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Nesta primeira aula, falaremos sobre um tema importantíssimo e muito relevante para os
principais vestibulares do país: as famosas Funções da Linguagem. Antes de tratarmos
especificamente delas, é necessário pontuar algumas conceituações sobre o tema.
Primeiro: para falar de Funções da Linguagem, precisamos assimilar a chamada Teoria da
Comunicação. Em suma – e sem entrar nos seus pormenores – essa teoria considera que,
em todo processo comunicativo (isto é, em toda mensagem), existe uma predominância no
que diz respeito ao objetivo dos enunciados. Basicamente, todo enunciado tem,
predominantemente, uma finalidade específica.
A partir desse termo (finalidade), é que podemos pensar como a palavra Função precisa ser
concebida nesta aula, ou seja, para que “serve” a linguagem? Veremos que a linguagem
pode ser usada com diferentes “serventias” e, por conta disso, diferentes predominâncias.
Ainda precisamos falar de outra coisa antes de nos debruçarmos diretamente sobre o tema
da aula de hoje: os Elementos da Comunicação. Eles são fundamentais para a compreensão
desta matéria, mas vocês vão ver como não é difícil compreendê-los.
Os Elementos da comunicação
Vejamos: para que haja comunicação, o que é necessário? A primeira coisa que poderá nos
vir à mente é: pessoas que se comuniquem. Sim, e a essas chamaremos de Emissor e
Receptor. Naturalmente, numa comunicação dinâmica, esses papéis irão se alternar. Mas
aqui estamos falando de um enunciado específico.
E é exatamente no enunciado que encontramos mais um elemento da comunicação. A ele,
daremos o nome de Mensagem, isto é, Mensagem, a grosso modo, é qualquer ideia (verbal
ou não) que parte do Emissor e chega ao Receptor.
Para chegar ao Receptor, a Mensagem precisa de um meio pelo qual transita. Esse meio
pode ser físico ou virtual. Estamos falando do elemento Canal - e seus exemplos são
diversos: em se tratando de uma conversa oral e presencial, são as ondas sonoras; num
texto escrito, o papel; etc. Precisamos verificar as circunstâncias de cada processo
comunicativo, para descobrir por qual Canal determinado enunciado está sendo
transmitido.
Além desses, para que a comunicação se efetive, é necessário que Receptor compreenda a
Mensagem do Emissor. Para tal, o Emissor precisa utilizar uma linguagem que seja de
conhecimento do Receptor. Chama-se Código a convenção linguística utilizada no
enunciado. No nosso caso, na maioria das vezes, o Código virá a ser a Língua Portuguesa,
mas isso não é regra. Ele pode se dar em outras línguas, em imagens, sinais e até mesmo
através de uma comunicação padronizada e restrita a Emissor e Receptor.
Por fim, chegamos ao último elemento: o Contexto. O significado da palavra já resume bem
a forma como deve ser considerada neste tema. Contexto aqui são as condições de espaço,
tempo e circunstâncias diversas em que mensagem é produzida. Basicamente, tudo faz
parte do Contexto: os outros elementos da comunicação, o conhecimento de mundo do
Emissor e do Receptor etc.
Resumindo e exemplificando: nesta Mensagem, eu (Tiago) sou o Emissor. O Receptor é
você, leitor deste texto. O Canal pode variar: o papel no caso de impressão, meios digitas
caso a leitura se faça por celular, computador etc. Até mesmo as ondas sonoras, no caso de
uma leitura em voz alta. O Código é, obviamente, a Língua Portuguesa. O Contexto, falando
especificamente, é a nossa aula de Português, o Pré-Vestibular do Unifavela e tudo correlato
a isso. Mas por Contexto também se compreende tudo que nos circunda neste momento:
desde o planeta Terra, partindo do geral, chegando à nossa sala de aula, na Nova Holanda.
Incluem-se também aquilo que temos em comum e o quanto sabemos um do outro.
Observação: Consideramos Contexto Linguístico tudo aquilo que é informado anteriormente
a determinado enunciado. Exemplo, considerem os seguintes enunciados:
1: O Bruno não veio hoje. 2: Ele disse que precisou ficar com o filho.
Um Receptor que receba somente o enunciado 2 não poderá compreender de quem se está
falando. Logo, não entenderá a Mensagem integralmente. Isso ocorrerá porque ele não
estará inteirado quanto ao que chamamos de Contexto Linguístico, isto é, as circunstâncias
que foram transmitidas através de enunciados anteriores.
Esquematizando:
Funções da Linguagem
Foi necessário falarmos dos Elementos da Comunicação por um motivo essencial: as
Funções da Linguagem se apoiam em cada um deles. Quero dizer: cada Função da
Linguagem consiste numa predominância, em determinado enunciado, do enfoque sobre
algum Elemento da Comunicação. A compreensão ficará mais clara com os exemplos. Então
vamos a elas:
Função Emotiva
Chamada também de Função Expressiva e centrada no Emissor, Emotiva é a função que
predominantemente buscará exprimir toda a subjetividade deste. Emoções, opiniões,
marcas de sua personalidade etc. A presença da primeira pessoa (pronomes e verbos), de
exclamações, interjeições e modalizações pode ser um ótimo indício de que estamos diante
dela. Exemplo:
“Eu vim pelo que sei
E, pelo que sei,
Você gosta de mim...” (Ana Carolina).
Função Conativa
Chamada também de Função Apelativa e centrada no Receptor, a Função Conativa é aquela
pela qual a Mensagem procura influenciar no comportamento do Receptor, ou seja, fazer
com que ele se adeque a determinada ideia - e em determinado contexto – através da
persuasão da Mensagem que lhe é dirigida. Marcas bastante presentes dessa função são a
presença da segunda pessoa (pronomes e verbos), o modo verbal imperativo e a presença
do termo da oração vocativo. Exemplos típicos, obviamente, são as propagandas.
Função Metalinguística
Centrada no Código, a Função Metalinguística consiste em uma espécie de autorreferência.
Explico: isso se dará quando o código utilizado no processo comunicativo (língua
portuguesa, imagem, sinal etc) designar o próprio código. Todas as nossas aulas de Língua
Portuguesa, por exemplo, irão recair na predominância desta função, visto que estaremos
nos valendo desta língua para descrever, refletir e explicar a mesma. Exemplos:
Função Poética
E, por fim, centrada da Mensagem, temos a Função Poética, que está ligada a um processo
de criatividade e estilística. Através desta função, procura-se chamar atenção para o que é
dito, valendo-se prioritariamente da forma como se diz. Um jogo de palavras, uma rima,
uma inversão sintática, entre outros recursos, e muito provavelmente estaremos diante da
Função Poética. Por consequência, as poesias e poemas – haverá exceções -
predominantemente estarão amparadas sob esta função. Mas isso não é uma exclusividade.
“Apaixonada,
saquei minha arma,
minha alma,
minha calma,
só você não sacou nada.” (Ana Cristina
César)
Atenção:
Vamos aproveitar o ensejo desse último exemplo (o anúncio dO Boticário) para fazer uma
importante observação. Embora quase sempre seja possível identificar a predominância de
determinada Função da Linguagem em um enunciado, precisamos estar atentos quanto aos
diversos aspectos sobre os quais um texto (verbal ou não) se constrói.
Vejamos: o anúncio se vale de um jogo de palavras (Função Poética) para dar expressividade
ao que é veiculado e assim, como toda propaganda, influenciar no comportamento do leitor
(Função Conativa).
Poderíamos, sim, classificar a predominância deste texto a partir da sua finalidade. Logo,
iremos dizer que predomina a Função Conativa. Mas a forma como iremos nos debruçar
sobre qualquer texto precisa ser plena e autônoma. Assim, tudo vai depender de como
estará o comando do enunciado das questões com as quais nos depararmos. Nesse
exemplo, uma questão poderia aludir à função sobre a qual apoia o anúncio para dar
expressividade à propaganda, e não necessariamente à sua finalidade.
Após o domínio do conteúdo, vem a parte mais importante: sermos críticos, analíticos e
termos autonomia para fazer diferentes reflexões sobre a Linguagem.
Nossa aula termina aqui. No decorrer do ano, iremos sempre retornar a este assunto com a
resolução de questões de vestibular. Em caso de qualquer dúvida, vocês têm o meu suporte
no e-mail e através do WhatsApp.
Questões de Vestibular
O exercício da crônica
Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de
um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar
dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele
diante de sua máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato
qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as
suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o
recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de
repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela
concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já
bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas.
São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não
dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz
acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária
eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou
zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em
unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até
um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos
dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
TEXTO I
Seis estados zeram fila de espera para transplante da córnea
Seis estados brasileiros aproveitaram o aumento no número de doadores e de transplantes
feitos no primeiro semestre de 2012 no país e entraram para uma lista privilegiada: a de não
ter mais pacientes esperando por uma córnea.
Até julho desse ano, Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte e
São Paulo eliminaram a lista de espera no transplante de córneas, de acordo com balanço
divulgado pelo Ministério da Saúde, no Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. Em
2011, só São Paulo e Rio Grande do Norte conseguiram zerar essa fila.
TEXTO II
Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.