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Toxicologia Geral
NANOTOXICOLOGIA
Discente:
Fabricia Vieira
RECIFE - PE
2023
Os nanomateriais são materiais com dimensões em escala nanométrica, ou
seja, entre 1 e 100 nanômetros, e são considerados materiais revolucionários
devido às suas propriedades físico-químicas únicas. Eles possuem uma alta relação
área-volume, alta reatividade superficial, alta mobilidade e outras propriedades que
os diferenciam dos materiais em escala macroscópica. Como resultado, os
nanomateriais têm sido amplamente utilizados em diversas áreas, incluindo
medicina, eletrônica, construção civil e cosmética, por exemplo. No entanto, a
exploração desses materiais também pode apresentar riscos para o meio ambiente
e a saúde humana, bem como para a fauna e a flora.
A nanotoxicologia é a área que estuda os efeitos dos nanomateriais nos
organismos vivos e no meio ambiente. Além disso, ela também busca entender
como esses materiais se comportam em diferentes sistemas biológicos, como são
absorvidos, metabolizados e excretados pelo organismo. Dessa forma, é possível
identificar possíveis efeitos adversos, tanto agudos quanto crônicos, e avaliar a
segurança do uso desses materiais em diferentes aplicações. A nanotoxicologia
está intimamente relacionada com a nanosegurança, a qual engloba uma série de
medidas preventivas e de controle para minimizar os riscos associados aos
nanomateriais. Isso inclui desde a seleção de materiais mais seguros para a
produção de nanomateriais até o desenvolvimento de estratégias de monitoramento
e controle de exposição. A nanosegurança também está relacionada com a
regulamentação e normatização do uso de nanomateriais, com o objetivo de garantir
a segurança do meio ambiente e da saúde humana.
Um dos maiores desafios da nanotoxicologia é a falta de consenso em
relação aos métodos de avaliação dos efeitos dos nanomateriais. Além disso, há a
necessidade de se desenvolver métodos mais eficazes para avaliar os riscos
associados, bem como a realização de estudos a longo prazo para entender os
efeitos crônicos da exposição a esses materiais. Existem diferentes métodos para
avaliar os efeitos dos nanomateriais nos organismos vivos, incluindo testes in vivo e
in vitro. Os testes in vivo são realizados em animais, enquanto os testes in vitro são
realizados em culturas de células. Ambos os métodos têm suas limitações e
vantagens, e sua escolha depende do objetivo da pesquisa.
A nanotoxicologia também se preocupa com o risco ambiental associado.
Isso inclui a avaliação dos efeitos desses materiais nos ecossistemas, bem como
sua eventual acumulação nos solos, águas e organismos vivos. Esses riscos
precisam ser avaliados para garantir a segurança ambiental e a sustentabilidade do
uso dos nanomateriais. A regulamentação no uso de nanomateriais é uma questão
importante e atualmente em discussão em diversos países. A nanotoxicologia tem
um papel importante na elaboração de regulamentações para o uso seguro desses
materiais, baseando-se em evidências científicas.
Entre os nanomateriais de elevado risco toxicológico, podem ser citados os
nanotubos de carbono, óxido de zinco e dióxido de titânio. Estudos apontam que
eles podem apresentar efeitos tóxicos em diversas células e tecidos, além de
apresentarem potencial carcinogênico. Um nanomaterial deveras abundante no
meio ambiente é o nanoplástico residual decorrente da degradação do plástico, que
é amplamente utilizado no dia-dia da população mundial. O lixo plástico é
amplamente reconhecido como uma ameaça ambiental global, e a má gestão e
descarte levam a níveis crescentes no meio ambiente, e a sua degradação de
macro para nanopartículas. Na nanoescala, os plásticos são difíceis de detectar e
podem ser transportados no ar, solo e compartimentos de água.
Ao longo dos anos vêm se constando por meio de estudos e pesquisas de
campo, a onipresença de detritos antropogênicos em escala nanométrica em
centenas de espécies de vida selvagem, e a toxicidade de produtos químicos
associados a eles começaram a levantar preocupações sobre a presença desses
detritos em frutos do mar. Pode-se encontrar na literatura vários achados de micro e
nanoplástico em animais marinhos.
O farmacêutico tem um papel importante na segurança e uso adequado dos
nanomateriais em medicamentos e cosméticos. Ele pode atuar na avaliação e
seleção dos nanomateriais utilizados em formulações farmacêuticas, bem como na
realização de estudos de toxicidade e na monitorização dos efeitos dos
medicamentos em pacientes. Além disso, ele pode contribuir na elaboração de
regulamentações para o uso seguro dos nanomateriais na área da saúde. É
importante que o farmacêutico tenha conhecimento sobre a nanotoxicologia e esteja
atualizado sobre as evidências científicas nessa área, a fim de garantir a segurança
dos pacientes e do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
NEL, A. et al. Toxic potential of materials at the nanolevel. Science, v. 311, n. 5761,
p. 622-627, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1126/science.1114397. Acesso
em: 20 mar. 2023.