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PROTOCOLOS PARA CONTENÇÃO QUÍMICA VISANDO A COLETA DE

SÊMEN DE QUEIXADAS (Tayassu pecari)


Renan Luiz Albuquerque Vieira; Thaise da Silva Oliveira Costa; Marilúcia
(NOME COMPLETO); Celso (NOME COMPLETO)

Queixada (Tayassu pecari) é classificado como vulnerável pela União Internacional


para Conservação da Natureza, devido à caça excessiva e destruição de seu habitat.
Programas de reprodução em cativeiro para posterior soltura tem sido apontados como
estratégia para reverter este quadro, porém a baixa fertilidade de machos de queixadas
em cativeiro pode dificultar a sua reprodução neste ambiente. Desta forma, a
inseminação artificial pode se tornar uma ferramenta para evitar a perda da diversidade
genética, porém, ainda são necessárias informações sobre métodos seguros de anestesia
para coleta de sêmen nesta espécie. Objetivamos, portanto, comparar reações de
queixadas submetidos aos protocolos xilazina/cetamina e acepromazina/cetamina para
posterior coleta de sêmen. A pesquisa foi realizada no criadouro científico da
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, Bahia, Brasil. Foram estudados
12 queixadas machos adultos, todos nascidos e criados em cativeiro, com idade
variando entre 3 e 7 anos. Foram avaliados 2 protocolos anestésicos. No primeiro
protocolo, foi administrado xilazina (1,0 mg/kg IM) e, após 15 min, cetamina (5 mg/ kg
IM). Após um período de 7 dias, os mesmos animais passaram por um segundo
protocolo anestésico, composto pela associação de acepromazina (0,2 mg/kg IM) e,
após 5 min, cetamina (5 mg/kg IM). Foram avaliados o tempo e a duração da indução
anestésica, o grau de relaxamento muscular, o tempo de recuperação anestésica e a
qualidade da recuperação dos animais. Além disso, a qualidade da sedação foi avaliada
com base no comportamento do animal. Houve menor tempo de indução anestésica
(F1,11 = 22,05; P = 0,001) e menor tempo de recuperação anestésica (F1,11 = 245,1; P <
0,001) nos animais quando submetidos ao protocolo acepromazina/quetamina em
relação ao protocolo xilazina/cetamina, promovendo, portanto, rápida recuperação dos
animais. Por sua vez, os animais que receberam o protocolo xilazina/cetamina
apresentaram período de anestesia quase 4 vezes maior em relação aos animais
submetidos ao protocolo acepromazina/cetamina (F1,11 = 1166,1; P < 0,001). Quando
submetidos ao protocolo xilazina/cetamina, os animais apresentaram analgesia menor
em relação a quando foram submetidos ao protocolo acepromazina/cetamina (Z = 2,52;
P = 0,01). Todos os animais anestesiados com acepromazina/ cetamina aceitaram a
aproximação do pesquisador (Z = 2,80; P = 0,005) e apresentaram ereção (Z = 1,69; P =
0,091), neste protocolo os animais não apresentaram vocalização (Z = 2,67; P = 0,008) e
tentativa de fuga (Z = 2,52; P = 0,012) durante a coleta de sêmen. Após a recuperação
anestésica e soltura na baia, nenhum dos animais submetidos ao protocolo
acepromazina/cetamina apresentou arqueamento de dorso, ao contrário dos animais
anestesiados com xilazina/cetamina. O uso da associação acepromazina/cetamina
promove melhor grau de analgesia, qualidade e recuperação da anestesia, e melhores
indicadores comportamentais de bem-estar durante o período anestésico e pós-
anestésico em comparação ao protocolo xilazina/cetamina visando a eletroejaculação
para coleta de sêmen de queixadas.

Palavras-chave: anestesia, animais silvestres, conservação, reprodução.


Financiamento:

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