal via de exposição de trabalhadores a solventes orgânicos.


b) Via dérmica: devido a sua lipossolubilidade, também são bem absorvidos na pele através
do contato direto e do contato com os vapores.
c) Via gastrointestinal: ao comer fruta ou fumar, o trabalhador pode ingerir pequenas
quantidades de solventes que se encontrem em suas mãos.

Intoxicação por solventes: Efeitos agudos

A inalação de vapores de solventes resulta em sinais e sintomas decorrentes, principalmente, dos


efeitos narcóticos dessas substâncias.
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Intoxição por solventes – efeitos crônicos

Em uma exposição crônica podem aparecer alterações respiratórias, hepáticas, renais,


hematológicas e neurológicas.

Alguns solventes são genotóxicos e carcinogênicos, como o benzeno, que é IARC1, composto
reconhecidamente carcinogênico, que aumenta o risco de desenvolver leucemias e linfomas.

AGROTÓXICOS

Definição

Qualquer substância ou mistura de substâncias utilizadas com o objetivo de prevenir, destruir ou


controlar qualquer praga, incluindo vetores de doenças animais e humanas, espécies indesejáveis
de plantas ou animais que causem dano ou que, de alguma forma, interfiram na produção,
processamento, estocagem, transporte e comercialização de alimentos, produtos relacionado a
agricultura, madeira e seus derivados, rações ou ainda substâncias que possam ser administradas
em animais para controle de insetos, aracnídeos e outras pragas dentro ou sobre seus corpos.

Agrotóxicos – classificação:

Quanto ao uso:

• Inseticidas
• Herbicidas
• Fungicidas
• Acaricidas
• Outros -desfolhantes, dessecadores
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• Raticidas
• Moluscicida

Quanto a estrutura química:

Quanto a toxicidade:

• Classe 1A: extremamente tóxico;


• Classe 1B: altamente tóxico;
• Classe 2: moderadamente tóxico;
• Classe 3: pouco tóxico;
• Classe 4: muito pouco tóxico

Agrotóxico: principais populações expostas – exposição ocupacional e ambiental

• Agricultores e familiares

• Trabalhadores de campanhas de saúde pública


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• Aplicadores urbanos de desinsetizadores

• Trabalhadores da indústria de agrotóxicos

• Organoclorados

São usados como inseticida e acaricida. As vias de absorção usual são oral, respiratória
e dérmica.
Atuam sobre a membrana axonal, lentificando o fechamento dos canais de sódio.

Também interferem no metabolismo de serotonina, noradrenalina e adrenalina de


maneira não esclarecida. Estimula enzimas microssomais hepatáticas em casos
crônicos. Também pode se acumular no tecido adiposo.

Quadro clínico
As convulsões são as manifestações mais importantes.
Pode cursar com cefaleia persistente, contrações musculares, tremores, parestesia,
perturbações no equilíbrio, perda de apetite, mal-estar geral, hepatomegalia, lesões
hepáticas e renais, pneumonite química.

• Organofosforados e carbamatos

São usados como inseticidas e acaricidas. Suas vias de absorção são oral, respiratória e
dérmica e são inibidores da acetilcolinesterase, ou seja, haverá uma elevada
estimulação colinérgica.
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Quadro clínico

Exame laboratorial e tratamento


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• Inseticidas Piretróides
São inseticidas naturais extraídos de flores do gênero Chrysanthemun (crisântemo). A
indústria desenvolveu a piretrina sintética, estável a exposição a luz e usado com
praguicida.
Esses inseticidas prolongam o período de abertura do canais de sódio VD, gerando
tremores, câimbras musculares, hipersensibilidade e convulsões.
O quadro clínico é geralmente sobre a forma de reações alérgicas.

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