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Colégio Pedro II – Campus São Cristóvão III

Português e Literatura – Coordenador: Helio de Sant’Anna


1ª série E.M. – Atividade Remota 02 / 2021

Fatores da Comunicação e Funções da Linguagem

Na semana anterior, você aprendeu o que é Linguagem e o que é Língua. Aprendeu também a
diferença entre linguagem verbal (aquela que utiliza uma língua como código) e linguagem
não verbal (aquela que utiliza como código outros recursos que não sejam linguísticos). Agora,
vamos discutir um pouquinho sobre as funções que a linguagem, verbal ou não verbal, pode
desempenhar nos atos de comunicação.
A linguagem, tanto verbal, quanto não verbal, pode desempenhar até seis funções da
linguagem diferentes, dependendo do fator da comunicação que estiver em destaque no
momento em que a mensagem está sendo veiculada. Chamamos de fatores da comunicação
elementos necessariamente mobilizados quando ocorre comunicação. Os fatores ou
elementos da comunicação são os seguintes:

1. Emissor ou Remetente – aquele que codifica e envia a mensagem


2. Receptor ou Destinatário – aquele que recebe e decodifica a mensagem
3. Código – sistema de signos, símbolos ou sinais usados na elaboração da mensagem
4. Contato ou Canal – meio físico ou possibilidade física de a mensagem partir do emissor
e chagar ao receptor
5. Mensagem – efetiva seleção e combinação de partes do código que configuram o
texto a ser enviado do emissor para o receptor
6. Contexto ou Referente – objeto ou situação a que a mensagem se refere

A cada ato comunicativo, ou seja, a cada situação em que esteja havendo a comunicação entre
pessoas, os fatores ou elementos da comunicação apresentados anteriormente estarão
acionados e organizados em um esquema assim descrito pelo linguista Roman Jakobson:

Só para concretizar o papel de cada fator ou elemento da comunicação no esquema


apresentado acima, tomemos como exemplo um “Oiii” que você mande pelo WhatsApp no
grupo da família. Neste caso, o emissor é você, os receptores são os membros do grupo da
família, o código utilizado foi a Língua Portuguesa, em sua modalidade escrita, o canal utilizado
foi o aplicativo, a mensagem foi o “Oiii” que você teclou e o contexto foi a saudação feita ao
grupo da família. Caso algum desses fatores ou elementos faltar ou falhar, não haverá
comunicação.

Nos atos comunicativos, dependendo do fator ou elemento da comunicação que estiver mais
centralmente em destaque, a linguagem exercerá, predominantemente, uma das suas seis
funções. São as seguintes as funções da linguagem:

1. Função Emotiva
Os atos de comunicação em que a função emotiva é a predominante são aqueles centrados no
Emissor. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for transmitir
alguma das variadas emoções daquele que codifica ou envia a mensagem, teremos um
exemplo de texto com a predominância da função emotiva da linguagem. As interjeições (Ah,
Oh, Ih...), as frases exclamativas, os xingamentos variados costumam indicar a presença da
função emotiva da linguagem.
2. Função Apelativa
Os atos de comunicação em que a função apelativa é a predominante são aqueles centrados
no Receptor. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for
convencer ou persuadir aquele que recebe e decodifica a mensagem de algo, teremos um
exemplo de texto em que predomina a função apelativa da linguagem. A linguagem
publicitária é um dos exemplos mais produtivos da presença da função apelativa da linguagem.
São indicativos linguísticos da função apelativa os vocativos (“Maria, vem cá!”) e os verbos no
imperativo (“Pegue”, “Faça”, “Beba” etc).

3. Função Fática
Os atos de comunicação em que a função fática é a predominante são aqueles centrados no
Canal ou Contato. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for
(a) iniciar o contato, (b) encerrar o contato ou (c) testar a transmissão da mensagem
comunicativa, teremos um exemplo de texto em que predomina a função fática da linguagem.
Passagens corriqueiras, como um “Alô?” ao se atender o telefone ou um “Oi!” antes de
começar uma conversa no WhatsApp, são exemplos do predomínio da função fática. O mesmo
acontece quando inserimos em nossa fala “testes” para saber se o nosso interlocutor está
ouvindo e entendendo o que estamos falando, como “Ouviu?”, “Entendeu?”, “Tudo certo?”,
“Ok?”.
4. Função Metalinguística
Os atos de comunicação em que a função fática é a predominante são aqueles centrados no
Código. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for explicar
total ou parcialmente o sistema de signos, símbolos ou sinais utilizado na comunicação,
teremos um exemplo de texto em função metalinguística. Um dos exemplos mais conhecidos
de texto em função metalinguística é o dicionário, em que palavras (partes do código de uma
língua) são usadas para explicar outras palavras. Ou como na imagem a seguir, em que se
traduz o alfabeto de Libras:

5. Função Referencial
Os atos de comunicação em que a função referencial é a predominante são aqueles centrados
no Contexto ou Referente. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da
comunicação for transmitir alguma informação, em que o assunto da comunicação é mais
importante do que qualquer outro elemento comunicativo, teremos um exemplo de texto com
a predominância da função referencial da linguagem. Esse é o caso de muitas das nossas trocas
comunicativas, em que desejamos simplesmente informar o interlocutor de uma dada ideia.
Exemplos típicos da linguagem em função referencial são os jornais, as revistas, os livros
didáticos.
6. Função Poética
Os atos de comunicação em que a função poética é a predominante são aqueles centrados na
Mensagem. Isso significa que toda vez em que o principal objetivo da comunicação for
apresentar uma seleção e uma organização de palavras de modo original e criativo,
demonstrando claramente uma intenção estética (ou seja, de buscando o “belo artístico”),
teremos um exemplo de texto com a predominância da função emotiva da linguagem. Os
poemas, as letras de canção e a literatura de modo geral, textos em que não importa só o
“sobre o que se escreve”, mas, principalmente, o “como se escreve”, estão em função poética.

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