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Perigo no ar

Duas importantes vias de tráfego no Rio de Janeiro apresentam níveis de poluição do ar até seis vezes acima do
considerado tolerável pela Organização Mundial da Saúde (OMS): a avenida Brasil e o túnel André Rebouças. Em
ambos os locais, frequentados por milhares de pessoas todos os dias, pesquisadores detectaram presença
significativa de poluentes que causam doenças respiratórias e mutações genéticas que podem levar ao surgimento
de câncer. A situação é mais crítica no Rebouças e já afeta a saúde de trabalhadores do túnel.

A pesquisa, apresentada na semana passada num congresso de Biologia Experimental, em Caxambu (MG), foi
conduzida pela bioquímica Claudia Rainho na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Com um aparelho que filtra as partículas poluentes em suspensão na atmosfera colocado nos dois locais e no
campus da universidade – para fins de comparação –, a pesquisadora e sua equipe coletaram o chamado material
particulado fino, partículas de poeira, metais e outros materiais com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro (do
tamanho de uma bactéria).

Material particulado fino

O material particulado fino coletado na atmosfera é tão pequeno que consegue passar pelos alvéolos pulmonares e
entrar na corrente sanguínea, provocando problemas de saúde. Por serem tão pequenos, quando inalados, esses
fragmentos conseguem passar pelos alvéolos pulmonares e atingir a corrente sanguínea, o que pode provocar desde
infecções locais, alergias respiratórias e asma, até mutações genéticas, dependendo da composição da ‘poeira’.

Poluição dos veículos

A maior parte desse material é proveniente da queima de combustível dos veículos, o que explica a grande presença
de poluentes nas duas localidades. Segundo o último Relatório Anual de Qualidade do Ar do Estado do Rio de
Janeiro, feito pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente (Inea), os automóveis são responsáveis por 77% do total de
poluentes lançados na atmosfera na região metropolitana do Rio de Janeiro. Durante os quatro anos analisados,
tanto a avenida Brasil quanto o Rebouças apresentaram níveis acima do tolerado em todos os meses.

Substâncias tóxicas

Além da quantidade, os pesquisadores analisaram a constituição do material particulado coletado em busca de


substâncias tóxicas. Encontraram altas concentrações de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA),
principalmente no inverno, e de nitro-hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (NHPA), especialmente no verão. Isso
porque o NHPA é gerado quando o HPA é exposto à radiação ultravioleta da luz solar.

Esses compostos têm a capacidade de alterar o DNA humano, quebrando-o e produzindo mutações que podem levar
à morte celular e ao desenvolvimento de doenças. “Quando ocorrem essas quebras no DNA, a célula tem dois
caminhos: ou ela ‘conserta’ isso se matando ou continua viva e perpetua o erro”, explica Aiub. “Quando ela se mata,
ela explode e gera um efeito inflamatório rápido e grave que, no pulmão, leva à diminuição da sua complacência e
impacta o seu funcionamento. Agora, se ela não corrige o erro, a mutação se perpetua e leva à formação de tumores
e cânceres em longo prazo.”

Questões

1 – Qual é o tema do texto?

2 – Quais os principais efeitos da poluição do ar na saúde?

3 – Quais complicações que o material particulado fino pode causar ao ser humano?

4 – O número 2,5 micrômetros pode ser escrito em notação científica, escreva-o.

5 – Quais os substâncias tóxicas que os cientistas encontraram ao fazer uma análise do material particulado? Quais
efeitos no DNA ela pode causar?

6 – Você acredita que a nossa cidade seja poluída? Cite pontos da cidade que parecem ser focos perigosos de
poluição.

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