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Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital – Instituto Politécnico de Coimbra

Engenharia em Segurança do Trabalho


Bioquímica e Toxicologia

TOLUENO
TOLUENE
ESTUDO DA EXPOSIÇÃO

Miguel Ângelo Caetano Figueiredo

2018/2019
Resumo

O Tolueno está geralmente associado à exposição via respiratória e induz muitas vezes os indivíduos
expostos a estados físicos e psicológicos anormais, que podem por em causa a sua saúde a curto e a
longo prazo. A inalação é o meio mais frequente para a entrada do tóxico no corpo e os efeitos são
muito variados. A pesquisa centraliza-se nos efeitos, bem como nos métodos de avaliação ambiental
e biológica, não esquecendo a importância da atuação do organism para proceder à
excreção/eliminação do composto, o mais rápido possível, maioritariamente através da urina.
O presente trabalho visa identificar os riscos da exposição ao Tolueno e os sintomas associados à
possível exposição. De um modo geral, pretende-se perceber que este solvente, em concentrações
elevadas poderá causar sintomas agudos, mas principalmente crónicos, devido à exposição repetida
e a falta de acompanhamento e supervisão.
O estudo com animais reflete, assim como o estudo de avaliação ambiental, que embora o Tolueno
não seja tóxico, é um dos compostos em maior quantidade nos locais de recolha de amostras.
É fundamental perceber que a exposição toxicológica poderá ser evitada ou minimizada se os VLE
recomendados não forem ultrapassados e que será uma mais-valia para as empresas adotarem as
medidas recomendadas de segurança, face aos agentes químicos e derivados.

Palavras-Chave: Tolueno. Toxicologia. Exposição. Efeitos. VLE.

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Introdução

O principal objetivo na toxicologia ocupacional é de preservar a saúde dos trabalhadores que estão
expostos, por exemplo, à ação de agentes químicos nos seus postos de trabalho (DELLA ROSA et
al., 2014). Neste trabalho o objetivo é consensual, estando focado no estudo da exposição, efeitos e
vias de exposição que o Tolueno implica. É fundamental perceber até que ponto o Tolueno é tóxico
na vertente ocupacional, mas também na comunidade em geral.
O tolueno pertence ao grupo químicos dos hidrocarbonatos aromáticos, é incolor e de odor
característico é um produto químico industrial amplamente utilizado, produzido durante a destilação
do petróleo, sendo usado em vários produtos diariamente.

De acordo com a classificação e rotulagem aprovada no Regulamento de Classificação, Rotulagem e


Embalagem de substâncias e misturas (CRE), o Tolueno é um líquido e vapor que pode ser altamente
inflamável, mutagénico e irritante para a saúde humana. É uma substância perigosa e pode ser fatal
se ingerida ou inalada. Entra facilmente nas vias respiratórias, pode causar danos aos órgãos através
da prolongada ou repetida exposição, causa irritação na pele, pode causar sonolência ou tonturas.
Além disso, o Tolueno é suspeito de afetar a fertilidade e o feto, causar irritação ocular grave, bem
como prejudicar a vida aquática, com efeitos duradouros. [1]
Os solventes, do ponto de vista toxicológico, são substâncias orgânicas, lipossolúveis que atravessam
a barreira hematoencefálica com facilidade produzindo uma alteração no estado de consciência,
similar aos níveis mais leves de anestesia. A principal via de introdução é o sistema respiratório, pois
tendo os vapores atingido os pulmões podem facilmente se difundir ao longo de uma ampla superfície
e penetrar na corrente sanguínea. É assim um risco diário que tem de ser controlado para evitar a
ocorrência de acidentes.

O potencial tóxico do tolueno será abordado nos seguintes aspetos:


- Características Físico-químicas;
- Valores Limite de Exposição (VLE);
- Aplicações e Vias de Exposição;
- Medição da Prevenção;
- Toxicocinética e Toxicodinâmica – Biotransformação e Eliminação;
- Intoxicação – Efeitos/Sintomas e Órgãos Afetados;
- Medidas Preventivas;
- Estudos de Toxicidade Aguda e Crónica;
- Estudos com animais/ in vitro;
- Vigilância e Estudos Biológicos;
- Vigilância na Saúde;
- Principais Conclusões.

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Identificação e Caraterísticas da Substância [1]
Nome da Substância: Tolueno
N.º CAS: 108-88-3
Nº ECHA: 203-625-9
Figura 1 - Fórmula Estrutural do Tolueno (ECHA, 2019) [1]

Figura 2 – Pictogramas de Perigo (ECHA, 2019) [1]

Tabela 1 - Propriedades Físicas e Químicas (Adaptado de [2], [3], [4], [5], [6] e [7])
Propriedades Físicas e Químicas Tolueno (Metilbenzeno)
Estado Físico Líquido
Grupo Funcional Hidrocarboneto Aromático
Estrutura Química C7H8 (C6H5CH3)
Peso Molecular 92,14 g/mol
Densidade de Vapor (ar=1) 3,18
Densidade Relativa 0,867 g/mL @ 20ºC
Solubilidade em Água 0,58 mg/mL @ 25ºC
Ponto de Ebulição 110,6ºC
Ponto de Fusão -95,0ºC
Ponto de Inflamação 4,4ºC
Temperatura de Ignição 536,5ºC
Temperatura de Autoignição 480ºC
Temperatura Crítica 318,6ºC
Pressão de Vapor 36,7 mmHg @ 30ºC
Pressão Crítica 40,55 atm
Log Kow 2,73
Cor Incolor
Odor Característico
Limiar de Odor 0.2 - 69 ppm // 0,8 - 276 mg/m3
pH Não se aplica (produto não dissociável)
Acidez 0 % m/m
Viscosidade Cinemática 0,69 mm2/s
Viscosidade Dinâmica 0,58 mPa.s @ 20ºC
Reações Químicas Não reage com materiais comuns nem com água
Polimerização Não ocorre
Degradabilidade Biodegradável
Taxa de Queima 5,7 mm/min
Taxa de Evaporação (éter=1) 4,5
Conteúdo de Benzeno 13 ppm
Pureza 99,95 % m/m
Teor de COV 100%
Energia de Ignição 0,3 mJ
Concentração de Saturação 110 g/m3
Condutividade Específica <1 pS/m
Limite Inferior de Explosividade 1,1 vol% (39 g/m3)
Limite Superior de Explosividade 7,1 vol% (300 g/m3)
Tensão Superficial 27,73 mN/m @ 25ºC
Ácido sulfúrico e nítrico, peróxido de hidrogénio e
Incompatibilidades
sódio, flúor, cloro, bromo e mat. oxidantes fortes

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Valores Limite de Exposição (Indicativos e Obrigatórios)
Em Portugal, existem valores definidos para controlar a exposição ao Tolueno em uso ocupacional,
de acordo com o Decreto-Lei nº2 24/2012, de 6 de fevereiro, que consolida as prescrições mínimas em
matéria de proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e a saúde devido à exposição
a agentes químicos no trabalho, como é possível perceber na tabela seguinte:
Tabela 2 - VLE em contexto laboral do Tolueno em Portugal [3]

Tabela 3 – Toxicidade Animal/Ambiental (Valores de Dose Letal e Eficazes, etc.) [3]

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Exposição ao Tolueno - Aplicações e Vias de Exposição [2], [4], [9] e [18]
O tolueno é um hidrocarboneto aromático volátil, inflamável e transparente, gerado através do
refinamento/extração de petróleo por processos de destilação. É utilizado para aumentar a octanagem
da gasolina, a qual contém de 5 a 7% de tolueno (g/g), sendo esta a maior fonte de exposição à
população. Além disso, a nível ocupacional é utilizado em tintas, colas, vernizes, lacas, borrachas,
resinas, diluentes, inibidores de ferrugem, produtos de limpeza, produtos de revestimento, adesivos e
selantes, polímeros, produtos de tratamento de superfícies não metálicas, lubrificantes, corantes,
pesticidas e fármacos. Pode servir como intermediário para criação de outras substâncias como o
fenol, o uretano, o poliuretano ou o benzeno e ainda como substituto do benzeno em diversas
aplicações. Além do âmbito ocupacional, pode ser usado como drogas de abuso, através da inalação.

Em contexto laboral, a principal via de entrada do Tolueno, cerca de 40 a 60%, é a via


respiratória, ou seja, é absorvido maioritariamente por inalação, estando presente como vapor
(SANTOS, 2001; ACGIH, 2010). Em trabalhadores expostos a tolueno na concentração de 80 ppm
(partes por milhão) através do ar, são observados entre 10 a 15 minutos após a exposição, níveis entre
2 a 5 µmol/L de sangue (HJELM et al., 1988). Os níveis de tolueno no ar alveolar correlacionam-se
positivamente com os níveis de tolueno no sangue em homens e em animais. Durante exposições a
tolueno com 80 ppm por 4 horas, os níveis de tolueno atingem patamares entre 6 a 7 μmol/L em
aproximadamente 2 horas (HJELM et al., 1988; LOF et al., 1990). A absorção do tolueno é
significativamente aumentada quando a exposição ocorre em condições de exercícios físicos em
indivíduos expostos (NADEAU et al., 2006). A absorção do Tolueno por ingestão não é uma via tão
comum neste contexto.
Em alguns casos a via cutânea pode também ser a porta de entrada do Tolueno, quando há lesão na
pele ou quando o contato da pele (ou olhos) com o tolueno líquido é prolongado (ACGIH, 2010).
A maior fonte de exposição ambiental ao tolueno é a produção e uso da gasolina. Grandes quantidades
de tolueno são introduzidas no ambiente anualmente através do uso da gasolina e da produção e
processos de refinamento de petróleo.

Em síntese [2]:

Figura 3 - Vias de Exposição possíveis Figura 4 – Carateristicas da exposição eem contexto laboral

Tabela 4 - Grupos de Risco - Quem se encontra mais exposto? [2]


Grupos de Risco Condicionantes
Devido a sua altura, inalam maiores quantidades de Tolueno, uma vez que os
Crianças
seus gases são mais pesados do que o ar, circulando mais ao nível do solo.
Défice de defesas da grávida. Também o feto pode ser afetado uma vez que o
Grávidas tolueno atravessa facilmente a placenta, podendo sofrer danos irreversíveis,
como microcefalia, disfunção do SNC e anomalias corporais.
Fumadores O tabaco pode conter pequenas quantidades de tolueno.
Trabalhadores em geral Ao contactarem com gasolina, colas, diluentes, tintas, vernizes, etc.

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Métodos de amostragem/análise e métodos da medição da exposição [11]
Sendo o Tolueno parte integrante dos combustíveis, dada a importância que a poluição acarreta nos
dias de hoje e tendo em conta a quantidade de voos que se realizam mundialmente por dia (record de
mais de 202 mil voos num dia) (ANSA, 2018), apresento um estudo feito à concentração respirável de
hidrocarbonetos BTEX nas pistas de descolagem/aterragem de um aeroporto de São Paulo (Brasil),
onde além de aviões circulam muitos outros veículos auxiliares, todos eles potencialmente perigosos
para os trabalhadores. As amostras recolhidas pelos 3 turnos de 8h diárias colocadas aos trabalhadores
na sua zona de respiração, nas mesmas condições ambientais e nas mesmas tarefas de
coordenação de trafego e manutenção dos aviões, mostram que o Tolueno é o componente presente
na atmosfera, entre os estudados, com maiores níveis de concentração (chega a atingir 1,37 mg/m3),
ficando contudo a baixo dos valores limites máximos considerados para o efeito.
Tabela 5 - Concentração de BTEX no periodo de referência das 16h às 24h [11]

O método utilizado foi o 1501 do Manual de Métodos Analíticos do National Institute for
Occupacional Safety and Health, que permite amostrar através de tubos de vidro com preenchimento
de 100 miligramas de carvão ativado, sendo a sucção do ar feita por uma bomba de baixo caudal. Ao
fim da amostra, as pontas dos tubos foram seladas com tampas de Teflon, transportadas em recipientes
com gelo e armazenadas em gelo, sendo posteriormente preparadas e analisadas. O tempo da
amostragem foi definido tendo em conta a recomendação do método utilizado e a analise foi feita por
cromatografia gasosa. Para garantir a poluição das amostras com os hidrocarbonetos, fez-se também
a recolha de ar não contaminados.

Figura 5 - Dispositivo de amostragem colocado na zona de respiração do trabalhador [11]

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Toxicocinética e Toxicodinâmica [2] e [12]
BIOTRANSFORMAÇÃO E ELIMINAÇÃO (URINÁRIA E RESPIRATÓRIA)
A maioria do tolueno inalado (95%) é metabolizado no fígado (maioritariamente por oxidação nas
células parênquimas do retículo endoplasmático) dando origem a Álcool Benzílico e Ácido
Benzóico. que conjugado com Glicina forma Ácido Hipúrico. O Ácido hipúrico é o principal
metabolito urinário do tolueno sendo que a conversão para Cresol é uma via minoritária (menos de
1%). Cerca de 75% do tolueno inalado é metabolizado a ácido hipúrico e é excretado na urina 12
horas após a exposição. Várias isoenzimas estão envolvidas no metabolismo do Tolueno, entre as
quais a CYP2E1, descrita como a mais ativa na formação do Álcool Benzílico, podendo ser induzida
pela exposição repetida ao Tolueno. Alguns trabalhos incluem dosagens desse metabolito para
confirmação da efetividade da exposição ao tolueno. Outros autores afirmam que não há valor
diagnóstico nas dosagens de ácido hipúrico pois este é um constituinte normal da urina e pode ser
influenciado pela dieta. Contudo, é importante que se observe o intervalo entre a exposição ao tolueno
e a colheita da amostra. As concentrações de tolueno podem ser bifásicas; um pico inicial que é
seguido por um abatimento refletindo a ligação aos lipídios no sistema nervoso central (SNC) e um
pico subsequente pode ocorrer em consequência da liberação lenta do tolueno na corrente sanguínea.
O exame pode ser positivo mesmo muitos dias após a retirada do tolueno (Forster et al., Rev Saúde
Pública, 28 (2), 1994). Depois da exposição ao tolueno, há um excesso de Ácido Hipúrico, que pode
levar não só à excreção de amónio, mas também de sódio e potássio. A urina é assim utilizada para
monitorização biológica de trabalhadores expostos ocupacionalmente ao Tolueno.
Cerca de 20% do tolueno presente no organismo é excretado pela respiração.

A quantidade de distribuição do Tolueno varia com: [2]


Coeficiente da partilha
Duração da Exposição Nível de Exposição Taxa de Eliminação
do tecido/sangue

Tabela 6 - Eliminação do Tolueno através da Urina [2]

Efeitos Combinados [2]


O álcool inibe o metabolismo do tolueno, prolongando a sua presença no sangue, podendo afetar
mais o fígado do que o apenas a presença do Tolueno. A combinação de tolueno
com haloperiodol (antipsicótico bloqueador dos recetores de dopamina do cérebro) leva
à eliminação de dopamina de várias zonas do cérebro, alterando desta forma
a farmacodinâmica do haloperidol. Estudos demonstram que os analgésicos como o acetaminofeno e
a aspirina podem inibir o metabolismo do tolueno e influenciar na sua toxicidade, dada a competição
pelo CYP2E1, envolvido no passo inicial da via metabólica de ambos. Por outro lado, quando as
reservas de glicina se encontram reduzidas devido ao metabolismo da aspirina, o metabolismo do
tolueno encontra-se inibido.

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Intoxicação – sintomas/efeitos e órgãos afetados [13]
O odor do Tolueno é sentido com 8 ppm do produto no meio ambiente, o que é 25 vezes menor que
o estabelecido pela OSHA PEL (200 ppm). O vapor de tolueno é medianamente irritativo para as
membranas mucosas das vias de respiração. Em doses abusivas, os sintomas podem ser muito graves,
como náuseas, anorexia, confusão, hilaridade, perda do autocontrolo, perdas momentâneas de
memória, nervosismo, fadiga muscular, insónia e até efeitos de intoxicação aguda, como alucinações,
desorientação ou narcose (alteração do estado de consciência devido à intoxicação por determinadas
substâncias, como os narcóticos).
A toxicidade ao nível do SNC ocorre provavelmente pela lipossolubilidade do tolueno na membrana
neuronal. Há suspeita de que o tolueno interfira com a função proteica neuronal. Há também sugestões
de que a toxicidade do tolueno ocorra como consequência de metabolitos intermediários. A toxicidade
no SNC é geralmente observada momentos após a exposição. Em contrapartida, os efeitos pulmonares
podem ser retardados em até 6 horas ou mais após a exposição. A maioria dos pacientes expostos ao
Tolueno recobram a consciência rapidamente após serem retirados do local contaminado.
Nos quadros de exposição prolongada, pode acumular-se líquido nos pulmões, podendo evoluir para
paragem respiratória. A aspiração de vómito contendo tolueno pode desencadear um quadro de
pneumonia química. O Tolueno pode ser responsável pelo aparecimento da síndrome de disfunção
respiratória reativa (Reactive Airway Dysfunction Syndrome), um tipo de asma química ou irritante
induzida.
A absorção do produto pode causar efeitos sistémicos. Não foram relatados efeitos a longo prazo
relacionados à exposição aguda ao tolueno.

Figura 6 - Efeitos Gerais [2]

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Figura 7 - Sintomas Específicos [2]

Tabela 7 - Efeitos Sistémicos (Adaptado de [2] e [14]

Efeitos Sistémicos Acontecimentos


Inalação: Irritação, bronquite aguda, pneumonia e asfixia;
Efeitos Respiratórios
Utilização Crónica: Falência respiratória.
Inalação Aguda: Fibrilação ventricular e enfarte do miocárdio;
Efeitos
Inalação Crónica: Taquicardia supraventricular;
Cardiovasculares
Ingestão Aguda: Taquicardia e hipertensão.
Inalação Aguda: 400-800 ppm – Euforia, tremores, nervosismo,
insónia, dores de cabeça, fadiga, sonolência, confusão e vertigens;
800-1000 ppm – Ataxia, fadiga e convulsões e distúrbios de equilíbrio;
Efeitos Neurológicos +302000 ppm – Coma ou morte súbita.
Inalação Crónica: Hiperatividade reflexa, neuropatia periférica,
mudanças de personalidade, disfunção cognitiva e perdas de memória.
Ingestão Aguda: Depressão do SNC.
Efeitos
Ingestão ou inalação: Vómitos, cólicas abdominais, diarreia e úlceras.
Gastrointestinais
Efeitos Endócrinos Aborto e alteração dos níveis de LH, FSH e Testosterona.
Efeitos Renais Acidose renal, disfunção renal e falência renal.
Efeitos Hematológicos Displasia da medula óssea e anemia.
Efeitos
Utilização Crónica: Fraqueza muscular severa.
Musculoesqueléticos
Efeitos Hepáticos
Hepatomegalia, insuficiência hepática e falência hepatorrenal.
(Fígado)
Acidose tubular renal, pH da urina maior que 5,5, hipocaliemia e casos
Efeitos Geniturinários
isolados de insuficiência renal e falência renal.
Efeitos Ácido-Base Acidose metabólica hiperclorémica.
Efeitos Dermatológicos Irritação da pele, ressecamento e fissuras.
Efeitos Oculares Irritação dos olhos.

O mecanismo pelo qual o tolueno produz toxicidade sistémica ainda não é bem conhecido. [13]

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Medidas Preventivas
A aplicação de regras e práticas que visem a minimização dos riscos da exposição ao Tolueno é
estratégia fundamental para prevenir situações de risco. Assim, a adoção de procedimentos de
segurança em caso de emergência ou a criação de regras de armazenamento e manuseamento das
substâncias permite aos trabalhadores conhecer os riscos a que estão expostos e saber como lidar com
situações inesperadas (do autor).
Tabela 8 - Medidas de engenharia, armazenamento e proteção coletiva (adaptado de [2] e [6]):

A manipulação deve ser restrita a pessoal com conhecimento de todos os perigos do


a)
produto;
b) Manusear os produtos que contêm Tolueno em áreas ou locais abertos e bem ventilados;
c) A instalação de exaustão localizada deve ser a escolhida face à exaustão geral;
d) A instalação elétrica do local de armazenamento deve atender às normas vigentes;
e) Armazenar o produto em temperatura ambiente e em local bem ventilado e sinalizado;
f) Em caso de armazenamento em tanques de grandes dimensões, dispor de bacias de retenção;
g) Armazenar os produtos na embalagem original, rotulada e devidamente fechada;
h) Impedir que o Tolueno seja libertado para a rede de esgotos;
i) Evitar a formação de nuvens de vapores inflamáveis;
j) Evitar a inalação dos vapores do produto ou o contato do mesmo com a pele, olhos e mucosas;
Usar os equipamentos de proteção coletiva disponíveis no local ou se inexistentes os
k)
equipamentos de proteção individual recomendados;
l) Evitar o contacto do produto com materiais incompatíveis e contaminações ambientais;
m) Instalar a devida sinalização de alerta para os perigos e riscos associados;
Armazenar em locais adequados e que disponham de sistemas de deteção de vapores
n)
inflamáveis e de sistemas para contenção e controlo de derrames e combate a incêndio;
o) Não furar, cortar ou soldar qualquer equipamento ou recipiente contendo Tolueno;
p) Manusear o produto longe de fontes de calor, chamas e fagulhas;
q) Manter disponíveis no local de manuseamento equipamento para o combate ao incêndio;
r) Não armazenar junto a produtos considerados incompatíveis ou próximo de fontes de ignição;
s) Não armazenar próximo ou junto de alimentos e bebidas;
t) Não comer nem beber quando manusear os produtos que contenham Tolueno;
u) Manter os produtos fora do alcance das crianças.

Depois de aplicadas as medidas preventivas essenciais, priorizando as medidas de proteção


coletiva face às individuais, coloca-se a disposição do trabalhador os EPI’s necessários para que as
atividades a desenvolver que incluam o Tolueno e seus derivados, possam ser feitas do modo mais
seguro possível, tentando evitar ao máximo a exposição e o contacto com esta substância (do autor).
Tabela 9 - Medidas de Proteção Individual (do autor). Adaptado de: http://cipa.fmvz.usp.br/wp-content/uploads/sites/32/2018/04/EPI.png

Proteção
Proteção Ocular Proteção do Corpo Proteção das Mãos
Respiratória
Máscara que impeça a Óculos com proteção Vestuário (e botas) que Luvas indicadas para
inalação do Tolueno lateral para evitar proteja o contacto do proteger o trabalhador
em forma de vapor. ressaltos ou salpicos Tolueno líquido com o do contacto direto do
do Tolueno na forma corpo do trabalhador. manuseamento do
de líquido. Tolueno líquido.

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Estudos de Toxicologia Aguda e Crónica

Efeitos Agudos - exposição em curto período de tempo, com elevadas concentrações.

Na exposição aguda ao tolueno podemos fazer uma correlação entre os níveis de exposição e efeitos
decorrentes da mesma. Os efeitos agudos são reversíveis, mas tornam-se mais severos e persistentes
com o aumento da concentração e/ou duração da exposição. Não se tem relatado efeito tóxico em
humanos expostos a níveis menores que 50 ppm por curtos períodos de tempo ou expostos uma única
vez a 100 ppm por poucas horas. No entanto, há relatos de convulsões até mesmo chegando ao estado
de epilepsia como primeira manifestação de intoxicação aguda por tolueno. Os efeitos da inalação
voluntária variam muito em severidade e duração dependendo da intensidade da exposição; a duração
pode variar de 15 min a algumas horas. [9]

A exemplo disso, Kaelan et al., descreveram as alterações patológicas de intoxicação aguda em


apenas um caso.

Rosenberg et al. fizeram estudo com seis abusadores crónicos de tolueno e verificaram: atrofia
cerebral difusa; perda da diferenciação entre a substância branca e a cinzenta ao longo do SNC; e
hiperintensidade periventricular da substância branca em T2.

Outro trabalho, realizado por Filley et al., com 14 indivíduos, obteve descobertas patológicos bastante
semelhantes aos citados na pesquisa descrita acima, principalmente no que se refere a alterações na
substância branca. Algumas outras publicações confirmam os resultados descritos anteriormente,
referindo-se mais a descobertas neuropatológicos que envolvem a bainha de mielina.

Como já comentado, a principal causa de óbito entre inaladores de tolueno relaciona-se a acidentes,
tais como asfixia. Mortes súbitas de inaladores também ocorrem por arritmia cardíaca, resultante da
ação das catecolaminas liberadas durante um exercício físico num miocárdio sensibilizado por
inalantes utilizados, bem como por paragem respiratória. [9]

Efeitos Crónicos - exposição longa, com baixas concentrações.

Recentemente, a exposição a solventes tem sido considerada como um contributo para o


desenvolvimento de surdez, quer a nível profissional quer por inalação voluntária.
Os resultados de alguns estudos desenvolvidos nos últimos anos, principalmente na Finlândia,
apontam para que a exposição crónica a solventes orgânicos tenha também efeitos nocivos na
fertilidade feminina e masculina. O estudo da incidência de cancro e da mortalidade por essa causa
no grupo de expostos a solventes orgânicos tem também sido objeto de alguns trabalhos; os seus
resultados apontam para um risco acrescido de cancro do sistema hematopoiético e do útero. [17]

A compreensão dos mecanismos pelos quais o Tolueno pode exercer os seus efeitos tóxicos é
limitada. O mecanismo pelo qual a exposição prolongada do Tolueno provoca efeitos neurológicos,
tais como depressão do SNC pensa-se que envolve, pelo menos, interações reversíveis entre o
Tolueno (o composto de origem e não os seus metabolitos) e componentes (lípidos ou proteínas) das
membranas do sistema nervoso. [2]
Os efeitos da exposição a solventes orgânicos caracterizam-se, fundamentalmente, por ações que
afetam o sistema nervoso central (SNC), ações irritantes da pele e mucosas e por lesões hepática e
renais. [17]

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Estudos com animais e testes in vitro [18]
O presente trabalho investigou, através de um modelo experimental em ratos, a influência da
exposição ocupacional ao Tolueno na atividade dos transportadores da família Oatp (polipeptídeo
transportador de aniões orgânicos). Para avaliar o impacto da interação entre a exposição ocupacional
e a atividade do transportador Oatp foi empregado como fármaco marcador a pravastatina.
A exposição ao Tolueno a 125 ppm ou a 375 ppm em ratos, 6 horas/dia durante 5 dias resultou em
inibição dose dependente da atividade de arilhidrocarboneto hidroxilase (AHH), CYP2B1, CYP4B1
nos pulmões, mas não do CYP1A1 (FURMAN; SILVERMAN; SCHATZ, 1998).
Dados observados experimentalmente e a partir de estudos in vitro revelam a indução na atividade de
CYP2B1/2, CYP2E1, CYP3A1 e CYP4A1 e a inibição da atividade do CYP2C11/6 após exposição
a elevadas concentrações de Tolueno (WANG et al., 1996) (Tabela 10). Estudos que investigam a
influência de solventes na disposição cinética de fármacos são escassos (Tabela 10). O trabalho
desenvolvido revelou ausência de alterações na disposição cinética do verapamil e norverapamil após
exposição ao Tolueno a 25, 50 ou 100 ppm durante 6 horas/dia, 5 dias (MATEUS et al., 2008).
Tabela 10 - Efeito da exposição ao Tolueno nas enzimas do metabolsimo e na dispoição cinética de A pravastatina é
fármacos [18]
descrita como
substrato do
transportador
OATP1B1 hepático
e tem sido usada
como fármaco
marcador da sua
atividade.
Estudos clínicos e
estudos in vitro têm
demonstrado que
alterações na
disposição cinética
da pravastatina são
observadas quando a atividade de OATP1B1 é inibida (KIVISTÖ et al., 2005; NIEMI, 2007;
WATANABE et al., 2009; SHARMA et al., 2012). Um aumento de 2,5 vezes na ASC da pravastatina
foi observado após coadministração com o inibidor de OATP1B1 espironolactona em ratos
(BADOLO et al., 2013).
Os resultados do presente estudo mostram que a atividade
dos transportadores da família Oatp, avaliada pelo uso da
pravastatina como fármaco marcador, não foi alterada após a
exposição ao Tolueno em ratos por inalação a 85 mg/m3, 6
horas/dia, 5 dias/semana, 4 semanas.
O método validado mostrou detetabilidade, precisão e
exatidão compatíveis com a aplicação em estudos para a
investigação da disposição cinética após dose única da
pravastatina em ratos; A exposição ao Tolueno 85 mg/m3, 6
h/dia, 5 dias/semana, 4 semanas não alterou a disposição
cinética da pravastatina em ratos tratados com 20 mg/kg do
fármaco. A atividade dos transportadores da família Oatp,
avaliada pelo uso da pravastatina como fármaco marcador,
não foi alterada após a exposição ao tolueno por inalação a
Figura 8 - Estudo com ratos [18]
85 mg/m3, 6 horas/dia, 5 dias/semana, 4 semanas em ratos.

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Métodos de amostragem/análise e da medição da vigilância biológica (VLB)
A legislação nacional prevê que a vigilância biológica dos trabalhadores seja efetuada sempre que
necessário, no entanto não estão definidos valores limite biológicos. Assim, a interpretação dos
resultados da monitorização biológica da exposição profissional ao tolueno é efetuada tomando por
base os índices biológicos de exposição (IBE) estabelecidos pela Conferência Americana de
Higienistas Industriais Governamentais (ACGIH). [19]
O ácido hipúrico é o principal indicador biológico do tolueno que permite monitorizar regularmente
trabalhadores com risco de exposição ocupacional a este solvente. O objetivo deste trabalho foi
avaliar os níveis de ácido hipúrico encontrados em trabalhadores submetidos à monitorização
biológica. Foi realizado um estudo retrospetivo com dados dos anos de 2002 a 2005, no qual foram
analisados os resultados de exames periódicos, de admissão e de fim de contrato. Os resultados
indicam uma redução significativa nos níveis de ácido hipúrico em 2005. Exames periódicos
obtiveram resultados superiores aos exames de admissão e de fim de contrato, e não foi verificada
diferença significativa nas proporções dos sujeitos agrupados de acordo com a situação funcional em
cada um dos intervalos estabelecidos segundo o valor de referência e o índice biológico máximo
permitido. Os níveis de ácido hipúrico detetados indicam um baixo nível de risco de exposição ao
Tolueno na população avaliada, provavelmente em decorrência da preocupação crescente com a
implantação de medidas de segurança e saúde ocupacional. [20]
Nota: O ácido hipúrico é o principal metabolito urinário encontrado em humanos e em ratos expostos
ao tolueno, mas, outros metabolitos são também encontrados na urina, como o ácido benzóico
conjugado com o ácido glicurónico; o-cresol e p-cresol conjugados com sulfatos e com o ácido
glicurónico; o ácido S-benzilmercaptúrico e o ácido S-ptoluilmercaptúrico.

Tabela 11 - Lista de Valores Limite Biológicos (ACGIH, 2006) [21]

Uma mais recente atualização da ACGIH (2010), em relação ao Tolueno, conforme também referida
pela WORKSAFE (NEW ZEALAND, 2018), indica, com base em estudos de campo até 2008 que a
determinação da quantidade absorvida de Tolueno deve ser feita no sangue, ao o-cresol ou na urina
como indicadores biológicos, com índices biológicos de exposição de 0,02 mg/L, 0,03 mg/L e 0,3
mg/g creatinina, respetivamente. Consideram-se assim, estes valores como referência dos EUA. [22]

Tabela 12 - Resumo de valores biológicos recomendados a nível mundial [18] e [23]

USA Brasil Alemanha


o-Cresol 0,03 mg/L - 1,5 mg/l
Tolueno Ácido Hipúrico 0,3 mg/g 2,5 g/g creatinina -
Sangue 0,02 mg/L - 0,6 mg/L

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Exemplo de recolha de Ácido Hipúrico - Urina (Exposição Ocupacional ao Tolueno) [12]
Material: urina recente (com no mínimo 4 horas de retenção urinária).
- Colher amostra ao final do último dia de jornada de trabalho da semana. Como a maior parte do
metabolito é excretada nas 4 horas seguintes ao final da jornada de trabalho, recomenda-se, quando
possível, a colheita da urina durante este período de 4 horas pós-exposição.
- Evitar colher após a primeira jornada de trabalho da semana.
- Evitar fatores interferentes (dieta ou medicamentos conforme orientação médica).
- Evitar 1 dia antes da coleta: frutas (ameixa, pêssego), grãos verdes de café, alimentos e bebidas
conservados com benzoatos (refrigerantes, margarinas, mostarda, ketchup, alguns tipos de pães,
alguns tipos de sucos de frutas industrializadas), consumo de álcool e antidepressivos.
Procedimento:
1) Fazer higiene local com água e sabão e secar.
2) Desprezar o 1º jato e colher o jato do meio.
Jejum: Não necessário.

Exemplo de Recolha de sangue (Exposição Ocupacional ao Tolueno) [24]


O seguinte estudo teve como objetivo avaliar a relação da exposição a solventes orgânicos com a
perda auditiva e o zumbido.
Metodologia:
Análise de dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição e Rede de Informação Ocupacional entre
uma população de estudo que variou entre 1085 a 2471 participantes, entre os anos de 1999 a 2004.
Foram utilizados modelos de regressão logística multivariada múltipla para avaliar a relação de
exposições individuais a solventes orgânicos (benzeno, etilbenzeno e tolueno), medindo através de
biomarcadores sanguíneos: a perda auditiva autorreferida, a perda auditiva audiométrica e o
zumbido auto-relatado. Os modelos foram ajustados para idade, sexo, etnia, diabetes, exposição ao
ruído não ocupacional e tabagismo.
Resultados:
A exposição ao solvente não foi estatisticamente significativa associada ao zumbido autorreferido.
As concentrações de benzeno (OR 1,43, IC95% 1,15-1,78), etilbenzeno (OR 1,24, IC95% 1,02-1,50)
e tolueno (OR 1,27, IC 95% 1,06-1,52) foram estatisticamente significativamente associadas ao
aumento das hipóteses de alta perda auditiva de frequência. Nenhuma interação estatisticamente
significativa foi observada entre estes solventes e o ruído ocupacional na perda auditiva de alta
frequência.
Conclusões:
Não se encontrou evidências de associação entre os solventes orgânicos e o zumbido; no entanto,
houve evidência de associação entre exposição a solventes orgânicos e prevalência de perda auditiva
de alta frequência.

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Resultado da vigilância da saúde, estudos com voluntários e epidemiológicos
O diagnóstico de uma síndrome tóxica é facilitado quando a exposição excede os níveis estabelecidos
para efeitos biológicos e sintomas seguindo padrões clássicos para intoxicação. Mesmo em situações
de toxicidade bem definida do SNC, reações psicológicas e emocionais podem influenciar a
persistência de sintomas podendo complicar a recuperação. O diagnóstico preciso de síndromes
neuropsiquiátricas associadas com exposição dependem de: história detalhada da exposição e
cronologia de sintomas; conhecimento de possíveis efeitos neurotóxicos da exposição; avaliação
psiquiátrica incluindo história psicossocial completa, histórico de uso de álcool e outras drogas,
exame do estado mental e neurológico; e resultado de exames complementares, tais como testagem
neuropsicológica, eletrencefalograma e neuroimagem. [9]

Tabela 13 - Fatores preponderantes para a avaliação do risco [2]

Dose do Tempo de Forma de Histórico Estilo de


Idade Sexo Dieta
Composto Exposição Contacto Familiar Vida

Nos casos em que a função renal é


prejudicada, a diálise renal é usada para
remover metabolitos do tolueno do
organismo. Consumir líquidos, permitirá um
aumento da produção e excreção de urina e
consequente eliminação do composto (o
Tolueno apresenta elevada solubilidade em
água).

Em caso de inalação, o indivíduo deve ser


transportado para ambientes frescos e tratado
sintomaticamente, por exemplo com agonistas
β2 (caso de broncospasmos) ou
com suplementos de potássio (se apresentar hipocalemia). Nas arritmias é sugerida a correção dos
distúrbios eletrolíticos e em situações mais graves, intubação. [2]

Teratogenicidade e Carcinogenicidade [9]

Exposição a solventes orgânicos, em geral, tem algum efeito embriotóxico; porém não foi possível
determinar o nível de envolvimento do Tolueno em tais descobertas em função das misturas a que as
mulheres foram expostas num determinado estudo. No entanto, uma pesquisa realizada com
trabalhadoras expostas a concentrações relativamente altas de tolueno (50-150 ppm), comparadas
com outras da mesma indústria não expostas ou expostas a baixas concentrações (0-25 ppm), não
demonstrou correlação direta entre a exposição a esta substância e disfunções hemorrágicas uterinas.
Não há estudos epidemiológicos que indiquem que a exposição ao tolueno aumenta risco de
carcinogénese. Estudos retrospetivos sobre mortalidade de trabalhadores expostos ao tolueno
incluem outras substâncias químicas. Estudos animais também não demonstram a relação procurada.

Doenças Psiquiátricas
A exposição a solventes pode ser relacionada com dois tipos de doenças mentais, doenças afetivas e
psicose orgânica incapacitante ou degeneração cerebral. Uma pesquisa com 130 abusadores de
Tolueno não mostrou existência de risco aumentado de desenvolvimento de depressão primária ou
outras psicopatologias. Todavia, foi encontrado risco significativamente aumentado de diagnóstico
de distúrbio antissocial de personalidade entre usuários de solventes.

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Conclusão
Perante o contexto da atual pesquisa, nomeadamente a exposição ao Tolueno, é agora possível
compreender algumas caraterísticas e consequências inerentes à sua exposição nos locais de trabalho.
Desde logo, a necessidade de conhecerem e adotar regras e procedimentos de segurança e medidas
preventivas, quer de armazenamento, quer de manuseamento ou de proteção coletiva, sendo ponto
primordial para que os trabalhadores possam saber como agir perante uma situação em que o Tolueno,
concretamente, possa causar riscos à sua saúde.
A importância de saber quais as vias mais comuns para absorver o Tolueno também é fator
importante, uma vez que há uma maior noção dos efeitos do solvente no corpo humano e dos sintomas
a curto e a longo prazo, o que leva o trabalhador a estar mais atento a situações análogas. Com o
avanço na pesquisa foi possível perceber como é gerido o tóxico pelo corpo humano e como este o
elimina (maioritariamente pela urina) e que os melhores meios para perceber a concentração da
exposição biológica ao Tolueno são o sangue e a urina. Por outro lado, numa exposição ambiental, a
melhor maneira será estudar a concentração junto da zona respiratória do trabalhador.
Os efeitos e consequências podem ser várias, dependendo do nível de exposição e de variados fatores
ambientais e corporais, mas o SNC é a parte do corpo que mais sofre com a exposição ao Tolueno. A
combinação do Tolueno (por exemplo) com o álcool, irá agravar os efeitos sentidos pelo individuo,
uma vez que irá inibir o metabolismo do Tolueno e fazer com que este se prolongue no organismo,
prejudicando órgãos como o fígado (por exemplo). Ao surgir um efeito, podem surgir outros por
consequência, ou seja, é possível que hajam efeitos sistémicos, aumentado a gravidade da situação.
O mecanismo pelo qual o tolueno produz toxicidade sistémica ainda não é bem conhecido.
Foi possível recolher alguns estudos com animais (ratos), estudos de avaliação biológica e ambiental
(aeroporto), e concluir que embora a concentração de Tolueno não ultrapassa os vários valores de
referência estipulados, é, dos compostos BTEX (hidrocarbonetos aromáticos), aquele que maiores
concentrações apresenta, em comparação com os restantes nos locais de recolha observados.
O sangue e a urina são os melhores indicadores biológicos para avaliar a exposição do Tolueno e os
efeitos a longo prazo podem acontecer devido à inalação, mas também absorção e ingestão, levando
mesmo à morte em grandes quantidades. Poderá ser prejudicial a grávidas, no que se refere à má
formação do feto e problemas futuro e não hã estudos que evidenciem a sua relação com a ocorrência
de cancro.
Limitações:
Não obtive resultados na relação da estrutura do Tolueno com as suas propriedades toxicológicas,
embora saiba que, as moléculas aromáticas normalmente têm uma estabilidade química ampliada em
comparação às moléculas semelhantes não aromáticas. Uma molécula que pode ser aromática tenderá
a alterar a sua estrutura eletrónica para estar nesta situação. Estas estabilidade extra muda a química
da molécula. Compostos aromáticos sofrem reações de substituição eletrofílica
aromática e substituição nucleofílica aromática, mas não reações de adição eletrofílica.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aromaticidade
Sugestões:
Devem aprofundar-se os estudos que são feitos na vigilância da saúde para melhorar o tratamento a
outras pessoas que estejam expostas ao Tolueno e, garantir que nas empresas são cumpridas as
medidas necessária na utilização de produtos químicos e produtos relacionados.
Poderá ser importante realizar mais pesquisas com amostras maiores da população para que se possa
definir, com maior clareza, as sequelas do uso crónico. Poucos resultados foram obtidos nos estudos
com animais no que se refere à parte de neuropatológicos, havendo assim a necessidade da ampliação
deste tipo de pesquisa.

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Referências Bibliográficas
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2019, de ECHA: https://echa.europa.eu/pt/substance-information/-/substanceinfo/100.003.297

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https://ttolueno.wixsite.com/toxicologia

[3] ROTH, C. (2019). Ficha de Dados de Segurança (Tolueno ROTIDRY). Acedido em 15 de Junho de 2019,
de CARL ROTH: https://www.carlroth.com/downloads/sdb/pt/A/SDB_AE06_PT_PT.pdf

[4] CHEMICALS, A. Ficha de Informação de Segurança (Tolueno). Acedido em 15 de Junho de 2019:


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http://www.innova.com.br/arquivos/documentos/produtos/PT-566848669b28c-FISPQ-FISPQ-FISPQ-
FISPQ-FISPQ.pdf

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[7] ABIQUIM. Ficha de Informação de Produto Químico (Tolueno). Acedido em 17 de Junho de 2019:
http://sites.ffclrp.usp.br/cipa/fispq/Tolueno.pdf

[9] Forster, L., Tannhauser, M., Tannauser S. (1994). Toluene toxicology: abuse aspects. Acedido em 18 de
Junho de 2019: https://www.scielosp.org/article/rsp/1994.v28n2/167-172/

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[12] INGOH. Ácido Hipúrico - Urina (Exposição Ocupacional Ao Tolueno). Acedido em 19 de Junho de 2019:
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