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REABILITAÇÃO DE GAVIÃO-ASA-DE-TELHA (PARABUTEO UNICINCTUS)


ATRAVÉS DA FALCOARIA
Rehabilitation of “gavião-asa-de-telha” (parabuteo unicinctus) through
the falconry

Filipe Sobral FONSÊCA¹, Jaqueline Maria Dos SANTOS², Joaquim Justino Cavalcanti NETO³.

¹ ² Primeiro autor e segundo autor são graduandos em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Fone: (81)99740298, filipe_sobral_18@hotmail.com; (81) 96955701, jaquemedvet@hotmail.com
.³Terceiro autor é adestrador de animais, Fone: (81)94218189, joaquimjcn@gmail.com.

Resumo
A falcoaria atualmente está bastante popular decorrente de seu emprego na
reabilitação de predadores. O presente trabalho relata o sucesso da reabilitação
através desta técnica, de Parabuteo unicinctus entregue voluntariamente ao
CETAS/IBAMA/PE, e sua posterior soltura em habitat natural.
Palavras-chaves: reinserção, rapinante, medicina da conservação.
Abstract
Falconry is currently quite popular due to its use in the rehabilitation of predators.
This paper reports a successful rehabilitation through this technique, unicinctus
Parabuteo voluntarily surrendered to CETAS / IBAMA / PE, and their subsequent
release into natural habitat.
Key words: reinsertion, rapacious, conservation medicine.

Introdução
As aves de rapina caracterizam-se por possuírem garras para
captura da presa, bico de gancho, poderosa visão binocular e são diurnas ou
noturnas, se alimentando de carne. Existem exemplares de diversos tamanhos e
formas, como rapinantes pequenos ou espécies mais imponentes. O Parabuteo
unicinctus (Gavião-asa-de-telha) é uma ave de médio porte, medindo 115
centímetros de envergadura e 48 a 56 centímetros de comprimento. No Brasil, é
encontrada nas regiões central, meridional e oriental. Trata-se de uma ave bastante
inteligente que costuma caçar em bandos de até 6 indivíduos, o que é incomum
entre os rapinantes e sua alimentação consiste em outras aves, além de roedores
(HAYABUSA, 2014).

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As aves de rapina configuram um enorme problema quando à reabilitação,


não só por necessitarem de preparação física e técnica para realizar ações de
perseguição, captura e abate de presas, como também por seu espaço de exercício
ser amplo (HAYABUSA, 2014). A falcoaria, que consiste no adestramento de aves
de rapina, voltada para conservação de predadores dispõe de técnicas estudadas e
aplicadas em projetos de reintegração de rapinantes à natureza os mais diversos e
também programas de controle biológico. Logo, com o devido conhecimento
comportamental da ave, condicionamento físico da mesma e técnicas de falcoaria
adequadas é possível a manipulação, a reprodução e até a reintrodução de aves de
rapina ameaçadas em todo mundo (ABFPAR, 2014).
O objetivo desse trabalho é relatar a reabilitação e soltura de um Gavião-asa-
de-telha (Parabuteo unicinctus), entregue voluntariamente ao Centro de Triagem de
Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais
renováveis em Pernambuco-CETAS/IBAMA-PE, utilizando-se técnicas de falcoaria.

Descrição do caso
Foi entregue voluntariamente ao CETAS/IBAMA-PE um Gavião-asa-de-telha
(Parabuteo unicinctus), de aproximadamente um ano e provavelmente se tratando
de uma fêmea. Inicialmente foi feito exame físico do animal e nenhuma alteração foi
encontrada. Administrou-se Talfon Top® (cipermetrina e carbarila) para prevenir a
infestação por ectoparasitas, e em seguida, a ave foi encaminhada para a
reabilitação.
No processo de reabilitação a ave possuía um recinto adequadamente
adaptado, onde era recolocada após o treinamento e onde permaneceu até a
soltura, foi devidamente equipada e mantida presa a um poleiro,
usando-se luvas de couro para manuseá-la. Os primeiros vôos foram feitos com a
ave presa a um fio longo para que não fosse extraviada. O treinamento da ave
consistiu, inicialmente, em acostumá-la a se alimentar na luva, para condicioná-la e
melhor manejá-la durante todo o processo de reabilitação, houve queda no peso do
animal. Então, iniciou-se o trabalho de musculação da ave, com vôos verticais do
poleiro, garantindo resistência e estímulo à busca pelo alimento. Passou-se à fase
de estímulo à caça, onde o rapinante caça e abate presas vivas e abatidas, de forma
similar ao seu habitat natural, sendo esta a última etapa do treinamento. Com o
rapinante resistente, forte e com boa resposta à caça e à predação, cerca de uma

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semana antes da soltura, elevou-se o peso dela para que, no novo hábitat, a ave
tivesse tempo de se ambientar e não sofrer com falta de alimento durante este
tempo de adaptação, e assim em seguida, foi feita a soltura.

Discussão
Inicialmente a ave demonstrou comportamento agressivo e reação de fuga e
proteção, consequentes à proximidade com o ser humano. Contudo foi tendo uma
melhor resposta ao treinamento, tornando-se menos agressiva e facilitando todo o
trabalho de reabilitação que teve continuidade com treinamento de musculação e
resistência da ave, nesta fase o predador teve uma boa resposta, devido ao fato de
ter atingido um peso de vôo adequado para tal treino, além de tratar-se de uma ave
bastante inteligente, que associa rapidamente os movimentos. Na fase de caça com
presas vivas e abatidas, o gavião teve uma ótima resposta ao estímulo e realizou
perseguição, fazendo a captura da presa, culminando assim em condições ideais
para sua reinserção no seu habitat natural.

Conclusão
Constatou-se que no adestramento do rapinante, feito o correto equipamento
desta, bem como o correto manejo e o treinamento, houve grande progresso em
relação ao condicionamento físico e técnico da ave, auxiliando na reabilitação e
soltura desta na natureza. A utilização desta técnica apresenta-se como importante
ferramenta para a medicina da conservação.

Referências:

HAYABUSA falcoaria. Águias, gaviões e falcões, Recife, 10 fev. 2014. Disponível


em: http://www.hayabusaambiental.com.br/falcoaria_rapinas.html. Acesso em: 10
fev. 2014.

ABFPAR- Associação brasileira de falcoeiros e preservação de aves de rapina. A


falcoaria hoje. Recife, 10 fev. 2014. Disponível em:
http://abfpar.org/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=47&Itemid=5
3. Acesso em: 10 fev. 2014.

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