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Na semana anterior, você aprendeu o que é Linguagem e o que é Língua. Aprendeu também a
diferença entre linguagem verbal (aquela que utiliza uma língua como código) e linguagem
não verbal (aquela que utiliza como código outros recursos que não sejam linguísticos). Agora,
vamos discutir um pouquinho sobre as funções que a linguagem, verbal ou não verbal, pode
desempenhar nos atos de comunicação.
A linguagem, tanto verbal, quanto não verbal, pode desempenhar até seis funções da
linguagem diferentes, dependendo do fator da comunicação que estiver em destaque no
momento em que a mensagem está sendo veiculada. Chamamos de fatores da comunicação
elementos necessariamente mobilizados quando ocorre comunicação. Os fatores ou
elementos da comunicação são os seguintes:
A cada ato comunicativo, ou seja, a cada situação em que esteja havendo a comunicação entre
pessoas, os fatores ou elementos da comunicação apresentados anteriormente estarão
acionados e organizados em um esquema assim descrito pelo linguista Roman Jakobson:
Nos atos comunicativos, dependendo do fator ou elemento da comunicação que estiver mais
centralmente em destaque, a linguagem exercerá, predominantemente, uma das suas seis
funções. São as seguintes as funções da linguagem:
1. Função Emotiva
Os atos de comunicação em que a função emotiva é a predominante são aqueles centrados no
Emissor. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for transmitir
alguma das variadas emoções daquele que codifica ou envia a mensagem, teremos um
exemplo de texto com a predominância da função emotiva da linguagem. As interjeições (Ah,
Oh, Ih...), as frases exclamativas, os xingamentos variados costumam indicar a presença da
função emotiva da linguagem.
2. Função Apelativa
Os atos de comunicação em que a função apelativa é a predominante são aqueles centrados
no Receptor. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for
convencer ou persuadir aquele que recebe e decodifica a mensagem de algo, teremos um
exemplo de texto em que predomina a função apelativa da linguagem. A linguagem
publicitária é um dos exemplos mais produtivos da presença da função apelativa da linguagem.
São indicativos linguísticos da função apelativa os vocativos (“Maria, vem cá!”) e os verbos no
imperativo (“Pegue”, “Faça”, “Beba” etc).
3. Função Fática
Os atos de comunicação em que a função fática é a predominante são aqueles centrados no
Canal ou Contato. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for
(a) iniciar o contato, (b) encerrar o contato ou (c) testar a transmissão da mensagem
comunicativa, teremos um exemplo de texto em que predomina a função fática da linguagem.
Passagens corriqueiras, como um “Alô?” ao se atender o telefone ou um “Oi!” antes de
começar uma conversa no WhatsApp, são exemplos do predomínio da função fática. O mesmo
acontece quando inserimos em nossa fala “testes” para saber se o nosso interlocutor está
ouvindo e entendendo o que estamos falando, como “Ouviu?”, “Entendeu?”, “Tudo certo?”,
“Ok?”.
4. Função Metalinguística
Os atos de comunicação em que a função fática é a predominante são aqueles centrados no
Código. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for explicar
total ou parcialmente o sistema de signos, símbolos ou sinais utilizado na comunicação,
teremos um exemplo de texto em função metalinguística. Um dos exemplos mais conhecidos
de texto em função metalinguística é o dicionário, em que palavras (partes do código de uma
língua) são usadas para explicar outras palavras. Ou como na imagem a seguir, em que se
traduz o alfabeto de Libras:
5. Função Referencial
Os atos de comunicação em que a função referencial é a predominante são aqueles centrados
no Contexto ou Referente. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da
comunicação for transmitir alguma informação, em que o assunto da comunicação é mais
importante do que qualquer outro elemento comunicativo, teremos um exemplo de texto com
a predominância da função referencial da linguagem. Esse é o caso de muitas das nossas trocas
comunicativas, em que desejamos simplesmente informar o interlocutor de uma dada ideia.
Exemplos típicos da linguagem em função referencial são os jornais, as revistas, os livros
didáticos.
6. Função Poética
Os atos de comunicação em que a função poética é a predominante são aqueles centrados na
Mensagem. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for
apresentar uma seleção e uma organização de palavras de modo original e criativo,
demonstrando claramente uma intenção estética (ou seja, de buscando o “belo artístico”),
teremos um exemplo de texto com a predominância da função emotiva da linguagem. Os
poemas, as letras de canção e a literatura de modo geral, textos em que não importa só o
“sobre o que se escreve”, mas, principalmente, o “como se escreve”, estão em função poética.