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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

NANOTECNOLOGIA E DIAGNÓSTICO NA MEDICINA

Victória Cacita Teixeira

Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-


Bioquímica da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.

Orientador(a):

Prof.(a). Dr(a) Carlota De Oliveira Rangel


Yagui

São Paulo

2021
SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE ABREVIATURAS 3

RESUMO 4

1. INTRODUÇÃO 5

2. OBJETIVOS 10

3. MATERIAL E MÉTODOS 10

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 11

5. CONCLUSÃO 34

6. BIBLIOGRAFIA 35

7. ANEXOS 43

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

EMA European Medicines Agency

EROs Espécies reativas de oxigênio

FDA Food and Drug Administration

ISO International Organization for Standardization

NP Nanopartícula

PCR Reação em cadeia da polimerase

QD Quantum dots

SNP Single Nucleotide Polymorphism (Polimorfismo de nucleotídeo único)

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RESUMO

TEIXEIRA, V.C. Nanotecnologia e Diagnóstico na Medicina. 2021. 43p. Trabalho


de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências
Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.

Palavras-chave: Nanotecnologia, Nanopartículas, Nanodiagnóstico, Nanomedicina,


Teranóstico

INTRODUÇÃO: A nanotecnologia tem contribuído significativamente no campo da


medicina e farmácia, sendo que avanços são vistos em cirurgia, diagnóstico e
terapia do câncer, biodetecção de marcadores moleculares de doenças, imagem
molecular, tecnologia de implantes, engenharia tecidual, direcionamento a alvos
específicos (drug-delivery), dentre outros. Particularmente, muitos avanços são
observados no campo de diagnóstico. As aplicações da nanotecnologia na medicina
também enfrentam alguns desafios, como a nanotoxicidade e regulamentação.
OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi reunir informações relevantes e apresentar
uma revisão e análise crítica sobre a nanotecnologia e sua utilização no diagnóstico
de doenças, considerando seu desenvolvimento e desafios apresentados.
MATERIAL E MÉTODOS: Artigos científicos foram obtidos a partir de buscas em
bases de dados para análise. Sites de agências reguladoras também foram
consultados. RESULTADOS: Dentre os nanomateriais mais comumente utilizados
estão as nanopartículas, nanocristais, nanotubos de carbono, nanofios, quantum
dots, entre outros, apresentando muita relevância na aplicação teranóstica,
principalmente, no câncer. Algumas modificações podem ser feitas nos
nanomateriais, com o objetivo de trazer melhorias às suas aplicações, seja
aumentando a especificidade, sensibilidade, precisão e rapidez no diagnóstico. A
utilização da nanotecnologia já apresentou alguns progressos, em comparação com
técnicas convencionais de diagnóstico, como cultura e microscopia, imunologia e
reação em cadeia da polimerase (PCR). CONCLUSÃO: Em meio às diversas
contribuições que a nanotecnologia vem trazendo para a medicina e farmácia,
apresentando muito potencial futuro na área, também devem ser consideradas
algumas limitações, como a regulamentação desses produtos ao redor do mundo,
que tem enfrentado barreiras devido à falta de regulamentações globais unificadas
e possível impacto ambiental, além da nanotoxicidade, que pode ocorrer devido à
propriedades físico-químicas de materiais em escala nanométrica.

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1. INTRODUÇÃO

A nanotecnologia vem apresentando um crescente desenvolvimento nos


últimos anos com grande impacto econômico em diversas áreas de atuação, tais
como eletrônicos, automóveis, transporte, agricultura, fontes de energia renováveis.
Especialmente, tem contribuído muito no campo da medicina e farmácia,
destacando-se o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças, com maior
efetividade (SINGER et al., 2018). A nanotecnologia já é considerada uma área de
pesquisa multidisciplinar, com pesquisadores nos campos da física, química,
ciência dos materiais, ciência da computação e medicina, atuando em conjunto para
descobrir soluções para os desafios apresentados pela área (BAYDA et al., 2020).

Segundo o National Nanotechnology Initiative Program, a definição de


nanotecnologia compreende o entendimento e controle da matéria em dimensões
que variam de 1 a 100 nanômetros, em que fenômenos únicos permitem a utilização
de novas aplicações em diversos campos, como química, física, biologia, medicina,
engenharia e eletrônicos (National Nanotechnology Initiative, 2014). O prefixo
“nano” remete a algo de tamanho muito pequeno, e retrata um milionésimo de um
metro (10-9 m). Há uma distinção na definição entre os termos “nanociência” e
“nanotecnologia”. A nanociência está relacionada às estruturas e moléculas
compreendidas na nanoescala, já a nanotecnologia está relacionada ao controle da
matéria nessa escala nanométrica, aplicando a tecnologia a essas estruturas, como
em dispositivos. Materiais utilizados na escala nanométrica apresentam diferentes
propriedades físicas e químicas, em comparação com uma escala maior (BAYDA
et al., 2020).

Os compostos utilizados na nanotecnologia são os nanomateriais ou


nanoestruturas, que apresentam como característica um tamanho extremamente
reduzido, podendo variar de 1 a 100 nanômetros (um tamanho similar à muitas
estruturas biológicas do organismo humano). Na figura 1, é apresentada uma
comparação de dimensões de estruturas em diferentes escalas. Outras
características importantes desses compostos são suas propriedades ópticas e
magnéticas e área superficial, que tornam possível a detecção e diagnóstico

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precoce de possíveis enfermidades (ALHARBI; AL-SHEIKH, 2014). Na medida em
que o tamanho das partículas é reduzido à nanoescala, suas propriedades físicas
também podem ser alteradas, como resistência, condutividade, durabilidade,
reatividade, entre outros. Assim, é possível criar aplicações e produtos, baseados
na nanotecnologia (AKÇAN et. al., 2020). Portanto, pesquisadores podem
manusear as propriedades ópticas, magnéticas e elétricas das nanoestruturas,
alterando seu tamanho, forma ou composição atômica (HAUCK et al., 2010).

Figura 1: Comparação de dimensões de estruturas em diferentes escalas

Fonte: Adaptado de TOMA, 2009.

Nanomateriais devem apresentar ao menos uma dimensão (altura, largura


ou comprimento) com menos de 100 nanômetros e podem ser classificados de
acordo com características como seu tamanho, dimensão (até três dimensões),
conteúdo (inorgânico, orgânico), forma (nanopartículas, nanofibras, nanotubos etc.)
e origem (natural ou sintética). Os nanomateriais mais utilizados são as
nanopartículas, com todas as suas três dimensões externas na nanoescala
(compreendidas de 1 a 100 nanômetros) (AKÇAN et. al., 2020).

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Algumas das aplicações conhecidas da nanotecnologia na medicina são
vistas em cirurgia, diagnóstico e terapia do câncer, biodetecção de marcadores
moleculares de doenças, imagem molecular, tecnologia de implantes, engenharia
tecidual, direcionamento a alvos específicos (drug-delivery), e muitos outros. A
aplicação da nanotecnologia na área da saúde é conhecida como nanomedicina.
Estão entre alguns dos exemplos da nanomedicina os nanomateriais para entrega
de fármacos e medicina regenerativa, assim como nanopartículas que apresentam
atividade antibacteriana (BAYDA et al., 2020).

Dentre as nanoestruturas aplicadas à medicina e farmácia, tem-se


lipossomas (vesículas formadas por fosfolipídios), nanopartículas poliméricas,
dendrímeros (moléculas globulares ramificadas), nanocristais (agregados de
átomos que se combinam), nanotubos de carbono (moléculas cilíndricas, que
consistem em um arranjo hexagonal de átomos de carbono hibridizados), nanofios
(ferramentas elétricas, capazes de detectar com sensibilidade, interações de
pequenas moléculas), nanoconchas (um tipo de nanopartícula com núcleo
dielétrico, ex: sílica, e um revestimento de metal, geralmente ouro), quantum dots
(pontos quânticos, nanopartículas semicondutoras luminescentes), nanopartículas
metálicas (por exemplo, de ouro ou de prata) e nanopartículas magnéticas
(nanomateriais constituídos por elementos magnéticos, como ferro, cobalto,
manganês, apresentando propriedades magnéticas). Na tabela 1, estão descritos
alguns tipos de nanodispositivos e suas aplicações clínicas.

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Tabela 1 - Tipos de nanodispositivos e aplicações clínicas.

MODALIDADE POTENCIAIS APLICAÇÕES

Nanotubos de carbono

● Detecção de mutação de DNA;


● Detecção de doenças através de
biomarcadores de proteínas

Dendrímeros

● Agentes de contraste para imagem

Nanocristais

● Melhorias em formulações para fármacos com


baixa solubilidade

Nanopartículas
● Entrega de fármacos com direcionamento a
alvo específico;
● Intensificadores de permeabilidade;
● Ressonância magnética e ultrassom com
agentes de contraste;
● Angiogênese

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Tabela 1 - Tipos de nanodispositivos e aplicações clínicas (continuação).

MODALIDADE POTENCIAIS APLICAÇÕES

Nanoconchas

● Imagem específica do tumor

● Triagem de alto rendimento;


Nanofios ● Detecção de doenças através de biomarcadores de
proteínas;
● Detecção de mutação de DNA (polimorfismo de
nucleotídeo único - “SNPs”);
● Detecção de expressão gênica

Quantum dots (Pontos


quânticos)
● Detecção óptica de genes e proteínas em modelos
animais e ensaios celulares;
● Visualização de tumores e linfonodos

Fonte: Adaptado de ALHARBI; AL-SHEIKH, 2014.

No diagnóstico, diversas nanopartículas apresentam potencial para a


detecção de marcadores de doenças, células pré-cancerosas, fragmentos de vírus,
proteínas, anticorpos e outros (ALHARBI; AL-SHEIKH, 2014). Já a nanomedicina
teranóstica, aplicação da terapia e diagnóstico em conjunto, utiliza materiais
nanotecnológicos com a capacidade de diagnosticar, direcionar a terapia a alvos
específicos, além de monitorar a resposta terapêutica (LUNGU et al., 2019).

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As aplicações dos nanomateriais também enfrentam grandes desafios, como
a nanotoxicidade, efeitos adversos e citotoxicidade. Para um melhor controle
desses materiais e seus possíveis riscos, regulamentos e legislações devem ser
implementados, em conjunto com mais estudos multidisciplinares em diversos
campos das ciências médicas que incorporam a nanotecnologia (AKÇAN et. al.,
2020).

2. OBJETIVO(S)

Este trabalho de conclusão do curso de Farmácia-Bioquímica tem o objetivo


de apresentar uma revisão da literatura e realizar uma análise crítica sobre a
nanotecnologia na medicina, com foco em sua utilização no diagnóstico de doenças
e terapias, levando em conta, o desenvolvimento da área e os principais desafios e
limitações apresentados.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Estratégias de pesquisa

Para a realização do trabalho foram realizadas leitura, coleta de dados e


análise de diferentes artigos científicos sobre as aplicações da nanotecnologia em
diagnósticos e na medicina. Foram utilizados artigos científicos obtidos a partir de
buscas em bases de dados, como: Web of Science e PubMed. Sites de agências
reguladoras também foram consultados. As palavras-chaves utilizadas para
pesquisa dos artigos científicos foram: “Nanotechnology”, “Nanomaterials”,
“Nanoparticles”, “Diagnostic”, “Nanodiagnostic”, “Nanomedicine”, “Health”,
“Theranostic”, combinadas ou não, com a inclusão de termos relevantes, que
facilitem a busca.

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3.2 Critérios de inclusão

Foram considerados artigos científicos publicados nos últimos 10 anos (2010


a 2020), em inglês ou português, referentes ao uso de nanotecnologia para
diagnóstico e medicina. Artigos de revisão publicados em período anterior contendo
informações conceituais importantes também foram consultados.

3.3 Critérios de exclusão

Foram desconsiderados os artigos científicos que estejam fora do escopo


deste trabalho, ou seja, que abordam somente o emprego de nanoestruturas para
terapia ou anteriores a 2008, não correspondendo a revisões.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Nanotecnologia e Nanodiagnóstico

Os produtos que envolvem aplicação de nanotecnologia, regulamentados


pelo FDA (Food and Drug Administration), seguem os seguintes parâmetros: se um
material ou o produto final é projetado para ter ao menos uma dimensão externa ou
estrutura de superfície ou interna, na faixa de nanoescala entre 1 e 100 nanômetros;
e se um material ou o produto final é projetado para apresentar propriedades físicas,
químicas ou efeitos biológicos atribuíveis às suas dimensões, mesmo se estas
estiverem fora da faixa da nanoescala até 1000 nanômetros (AGRAHARI;
HIREMATH, 2017; Guidance for Industry - FDA, 2014).

Uma definição também muito adotada é a da ISO TC 229, que considera que
a nanotecnologia deve contemplar minimamente um dos seguintes aspectos:
“Entendimento e controle da matéria e processos em nanoescala, tipicamente, mas
não exclusivamente, abaixo de 100 nanômetros em uma ou mais dimensões, onde
o aparecimento de fenômenos dependentes de tamanho permite novas aplicações”
e “Utilização das propriedades dos materiais em nanoescala que são diferentes das
propriedades dos átomos individuais, moléculas, ou dos materiais macroscópicos,

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criando materiais, dispositivos e sistemas melhores que exploram essas novas
propriedades” (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, 2013).

De acordo com o Relatório de Acompanhamento Setorial de Nanotecnologia


na Área da Saúde, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), foi
proposta uma sugestão de algoritmo para a classificação de nanomateriais (Figura
2), em que algumas perguntas são feitas para que a classificação de um
nanomaterial seja feita de forma adequada. No entanto, autoridades regulatórias
nacionais, como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ainda não
apresentaram uma legislação específica para a nanotecnologia, e, portanto, ainda
não há definições muito bem estabelecidas para nanomateriais no âmbito nacional.
(Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, 2013).

O nanodiagnóstico apresenta inovação na área, com melhorias, como


aumento da sensibilidade e detecção precoce de enfermidades (ALHARBI; AL-
SHEIKH, 2014). Dessa forma, o desenvolvimento e a implementação de técnicas
diagnósticas com maior especificidade, sensibilidade, precisão, rapidez, baixo custo
e facilidade de uso é um objetivo importante da nanotecnologia voltada para o
diagnóstico (WANG et al., 2017).

Doenças infecciosas são altas fontes de morbidade e mortalidade em países


em desenvolvimento, onde há também recursos muito limitados. Tecnologias
emergentes podem superar alguns dos desafios apresentados pelo diagnóstico
dessas doenças nesses locais (HAUCK, et al., 2010). A técnica padrão-ouro para o
diagnóstico de doenças infecciosas inclui microscopia, cultura tecidual,
imunoensaio de fluxo lateral e ensaios de imunoabsorção enzimática (ELISA -
Enzyme-Linked Immunosorbent Assay).

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Figura 2: Algoritmo para a classificação de nanomateriais.

Fonte: Adaptado de Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, 2013.

Como mencionado, há alguns tipos de abordagens no diagnóstico


convencional para doenças infecciosas, incluindo cultura e microscopia, imunologia
e a reação em cadeia da polimerase, PCR. Por bastante tempo, a cultura e
microscopia foi a estratégia mais comumente utilizada na detecção de agentes
infecciosos, na qual era realizado o cultivo em meio de cultura do microrganismo,
seguindo pela observação da colônia formada, por meio de microscópio. A
microscopia reconhece e detecta os patógenos diretamente das amostras coletadas
dos pacientes (WANG et al., 2017).

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Já a técnica baseada em imunologia, amplamente empregada, tem a
capacidade de detecção de ligações específicas entre antígeno-anticorpo. Dentre
as técnicas imunológicas, tem-se o ensaio imunoenzimático (ELISA), imunoensaios
fluorescentes, imunoensaios magnéticos, radioimunoensaios, entre outros. E as
técnicas de PCR são baseadas na amplificação de RNA ou DNA de patógenos para
diagnosticar doenças infecciosas. Essas técnicas apresentam vantagens, como a
especificidade, sensibilidade e acurácia, contudo há também algumas limitações,
como lentidão, alto custo, possibilidade de contaminação cruzada, além da
demanda de habilidades técnicas, ainda mais considerando países em
desenvolvimento, com a constante falta de recursos (WANG et al., 2017).

A nanotecnologia é capaz de contornar algumas das limitações dessas


técnicas diagnósticas convencionais, por meio das características das
nanoestruturas (TALLURY et al., 2010). A proporção de superfície de contato e
volume das nanoestruturas torna-as apropriadas para incorporar outras moléculas
de direcionamento, implementando melhorias na sensibilidade e resultados de
detecção mais rápidos e em tempo real, com a utilização de menores volumes de
amostras coletadas de pacientes, como amostras de sangue, urina e escarro
(WANG et al., 2017).

Diversos tipos de nanopartículas têm sido estudadas e têm se mostrado


promissoras no diagnóstico de doenças infecciosas. Nanopartículas fluorescentes
(carregadas com corante, quantum dots), nanopartículas magnéticas e metálicas
(exemplo: nanopartículas de ouro e prata) têm sido empregadas para imagem,
rastreio e detecção de inúmeros microrganismos infecciosos (TALLURY et al.,
2010).

A nanotecnologia tem sido aplicada ao diagnóstico de doenças infecciosas


por meio da construção de sensores em diferentes plataformas, como
nanopartículas marcadas em ensaios imunocromatográficos e ensaios de
agregação de nanopartículas. Esses testes são baseados nos conceitos de ELISA
e são capazes de detectar anticorpos presentes no sangue ou outros fluidos. Há
variações dos limites de detecção, com base na espécie de patógeno a ser

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detectado. Os ensaios de fluxo lateral tradicionais são baseados na detecção
colorimétrica, visível ao olho nu, por meio da utilização de corantes, partículas
compostas por látex ou nanopartículas de ouro, utilizadas como agentes de
contraste, e sendo essa última, uma das primeiras aplicações de nanopartículas na
detecção de doenças. Já os métodos de agregação de nanopartículas têm sido
muito estudados também nos últimos anos, estratégia que é baseada na interação
entre a molécula alvo e anticorpos ligados à nanoestruturas, e para esses fins, as
nanopartículas de ouro e prata apresentam forte absorção óptica, causando uma
mudança de coloração para vermelho após a agregação, fornecendo um sinal óptico
apropriado, devido à agregação (HAUCK et al., 2010).
Um exemplo dessa aplicação foi demonstrado através da detecção de
proteínas em solução salina, soro e sangue, com a utilização de anticorpos
conjugados à superfície de nanoconchas de ouro. A interação do antígeno-alvo,
com a agregação do conjugado anticorpo-nanoconcha, foi detectada por um
espectrofotômetro UV-Vis padrão. Em cerca de 10 minutos, o ensaio conseguiu
detectar as proteínas, em um limite de detecção comparável aos ensaios ELISA, no
entanto, o método ELISA ainda requer preparação mínima da amostra e uma etapa
de purificação. Outro exemplo, dessa vez apresentando uma melhoria na
especificidade, refere-se a nanofios de sílica dopados com boro (na intenção de
introduzir impurezas, para modificar a condutividade) para detectar o vírus influenza
A. Um anticorpo específico para o vírus foi anexado aos nanofios de sílica e uma
análise da mudança de condutividade no nanofio foi realizada, após a interação
antígeno-anticorpo. Mudanças mensuráveis na condução em concentrações virais
de 100 U/µL foram alcançadas. Para a especificidade, foi mostrado que o nanofio
revestido por anticorpos não produziu sinais mensuráveis, quando incubado com
outros tipos de vírus, como adenovírus e paramixovírus (HAUCK et al., 2010).

Na tabela 2, são apresentados alguns microrganismos patogênicos, o tipo de


nanomaterial capaz de reconhecer e detectar esses patógenos, e uma descrição da
eficiência em utilizar nanomateriais, em comparação com métodos convencionais.
As propriedades únicas dos nanomateriais descritos na tabela, como propriedades
ópticas e magnéticas, grande área de superfície, que permite a ligação de muitas

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moléculas específicas do alvo de interesse, proporcionando uma detecção mais
sensível. Esses nanomateriais têm sido utilizados com sucesso para imagem,
rastreio e detecção de diversos microrganismos patogênicos (TALLURY et al., 2010).

Tabela 2: Resumo das nanopartículas (NP) estudadas no diagnóstico de patógenos infecciosos.

Eficiência /
Método de
Patógeno Nanomaterial Reconhecimento Limite de
Detecção
detecção

QDs Anticorpo Microscopia de Mais sensíveis


biotinilado fluorescência que corantes
(função de unir convencionais
nanoestruturas)

Escherichia coli
O157:H7 QDs e NPs Anticorpo Fluorimetria 100x mais
magnéticas sensível que
isotiocianato de
fluoresceína
(citometria de
fluxo)

Mycobacterium NPs de ouro Oligonucleotídeo Espectroscopia Detecção visual


tuberculosis UV-Visível

Listeria NPs Anticorpo PCR 226 CFU/.5 mL


monocytogenes magnéticas

Salmonella NPs de ouro e Ensaio de DNA Fluorescência 1 ng/mL


enteritidis magnéticas

Staphylococcus NPs Vancomicina Contagem de -


epidermidis magnéticas placas

Vírus: QDs Anticorpo Alteração de Única etapa /


RSV coloração tempo mais curto
(vírus sincicial
respiratório)

Fonte: Adaptado de TALLURY et al., 2010.

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Além das melhorias já citadas, as ferramentas de nanodiagnóstico podem
ser valiosas para o diagnóstico de doenças infecciosas em áreas com recursos mais
escassos, como nos países em desenvolvimento (WANG et al., 2017).

4.2 Nanotecnologia e Câncer

Uma das aplicações mais promissoras da nanotecnologia refere-se ao


tratamento de câncer, sendo que a detecção precoce é um passo importante e
crítico para o melhor tratamento possível ao paciente. Segundo a definição da
Organização Mundial da Saúde, o câncer é um grupo de doenças que pode ter início
em órgãos ou tecidos diversos, apresenta um crescimento anormal de células,
podendo invadir outros tecidos ou órgãos, processo conhecido como metástase,
uma das principais causas de morte decorrentes do câncer (World Health
Organization, 2021). Dentre os tipos mais comuns de câncer que causam morte no
mundo, estão câncer de pulmão, fígado, colorretal, estômago e de mama (LENG,
et al., 2018), sendo a doença responsável por quase 10 milhões de mortes, em
2020. A Tabela 3 mostra alguns dados recentes em termos de novos casos de
câncer e morte, por tipo de câncer, em 2020 (World Health Organization, 2021).

A origem do câncer pode ser por meio de uma mutação genética, podendo
ocorrer em proto-oncogenes, que codificam proteínas que auxiliam no crescimento
e diferenciação celular, e, inicialmente, são inativos em células normais. No entanto,
quando ativados, os proto-oncogenes tornam-se oncogenes, convertendo células
normais em células cancerosas. A conversão dos proto-oncogenes em oncogenes
pode ocorrer por amplificação, com um aumento de expressão gênica (INCA, 2019).

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Tabela 3: Novos casos de câncer e causas de morte, em 2020

Tipos mais comuns de câncer (novos Tipos mais comuns de morte por
casos) câncer

Mama (2,26 milhões de casos) Pulmão (1,80 mortes)

Pulmão (2,21 milhões de casos) Cólon e reto (935 mil mortes)

Cólon e reto (1,93 milhão de casos) Fígado (830 mil mortes)

Próstata (1,41 milhão de caso) Estômago (769 mil mortes)

Pele (não-melanoma) (1,20 milhão de casos) Mama (685 mil mortes)

Estômago (1,09 milhão de casos) -

Fonte: World Health Organization, 2021.

O tratamento desses cânceres causa estresse nos pacientes, levando em


consideração, principalmente, condições financeiras e psicológicas. Deste modo, o
diagnóstico precoce ajuda na recuperação e traz um alívio em algumas dessas
preocupações, assegurando também um tratamento com maior qualidade.

Muitos progressos têm sido feitos na área de nano-oncologia, como


melhorias na eficácia de fármacos quimioterápicos para diversos tipos de cânceres
humanos. Esses progressos foram alcançados tendo como alvo o local do tumor,
com diversas moléculas funcionais, como nanopartículas, anticorpos e agentes

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citotóxicos. Dessa forma, os nanomateriais podem ser empregados de forma
independente, ou para entregar fármacos com o intuito de modular processos
biológicos essenciais como metabolismo, estresse oxidativo, desempenhando a
atividade anticâncer (BAYDA et al., 2020).

As ferramentas de diagnóstico para câncer incluem tomografia


computadorizada (CT), ressonância magnética nuclear (NMR), tomografia
computadorizada por emissão de pósitrons (PET) e indicadores bioquímicos. No
entanto, essas técnicas apresentam limitações, como baixa sensibilidade e
precisão, o que pode prejudicar o diagnóstico precoce. Além disso, os custos do
PET, por exemplo, são altos, o que dificulta sua ampla utilização (LENG et al., 2018).

No câncer, aplicações biomédicas têm se mostrado promissoras, com a


utilização de nanopartículas magnéticas, como por exemplo, a hipertermia
magnética. Esta técnica se baseia nos efeitos que o aumento da temperatura
apresenta nas células, contribuindo com melhorias também na ressonância
magnética, na utilização de agentes de contraste e eficiência no drug-delivery
(ESPINOSA et al., 2016; LENG et al., 2018). A hipertermia magnética é descrita
como a geração de calor por nanopartículas magnéticas em resposta à aplicação
de um campo magnético (WILLIAMS, 2017). A terapia hipertérmica de tumor tem
sido aplicada ao corpo ou tecidos superficiais, uma vez que as células cancerosas
são mais sensíveis ao calor do que os tecidos normais. Além disso, nanopartículas
magnéticas foram desenvolvidas para atingir alto contraste de tecido e melhorar a
sensibilidade da imagem. Os materiais mais estudados para os agentes de
contraste são as nanopartículas de óxido de ferro, usualmente revestidas com
polímeros, e empregadas na ressonância magnética (ESPINOSA et al., 2016;
HAHN et al., 2011).

Nanopartículas como quantum dots (pontos quânticos), magnéticas e


metálicas (de ouro) são algumas das mais estudadas e utilizadas no diagnóstico
precoce de vários tipos de câncer, como pulmão, fígado e mama. Substâncias
produzidas por células tumorais podem servir como biomarcadores de câncer,
sendo que estas células cancerosas podem ser marcadas com quantum dots,

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tornando possível sua detecção, e constatando assim, a presença de tumor, por
ferramentas de imagem, de forma sensível. Os quantum dots podem ser utilizados
como nanossondas, dispositivos ópticos com a capacidade de detectar substâncias,
e que podem responder à presença de espécies químicas. Além disso, a dispersão
ou agregação das nanopartículas de ouro permite a exibição de diferentes cores,
tornando possível a leitura sem a necessidade de equipamentos especializados.
(LENG et al., 2018). Nos tópicos abaixo, são discutidos mais detalhadamente estes
tipos de materiais.

4.3 Nanomateriais magnéticos

Os nanomateriais magnéticos, como as nanopartículas têm apresentado alta


relevância e eficiência no campo da medicina por conta de sua utilização em
sistemas de drug-delivery, agentes de contraste para imagens de ressonância
magnética, sendo esta última, utilizada devido à combinação de suas propriedades
magnéticas, biodegradabilidade e funcionalidade de superfície. As nanopartículas
magnéticas são capazes de absorver energia de um campo magnético e converter
essa energia em calor (CANCINO; MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014).

Dentre as nanopartículas magnéticas mais utilizadas, estão as


nanopartículas de óxido de ferro, que apresentam em sua composição núcleos de
magnetita, e têm sido empregadas como agentes de contraste para imagens de
ressonância magnética. É possível realizar modificações na superfície desses
materiais, como por exemplo, mediante a conjugação com anticorpos, proteínas e
ácidos nucleicos, com o objetivo de detecção de patógenos que podem causar
doenças infecciosas, como vírus, bactérias e parasitas (WANG et al., 2017).

Foi demonstrada a utilização de nanopartículas magnéticas com núcleo de


óxido de ferro e revestimento de prata para o diagnóstico precoce, e de forma
eficiente, da malária, doença infecciosa causada por protozoário que infecta células
do sangue do hospedeiro. A malária pode se agravar em pouco tempo após

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desenvolvimento dos primeiros sintomas, e por esse motivo, seu diagnóstico
precoce é extremamente importante, por meio da detecção de hemozoína nas
células sanguíneas infectadas, um subproduto da degradação da hemoglobina,
sendo que esta última serve de alimento para os parasitas. A hemozoína tem sido
explorada como um biomarcador para a infecção por malária (YUEN; LIU, 2012).

Tratando de questões e preocupações mais atuais, a nanotecnologia


também tem contribuído em um tema bastante recente, a pandemia relacionada à
COVID-19, causada por SARS-CoV-2, vírus identificado primeiramente na província
de Wuhan, na China, em dezembro de 2019. O vírus rapidamente se espalhou
através dos continentes, e em março de 2020, foi declarada uma pandemia, de
acordo com a Organização Mundial da Saúde.

A apresentação clínica da doença causada pelo SARS-CoV-2 tem


semelhanças com a pneumonia causada por SARS-CoV (Severe Acute Respiratory
Syndrome Coronavirus) e MERS-CoV (Middle East Respiratory Syndrome
Coronavirus), também da família dos coronavírus. Alguns pacientes podem
apresentar sintomas mais severos, como a dificuldade respiratória, podendo evoluir
para condições críticas, como choque séptico ou falência múltipla de órgãos
(ANTIOCHIA, 2020).

Para rastrear e controlar a transmissão do vírus, os testes de diagnóstico


precoce são essenciais. Um dos testes mais utilizados para COVID-19 é o RT-PCR
(Reverse Transcription Polymerase Chain Reaction), uma ferramenta da biologia
molecular, que realiza a amplificação de uma sequência genética específica do vírus
utilizando amostras de swabs nasofaríngeos. O método baseado em PCR
apresenta alta sensibilidade e especificidade. (SHEN et al., 2020). Como alternativa
de teste, há o ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA), para detectar
anticorpos ou antígenos específicos no sangue. Métodos como ambos os citados
também apresentam algumas limitações, como a necessidade de instrumentos de
alto custo, laboratórios especializados, além de profissionais capacitados, bem
treinados (ANTIOCHIA, 2020).

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O desempenho dessas ferramentas passou por melhorias devido aos
avanços de nanomateriais na construção de biossensores. Melhorias na eficiência
e sensibilidade foram alcançadas graças às características dos nanomateriais,
como excelente condutividade e propriedades fotoeletroquímicas (ANTIOCHIA,
2020).

A estratégia empregada para a detecção do SARS-CoV-2 por meio de


nanobiossensores é a utilização de anticorpos ou cDNA, com a finalidade de
capturar o antígeno ou RNA viral. Uma ferramenta FET (“Field Effect Transistor”
transistor de efeito de campo), baseada em grafeno foi projetada para a
determinação da carga viral de SARS-CoV-2 em amostras da nasofaringe de
pacientes com COVID-19. A área de detecção do biossensor baseado em FET
compreende uma folha de grafeno (folha de duas dimensões, formada por átomos
de carbono ligados covalentemente, que formam a base do grafite e dos nanotubos
de carbono) (LEE et al., 2008), que é transferida para um substrato de SiO2/Si, e
então, modificado com o anticorpo contra a proteína spike de SARS-CoV-2. A folha
de grafeno, em conjunto com os nanotubos de carbono são os materiais à base de
carbono nanoestruturados mais promissores para aplicações com biossensores. A
detecção do antígeno spike de SARS-CoV-2 é feita, em concentrações de 1fg/mL,
um limite de detecção inferior aos relatados pelos métodos PCR e ELISA,
apresentando, portanto, melhoria na sensibilidade (Figura 3). Além disso, o sensor
não demonstrou resposta significativa para as proteínas spike de MERS-CoV,
apresentando também uma alta especificidade para a proteína spike de SARS-CoV-
2 (ANTIOCHIA, 2020; SEO et al., 2020).

22
Figura 3: Representação esquemática do imunossensor baseado em grafeno FET para SARS-
CoV-2. Lista de abreviaturas: S, source; D, drain.

Fonte: Adaptado de ANTIOCHIA, 2020.

4.4 Nanomateriais metálicos

As nanopartículas metálicas mais empregadas em diagnóstico são as


nanopartículas de ouro e prata. Elas apresentam a capacidade de emitir uma
intensa absorção quando excitadas com radiação eletromagnética, por conta de
oscilações de elétrons de superfície. A frequência de oscilação desses elétrons está
em ressonância com a luz incidente (WANG et al., 2017; TALLURY et al., 2010).

Em solução, as nanopartículas de ouro demonstraram a capacidade de


alterar sua coloração, de vermelho para azul. Essa alteração foi apresentada após
agregações guiadas por DNA, fazendo com que esses materiais sejam adequados
para nanodiagnóstico. Anticorpos, antígenos e enzimas são algumas das moléculas
que podem ser conjugadas com nanopartículas de ouro, como marcadores
eletroquímicos, sondas ópticas e amplificadores de transferência de sinal para
diagnóstico (WANG et al., 2017).

23
Os nanomateriais de ouro apresentam elevada estabilidade e eficiente
absorção de luz. Podem ser empregados como biossensores, diagnóstico e como
nanotransportadores de moléculas dentro das células (CANCINO; MARANGONI;
ZUCOLOTTO, 2014). A utilização de nanopartículas de ouro permite a detecção por
quimioluminescência de DNA, como uma estratégia de diagnóstico do câncer
(LENG et al., 2018).

Esses materiais também têm sido amplamente utilizados em fototermia,


devido à suas características, como tamanho, forma e propriedades físico-químicas.
Sua forma pode ser modificada para nanorods (nanomateriais em formato de
bastão), que têm a capacidade de deslocar o comprimento de onda de absorção
visível para o comprimento do infravermelho (ANIKEEVA, P.; DEISSEROTH, K.,
2012). Em comparação com materiais de contraste fototérmico tradicionais, as
nanoestruturas apresentam alguns benefícios, como: controle do tamanho e forma,
permitindo um fácil ajuste na síntese, garantindo aplicações também em terapia
gênica e drug-delivery (CANCINO; MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014).

Nanomateriais de ouro podem acumular, preferencialmente, no interior de


tumores e permitem a ablação seletiva de tumor fototérmico, por meio da
penetração à luz infravermelha. A ablação está relacionada à destruição das células
tumorais por intermédio de aplicações de energia térmica (ANIKEEVA, P.;
DEISSEROTH, K., 2012; MELANCON, 2011).

Além das nanopartículas metálicas, têm-se utilizado bastante também os


nanofios metálicos como estratégia de detecção baseada em leituras ópticas ou
elétricas (TALLURY et al., 2010).

4.5 Quantum dots (Pontos quânticos)

Os quantum dots (QDs) são nanopartículas ou nanocristais semicondutores,


de tamanho muito reduzido (aproximadamente 1 a 10 nm), empregados em imagem
molecular para diagnóstico. QDs que emitem no infravermelho próximo incluem

24
compostos dos grupos II-IV, IV-VI e III-V da tabela periódica, por exemplo, CdSe
(seleneto de cádmio), CdTe (telureto de cádmio), PbS (sulfeto de chumbo), entre
outros (HAHN et al., 2011). Apresentam propriedades ópticas e características
inovadoras, como controle de emissão de luz e fotoestabilidade. As propriedades
ópticas dos QDs podem ser ajustadas, alterando seu tamanho e composição
(WANG et al., 2017; WAGNER et al., 2019).

QDs apresentam algumas características notáveis, tais quais efeitos como


confinamento quântico, espectro estreito de emissão, alto brilho. Esses materiais
são dispositivos ópticos capazes de detectar substâncias de pequeno tamanho, que
respondem à presença de espécies químicas, podendo ser utilizadas no diagnóstico
de câncer (LENG et al., 2018).

Os quantum dots também têm aplicação em imagens de fluorescência, em


que suas propriedades ópticas tornam possível a transmissão de vários sinais
simultaneamente, onde diferentes cores de QDs são utilizadas em um único ensaio,
e com apenas uma fonte de excitação Um exemplo dessa aplicação é a utilização
dos quantum dots para procedimento de mapeamento de linfonodo, por meio da
imagem de fluorescência infravermelha próxima (HAHN et al., 2011).

Um nanocristal semicondutor pode ser diferenciado por sua energia de


“bandgap” (intervalo de banda), a energia necessária para excitar um elétron de
uma banda eletrônica para outra, em um nível de energia mais alto. Quanto menor
for o quantum dot, maior será o “bandgap” (intervalo de banda) e os comprimentos
de onda de excitação e emissão diminuem. Portanto, a cor emitida por esses
materiais depende do seu tamanho, que está relacionado ao comprimento de onda.
Quanto maior for o QD, maior será o comprimento de onda e menor a frequência
emitida. Por exemplo, os nanocristais de maior tamanho vão emitir luz vermelha, e
os de menor tamanho, vão emitir luz azul, de acordo com o espectro de emissão.
Na Figura 4a abaixo, é possível observar a imagem de fluorescência de quantum
dots após iluminação ultravioleta, com variação dos tamanhos, em nanômetros. E
na Figura 4b, é possível observar os espectros de fluorescência das mesmas
amostras de quantum dots. E é o intervalo de banda que define o quanto de energia

25
é necessária para fazer com que os elétrons saltem da banda de valência para a
banda de condução (Figura 5) (WAGNER et al., 2019; SILVA, 2015).

Figura 4: Imagem e espectro de fluorescência de quantum dots em relação ao


comprimento de onda (nm).

Fonte: Adaptado de WAGNER et al., 2019.

Figura 5: Relação entre o intervalo de banda (band gap), energia e tamanho de QDs

26
Fonte: Adaptado de BRKIĆ, 2017.

4.6 Nanotoxicologia

A toxicidade dos nanomateriais é afetada por sua composição, assim como


para os materiais em seu estado bruto. Outras propriedades como tamanho, forma,
gradiente de absorção de proteína e suavidade ou rugosidade de sua superfície
também contribuem para a determinação da toxicidade desses materiais
(SHAHRIAR et al., 2012).

Para entendermos a toxicidade desses materiais, alguns aspectos dos


nanomateriais relacionados à magnitude, duração e frequência de exposição, vias
de introdução e contato com biossistemas devem ser avaliados, além de suas
propriedades físico-químicas. Há três entidades em interação na nanotoxicologia, a
sintética, coloidal e biológica, que contribuem para a avaliação da toxicidade de
nanomateriais. A entidade sintética é relacionada à composição dos nanomateriais
e propriedades físico-químicas exclusivas, como composição, tamanho, área
superficial, carga, condutividade elétrica, entre outras. A entidade coloidal é
relacionada às suspensões de nanomateriais, em que se dispersa nanomateriais
em meio biológico adequado (como água, meio tampão) para avaliação de sua
toxicidade relativa à estabilidade coloidal (agregação, precipitação). E por fim, a
entidade biológica segue uma divisão em in-vitro, em que células isoladas expostas

27
a agentes de interesse são utilizadas e critérios indicadores de toxicidade são
avaliados, como produção de radicais livres e lesões no DNA; e in vivo, em que
organismos, como coelhos e camundongos, são empregados como modelos e as
alterações no desenvolvimento desses organismos são avaliadas e servem como
indicadores de toxicidade (MARTINEZ; ALVES, 2013).

O campo da nanotoxicologia tem o objetivo de determinar os possíveis


efeitos adversos apresentados por nanomateriais, na saúde humana e no meio
ambiente. Alguns fatores como o tempo de exposição, dose, concentração,
tamanho e forma das partículas, área de superfície e carga devem ser levados em
conta, pois têm uma importante função na avaliação da toxicidade desses materiais.
Por exemplo, ao diminuir o tamanho de um nanomaterial, sua superfície de contato
é maior, o que acarreta em uma maior quantidade de moléculas se ligando à área
superficial, levando ao aumento de efeitos tóxicos (AKÇAN et. al., 2020).

A principal porta de entrada de nanomateriais no corpo humano é através da


inalação pelo trato respiratório, tendo grande contato com os pulmões, podendo
ocorrer a deposição de partículas no órgão. O contato com os nanomateriais
também pode ocorrer por meio da pele, trato gastrointestinal, por meio de implantes
(AKÇAN et. al., 2020).

Foi relatado em alguns estudos realizados com animais, que nanotubos de


carbono produzem fibrose, inflamação e granuloma nos pulmões, podendo causar
distúrbios vasculares sistêmicos (GATOO et. al., 2014; Department of Health and
Human Services - Centers for Disease Control and Prevention, 2015). Ainda levando
em conta o sistema respiratório, também foi determinado em estudos com ratos que
nanopartículas de óxido de ferro causaram toxicidade nos pulmões desses animais
(SADEGHI; BABADI; ESPANANI, 2015).

As nanopartículas magnéticas de óxido de ferro apresentam aplicações na


biomedicina, devido à biocompatibilidade, estabilidade e fácil utilização. Devido ao
uso dessas partículas, a exposição a elas é maior. Um dos efeitos prejudiciais mais
comuns desses materiais é o aumento de espécies reativas de oxigênio (EROs),

28
causando estresse oxidativo, sendo esse o principal mecanismo de toxicidade das
nanopartículas, podendo levar à inflamação e à apoptose (SADEGHI; BABADI;
ESPANANI, 2015). Pelo fato de nanomateriais apresentarem pequenas dimensões,
a alta reatividade na superfície já faz com que produzam mais espécies reativas de
oxigênio (YIN et. al., 2012; AKÇAN et. al., 2020). O aumento das espécies reativas
de oxigênio é dose-dependente, mas não se mostrou linear, o que talvez tenha
ocorrido devido à agregação de nanopartículas em altas doses (SADEGHI;
BABADI; ESPANANI, 2015; AKÇAN et. al., 2020).

No estudo relatado por Sadeghi et al., (2015), para a administração de


nanopartículas de Fe2O3 (em duas doses: 20 e 40 mg/Kg e diferentes números de
injeções: 7 vezes em 14 dias e 14 vezes em 28 dias), foi utilizado o método de
inalação pulmonar com auxílio de éter, em tecidos de pulmão e fígado de ratos. A
glutationa total (GSH), um antioxidante que atua no combate aos radicais livres, foi
medida por espectrofotometria, assim como enzimas hepáticas (alanina
aminotransferase, ALT; aspartato aminotransferase, AST e fosfatase alcalina, ALP)
para avaliação da condição do fígado. Os resultados mostraram que as
nanopartículas penetraram na circulação e chegaram rapidamente ao fígado,
causando inflamação tanto nos tecidos do pulmão, quanto do fígado. Estudos
histológicos mostraram que a utilização de nanopartículas causou enfisema
pulmonar, hiperemia intersticial e inflamação dos pulmões. Com o aumento da dose,
os sintomas se apresentaram com maior intensidade.

Inúmeros estudos sobre o tema revelam que diversos tipos de nanomateriais


causam toxicidade por meio da ativação de espécies reativas de oxigênio (YIN et.
al., 2012; AKÇAN et. al., 2020). Um esquema resumido sobre a relação das
espécies reativas de oxigênio e a toxicidade de nanomateriais pode ser observado
na Figura 6 abaixo.

29
Figura 6: Espécies reativas de oxigênio e toxicidade de nanomateriais.

Fonte: Adaptado de AKÇAN et. al., 2020.

Outros fatores também contribuem para a toxicidade de nanomateriais, como


forma, revestimento da superfície, tamanho molecular, estado de oxidação,
solubilidade e grau de agregação (NEL et al., 2006). O aumento do efeito tóxico das
nanopartículas é diretamente proporcional à diminuição de seu tamanho (AKÇAN
et. al., 2020).

Os efeitos adversos promovidos pela toxicidade dos nanomateriais são uma


grande preocupação para a medicina, e dessa forma, com o intuito de avaliar e
controlar os riscos relacionados a esses materiais, devem ser implementadas
legislações e regulamentações sobre o tema, além da realização de estudos
multidisciplinares (AKÇAN et. al., 2020).

30
4.7 Regulamentação de Nanomateriais

Um dos maiores desafios relacionados aos nanomateriais na medicina


refere-se à regulamentação em órgãos como Food and Drug Administration (FDA)
dos Estados Unidos da América e ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) no Brasil. Aproximadamente um terço das submissões relacionadas à
nanomedicina é representada por nanocristais. Dentre os desafios apresentados
para esses materiais, também estão questões como o controle de qualidade,
processo de fabricação e estabilidade, distribuição do tamanho das nanopartículas,
presença de impurezas e a correlação de testes de dissolução in vitro-in vivo
(MÜHLEBACH, 2018). Muitos dos dados de segurança e eficácia para esses
materiais são utilizados com base nos materiais em seu estado bruto, a granel,
apresentando atividade farmacodinâmica e farmacocinética diferentes. Portanto,
não seriam dados representativos para sua utilização clínica.

De maneira geral, a falta de dados para determinação de segurança tanto


para seres humanos, quanto para o meio ambiente é um grande obstáculo para o
desenvolvimento dos nanoprodutos com segurança e eficácia (FOULKES et al.,
2020). Exemplificando, uma solução coloidal aquosa de nanopartículas de óxido de
ferro, com propriedades superparamagnéticas, utilizada como agente de contraste
para ressonância magnética, para avaliação da disseminação do tumor primário em
câncer pélvico, teve sua autorização para comercialização retirada do mercado
devido a preocupações durante os ensaios clínicos, em 2008. Reações adversas
severas, como dores musculares, reações alérgicas que causaram uma morte, por
exemplo, foram apresentadas. Com esses dados de eficácia, o risco-benefício para
esse produto não foi considerado positivo (European Medicines Agency: Pre-
authorisation Evaluation of Medicines for Human Use, 2008).

Métodos de toxicidade in vitro são utilizados como uma primeira abordagem


para avaliar nanopartículas, pois além de serem uma maneira mais eficiente em
termos de custo e tempo, também permitem maior controle sobre as condições do
experimento, em comparação com testes em animais, por exemplo (FOULKES et
al., 2020). Ademais, há evidências de que ensaios tradicionais utilizados para testes

31
in vitro de moléculas pequenas não são adequados para o propósito de
nanomateriais, uma vez que esses materiais podem interagir com os reagentes dos
ensaios in vitro ou causar interferência no mecanismo de detecção, por conta de
algumas das propriedades dos nanomateriais (alta capacidade de adsorção,
propriedades ópticas, catalíticas e magnéticas, entre outras), gerando possíveis
resultados falsos positivos ou dados inválidos (FOULKES et al., 2020).

Por conta disso, novos ensaios para avaliar a toxicidade dos nanomateriais
são necessários antes que uma orientação regulamentar apropriada seja realizada
de fato, o que acaba trazendo dificuldades e obstáculos no progresso em regularizar
esses produtos voltados para a nanomedicina (FOULKES et al., 2020).

Uma vez que a área da nanomedicina está constantemente evoluindo e se


desafiando, tanto o FDA quanto EMA (European Medicines Agency), em conjunto
com outras agências reguladoras, sugerem que a avaliação e aprovação dos
produtos voltados para a nanomedicina sejam realizadas caso a caso (AGRAHARI;
HIREMATH, 2017). O FDA encoraja os fabricantes a consultá-lo no início do
processo de desenvolvimento de produtos baseados em nanotecnologia para
aconselhar sobre quaisquer dúvidas relacionadas à segurança, eficácia ou outros
atributos desses produtos, garantindo, dessa forma, o cumprimento de todos os
requisitos legais aplicáveis (FDA - Nanotechnology Fact Sheet, 2018; FDA’s
Approach to Regulation of Nanotechnology Products, 2018).

Os desafios regulatórios, de acordo com as perspectivas da União Europeia


(European Union) estão também baseados nas características e propriedades dos
nanomateriais, que tornaram o desenvolvimento e o processo de fabricação desses
produtos de difícil execução, aplicando-se também aos seus produtos
subsequentes, como os nanossimilares. Por exemplo, pequenas alterações na
fabricação podem acarretar em mudanças desconhecidas na composição, afetando
também o desempenho clínico (FLÜHMANN et al., 2019).

32
Ainda que haja um impacto relevante da nanotecnologia na área da saúde,
apenas alguns produtos de fato alcançaram o mercado. A Figura 7 apresenta alguns
dos principais desafios apresentados na regulação desses nanomateriais.

Figura 7: Diagrama com os principais desafios na regulação de Nanomateriais e Nanofármacos.

Fonte: Adaptado de FOULKES et al., 2020.

Em 2014, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) instituiu o


Comitê Interno de Nanotecnologia (CIN), com a finalidade de coordenar ações em
nanotecnologia. Dentre as atribuições do Comitê estão acompanhar a elaboração
de normas ou guias específicos destinados à avaliação de segurança,

33
monitoramento e controle de produtos e processos nanotecnológicos (Portaria N°
1.358, de 20 de agosto de 2014 – Diário Oficial da União).

No Brasil, o desenvolvimento de produtos nanotecnológicos aplicados à


medicina e saúde é uma grande possibilidade, levando em conta as preocupações
com regulações, padronizações e normas ISO (International Organization for
Standardization). No nosso país, o desenvolvimento de produtos nanotecnológicos
aplicados à medicina e saúde ainda é concentrado em universidades e centros de
pesquisa (CANCINO; MARANGONI; ZUCOLOTTO, 2014). No que diz respeito à
regulamentação brasileira de produtos nanotecnológicos, o foco é a captação de
fundos de investimento para desenvolver a pesquisa e a indústria nesse campo
(LAZZARETTI; HUPFFER, 2019).

5. CONCLUSÃO

A utilização de nanomateriais na medicina tem apresentado um grande


crescimento na última década, mostrando diversas aplicações na área clínica.
Dentre os nanomateriais mais comumente utilizados estão as nanopartículas,
nanocristais, nanotubos de carbono, nanofios, quantum dots, dentre outros, tendo
também muita relevância na aplicação teranóstica, principalmente, no câncer, com
abordagens como o direcionamento a alvos específicos de fármacos às células
cancerosas.

No campo do diagnóstico, a nanotecnologia vem contribuindo muito


principalmente, com o objetivo de dar início a tratamentos de doenças o mais cedo
possível, direcionando terapias, trazendo menos riscos para os pacientes e
melhorando a qualidade de vida.

Uma das limitações dos nanomateriais na medicina é a regulamentação


desses produtos ao redor do mundo, que tem enfrentado algumas barreiras e
desafios, como a falta de regulamentações globais unificadas, possível impacto

34
ambiental, definições e classificações de nanomateriais e nanofármacos
divergentes entre diversos países, entre outros fatores.

Dessa forma, é importante salientar que a nanotecnologia no diagnóstico e


na terapia ainda está em desenvolvimento e apresenta muito potencial, devendo ser
trabalhado em conjunto com agências reguladoras, sendo que estas desempenham
importante papel no sucesso da implementação de novas metodologias
nanotecnológicas na medicina.

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7. ANEXOS

06/06/2021 06/06/2021

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Data e assinatura do aluno(a) Data e assinatura do orientador(a)

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