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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Toxicologia Geral - Atividade


ANÁLISE COMPARATIVA DE SOLVENTES ORGÂNICOS

Discente:
Fabricia Vieira, Israel Almeida, Lucas Manoel, Lucas Siqueira e Thainan Campos

RECIFE - PE
2023
Toxicologia Geral - Atividade

ANÁLISE COMPARATIVA DE SOLVENTES ORGÂNICOS

Solvente Benzeno

Fonte de exposição Gasolina, indústria petroquímica e siderúrgicas de carvão mineral.

Absorção por via cutânea e pulmonar. 50 a 90% do que é inalado é


absorvido. Em poucos minutos atinge sua concentração máxima, logo
depois se distribui nos tecidos ricos em lipídeos. 12% do que foi
absorvido é exalado de volta pelos pulmões. 0,1 a 0,2% é eliminado
inalterado na urina. 84 a 89% é biotransformado sobretudo no fígado e
Toxicocinética uma pequena parte na medula. O metabólito mais abundante é o fenol. A
biotransformação é complexa e ainda não totalmente esclarecida, entre
os principais metabólitos estão a hidroquinona, o catecol, ácido
fenilmercaptúrico, ácido trans trans mucônico e 1,2,3-triidroxibenzeno. Na
urina, a maior parte é eliminada biotransformada e conjugada com
sulfatos e glicuronato.

O principal efeito é a depressão do SNC. Apresenta propriedade


radiomimética, ou seja, propicia a formação de radical oxigênio livre.
Metabólitos hidroxilados e de cadeia aberta são os principais
responsáveis por uma série de efeitos hepatotóxicos como: ação
Toxicodinâmica
mielotóxica em exposições crônicas, trombocitopenia e leucopenia. Pode
causar episódios de anemia aplástica e leucemia mielogênica.
Metabólitos quinônicos são os prováveis responsáveis pela ação
mielotóxica.

Intoxicações agudas: O edema pulmonar e hemorragias locais são os


efeitos mais marcantes desse tipo de intoxicação.
Intoxicações crônicas: fadigas, palidez, cefaleia, perda de apetite e
irritabilidade são sintomas comuns. Epistaxes, menorragias e hemorragia
gengival são observados depois de períodos mais longos de exposição.
Sintomatologia e
Não existe tratamento específico para nenhuma das duas formas de
tratamento da
intoxicação, mas medidas podem ser tomadas para atenuar os sintomas.
intoxicação
Em caso de ingestão acidental, realizar lavagem gástrica e administrar
laxantes, se houver depressão respiratória é necessário realizar
oxigenoterapia, assim como administração de cafeína e benzoato de
sódio para estimulação da respiração. Se houver contato com a pele,
lavar com água abundante sem a utilização de sabão.

Monitorização da Por ser carcinogênico, o limite deveria ser de zero. Países desenvolvidos
vem diminuindo os limites permitidos nos últimos anos. O TVL-TWA
exposição
americano é de 0,5 ppm. No Brasil em 1995, o Valor de Referência
ocupacional:
Tecnológica (VTR) foi estabelecido em 1,0 ppm para indústrias químicas
ambiental
e petroquímicas, 2,5 para indústrias siderúrgicas.

O ácido trans, trans-mucônico (ATTM) urinário foi escolhido pela


Monitorização da
CNP-Bz como bioindicador de exposição. A legislação brasileira não
exposição
adota um valor de referência para esse indicador. Estudos realizados em
ocupacional: biológica
diversas regiões do Brasil relatam valores basais de 0,03 a 0,26 mg/g cn.

Consiste na separação do ATTM por extração em fase sólida (com uso


de resina aniônica de troca iônica forte) seguida de identificação e
Métodos de análises
quantificação por HPLC e detecção espectrofotométrica na região
ultravioleta CLAE/UV.

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Solvente Tolueno

Processos industriais que usam tolueno como solvente para óleos,


borrachas, resinas, carvão, piche, betume e metilcelulose. Também é
Fonte de exposição
usado como diluente para tintas e vernizes. Na indústria química é usado
como ponto de partida para várias substâncias.

Absorção principal pela via pulmonar (40%). Nos primeiros 10 a 15


minutos de exposição, a concentração sanguínea deste solvente
aumenta rapidamente, mas se estabiliza quando 25 minutos de
exposição são atingidos. A absorção aumenta quando a exposição se
dá em trabalhos que exigem esforço físico. O tolueno líquido penetra
na pele com rapidez. A distribuição da corrente sanguínea para os
tecidos ocorre em três fases: Fase α, quando há saída do tolueno para
tecidos muito vascularizados com t1/2 de 3 minutos. Fase β, quando há
Toxicocinética passagem do solvente para os tecidos moles, com t1/2 de 40 minutos. A
fase γ ocorre quando o tolueno se distribui para o tecido adiposo e a
medula óssea, t1/2 de 738 minutos. 80% do que foi absorvido é
biotransformado nos microssomas hepáticos. A principal alteração é a
oxidação do metil. A maior parte do solvente segue os passos: tolueno
→ álcool benzílico → benzldeído → ácido benzóico. Por fim, ocorre
conjugação com a glicina ou com glicuronato. De 18 a 20 horas após
exposição, todo o tolueno é eliminado. 7 a 14% sai inalterado pelo ar
expirado, 31 a 80% sai como ácido hipúrico.

Ação principal no SNC. Possui propriedades narcóticas e neurotóxicas.


Em baixa concentração causa estimulação, em alta concentração causa
depressão com desorientação, tremores, alucinações, ataxia convulsão e
coma. O mecanismo de ação dos efeitos centrais ainda é pouco
esclarecido, sabe-se que a exposição causa aumento da concentração
Toxicodinâmica de vários neurotransmissores. O cerebelo é a região cerebral mais
afetada. Atravessa a placenta e é excretado no leite materno. Provoca
diminuição no crescimento e no desenvolvimento fetal. Em exposições
crônicas, causa hepatotoxicidade e neurotoxicidade. Na pele, pode
promover dermatites irritativas de contato.

Os efeitos agudos são semelhantes aos do etanol, incluindo euforia, dor


de cabeça, pressão no peito, fraqueza, fadiga e náusea. Intoxicação
mais severa leva a distúrbios de visão, tremores, confusão mental,
Sintomatologia e
paralisias e convulsões. Exposição a longo prazo, pode haver demência,
tratamento da
encefalopatia crônica e alterações das funções neurovegetativas. O
intoxicação
tratamento é sintomático. Caso tenha ocorrido ingestão, realizar
lavagem gástrica sem vômito. Em contato com a pele, lavar com água
em abundância sem sabão.

Monitorização da O limite de tolerância é de 78 ppm (290 mg/m³) de acordo com a NR15


exposição do MT que classifica essa quantidade como insalubridade média. A
ocupacional: AGCIH propôs um TLV-TWA de 50 ppm em 2006.
ambiental

Não foram estabelecidos indicadores que se correlacionam diretamente


com a ação do tolueno no sítio de ação. O ácido hipúrico urinário (AH-u)
Monitorização da
é o indicador de dose interna mais usado no Brasil. A limitação principal
exposição
se deve ao fato de que vários alimentos e medicamentos também
ocupacional: biológica
aumentam a liberação de AH-u a níveis ligeiramente aumentados, por
isso, esse indicador é inadequado para monitorização de exposição mais

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branda ao tolueno. O orto-cresol urinário apresenta pequena correlação


com o solvente no ar e fumantes apresentam níveis maiores, pois esse
metabólito também é produzido pelo ato de fumar. O tolueno no ar
expirado (TOL-A) foi suspenso pela ACGIH como bioindicador. Tolueno
no sangue (TOL-sg) apresenta limitações, pois a coleta de amostra deve
ser realizada algumas vezes ao longo da jornada de trabalho, o que é
descartável do ponto de vista prático. O Tolueno na urina (TOL-u) é
apontado como o mais adequado por diversos fatores, sobretudo a
correlação com solvente no ar, a principal questão levada em
consideração para adequada medição é a utilização de um método com
alta sensibilidade, pois baixas concentrações de TOL-u são encontradas
na urina.

Análise do ácido hipúrico em urina por cromatografia líquida de alta


eficiência com detector UV/visível. Consiste na extração líquido-­líquido
Métodos de análises do ácido hipúrico (AH) pelo metanol, que são analisados
posteriormente por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada ao
UV/Visível.

Solvente Metanol

O metanol (álcool metálico e álcool de madeira) é encontrado em uma


série de produtos de consumo, incluindo fluidos de máquina de lavar
Fonte de exposição
pára-brisas, sendo usado na fabricação de formaldeído e éter metil
terc-butílico.

O metanol pode ser absorvido pelas vias oral, respiratória e cutânea.


Nos pulmões, cerca de 60% a 80% do solvente inalado poderá sofrer
absorção, atingindo rapidamente a corrente circulatória. A absorção do
metanol pelo trato gastrointestinal é muito rápida, ocorrendo em cerca de
10 minutos, e a ingestão de 15 mL a 30 mL de metanol já pode resultar
em quadros tóxicos graves.
O metanol pode ser absorvido pela pele, tanto na forma líquida quanto
na de vapores, principalmente quando o contato ocorre com elevadas
concentrações do solvente. A velocidade dessa absorção cutânea na
pele humana é estimada como sendo igual a 0,19 mg/cm³/min.
O metanol não se liga às proteínas plasmáticas e, solubilizado no
sangue, é distribuído rapidamente para os tecidos que apresentam
elevado conteúdo hídrico; a concentração do solvente em tecidos ricos
em lipídios, como o adiposo, é muito pequena.
Cerca de 90% do metanol absorvido é biotransformado no fígado, mas
Toxicocinética em casos de ingestão, a biotransformação pode já ser iniciada no
estômago. O solvente é oxidado pela ação da álcool desidrogenase,
dando origem ao aldeído fórmico (formaldeído) que segue sendo
oxidado, agora pela ação da aldeído desidrogenase, até a formação do
ácido fórmico (ácido metanóico) que, dependendo do pH do meio, pode
formar sais formato (formiato). Em seguida, o formato é convertido em
CO₂ em 2 etapas dependentes do tetra-hidrofolato. Numa primeira etapa
o formato é convertido em 10-formil-THF pela ação da formil-THF
sintetase que, em seguida, é oxidado pela formil-THF desidrogenase.
Após algumas reações folato-dependentes, esse metabólito poderá
formar o CO₂.
A etapa de oxidação que ocasiona a formação de ácido fórmico é muito
rápida na espécie humana e por isso, mesmo após exposições elevadas
ao metanol, é difícil demonstrar a presença do formaldeído no organismo
exposto. A etapa de oxidação do ácido fórmico a CO, e água, é por sua
vez, lenta e, como consequência, ocorre o acúmulo do ácido fórmico em

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tecidos do organismo.
Em uma via secundária de biotransformação, o metanol pode sofrer a
ação de enzimas microssomais que podem ter sido induzidas pelo etanol
(quando a principal via de oxidação etanólica é saturada ocorre indução
das enzimas CYP para auxiliar em sua biotransformação). O
polimorfismo nessas enzimas microssomais e nas enzimas envolvidas
no metabolismo via folato, tem influência na biotransformação e
consequentemente, na toxicidade do metanol.
A biotransformação do álcool metílico ocorre mais lentamente na
presença do álcool etílico, uma vez que a afinidade da enzima álcool
desidrogenase é cerca de 10 vezes maior pelo etanol do que pelo
metanol, além da existência da inibição competitiva entre os 2 álcoois
A taxa de eliminação do metanol é de ordem zero, sendo igual a cerca
de 8 a 9 mg/dL/h. O metanol inalterado é pouco eliminado pelos rins e
pelos pulmões e a proporção dessa eliminação varia conforme a
quantidade absorvida do sol- vente (cerca de 2% a 20% do total
absorvido podem ser eliminados no ar expirado e de 2% a 5% na
urina). A meia-vida de eliminação do solvente do organismo está em
torno de 2,5 a 3 horas quando a concentração do metanol é menor do
que 100 mg/kg de peso corpóreo.

O quadro tóxico mais grave provocado pelo metanol está comumente


associado à ingestão. Esse solvente é depressor do SNC, exercendo
ações neurotóxicas imediatas e tardias. O mecanismo de ação tóxica
está relacionado à sua biotransformação e acredita-se que o ácido
fórmico seja o metabólito de maior importância toxicológica. Esse ácido é
responsável pelo aparecimento de acidose metabólica associada ao gap
aniônico. A medida que o metanol é biotransformado, originando o ácido
fórmico, há aumento no gap aniônico, posto que a eliminação desse
ácido seja lenta, ocorrendo, portanto, acúmulo do mesmo no organismo.
Acredita-se que a acidose metabólica de intervalo aniônico elevado
decorre não só do acúmulo do ácido fórmico e do folato, mas também da
interrupção da fosforilação oxidativa causada pela inibição do citocromo
oxidase, causada pelo formato. Esse mecanismo de ação dos
Toxicodinâmica metabólitos metanólicos resultaria, como resultado final, no
aparecimento da toxicidade ocular, mais especificamente na retina. Os
casos mais graves de acidose metabólica, onde o pH do sangue alcança
valores inferiores a 7 têm sido, por norma, fatais.
Não existem registros referentes à ação carcinogênica do metanol, mas
estudos experimentais apontam para a ação embriotóxica e teratogênica
deste solvente, quando em altas concentrações. A reabsorção
embrionária, a diminuição no peso e as malformações fetais
relataram-se em decorrência da ação tóxica do metanol, em estudos
experimentais. Os efeitos teratogênicos observados, como defeitos
oculares e neuronais, abertura do palato e hidronefrose, mostraram-se
dependentes da frequência da exposição, do nível de absorção do
solvente e do período da gestação.

A maioria dos casos de intoxicação metanólica ocorre após exposição


aguda, geralmente decorrente da ingestão acidental ou fraudulenta do
solvente. Os sintomas neurotóxicos iniciais são cefaléia, ataxia e
dificuldade em respirar. Especialmente após absorção gastrointestinal
Sintomatologia e
podem ocorrer também gastrite aguda ou pancreatite, anorexia, dor
tratamento da
abdominal intensa, vômito e diarreia. Segue-se um período de latência
intoxicação
assintomático de algumas horas (12 a 24 horas) e, subsequentemente,
há o aparecimento de acidose e efeitos neurológicos tardios graves,
como toxicidade ocular, coma e, em casos extremos, morte, geralmente
em decorrência de edema cerebral, parada respiratória e cardíaca. A

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toxicidade ocular do metanol aparece, geralmente, 18 a 48 horas após


absorção do solvente (via oral), com embaçamento da visão, dor ocular,
fotofobia, percepção de pontos luminosos, diminuição da acuidade e do
campo visual, edema da retina, cegueira parcial ou completa
(irreversível). Doses tão baixas quanto 0,1 mL/kg já podem ocasionar
cegueira e a dose letal oral, mencionada na literatura, é em torno de 1,0
mL/kg. As lesões oculares desenvolvidas pelo solvente afetam a retina,
mais precisamente o disco e o nervo óptico (edema do disco, hiperemia
e alterações morfológicas na cabeça e porção intraorbital do nervo
óptico).
A sintomatologia tóxica decorrente da exposição a longo prazo ao
metanol, provavelmente porque os níveis sanguíneos do solvente,
obtidos nesses casos, são, em média, quase 20 vezes menores do que
aqueles observados nas intoxicações agudas. Nas exposições crônicas,
pode ser observada leve irritação da pele aos vapores do metanol,
conjuntivites, distúrbios estomacais, dores de cabeça recorrentes,
vertigens, insônia, além de um largo espectro de distúrbios ópticos.

A ACGIH estabeleceu, em 2020, um valor TLV-TWA de 200 ppm e um


Monitorização da STEL de 250 ppm. Essa organização americana adiciona, ainda, em
exposição seus dados referentes ao metanol, a notação skin, sendo incluída
ocupacional: ambiental quando existe uma contribuição significativa da via cutânea (mucosas,
membranas e olhos) na exposição total ao solvente.

A determinação do metanol inalterado na urina é o biomarcador


adotado pela legislação brasileira e pela maioria dos organismos
internacionais.
O metanol urinário apresenta boa correlação com a concentração do
solvente no sangue (IBE/EE), mas apresenta, como uma de suas
desvantagens, o fato da sua excreção não ser constante ao longo da
jornada de trabalho. A concentração e a velocidade de excreção do
metanol inalterado na urina aumentam ao longo da jornada de trabalho,
atingindo um máximo ao final desta; por esse motivo é recomendado que
a determinação desse biomarcador seja realizada em amostras
coletadas ao fim da jornada de trabalho.
Existem alguns casos, entretanto, especialmente quando a exposição
inicial ao metanol é elevada, em que o pico de excreção urinária pode
ocorrer durante a jornada de trabalho. Esse fato, junto à variação da
excreção urinária do solvente, indica que o mais confiável seria coletar a
urina a cada 2 horas, durante a jornada, calculando-se, após as análises,
Monitorização da o valor médio do metanol urinário; esse tipo de coleta é considerado
exposição inviável, do ponto de vista prático.
ocupacional: biológica Outra desvantagem do uso desse IBE/EE é o fato dele não ser
específico e de poder estar presente na urina de indivíduos não expostos
ocupacionalmente ao solvente.
Cuidados especiais devem ser tomados com a amostra biológica,
especialmente durante a sua coleta, transporte e manuseio, buscando
evitar a perda de metanol em decorrência de sua volatilidade e da
geralmente baixa concentração do solvente na urina. É recomendado
que o recipiente de coleta seja totalmente preenchido com a amostra e
não deve ser aberto até o momento da análise. As amostras devem ser
imediatamente colocadas sob refrigeração (temperatura máxima de 4
°C) e nessa condição, ser enviadas ao laboratório no máximo 24 horas
após a coleta.
O valor máximo desse IBE/EE, permitido pela NR-7 de 2020, é de 15
mg/L.
A ACGIH indica também a determinação do metanol inalterado na urina
como biomarcador de exposição ao solvente. É indicado que esse
biomarcador é inespecífico e recomendado a coleta da amostra ao fim

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da jornada de trabalho. O valor BEI proposto é de 15 mg/L.

Existem diversas técnicas de análise de metanol, entre as quais se


Métodos de análises destacam: cromatografia gasosa, cromatografia líquida, espectroscopia
de infravermelho, espectrometria de massas e espectrofotometria.

Solvente Etilenoglicol

O etilenoglicol pode ser utilizado ocupacionalmente na fabricação de


plásticos, filmes para embalagens, resinas poliéster insaturadas,
capacitadores eletrolíticos, agentes secantes e na fabricação de diacetato
de glicol. É constituinte de anticongelantes e fluidos hidráulicos, e
Fonte de exposição empregado ainda como solvente para nitrocelulose, acetato de celulose,
cosméticos (até no máximo 5%), tintas e laquês.
Pode ocorrer exposição não ocupacional ao etilenoglicol, especialmente
casos de ingestões acidentais decorrentes da utilização do glicol como
adulterantes de bebidas alcoólicas.

A principal via de absorção do etilenoglicol é o trato gastrointestinal, onde


o solvente ingerido é rapidamente e praticamente absorvido na totalidade,
por meio de difusão passiva. As absorções pulmonar e cutânea do
solvente, embora viáveis, ocorrem numa taxa menor e mais lenta do
que a observada no trato gastrointestinal. À temperatura ambiente a
absorção pulmonar do etilenoglicol não é muito significativa, em função
de sua baixa volatilidade. A absorção cutânea é também pequena,
embora mais significativa que a pulmonar, ocorrendo mais
frequentemente em casos de exposição oclusiva. Sua distribuição pelo
organismo é rápida (cerca de 70% a 85% do total absorvido serão
Toxicocinética distribuídos de imediato) especialmente para os tecidos mais hidratados e
vascularizados como os rins. O etilenoglicol é biotransformado pela ação
da álcool-desidrogenase, originando o glicoaldeído e esse, pela ação da
aldeído-desidrogenase, formará o ácido glicólico . A biotransformação
prossegue com a oxidação do GA até ácido glioxílico pela ação da
glicolato oxidase ou até ácido oxálico pela ação da glicolato
descarboxilase. O ácido glioxílico poderá dar origem ao CO₂ , metabólito
excretado no ar expirado, ou, pela ação da glicolato-oxidase, poderá
formar o ácido oxálico. A etapa limitante da biotransformação do
etilenoglicol parece ser a passagem do ácido glicólico ao ácido glioxílico,
sendo uma via saturável.

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Toxicologia Geral - Atividade

A principal ação tóxica do etilenoglicol em exposições agudas é sobre os


rins, mas esse solvente pode ainda exercer ação irritante sobre pele e
mucosas, depressão do SNC e hematotoxicidade. O mecanismo mais
aceito atualmente é a precipitação de cristais de oxalato de cálcio
monoidratado nas células tubulares. Por esse mecanismo, o ácido oxálico
formado na biotransformação do etilenoglicol, ao ser excretado pelos
rins, se concentraria na urina tubular onde, quelando-se com o cátion
Ca2+ formaria os cristais no epitélio tubular. Esses cristais seriam aderidos
à membrana plasmática das células tubulares e em seguida captados por
endocitose. Ocorreria assim uma obstrução mecânica nos túbulos,
produção de radicais livres e peroxidação lipídica com consequente
necrose celular, apoptose e degeneração tubular, ou seja, uma
Toxicodinâmica insuficiência renal aguda.
A deposição dos cristais de oxalato de cálcio monoidratado pode ocorrer
também nas paredes dos vasos sanguíneos do SNC provocando
inflamação, edema e algumas vezes, neuropatia.
O etilenoglicol desenvolve uma importante acidose metabólica em
decorrência do aumento da produção e do acúmulo de ácido glicólico
(GA) e, provavelmente, de ácido láctico também. O acúmulo do GA é
atribuído à sua lenta passagem para ácido glioxílico, enquanto o acúmulo
de ácido láctico decorreria do aumento na relação NADH/NAD+,
detectada durante a biotransformação do etilenoglicol. Com o aumento
dessa relação haveria formação acelerada do lactato a partir do piruvato
e o consequente acúmulo do primeiro composto.

● Primeiro estágio: de 30 minutos a 12 horas após a exposição. O


solvente inalterado produz distúrbios gastrointestinais,
depressão do SNC e hiperosmolaridade.
● Segundo estágio: de 12 a 48 horas após a exposição. Os
metabólitos produzem severa acidose metabólica do tipo íon gap
com hiperventilação compensatória. Essa acidose é causada,
principalmente, pelo acúmulo do ácido glicólico, embora os
ácidos glioxílicos, oxálicos e lácticos também possam contribuir,
em menor proporção, para essa acidose. Ocorre deposição de
cristais de oxalato de cálcio no cérebro, pulmões, rins e coração.
É chamado estágio cardiovascular.
● Terceiro estágio: de 24 a 72 horas após exposição. Dano renal
como resultado da ação direta de cristais de oxalato de cálcio
monoidratado.
Os efeitos neurológicos causados pelo etilenoglicol são leves,
Sintomatologia e inicialmente, e podem progredir para efeitos mais graves. Aparecem
tratamento da sintomas como sede, salivação, anorexia e vômitos. O quadro tóxico
intoxicação pode evoluir para diminuição dos reflexos, ataxia, distúrbio na fala,
sonolência, coma (provavelmente pelo desenvolvimento de edema
cerebral) e até mesmo a morte.
Manifestações tóxicas oculares como nistagmo, oftalmoplegia, edema
palpebral e atrofia óptica, embora menos frequentes, também podem
ocorrer.
O desenvolvimento da acidose metabólica pode resultar em dispnéia,
hiperventilação, taquicardia, cianose e hipertensão. A precipitação de
oxalato de cálcio em diferentes tecidos e sua excreção na urina pode
provocar o aparecimento de efeitos tóxicos tardios como a hipocalcemia,
com consequente arritmia, contrações tetânicas e câimbras
generalizadas; necrose tubular aguda; cristalúria; hipercalemia entre
outros.
Alguns expostos relatam relaxamento muscular, provavelmente em
função de miosites. A inflamação muscular parece ser a causa da falha
cardíaca observada em alguns intoxicados graves.

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Toxicologia Geral - Atividade

Intoxicação crônica São poucos os sintomas tóxicos relacionados com a


exposição crônica ao etilenoglicol, como cefaléia, dores nas costas e
irritação ocular. O contato prolongado com o solvente pode resultar em
ressecamento da pele e desenvolvimento de dermatite. Quando ocorre
exposição à concentração mais elevada do solvente, pode ocorrer
irritação do trato respiratório com sensação de queimação na garganta e
traqueia, especialmente ao tossir. Essa ação irritante no trato pulmonar,
no entanto, pode ser uma explicação para a pequena incidência de
efeitos sistêmicos significativos durante a exposição ocupacional ao
etilenoglicol, uma vez que os expostos, ao sentirem os sintomas
irritantes, tendem a se afastar do local rapidamente.

Monitorização da A ACGIH (2020) estabelece para a exposição aos vapores do


etilenoglicol um valor TLV-TWA de 25 ppm e um valor STEL igual a 50
exposição
ppm. No caso exposição ao etilenoglicol na forma de material particulado
ocupacional:
ou aerossol, não existe valor TLV-TWA, apenas um valor STEL de 100
ambiental
mg/m

O etilenoglicol não consta do Quadro I do Anexo I da NR-7 brasileira, ou


seja, nenhum biomarcador é adotado no Brasil para a monitorização dos
Monitorização da
indivíduos expostos a esse solvente. Assim como a legislação brasileira,
exposição
a ACGIH em 2020, também não especificou biomarcadores e
ocupacional: biológica
concentrações permitidas para a realização da monitorização biológica da
exposição ao EG.

Existem diversas técnicas de análise de etilenoglicol, entre as quais se


destacam: cromatografia gasosa, cromatografia líquida, espectroscopia
Métodos de análises
de infravermelho, espectrometria de massas e espectrofotometria. As
mesmas utilizadas na identificação de metanol.

Solvente N-Hexano

Fabricação de calçados, industrialização da borracha, (fabricação de


borrachas, pneus, plásticos), em processos de laminação de materiais
plásticos (polietileno e polipropileno), em tintas e seus solventes, na
extração de óleos vegetais, na fabricação de móveis e na indústria têxtil,
Fonte de exposição na indústria química e na petroquímica. É utilizado também em artes
gráficas. É importante destacar seu uso por crianças e adolescentes,
denominados “cheiradores de cola”, que se expõem agudamente ao
n-hexano, utilizado como diluente de colas e vernizes, em busca dos
efeitos moderadamente estimulantes provocados pelos solventes.

A principal via de absorção é a pulmonar e absorve rapidamente entre


17% e 25% do total inalado, atingindo um pico de concentração no
sangue em torno de 1 à 2 horas após o início da exposição. A absorção
aumenta quando a exposição se dá em trabalhos que exigem
esforço físico. A absorção pelo TGI pode ocorrer após ingestão,
geralmente acidental, do solvente por trabalhadores. Após absorvido, o
Toxicocinética n-hexano é largamente distribuído pelos tecidos, tendo mais afinidade por
tecidos com elevado conteúdo lipídico, mas não é armazenado em
quantidades significativas no tecido adiposo. Esse solvente também tem
por características: atravessar facilmente a placenta, é rapidamente
biotransformado por sistemas enzimáticos (Cit. P-450) produzindo
cetocompostos que são, provavelmente, os responsáveis pela sua
neurotoxicidade.

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Toxicologia Geral - Atividade

Provoca baixa toxicidade aguda, perda de ácidos graxos da epiderme em


contato intenso e prolongado, além de ocasionar irritação nas mucosas
Toxicodinâmica nasal, bucal, trato respiratório e córnea, sendo, nesses casos, a
neurotoxicidade a sua principal ação tóxica. Entre os metabólitos
neurotóxicos, o mais ativo é a 2,5-hexanodiona.

A ingestão acidental provoca náuseas, irritação gastrointestinal, e


depressão leve no SNC. A inalação provoca tonturas, euforia e
parestesias das extremidades. Em casos mais graves, pode haver perda
Sintomatologia e
de memória, alterações na visão e perda de peso excessiva. Não há
tratamento da
tratamento específico, no entanto é indicada, obviamente, a remoção do
intoxicação
contato com o contaminante. Deve-se assegurar ao paciente suportes
ventilatório, hemodinâmico, cardiovascular e oxigenoterapia. Se houver
convulsão, deve-se administrar benzodiazepínicos ou fenobarbital.

Monitorização da A legislação brasileira não cita o n-hexano no Anexo 11 da Norma


exposição Regulamentadora n. 15. A ACGIH 2020 adota um valor TLV-TWA de 50
ocupacional: ppm.
ambiental

Os biomarcadores utilizados são: a determinação urinária da 2,5


Monitorização da hexanodiona (mais utilizada, porém inespecífica para esse solvente) ou
exposição do 2-hexanol (devendo, a amostra, ser coletada no final da jornada de
ocupacional: biológica trabalho) e a determinação do solvente inalterado no ar expirado e no
sangue.

A análise de 2,5-hexanodiona urinária é geralmente realizada por


cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (GC-MS).
O primeiro passo é extrair a 2,5-hexanodiona da amostra de urina
Métodos de análises
usando uma técnica de extração líquido-líquido ou sólido-fase. Em
seguida, a amostra é derivatizada para tornar a 2,5-hexanodiona mais
volátil e mais adequada para a análise por GC-MS.

Solvente bissulfeto de carbono

Principalmente em trabalhadores durante a fabricação de fibras de rayon


Fonte de exposição
viscose

A absorção do CS2 ocorre por via respiratória, sendo rapidamente


absorvido pelos pulmões, e logo entra na circulação sistêmica. Também
atravessa facilmente a barreira hematoencefálica e a barreira placentária,
devido a sua lipofilicidade, o que pode afetar o sistema nervoso central e
o feto durante a gravidez, além disso, pode acumular no tecido adiposo.
A exposição dérmica ao CS2 pode causar irritação e dermatite. O
metabolismo do CS2 ocorre principalmente no fígado, onde é convertido
em metabólitos como o tiocianato (SCN-) e o monossulfeto de carbono
Toxicocinética
(CS). O SCN- é eliminado principalmente pela urina, enquanto o CS
pode ser oxidado a dióxido de carbono é eliminado pela respiração. O
metabolismo do CS2 é dependente do complexo enzimático citocromo
P450. Sua eliminação ocorre principalmente pela urina e pela respiração.
A eliminação do tiocianato (SCN-) é mais rápida do que a eliminação do
próprio CS2. A meia-vida de eliminação do CS2 é de cerca de 30 horas.
A exposição prolongada ao CS2 pode levar ao acúmulo de metabólitos
no corpo, o que pode aumentar o risco de toxicidade a longo prazo.

9
Toxicologia Geral - Atividade

O CS2 afeta principalmente o sistema nervoso central, afetando as


células da glia. Também causa vasoconstrição e aumenta a pressão
arterial.
Uma das principais mecanismo de toxicidade, é através da inibição da
enzima colinesterase no sistema nervoso central, o que leva à super
estimulação dos neurônios, e pode causar convulsões, espasmos
musculares, tremores e perda de consciência. A inibição da colinesterase
também leva a interrupção da atividade parassimpática, o que explica o
aumento da pressão arterial, que em alguns casos, pode levar a isquemia
de órgãos como rins e cérebro. A inibição da colinesterase periférica,
Toxicodinâmica causa neuropatia periférica, levando a sintomas como dormência,
formigamento e fraqueza muscular, especialmente nas extremidades do
corpo. Outro mecanismo de toxicidade, é o aumento do estresse
oxidativo, com o aumento dos níveis de espécies reativas de oxigênio e
nitrogênio, que pode levar à inflamação, danos ao DNA.A toxicidade do
CS2 também pode estar relacionada a seus metabólitos. O SCN- pode
interferir no metabolismo da tireoide e causar hipotireoidismo em
exposições crônicas. Além disso, o SCN- pode afetar a atividade de
enzimas envolvidas na produção de energia celular, o que pode contribuir
para os efeitos tóxicos do CS2. Também é relatado que seus metabólitos
podem causar imunossupressão.

Os sintomas de intoxicação variam dependendo da dose e duração da


exposição. Alguns deles são: dor de cabeça, tontura, náusea, vômitos,
fraqueza muscular, dormência e formigamento nas mãos e pés, visão
turva, perda de memória, convulsões e pode levar a coma e morte. Além
desses citados, sua exposição crônica pode causar hipotireoidismo, pode
causar sintomas como ganho de peso, fadiga e depressão. O tratamento
Sintomatologia e pode ser feito removendo a fonte de exposição, seja retirando a pessoa
tratamento da do ambiente contaminado ou a interrupção do uso do produto
intoxicação responsável pela exposição. Tratar os sintomas da exposição, como
administração de oxigênio, administração de líquidos, tratamento com
ansiolíticos e anticonvulsivantes para prevenir o aparecimento de
convulsões. Realizar a dosagem de TGO e TGP para avaliar o dano
hepático e a administração de antioxidantes. Ao longo prazo, é
importante o paciente ter acompanhamento médico regular para
monitorar possíveis sintomas a longo prazo.

Monitorização da
exposição O limite biológico estabelecido no anexo 11 da NR-15 do ministério do
ocupacional: trabalho/BR é de 16 ppm (47 mg/m3) e o grau de insalubridade máximo
ambiental

A legislação brasileira que, até 1994, estabelecia a determinação do teste


Monitorização da
da iodazida para a realização desta monitorização com a reedição da
exposição
NR7 em dezembro/94, passa a indicar a determinação urinária do ácido
ocupacional: biológica
2-tiazolidina como marcador de exposição.

Os métodos de análise do bissulfeto de carbono podem ser divididos em


métodos qualitativos e quantitativos. Os métodos qualitativos incluem
Métodos de análises testes de detecção de odor e de coloração, enquanto que os métodos
quantitativos envolvem a coleta de amostras de ar e a análise por
cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (GC-MS) ou

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Toxicologia Geral - Atividade

cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). O método de GC-MS é


amplamente utilizado devido à sua alta sensibilidade e seletividade,
permitindo a detecção de concentrações muito baixas de bissulfeto de
carbono no ar. Já o método de HPLC é utilizado em análises biológicas,
como na quantificação de bissulfeto de carbono em sangue ou urina.
Também existem métodos de monitoramento em tempo real, como os
detectores de gás portáteis, que permitem uma avaliação imediata da
exposição ao bissulfeto de carbono no ambiente de trabalho.

Solvente Xilenos

Os xilenos são solventes orgânicos usados em diversos setores


industriais, como na produção de tintas, adesivos, resinas, vernizes,
produtos químicos de limpeza, plásticos e borrachas. Eles também são
Fonte de exposição encontrados em combustíveis e em algumas formulações farmacêuticas.
Os trabalhadores desses setores são mais expostos aos xilenos, mas
também é possível que a população em geral seja exposta através do
uso desses produtos em casa.

São rapidamente absorvidos pelo trato respiratório através da inalação de


vapores, pelo trato gastrointestinal, na ingestão de alimentos ou líquidos
contaminados, e através da absorção dérmica. Após a absorção, os
xilenos são distribuídos rapidamente pelo corpo, atingindo principalmente
o sistema nervoso central, fígado, rins e pulmões. Eles são metabolizados
principalmente no fígado pela via do citocromo P450, produzindo
Toxicocinética metabólitos hidroxilados que são excretados na urina. A metabolização
ocorre principalmente no fígado, por meio de hidroxilação, oxidação e
conjugação com ácido glucurônico. Os xilenos têm alta lipossolubilidade,
o que significa que eles tendem a se acumular no tecido adiposo do
corpo. Por causa disso, os xilenos têm uma meia-vida relativamente
longa no corpo, e podem persistir por semanas a meses após a
exposição ter ocorrido.

Atuam como depressores do sistema nervoso central, podendo causar


irritação, tontura, dor de cabeça, náusea e sonolência. A exposição aguda
a altas concentrações de xilenos pode causar efeitos mais graves, como
Toxicodinâmica convulsões, perda de consciência e até mesmo a morte. Eles também
podem afetar o sistema respiratório, causando tosse, falta de ar e
irritação nasal. A exposição crônica pode levar a danos hepáticos e
renais.

Os sintomas da intoxicação incluem dor de cabeça, tontura, náusea,


vômito, irritação ocular e nasal, além de sintomas respiratórios. Em casos
Sintomatologia e graves, pode ocorrer perda de consciência, convulsões e morte. O
tratamento da tratamento envolve medidas de suporte e sintomáticas, como a
intoxicação administração de oxigênio e medicamentos para controlar a náusea e dor
de cabeça. Em casos graves, pode ser necessário suporte ventilatório e
tratamento intensivo em unidade de terapia intensiva.

A monitorização ambiental da exposição a xilenos pode ser realizada por


Monitorização da meio da coleta de amostras de ar em ambientes de trabalho. São
utilizados equipamentos como bombas de amostragem e tubos
exposição
detectores de vapores para medir a concentração de xilenos no ar. Os
ocupacional:
limites de exposição ocupacional para os xilenos no Brasil é
ambiental
regulamentada pela Regulamentadora nº 15 (NR-15) e a Norma Brasileira
(NBR) 9.070. A NR-15 estabelece que para o xileno, o LT é de 100 ppm

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Toxicologia Geral - Atividade

(partes por milhão) ou 435 mg/m³ para uma jornada de trabalho de 8


horas diárias. Além disso, a NR-15 estabelece que a avaliação da
exposição ocupacional aos xilenos deve ser realizada através da coleta
de amostras de ar.
Já a NBR 9.070 estabelece os procedimentos para a amostragem de
gases e vapores em ambientes de trabalho. Para a coleta de amostras de
ar contendo xilenos, é recomendado o uso de tubos adsorventes
contendo carvão ativado ou sílica gel, que são capazes de reter essas
substâncias químicas. A coleta das amostras deve ser realizada durante
a jornada de trabalho do trabalhador exposto, de forma a refletir a
exposição real.
As amostras coletadas devem ser enviadas para um laboratório
especializado em análises químicas para a determinação das
concentrações de xilenos. A análise pode ser realizada por cromatografia
gasosa, técnica capaz de identificar e quantificar as diferentes formas de
xilenos presentes no ar, como o o-xileno, m-xileno e p-xileno.
Após a análise das amostras, os resultados devem ser comparados com
os limites de tolerância estabelecidos pela NR-15. Caso as concentrações
de xilenos estejam acima do LT, medidas de controle devem ser adotadas
para reduzir a exposição dos trabalhadores, como o uso de equipamentos
de proteção individual (EPIs) e a implementação de medidas de controle
ambiental.
É importante ressaltar que a monitorização da exposição ocupacional
ambiental aos xilenos deve ser realizada de forma regular, para garantir a
efetividade das medidas de controle adotadas e a saúde dos
trabalhadores expostos. Além disso, a implementação de medidas de
prevenção primária, como o uso de substitutos menos tóxicos para os
xilenos, é fundamental para reduzir a exposição ocupacional a essas
substâncias químicas.

No Brasil, a Norma Regulamentadora nº 7 (NR-7) estabelece as diretrizes


para a realização da monitorização biológica em trabalhadores expostos
a agentes químicos. Os xilenos podem ser detectados no sangue, urina
e no ar expirado. A análise do sangue e da urina é uma maneira de
avaliar a exposição a longo prazo aos xilenos, enquanto a análise do ar
expirado é utilizada para avaliar a exposição a curto prazo.
Para a coleta das amostras biológicas, deve-se seguir as orientações
descritas na NR-7, que estabelece critérios quanto à frequência, tempo e
método de coleta. No caso dos xilenos, a coleta da amostra de urina é
geralmente realizada ao final da jornada de trabalho, após um período
mínimo de exposição de 2 horas. A coleta do sangue pode ser realizada
no mesmo dia ou no dia seguinte, e a coleta do ar expirado deve ser
realizada imediatamente após o término da exposição.
Monitorização da As amostras biológicas coletadas devem ser enviadas para laboratórios
exposição especializados em análises químicas, que utilizam técnicas específicas
ocupacional: biológica para a quantificação dos xilenos. No caso da análise da urina, a
concentração de metabólitos dos xilenos, como o ácido metil-hipúrico
(AMH) e o ácido isopropil-hipúrico (AIPH), é comumente utilizada como
biomarcador de exposição.
A interpretação dos resultados da monitorização biológica deve levar em
consideração os limites de exposição estabelecidos para os xilenos. No
Brasil, esses limites são estabelecidos pela NR-15, que define os valores
máximos permitidos para a exposição ocupacional aos agentes químicos.
Caso os resultados da monitorização biológica revelem níveis de
exposição acima dos limites estabelecidos, medidas de controle devem
ser adotadas para reduzir a exposição ocupacional aos xilenos. Essas
medidas podem incluir a adoção de equipamentos de proteção individual,
mudanças no processo produtivo, treinamento e conscientização dos
trabalhadores, entre outras ações.

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Toxicologia Geral - Atividade

Existem diversos métodos analíticos para a determinação de xilenos em


amostras ambientais e biológicas. Na análise ambiental, podem ser
utilizados métodos cromatográficos, como a cromatografia gasosa
acoplada à espectrometria de massa (CG-EM). Para a análise biológica,
Métodos de análises podem ser utilizados métodos de espectrofotometria, como a
espectrofotometria de absorção atômica ou de emissão atômica, para a
determinação dos xilenos na urina. A escolha do método depende da
matriz a ser analisada e da sensibilidade e seletividade necessárias para
a detecção dos xilenos em questão.

Solvente Estireno

A exposição ao estireno pode ocorrer principalmente por meio da


inalação de vapores em ambientes de trabalho que envolvam a
Fonte de exposição fabricação ou utilização desses materiais. A exposição também pode
ocorrer por meio da ingestão de alimentos ou líquidos contaminados com
estireno, embora isso seja menos comum.

A absorção do estireno ocorre principalmente pela inalação de


vapores e pela absorção através da pele. O estireno é rapidamente
absorvido pela corrente sanguínea e distribuído para diversos tecidos do
corpo, incluindo o cérebro, o fígado e os rins. O estireno é metabolizado
Toxicocinética
principalmente no fígado pela via do citocromo P450, produzindo
metabólitos como o ácido mandélico e o ácido fenilglicólico, que são
excretados na urina. A eliminação do estireno e seus metabólitos
ocorre principalmente pela urina.

O estireno é considerado uma substância tóxica para o sistema


nervoso central. Ele pode afetar a função cognitiva e a coordenação
motora, além de causar tontura, cefaléia, náusea e irritação ocular. A
exposição crônica ao estireno pode levar a efeitos cumulativos no sistema
Toxicodinâmica
nervoso, como a síndrome da polineuropatia tóxica distal, que é
caracterizada por dormência, formigamento e fraqueza muscular nas
extremidades. O estireno também pode afetar o sistema cardiovascular,
causando arritmias e diminuição da pressão arterial.

Os sintomas de intoxicação aguda pelo estireno incluem tonturas,


cefaleias, náuseas, vômitos, irritação ocular e respiratória, além de
Sintomatologia e sonolência e confusão mental em casos mais graves. O tratamento
tratamento da envolve a remoção da pessoa do local de exposição e o fornecimento de
intoxicação suporte respiratório e circulatório, se necessário. Em casos graves, pode
ser necessária a hospitalização e a administração de medicamentos
sintomáticos.

No Brasil, a Norma Regulamentadora nº 15 (NR 15) estabelece critérios e


procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional a agentes
químicos, físicos e biológicos, incluindo o estireno, por meio da
monitorização ambiental. Os procedimentos e métodos para a avaliação
Monitorização da da exposição ocupacional previstos na NR 15 incluem:
exposição ● Identificação dos trabalhadores expostos: a empresa deve
ocupacional: identificar os trabalhadores expostos ao estireno, considerando
ambiental as atividades realizadas e os locais de trabalho.
● Determinação das concentrações do estireno no ar: a coleta de
amostras de ar deve ser realizada de acordo com os
procedimentos e métodos estabelecidos na NIOSH (National
Institute for Occupational Safety and Health) ou OSHA

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Toxicologia Geral - Atividade

(Occupational Safety and Health Administration), órgãos


americanos que estabelecem normas para a saúde e segurança
do trabalho. A coleta de amostras deve ser realizada em áreas
próximas ao local de trabalho dos trabalhadores expostos e em
momentos representativos da jornada de trabalho.
● Análise das concentrações do estireno no ar: a análise das
concentrações do estireno no ar deve ser realizada por um
laboratório acreditado, seguindo as normas técnicas e
procedimentos estabelecidos pelos órgãos reguladores de saúde
e segurança do trabalho.
● Interpretação dos resultados da análise: os resultados da análise
das concentrações do estireno no ar devem ser comparados com
os limites de tolerância estabelecidos pela NR 15, que no caso do
estireno é de 100 ppm para uma jornada diária de 8 horas de
trabalho. Caso a concentração do estireno no ar ultrapasse o
limite de tolerância, a empresa deve adotar medidas de
prevenção e controle para reduzir a exposição ocupacional.
● Registro e arquivamento dos resultados da monitorização: a
empresa deve manter registros dos resultados da monitorização
ambiental da exposição ocupacional ao estireno, incluindo as
datas, locais e procedimentos adotados, bem como os resultados
das análises das concentrações do estireno no ar.
A avaliação da exposição ocupacional ao estireno por meio da
monitorização ambiental deve ser realizada periodicamente, de acordo
com as normas e legislações aplicáveis, a fim de garantir a eficácia das
medidas de controle e prevenção adotadas e a proteção da saúde dos
trabalhadores.

Para a monitorização biológica, a Portaria nº 1.109, de 9 de julho de


2016, do Ministério da Saúde, dispõe sobre as diretrizes para a vigilância
da exposição ocupacional a substâncias químicas e a adoção de medidas
de prevenção e controle dos riscos à saúde dos trabalhadores. Essa
portaria estabelece critérios e procedimentos para a realização da
monitorização biológica, incluindo a definição de biomarcadores para
diferentes substâncias químicas e a interpretação dos resultados da
análise dos biomarcadores.
A monitorização biológica da exposição ao estireno envolve a análise de
biomarcadores específicos, que podem indicar a presença da substância
no organismo e os efeitos tóxicos associados à exposição ocupacional.
Os principais biomarcadores utilizados na avaliação da exposição ao
estireno são:
● Ácido mandélico e ácido fenilglicólico: são metabólitos do estireno
Monitorização da eliminados na urina. A dosagem desses ácidos na urina pode
exposição indicar a exposição ao estireno e sua intensidade, pois a
ocupacional: biológica quantidade eliminada depende da dose absorvida e da duração
da exposição.

● Hemoglobina adicionada de estireno (HbAA): é uma proteína


formada a partir da ligação do estireno à hemoglobina presente
nos glóbulos vermelhos do sangue. A dosagem da HbAA no
sangue pode indicar a exposição recente ou crônica ao
estireno.

● Proteína albumina sérica: é uma proteína presente no sangue


que pode se ligar ao estireno e seus metabólitos. A dosagem da
albumina sérica pode indicar a exposição ocupacional ao
estireno, bem como o risco de desenvolvimento de efeitos
tóxicos, pois a albumina ligada ao estireno pode se acumular nos
tecidos e órgãos do corpo.

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Toxicologia Geral - Atividade

A interpretação dos resultados da análise dos biomarcadores deve levar


em conta os limites de referência estabelecidos pela legislação e os
dados clínicos e epidemiológicos do trabalhador. No caso do estireno, os
limites de tolerância para a exposição ocupacional são de 100 ppm para
uma jornada diária de 8 horas de trabalho. Valores acima desse limite
indicam exposição ocupacional excessiva e a necessidade de adoção de
medidas de controle e prevenção. Além disso, o médico responsável pela
avaliação deve considerar os sintomas e sinais clínicos apresentados
pelo trabalhador e a história da exposição ocupacional ao estireno.

Existem diferentes métodos analíticos para a determinação do estireno


em amostras ambientais e biológicas. Para a análise de ar, a
cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa é o método
mais comum e sensível. Para a análise de amostras biológicas, como
urina, também é utilizada a cromatografia gasosa acoplada à
Métodos de análises espectrometria de massa, porém, pode ser necessário realizar um
processo de extração prévia dos metabólitos do estireno antes da análise.
Outros métodos de análise incluem a espectrofotometria e a
cromatografia líquida de alta eficiência. A escolha do método depende
das características das amostras e da sensibilidade e especificidade do
método analítico utilizado.

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