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Adão Carlos Ferreira do Nascimento é casado com dona H ilda
e o casal tem dois filhos. O Reverendo Adão foi ordenado em 1975
e pastoreia a I a I.P. de Governador Valadares. Sua participação
na vida da igreja é intensa e j á publicou seis obras, com m ilhares
de exemplares vendidos.
A d ã o Carlos Nascimento
A B íb l ia é N o ssa T e s t e m u n h a
ADÃO CARLOS NASCIMENTO
© 1998, Editora Cultura Cristã.
Ia edição— 1998
Tiragem 3.000 exemplares
Revisão:
Maria da Graça Rego Barros
Editoração:
Rissato Editoração
Capa:
Missão Evangélica de Comunicação Visual
Conselho Editorial:
Cláudio Marra (Presidente),
Aproniano Wilson de Macedo.
Augustus Nicodemus Lopes,
Fernando Hamilton Costa,
Sebastião Bueno Olinto
2. D eu s c o m u r ic a seu p l a n o ................................................
4 A c r ia ç ã o d o u n iv e r s o e d o h o m e m .......................
7. O po v o de D eu s n o IN o v o T e s t a m e n t o ...........................
10. A v i n d a d o E s p í r i t o S a n t o ..................................................
12. D e u s s a l v a p a r a s e m p r e ............................................................
1 4 . A I g r e j a .......... . 1 ...................................................................................
15. A o r ig e m d o P r e s b i t e r i a n i s m o ............................................
16. O P r e s b it e r ia n is m o n o B r a s il ...........................................
17. O b a t is m o c r i s t ã o .........................................................................
18.0 b a t i s m o d o s f i l h o s d o s c r e n t e s ...................................
20. D í z i m o e o f e r t a s .............................................•'
21. A id e n t id a d e d o v e r d a d e ir o c r is t ã o
2 2 . A VIDA d f p o i s d e s t a v id a ..............................
COMECE 0QCII
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regi
ões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes
da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a ado
ção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito
de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele
nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a re
denção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a
riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente so
bre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o
mistério da stia vontade, segundo o seu beneplácito que pro
pusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da
plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as
da terra; nele, digo, no qual fom os também feito s herança,
predestinados segundo o propósito daquele que fa z todas as
coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos
para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos
em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a pala
vra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele
também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promes
sa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua
propriedade, em louvor da sua glória. ”
Romanos 11.33-36
O PACTO DA REDENÇÃO
Os teólogos chamam esse plano divino de pacto da reden
ção (pactum salutis, em latim). Embora não exista na Bíblia Sa
grada nenhum texto que fale explicitamente desse pacto, há evi
dências claras de uma aliança entre as três pessoas da Trindade
para a salvação dos pecadores.
O apóstolo Pedro, no discurso feito no dia de Pentecostes,
afirmou que Jesus foi entregue para ser crucificado por mãos de
iníquos “pelo determinado desígnio e presciência de Deus” (At
'R . B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica, p. 7.
8
2.23). A igreja, em oração, declarou que se ajuntaram Herodes e
Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel, para fazerem contra
Jesus tudo que “ a mão e o propósito (de Deus) predeterminaram’’'
(At 4.28). As palavras desígnio e propósito (ambas tradução de
boitlê em grego) indicam uma deliberação tomada anteriormente.
Isto é confirmado em Efésios 3.11, onde está escrito que esse pro
pósito é eterno, isto é, vai de eternidade a eternidade.
O apóstolo João escreveu que Deus “nos amou e enviou o
seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.10).
E o apóstolo Paulo fala desse amor resultando numa deliberação
de nos salvar, decisão tomada “antes da fundação do mundo”
(Ef 1.4).
Outro fator importante a ser considerado é que Jesus se refe
ria à sua missão salvadora como uma tarefa recebida do Pai (veja
Jo 5.30,43; 6.38-40; 17.4-12).
O plano de Deus para salvar o pecador tem a mais estreita
relação com a sua onisciência. “Há em Deus um conhecimento
necessário, que inclui todas as causas e resultados possíveis. Deste
conhecimento de todas as coisas possíveis, ele escolheu, por um
ato da sua vontade perfeita, levado por sábias considerações, o
que desejava levar à realização, e assim formulou o seu propósito
eterno.” 2 Mas devemos ter cuidado para não confundir o pacto
da redenção com o conhecimento prévio de Deus a respeito das
coisas que iriam acontecer. Deus deliberou não porque as coisas
iriam acontecer naturalmente, mas elas acontecem naturalmente
porque Deus deliberou que elas deviam acontecer.
O Papel do Pai
Deus, o Pai, é o autor do pacto da redenção. “Na eternida
de ele comissionou o Filho para se fazer merecedor da salvação
em favor dos pecadores. Ele inspirou os antigos profetas a predi
zerem a vinda do Filho de Deus - na carne. Ele ordenou os sacri
fícios cruentos da velha dispensação para prefigurarem o sacrifício
salvador do Filho na cruz do Calvário.”4
Deus, o Pai, enviou seu Filho, na “plenitude do tempo”, “nas
cido de mtdher, nascido sob a lei, para resgatar os que esta
vam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filh o s”
(G14.4,5). Ele preparou para o Filho um corpo não contaminado
pelo pecado (Lc 1.35; Hb 10.5). Dotou-o dos dons egraças ne
cessários para a realização de sua tarefa. Enviou-lhe o Espírito
Santo (Is 61.1; Lc 3.22). O Pai apoiou o Filho na realização da
sua obra, livrou-o do poder da morte, habilitou-o a destruir os
domínios de Satanás e a estabelecer o reino de Deus. Por fim, o
ressuscitou dentre os mortos e o exaltou sobremaneira (At 2.22
24; Fp 2.9-11).
O Papel do Filho
Deus, o Filho, tem uma dupla função na aliança da redenção:
ele é o fiador e o chefe de seu povo. EmHebreus 7.22 está escri
to que “ Jesus se tem tornado fiador de superior aliança1'. A
palavra “fiador” é eggyos em grego, e significa “aquele que se faz
responsável pelo cumprimento das obrigações legais de outrem” .
Na aliança da redenção, Cristo se encarregou de expiar os peca
dos do seu povo, sofrendo pessoalmente a punição necessária, e
de satisfazer as exigências da lei pelo mesmo povo. E, ao tomar o
u
pendimento, regenera-os pela sua graça e persuade-os e habilita-
os a abraçar a Jesus Cristo pela fé. Ele une todos os crentes a
Cristo, habita neles como seu Consolador e Santificador, dá-lhes o
espírito de adoção e de oração, e cumpre neles todos os graci
osos ofícios pelos quais eles são santificados e selados até ao
dia da redenção.” 7
O PACTO DA GRAÇA
Baseado nesse pacto ou aliança da redenção, Deus esta
beleceu com o homem pecador um pacto de amizade e salvação,
denominado pelos teólogos de pacto ou aliança da graça. Nesse
pacto, Deus oferece ao pecador a salvação e a vida eterna através
de Jesus Cristo. O teólogo Louis Berkhof definiu esse pacto como
“o acordo feito, com base na graça, entre o Deus ofendido e o
pecador ofensor, porém eleito, no qual Deus promete a salvação
mediante a fé em Cristo, e o pecador a aceita confiantemente, pro
metendo uma vida de fé e obediência.”8
O pacto ou aliança da graça foi revelado pela primeira vez
logo após a queda, quando Deus disse à serpente: “Este (o des
cendente da mulher) teferirá a cabeça (da serpente)” (Gn 3.15).
Este texto é chamado de proto-evangelho. Mas o estabelecimento
formal da aliança da graça foi feito com Abraão. “O estabeleci
mento da aliança com Abraão marcou o início de uma igreja
institucional. Nos tempos anteriores a Abraão havia o que se pode
denominar ‘a igreja em casa’. Havia famílias nas quais a religião
verdadeira achava expressão, e sem dúvida havia também reuni
ões de crentes, mas não havia definidamente um corpo assinalado
de crentes separado do mundo e que pudesse chamar-se igreja.
Havia ‘filhos de Deus’ e ‘filhos dos homens’, mas não eram ainda
separados por uma linha de demarcação visível. Na época de
Abraão, porém, foi instituída a circuncisão como ordenança si
nalizadora, como insígnia de membro e selo da justiça da fé.”9
7Confissão de Fé de Westminster, capítulo XXXIV, parágrafo IH.
8Louis Berkhof, obra citada, p. 278.
’Louis Berkhof, obr.a citada, p. 296.
O pacto feito com Abraão foi ratificado com a nação israelita
- a descendência de Abraão - no Monte Sinai. Ali Deus deu a lei
e estabeleceu normas que deviam ser observadas pelo seu povo.
O pacto da graça foi administrado no Antigo Testamento de
modo diferente do Novo Testamento. No Antigo Testamento o
povo de Deus era formado por Israel. No Novo Testamento é a
Igreja de Jesus Cristo, isto é, o conjunto formado por todos aque
les que têm Jesus como Salvador e Senhor. Podemos afirmar que
o Antigo Testamento representa uma situação transitória do pacto,
uma preparação para a vinda do Salvador.
A revelação de que Deus enviaria seu Filho para morrer em
lugar do pecador foi dada aos poucos. “Devemos sempre lembrar
que a revelação de Deus no Velho Testamento é verdadeira e váli
da, mas representa um processo histórico, e assim se adapta ao
povo do dia. A criança sabe que dois e dois são quatro. O matemá
tico sabe muito mais, mas ainda concorda com a criança de que a
soma de dois e dois é quatro.” 10 O processo de conscientização
da vinda de um Salvador levou séculos. “ Vindo, porém, a pleni
tude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nas
cido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de
que recebêssemos a adoção de filhos” (G14.4,5).
CONCLUSÃO
A nossa salvação não é resultado do acaso, nem da improvi
sação. Assim como Deus fez um plano perfeito para a criação e
funcionamento do universo, ele fez também um plano perfeito para
a nossa salvação. Tudo começou “antes da fundação do mun
do”, foi motivado pelo grande amor de Deus, e tem como objetivo
nos levar a ser “santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef 1.4).
Ao único Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - autor e
consumador da nossa salvação, “mediante Jesus Cristo, Senhor
nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas
as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém” (Jd 25).
10A. R. Crabtree, Teologia do Velho Testamento, p. 184.
13
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO E APLICAÇÃO
1. Qual é a idéia popular sobre a salvação?
2. O que é pacto da redenção?
3. Cite duas evidências bíblicas do pacto da redenção.
4. Qual é o papel do Pai no pacto da redenção?
5. Qual é o papel do Filho no pacto da redenção?
6. Qual é o papel do Espírito Santo no pacto da redenção?
7. O que é pacto ou aliança da graça?
8. Quem era o povo de Deus na antiga aliança?
9. Quem é o povo de Deus na nova aliança?
10. Qual é para o crente a importância da doutrina do pacto da
redenção?
z
DEUS COMUNICA
SEU PL0NO
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas
vezes e de muitas maneiras, aos pais, p e
los profetas, nestes últimos dias, nos f a
lou pelo Filho, a quem constituiu herdei
ro de todas as coisas, pelo qual também
fez o universo. ”
Hebreus 1.1,2
15
A REVELAÇÃO
O ser humano jamais conheceria a Deus, nem tomaria conhe
cimento do seu plano de salvação, se o próprio Criador não to
masse a iniciativa de se revelar à criatura. Felizmente Deus tomou a
iniciativa de se revelar ao homem. Esta revelação é um ato “cons
ciente, voluntário e intencional por meio do qual o mesmo Deus
revela ou comunica ao homem a verdade referente a si mesmo em
relação com suas criaturas” .12
Deus se revela através das obras da criação e da providên
cia, na preservação e no governo do universo. Davi escreveu que
“Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia
as obras das suas mãos” (SI 19.1). E o apóstolo Paulo, falando
aos habitantes de Listra, afirmou que Deus “não se deixou ficar
sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do
céu chuvas e estações frutíferas” (At 14.17). E na Epístola aos
Romanos ele tratou do mesmo assunto de modo ainda mais claro,
afirmando: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu
eterno poder, como também a sua própria divindade, clara
mente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo per
cebidos por meio das coisas que foram criadas” (Rm 1.20).
“Deus fala ao homem através de toda a sua criação, nas forças e
nos poderes da natureza, na constituição da mente humana, na voz
da consciência, e no governo providencial do mundo em geral e da
vida dos indivíduos em particular. ”13 Essa revelação é chamada de
revelação geral, por ser dirigida a todos os homens. Ela é suficiente
para deixar os homens indesculpáveis diante de Deus. Mas é insu
ficiente para a salvação. Toda a criação foi atingida pelo pecado.
Tornou-se imperfeita. Como instrumento da auto-revelação de
Deus, ela deve ser considerada um livro incompleto, com algumas
páginas rasuradas. O homem também foi atingido. Espiritualmente
ele tomou-se ignorante e embrutecido como um irracional. E, as
'*Louis Berkhof, Introduccion a la Teologia Sistematica, p. 126.
13Louis Berkhof, M anual de Doutrina Cristã, p. 29.
sim, ficou impossível compreender corretamente o que Deus nos
fala através da natureza.
Mas o plano eterno de Deus inclui também a revelação espe
cial, que tem o objetivo de levar o pecador de volta ao Criador. O
autor da Epístola aos Hebreus escreveu sobre esta revelação es
pecial o seguinte: “ Havendo Deus, ouírora, falado, muitas vezes
e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos
dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas
as coisas, pelo qual também fe z o universo” (Hb 1.1,2). Deus
falou. Falou através de manifestações especiais. Falou diretamente
a alguns de seus servos, como, por exemplo, a Moisés. Falou atra
vés dos profetas. Falou através de milagres.
A revelação especial é progressiva, atingindo o seu ápice em
Jesus Cristo. “As grandes verdades da redenção aparecem a prin
cípio apenas obscuramente, mas aumentam gradualmente em cla
reza, e finalmente se destacam em toda a sua grandeza na revela
ção do Novo Testamento.” 14
A INSPIRAÇÃO
Deus falou “muitas vezes e de muitas maneiras". “E de
pois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o
mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção
da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido
fazê-laescrevertoda.” 15 E assim surgiu a Bíblia Sagrada, livro ins
pirado pelo Espírito Santo.
Quando falamos em inspiração da Bíblia, estamos afirmando
que Deus levantou homens e os fez registrar, sem erro, a sua reve
lação especial. Estes homens, sob inspiração divina, escreveram
os livros que compõem a Bíblia Sagrada, “...jam ais qualquer
profecia fo i dada por vontade humana; entretanto, homens
santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo ”
(2Pe 1.21). “Toda Escritura é inspirada por Deus” (2Tm3.16).
"Louis Berkhof, M anual de Doutrina Cristã, p. 36.
" Confissão de F é de Westminster, capítulo I, parágrafo I.
Os escritores dos livros da Bíblia Sagrada escreveram sob
inspiração divina. Escreveram por determinação divina. Alguns
autores registraram ter recebido ordem direta de Deus para es
crever (Êx 17.14; 34.27;N m 33.2;I s 30.8; Jr 30.2; 36.2). Outros
certamente sentiram-se impulsionados a escrever. Era Deus agin
do em suas mentes e corações. Mas não devemos imaginar que
Deus ia ditando e eles escrevendo. Eles não foram apenas escribas.
Pelo contrário, Deus os usou precisamente como eles eram. Deus
certamente guiou-os na escolha das palavras, na construção das
frases, para que os fatos e as idéias fossem corretamente registra
dos. Mas cada um escreveu usando o seu próprio vocabulário e
de acordo com o seu próprio estilo. Por isso, cada livro, embora
inspirado por Deus, traz a marca pessoal de seu autor e as marcas
do tempo em que ele vivia.
A Bíblia Sagrada é uma coleção de 66 livros. Divide-se em
duas partes: Antigo Testamento, com 39 livros; e o Novo Testa
mento, com 27. A palavra testamento vem do latim, e seu signifi
cado original é acordo, aliança, pacto. E é neste sentido que ela é
usada para dar nome às duas partes da Bíblia Sagrada. O Antigo
Testamento é assim chamado porque é formado pelos livros que
registram o antigo pacto feito por Deus com seu povo. Este pacto
foi feito com Abraão, pai do povo israelita, e ratificado por meio
de Moisés, quando foi dada a lei ou os dez mandamentos. O
Novo Testamento recebe este nome porque é formado pelo con
junto dos livros que registram a nova aliança que Deus fez com o
seu povo, por meio de Jesus Cristo. No antigo pacto, o povo de
Deus era formado pelos israelitas. Na nova aliança, é constitu
ído por todos aqueles que crêem em Jesus Cristo como Salva
dor e Senhor.
Os livros da Bíblia foram escritos por, no mínimo, 36 autores,
num período que pode chegar a 1.600 anos. Mas existe uma ex
traordinária harmonia em todas as suas partes. Milhões de pessoas
têm sido transformadas por meio da leitura da Bíblia. E cada cren-
te, ao ler a Bíblia, sente Deus falando com ele. Tudo isso é evidên
cia de que a Bíblia Sagrada é realmente inspirada por Deus.
Mas a plena convicção dessa inspiração divina é questão de fé,
e não de prova científica. Por isso, só a operação do Espírito
Santo em nós é que nos dá a convicção de que a Bíblia é re
almente a Palavra de Deus.
A divisão em capítulos e versículos foi feita bem mais tarde.
“Não foi trabalho de uma só pessoa ou equipe. Os massoretas
(especialistas judeus que produziram um complexo e utilíssimo sis
tema de sinais vocálicos e outros sinais para a preservação da lín
gua hebraica - puramente consonantal - ) fizeram também a divi
são do Antigo Testamento em versículos, no século IX da era cris
tã. Entretanto, alguns atribuem ao cardeal Hugo de São Caro, e
outros atribuem a Stephen Langton, arcebispo de Cantuária, Ingla
terra, a divisão da Bíblia em capítulos, no século XIII. Essa divisão
foi aplicada à Vulgata, e, por volta de 1440, foi aplicada à Bíblia
Hebraica pelo rabino Nathan. A divisão em versículos apareceu
pela primeira vez na Vulgata em 15 55, trabalho de Robert Stephen,
em Gênova. Em 1551, Robert Stephen tinha lançado, em Gênova,
uma edição do Novo Testamento grego. A primeira Bíblia inglesa,
com divisão em capítulos e versículos, foi publicada em Gênova,
em 1560.” 15
A Bíblia editada sob a chancela da Igreja Católica tem sete
livros a mais do que a Bíblia editada pelos evangélicos. Até o sécu
lo XVI não havia uma definição oficial sobre a situação desses
livros. Alguns os aceitavam como inspirados; outros, não. Mas, no
dia 15 de abril de 1546, o Concílio de Trento anexou-os, por de
creto, à Bíblia. Os evangélicos chamam esses livros de apócrifos e
não os aceitam como inspirados por Deus.
Os livros apócrifos, comparados com os livros inspirados,
revelam uma grande pobreza de estilo e conteúdo. Além disso,
ensinam doutrinas e práticas que se contradizem com os livros ins-
lTOdayr Olivetti, BRASIL PRESBITERIANO, ano 37, n° 499, abril de 1996, p. 2.
pirados. Por exemplo:justificam a mentira (Judite 10.11-17; 11.1
23; 15.8-10) e o suicídio (2Macabeus 14.37-46); ensinam feiti
çaria (Tobias 6.1-9) e oração pelos mortos (2 Macabeus 12.38
45). Uma simples leitura é suficiente para nos mostrar que eles não
são inspirados por Deus.
A revelação especial está totalmente contida na Bíblia Sagra
da. Por meio dela, Deus nos diz quem ele é, quem somos nós, de
onde viemos e para onde vamos, e seu plano geral para a nossa
vida. No passado, Deus falou a Moisés “boca a boca" (Nm 12.8).
Hoje, Deus nos fala através da Bíblia Sagrada.
A ILUMINAÇÃO
Tudo que precisamos saber para a nossa salvação e para
uma vida correta, justa, em comunhão com Deus, está registrado
na Bíblia Sagrada. Mas “o homem natural não aceita as coisas
do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode en
tendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).
Isto significa que o homem, apenas com os seus recursos naturais,
sem a assistência do Espírito Santo, não pode compreender a Bí
blia Sagrada. Ela só poderá ser compreendida com a iluminação
do Espírito Santo. Quando falamos em iluminação, estamos nos
referindo à atuação de Deus na mente e no coração do homem,
através do Espírito Santo, capacitando-o a compreender o ensino
da Bíblia Sagrada.
A Confissão de Fé de Westminster ensina que “Todo o con
selho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a
glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente
declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido
dela” . Mas acrescenta: “... reconhecemos, entretanto, ser neces
sária a íntima iluminação do Espírito Santo para a salvadora com
preensão das coisas reveladas na palavra”.17
CONCLUSÃO
Deus tomou a iniciativa de se revelar a nós. Através de uma
revelação especial ele nos deu a conhecer o seu plano para a
nossa vida e o modo como devemos viver e servi-lo. Ele também
inspirou homens para registrar, sem erro, a sua revelação especial.
II pela iluminação, através da atuação do Espírito Santo em nossas
mentes, ele nos capacita a compreender a sua revelação especial,
registrada na Bíblia.
A Bíblia Sagrada é a nossa única regra de fé e prática. Por
isso, devemos examiná-la continuamente. E o estudo deve ser
seguido da prática. Pois viver o ensino bíblico resulta em cresci
mento espiritual. Não que a Bíblia seja um livro mágico. Mas,
sendo ela a Palavra de Deus, somos aperfeiçoados na medida
de nossa prontidão em responder aos apelos que ele nos faz
através da sua Palavra.
21
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO E APLICAÇÃO
1. Como você define a revelação que Deus fez de seu plano?
2. O que é revelação geral?
3. A revelação geral é suficiente para a salvação? Por quê?
4. O que é revelação especial?
5. Em que consiste a inspiração da Bíblia Sagrada?
6. Por que o Antigo Testamento tem este nome?
7. Por que o Novo Testamento tem este nome?
8. De onde vem a nossa convicção de que a Bíblia Sagrada é a
Palavra de Deus?
9. Por que é necessária a iluminação do Espírito Santo para a
compreensão da Bíblia Sagrada?
10. Por que a vivência dos ensinos da Bíblia Sagrada gera cresci
mento espiritual?
3
QUEM É DEUS
“Porventura, desvendarás os arcanos de
Deus ou penetrarás até à perfeição do
Todo-poderoso? ”
Jó 11.7
23
como o nosso (Lc 24.39). Por isso, não podemos vê-lo, assim
como não podemos ver o nosso próprio espírito ou o espírito das
pessoas que estão ao nosso lado.
O S NOMES DE DEUS
Os nomes atribuídos a Deus, na Bíblia, são instrumentos ou
meios que o Criador usa para revelar a nós quem ele é. Eles devem
ser estudados e compreendidos à luz dos costumes da época em
que foram escritos. Hoje os nomes das pessoas têm pouca impor
tância. Se alguém tem o nome de José, João ou Joaquim, não faz
diferença. Mas na época em que a Bíblia foi escrita era diferente.
O nome era uma descrição da pessoa. Por isso, quando uma pes
soa passava por uma mudança significativa em sua vida ou em seu
caráter, podia também ter o seu nome mudado. Veja, por exem
plo, o caso de Jacó. Ele era um enganador astucioso. E era exata
mente isto o que significava o seu nome (Gn 27.36). Mas ele pas
sou por uma grande transformação. Deixou de ser um enganador.
E o seu nome foi mudado para Israel (Gn 32.28; 35.10). No Novo
Testamento temos o caso de Pedro. Ele se chamava Simão, mas
Jesus lhe deu o nome de Pedro (Ce/as, em aramaico), antecipando
assim que ele passaria por uma grande mudança e ocuparia um
lugar de destaque entre os apóstolos. Assim também os nomes ou
títulos atribuídos a Deus na Escritura Sagrada são instrumentos da
providência divina para nos revelar qualidades, atributos e modo
de agir do nosso Criador. Vejamos, agora, alguns desses nomes,
as circunstâncias ou situações em que aparecem e o que eles nos
revelam sobre Deus.
O primeiro versículo da Bíblia Sagrada diz que “Noprincí
pio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O nome Deus
(Elohim, em hebraico, plural de Eloah) descreve o Criador como
um ser forte e poderoso, que deve ser temido e cultuado. “O plural
deve ser considerado como intensivo e, portanto, serve para indi
car plenitude de poder.” 20
20Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 50.
24
Quando Melquisedeque abençoou a Abraão (Gn 14.18-20),
cie o fez em nome do Deus Altíssimo (Elyon, em hebraico). Este
nome descreve Deus como um ser supremo, que está acima das
divindades locais.
A Abraão (Gn 17.1), Deus se apresentou como o Deus Todo-
poderoso (El-Shaddai, em hebraico). Este nome descreve Deus
como um ser poderoso, que tem poder no céu e na terra; o sustenta-
tlor, nutridor, aquele que é capaz de satisfazer.
Deus apareceu a Moisés, no monte Horebe, e lhe disse: “ Vem,
agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os
filhos de Israel, do Egito” (Êx3.10). “Disse Moisés a Deus: Eis
que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus
de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem:
O uai é o seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a Moisés: Eu
Sou o q u e Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu
Sou me enviou a vós outros. Disse Deus ainda mais a Moisés:
Assim dirás aos filhos de Israel: O S e n h o r , o Deus de vossos
pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me
enviou a vós outros; este é o meu nome” (Ex 3.13 -15). O nome
Siínhor (com todas as letras maiúsculas, Yahweh, em hebraico)
significa “Eu Sou o que Sou”. Através dele Deus se revela como o
Deus da graça, que sempre existiu e sempre existirá, que não fica
velho, não muda, é eternamente o mesmo.
Quando convocou o povo para atravessar o Jordão, e
entrar na terra prometida, Josué lhes disse: “Tomai, pois, ago
ra, doze homens das tribos de Israel, um de cada tribo; p o r
que há de acontecer que, assim que as plantas dos p é s dos
sacerdotes que levam a arca do S e n h o r , o Senhor de toda a
terra, pousem nas águas do Jordão, serão elas cortadas, a
saber, as que vêm de cima, e se amontoarão” (Js 3.12,13). O
nome S enhor (com a inicial maiúscula e as demais letras mi
núsculas, Adonai, em hebraico) descreve Deus como o dono e
o governador de todos os homens.
Deus (Elohim), Deus Altíssimo (Elyon), Deus Todo-pode-
roso (El-Shaddai), S e n h o r (Yahweh) e Senhor {Adonai) são no
mes ou títulos do Criador, registrados na Bíblia Sagrada. Eles são
meios usados por Deus para nos revelar quem ele é. Através deles
sabemos que Deus é um ser supremo, forte e poderoso, tem poder
no céu e na terra, é o dono e o governador de todos os homens.
Mas ele é também o Deus da graça, sustentador, nutridor, capaz
de satisfazer todas as nossas necessidades. Ele sempre existiu e
sempre existirá. Ele não fica velho, não muda, não sofre variação,
é eternamente o mesmo.
A TRINDADE
A Bíblia Sagrada ensina que há um só Deus, mas ele subsiste
em três pessoas.
Em Deuteronômio 6.4 está escrito: “Ouve, Israel, o Senhor,
nosso Deus, é o único S e n h o r ” . E em Isaías 44.6 o próprio Deus
declara: “Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim
não há Deus”. Mas, por outro lado, a Bíblia afirma que Jesus
também é Deus: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1 .1 ) 0 Verbo é Jesus Cristo.
A Bíblia ensina que o Espírito Santo também é Deus. Quando Ana
nias mentiu a respeito da venda de sua propriedade, Pedro o re
preendeu, dizendo: “Ananias, por que encheu Satanás teu cora
ção, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte
do valor do cam po?... Não mentiste aos homens, mas a Deus”
(At 5.3,4). Mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus, prova de que
o Espírito Santo é Deus. 0 Pai é Deus; o Filho é Deus; o Espírito
Santo é Deus. Três pessoas, um só Deus. Uma trindade, ou triuni-
dade. A palavra Trindade não está na Bíblia; mas é inegável que
ela ensina que existe um único Deus, que subsiste em três pessoas:
Pai, Filho (Jesus Cristo) e Espírito Santo.
A doutrina da Trindade é um mistério. Está além da nossa
compreensão. Mas podemos descrevê-la, conforme é ensinada na
I iíblia. Em síntese, a doutrina pode ser descrita assim: existe um só
Deus; Deus subsiste em três pessoas distintas: Pai, Filho (Jesus
Cristo) e Espírito Santo; cada pessoa da Trindade é Deus com
pleto, e não parte de Deus; as três pessoas da Trindade são
iguais em poder e glória.
No registro do batismo de Jesus as três pessoas da Trindade
aparecem, distintamente. O Pai se manifesta do céu, dizendo: “Este
é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). O
r ilho estava sendo batizado. E o Espírito Santo desceu sobre ele
“como pom ba” (Mt 3.16).
Muitas pessoas fazem uma grande confusão com as três pes
soas da Trindade. Tal conllisão pode ser observada especialmente
nas orações. Num culto alguém orou assim: “Senhor, nosso Deus e
Pai, nós te agradecemos, Senhor Jesus, porque tu morreste na cruz
em nosso lugar e porque tu habitas em nós”. Quanta confusão! O
Pai não é o Filho. Não foi o Pai quem morreu na cruz, foi o Filho.
1í quem habita em nós é o Espírito Santo. Na oração nós nos diri
gimos a Deus, o Pai, em nome de Jesus, o Filho.
OS ATRIBUTOS DE DEUS
Os atributos são propriedades ou qualidades de Deus, men
cionados na Bíblia Sagrada, ou deduzidos de seus atos. Como
Deus é perfeito, seus atributos são chamados também de perfei-
ções divinas.
Os atributos que só Deus possui, como, por exemplo, a
im utabilidade, são chamados de atributos incomunicáveis. São
assim denominados para caracterizar que eles não foram concedi
dos aos homens. Aqueles que os homens também possuem, como,
por exemplo, o amor, são chamados de atributos comunicáveis. A
diferença é que as qualidades humanas são imperfeitas e os atribu
tos de Deus são perfeitos.
Atributos Incomumcáveis
A auto-existência ou independência é um atributo inco
municável de Deus (Êx 3.13,14; Jo 5.26; At 17.25). Deus não
depende de nada e nem de ninguém para existir ou agir. Um outro
atributo é a eternidade (SI 90.2; 102.12; 2Pe 3.8). Deus sempre
existiu e sempre existirá, ele não está limitado pelo tempo. Outro
atributo incomunicável é a imensidade ou onipresença (lRs 8.27;
SI 139.7-10; Is 66.1). Deus não está limitado pelo espaço, ele está
presente ao mesmo tempo em todos os lugares. Outro atributo é a
imutabilidade (Ml 3.6; Tg 1.17). Deus não muda em seu ser, em
sua essência, em seus atos, nem em seus propósitos. Quando a
Bíblia diz ou dá a entender que Deus mudou, na realidade a situa
ção é que mudou. A linguagem usada é a do observador, como,
por exemplo, quando alguém afirma que o sol surgiu ou se pôs a
determinada hora, dando a idéia de que o sol se movimenta, quan
do a terra é que se move.
Atributos Comunicáveis
A bondade é um atributo comunicável de Deus (SI 145.9,
15, 16; Jo 3.16,17; Ef2.1-9; IJo 4.7-10). O homem também
recebeu do Criador esta qualidade. Mas a bondade de Deus é
diferente da bondade humana. Deus é absolutamente bom. Ele tra
ta benévola e generosamente todas as suas criaturas. Esta bonda
de, em relação às criaturas racionais, chama-se amor. “Deus è
amor” (1 Jo 4.8). Por causa do pecado, o homem perdeu o direito
de ser amado por Deus, mas o Criador continua a nos amar. Deus
é misericordioso, por isso ele tem compaixão de nós. Ele é
longânimo, por isso nos tolera. A santidade é outro atributo co
municável (Êx 15.11; 1Sm 2.2; Is 6.3; Hc 1.13; Ap 4.8). Deus é
perfeitamente puro em sua pessoa e em seus atos e, conseqüente
mente, ele é contra toda e qualquer forma de impureza. Um outro
atributo comunicável é a justiça (SI 71.19;Mt 10.42; Rm 1.32).
Deus é absolutamente justo, ele governa o mundo com justiça,
recompensa todos os atos dos homens e pune os seus erros. A
soberania também éum atributo comunicável (SI 115.3; Mt 10.29).
Deus “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vonta
de'" (Ef 1.11).
É importante conhecer Deus através do estudo da sua auto-
i evelação registrada na Escritura Sagrada. Mas, além desse co
nhecimento teórico, precisamos também do conhecimento espiri
tual. E tal conhecimento só se adquire através de uma vida de co
munhão com ele. “Só conhecemos verdadeiramente a Deus em
nossa alma, quando nos rendemos a ele, quando nos submetemos
à sua autoridade e quando os seus preceitos e mandamentos regu
lam todos os pormenores da nossa vida.”21
CONCLUSÃO
Zofar perguntou a Jó: “Porventura, desvendarás os arcanos
de Deus ou penetrarás até àperfeição do Todo-poderoso ?” (Jó
11.7). Realmente o homem não tem condições para desvendar os
arcanos de Deus. E quando tentamos compreender racionalmente
muitos atos de Deus registrados na Bíblia Sagrada percebemos
que eles não se harmonizam com a nossa lógica. As nossas limita
ções não nos permitem compreender Deus, nem seus atos. Contu
do, aquilo que é necessário para a nossa salvação e para a nossa
vida em comunhão com ele, Deus nos revelou e está registrado na
Bíblia Sagrada com tanta clareza, que qualquer pessoa, culta ou
não, no uso de suas faculdades mentais, pode compreender.
Nas alegrias e nas lutas da vida, em todos os lugares e em
todos os momentos, nós não estamos sozinhos. Deus está sempre
conosco. “Como em redor de Jerusalém estão os montes, as
sim o Senhor, em derredor do seu povo, desde agora e para
sempre” (SI 125.2).
uAo Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e
glória pelos séculos dos séculos. Amém” (lT m 1.17).
29
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO E APLICAÇÃO
1. Podemos definir Deus? Por quê?
2. Deus, S e n h o r , Senhor, Deus Todo-poderoso são alguns dos
nomes de Deus na Bíblia. Eles são importantes porque revelam
algo sobre o Criador. O que revelam os nomes citados?
3. Descreva, em síntese, a doutrina da Trindade.
4. Você compreende a doutrina da Trindade? Por quê?
5. Que são atributos de Deus?
6. Como se dividem os atributos de Deus? E por quê?
7. Dos atributos mencionados neste capítulo, qual lhe chamou mais
a atenção? Por quê?
8. Como entender os textos bíblicos que dizem que Deus se arre
pendeu ou que parecem dar a atender que Deus mudou o seu
plano?
9. Por que não podemos ver Deus?
10.“Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o Senhor
em derredor do seu povo, desde agora e para sempre” (SI 125.2).
O que isto representa para você?
4
fl CRIfiÇffO DO UNIVERSO
E DO HOMEM
" S ó tu és S e n h o r , tu fizeste o céu, o céu
dos céus e todo o seu exército, a terra e
tudo quanto nela há, os mares e tudo quan
to há neles; e tu os preservas a todos com
vida, e o exército dos céus te adora. ”
Neemias9.6
A CRIAÇÃO DO UNIVERSO
O primeiro livro da Bíblia Sagrada começa assim: “Noprin
cípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). A Bíblia afirma que
Deus é o criador, preservador e governador do universo. No livro
de Neemias está escrito: “S ó tu és S e n h o r , tufizeste o céu, o céu
r'Confissão de Fé de Westminster, - capítulo IV, parágrafos I c II.
31
dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há,
os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com
vida, e o exército dos céus te adora” (Ne 9.6). E Davi declarou.
“Nos céus, estabeleceu o S e n h o r o seu trono, e o seu reino domi
na sobre tudo” (SI 103.19). As declarações de que Deus criou,
preserva e governa todas as coisas, visíveis e invisíveis, estão pre
sentes em todas as partes da Bíblia Sagrada.
Existem inúmeras teorias filosóficas e científicas sobre a ori
gem do universo. Muitos livros apresentam essas teorias como se
fossem a última palavra da Ciência ou da Filosofia. Mas não é
possível dizer que a Filosofia ou a Ciência encampe qualquer de
las, pois não passam de teorias, isto é, elas não foram comprovadas
- nem pelo método filosófico, nem pelo método científico. Elas
representam apenas o pensamento de alguns filósofos ou cien
tistas sobre a origem do universo. Mas a Bíblia Sagrada afirma
categoricamente que Deus é o criador do universo. Não é teo
ria, é revelação !
Todas as teorias científicas e filosóficas sobre a origem do
universo afirmam que ele surgiu por acaso. Mas, imagine a seguinte
situação: você encontra um relógio e passa a examiná-lo. Vê que
as suas peças têm formas diferentes e foram feitas de vários tipos
de matéria-prima. E todas elas se encaixam e combinam de tal
maneira que todas funcionam harmoniosamente. E marcam as ho
ras. E cumprem um papel relevante. Formam um todo que tem
sentido e propósito. Se alguém lhe dissesse que aquele relógio sur
giu por acaso, você acreditaria? Então, como acreditar que o
universo, muito mais complexo que um relógio, surgiu por aca
so?23 Merece mais crédito a afirmação bíblica de que Deus
criou todas as coisas.
Nem a Ciência nem a Filosofia dispõe de meios para dizer
como se originou o universo. Por que então muitos homens da
23Versão simplificada do clássico argumento do relógio, formulado por William Paley
(1743-1805), filósofo moral e teólogo britânico.
Ciência ou da Filosofia negam a existência de um Criador?
Christiano P. da Silva Neto, Mestre em Ciência pela Universidade
de Londres, responde: “Talvez a principal razão que leve tantos
homens de ciência a rejeitar o modo criacionista seja, na verdade,
bem outra. Crer num Criador traz consigo um compromisso ... Via
de regra, porém, as pessoas desejam viver suas vidas segundo as
suas próprias conveniências, e evitam, portanto, este tipo de
comprometimento”.24
A Bíblia é a Palavra de Deus. E, embora usando a linguagem
do observador, a linguagem comum do dia-a-dia, sem entrar em
detalhes técnicos, ela afirma que Deus criou todas as coisas, visí
veis e invisíveis.
A CRIAÇÃO DO HOMEM
O registro da criação do homem, na Bíblia Sagrada, começa
assim: “ Também disse Deus: Façamos o homem à nossa ima
gem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre
os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que
rastejam pela terra” (Gn 1.26). E continua assim: “Criou Deus,
pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; ho
mem e mulher os criou” (Gn 1.27). Os vegetais e os animais fo
ram criados “segundo as suas espécies”, mas o homem foi criado
à imagem e semelhança do Criador.
A imagem e semelhança de Deus no homem, no sentido res
trito, consiste no verdadeiro conhecimento, retidão e santidade com
que o homem foi dotado na criação. E, num sentido mais abrangente,
inclui também o fato de o homem ser um ente espiritual, racional,
moral e imortal.
Após a queda, por causa do pecado, o homem perdeu a
imagem de Deus no sentido restrito, ficando apenas com a imagem
no sentido mais abrangente. Isto é, o homem perdeu o verdadeiro
J'Origens do Universo e da Vida, Módulo 1, p. 24.
33
conhecimento, retidão e santidade, mas continuou sendo um ente
espiritual, racional, moral e imortal, embora imperfeito em todas
essas áreas.
Detalhando mais a criação do homem, a Bíblia Sagrada afir
ma que “ formou o S e n h o r Deus ao homem do p ó da terra e lhe
soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser
alma vivente” (Gn 2.7). O corpo do homem foi feito de material
que Deus havia criado antes, que no texto bíblico é chamado de
“p ó da terra". Mas a alma surgiu como resultado do sopro divino.
O primeiro homem era formado por um elemento material, o cor
po, e por um elemento imaterial, a alma. E todos os demais seres
humanos também são constituídos de corpo e alma.
O conceito de que o homem é constituído de duas partes
distintas, a saber, corpo e alma, é denominado, teologicamente,
dicotomia. Existe, também, um outro conceito denominado
tricotomia, segundo o qual o homem é constituído de três elemen
tos: corpo, alma e espírito. De acordo com este conceito, o corpo
é a parte material do ser humano; a alma é o princípio da vida
animal; e o espírito é o elemento racional, imortal, através do qual
o homem se relaciona com Deus.
Os dicotomistas defendem seu ponto de vista afirmando que
a Escritura Sagrada usa as palavras alma e espírito, “uma pela ou
tra, em permuta recíproca”, para referir-se ao elemento superior
ou espiritual do homem. Logo, alma e espírito, quando des
crevem o elemento espiritual do homem, na Escritura Sagrada,
são sinônimos.
Os tricotomistas citam dois textos bíblicos onde aparecem
alma e espírito como os elementos superiores do ser humano. O
primeiro é 1 Tessalonicenses 5 .23, que diz: “O mesmo Deus da
paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo
sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nos
so Senhor Jesus C r i s t o E o outro é Hebreus 4.12: “Porque a
palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qual-
quer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir
alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do c o r a ç ã o Os dicotomistas res
pondem a esse argumento afirmando que: “A simples menção dos
termos espírito e alma um ao lado do outro não prova que, segun
do a Escritura, são duas substâncias distintas, como também Ma
teus 22.37 não prova que Jesus considerava o coração, a alma e o
entendimento como três substâncias distintas. Em 1 Tessalonicen-
ses 5.23, o apóstolo deseja simplesmente fortalecer a afirmação:
"O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo\ como uma de
claração epizegética,25na qual se resumem os diferentes aspectos
da existência do homem, e na qual o apóstolo se sente perfeita
mente livre para mencionar os termos alma e espírito um ao lado
do outro, porque a Bíblia distingue entre ambos.... (O que o texto
diz é que a palavra de Deus) produz uma separação entre os pen
samentos e as intenções no coração” .25 O teólogo Louis Berkhof
afirma que a tricotomia “não resultou do estudo da Escritura, mas
nasceu com o estudo da filosofia grega”.27
Deus criou o homem com capacidade de reprodução, e lhe
ordenou: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn
1.28). Mas aqui surge uma pergunta: a capacidade humana de se
reproduzir inclui também a alma? Ou apenas o corpo? Este assun
to não está claro na Bíblia Sagrada. Por isso, existem várias teorias
sobre a origem da alma em cada indivíduo. As principais teorias
são: preexistencialismo, criacionismo etraducianismo.
A teoria preexistencialista afirma que a alma de cada pes
soa já existia antes que o seu corpo fosse formado. A teoria criacio-
nista afirma que Deus cria uma alma para cada pessoa que é gera
da. Esta teoria se baseia especialmente em Eclesiastes 12.7, onde
está escrito que, logo após a morte, “o p ó volta à terra, como o
Epizeuxe é uma figura de retórica pela qual há repetição de palavras, ou de seus
sinônimos, para maior veemência ou ênfase.
Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 1 94e 195.
’ Louis Berkhof, M anual de Doutrina Cristã, p. 110.
era, e o espírito volta a Deus, que o d e u e em Hebreus 12.9,
onde está registrado o seguinte: “Além disso, tínhamos os nossos
pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos;
não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espi
ritual, e então viveremos?” A teoria traducianista afirma que a
alma é gerada junto com o corpo, e, portanto, é transmitida pelos
pais aos filhos. Segundo essa teoria, quando Deus capacitou o ho
mem para se reproduzir, deu-lhe a capacidade para gerar seres
humanos completos, e não apenas corpos que deveriam receber
uma alma para se completarem. Os seus defensores argumentam
que, quando Deus criou a mulher, usou uma parte do homem, e
não soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida. Portanto, o corpo e a
alma de Eva procederam de Adão. Assim também o corpo e a
alma dos filhos procedem de seus pais.
A teoria preexistencialistaé rejeitada por quase todos os evan
gélicos. As teorias criacionista e traducianista são aceitas por mui
tos. Mas todas elas apresentam algumas dificuldades. Isto significa
que este é um assunto que só será esclarecido quando estivermos
com o Senhor.
A QUEDA DO HOMEM
Na criação, Deus estabeleceu uma aliança com o homem,
que os teólogos chamam de pacto ou aliança das o b ras. O Cri
ador colocou o homem no jardim do Éden e lhe deu esta ordem:
“De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore
do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no
dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16,17).
A ameaça de morte, no caso de desobediência, deixa implícito que
havia também uma promessa de vida. “Adão foi, de fato, realmen
te criado num estado de santidade positiva, e não estava sujeito à
lei da morte. Mas não possuía ainda os mais elevados privilégios à
espera do homem; ainda não havia sido elevado acima da possibi
lidade de errar, de pecar e de morrer. Ainda não possuía o mais
alto grau de santidade, nem gozava a vida em toda a sua pleni
tude.”28 Se ele obedecesse, alcançaria a plenitude de vida, ou seja,
estaria acima de qualquer possibilidade de errar, pecar ou morrer.
A promessa tinha uma condição: perfeita obediência. Se o homem
falhasse, a penalidade seria a morte. A obediência consistia em
não comer do fruto da árvore do bem e do mal. Era o teste para
provar se Adão estava disposto a submeter a sua vontade à von
tade de Deus.
Mas o homem não passou no teste. Caiu. Deus lhe havia
dado uma variedade enorme de frutas, verduras, legumes e cereais
para sua alimentação (Gn 1.29). Mas ele preferiu comer da árvore
proibida, desobedecendo ao Criador. Assim, rejeitava a vontade
de Deus e fazia a sua própria vontade. Abandonava o Criador e
tomava o seu próprio caminho. A sentença de morte pairava sobre
o homem. Morte, na Bíblia Sagrada, significa basicamente sepa
ração. Ao pecar, o homem separou-se de Deus. Morreu espiritual
mente. E as sementes da morte física começaram imediatamente a
agir no seu corpo. Ele passou a viver sob a tirania da morte, que
finalmente o alcançaria.
Adão arrastou para o pecado toda a sua descendência. Ele
era o cabeça e o representante de toda a raça humana. Por isso,
todos se tornaram pecadores quando ele pecou. Nós não somos
responsabilizados pelo pecado de nosso pai ou de nossa mãe. “O
filho não levará a iniqüidade do p a i” (Ez 18.20). Mas somos
responsabilizados pelo pecado de Adão, porque ele era nosso re
presentante. O apóstolo Paulo escreveu que “por uma só ofensa,
veio ojuízo sobre todos os homens para condenação” (Rm 5.18).
Além de herdarmos a culpa do pecado de Adão, herdamos
também a corrupção moral. Por isso, temos uma inerente disposi
ção para o pecado. O próprio apóstolo Paulo confessou: “...vejo,
nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da
minha mente, me fa z prisioneiro da lei do pecado que está nos
"Louis Berkhof, M anual de Doutrina Cristã, p. 118.
37
meus membros” (Rm 7.23). “Porque nem mesmo compreendo
o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro e sim
o que detesto... Porque não fa ço o bem que prefiro, mas o mal
que não quero, esse fa ç o ” (Rm 7.15,19).
CONCLUSÃO
Felizmente Deus não executou de imediato a sentença de morte
que pairava sobre o homem. Ao invés de eliminar o homem, Deus
lhe fez uma promessa de restauração. O descendente da mulher
feriria a cabeça da serpente (Gn 3.15). É o proto-evangelho. É a
promessa bendita de que o inimigo seria vencido e o homem res
taurado à comunhão com o Criador.
O primeiro livro da Bíblia Sagrada mostra o homem send
expulso do paraíso, da presença de Deus. Mas o último livro, o
Apocalipse, mostra o homem de volta ao paraíso. No primeiro
livro está escrito que Deus disse ao homem: “ Visto que atendeste
a voz de tua mídher e comeste da árvore que eu te ordenara
não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas
obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produ
zirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo.
No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes ã terra,
pois delafoste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn
3.17-19). Mas no último livro está escrito que Deus habitará com
os homens. “Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará
com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte j á
não existirá, j á não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque
as primeiras coisas passaram” (Ap 21.3,4). O plano de Deus
para o homem não se esgotava no Éden.
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do
conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e
quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a
mente do Senhor? Ou quem fo i o seu conselheiro? Ou quem
primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque
dele, e por meio dele, epara ele são todas as coisas. A ele, pois,
a glória eternamente. Amém” (Rm 11.33-36).
PECADO E CASTIGO
Por causa do pecado de Adão, todas as pessoas nascem
pecadoras. Davi reconheceu isso e declarou: “Eu nasci na ini
qüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (SI 51.5).
Herdamos do primeiro casal a culpa e a corrupção. Não con
seguimos fazer o bem que queremos, mas fazemos o mal que,
às vezes, até detestamos.
Mas, o que é pecado? “É qualquer falta de conformidade
com a lei de Deus, ou qualquer transgressão dessa lei.”29 Se ana
lisarmos algumas palavras gregas usadas pelos escritores do Novo
Testamento para designar o pecado, fica mais fácil compreender a
sua extensão e abrangência. Veja algumas destas palavras:
ham artia (Rm 5.12; Tg 2.9; Uo 1.7) significa errar o alvo,
paraptom a (Rm 5.15-18; 2Co 5.19; E f 2.1) significa escorregar
ou cair, desviar da verdade e da justiça; adikia (Rm 9.14; ICo
13.6; 1Jo 5.17) significa injustiça; parabasis (Rm 2.23; G1 3.19;
Hb 2.2) significa transgressão, ato de passar além da linha;
anom ia (1 Jo 3.4) significa desobediência e desrespeito à lei.
Podemos afirmar, portanto, que o pecado consiste em errar
o alvo da vida, não ser o que devia ou poderia ser, desviar-se da
verdade e da justiça, praticar a injustiça, ultrapassar a linha que
limita os nossos direitos e liberdade, desobedecer e desrespeitar
as leis. Mas, como o pecado sempre tem relação com Deus e sua
vontade, podemos dizer que pecar é ser, pensar, falar, desejar ou
fazer o que desagrada a Deus.
O homem trata o pecado levianamente, mas Deus o trata de
modo severo. O pecado é uma violação da justiça de Deus e um
insulto à sua santidade. Por isso Deus o castiga nesta vida e na
futura. “O pecado é a desgraça do homem. Todo o seu sofrimento
e miséria são devidos ao pecado. O pecado é a causa básica das
dores, perdas, angústias de coração e frustrações.” 30
Cada pecado recebe ajusta punição. Podemos ver na Bíblia
Sagrada castigos naturais e disciplinares. Mas nenhum pecado
fica impune. Os castigos naturais consistem em conseqüências
CONCLUSÃO
A Bíblia deixa claro que não existe nenhum meio de salvação
fora de Jesus Cristo. O Senhor Jesus declarou: “Eu sou o cami
nho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim” (Jo 14.6). E Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, afirmou:
“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu
não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo
qual importa que sejamos salvos" (At 4.12). Tanto no período
do Antigo Testamento, quanto no período do Novo Testamento,
Jesus é o único Salvador.
“Ora, àquele que é poderoso parafazer infinitamente mais
do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder
que opera em nós, a ele seja a glória, na Igreja e em Cristo
Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém” (Ef
3.20,21),
47
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO E APLICAÇÃO
1. 0 que é pecado?
2. O que são castigos naturais?
3. 0 que são castigos disciplinares?
4. As pessoas salvas no período do Antigo Testamento foram
salvas por obras da lei ou mediante a graça? Explique sua
resposta.
5. Qual era a condição para ser salvo no período do Antigo Testa
mento?
6. Que tipo de fé era exigida para a salvação no período do Antigo
Testamento?
7. Qual era o objetivo (ou objetivos) do sacrifício de animais no
Antigo Testamento?
8. Pode haver um outro meio de salvação além da graça de Deus,
mediante a fé em Cristo?
9. As religiões não-cristãs podem apontar alguma outra alternativa
para a salvação? Por quê?
10. 0 que significa para você viver após a vinda de Jesus ao mundo?
6
0 POVO DE DEUS NO
6NTIGO TESTAMENTO
“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que
nossos pais estiveram todos sob a nuvem,
e todos passaram pelo mar, tendo sido
todos batizados, assim na nuvem como no
mar, com respeito a Moisés. Todos eles
comeram de um só manjar espiritual e be
beram da mesmafonte espiritual; porque
bebiam de uma pedra espiritual que os
seguia. E a pedra era Cristo. Entretan
to, D eus não se agradou da m aioria
deles, razão por que ficaram prostrados
no deserto.
E stas coisas lhes sobrevieram como
exemplos eforam escritas para advertên
cia nossa. ”
1 Coríntios 10.1-5,11
49
O plano de Deus inclui também uma organização para reunir
e congregar o seu povo. No princípio essa organização era a famí
lia. Podemos citar como exemplo a família de Jó. O patriarca, além
de chefe da família era também o seu sacerdote. Ele liderava os
filhos na vida religiosa; levantava-se de madrugada e ofere
cia holocaustos segundo o número de todos eles” (Jó 1.5). Após
o êxodo, a nação israelita passou a ser a instituição que reunia e
congregava o povo de Deus. Israel era uma teocracia.
OS PATRIARCAS
Adão e Eva foram expulsos do Éden, mas continuaram te
mendo e cultuando o S e n h o r . Quando nasceu o primeiro filho, a
mãe o recebeu como uma dádiva de Deus. Ela declarou: “Adquiri
um varão com o auxílio do S e n h o r ” (Gn 4.1). Seus filhos Caim e
Abel ofereceram “uma oferta ao S e n h o r ” (Gn 4.3-5). Esse ato
mostra que os pais procuravam passar aos filhos a idéia de temor,
reverência e gratidão a Deus.
A população crescia... e se corrompia. “ Viu o S e n h o r que a
maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era
continuamente mau todo desígnio do seu coração; então, se
arrependeu o S e n h o r de ter feito o homem na terra, e isso lhe
pesou no coração. Disse o S e n h o r : Farei desaparecer da face
da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e
as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Po
rém Noé achou graça diante do S e n h o r ” (Gn 6.5-8). Deus man
dou o dilúvio. Destruiu homens e animais. Mas, felizmente, preser
vou Noé e sua família e os animais que ele colocou na arca. E,
assim, a humanidade teve um novo começo.
Os homens deviam se espalhar por toda a terra. Mas eles
não obedeceram ao S e n h o r . Por isso as línguas foram confundi
das. Cada família ou tribo passou a falar uma língua diferente da
outra. Uma não compreendia o que a outra dizia. E assim se espa
lharam pela terra.
Os homens continuaram se corrompendo. Mas Deus sempre
teve os seus servos fiéis. Jó era um deles. Sua história é bem co
nhecida.
Um outro fiel servo de Deus foi Abraão, que vivia em Ur,
capital do antigo reino da Suméria, cerca de 2.000 anos antes de
Cristo. Deus o chamou para ser o pai de um novo povo, de uma
nova nação, na qual seriam “ benditas todas as famílias da terra”
(Gn 12.3).
Abraão teve muitos filhos. Mas Isaque era o filho da promes
sa e foi o sucessor do pai. Isaque teve dois filhos: Esaú e Jacó.
Por volta do ano 1876 a.C.,37 Jacó foi para o Egito, onde
seu filho José era o governador geral. Toda a família do patriarca
somava apenas setenta pessoas. Mas Deus os fez multiplicar no
Egito, tornando-os um povo numeroso. Tudo isto está registrado
no livro de Gênesis, que se inicia com o relato da criação e termina
com o registro da morte de José.
O ÊXODO E A CONQUISTA DE CANAÂ
Muitos anos após a morte de José, o rei do Egito passou a
oprimir e a escravizar os descendentes de Jacó. Mas Deus levan
tou Moisés para tirar seu povo do Egito e conduzi-lo a Canaã - a
terra que havia prometido a Abraão dar à sua descendência.
O povo de Deus saiu do Egito por volta do ano 1446 a.C.
Inicialmente Moisés os conduziu para a região do Sinai. Ali ficaram
dois anos se preparando para a nova realidade que passariam a
viver. Eles eram ex-escravos. Agora precisavam de uma prepara
ção especial para ser uma nação. Deus, através de Moisés, deu-
lhes as instruções de que necessitavam. Os livros de Êxodo e
Levítico registram a saída do Egito e as leis que Deus deu ao
povo no Sinai.
17Todas as datas citadas neste capítulo são tiradas da cronologia adotada no livro O
Ú undo do Antigo Testamento, escrito por J. I. Packer, Merril C. Tenney e Wiliam
White Júnior. Contudo, deve ficar claro que não é possível confirmar com exatidão
nenhuma dessas datas.
Devidamente preparado, o povo poderia chegar a Canaã
dentro de muito pouco tempo - possivelmente com menos de três
meses de caminhada. Mas o povo se rebelou contra Moisés e contra
Deus. E como resultado ficaram peregrinando pelo deserto por
mais 38 anos. Todos os rebeldes morreram no deserto. Apenas os
seus filhos entraram no terra prometida. O livro de Números conta
essa história. E Deuteronômio registra os discursos feitos por
Moisés, recordando ao povo tudo o que Deus havia feito por eles
naqueles quarenta anos.
O próprio Moisés morreu no deserto. Mas Deus colocou
Josué na liderança do povo. Por volta do ano 1406 a.C., eles en
traram em Canaã. A luta para expulsar os habitantes da terra foi
longa. Eles venceram 31 reis. “Josué dividiu a terra entre as tribos
israelitas segundo as instruções de Deus, e pouco antes de morrer
insistiu com o povo a continuar confiando em Deus e obedecendo-
lhe às ordens. Porém, não foi isso o que fizeram. Após a morte de
Josué, ‘cada um fa zia o que achava mais reto’ (Jz 21.25). Os
grandes líderes desse período atuaram à semelhança de Moisés e
de Josué; eram heróis militares e juizes que presidiam os tribunais
de Israel, daí a denominação que lhes damos de ‘juizes’. Os mais
dignos de nota foram: Otniel, Débora (a única mulherjuíza), Gideão,
Jefté, Sansão, Eli e Samuel.”38 Foi também nesse período que vi
veu Rute.
O REINO UNIDO
Por volta do ano 1043 a.C., foi instituída a monarquia em
Israel. Deus fez co'm que a transição fosse pacífica. O novo rei
pertencia à tribo de Benjamim. “Uma escolha muito lógica, pois, é
o jovem Saul (ISm 10.23); este não é somente alto e hábil, mas
também é da tribo central e mais fraca entre as tribos (1 Sm 9.21);
assim sua escolha não incitará inveja entre as tribos.”39
O REINO DIVIDIDO
Salomão faleceu por volta do ano 931 a.C. A sua morte de
sencadeou uma sangrenta luta pelo trono. De um lado estava Roboão,
seu filho; do outro lado estava um ex-exilado político, chamado
Jeroboão, que tinha o apoio da maioria dos chefes militares. 0
reino foi dividido. Roboão ficou com a parte sul do país, reinando
sobre as tribos de Judá e Benjamim, tendo Jerusalém como capi
tal. Essa parte passou a denominar-se reino de Judá. E Jeroboão
ficou com dez tribos, tendo a capital sucessivamente em várias ci
dades na parte norte do país. Por volta do ano 879 a.C., Onri
estabeleceu a capital definitivamente em Samaria. Essa parte do
reino conservou o nome de Israel.
O reino de Israel teve dezenove reis. Nenhum deles serviu ao
Senhor. Pelo contrário, todos cooperaram para que o povo e o
reino se afastassem mais e mais do Senhor. Deus levantou profetas
para advertir as autoridades e o povo, mas a impiedade imperava.
Um dos primeiros profetas foi Elias, que travou grande luta com
Acabe e Jezabel. Elias foi sucedido por Eliseu. Outros profetas
deste período foram Amós, Jonas, Miquéias e Oséias. Amós pro
fetizou contra a idolatria, a corrupção e as injustiças sociais. Jonas
foi enviado por Deus a Nínive para anunciar o julgamento contra
aquele povo; houve conversão e a cidade foi poupada. Miquéias
denunciou os erros dos governantes de Israel e Judá e os falsos
líderes religiosos. Oséias denunciou a prostituição espiritual de Is
rael e o julgamento inevitável.
No ano 721 a.C., o rei da Assíria tomou Samaria e destruiu o
reino de Israel. Sua população foi levada cativa para várias cida
des do império dos medos. “O rei da Assíria trouxe gente de
Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim e a
fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filh o s de
Israel; tomaram posse de Samaria e habitaram nas suas ci
dades” (2Rs 17.24). Acabou-se o reino de Israel.
O reino de Judá durou um pouco mais. Ele teve vinte reis.
Quase todos andaram longe dos caminhos do Senhor. Apenas os
reis Asa, Josafá, Joás (Jeoás), Amazias, Azarias, Jotão, Ezequias
e Josias foram fiéis ao Senhor.
Deus levantou grandes profetas para advertir Judá. Isaías foi
um deles. Seu ministério durou cerca de sessenta anos. Ele denun
ciou o pecado, aconselhou reis, advertiu quanto ao julgamento do
Senhor e, também, falou sobre a vinda do Messias e um futuro
glorioso. Um outro grande profeta desse período foi o sacerdote
Hilquias, que redescobriu a lei e conduziu a reforma do templo,
acompanhada de uma reforma religiosa. Habacuque, Jeremias,
Joel, Naum e Sofonias também exerceram seu ministério profé
tico nesse período.
Judá permaneceu insensível espiritualmente. E sofreu as con
seqüências do julgamento divino. Em 609 a.C., o rei Josias foi
morto pelo exército egípcio, emMegido. Em 605 a.C., Nabucodo-
nosor subjugou Judá e ocupou a planície costeira. Muitos judeus
foram levados cativos para a Babilônia; entre estes estavam Daniel
e seus amigos. No ano 597 a.C., Jerusalém foi invadida pelos
babilônios. Mais um grupo de judeus foi levado para a Babilônia.
Entre estes estava o profeta Ezequiel. Em 586 a.C., Jerusalém foi
queimada pelos babilônios. O rei foi preso e teve os seus olhos
vazados. A população de Judá foi levada cativa para a Babilônia.
Assim chegava ao fim o reino de Judá.
A RESTAURAÇÃO DE JUDÁ
Os descendentes de Abraão deviam ser uma bênção para
todas as famílias da terra. Mas o reino de Israel tinha sido destruído,
sua população foi espalhada no meio de vários povos e as dez
tribos desapareceram. E Judá estava no exílio.
Mas Deus não mudou o seu plano. Ele continuou falando ao
povo através dos profetas. Jeremias foi um profeta que Deus usou
para falar ao povo no período que antecedeu ao cativeiro e, tam
bém, nos primeiros anos do exílio. Logo após a queda de Jeru
salém, ele foi levado para o Egito. Mas antes escreveu a famosa
carta aos cativos da Babilônia (Jr 29).
Ezequiel foi outro profeta que Deus usou para falar ao seu
povo no cativeiro. Ele animou os exilados com a esperança da
volta à sua pátria. Enquanto isso, o profeta Daniel atuava no go
verno da Babilônia. Obadias profetizou contra Edom, que tinha
atacado Judá no tempo da invasão babilónica.
Como Deus havia predito através dos profetas, Judá voltou
do cativeiro. O primeiro grupo voltou em 538 a.C., sob a liderança
de Sesbazar eZorobabel (Ed 1.8-2.70). Em 536 a.C., eles inicia
ram a reconstrução do templo de Jerusalém. A reconstrução de
Jerusalém e do templo teve períodos de euforia e de desânimo.
Por isso, Deus levantou profetas para animar o povo a completar a
obra. Ageu e Zacarias foram os profetas que atuaram nesse perío
do. Em 516 a.C., foi inaugurado o templo.
A história de Ester se passou nesse período. Ela se casou
com o rei Assuero, conhecido na história como Xerxes, que reinou
nos anos 486-464 a.C.
O segundo grupo voltou em 458 a.C., sob a direção de Esdras
e Neemias (Ed 8.1-14). Neemias foi nomeado governador geral
do seu país. Seu principal trabalho foi a reconstrução dos muros
de Jerusalém. A missão de Esdras foi restaurar o serviço religioso
no templo de Jerusalém. Ele compilou os hinos que o povo can
tava, desde a época de Moisés, e preparou um hinário. Este hiná
rio está na Bíblia Sagrada - é o Livro dos Salmos. Foi também
nesse período que foram escritos os dois livros das Crônicas.
O Antigo Testamento termina com o livro de Malaquias, es
crito mais ou menos 400 anos antes do nascimento de Jesus Cris
to. O livro traz severas advertências ao povo, que estava voltando
às antigas práticas pecaminosas.
CONCLUSÃO
A história do povo de Deus no Antigo Testamento é uma
grande advertência para nós. “Estas coisas se tornaram exem
plos para nós” (IC o 10.6), como afirmou o apóstolo Paulo. O
nosso Deus é Deus zeloso (Êx 20.5,6). “O S e n h o r é tardio em
irar-se, mas grande em poder e jam ais inocenta o culpado”
(Na 1.3).
“Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos
séculos. Amém” (Fp 4.20).
REINO DIVIDIDO
DATA EVENTOS DO EVENTOS DO REGISTRO
REINO DE JUDÁ REINO DE ISRAEL BÍBLICO
REINO DE JUDÁ
696-641 a.C. Reinado de Manassés, filho e sucessor de Ezequias. 2 Reis 21.1-18;
Seu reinado durou 50 anos. Foi nesse período que o 2 Crônicas 33.1-2C
profeta Naum realizou seu ministério. Naum 1-3
641-639 a.C. Reinado de Amom, filho e sucessor de Manassés. Seu 2 Reis 21.19-26;
reinado durou 2 anos. Foi morto numa conspiração 2 Crônicas 33.21-2í
liderada por seus servos.
639-608 a.C. Reinado de Josias, filho e sucessor de Amom. Seu 2 Reis 22.1-23.30;
reinado durou 31 anos. Foi morto pelo Faraó Neco, rei 2 Crônicas 34-35
do Egito, numa batalha em Megido. Foi nesse período Obadias
que os profetas Obadias e Sofonias realizaram seus Sofonias 1-3
ministérios. Início do ministério do profeta Jeremias. Jeremias 1.1-10
608 a.C. Jeoacaz, filho de Josias, reinou 3 meses. A seguir foi 2 Reis 23.31-33;
preso pelo Faraó Neco e levado para o Egito. 2 Crônicas 36.1-4
608-597 a.C. O Faraó Neco constituiu como rei Eliaquim, filho de 2 Reis 23.34-24.5;
Josias, mudando-lhe o nome para Jeoaquim. Seu 2 Crônicas 36.5-8
reinado durou 11 anos. Foi nesse periodo que o profeta Habacuque 1-3
Habacuque realizou seu ministério.
605 a.C. Nabucodonosor veio a Jerusalém pela primeira vez e 2 Reis 24.10-14;
submeteu o reino de Judá ao domínio da Babilônia. Daniel 1
Jeoaquim foi confirmado no trono. Daniel e seus
companheiros foram levados cativos para a Babilônia.
Iniciava-se assim o cativeiro de Judá na Babilônia,
que durou 70 anos.
597 a.C. Reinado de Joaquim, filho de Jeoaquim. Seu reinado 2 Reis 24.8-16;
durou apenas 3 meses. As tropas de Nabucodonosor 2 Crônicas 36.9;
atacaram Jerusalém pela segunda vez, levaram o Ezequiel 1-48
rei Joaquim cativo para a Babilônia e colocaram
Matanias, tio paterno do rei, em seu lugar. A Matanias
deram o nome de Zedequias. 0 profeta Ezequiel foi
levado para a Babilônia, onde realizou o seu ministério
entre os cativos.
597-586 a.C. Reinado de Zedequias, que durou 11 anos. 2 Reis 24.17-25.30;
2 Crônicas 36.10-16
586 a.C. As tropas de Nabucodonosor vieram a Jerusalém pela 2 Reis 24.20-25.22;
terceira vez, destruíram o templo e colocaram fim ao 2 Crônicas 36.17-21
reino de Judá. 0 rei Zedequias teve os seus olhos
vazados e foi levado cativo para a Babilônia. Gedalias foi
nomeado governador do povo que ficou em Judá. Sete
meses depois Gedalias foi assassinado e o povo fugiu
para o Egito, levando, à força, o profeta Jeremias.
FIM DO REINO DE JUDÁ.
RESTAURAÇAO DE JUDA
DATA EVENTO REG. BÍBLICO
539 a.C. Queda da Babilônia. Ciro, rei persa, domina a Babilônia. ?
538 a.C. Ciro autoriza os judeus a voltar ao seu país. Mais de 2Cr 36.22,23;
quarenta mil voltaram a Jerusalém, sob a liderança de Esdras 1,2
Zorobabel e Sesbazar príncipe de Judá.
537 a.C. Inicia-se a reconstrução do templo de Jerusalém. Algum Esdras 3-5;
tempo depois a reconstrução pára por pressão dos Ageu 1,2;
inimigos e descaso do povo. Foi nesse período que os Zacarias 1-14
profetas Ageu e Zacarias exerceram seu ministério.
520 a.C. Reinicia-se a reconstrução do templo. Esdras 6.1-13
516 a.C. Conclui-se a reconstrução do templo, no dia 10 de março. Esdras 6.14-22
483 a.C. Ester se casa com Assuero, conhecido na história como
Xerxes t. Ester 1-3
479 a.C. Ester livra seu povo de ser massacrado. Ester 4-10
458 a.C. Esdras vai a Jerusalém ensinar ao povo a lei de Deus. Esdras 7-10;
Esdras prepara o livro de Salmos para ser o hinário do Salmos 1-150
templo. Provavelmente ele escreveu o Salmo 1 para ser
o cântico introdutório do hinário. Os demais salmos foram
apenas compilados por ele.
445-433 a.C. Neemias governa Judá, nomeado pelo rei Artaxerxes Neemias 1-13
(persa), de quem fora copeiro.
430 a.C. Ministério de Malaquias. FIM DO ANTIGO Malaquias 1-4
TESTAMENTO. Começa o penodo intertestamentário.
0 período do Novo Testamento só começaria cerca de
400 anos depois de Malaquias.
7
0 POVO DE DECIS NO
NOVO TEST6MENTO
“(Deus) não se deixou ficar sem testemu
nho de si mesmo, fazendo o bem, dando-
vos do céu chuvas e estações frutíferas. ”
Atos 14.17
69
O Antigo Testamento termina com os judeus novamente em
sua terra, depois de setenta anos de cativeiro na Babilônia. Mas a
independência de Judá durou pouco tempo. No ano 333 a.C.,
Alexandre, o Grande, iniciou sua escalada de conquistas de vários
países. Dez anos depois, quando ele faleceu, seu expansionismo
tinha conquistado até a índia. Com sua morte, seu reino permane
ceu unido poucos anos e, a seguir, foi dividido entre os seus quatro
generais. SoterPtolomeu, conhecido na história como Ptolomeu í,
um dos generais favoritos de Alexandre, apoderou-se do Egito,
assumindo o título de rei daquele país. Seus descendentes reina
ram durante séculos sobre o Egito. Em 320 a.C., Ptolomeu I do
minou a Judéia. Esse domínio durou até o ano 198 a.C., quando
Antíoco III conquistou a Judéia. Esse rei era descendente de outro
general de Alexandre, chamado Seleuco, que havia dominado a
Síria. Assim, a Judéia deixou de ser dominada pelo Egito para ser
dominada pela Síria. ' .
No ano 166 a.C., osjudeus, sob o comando do sumo sacer
dote Matatias, se revoltaram contra seus dominadores. Houve muita
luta durante vários anos. No ano 129 a.C., a Judéia alcançou sua
completa independência.
Novamente a independência da Judéia durou pouco. No ano
63 a.C., os romanos dominaram o país. E, em 37 a.C., nomearam
Herodes, o Grande, como rei da Judéia, sujeito ao Império Roma
no, mas com toíal autonomia nos assuntos internos do país. Quan
do Jesus nasceu, Herodes reinava sobre osjudeus.
71
O JUDAÍSMO
O judaísmo, que era a religião dos judeus, havia ultrapassado
os limites do país e tinha prosélitos em quase todo o mundo civili
zado daquela época. Judeus e prosélitos freqüentavam, semanal
mente, a sinagoga, um centro social que cuidava da instrução dos
adultos e da educação das crianças na fé judaica.
O judaísmo, especialmente em Israel, estava dividido em sei
tas que iam do liberalismo ao racionalismo, e do misticismo ao
oportunismo político.
Os fariseus formavam a maior e mais influente seita. Eram
separatistas e procuravam prestar obediência a todos os preceitos
da lei escrita e oral. Entre eles havia hipócritas, mas a grande mai
oria era constituída de homens virtuosos e bons, de elevados pa
drões morais. O grande problema dos fariseus é que eles viam na
lei um fim em si mesmo, e não um instrumento para levar o homem
a viver em harmonia com o Criador. Embora declarassem que seu
único Deus é o Senhor, o seu deus de fato era a lei. Viviam para a
lei, e não para aquele que lhes dera a lei.
Os saduceus eram menos numerosos do que os fariseus, mas
tinham poder político e constituíam o grupo dominante na direção
da vida civil. “Os saduceus eram oportunistas e estavam sempre
prontos a aliar-se com o poder dominante, desde que, por esse
meio, pudessem manter o seu prestígio e influência.”45
Havia, também, os essênios. Essa seita era “uma fraternidade
ascética para a qual só podiam entrar aqueles que se submetessem
aos regulamentos do grupo e às cerimônias de iniciações. Absti-
nham-se do casamento e mantinham as suas fileiras por adoção ou
pela recepção de neófitos. As suas comunidades mantinham em
comum as suas propriedades, de sorte que nenhum era rico nem
era pobre. Cada um se sustentava a si próprio por meio do traba
lho manual. Comiam os alimentos mais simples e vestiam-se habi
tualmente de branco, quando não estavam a trabalhar” .46
45Merrill C. Tenney, O Novo Testamento, Sua Origem e Análise, p. 140.
“ Merrill C. Tenney, obra citada, p. 140.
Havia, também, os zeloles, que formavam um grupo diferen
te. Eram nacionalistas fanáticos, que advogavam a violência como
método de luta contra os dominadores romanos.
O centro da religião judaica era Jerusalém. Lá estava o tem
plo, e para lá se voltavam as atenções de todos os religiosos judai
cos, independentemente da seita a que pertenciam. Mas Jerusalém
era, também, o centro do mau exemplo na prática da religião. As
famílias sacerdotais e os dirigentes rabinos tinham em suas mãos o
poder religioso, “dirigiam o movimento comercial relacionado com
o templo e tinham sociedade nos lucros provenientes da venda de
animais para os sacrifícios e do câmbio de dinheiro envolvido nos
tributos do templo”.47 Para esses dirigentes religiosos, a religião
era um negócio, uma fonte de lucro.
OS SERVOS DO SENHOR
Apesar da degradação espiritual do judaísmo, existiam os
verdadeiros adoradores em todos os segmentos religiosos. Deus
se serviu do sacerdote Zacarias e sua esposa Isabel, que “eram
justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos
os preceitos e mandamentos do Senhor ” (Lc 1.6), para gerar e
educar João Batista, o precursor do Messias. Esse “crescia e se
fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que
havia de manifestar-se a IsraeF (Lc 1.80). Maria, a jovem es
colhida para ser a mãe do Salvador, era outro exemplo de que
Deus sempre tem os seus verdadeiros adoradores. Ao receber a
notícia de que ficaria grávida e daria à luz um filho, ela respondeu:
"Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim confor
me a tua palavra” (Lc 1.38).
Jesus nasceu em Belém, para onde Maria e José haviam se
dirigido para recensear-se. Quando a criança foi apresentada no
templo, em Jerusalém, conforme o costume da época, lá estava
Simeão, “homem este justo e piedoso que esperava a consola-
1 Merrill C. Tenney, obra citada, p. 77.
ção de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele” (Lc 2.25). Lá
estava também a profetisa Ana, “avançada em dias, que vivera
com seu marido sete anos desde que se casara, e que era viúva
de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas ado
rava noite e dia em jejuns e orações'''’ (Lc 2.36,37).
74
tou; convocados pelas autoridades, estas lhes deram ordens de
parar com a pregação a respeito de Jesus. Os cristãos, porém,
recusaram-se a obedecer; continuaram pregando, muito embora
as autoridades religiosas judaicas os espancassem e os lançassem
na prisão diversas vezes.”451
Inicialmente a igreja funcionava como uma seita judaica. Mas
aos poucos ela foi se diferenciando do judaísmo e adquirindo iden
tidade própria.
“A segunda fase do crescimento da igreja começou com uma
violenta perseguição dos cristãos em Jerusalém. Quase todos os
crentes fugiram da cidade. Por onde quer que fossem, os cristãos
davam testemunho, e o Espírito Santo usava esse testemunho a fim
de conquistar outras pessoas para Cristo.”50
Por volta do ano 42, o evangelho chegou a Antioquia, capital
da Síria. Lá nasceu uma igreja forte e operosa. E foi de lá que
partiu o apóstolo Paulo e seus companheiros, levando o evangelho
para vários países. O livro dos Atos dos Apóstolos conta a história
de três viagens missionárias, e termina com o apóstolo Paulo em
Roma, preso, porém com certa regalia, pregando o evangelho.
O último livro da Bíblia a ser escrito foi o Apocalipse, por
volta do ano 96. Naquela época, os cristãos estavam sendo mas
sacrados pelos romanos, mas o livro traz promessas de vitória dos
servos de Jesus sobre todos os seus inimigos. Isso de fato aconte
ceu. E um pouco mais de duzentos anos depois, o cristianismo
estava espalhado em todos os cantos e em todos os segmentos do
Império Romano. E o Imperador Constantino, em sua luta para
unificar o Império, resolveu dar proteção ao Cristianismo.
CONCLUSÃO
O Novo Testamento - do nascimento de João Batista ao
Apocalipse - abrange um período de, aproximadamente, cem anos.
Historicamente é um período curto, porém decisivo para a huma
19J. I. Packer e outros, obra citada, p. 22.
411.T. I. Packer e outros, obra citada, - p. 23.
nidade. Foi nessa época que Deus cumpriu a promessa feita ainda
no Éden, e o descendente da mulher esmagou a cabeça da serpente.
Nesse curto período, a mensagem de salvação, pregada por
homens indoutos - com exceção de Paulo venceu o fanatismo
judaico, a pretensa sabedoria dos gregos e o orgulho dos roma
nos, e conquistou multidões para o reino dos céus.
Quando o Senhor age, “quem o impedirá?” (Is 43.13).
PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO
DATA EVENTOS HISTÓRICOS
333 a.C. Alexandre, o Grande, inicia sua escalada de conquista de
vários países.
323 a.C. Morte de Alexandre, o Grande. Seu reino foi dividido entre
seus quatro generais: Sóter, Filadelfo, Evérgetese Filópater.
Sóter, conhecido na história como Ptoiomeu I, apodera-se
do Egito, assumindo o titulo de rei daquele país
320 a.C. Ptoiomeu I anexa a Judéia ao Egito.
198 a.C. Antíoco III conquista a Judéia, que passa a ser dominada
pela Síria.
167 a.C. Antíoco IV, Epifânio, profana o templo de Jerusalém.
Revolta dos judeus, sob o comando do sumo sacerdote
Matatias.
166 a.C. Judas Macabeu assume a liderança da revolta dos judeus.
161 a.C. Morre Judas Macabeu e Jônatas Macabeu assume seu
lugar.
144 a.C. Jônatas é assassinado e Simão Macabeu assume seu
lugar.
129 a.C. Independência da Judéia.
63 a.C. Os romanos conquistam a Judéia.
37 a.C. Herodes, o Grande, nomeado pelos romanos governador
da Judéia.
4 a.C. Morre Herodes, o Grande. Jesus havia nascido pouco
tempo antes.
PERÍODO DO NOVO TESTAMENTO
DATA EVENTOS REF. BÍBLICA
6/4 a.C. Nascimento de João Batista Lucas 2.57-66
Nascimento de Jesus Mateus 1.18-25;
Lucas 2.1-20
4 a.C. Morte de Herodes, o Grande. Seu Mateus 2.19,20
reino foi dividido entre seus três filhos:
Arquelau (Judéia, Samaria e Iduméia),
Herodes Antipas (Galiléia e Peréia) e
Herodes Filipe (Ituréia e Traconites).
6 Arquelau foi deposto pelos romanos.
A Judéia passou a ser governada por
procuradores nomeados pelo
Imperador Romano.
6/8 Jesus completa doze anos, vai a Jerusa Lucas 2.41-52
lém e fica no templo, entre os doutores.
26 Pôncio Pilatos, procurador romano,
nomeado governador da Judéia. Início Lucas 3.1-14
do ministério de João Batista.
27 Batismo de Jesus. Mateus 3.13-17
Início do ministério de Jesus. Mateus 4.12-17
28 Prisão e morte de João Batista, por Mateus 14.1-12
ordem de Herodes Antipas.
30 2 de abril - Entrada triunfal de Jesus Mateus 21.1-11
em Jerusalém (domingo).
6 de abril - Celebração da Páscoa e Mateus 26.17-30
Instituição da Santa Ceia (quinta-feira).
7 de abril - Crucificação de Jesus
(sexta-feira).
9 de abril - Ressurreição de Jesus Mateus 28.1-10
(domingo).
8 de maio - Ascensão de Jesus Atos 1.6-11
(40 dias após a ressurreição)
19 de maio - Pentecostes
(50 dias após a Páscoa). Atos 2.1-41
36 Morte de Estêvão. Perseguição e Atos 6.8-7.60
dispersão dos cristãos de Jerusalém. Atos 8.1-3
Conversão de Saulo. Atos 9.1-19
37-40 Saulo na Arábia (três anos). Gálatas 1.17,18
40 Saulo visita Jerusalém. A seguir Gálatas 1.21
vai para a Síria e Cilicia.
41 Conversão de Comélio. Atos 10.1-48
42 0 evangelho chega a Antioquia. Atos 11.19-26
44 Morte do apóstolo Tiago, filho de Atos 12.1,2
Zebedeu. Prisão e libertação Atos 12.3-19
miraculosa de Pedro.
46 Barnabé leva Saulo para Antioquia. Atos 11.25,26
47 Barnabé e Saulo levam a Jerusalém Atos 11.29,30
a oferta da Igreja de Antioquia. Na
volta, Marcos os acompanha para
Antioquia.
48-49 Barnabé e Saulo, enviados pela Igreja Atos 13-14.26
de Antioquia, fazem a primeira viagem
missionária. Pregam em Chipre
(Salaminas e Pafos), Perge, Antioquia
da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe.
Depois voltam "fortalecendo as almas
dos discípulos... e promovendo em
cada igreja a eleição de presbíteros",
Saulo adota o nome de Paulo.
Escrita a Primeira Epístola de Tiago Tiago 1.1;
(entre os anos 45 e 50), por Tiago, irmão Mateus 13.55
de Jesus. Paulo escreve a Epístola Atos 14.27,28;
aos Gaiatas, em Antioquia, logo após Gálatas 1.1
voltar desta viagem missionária.
50 Reúne-se, em Jerusalém, o primeiro Atos 15.1-35
presbitério, para tratar da controvérsia
sobre a circuncisão dos gentios.
Marcos escreve o Evangelho Segundo
Marcos.
51-53 Segunda viagem missionária. Paulo e Atos 15.36-18.23
Barnabé se separam, por causa de
Marcos. Paulo escolhe Silas para ser
seu companheiro. Timóteo viaja com
Paulo, a partir de Listra, sua terra natal.
Paulo chega a Filipos, primeira cidade
européia a ser atingida pelo evangelho.
Passa por Tessalônica e Beréia. Prega
em Atenas. Em Corinto, Paulo escreve 1 Atos 18.1-11
e 2 Tessalonicenses, no ano 52.
Viaja para Éfeso, levando Áquila e Priscila.
0 casal fica em Éfeso e Paulo se dirige
para Jerusalém e, de lá, volta a Antioquia.
54-57 Terceira viagem missionária. Paulo e Atos 18.24-21.26
seus companheiros passam pela região
da Galácia e da Frigia, confirmando as
igrejas. Chegam a Éfeso, onde
permanecem mais de dois anos.
Em Éfeso, Paulo escreve 1 e 2 Atos 19.1-20
Coríntios (entre os anos 54 e 57).
Paulo sai de Éfeso, passa pela
Macedônia fortalecendo as igrejas.
Em Corinto, Paulo escreve a Epístola Atos 20.1
aos Romanos, no ano 56.
Chega à Grécia, onde permanece três
meses. Começa a viagem de volta,
passando pela Macedônia, Mileto, Rodes,
Pátara, Ptolemaida, Cesaréia e chega a
Jerusalém.
58 Paulo é preso em Jerusalém. A seguir Atos 21.27-26.32
é levado para Cesaréia, onde fica dois
anos preso.
60 Paulo é enviado para Roma. Lucas Atos 27.1-28.15
escreve o Evangelho Segundo Lucas. Lucas 1.1-4
61 Paulo chega a Roma, onde permanece Átos 28.16-31
dois anos na sua própria casa.
Escreve as Epístolas a Filemom, aos
Colossenses, aos Efésios e aos Filipenses
63 Segundo a tradição e notas de alguns
escritores antigos, Paulo foi libertado da.
prisão em Roma e “pregou o evangelho
até às extremidades do Ocidente”. Mas
alguns estudiosos do Novo Testamento
julgam que Paulo perdeu o direito de
prisão domiciliar e foi colocado na
Prisão Mamertina, onde foi executado.
Nesta cronologia vamos partir do
pressuposto de que Paulo foi libertado
da prisão. Lucas escreve o livro dos
Atos dos Apóstolos.
64 Escrita a Primeira Epístola de Pedro. h Pedro 1.1
66 Escrita a Segunda Epístola de Pedro. 2 Pedro 1.1
67 Paulo, na Macedônia, escreve 1 Timóteo 1.1,2
1 Timóteo. Paulo, em Nicópolis, Tito 1.1-4
escreve a Epístola a Tito. Paulo é
preso na Macedônia e mandado para
Roma. Paulo, na prisão em Roma, 2 Timóteo 1.1,2
escreve a Segunda Epístola a Timóteo.
Paulo é julgado, condenado e
executado em Roma. Escrita a Epístola
aos Hebreus. Escrita a Epístola de Judas 1;
Judas, por Judas, irmão de Jesus. Mateus 13.55
70 Destruição de Jerusalém. Os judeus
são dispersos pelo mundo.
75 Escrito o Evangelho Segundo Mateus.
85/90 Escrita a Primeira Epístola de João.
90/100 João escreve o Evangelho Segundo João.
96 Escrito o Apocalipse, pelo apóstolo João. Apocalipse 1.1-3
Escrita a Segunda Epístola de João 2 João 1
97 Escrita a Terceira Epístola de João. 3 João 1
8
0 VERBO SE
FEZ C6RNE
“No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. To
das as coisas fo ram fe ita s p o r in
termédio dele, e, sem ele, nada do que
foi feito se fez. A vida estava nele e a
vida era a luz dos homens.
E o Verbo se fe z carne e habitou entre
nós, cheio de graça e de verdade, e vi
mos a sua glória, glória com o do
unigénito do Pai. ”
João 1.1-4,14
CONCLUSÃO
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus" (Fp 2.5). Ser cristão não é apenas receber Jesus
como Salvador; é também recebê-lo como Senhor. Isto significa
fazer o que ele nos manda (Jo 15.14). O cristão deve seguir o
Mestre no sentido de tomar-se pobre para enriquecer seu próxi
mo; e buscar, de todas as formas lícitas e possíveis, promover o
bem dos outros.
Ser cristão é viver de tal maneira que os homens “vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”
(Mt 5.16).
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO E APLICAÇÃO
1. Quais eram as três etapas do casamento entre os judeus?
2. Quando Maria ficou grávida qual era a sua situação conjugal?
3. Por que o Salvador devia ser verdadeiro Deus e verdadeiro
homem?
4. Quantos e quais são os estágios da humilhação de Cristo?
5. Qual desses estágios lhe parece o mais humilhante? Por quê?
6. O que significa a declaração de que Jesus desceu ao hades'1
7. Quantos e quais são os estágios da exaltação de Cristo?
8. Qual desses estágios lhe parece o mais glorioso? Por quê?
9. A ressurreição de Jesus foi diferente das outras ressurreições
registradas na Bíblia Sagrada? Explique sua resposta.
10.O que significa para você a recomendação do apóstolo Paulo:
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus? (Fp 2.5)?
9
PROFETA,
SfiCERDOTE E REI
“É Cristo Jesus quem morreu ou, antes,
quem ressuscitou, o qual está à direita de
Deus e também intercede por nós. ”
Romanos 8.34
91
Os ofícios de Cristo não podem ser contundidos com cargos.
Cargo é uma função exercida por uma pessoa, por delegação ou
por imposição. “Ofício é, antes de tudo, uma dignidade, um minis
tério, uma missão, todos em grau acima do comum. E um mandato
com confiança e autoridade. 0 seu desempenho é um serviço e
não uma obrigação tabelada. ...O ofício é contínuo, éum estado.”62
O OFÍCIO DE PROFETA
“Cristo exerce o ofício.de profeta, revelando-nos, pela sua
Palavra e pelo seu Espírito, a vontade de Deus para a nossa
salvação.”63
O profeta é alguém que traz uma mensagem da parte de Deus
para os homens. Esse conceito está bem claro no livro do Êxodo.
Deus chama Moisés e ordena que ele tire os israelitas do Egito.
Moisés, porém, responde: “Ah! Senhor! Eu nunca fu i eloqüente,
nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou p e
sado de boca e pesado de língua” (Êx 4.10). Então, Deus lhe
respondeu: “Não éArão, o levita, teu irmão? Eu sei que elefa la
fluentemente; e eis que ele sai ao teu encontro e, vendo-te, se
alegrará em seu coração. Tu, pois, lhe falarás e lhe porás na
boca as palavras; eu serei com a tua boca e com a dele e vos
ensinarei o que deveis fazer. Ele falará por ti ao povo; ele te
será por boca, e tu lhe serás por Deus” (Êx 4.14-16). “Vê que te
constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu
profeta. Tu falarás tudo o que eu te ordenar; e Arão, teu ir
mão, falará a Faraó, para que deixe ir da sua terra os filhos de
IsraeF (Êx 7.1). Arão seria a boca de Moisés, isto é, através dele
Moisés falaria a Faraó e aos israelitas. Assim também é o profeta:
ele é a boca de Deus, sua função é falar aos homens o que Deus
mandar. No Antigo Testamento “era dever dos profetas revelar a
vontade Deus ao povo. Isto podia ser feito na forma de instrução,
93
0 exercício do oficio profético de Jesus não se limita ao pe
ríodo de sua vida terrena. Ele agiu como profeta na antiga
dispensação, nas revelações especiais do Anjo do Senhor e na
iluminação dos profetas do Antigo Testamento, pois sobre eles
estava o Espírito de Cristo (IPe 1.11). “Enquanto estava na terra,
ele exerceu este ofício em seus ensinos e por meio de sinais que os
seguiam. E sua obra profética não cessou quando ascendeu ao
céu. Continuou-a pela operação do Espírito Santo através dos en
sinos dos apóstolos; e ainda a continua pelo ministério da Palavra e
na iluminação espiritual dos crentes. Mesmo assentado à mão di
reita do Pai está sempre ativo como nosso grande profeta.”65
O OFÍCIO DE SACERDOTE
“Cristo exerce o ofício de sacerdote, oferecendo-se a si mes
mo, uma só vez, em sacrifício, para satisfazer a justiça divina, para
reconciliar-nos com Deus e para fazer contínua intercessão por nós.”66
No Antigo Testamento, Deus instituiu o sacerdócio, como
um meio para que o pecador se aproximasse dele, A função do
sacerdote era oferecer sacrifícios e fazer intercessão pelo pecador.
“Aquele que ia ao templo adorar, se estava cônscio de que era
pecador, tinha de levar um animal vivo para ser sacrificado pelo
sacerdote. Deus requeria da parte do homem uma obediência per
feita, mas falhando nisso, o mesmo Deus fazia provisão de um meio
pelo qual o pecador se aproximasse dele: era o sacrifício. O ho
mem devia levar um animal limpo, sem defeito, que nada tinha a ver
com o seu pecado, e entregava-o para ser morto. A vida e o san
gue do animal inocente tomavam o lugar do pecado do adorador.
O animal a ser sacrificado costumava ser um cordeiro, mas, algu
mas vezes, também se oferecia um novilho, um bode ou uma pom
ba. Levava-se o animal vivo até ao altar, que era o lugar de ado
ração. A pessoa impunha a mão sobre a cabeça dele e confessava
95
“vivendo sempre para interceder” pelos salvos (Hb 7.23-25). E
o apóstolo João recomendou: “Filhinhos meus, estas coisas vos
escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, te
mos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos
próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (lJo 2.1,2).
“Agora, pois, não há mais sacerdotes, nem sacrifícios
expiatórios, na Igreja de Jesus Cristo!”68 Cada crente é o seu pró
prio sacerdote. Cada crente pode dirigir-se diretamente a Deus,
sem intermediários, em nome de Jesus.
O OFÍCIO DE REI
“Cristo exerce o ofício de rei, sujeitando-nos a si mesmo,
governando-nos e protegendo-nos, reprimindo e subjugando to
dos os seus e os nossos inimigos.”69 Como Filho de Deus e segun
da Pessoa da Santíssima Trindade, Jesus tem poder e domínio so
bre todo o universo. Mas o seu ofício de rei não é apenas o exer
cício desse domínio. É a sua realeza original “revestida de nova
forma, com uma nova aparência, administrada para um novo fim”.
Isto pode ser dito também com estas palavras: “Podemos definir a
realeza de Cristo como o seu poder oficial de governar todas as
coisas do céu e da terra, para a glória de Deus e para a execução
do seu propósito de salvação.”70
Os teólogos, quando tratam do oficio real de Cristo, falam
em dois reinos: reino da graça e reino de poder (em latim: regnum
gratiae e regnum potentiae). O reino da graça é o governo de
Cristo sobre seu povo. E o reino de poder é o domínio de Jesus
Cristo sobre o universo.
O governo de Cristo sobre o seu povo é um reinado espiritu
al. É espiritual por três razões principais:
CONCLUSÃO
O que significam para o crente os três ofícios de Cristo?
Significam que Jesus, como profeta, nos deu uma revelação
completa sobre Deus e sobre sua vontade para nossas vidas. “Nin
guém jam ais viu a Deus; o Deus unigénito, que está no seio do
Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18).
Como sacerdote, Jesus ofereceu-se a si mesmo como sacri
fício para a nossa salvação; e o seu sangue “nospurifica de todo
pecado” (1 Jo 1.7). Estamos livres de condenação, porque Jesus
morreu, ressuscitou e está à direita de Deus intercedendo por nós
(Rm 8.33,34).
Como rei, Jesus nos chamou, através da Palavra e do Espíri
to Santo, nos reuniu no seu corpo - que é a igreja -, nos dirige, nos
protege e nos aperfeiçoa. Jesus tem todo o poder etoda autorida
de no céu e na terra. Por isso, não precisamos temer bruxaria,
feitiçaria, macumbaria, maldições - hereditárias ou não -, possessão
demoníaca ou coisas parecidas. Só temos de temer uma coisa:
afastarmo-nos de Jesus.
“Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de trope
ços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante
da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus
71Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 411.
98
Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania,
antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém”
(Jd 24,25).
102
O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE JESUS
O Espírito Santo agiu e sempre agirá em função do pacto da
redenção. Ele preparou o caminho para a vinda do Salvador, este
ve com ele em sua vida, morte e ressurreição. Ele está conosco
como selo e “penhor da nossa herança” (Ef 1.14).
Jesus declarou: “O Filho nada pode fazer de si mesmo” (Jo
5.19). Quando disse isso ele se referia ao seu relacionamento com
o Pai. Mas essas mesmas palavras lançam luz sobre a dependência
que o Filho tinha do Espírito Santo.
Jesus foi gerado no ventre da virgem Maria pelo Espírito San
to. Quando o anjo disse a Maria: “Eis que (tu) conceberás e da
rás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Lc
1.31); ela respondeu: “Como será isto, pois não tenho relação
com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua
sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será
chamado Filho de Deus” (Lc 1.34,35). Jesus, como Segunda
Pessoa da Santíssima Trindade, sempre existiu; mas como ho
mem passou a existir a partir do momento em que foi gerado
pelo Espírito Santo.
João Batista veio como precursor de Jesus, para preparar-
lhe o caminho. Ele foi preparado para isto, sendo cheio do Espírito
Santo desde o ventre materno (Lc 1.15).
Toda a vida terrena de Jesus foi vivida sob a ação do Espírito
Santo. Quando ele foi batizado por João Batista, o Espírito Santo
desceu sobre ele em forma de pomba (Mt 3.13-17). “A seguir, fo i
Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo” (Mt 4.1). E, com a assistência do Espírito Santo, ele ven
ceu o tentador. Quando expulsava demônios, Jesus o fazia pelo
poder do Espírito (Mt 12.28). Seus milagres eram feitos pela un
ção do Espírito (Lc 4.18; At 10.38). Jesus se ofereceu como sa
crifício por nós, sob a assistência do Espírito Santo (Hb 9.14). E,
por fim, o Pai, por intermédio do Espírito Santo, “ressuscitou a
Cristo Jesus dentre os mortos” (Rm 8.11).
O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DOS APÓSTOLOS
A atuação do Espírito Santo sobre os apóstolos, antes do
dia de Pentecostes, é bem semelhante à atuação do Espírito no
Antigo Testamento.
Quando Jesus prometeu aos discípulos o Consolador, disse-
lhes: eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a
fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verda
de, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o
conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós” (Jo 14.16,17). Embora o Espírito Santo habitasse com
os apóstolos, ele ainda não estava para sempre com eles. Como
no Antigo Testamento, a presença do Espírito ainda não era uma
dádiva permanente.
Embora o Espírito Santo já habitasse com os apóstolos, logo
após a ressurreição Jesus “soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei
o Espírito Santo” (Jo 20.22). Mas essa ainda não era a posse
definitiva do Espírito. Jesus havia acabado de comissioná-los para
pregar o evangelho e exercer autoridade espiritual. E, a seguir, deu-
lhes o Espírito Santo como equipamento para realizarem a tarefa
que haviam recebido.
O Espírito Santo só habitaria permanentemente nos apósto
los após a glorificação de Jesus (Jo 7.39). Ele precisaria ir para o
Pai para que o Espírito viesse. Ele disse aos discípulos: “Convém-
vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá
para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (Jo 16.7).
CONCLUSÃO
O Espírito Santo veio para aplicar em nós a obra perfeita e
completa que Cristo fez por nós. Ele “prepara o caminho para o
evangelho, acompanha-o com seu poder persuasivo e recomenda
a sua mensagem à razão e à consciência dos homens, de ma
neira que os que rejeitam a oferta misericordiosa ficam não so
mente sem desculpa, mas também culpados de terem resistido
ao Espírito Santo”.74
O Espírito Santo é Deus. Mas, no processo da redenção, ele
não chama a atenção para a sua Pessoa, nem para a sua obra. Ele
atua em função da obra feita por Jesus Cristo. Por isso, J. I. Packer,
um dos maiores teólogos deste século, nos faz a seguinte advertên
cia: “Perguntamos: Você conhece o Espírito Santo? Não devíamos
estar perguntando isso. Pelo contrário, deveríamos perguntar: Você
conhece a Jesus Cristo? Você conhece o suficiente em relação a
ele? Você o conhece bem? Estas são as interrogações que o pró
prio Espírito deseja que façamos. Pois ele é auto-obliterador. O
seu ministério é um ministério de holofote em relação a Jesus, uma
questão de focalizar a glória de Jesus diante dos nossos olhos espi
rituais e de estabelecer a ligação entre nós e ele. Ele não chama
)07
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO EAPLICAÇÃO
1. Por que a obra de Jesus por nós, embora completa, não alcança
o seu objetivo de salvação sem a obra do Espírito Santo em nós!
2. Cite alguns exemplos da atuação do Espírito Santo no Antigo
Testamento.
3. Cite alguns exemplos da atuação do Espírito Santo sobre a vida
terrena de Jesus.
4. Antes de sua morte na cruz, Jesus disse aos discípulos: O Espí
rito Santo “habita convosco” (Jo 14.16,17). Após a ressurrei
ção, Jesus “soprou sobre eles, e disse-lhe: Recebei o Espírito
Santo” (Jo 20.22). E, finalmente, “ao cumprir-se o dia de Pente
costes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio
do céu um som como de um vento impetuoso, e encheu toda a
casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas en
tre eles, línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um
deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2.1-4). Como
você explica essas aparentes contradições?
5. No Pentecostes os apóstolos receberam o dom de falar línguas
que não conheciam, e assim cada pessoa ouvia a pregação do
evangelho em sua própria língua materna. “Estavam, pois, atô
nitos, e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura,
galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos
falar, cada um em nossa própria língua materna... as grandezas
de Deus? (At 2.7,8,12). Isto é símbolo de quê?
6. Por que os que “rejeitam a oferta misericordiosa (de salvação),
ficam não somente sem desculpa, mas também culpados de
terem resistido ao Espírito Santo”?
7. Qual é a diferença fundamental entre o ministério do Espírito
Santo antes e depois do Pentecostes?
8. Por que o ministério do Espírito Santo “é um ministério de holo
fote em relação a Jesus”?
9. O que mais agrada ao Espírito Santo: que nós o louvemos ou que
louvemos a Jesus?
10. Você tem medo do Espírito Santo? Por quê?
11
A OBRA DO
ESPÍRITO SANTO
“(O Espírito Santo) convencerá o mundo
do pecado, da justiça e do juízo. ”
João 16.8
VOCAÇÃO EFICAZ
O Espírito Santo usa a Bíblia Sagrada, a palavra de Deus,
para chamar o pecador para receber a salvação. Tiago escreveu
que o Pai, “segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da
verdade, para que fôssemos como que primícias das suas cria
turas” (Tg 1.18). A palavra da verdade é, sem dúvida, a palavra
de Deus. E em 1 Pedro 1.23,25 está escrito: “poisfostes regene
rados não de semente corruptível, mas de incorruptível, me
diante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. ... Ora,
esta é a palavra que vosfoi evangelizada” , Somos feitos novas
criaturas mediante a palavra de Deus, a palavra que nos fo i
evangelizada. A palavra de Deus pode chegar ao pecador por
diferentes meios: através da pregação, da leitura da Bíblia Sagra
da, de um livro ou até de um folheto, de um hino ou outros meios.
Qualquer que seja o meio usado pelo Espírito Santo para
aplicar em nós a obra redentora de Jesus Cristo, a palavra de Deus
é o instrumento que ele usa para nos chamar para a salvação. “E,
assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de
Cristo” (Rm 10.17). Mas a simples pregação do evangelho, sem a
atuação do Espírito, é insuficiente para levar o pecador a Jesus
Cristo. A Bíblia traz vários registros de pregação seguida de rejei
ção. Paulo fez uma veemente pregação em Antioquia, mas muitos
rejeitaram a palavra de Deus (At 13 .16-46). E isto repetiu-se em
vários lugares.
A palavra de Deus só se torna eficaz para a nossa salvação
quando o Espírito Santo atua através dela. Foi o que aconteceu
com Lídia. Paulo pregava; ela e outras mulheres ouviam; e Deus,
através do Espírito Santo, abriu o coração dela “para atender às
coisas que Paulo dizia” (At 16.14). Os teólogos chamam isto de
vocação eficaz, que é a atração irresistível que Deus, por meio
da palavra e do Espírito Santo, exerce sobre o pecador, le
vando-o a aceitar a Cristo como seu único Salvador.
REGENERAÇÃO
Deus vocaciona eficazmente o pecador para a salvação e o
regenera. A regeneração consiste na implantação do princípio da
nova vida espiritual na pessoa que está sendo chamada, pela pala
vra, para a salvação. Podemos definir regeneração como a ação
do Espírito Santo, na mente e no coração do pecador, dando-
lhe uma disposição santa de servir a Deus em espírito e em
verdade. Esta definição é compartilhada por grandes teólogos e
confirmada pela Bíblia Sagrada. Strong ensina que a “regeneração
é aquele ato de Deus pelo qual a disposição dominante da alma é
tornada santa e o primeiro exercício santo da disposição é assegu
rado” .76 Gordon definiu regeneração como “um ato drástico,
76Augustus Hopkins Strong, Systematic Theology, p. 809.
110
operado sobre a natureza humana caída, por parte do Espírito Santo,
que produz uma alteração na atitude inteira do indivíduo” .77 E
Berkhof ensina que “regeneração é o ato de Deus pelo qual o princí
pio da nova vida é implantado no homem, e a disposição domi
nante da alma é tornada santa e o primeiro exercício santo desta
nova disposição é assegurado” .78 Esse primeiro exercício de que
falam Strong e Berkhof é o novo nascimento. Este novo nascimen
to - o nascer do Espírito (Jo 3.5,6), o nascimento espiritual - en
troniza Jesus Cristo na alma do pecador e o leva a se mover em
direção a Deus.
O diálogo de Jesus com Nicodemos mostra claramente o
que é a regeneração. Nicodemos, um dos principais dos judeus,
disse a Jesus: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de
Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se
Deus não estiver com ele. A isto, respondeu Jesus: Em ver
dade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo,
não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como
pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, vol
tar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Je
sus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da
água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é
nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito, é
espírito” (Jo 3.2-6). Nascer da água ou nascer da carne eram
expressões usadas pelosjudeus para falar do nascimento físico. E
Jesus afirma que para entrar no reino de Deus é preciso nascer
mais uma vez: nascer do Espírito. O processo de nossa vida ini
ciou-se no momento de nossa concepção. Assim também o pro
cesso da aplicação da obra de Cristo em nós se inicia com a nossa
concepção espiritual, isto é, no momento em que o Espírito Santo
implanta em nós a semente da nova vida. E a regeneração, isto é,
somos gerados de novo pelo Espírito Santo.
CONVERSÃO: ARREPENDIMENTO E FÉ
Este toque regenerador do Espírito Santo leva o pecador à
conversão. “Esta conversão é apenas a expressão externa da obra
da regeneração, ou a mudança que a acompanha, efetuada na vida
consciente do pecador. Esta conversão tem dois aspectos, um ati
vo, o outro passivo. No primeiro, a conversão é contemplada como
a mudança efetuada por Deus, na qual ele muda o curso conscien
te da vida do homem. E no último, é considerada como o resultado
desta ação divina. ... (E) aquele ato de Deus pelo qual ele faz o
regenerado, na sua vida consciente, voltar para ele com fé e
arrependimento.” 79 Conversão, portanto, é o resultado da ação
do Espírito Santo que leva o pecador a arrepender-se de seus
pecados e a crer em Cristo como Salvador e Senhor.
Não podemos confundir arrependimento com remorso. O
remorso não é tanto um lamento pelo que fizemos, mas o medo
das conseqüências do que fizemos. Já o arrependimento é um sen
timento de tristeza e pesar pelo erro cometido, acompanhado da
disposição de mudar de vida. Os rabinos judeus diziam que o ver
dadeiro penitente (arrependido) é aquele que se voltar a ter a opor
tunidade de cometer o mesmo pecado, nas mesmas circunstânci
as, não o fará. Mas o ponto fundamental no arrependimento dos
pecados é a volta para Deus. Judas Iscariotes reconheceu o seu
pecado, pois ele mesmo declarou: “Pequei, traindo sangue ino
cente”. Sentiu tristeza pelo pecado cometido. E, quando ele atirou
para o santuário as moedas de prata que recebera para trair o
Mestre, estava abominando o erro cometido; mas não voltou para
Deus. Foi suicidar-se (Mt 27.3-5). Pedro, por sua vez, arrepen
deu-se, voltando para Jesus.
/9Louis Berkhof, M anual de Doutrina Cristã, p. 220.
112
As constantes exortações que a Bíblia faz aos homens para
que se arrependam e creiam em Jesus Cristo podem dar a idéia de
que o homem é capaz de arrepender-se e crer por si mesmo. A
verdade, todavia, é que o verdadeiro arrependimento e a fé sal
vadora são dádivas de Deus. Os crentes de Jerusalém, ao ouvirem
a explanação que Pedro fez sobre a conversão de Cornélio e de
seus familiares, glorificaram a Deus, dizendo: “Logo, também aos
gentios fo i por Deus concedido o arrependimento para a vida”
(At 11.18). Eles reconheciam que o verdadeiro arrependimento é
concedido por Deus, mediante a atuação do Espírito Santo. Por
meio do profeta Jeremias, Deus disse a seu povo: “Pode, acaso, o
etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? En
tão, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o maF
(Jr 13.23). O homem, morto em transgressões e pecados - ou em
conseqüência do pecado - é incapaz de arrepender-se; ele só se
arrepende quando é tocado pelo Espírito Santo.
Mediante o arrependimento, o pecador se desvincula da
antiga vida de pecado; e através da fé ele se vincula à nova vida
em Cristo.
A fé que leva à salvação pode ser definida como “uma confi
ante entrega a Cristo para a salvação”.80 Calvino afirmou que “po
demos ter uma definição perfeita da fé, se afirmamos que é um
conhecimento firme e certo da vontade de Deus a nosso respeito,
fundado na verdade da promessa gratuita feita em Jesus Cristo,
revelada ao nosso entendimento e selada em nosso coração pelo
Espírito Santo”. Berkhof define a fé salvadora como “uma firme
convicção, efetuada no coração pelo Espírito Santo, quanto à ver
dade do evangelho, e uma confiança sincera e entusiástica nas pro
messas de Deus em Cristo” .81 O apóstolo Paulo deu testemunho
de sua fé, afirmando: “Sei em quem tenho crido e estou certo de
que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele
Dia” (2Tm 1.12).
80José Martins, O Homem e a Salvação, p. 100.
113
À semelhança do verdadeiro arrependimento, a fé salvadora
também procede de Deus, através da atuação do Espírito Santo.
O apóstolo Paulo escreveu: “ Porque pela graça sois salvos, me
diante a fé ; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (E f 2.8). A
fé é dom de Deus!
Devemos ter cuidado para não debitarmos a Deus a culpa
por pessoas não receberem Jesus como Salvador e Senhor. Quando
o homem manifesta a fé salvadora é porque o Espírito Santo ope
rou em seu coração. Mas quando ele ouve o evangelho e não o
aceita, age consciente e deliberadamente. Não aceita por sua livre
e espontânea vontade. A este respeito, Jesus declarou: “... a luz
veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a
luz; porque as suas obras eram más” (Jo 3.19).
SANTIFICAÇÃO
O propósito de Deus em nos salvar não é apenas nos levar
para o céu após a nossa morte. Ele pretende também estabelecer
conosco um relacionamento vital e produzir em nós um caráter que
esteja de acordo com este relacionamento. Por isso, o mesmo Es
pírito que nos chamou eficazmente para a salvação, nos regenerou,
nos concedeu o arrependimento para a vida e a fé salvadora, tam
bém nos santifica.
Algumas pessoas pensam que santidade é um conjunto de
qualidades morais do indivíduo, com o qual ele satisfaz a Deus.
Outros pensam que a santificação consiste num prolongamento da
nova vida, implantada na alma pela regeneração. Isso, entretanto,
não corresponde à verdade. A santificação é, essencialmente, obra
de Deus, através do Espírito Santo. Strong define santificação como
“aquela operação contínua do Espírito Santo, pela qual a disposi
ção santa implantada na regeneração é mantida e fortalecida” .82 E
Berkhof a define como “a graciosa e contínua operação do Espíri-
CONCLUSÃO
Jesus declarou que o Espírito Santo convenceria “o mundo
do pecado, dajustiça e do juízo: do pecado, porque não crêem
em mim (Jesus); da justiça, porque vou para o Pai, e não me
vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo j á está
julgado” (Jo 16.8-11). Isto significa, em outras palavras, que o
Espírito Santo convenceria os homens de que eles não estão em
situação correta diante de Deus; colocaria no coração deles o de
sejo de serem corretos diante de Deus e os levaria a se conscienti
zarem da realidade do juízo vindouro. A partir desse convenci
mento, o Espírito Santo os guiaria a toda a verdade (Jo 16.13).
Sem o Espírito Santo não haveria salvação, pois só ele pode
“ Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 536.
115
convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Só ele pode
levar o homem a Jesus Cristo. E Jesus é o único Salvador.
“Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos
a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo san
gue da eterna aliança, vos aperfeiçoe em todo o bem, para
cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável
diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o
sempre. Amém” (Hb 13.20,21).
A JUSTIFICAÇÃO
Quando o pecador recebe Jesus Cristo como Salvador, ele é
justificado diante de Deus, mediante a obra redentora de Cristo.
“A justificação é um ato judicial de Deus, no qual ele declara, com
base na justiça de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei
são satisfeitas com vistas ao pecador.”84 Isto significa que todos os
seus pecados - do passado, do presente e do futuro - são perdo
ados, ele é restaurado como filho de Deus e passa a ter direito à
herança da vida eterna. O apóstolo Paulo ensinou: “Nenhuma con
denação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Esta
justificação, embora operada fora do homem, isto é, no tribunal de
Deus, se faz sentir também no interior do homem. “Justificados,
pois, mediante a fé, temos paz com Deus” (Rm 5.1).
A justificação, contudo, não impede o homem de continuar
pecando. Todo ser humano é pecador. Nasce em pecado, pecou
no passado, peca no presente e continuará pecando até o momen
to de sua morte. O apóstolo João, escrevendo a crentes, afirmou:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos
nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se dissermos
que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua
palavra não está em nós’’' (1 Jo 1.8,10). E o apóstolo Paulo de
clarou: “Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero,
essefa ço ” (Rm 7.19). Por isso Jesus nos ensinou a orar: “perdoa-
nos as nossas dívidas” (Mt 6.12). E o apóstolo João escreveu:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele éfie l ejusto para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9).
Aqui surge uma questão séria: se na justificação todos os nos
sos pecados do passado, do presente e do futuro são perdoados,
se nenhuma condenação há para os que estão Cristo, por que te
mos que pedir perdão pelos pecados que cometemos?
Se nos lembrarmos de que a justificação restaura o nosso
direito de filhos de Deus - direito perdido por causa do pecado-,
fica mais fácil compreender essa situação. A nossa identidade de
filho é permanente e inalterada. O filho não deixa de ser filho pelo
fato de fazer coisas que desagradam ao Pai. Mas ao fazer tais
coisas ele quebra a comunhão com o Pai. Por isso, o pecado pro
duz no crente um sentimento de culpa, de tristeza e de separação
**Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 517.
de Deus. E, quando o crente toma consciência do seu pecado, ele
sente uma compulsão que o impele a confessar o pecado, abandoná-
lo e pedir perdão a Deus. A experiência de Pedro nos dá um exem
plo disso. Ele negou o Senhor Jesus, mas quando tomou cons
ciência de seu pecado “chorou amargamente” (Mt 26.75). Aqui
está a diferença entre o verdadeiro crente e aquele que, embora se
declarando crente, ainda não foi transformado pelo Espírito Santo.
O verdadeiro crente não tem prazer no pecado. O apóstolo João,
na mesma epístola em que declarou que se dissermos que não
temos pecado, a verdade não está em nós, afirmou também que
todo aquele que permanece em Jesus Cristo “não vive pecando;
todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu” { Uo
3.6). Isto significa que o pecado é um acidente na vida do crente; e
que se alguém vive deliberadamente no pecado é porque não é
verdadeiramente crente.
A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
Aquele que recebe Jesus como Salvador e Senhor com toda
a certeza chegará ao céu. Isto não significa que o crente não esteja
sujeito a pecar e a quebrar sua comunhão com Deus. Mas o ver
dadeiro crente jamais cairá completamente; isto significa que sua fé
e seus hábitos cristãos jamais desaparecerão inteiramente. Mas
essa perseverança também é obra do Espírito Santo. Os teólogos
chamam isto de perseverança dos santos, e a definem “como a
contínua operação do Espírito Santo no crente, pela qual a obra da
graça divina, iniciada no coração, tem prosseguimento e se com
pleta”.85 O apóstolo Paulo declarou a mesma coisa, porém com
palavras diferentes: “Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de
Cristo Jesus" (Fp 1.6).
O Rev. José Martins, em seu livro O Homem e a Salva
ção ,86 aponta sete razões bíblicas para a nossa segurança de sal
8íLouis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 550.
“ José Martins, O Homem e a Salvação, p. 137-143.
vação. Duas se relacionam com o Pai, três com o Filho e duas com
o Espírito Santo. Essas razões são as seguintes:
a) O propósito e o poder do Pai garantem a nossa salvação.
Paulo escreveu aos efésios que “fomos também feitos he
rança, predestinados segundo o propósito daquele que fa z to
das as coisas conforme o conselho da sua vontade ” (Ef 1.11). E
João escreveu: “Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os
falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que
aquele que está no mundo” (1 Jo 4.4). O Pai tem o propósito de
nos salvar. Como ele não muda, podemos ter segurança da salva
ção. Satanás tem um propósito diferente. Ele quer nos levar para o
inferno. Mas o poder do Pai garante a nossa salvação. Nós ven
ceremos porque maior é aquele que está em nós do que aquele
que está no mundo.
b) A m o rte, a ressurreição e a intercessão de Cristo ga
rantem a nossa salvação.
O apóstolo Paulo escreveu: “Quem intentará acusação con
tra os eleitos de Deus? E Deus quem os justifica. Quem os
condenará? E Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem res
suscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós” (Rm 8.33,34). Jesus m o rreu em nosso lugar, ressuscitou
como prova de que o Pai aceitou o seu sacrifício, e está constante
mente intercedendo por nós. Ele é o nosso advogado diante do
Pai. Por isso, podemos ter a certeza da salvação.
c) O selo e o p e n h o r do Espírito Santo garantem a nossa
salvação.
O apóstolo Paulo ensinou também que “depois que ouvistes
a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo
nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da pro
messa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da
sua propriedade, em louvor da sua glória” (E f 1.13,14). Na
antigüidade, uma das funções do selo era garantir a propriedade
de um objeto ou de um escravo. O selo era uma marca ou uma
tatuagem. O penhor era um objeto que garantia o pagamento de
uma dívida. O Espírito Santo vem habitar em nós, a partir do mo
mento em que recebemos Jesus como Salvador, assim ele nos sela
como propriedade de Deus e, ao mesmo tempo, é o p e n h o r de
que o Pai cumprirá a promessa de nos salvar.
A CERTEZA DA SALVAÇÃO
Quem se arrepende de seus pecados e crê em Jesus Cristo
como Salvador e Senhor tem a vida eterna. Jesus garantiu: “Em
verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e
crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em
juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). Observe
que Jesus disse “tem a vida eterna”, e não “terá a vida eterna''.
Ele usou o presente, enão o futuro. E o apóstolo João escreveu:
"Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o
Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, a fim
de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes
em o nome do Filho de Deus” (IJo 5.12,13).
A Bíblia Sagrada é muito realista; ela não esconde a fraqueza
e a miséria do homem. Ela diz que somos fracos, frágeis, incapazes
até de entender as coisas de Deus. Mas, apesar de tudo isso, ela
nos garante que em Cristo podemos ter a certeza da salvação.
Jesus afirmou categoricamente: “As minhas ovelhas ouvem a
minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a
vida eterna; jam ais perecerão, e ninguém as arrebatará da
minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo;
e da mão do Pai ninguém pode arrebatar’’’ (Jo 10.27-29).
Podemos ter certeza completa e absoluta do cumprimento
das promessas que Deus nos faz em sua Palavra. “O caráter de
Deus paira acima de toda suspeita. Ele é justo. Ele é santo. E a
palavra de Deus é tão digna de confiança quanto o seu caráter.”87
“Deus não é homem, para que minta; nem filh o de homem,
para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não
o fa r á ? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” (Nm 23.19).
^Clyde M. Narramore, Como Ser Feliz, p. 187.
CONCLUSÃO
A nossa salvação depende da graça divina, e não dos esfor
ços humanos. Se dependesse de nós, não poderíamos ter seguran
ça, pois somos fracos, imperfeitos e instáveis. Mas como depende
só da graça de Deus, a situação é diferente. “Quando o próprio
Deus é o guardião de nossa alma, podemos ficar tranqüilos, na
certeza de que estamos de fato seguros - sem o mínimo resquício
de dúvida.”88
Deus nos chamou para a salvação, através de sua palavra e
do Espírito Santo. Deus nos regenerou, nos converteu, nos justifi
cou, nos santifica e garante a nossa salvação.
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação san
ta, p o v o de propriedade exclusiva de D eus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz” (IPe 2.9).
122
13
SALVAÇÃO:
PARA TODOS Oü
SÓ PARA OS ELEITOS?
“Porquanto aos que de antemão conhe
ceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim
de que ele seja o primogênito entre mui
. • ~ )}
tos irmaos.
Romanos 8.29
123
O DESEJO DE DEUS: QUE TODOS SEJAM SALVOS
O versículo mais conhecido da Bíblia afirma que “Deus amou
ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3.16). Qualquer que seja a interpretação dada a esse versí
culo, é inegável que ele afirma a universalidade do amor de Deus.
O apóstolo Paulo declarou que Deus “deseja que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade” (lTm 2.4). E Pedro escreveu que Deus é longânimo e
não quer “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao
arrependimento” (2Pe3.9).
Jesus, em várias ocasiões, tornou clara a universalidade do
amor de Deus. De braços abertos, ele disse às multidões que o
rodeavam: “ Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobre
carregados, e eu vos aliviareF (Mt 11.28). Ele declarou também:
“Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha pala
vra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra
em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). Ele a
ninguém rejeita: “...o que vem a mim, de modo nenhum o lança
reifo ra ” (Jo 6.37). João declarou que “ele é a propiciação pelos
nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ain
da pelos do mundo inteiro” (lJo 2.2).
A REALIDADE DO HOMEM:
MORTO EM DELITOS E PECADOS
O homem tem sido insensível ao grande e imensurável amor
de Deus. Criado à imagem e semelhança do Criador, o homem
preferiu dar ouvido a Satanás e afastar-se de Deus. Foi expulso do
Éden. E afundou de tal maneira no pecado que “viu o S i:\hor que
a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era
continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn 6.5).
Deus levanta Israel para ser o seu povo. Mas esse povo pas
sa a maior parte de sua história vivendo na incredulidade, na deso
bediência e na idolatria. Através do profeta Isaias, Deus disse:
“ Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o S e n h o r é quem
fala: Criei filh o s e os engrandeci, mas eles estão revoltados
contra mim” (Is 1.2).
Deus enviou os profetas para chamar o povo de volta à co
munhão com ele. Mas, além de não darem ouvido à mensagem
dos profetas, cometeram contra eles as maiores atrocidades. “Al
guns foram torturados, ... outros, por sua vez, passaram pela
prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões.
Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos ao
fio da espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ove
lhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens
dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos,
pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra" (Hb 11.35
3 8). E quando veio Jesus, o Messias prometido, crucificaram-no
entre dois ladrões.
O apóstolo Paulo descreveu a situação espiritual do homem,
afirmando: “Não há justo, nem um sequer, não há quem enten
da, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma
se fizeram inúteis; não há quem fa ç a o bem, não há nem um
sequer. Não há temor de Deus diante de seus olhos" (Rm 3.10
12,18). O homem está morto em seus delitos e pecados, e nada -
absolutamente nada - pode fazer para ser salvo (E f 2.1 -9).
A PREDESTINAÇÃO
O desejo de Deus é que todos os homens sejam salvos, mas
o homem não quer colaborar com o Criador no processo de sal
vação. E, se depender dessa colaboração, ninguém será salvo. Por
isso, Deus, movido pelo seu profundo amor, incluiu no seu plano
imutável a salvação daqueles que lhe aprouve salvar. A Bíblia Sa
grada chama isso de eleição ou predestinação.
A predestinação está presente em todo o Novo Testamento.
Nos evangelhos encontramos várias declarações de Jesus onde
ele fala em eleitos e escolhidos, o que confirma a predestinação.
Ele disse que os falsos profetas procurariam enganar, se possível,
até os eleitos (Mt 24.24). E, falando da grande tribulação, afirmou
que se o Senhor não tivesse “abreviado aqueles dias, e ninguém
se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abre
viou tais dias” (Mc 13.20). Disse também que, na sua segunda
vinda, “enviará os seus anjos, com grande clangor de trombe
ta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de
uma a outra extremidade dos céus” (Mt 24.31).
O apóstolo Paulo, na epístola aos Romanos, perguntou:
“Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?” (Rm
8.33). Aos efésios, ele escreveu que Deus nos escolheu em Cristo,
para a salvação, antes da fundação do mundo, “e em amor nos
predestinou para ele, para a adoção de filhos” (E f 1.3-5). Aos
colossenses, ele recomendou: “Revesti-vos, pois, como eleitos
de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de
bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade” (Cl
3.12). Aos tessalonicenses, ele escreveu: ''Deus vos escolheu desde
o princípio para a salvação” (2Ts 2.13). Na segunda epístola
a Timóteo, ele declarou: “Tudo suporto por causa dos eleitos”
(2Tm2.10).
O apóstolo Pedro também escreveu sobre a predestinação.
Ele inicia a sua primeira epístola se dirigindo “aos eleitos que são
forasteiros da Dispersão..., eleitos, segundo a presciência de
Deus Pai” (IPe 1.1,2).
O último livro do Novo Testamento chama os salvos de elei
tos (Ap 17.14).
Algumas pessoas, apesar de a Bíblia Sagrada ensinar clara
mente a predestinação, tentam levantar objeções contra essa dou
trina. As duas principais objeções dizem respeito à evangelização
e àjustiça de Deus.
Quanto à evangelização, afirmam que, sejá estão escolhidos
os que serão salvos, não é necessário evangelizar. Mas a Bíblia
ensina o contrário. Paulo estava pregando o evangelho em Corinto,
quando alguns judeus passaram a fazer-lhe oposição e a blasfe
mar. A noite teve Paulo “uma visão em que o Senhor lhe disse:
Não temas; pelo contrário, fa la e não te cales; porquanto eu
estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho mui
to povo nesta cidade” (At 18.9). Deus tinha muitos predestinados
naquela cidade, e Paulo devia permanecer ali pregando o evange
lho, pois os predestinados precisavam conhecer o evangelho para
serem salvos. Na epístola a Tito, Paulo se apresenta como “após
tolo de Jesus Cristo, para promover a f é que é dos eleitos de
Deus” (Tt 1.1). Jesus afirmou: “ As minhas ovelhas ouvem a mi
nha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.27). Os pre
destinados para a salvação precisam ouvir o evangelho, a voz do
Bom Pastor, para segui-lo.
Quanto à alegação de que Deus seria injusto se escolhesse
uns e não escolhesse outros, o argumento é até infantil. Quando um
rapaz vai se casar, ele escolhe uma moça e deixa de escolher outra.
Às vezes, deixa até de escolher uma que tem melhores qualidades
e que, além disso, é apaixonada por ele. Ao fazer isso, ele está
cometendo injustiça? De modo nenhum; está apenas usando o seu
direito de escolha. Se a humanidade toda está perdida, e Deus
escolhe alguns para a salvação, onde está a injustiça? Mas, como
queremos tratar desse assunto com os ensinos da palavra de Deus,
vejamos o que a Bíblia diz sobre isso: “Que diremos, pois? H á
injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!... Quem és tu, ó
homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o obje
to perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não
tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer
um vaso para honra e outro para desonra? Que diremos, pois,
se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, pre
parados para a perdição, a fim de que também desse a conhe
cer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que
para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem
também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre
os gentios?" (Rm 9.14,20-24).
A questão séria que está por detrás das objeções à predesti
nação é esta: quem é deus? É Deus ou é o homem? Quando o
homem questiona a Deus, ele quer ser deus. Ele quer dizer ao Cri
ador o que é certo e o que é errado; o que deve ser feito e o que
não deve ser feito. Mas, quando o homem se coloca no seu lugar
de criatura, ele reconhece humildemente que Deus é soberano e,
portanto, pode fazer o que quiser.
CONCLUSÃO
O Rev. James Kennedy, criador do método de evangelização
conhecido como Evangelismo Explosivo, é autor de uma ilustração
magistral sobre a predestinação. Diz ele: “Imaginemos cinco pes
soas que estejam planejando assaltar um banco. Mas eles eram
meus amigos. Eis que descubro o plano e rogo diante deles que
não o levem avante. Imploro-lhes que desistam. Finalmente, eles
me empurram para um lado e dão inicio à execução do plano.
Agarro-me com um deles e luto com ele, rolando pelo chão. Po
rém, os demais prosseguem, assaltam o banco, um guarda é mor
to, e eles são capturados, declarados culpados, sentenciados à
cadeira elétrica e executados. E o único homem do grupo que não
se envolveu no assalto fica livre.”91 Em seguida, ele pergunta se
teve alguma culpa na morte dos quatro amigos. E responde que
não teve, pois insistiu com eles para que não fizessem o assalto. E
pergunta também se o amigo que permaneceu vivo escapou por
que era bonzinho. E responde que o amigo que ficou vivo era tão mau
como os que morreram, e só escapou porque foi salvo por ele.
Sem querer explicar a predestinação, a secreta vontade de
Deus, a ilustração do Rev. Kennedy mostra aquilo que a Bíblia
ensina, isto é, que todos os homens estão perdidos, condenados
ao inferno; que ninguém quer saber de Deus; que Deus quer que
todos sejam salvos e proclama que não leva em conta os tempos
da ignorância, “agora, porém, notifica aos homens que todos,
em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia
em que há de julgar o mundo com justiça’’’ (At 17.30,31); mas
ninguém se arrepende. Logo, Deus não é responsável pela perdi
ção de quem quer que seja. Diante dessa recusa em aceitar o seu
amor, Deus escolheu alguns para a salvação. E, através do Espírito
Santo, Deus leva estes a receber Jesus como Salvador e Senhor.
Eles serão salvos não porque são bons, mas porque foram alcan
çados pela misericórdia de Deus.
O apóstolo Paulo, diante desta maravilha da graça divina,
declarou: “ O profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como
do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos,
91D. James Kennedy, Verdades que Transformam, p.42.
129
e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu
a mente do Senhor? Ou quem fo i o seu conselheiro? Ou quem
primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restitiddo? Porque
dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois,
a glória eternamente. Amém” (Rm 11.33-36).
132
d) A totalidade daqueles que, no mundo inteiro, professam a
Cristo e se organizam para fins de culto, chamada genericamente
de igreja de Deus {ICo 10.32; 11.22; 12.28).
e) A totalidade dos crentes, quer no céu quer na terra, que se
uniram ou ainda se unirão a Cristo como Salvador e Senhor, cha
mada de corpo de Cristo (Ef 1.22; 3.10,21; 5.23-32; Cl 1.18,24).
OS ATRIBUTOS DA IGREJA
A igreja tem os seus atributos, isto é, as suas qualidades que
a distinguem de outras instituições. Os atributos da igreja são: uni
dade, santidade e catolicidade.__________________
93Catecismo M aior de Westminster, resposta à pergunta 62.
134
A u n id ad e da igreja é de caráter interno e espiritual. “Esta
unidade implica que todos os que pertencem à igreja participam da
mesma fé, são solidamente interligados pelo comum laço do amor,
e têm a mesma perspectiva gloriosa do futuro.”94 O apóstolo Pau
lo falou dessa unidade, afirmando . “Há somente um corpo e um
Espírito, como também fostes chamados numa só esperança
da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio
de todos e está em todos” (Ef 4.4-6).
A santidade da igreja significa que todos os seus membros
foram separados para Jesus Cristo. O apóstolo Paulo costumava
dirigir-se aos crentes chamando-os de santos. Evidentemente ele
sabia que os membros da igreja não são perfeitos, mas são santos
no sentido de pertencerem a Jesus Cristo. A santidade completa
só é encontrada na igreja triunfante.
A cato licid ad e da igreja ressalta a sua universalidade. Na
antiga aliança, os servos de Deus pertenciam a um único povo: a
nação israelita. Os gentios só poderiam tornar-se povo Deus atra
vés da adoção da nacionalidade israelita. Na nova aliança, os ser
vos de Deus pertencem a “todas as nações, tribos, povos e lín
guas” (Ap 7.9).
Além desses três atributos, alguns teólogos incluem um quar
to: a apostolicidade. Este atributo tem dois elementos: a igreja é
apostólica porque foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos
(Ef 2.20) e porque tem um compromisso de fidelidade à doutrina
dos apóstolos (G11.8,9; ICo 3.10,11).
AS MARCAS DA IGREJA
A igreja visível se compõe de denominações e comunidades
locais de crentes. Nenhuma denominação ou igreja é perfeita ou
completa. “As igrejas mais puras debaixo do céu estão sujeitas à
mistura e ao erro.”95 Mas a Escritura Sagrada aponta alguns sinais
''’Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 576.
95Confissão de Fé de Westminster, XXV.V.
que nos permitem distinguir uma igreja verdadeira de outra que
não passa de um ajuntamento de pessoas. As principais marcas de
uma igreja verdadeiramente cristã são: a correta pregação da Pa
lavra de Deus, a correta administração dos sacramentos e o fiel
exercício da disciplina eclesiástica.
A pregação de uma verdadeira igreja cristã está fundamenta
da na Escritura Sagrada, a Palavra de Deus. Pode haver divergên
cia entre as doutrinas de uma igreja e outra. Umas batizam por
aspersão, outras por imersão. Umas batizam os filhos de crentes,
outras só batizam adultos. Mas é imprescindível que todas as doutri
nas estejam alicerçadas na Escritura Sagrada. Quando a igreja deixa
a Palavra de Deus e passa a pregar filosofias humanas ou expe
riências pessoais, ela está deixando de ser uma verdadeira igreja
cristã. A Igreja Católica Romana atribui à tradição a mesma au
toridade da Bíblia Sagrada. A Igreja Adventista do Sétimo Dia
considera inspirados pelo Espírito Santo os escritos de Helen Write,
portanto, com a mesma autoridade da Escritura Sagrada. Os Tes
temunhas de Jeová tiveram o atrevimento de adulterar a Escritura
Sagrada, fazendo uma tradução que se adapte às suas doutrinas.
Por isso, essas igrejas não são consideradas verdadeiramente cris
tãs. Os pentecostais dão muita ênfase às revelações e às experi
ências pessoais, colocando-as, às vezes, acima da Escritura Sa
grada, por isso correm o risco de serem desqualificados da condi
ção de verdadeira igreja cristã.
A correta administração dos sacramentos não significa que
todas as igrejas devem seguir o mesmo ritual. Mas implica na obe
diência a três princípios fundamentais: (1) o conteúdo e a forma de
administração dos sacramentos precisam estar de acordo com o
ensino da Escritura Sagrada; (2) a pessoa que administra os
sacramentos deve estar revestida de autoridade espiritual e ecle
siástica; (3) os participantes dos sacramentos precisam estar
devidamente qualificados.
O fiel exercício da disciplina eclesiástica é outra marca de
uma verdadeira igreja cristã. Onde não há disciplina, até os ver-
dadeiros crentes correm o risco de se corromperem. “As igrejas
que relaxarem na disciplina descobrirão mais cedo ou mais tarde
em sua esfera de influência um eclipse da luz da verdade e abusos
nas coisas santas.”95 O apóstolo Paulo ordenou à igreja de Corinto
que exercesse a disciplina eclesiástica (ICo 5.1 -5,13). E ele mes
mo exerceu a disciplina (lTm 1.20). A igreja de Efeso foi elogiada
porque não suportava “homens maus” e porque odiava “as obras
dos nicolaítas” (Ap 2.2,6). Mas as igrejas de Pérgamo e de Tia-
tira foram duramente condenadas por não exercerem a disciplina
de seus membros (Ap 2.14,15,20). A ordem clara de Jesus é que
o irmão que pecar deve ser confrontado; se ele não der ouvido à
advertência, deve ser considerado como “gentio epublicano” (Mt
18.15-18). As palavras de Jesus indicam a necessidade de exclu
são daqueles que permanecem no pecado, já que gentios e
publicanos não faziam parte do povo de Deus na época de Jesus.
CONCLUSÃO
Igreja não é edifício, não é tijolo, não é pedra. Igreja é gente.
Igreja é “povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de pro
clamar as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a
sua maravilhosa luz” (IPe 2.9).
Três palavras gregas apontam a missão da igreja: kérigma,
diaconia e koinonia. A palavra kérigma significa mensagem,
proclamação. A igreja existe para proclamar a salvação e a nova
vida em Jesus Cristo. Diaconia é serviço. A igreja tem a obriga
ção de prestar serviço aos indivíduos e à sociedade. O exemplo foi
dado por Jesus, que veio buscar e salvar os perdidos, mas que, ao
mesmo tempo que pregava, alimentava, consolava, curava e liber
tava. Koinonia geralmente é traduzida por comunhão. Harvey Cox,
um teólogo moderno, afirma que koinonia é o “aspecto da res
ponsabilidade da igreja que exige uma demonstração visível daqui-
137
lo que a igreja está dizendo no kérigma (proclamação) e apon
tando na sua diaconia (serviço)”.97
A Igreja foi instituída por Jesus Cristo, e “asportas do infer
no não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
,7Citado por Abival Pires da Silveira, em Revista de E ducação Cristã, Tomo II,
Lição 12.
15
fl ORIGEM DO
PRESBITERIfiNISMO
“Eu sei que, depois da minha partida,
entre vós penetrarão lobos vorazes, que
não pouparão o rebanho. E que, dentre
vós mesmos, se levantarão homens fa la n
do coisas pervertidas para arrastar os
discípulos atrás deles. Portanto, vigiai. ”
Atos 20.29-31
139
A IGREJA PRIMITIVA
Historicamente a igreja cristã nasceu no dia de Pentecostes.
A princípio ela era considerada apenas uma seita do judaísmo
(At 24.14; 28.22). Mas, com o passar do tempo, adquiriu iden
tidade própria.
Os cristãos foram violentamente perseguidos pelos judeus e
pelos romanos. A perseguição, contudo, ajudava a igreja. Os crentes
tornavam-se mais ousados, e os falsos cristãos não suportavam a
pressão e saíam. Assim, a igreja ia, ao mesmo tempo, se fortale
cendo e se purificando.
No século IV cessaram as perseguições. No ano 313,
Constantino e Licínio, concorrentes ao trono imperial, se encon
traram e assinaram o Edito de Milão, concedendo plena liberdade
ao cristianismo. Em 323, Constantino finalmente derrotou Licínio,
tomando-se o único governante do mundo romano. Com seu tino
político, sentiu a necessidade de unificar o Império. “Havia uma só
lei, um só imperador e uma única cidadania para todos os homens
livres. Era necessário que houvesse também uma só religião.”93 E
o cristianismo passou a ter proteção do Império Romano.
A partir daí, a igreja cristã passou a receber um grande nú
mero de adesões. Muitas pessoas, sem a verdadeira conversão,
entraram para a igreja. A atuação de tais pessoas e a influência do
mundo pagão levaram a igreja a adotar doutrinas e práticas que se
chocam brutalmente com os ensinos bíblicos. Eis alguns exemplos:
no ano 375 foi instituído o culto aos santos; no ano 431 instituiu-se
o culto a Maria, a partir do Concílio de Efeso, cidade em que
pontificava a grande Diana dos efésios, divindade feminina pagã;
em 503 surgiu a doutrina do purgatório; em 783 foi adotada a
adoração de imagens e relíquias; em 1090 inventou-se o rosário;
em 1229 foi proibida a leitura da Bíblia. Há muitas outras inova
ções que se tomaria longa a sua menção aqui.
140
Algumas pessoas afirmam que a igreja organizada pelos após
tolos é a Igreja Católica Romana. Quanto a isto, devemos esclare
cer o seguinte:
a) A igreja dos apóstolos não adotou nenhum nome espe
cífico. Ela é chamada no Novo Testamento simplesmente de
igreja. Historicamente ela é denominada Igreja Primitiva, por
ter sido a primeira.
b) O sistema de governo e a organização da Igreja Primiti
va, suas doutrinas e sua liturgia eram bem diferentes do que é pra
ticado pela Igreja Católica Romana.
c) A verdade é que a Igreja Católica Romana surgiu das trans
formações ocorridas na Igreja Primitiva. Transformações que,
lamentavelmente, só afastaram a igreja dos ensinos de Jesus Cristo.
As heresias mencionadas, aliadas à corrupção e imoralidade
do clero, levaram a igreja a perder suas principais características
de igreja cristã. Mas ainda existiam pessoas sinceras, tementes a
Deus, que clamavam por uma reforma.
A REFORMA PROTESTANTE
A partir do ano 1300, o mundo ocidental experimentou um
sentimento crescente de nacionalismo. Os povos não queriam su
jeitar-se a Roma. Aspiravam ver surgir uma igreja nacional. Esse
clima favoreceu o surgimento dos Precursores da Reforma. Eram
homens cultos, de vida exemplar, que tinham prazer na leitura e na
exposição da Bíblia Sagrada. São chamados precursores porque
antecederam aos reformadores e, principalmente, porque não con
seguiram superar o legalismo religioso - não descobriram a graça
salvadora. Queriam fazer alguma coisa para alcançar a salvação,
quando a Bíblia afirma: “Pela graça sois salvos, mediante a fé ;
e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que
ninguém se glorie ” (Ef 2.8,9).
Os principais precursores da Reforma foram: João Wyclif
( 13287-13 84), professor na Universidade de Oxford, na Inglater
ra; JoãoHuss (13737-1415), professor na Universidade de Pra
ga, que foi queimado por causa de sua fé; e Girolano Savonarola
(1452-1498), monge dominicano, que foi enforcado e queimado
por ordem do Papa Alexandre VI, em Florença, na Itália.
Além dos movimentos liderados pelos Precursores da Re
forma, ocorreram outras tentativas de reformar a igreja, mas
sem êxito.
No século XVI, a situação era bastante propícia a uma refor
ma da igreja. A Europa estava no limiar de uma nova época políti
ca e social. Gutenberg revolucionara o processo de impressão do
livro; Colombo descobrira a América... E o descontentamento com
a igreja persistia. Tudo isso preparava o terreno para a reforma. E
Lutero foi o Homem que Deus levantou para desencadear o movi
mento que resultou na Reforma Religiosa do Século XVI.
CONCLUSÃO
“Edificarei a minha igreja” - disse Jesus - “e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela!" (Mt 16.18). Homens frau
dulentos e a influência do mundo pagão desviaram a igreja dos
ensinos de Jesus. Mas sempre existiram servos fiéis, que não se
conformavam com o erro e clamavam por uma reforma. Lutero
deu início ao movimento vitorioso.
Lutero e Calvino tentaram um entendimento para unir suas
forças. Mas não foi possível. Lutero queria apenas reformar a igre
ja. Mas Calvino entendia que a igreja estava tão degenerada, que
não havia como reformá-la. Por isso ele se propôs a organizar uma
nova igreja que, na sua doutrina, na sua maneira de prestar culto e
na sua forma de governo, fosse idêntica à Igreja Primitiva.
E foi assim que surgiu a Igreja Presbiteriana.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO EAPLICAÇÃO
1. Quando e como foi que o cristianismo passou a ter proteção
oficial do Império Romano?
2. Cite algumas doutrinas heréticas introduzidas na igreja a partir
de sua oficialização como a religião do Império Romano.
3. A igreja organizada pelos apóstolos é a Igreja Católica Romana?
Justifique sua resposta.
4. Quais foram os principais precursores da Reforma?
5. Quem foi Martinho Lutero?
6. Quem foi Úlrico Zwínglio?
7. Quem foi Guilherme Farei?
8. Quem foi João Calvino?
9. Quem foi John Knox?
10. Por que Lutero e Calvino não se uniram no movimento de refor
ma da Igreja?
16
0 PRESBITERIfilfISMO
NO BRflSIL
“E ele mesmo concedeu uns para apósto
los, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e
mestres, com vistas ao aperfeiçoamento
dos santos para o desempenho do seu ser
viço, para a edificação do corpo de Cris
to, até que todos cheguemos à unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho
de Deus, à perfeita varonilidade, à medi
da da estatura da plenitude de Cristo. ”
Efésios4.11-13
PRIMEIRAS TENTATIVAS
A primeira tentativa de implantação do presbiterianismo em
nosso país foi feita pelos franceses, que invadiram o Rio de Janeiro
em 1557. Eles pretendiam fundar aqui uma colônia cujo nome se
ria França Antártica. O grupo era composto por católicos e
huguenotes (nome dos presbiterianos franceses). A colônia devia
caracterizar-se pela tolerância religiosa. Três pastores acompanha
vam o grupo, com o objetivo de dar assistência religiosa aos colo
nos e pregar o evangelho aos nativos. A invasão fracassou e eles
foram expulsos em 1567.
Uma segunda tentativa foi feita pelos holandeses, que invadi
ram o nordeste de nosso país. Em 1624, uma esquadra holandesa
chegou a Salvador, naBahia, onde permaneceu até março de 1625.
Expulsos da Bahia, os holandeses se reorganizaram e invadiram
Pernambuco em 1630. Em 1654 eles foram definitivamente expul
sos de nosso país, e as comunidades reformadas que eles haviam
implantado no nordeste desapareceram.
A IMPLANTAÇÃO DEFINITIVA
A implantação do presbiterianismo em nosso país se deu atra
vés do trabalho de missionários, que vieram especialmente para
evangelizar os brasileiros.
O primeiro missionário presbiteriano a vir para o Brasil se
chamava Ashbel Green Simonton. Ele chegou ao Rio de Janeiro
no dia 12 de agosto de 1859. Tinha apenas 26 anos de idade. Era
formado pelo Seminário de Princeton e ordenado pastor pelo Pres
bitério de Carlisle. Embora tivesse estudado português em Nova
Iorque, Simonton não tinha domínio de nossa língua suficiente para
pregar aos brasileiros. Por isso, enquanto aprendia melhor o por-
tuguês, ele se dedicava ao trabalho de evangelização dos estrangei
ros que aqui residiam ou que por aqui passavam.
No dia 22 de abril de 1860, Simonton dirigiu o primeiro tra
balho em português. Era uma escola dominical. A assistência total
somava cinco pessoas: três crianças e duas moças. Dois anos de
pois, recebia os dois primeiros membros: um norte-americano e
um português. O primeiro brasileiro a se tornar membro da Igreja
Presbiteriana se chamava Serafim Pinto Ribeiro. Ele foi recebido
por profissão de fé e batismo, no dia 22 de junho de 1862.
O segundo missionário presbiteriano a chegar ao Brasil foi
Alexander Blackford, que era casado com uma irmã de Simonton.
Ele e a esposa chegaram ao Rio de Janeiro no dia 25 de julho de
1860. O terceiro missionário era alemão naturalizado norte-ameri
cano, chamado Francis Schneider. Ele chegou no dia 7 de dezem
bro de 1861. A missão estabeleceu sua sede no Rio de Janeiro,
mas os missionários viajavam pelo Brasil todo, procurando conhe
cer o país e, ao mesmo tempo, divulgar o evangelho.
Em 1863, o Rev. Alexander Blackford foi para São Paulo,
com o objetivo de evangelizar a capital e o interior.
AS PRIMEIRAS ORGANIZAÇÕES
Os missionários consideravam que uma igreja estava organi
zada a partir do dia do batismo dos primeiros convertidos. A Igre
ja Presbiteriana do Rio de Janeiro foi organizada no dia 12 de
janeiro de 1862, quando foram batizados os dois primeiros converti
dos. Dentro desse mesmo critério, a Igreja Presbiteriana de São
Paulo foi organizada no dia 5 de março de 1865; a Igreja
Presbiteriana de Brotas, interior de São Paulo, no dia 13 de novem
bro de 1865; a Igreja Presbiteriana de Lorena, também no interior
de São Paulo, no dia 17 de maio de 1868; e a Igreja Presbiteriana de
Borda daMata, interior de Minas Gerais, em 23 de maio de 1869.
Em 1865 foi organizado o primeiro presbitério - Presbitério
do Rio de Janeiro. Na primeira reunião desse presbitério foi orde
nado o primeiro pastor brasileiro, um ex-padre, chamado José
Manoel da Conceição. No dia 14 de janeiro de 1867 começou a
funcionar o primeiro seminário, localizado no Rio de Janeiro, fun
dado para preparar os pastores brasileiros.
O Rev. Simonton faleceu em São Paulo, no dia 8 de dezem
bro de 1867. Mas o trabalho de evangelização e organização de
igrejas continuou.
O segundo presbitério - Presbitério de São Paulo - foi orga
nizado no dia 13 de janeiro de 1872. E, em 1888, foi organizado o
Sínodo. Nesse ano já havia igrejas organizadas em quatorze Esta
dos. Havia quatro presbitérios e trinta e dois pastores, sendo vinte
estrangeiros e doze brasileiros.
No dia 7 de janeiro de 1909 foi organizada a Assembléia
Geral que, a partir de 1937, passou a se chamar Supremo Concílio
da Igreja Presbiteriana do Brasil.
O SISTEMA DOUTRINÁRIO
A Igreja Presbiteriana do Brasil adota, como exposição das
doutrinas bíblicas, a Confissão de Fé de Westminster, o Catecis
mo Maior e o Catecismo Menor ou Breve Catecismo. Nossa
única regra de fé e prática é a Bíblia Sagrada. Mas, em virtude de
a Bíblia não trazer as doutrinas já sistematizadas, adotamos a Con
fissão de Fé e os Catecismos como exposição do sistema de
doutrinas ensinadas na Escritura.
A Confissão de Fé e os Catecismos são conhecidos, histo
ricamente, como Símbolos de Westminster. Eles foram prepara
dos por uma assembléia de clérigos anglicanos, congregacionais,
independentes, batistas e presbiterianos. Essa assembléia foi
convocada pelo Parlamento Inglês para elaborar os princípios de
governo, doutrina e culto que deviam reger as atividades religiosas
na Inglaterra, Escócia e Irlanda. A assembléia foi instalada no dia
l 2 de julho de 1643, com a presença de 69 membros. Fez 1.163
sessões, sem contar as reuniões de comissões e subcomissões. A
participação média variava entre 60 e 80 membros. A maior presença
foi de 96 membros. O local da reunião foi a Abadia de Westminster e,
por isso, ficou conhecida como Assembléia de Westminster.
A Confissão de Fé e os Catecismos foram aprovados pelo
Parlamento Inglês em 1648. A Igreja Presbiteriana da Escócia, a
da Inglaterra e a dos Estados Unidos da América adotaram a
Confissão de Fé e os Catecismos como padrão doutrinário. A
Igreja Presbiteriana do Brasil, na organização do Sínodo em 1888,
também fez o mesmo.
O SISTEMA DE GOVERNO
A Igreja Presbiteriana do Brasil, como organização eclesiás
tica, adota um sistema representativo de governo. É um meio ter
mo entre o sistema de governo episcopal, onde o governo é exer
cido pelo bispo, e o sistema congregacional, onde as decisões são
tomadas em assembléias ou sessões, com a participação de todos
os membros. No sistema episcopal uma só pessoa decide e, por
isso, os erros são mais freqüentes. No sistema congregacional to
dos tomam parte em todas as decisões; e os erros também são
mais freqüentes, pois nem todos estão preparados para todos os
níveis de decisão. No sistema presbiteriano, os membros reunidos
em assembléia elegem os seus representantes. E estes formam os
concílios, que são assembléias formadas por pastores e presbíteros,
que cuidam do governo da igreja em todos os níveis. Os concílios,
em ordem crescente, são. conselho, presbitério, sínodo e su
premo concilio.
CONCLUSÃO
Cada igreja cristã é uma parte visível da invisível Igreja de
Cristo. Uma igreja local é uma organização eclesiástica. Como or
ganização, ela necessita de princípios e normas para se conduzir.
Mas a Igreja é mais do que uma simples organização. Ela é um
organismo. E o Corpo de Cristo. “Ora, vás' sois corpo de Cristo;
e, individualmente, membros desse corpo” (ICo 12.27). No
corpo existem muitos membros, com funções diferentes. Mas to
dos constituem um só corpo. Por isso, não pode haver divisão,
discórdia ou porfia entre os membros do corpo. O mesmo se apli
ca aos membros da igreja. Inimizades, porfias, ciúmes, iras, dis
córdias, dissensões, facções e coisas semelhantes a estas não po
dem existir na igreja. A comunhão entre os membros de uma igreja
deve gerar também comunhão entre as igrejas.
Jesus Cristo é a cabeça do corpo, da Igreja. Por isso, cada
membro, como parte desse corpo, deve ser obediente ao Senhor
Jesus Cristo.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO EAPLICAÇÃO
1. Quando e por quem foi feita a primeira tentativa de implantação
do presbiterianismo em nosso país?
2. Quando e por quem foi feita tentativa de implantação do
presbiterianismo em nosso país?
3. Quem foi Ashbel Green Simonton?
4. Quem foi o segundo missionário presbiteriano a chegar ao Brasil?
5. Qual foi a primeira Igreja Presbiteriana a ser organizada em
nosso país e quando se deu tal organização?
6. Quando foi organizado o primeiro Presbitério? Qual o seu nome?
7. O que significa para a Igreja Presbiteriana do Brasil a Confis
são de Fé de Westminster, o Catecismo Maior e o Catecismo
Menor ou Breve Catecismo?
8. Como é o sistema de governo da Igreja Presbiteriana do Brasil?
9. O que é concílio? E quais são os concílios da Igreja Presbiteriana
do Brasil?
10. Para você existe alguma diferença entre ser membro da Igreja
Presbiteriana ou ser membro de qualquer outra igreja evangéli
ca? Justifique sua resposta.
17
0 BfiTISMO CRISTÃO
“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizen
do: Toda a autoridade me fo i dada no céu
e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas
que vos tenho ordenado. ’’
Mateus 28.18-20
O SIGNIFICADO DO BATISMO
O batismo foi instituído por Jesus Cristo após a sua ressurrei
ção. Ele ordenou aos discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo” (Mt 28.19). “Quem crer e fo r batizado
será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16).
O batismo corresponde à circuncisão praticada na antiga ali
ança. A circuncisão foi instituída como sinal e selo do pacto esta
belecido com Abraão (Gn 17.9-14; Rm 4.11-13). E o batismo é o
sinal e o selo da nova aliança, estabelecida por Jesus Cristo. Mas o
batismo, por ser um sacramento da nova aliança, é ainda mais rico
de significado do que a circuncisão. Após ouvir o sermão de Pedro,
no dia de Pentecostes, quase três mil pessoas se sentiram tocadas
e lhe perguntaram: “Que farem osV (At 2.37). E a resposta foi:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado” (At 2.38).
b ) Os im ersionistas a rg u m e n ta m ta m b é m que o v e rb o
batizar deriva do grego bapto e baptizo, que significam imergir.
Vamos examinar dois textos onde aparecem estes verbos. O
primeiro é Daniel 4.25: e serás molhado do orvalho do céu".
Na versão grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta, o
particípio ‘molhado’ é bapto. E possível imergir alguém no orvalho
do céu? Claro que não é. Logo, aqui, bapto não significa, em hi
pótese nenhuma, imergir. O segundo texto é Lucas 11.38: “O
fariseu, porém, admirou-se ao ver que Jesus não se lavara p ri
meiro, cmtes de comer". No texto grego, lavava é o verbo baptizo.
Os judeus se lavavam antes das refeições. Mas, se lavavam como?
Marcos registrou esse costume assim: “Os fariseus e todos os
iudeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem
lavar cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça, não
comem sem se aspergirem" (Mc 7.3,4). Comparando estes dois
textos, podemos afirmar que em Lucas 11.3 8 o verbo baptizo sig
nifica aspergir e não imergir. Em alguns textos bapto e baptizo
significam imergir, em outros significam molhar, tingir e aspergir.
Novamente o argumento imersionista perde a sua força, pois eles
partem do pressuposto de que bapto e baptizo significam imergir,
e só imergir.
significa que ele tenha sido batizado por imersão. Nem todas as
vezes que uma pessoa entra e sai da água configura-se uma
imersão. Às vezes uma pessoa entra e sai da água sem molhar
nada mais além dos pés.
CONCLUSÃO
A pessoa que recebeu Jesus como Salvador e Senhor está
salva, quer tenha sido batizada ou não. Quem salva é Jesus, e não
o batismo. Mas quem recebe Jesus deve também receber o batis
mo. Jesus e os apóstolos falaram do batismo como uma obriga
ção, e não como uma opção. A nossa Confissão de Fé afirma que
é “grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança”.
A experiência tem mostrado que, assim como o sedento an
seia pela água, o verdadeiro convertido anseia pelo batismo.
Deus faz tudo perfeito. Quando ele fez o plano para a nossa
salvação, incluiu uma organização para nos arrebanhar, Na antiga
aliança, essa organização era a congregação de Israel, formada
pela nação israelita. Na nova aliança, é a igreja, formada pelos
servos de Jesus Cristo.
A essa altura surge uma pergunta: E as crianças? Elas herda
ram a culpa de Adão e já nasceram pecadoras. E ainda não dis
põem de maturidade psíquica e emocional para entender o evan
gelho e receber Jesus como Salvador e Senhor. Qual é a situação
espiritual das crianças?
A Bíblia Sagrada mostra que as crianças são herdeiras espi
rituais de seus pais. Quando os pais se rebelam contra Deus, as
crianças também sofrem as conseqüências. Mas, quando os pais
são fiéis, elas também são beneficiadas.
Os filhos de crentes são herdeiros espirituais de seus pais.
Pertencem ao Senhor. Por isso têm direito de receber o batismo e
pertencer à igreja.
As crianças que morrem na infância são salvas, independente
171
da situação espiritual de seus pais. Elas são regeneradas e sal
vas por Cristo, “mediante o Espírito que opera quando, onde e
como quer” .107
O BATISMO EA CIRCUNCISÃO
O apóstolo Paulo mostra que o batismo equivale à circunci
são. Ele escreveu: “Nele, também fostes circuncidados, não por
intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne,
que é circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados, juntamente
com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados
mediante a f é no poder de Deus que o ressuscitou dentre os
mortos” (Cl 2.11,12).
Na antiga aliança as crianças eram circuncidadas. Quando
Deus estabeleceu a aliança com Abraão, ele instituiu a circuncisão
como sinal e selo do pacto. “Disse mais Deus a Abraão: Guar
darás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das
suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre
mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será
circuncidado. ...O incircunciso, que não fo r circuncidado na
carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; que
brou a minha aliança" (Gn 17.9,10,14), A circuncisão, por sua
natureza, se aplicava apenas às pessoas do sexo masculino. De
acordo com os costumes da época, as mulheres não tinham au
tonomia para tomar as sua próprias decisões. Elas eram sempre
representadas por um homem: quando solteiras, pelo pai; quando
casadas, pelo marido. Por isso, elas não precisavam receber ne
nhum sinal do pacto.
Quando Jesus estabeleceu a nova aliança, ele instituiu o ba
tismo como sinal e selo deste novo pacto. Ele ordenou: “Ide, por
tanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guar
dar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19,20).
107Confissão de Fé de Westminster, Declaração Explicativa, parágrafo II.
172
“Quem crer e fo r batizado será salvo; quem, porém, não crer
será condenado” (Mc 16.16).
A equivalência entre circuncisão e batismo é bem clara.
Lembremo-nos de que a antiga aliança foi feita com Abraão; e
para fazer parte dessa aliança a pessoa tinha que pertencer à des
cendência de Abraão - por nascimento, por adesão ou por ter
sido comprada. Mas Deus estabeleceria uma nova aliança, me
diante Jesus Cristo, onde a consangüinidade seria substituída pela
fé. Discorrendo sobre essa nova aliança, o apóstolo Paulo, inspi
rado pelo Espírito Santo, mostrou que, nela, a descendência de
Abraão ocorre mediante a fé, e não mediante laços consangüíne-
os. Ele escreveu: “Sabei, pois, que os da fé é que são filh o s de
Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria
pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti,
serão abençoados todos os povos. De modo que os da f é são
abençoados com o crente Abraão. Cristo nos resgatou da mal
dição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar,
porque está escrito: Maldito todo aquele que fo r pendurado
em madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos genti
os, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pelafé, o Espí
rito prometido’'1(G1 3.7-9,13,14). Portanto, para fazer parte da
nova aliança a pessoa precisa crer em Jesus Cristo como Salvador
e Senhor. O sinal e selo da antiga aliança era a circuncisão. O sinal
e selo da nova aliança é o batismo. Na antiga aliança, o Senhor
mandou circuncidar (Gn 17.9-14); na nova aliança, o Senhor man
dou batizar (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.44-49). Se os
filhos dos crentes da antiga aliança recebiam o sinal e selo da alian
ça, somos levados a concluir que os filhos dos crentes da nova aliança
devem receber o batismo, que é o sinal e selo dessa aliança.
Algumas pessoas perguntam: se o batismo equivale à circun
cisão, por que Jesus e os apóstolos foram batizados, se eles tinham
sido circuncidados? A resposta é que Jesus e os apóstolos vive
ram no período de transição entre a antiga e a nova aliança. Eles
foram circuncidados porque eram descendentes de Abraão e perten
ciam à antiga aliança. Foram batizados porque pertenciam à nova
aliança, estabelecida por Jesus Cristo. Eles pertenceram às duas
alianças e receberam o sinal e selo de ambas: a circuncisão e o
batismo. Da mesma forma, eles celebravam a páscoa, que fazia
parte da antiga aliança, e a ceia do Senhor, que faz parte da
nova aliança.
O BATISMO DOS FILHOS DOS CRENTES NO NOVO TES
TAMENTO
Apesar de todas essas evidências, algumas pessoas ainda in
sistem na pergunta: Onde está escrito na Escritura Sagrada que os
filhos dos crentes devem ser batizadas? Explicitamente não está
escrito em lugar nenhum. Mas a ausência de tal determinação explí
cita não anula aquilo que se pode deduzir através de outros ensi
nos. Caso dependêssemos de uma ordem explícita, registrada na
Escritura, para estabelecermos práticas na igreja, não poderíamos
permitir que as mulheres participassem da ceia do Senhor, pois
quando a ceia foi instituída só homens participaram, e não existe
nenhum texto que afirma explicitamente que as mulheres também
devem participar da ceia. No entanto, ninguém questiona o direito
que as mulheres têm de participar desse sacramento.
O Novo Testamento não diz explicitamente que os filhos dos
crentes devem ser batizadas. Mas implicitamente isso. Veja estas
três inferências bem claras:
a) O apóstolo Paulo relaciona o batismo com a circuncisã
sem afirmar que as crianças estão excluídas do batismo. A equiva
lência entre batismo e circuncisão é muita clara, conforme já vi
mos. Na antiga aliança, as crianças que nasciam dentro do pacto,
isto é, os descendentes de Abraão, eram circuncidadas ao oitavo
dia. Já que o batismo é “a circuncisão de Cristo” (Cl 2.11) na
nova aliança, seria necessária uma ordem explícita para que as cri
anças que nascem no pacto, isto é, filhos de crente, fossem im
pedidas de recebê-lo.
b) O Novo Testamento registra o batismo de pelo menos três
famílias inteiras, sem mencionar que as crianças não foram batizadas.
Lídia foi batizada juntamente com toda a sua casa (At 16.15); o
carcereiro foi batizado, e também todos os seus (At 16.33). Paulo
declara ter batizado “a casa de Estéfanas” (1 Co 1.16). Será que
nessas famílias não havia criança?
c) No batismo da casa de Lídia está claro que as crianças
foram batizadas. “Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de
Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava;
o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo
dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa, nos rogou,
dizendo: Se julgais que eu sou fie l ao Senhor, entrai em minha
casa e aíficai. E nos constrangeu a isso” (At 16.14,15). Lídia e
toda a sua casa receberam o batismo. Nesse mesmo capítulo está
registrado o batismo do carcereiro e de todos os seus. No caso do
carcereiro, está registrado que “ele, com todos os seus, mani
festava grande alegria, por terem crido em Deus” (At 16.34).
Logo, entre os filhos do carcereiro havia adultos que também cre
ram e foram batizados. Mas, no caso de Lídia, o registro bíblico
cita apenas a conversão dela. Mas ela e toda a sua casa foram
batizados. Se seus filhos eram adultos, então foram batizados sem
conversão. Paulo não faria isso. Logo, os filhos de Lídia eram cri
anças, que foram batizadas juntamente com sua mãe.
Mas existe ainda uma outra objeção a ser respondida. E a
que se refere à necessidade de fé para se receber o batismo. Jesus
afirmou: “Quem crer efor batizado será salvo”. E algumas pes
soas, baseadas nesse texto, afirmam que as crianças não podem
ser batizadas porque não têm maturidade psíquica e emocional para
exercer a fé. Só que tais pessoas se esquecem de que o texto diz
também:.. quem, porém, não crer será condenado”. Se o tex
to se referisse também às crianças, teríamos que concluir que elas
serão condenadas. Mas Jesus disse que delas “é o reino de Deus”
(Mc 10.14). Logo, o texto se refere aos adultos que iam ouvir o
evangelho. Se eles cressem e recebessem o batismo, estariam sal
vos. Se não cressem, seriam condenados.
O batismo de criança é praticado na igreja cristã desde o seu
início, como parte da doutrina dos apóstolos. Existem registros
históricos da maior confiabilidade mostrando a prática do batismo
infantil na igreja, desde o seu início. Orígenes, grande teólogo e
escritor cristão, nascido no ano 185, em suas Homilias em Lucas,
afirma: “portanto as crianças são também batizadas”; em seus Ser
mões sobre Levítico ensina que “as crianças também, segundo o
costume da igreja” eram batizadas; e em seu Comentário de Ro
manos registra que “a igreja recebeu dos apóstolos a tradição de
batizar também as crianças”. Hipólito, outro grande teólogo e es
critor cristão do século II, em sua obra Tradição Apostólica,
testemunha que a igreja cristã daquela época batizava crianças.
Tertuliano, considerado o primeiro teólogo latino, em sua obra De
Baptismo, escrita por volta dos anos 200-206, embora tenha co
metido alguns desvios doutrinários, também testemunha que a igreja
cristã batizava crianças.108 Só a partir do século XVI, com o
surgimento dos anabatistas, é que o batismo de crianças passou a
ser contestado.
176
situação de um pai muito rico que deixa de reconhecer um filho.
Esse filho fica excluído da herança, a não ser que ele provoque
esse reconhecimento por via judicial. Em Cristo nós temos uma
grande herança de bênçãos espirituais; e não é justo privarmos os
nossos filhos dessa herança.
Os nossos filhos, como nossos herdeiros espirituais, têm di
reito às mesmas bênçãos que nos estão reservadas. Eles perten
cem ao Senhor, por isso são guiados e protegidos pelo Senhor.
Eles só perderão o direito a tais bênçãos se nós os excluirmos do
pacto. Quando se tomam adultos, eles passam a responder espiri
tualmente por eles próprios. Aí compete a eles decidir se vão per
manecer na fé em que foram criados e confirmar isso através da
aceitação de Jesus como Salvador pessoal e Senhor, ou se vão
renunciar às bênçãos de pertencer ao Senhor. Não existe meio
termo. Jesus afirmou: “Quem não é por mim é contra mim; e
quem comigo não ajunta, espalha’'’ (Mt 12.30).
Alguns pais alegam que não apresentam seus filhos para o
batismo porque religião é algo muito pessoal, cuja escolha deve
ser feita pelo próprio indivíduo. Preferem instruir seus filhos e dei
xar que eles mesmos, na idade apropriada, escolham o caminho
que devem seguir. Mas esses mesmos pais “não sentem o mesmo
embaraço quando lhes escolhem um nome, vestuário, alimento,
medicamentos, educação, etc. Qual pai ou mãe que espera o filho
ou a filha crescer para decidir sozinho se quer ir à escola, comer
determinado alimento indispensável à saúde, decidir se toma ou
não vacina, se quer ou não ir ao médico? Ora, se nós, no propósito
de fazer o melhor para o bem-estar dos filhos, tomamos decisões
que irão afetá-los por toda a vida, por que não consagrá-los a
Deus pelo batismo, quando Deus tem promessas e deseja salvar
toda a família?” 109
Mas as bênçãos espirituais que nossos filhos irão receber
como nossos herdeiros, não dependem apenas do batismo, mas
l0’Ãureo Rodrigues de Oliveira, O Estandarte, fevereiro de 1998, p. 14.
177
também da nossa fidelidade ao Senhor. Acã tinha sido circuncida
do, circuncidara seus filhos, mas se tornou infiel ao Senhor. Como
resultado, morreu juntamente com toda a sua família (Js 7.16-26).
Crentes infiéis não têm herança de bênçãos espirituais para legar
aos seus filhos, mesmo que os apresentem para receber o batismo.
CONCLUSÃO
O povo de Deus é formado por adultos e crianças. Os adul
tos receberam Jesus como Salvador e Senhor. São filhos de Deus.
Pertencem ao Senhor. As crianças, seus filhos, são herdeiras espi
rituais dos pais. Como herdeiras espirituais, têm direito às mesmas
bênçãos. Por isso devem ser batizadas. Deixar de batizá-las é ex
cluí-las dessa herança bendita.
O nosso Deus é também o Deus de nossos filhos.
179
A PÁSCOA
Quando Deus chamou Abraão para servi-lo, fez-lhe várias
promessas: de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e
te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção/ Abençoarei os
que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem;
em ti serão benditas todas as fam ílias da terra” (Gn 12.2,3).
Mais tarde Jacó, a quem Deus deu o nome de Israel, neto de
Abraão, foi com sua família para o Egito. Eram apenas setenta
pessoas (Gn 46.27). “Mas osfilhos de Israelforam fecundos, e
aumentaram muito, e se multiplicaram, e grandemente seforta
leceram, de maneira que a terra se encheu deles” (Ex 1.7). E o
rei, Faraó, resolveu escravizá-los.
Quando Deus ordenou a Moisés que retirasse os israelitas do
Egito e os conduzisse para Canaã, o rei se opôs. Não queria per
der a mão de obra gratuita. Então Deus mandou uma série de pra
gas sobre o Egito. A última delas foi a morte dos primogênitos.
“Moisés disse: Assim diz o S e n h o r : Cerca da meia-noite passa
rei pelo meio do Egito. E todo primogênito na terra do Egito
morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta no seu
trono, até ao primogênito da serva que está junto à mó, e todo
primogênito dos animais. Haverá grande clamor em toda a
terra do Egito, qual nunca houve, nem haverá jamais; porém
contra nenhum dos filhos de Israel, desde os homens até aos
animais, nem ainda um cão rosnará, para que saibais que o
S en h o r fa z distinção entre os egípcios e os israelitas” (Ex 11.4-7).
Os israelitas deviam sacrificar um cordeiro sem defeito, ma
cho de um ano, e, com o seu sangue, marcar as ombreiras e a
verga da porta de sua casa. Cada família devia sacrificar um cordeiro.
Se a família fosse pequena, podia convidar o vizinho mais próximo.
O que Deus prometeu realmente se cumpriu. “Aconteceu que,
ci meia-noite, feriu o S e n h o r todos os primogênitos na terra do
Egito, desde o primogênito de Faraó, que se assentava no seu
trono, até ao primogênito do cativo que estava na enxovia, e
todos os primogênitos dos animais. ... Não havia casa em que
não houvesse morto” (Êx 12.29,30). Mas na casa dos israelitas
nada acontecera, nem o rosnar de um cão.
Deus deu a este acontecimento o nome de páscoa (pesah,
em hebraico, que vem de um verbo que significa passar por cima,
poupar). E ordenou que ela fosse comemorada todos os anos.
“Páscoa significa, naturalmente, duas coisas: o acontecimento his
tórico e sua posterior comemoração repetida.” 111
Mas a páscoa tem ainda um terceiro significado: o cordeiro
sacrificado era um tipo de Jesus Cristo, “nosso CordeiropascaF
(1 Co 5.7). Assim como o sangue do cordeiro livrou os primogêni
tos dos israelitas da morte, o sangue de Jesus, “nosso Cordeiro
pascaF, nos livra da morte eterna, da condenação ao inferno.
183
vinho, como interpreta a consubstanciação. Mas, também, a ceia
não é um simples memorial. Jesus está presente espiritualmente
no pão e no vinho. Esta presença espiritual é tão real como o pão
e o vinho. Por isso, ao participar do pão e do vinho, o crente par
ticipa espiritualmente do corpo e do sangue de Jesus. E, assim
como pão e vinho alimentam o corpo, a presença espiritual de Je
sus nos elementos da ceia alimenta espiritualmente o participante.
Esta é a doutrina aceita pela Igreja Presbiteriana.
OS BENEFÍCIOS DA PARTICIPAÇÃO DA CEIA
A doutrina da presença espiritual de Jesus nos elementos da
Santa Ceia, que está intimamente ligada à concepção dos benefíci
os da participação da Ceia, foi resumida pelo teólogo Charles
Hodge, da seguinte forma: “As virtudes e os efeitos do sacrifício
do corpo do Redentor na cruz se fazem presentes no sacramento
e, neste, são comunicados ao participante digno pelo poder do
Espírito Santo, que utiliza o sacramento como seu instrumento, se
gundo sua vontade soberana.” 113
Reconhecemos que é muito mais cômodo adotar o ensino de
Zwínglio de que a Santa Ceia é apenas um memorial. Mas não é
possível sustentar tal doutrina diante do ensino de Paulo em 1 Corín-
tios 11.23-32. Se a Ceia é apenas um memorial, como sustentar
que “aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, in
dignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor”? E que
“quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo
para « ”? E como entender que, em Corinto, havia muitas pessoas
fracas e doentes, e algumas até tinham falecido, pelo fato de have
rem participado da Santa Ceia de maneira indevida? Tudo isso
evidencia que a Santa Ceia é mais do que um memorial do que
Cristo fez pelos pecadores e um ato de reafirmação de fé do parti
cipante. Jesus está presente, espiritualmente, no pão e no vinho da
Santa Ceia. E, assim como pão e vinho são alimentos para o cor
po, a presença espiritual de Jesus alimenta a nossa alma.
113citado por Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 660.
A ceia do Senhor é um meio de graça, isto é, um meio que
Deus usa para nos nutrir e fortalecer espiritualmente. Por isso, de
vemos participar dela regularmente. Na antiga aliança, o israelita
que deixasse de participar da páscoa, sem justificativa, era eli
minado do povo de Deus (Nm 9.13). Na nova aliança, o crente
que deixa de participar da ceia do Senhor, sem justificativa,
está fechando um canal de bênçãos para a sua vida e se aniqui
lando espiritualmente.
Mas não basta participar, é necessário também que a partici
pação seja correta. O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que a
causa de existir entre eles “muitosfracos e doentes” (1 Co 11.30)
era a falta de discernimento na participação da ceia do Senhor. O
crente deve examinar a si mesmo, preparar-se e participar da ceia
do Senhor. Quem se examina e deixa de se preparar e de partici
par, está negando o Senhor Jesus Cristo; está dizendo “sim” ao
pecado e “não” a Cristo.
“Qual é, pois, a função da Santa Ceia? A de um balanço nas
contas, a de uma limpeza na casa, a de um banho no corpo... Isso
tudo não pode ser adiado, segundo interesses pessoais, sem gra
ves prejuízos.” 114
CONCLUSÃO
Os dois sacramentos instituídos por Jesus Cristo - o batismo
e a ceia do Senhor - são sinais e selos do pacto da graça. Eles são,
também, o instrumento que Deus usa para fazer uma diferença visí
vel entre os que pertencem à igreja e os de fora. Por isso, os que
são de Cristo devem receber o batismo e participar regulamente
da ceia do Senhor.
185
PERGUNTAS PARA FIXAÇÁO E APLICAÇÃO
1. Qual é o objetivo da ceia do Senhor?
2. Que é que os israelitas deviam fazer para marcar suas casas na
noite da morte dos primogênitos?
3. Que é páscoa?
4. O cordeiro sacrificado na páscoa era um tipo de quem?
5. Que é ceia do Senhor?
6. Que é transubstanciação?
7. Que é consubstanciação?
8. Qual era o pensamento de Zwínglio sobre a ceia do Senhor?
9. Como a Igreja Presbiteriana entende a presença de Jesus nos
elementos da ceia do Senhor?
10.O que significa a ceia do Senhor para você?
20
DÍZIMO E OFERTfiS
“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós
me roubais e dizeis: Em que te roubamos?
Nos dízimos e nas ofertas. ”
Malaquias3.8
189
Jesus também deu grande importância às ofertas. “Assenta
do diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lança
va ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quan
tias. Vindo, porém, urna viúva pobre, depositou duas pequenas
moedas correspondentes a um quadrante. E, chamando os seus
discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva p o
bre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os
ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava;
ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o
seu sustento” (Mc 12.41 -44).
Algumas pessoas afirmam que não dão ofertas porque são
dizimistas. Pensam que entregando o dízimo fielmente estão cum
prindo todas as suas obrigações financeiras com a obra de Deus.
Mas o dízimo é o mínimo. Quem entrega fielmente o dízimo está
apenas cumprindo a sua obrigação de devolver ao Senhor a parte
que lhe cabe em nossa renda. Além do dízimo, devemos consagrar
ao Senhor as nossas ofertas, pois são elas que demonstram a nos
sa gratidão a Deus e o nosso amor à sua igreja e à sua obra.
CONCLUSÃO
Todos nós naturalmente queremos que a nossa igreja tenha
um templo bonito, bem construído, bem mobiliado, bem cuidado.
Se o templo está feio, sujo, mal conservado, nós não gostamos. Se
os bancos estão cobertos de poeira, se a aparelhagem de som não
funciona bem, se os instrumentos são velhos e ultrapassados, nós
reclamamos. Mas, às vezes, nos esquecemos de que a igreja ne
cessita de dinheiro para manter o templo como desejamos. A igre
ja precisa de dinheiro também para pagar seus funcionários, so-
correr as pessoas carentes, manter suas obras sociais e educacio
nais. Enfim, toda instituição precisa de dinheiro para funcionar, e a
igreja não é uma exceção. Foi por isso que Deus determinou que
os seus servos contribuam com o dízimo e com as ofertas.
O dinheiro que ganhamos é bênção de Deus. O Senhor nos
dá inteligência, saúde e energia para trabalhar, produzir e ganhar. E
ele nos ordena que entreguemos o dízimo de tudo, para o sustento
da igreja onde ele nos colocou. Deixar de entregar o dízimo é de
sobedecer a Deus e menosprezar a igreja.
O INTELECTO
A fé cristã é convicção baseada em fatos reais. Não é salto
no escuro. Tem bases sólidas. Quando os saduceus tentaram con
testar a ressurreição dos mortos, Jesus lhes respondeu: “Errais,
não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.29).
Em outra ocasião, Jesus desafiou os judeus, dizendo-lhes:
“Examinais as Escrituras,... e são elas mesmas que testificam
de mim” (Jo 5.39). E Lucas declarou, no prefácio do seu evange
lho, ter feito “acurada investigação de tudo desde sua origem, ”
para que o leitor tenha “plena certeza das verdades” registradas
por ele(Lc 1.1-4).
O apóstolo Paulo citou a profecia de Joel de que“todo aquele
que invocar o nome do S e n h o r será salvo” (J12.32); e, a seguir,
perguntou: “Como, porém, invocarão aquele em que não cre
ram? E como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Rm
10.14). Com isso ele estava afirmando que para servir a Deus é
necessário conhecê-lo. A conversa de Jesus com a mulher
samaritana também aponta nessa mesma direção. Quando a mu
lher quis tratar da questão relacionada com o lugar de adoração,
Jesus lhe disse: “Vós adorais o que não conheceis; nós adora
mos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus”
(Jo 4.22). Implicitamente Jesus estava declarando que a adoração
dos samaritanos não era correta porque eles a faziam na ignorância.
Tentar servir a Deus na ignorância pode ser desastroso. Jesus
declarou que pessoas matariam seus servos, julgando com isto es
tarem prestando um culto a Deus (Jo 16.2). E o apóstolo Paulo
testemunhou que os judeus de sua época tinham “zelo por Deus,
A identidade do verdadeiro cristão
A EMOÇÃO
O conhecimento intelectual dos fundamentos da fé cristã é
muito importante, mas é insuficiente para a salvação. A Escritura
Sagrada fala muitas vezes sobre o conhecer, referindo-se ao co
nhecimento experimental. Conhecer a Jesus, no sentido bíblico,
implica necessariamente em ter experiência com Jesus. Este é o
lado emocional do conhecimento de Deus. E ele que nos leva a um
envolvimento com Jesus. E através desse envolvimento que nós
nos alegramos com o Senhor e no Senhor, e também nos entriste
cemos com o que entristece o Senhor. Salmos 119.136 e Atos
11,23 ilustram esse envolvimento emocional do cristão nas vitórias
e vicissitudes da causa de Deus no mundo. No primeiro texto o
salmista declara: “ Torrentes de água nascem dos meus olhos,
porque os homens não guardam a tua lei”. No segundo texto
temos o registro da alegria de Bamabé, ao ver que os gentios tam
bém se convertiam ao Senhor.
Um outro aspecto desse conhecimento emocional é o amor.
Para ser verdadeiramente cristão não basta saber que Jesus é o
Filho de Deus, que veio ao mundo para nos salvar. É necessário
mais. É preciso amá-lo de todo o coração. Ele mesmo disse: “Aque
le que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei
e me manifestarei a ele” (Jo 14.21). E quanto à intensidade desse
amor, ele afirmou o seguinte: “Quem ama seu pai ou sua mãe
mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filh o ou
sua filh a mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).
Aqui também está uma área que deve ser tratada com muito
cuidado. O amor é um sentimento, portanto, faz parte das nossas
emoções. Mas a intensidade do nosso amor não pode ser medida
pela intensidade de nossas emoções.
A emoção é uma reação a um evento ou experiência. Emo
cionalmente as pessoas reagem de maneiras diferentes. Assistindo
ao mesmo acontecimento ou participando da mesma experiência,
as pessoas podem reagir de maneiras bem diferentes. O eunuco,
ao ouvir o Evangelho de Jesus Cristo, creu e pediu para ser bati
zado. Tudo naturalmente, sem grandes emoções. Mas o carcereiro
de Filipos experimentou um turbilhão de emoções. Lucas registrou
que ele “... entrou precipitadamente e, trêmulo, prostrou-se di
ante de Paulo e Silas” (At 16.29). O eunuco e o carcereiro tive
ram experiências e emoções diferentes; mas a conversão de am
bos foi autêntica.
Não existe um padrão para medir as emoções de uma pes
soa diante do Evangelho de Jesus Cristo. Algumas pessoas têm
uma experiência de conversão fortemente emocional. Outras têm
A identidade do verdadeiro cristão
A VONTADE
Além do intelecto e das emoções, ser um verdadeiro cristão
envolve também a vontade. Chamamos de vontade a faculdade
que leva a pessoa a querer alguma coisa e a se comprometer com
aquilo que quer. É a capacidade de agir com intencionalidade definida.
Para ser verdadeiramente cristã, a pessoa precisa assumir
com Jesus Cristo um compromisso de fé. Nesse compromisso, a
pessoa crê que o sacrifício de Jesus é suficiente para perdoar to
dos os seus pecados; por isso, entrega a Jesus o destino eterno de
sua alma, e se dispõe a, dia a dia, procurar viver de acordo com os
seus ensinos.
Mas a decisão de seguir a Jesus não é tão simples como
pode parecer. Ela implica numa tomada deposição radical. Jesus
exige que ela seja radical. Lucas registra que Jesus “dizia a todos:
Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia
tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). Na instrução aos doze
apóstolos, Jesus declarou: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais
do que a mim não é digno de mim ; quem ama seu filh o ou sua
filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma
a sua cruz e vem após mim não é digno de mim ” (Mt 10.3 7,3 8).
Jesus fez declarações semelhantes em várias outras ocasiões.
Nicodemos, líder dos fariseus, membro da mais alta corte de justi
ça da Judéia, procurou Jesus fazendo-lhe os maiores elogios: “Rabi,
sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque nin
guém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver
com ele” (Jo 3.2). Mas Jesus não ficou impressionado com os
elogios, nem com a alta posição social de Nicodemos, e respon
deu-lhe: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Ao
homem que queria primeiro sepultar o pai, para depois seguir a
Jesus, o Mestre ordenou : “Deixa aos mortos o sepultar os seus
próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus” (Lc
9.60). Aquele que queria primeiro despedir-se de seus parentes,
para depois segui-lo, Jesus disse: “Ninguém que, tendo posto a
mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus” (Lc
9.62), E a respeito da multidão que o aplaudia, mas sem com
promisso, Jesus declarou: “Este povo honra-me com os lábios,
mas o seu coração está longe de mini'' (Mt 15.8). Em certa oca
sião Jesus fez um discurso muito duro, e por isso muitos deixaram
de segui-lo. Diante disso seria natural que ele abrandasse suas exi
gências. Mas Jesus não voltou atrás; pelo contrário, confrontou os
seus próprios discípulos, dizendo-lhes: “Porventura, quereis
também vós outros retirar-vos?” (Jo 6.67). Jesus não aceita
crente pela metade, porque ele não pode salvar o homem pela
metade. Ou somos inteiramente crentes, ou então estamos com
pletamente perdidos.
O apóstolo Paulo tinha conhecimento das exigências de Je
sus, por isso ele declarou: “Esmurro o meu corpo e o reduzo à
escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu
mesmo a ser desqualificado” (IC o 9.27).
Muitas pessoas se julgam cristãs, mas, na realidade, são ape
nas admiradoras de Jesus Cristo. Outras gostam de Jesus e, por
isso, pensam ser cristãs. Mas o verdadeiro cristão é aquele que
tem compromisso com Jesus.
A identidade do verdadeiro cristão
CONCLUSÃO
Voltando à comparação da vida cristã com o casamento, per
guntamos: o fato de um rapaz estar intelectualmente convencido de
que determinada moça é a pessoa ideal para ser sua esposa dá-lhe
o direito de ir viver com ela, como marido e mulher? E claro que
não. E se ele sentir por ela um grande amor, poderá levá-la para
sua casa para ser sua esposa? Ainda não. Os dois só poderão
viver como marido e mulher, com a aprovação de Deus e da soci
edade, depois de assumirem o compromisso matrimonial perante a
autoridade competente.
No relacionamento com Jesus Cristo o processo é bem se
melhante ao do casamento. A pessoa usa o intelecto para se con
vencer de que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que veio ao mundo
para nos salvar. Através da emoção ela é envolvida no amor que
ele manifestou pelo pecador perdido e passa a amá-lo de todo o
seu coração. Mas essa experiência intelectual e emotiva é insufici
ente para fazer da pessoa um verdadeiro cristão. E necessário que
ela, por um ato de vontade, assuma com Jesus Cristo o com
promisso de confiar nele para a sua salvação e de viver procuran
do fazer a vontade dele. Verdadeiro cristão é aquele que tem com
promisso com Jesus Cristo.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÁO EAPLICAÇÃO
1. Quais são os três elementos que, do ponto de vista ideal, estão
incluídos na união matrimonial?
2. Para servir a Deus é necessário conhecê-lo? Justifique sua
resposta.
3. O que é conhecimento experimental?
4. Para ser verdadeiramente cristão é preciso amar a Jesus de
todo o coração? Justifique sua resposta.
5. A intensidade do nosso amor a Jesus pode ser medida pela
intensidade de nossas emoções? Por quê?
6. O que de fato evidencia a intensidade do amor que alguém tem
por Jesus Cristo?
7. O que é vontade?
8. Em que implica o compromisso com Jesus?
9. Por que Jesus não aceita “crente pela metade”?
10. Você concorda que só é verdadeiramente crente a pessoa que
tem compromisso com Jesus? Justifique sua resposta.
22
e VIDfi DEPOIS
DESTfi VIDfi
“Quando, porém, todas as coisas lhe es
tiverem sujeitas, então, o próprio Filho
também se sujeitará àquele que todas as
coisas lhe sujeitou, para que Deus seja
tudo em todos. ”
1 Coríntios 15.28
A MORTE EA RESSURREIÇÃO
Deus criou o homem para viver para sempre. Adão foi criado
num estado de santidade positiva e era imortal, no sentido de não
estar sujeito à lei da morte. Se ele não pecasse, sua imortalidade
seria confirmada. Mas o homem pecou, e passou a viver sob o
jugo da morte. “Por um só homem entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos
os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).
Mas, que é morte? Morte é “a separação (seja natural ou
violenta) da alma do corpo, separação essa pela qual é terminada
a vida neste mundo”.117 Logo que ocorre essa separação, o corpo
entra em processo de decomposição. “Já cumpriu a necessidade
que dele tinha o espírito e, cumprida a necessidade, é posto de
lado.”118 Mas a alma ou espírito continua vivo e consciente. Na
morte, dormimos aqui e acordamos imediatamente no outro lado
desta vida. Se a pessoa durante a sua vida aceitou a salvação que
Deus oferece em Jesus Cristo, logo após a morte a sua alma entra
num estado de bem-aventurança consciente. Se rejeitou a oferta
de salvação, a sua alma entra imediatamente num estado de casti
go consciente.
A Bíblia Sagrada ensina, de modo bem claro, que a alma do
verdadeiro crente, logo após a morte, entra imediatamente num
estado de bem-aventurança consciente. Quando o ladrão supli
cou: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Je
sus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comi
go no paraíso” (Lc 23.42,43). E o apóstolo Paulo, quando sentiu
que sua morte se aproximava, declarou que morrer é “partir e
estar com Cristo” (Fp 1.23). Os mortos estão vivos. Os crentes
estão no céu, com Cristo; os ímpios estão no inferno.
O corpo volta ao pó, mas não desaparecerá para sempre
Ele entra em decomposição, mas um dia levantará do túmulo. “To
dos os mortos serão ressuscitados com os seus mesmos corpos e
não outros, posto que com qualidades diferentes, ficarão reunidos
às suas almas para sempre.” 119
A doutrina da ressurreição do corpo faz surgir em nossas
mentes muitas interrogações. Uma delas é sobre as pessoas que
117 J. H. Thayer, A Greek-English Lexicon o f the New Testament, p. 282.
us Ray Summers, A Vida no Além , p. 21.
119 Confissão de Fé de Westminster, XXXII.II.
foram sepultadas mutiladas. No caso de pessoas que morrem em
desastre de avião, é possível que partes de seu corpo sejam sepul
tadas muito distantes uma da outra. E como será a ressurreição
dessas pessoas? No grande capítulo da ressurreição dos mortos -
1 Coríntios 15 o apóstolo Paulo responde: “Masalguém dirá:
Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? In
sensatos! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer; e,
quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o
simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente,
Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada uma
das sementes, o seu corpo apropriado. ... Pois assim também é
a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção,
ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita
em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-
se corpo natural, ressuscita corpo espiritual” (ICo 15.35-38,42
44). A ressurreição será operada pelo poder de Deus, e ele sabe
como resolver esse e outros problemas. O corpo ressuscitado será
o mesmo que foi sepultado, porém de substância diferente. O cor
po que temos corresponde às necessidades deste plano físico de exis
tência; o corpo ressuscitado será um corpo perfeitamente adaptado às
necessidades do tipo de vida que teremos na outra existência.
Devemos lembrar também que nem todas as pessoas passa
rão pela morte. Os que estiverem vivos na segunda vinda de Cristo
não morrerão, mas serão transformados num abrir e fechar de olhos.
O apóstolo Paulo explicou este assunto assim: “Eis que vos digo
um mistério: Nem todos dormiremos, mas transformados sere
mos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao
ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos res
suscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Por
que é necessário que este corpo corruptível se revista da
incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortali
dade” (IC o 15.51-53).
A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
A Bíblia Sagrada relaciona a ressurreição dos mortos com a
segunda vinda de Cristo. O apóstolo Paulo escreveu: “Não quere
mos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos
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não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e res
suscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em suü
companhia, os que dormem. ... Porquanto o Senhor mesmo,
dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e res
soada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que f i
carmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nu
vens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos
para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.13 ,14,16,17).
Jesus prometeu voltar ao mundo para consumar sua obra.
Ele disse aos discípulos: “Não se turbe o vosso coração; credes
em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há mui
tas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou
preparar-vos lugar. Ê^quando eu fo r e vos preparar lugar, vol
tarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu es
tou, estejais vós também” (Jo 14.1-3). Esta promessa foi repeti
da várias vezes, de várias maneiras. No momento da ascensão de
Jesus, estando os discípulos “com os olhosfitos no céu, enquan
to Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puse
ram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que
estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós fo i
assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (At 1.10,11).
As da vinda de Cristo será um fato maravilbos< traos
seus servos. Mas será terrível para os ímpios. “Haverá sinais no
sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as na
ções em perplexidade por causa do bramido do mar e das on
das; haverá homens que desmaiarão de terror e pela expecta
tiva das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos
céus serão abalados. Então, se verá o Filho do homem vindo
numa nuvem, com poder e grande glória’'' (Lc 21.25-27).
A promessa da segunda vinda de Cristo é uma fonte de con
forto e esperança para o cristão. Billy Grãham escreveu que “cris
tão algum tem o direito de andar por aí torcendo as mãos, imagi
nando o que devamos fazer diante da atual situação do mundo. A
Escritura diz que em meio à perseguição, confusão, guerras e boa
tos de euerra devemos reconfortar-nos mutuamente com o co
nhecimento de que Jesus Cristo está voltando em triunfo, glória e
majestade”.120
Quando se dará a segunda vinda de Cristo? Ningi “
Jesus afirmou que nem os anjos sabem o dia e ah r:a, , lasíáfíenas
o Pai (Mt 24.36). Por isso, a recomendaçãorie JeáhMesta: “Por
tanto, vigiai, porque não sabeis em ;ue:<Èaycjji)o vosso Se
nhor” (Mt 24.42).
205
No juízo final serão julgados os anjos decaídos, isto é, Sata
nás e seus demônios, e todos os indivíduos da raça humana. Algu
mas pessoas entendem que os crentes não serão julgados, já que
Jesus prometeu que aquele que dá ouvido à sua palavra “ tem a
vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a
vida” (Jo 5.24). Mas o contexto mostra que as palavras de Jesus
indicam que os salvos não entrarão em juízo condenatório, ou seja,
não serão condenados. Os ímpios serão julgados e condenados;
mas os salvos serão julgados e absolvidos, porque Jesus já sofreu
na cruz o castigo que merecemos, “o Senhorfe z cair sobre ele a
iniqüidade de nós todos” (Is 53.6).
Os ímpios sofrerão eternamente. Não sabemos, com preci
são, em que consistirá o castigo dos ímpios. Mas é possível enten
der, pela Bíblia Sagrada, que eles serão privados totalmente do
favor divino, experimentarão uma perturbação infindável, sofrerão
dores reais no corpo e na alma, e estarão sujeitos às dores de
consciência, à angústia, ao choro e ao desespero.
Os salvos herdarão o céu e também a nova criação. A Bíblia
não diz claramente como será esta nova criação. Mas o apóstolo
Pedro afirmou que Jesus ficará no céu “até aos tempos da restau
ração de todas as coisas” (At 3.21). E que “esperamos novos
céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pe 3.13). Sabe
mos que toda a criação foi atingida pelas conseqüências do peca
do. E cremos que Deus restaurará a criação, após o juízo final.
Muitos teólogos acreditam que Deus vai restaurar o universo às
condições originais em que foi criado. E os servos de Deus, com
corpos imortais e almas inteiramente aperfeiçoadas, habitarão na
terra e servirão ao Criador eternamente, em espírito e em verdade.
CONCLUSÃO
A perspectiva de habitarmos a terra totalmente restaurada
enche o nosso coração de grande alegria. Contudo, a Bíblia não
diz claramente que este é o futuro que nos espera. Mas, graças a
Deus, afirma que o nosso futuro será glorioso. O apóstolo João
descreveu a visão que lhe foi dada do nosso futuro assim: “Então,
ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de
Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão p o
vos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará
dos olhos toda lágrima, e a morte j á não existirá, j á não have
rá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas pas
saram'’'’ (Ap 21.3,4). E o apóstolo Paulo registrou que “nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jam ais penetrou em cora
ção humano o que Deus tem preparado para aqueles que o
amam" (ICo 2.9).