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Edifício Vilanova Artigas: obra de intervenção em patrimônio moderno /


Edifício Vilanova Artigas: intervention in the modern heritage

Conference Paper · November 2016

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6 authors, including:

Carmen Silvia Saraiva Ana Paula Arato Goncalves


University of São Paulo The J. Paul Getty Trust
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Rodrigo Vergili Renata Cima Campiotto


University of São Paulo University of São Paulo
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presente) View project

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Edifício Vilanova Artigas: obra de intervenção em patrimônio
moderno

Carmen Silvia Saraiva Masseo de Castro


Ana Paula Arato Gonçalves
Rodrigo Angelo Campagner Vergilli
Renata Cima Campiotto
Cláudia Terezinha de Andrade Oliveira
Maria Lúcia Bressan Pinheiro
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Brasil, conservafau@gmail.com

Resumo
O Edifício Vilanova Artigas, patrimônio da arquitetura moderna brasileira, passou recentemente por
extensa obra de reparos. Após um ano do término da obra, é oportuno analisar criticamente o
processo de intervenção. Este trabalho relata e analisa o processo de especificação técnica e
recuperação das empenas de concreto armado aparente e da cobertura do edifício confrontando-o
com os atuais conceitos de conservação e de restauro. Os principais desafios encontrados foram a
falta de estudo detalhado das condições existentes, desconhecimento do comportamento de alguns
materiais nas condições existentes, dificuldade de controle dos atributos cromáticos da argamassa de
reparo e falta de rigor nos procedimentos e cronologia de execução dos serviços. Concluiu-se que
tais intervenções requerem, necessariamente, o reconhecimento, por parte dos seus responsáveis,
do valor cultural do bem e da especificidade da obra e também requerem a adoção de metodologia
que priorize os princípios da conservação e do restauro.

Palavras-chave: Arquitetura moderna; Vilanova Artigas; Concreto armado; Impermeabilização;


Patrimônio.

Edifício Vilanova Artigas: intervention in the modern heritage

Abstract
The Vilanova Artigas building, icon of the brazilian modern architecture, recently underwent a
comprehensive repair campaign. One year after completion of the intervention, it seems appropriate to
critically review the entire process. This paper reports and analyzes the process of technical
specifications and the repair works on the blind exposed reinforced concrete façades and the roofing
system of the building, collating them to the current fundamentals of conservation and restoration. The
main challenges are related to lack of a detailed study about existing conditions, lack of knowledge of
the behaviour of some materials in the existing conditions, difficulty in controlling chromatic attributes
of patch repairs and lack of rigor in execution and chronology of repair campaign. In conclusion, such
interventions demands, necessarily, that those responsible for the project recognize the cultural value
of the building and adopt a methodology that prioritizes the conservation and restoration principles.

Keywords: Modern architecture; Vilanova Artigas; Reinforced concrete; Waterproofing;


Heritage.
Introdução
O envelhecimento e deterioração dos edifícios modernos do século XX, considerados
patrimônio e testemunho dessa arquitetura, promovem a necessidade de estabelecer
procedimentos de conservação para mantê-los. As superfícies de concreto armado aparente
e as lajes planas de concreto, elementos típicos da arquitetura moderna, chegam aos dias
de hoje com manifestações patológicas resultantes de sua degradação ocasionada por uma
combinação de fatores, como a ação das intempéries, poluentes, características do próprio
material e método construtivo. Esse efeito é particularmente evidente quando essas
estruturas não contam com manutenção contínua. Caso a evolução desses processos de
degradação continue, ela poderá levar à perda de valores que contribuem para o significado
histórico do edifício, além de afetar outros sistemas prediais.
Essas questões vêm sendo amplamente discutidas por profissionais do campo disciplinar do
restauro para determinar critérios teóricos e práticos que possam manter o significado
cultural do patrimônio moderno para o futuro. O Documento de Madrid, “Criterios de
Conservación del Patrimonio Arquitectónico del s.XX.” publicado originalmente em 2011
(International Council on Monuments and Sites - ICOMOS, 201) e reeditado em sua
segunda versão em 2014 (ICOMOS, 2014), consubstancia essas discussões. Os temas
abordados neste documento são: o conhecimento, a compreensão e o significado do
patrimônio; a gestão da mudança para conservar o significado cultural; a consideração pela
sustentabilidade do meio ambiente e a promoção deste patrimônio junto à sociedade. Em
seu artigo 2, o documento defende a adoção de uma metodologia de plano de conservação
com o objetivo de evitar que futuras propostas de intervenção afetem negativamente o
significado do patrimônio. Outro artigo trata do tema da pesquisa e desenvolvimento de
métodos específicos de conservação adequados aos materiais e técnicas construtivas do
século XX, que diferem daqueles tradicionalmente empregados em épocas anteriores. Além
disso, o documento dá preferência à utilização de métodos não destrutivos ou não invasivos,
tanto para o processo de pesquisa quanto para as soluções propostas. Outro ponto
abordado é o do respeito à autenticidade e à integridade do bem, preferindo-se a reparação
ou restauração de elementos significativos à sua substituição, e que os materiais utilizados
em eventuais substituições sejam, quando possível, iguais aos originais, porém
documentados.
Já o relatório do “Conserving Concrete Heritage Experts Meeting” (Encontro de Especialistas
em Conservação de Patrimônio em Concreto), realizado em 2014 pelo Getty Conservation
Institute, Los Angeles (Custance-Baker; Macdonald, 2014), sintetiza e norteia as
necessidades atuais de pesquisa para conservação do patrimônio cultural construído em
concreto no século XX. Este documento ressalta as lacunas de conhecimentos técnicos,
falta de disseminação de informações, educação e treinamento na área de conservação do
concreto.
É neste contexto que este trabalho aborda a recente experiência de intervenção para
conservação das empenas externas de concreto aparente e da cobertura de concreto do
Edifício Vilanova Artigas (Figura 1). O edifício, inaugurado em 1969, está localizado em São
Paulo, Brasil, e foi projetado entre 1961 e 1966 pelos arquitetos João Batista Vilanova
Artigas e Carlos Cascaldi.
O edifício, destinado a abrigar a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
São Paulo - FAUUSP, apresenta um jogo de volumes em meios-níveis, interligados por
grandes rampas e cobertos por uma estrutura modular com domos translúcidos. O concreto
armado é personagem principal do edifício no que se refere aos materiais de construção,
garantindo-lhe uma marcante textura, conferida pela impressão das formas de madeira nas
superfícies. Outras características notáveis são a existência de grandes espaços integrados,
a clareza na distribuição de seus usos, a modularidade de seus elementos constitutivos e as
relações estabelecidas entre áreas internas, externas e seus volumes.
Além de seus significados ligados à história da arquitetura e o contexto em que se insere,
notadamente em relação à produção da arquitetura moderna paulista e à inovação técnica-
construtiva, o edifício foi também palco de acontecimentos e objeto de apropriação por
diversos personagens ao longo do tempo, tornando-se um reconhecido expoente da
arquitetura moderna e brasileira. É legalmente protegido através de tombamentos pelo
CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
Turístico do Estado de São Paulo) em 1982 e em 1991 pelo CONPRESP (Conselho
Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São
Paulo), órgãos de preservação de esfera estadual e municipal, respectivamente.
Constatou-se, nas últimas décadas, que o Edifício Vilanova Artigas apresentava sinais
típicos das manifestações patológicas dos edifícios modernos, como infiltrações severas em
sua cobertura plana e corrosão de sua armadura com consequentes desplacamentos de
concreto, que colocavam os usuários em risco. Embora tivesse passado por intervenções
invasivas e pontuais na década de 1990, só a partir de 2006 iniciaram-se as discussões que
o levaram à obra iniciada em 2012 e finalizada em 2015, cujo escopo incluiu toda a área de
cobertura, empenas e pilares em concreto armado aparente nas fachadas.

Figura 1: à Esquerda, vista externa do Edifício Vilanova Artigas, fachada principal (fachada sudoeste)
(Nelson Kon, 2010). À direita, vista para o saguão interno com destaque para a cobertura (Marcos
Santos, 2015).

Neste trabalho, serão abordadas as etapas do processo para a realização das intervenções,
como a contratação, a especificação técnica, a execução e os desafios atuais, com o
objetivo de avaliar de forma crítica suas participações nos resultados, para que sejam
aprimorados em futuras intervenções.

Descrição e histórico de intervenções na cobertura


A cobertura do edifício é constituída por uma malha de vigas de concreto armado moldado
in loco e domos translúcidos, originalmente feitos em fibra de vidro. Delimitada pelas
próprias empenas das fachadas, a cobertura mede 66 m por 110 m (dimensões nominais
entre eixos das empenas). Estruturalmente, é formada por vigas invertidas de 1,90 m de
altura, localizadas a cada 5,50 m na direção longitudinal e 22 m na direção transversal,
complementada por uma malha de 2,75 m x 2,75 m de vigas menores, de seção vazada,
conformadas por caixões-perdidos. As vigas de seção plena estão apoiadas em 18 pilares
internos. Externamente, os 14 pilares que circundam o edifício são parte integrante das
empenas. Observa-se que a cobertura respeita, em múltiplos e submúltiplos, a modulação
estrutural do edifício, equivalente a 11m.
Considera-se, para fins práticos, cada espaço delimitado pelas vigas invertidas como um
módulo da cobertura. Assim, são 60 módulos distribuídos igualmente em três faixas:
anterior, intermediária e posterior. Em cada um deles, há 16 aberturas zenitais de 1,10m x
1,10m, cobertas por domos translúcidos (Figura 2).
Figura 2: Planta geral da cobertura, com destaque para um dos módulos.

O escoamento das águas pluviais se dá pela própria viga-laje, que funciona como uma
grande calha coletora. Os módulos da cobertura foram projetados e executados com
inclinação aproximada de 0,5% em direção aos ralos e condutores de descida, localizados
junto aos pilares internos. Originalmente, a impermeabilização utilizada era composta por
uma membrana moldada in loco, resultado da aplicação de um composto elastomérico
disposto em sucessivas camadas diretamente sobre a laje regularizada, dispensando
qualquer proteção mecânica. Conhecido pelas marcas comerciais Neoprene e Hypalon, era
considerado um sistema bastante avançado para a época.
No entanto, a ausência de registros organizados sobre a cobertura em seus primeiros vinte
anos de serviço impede a realização de uma análise conclusiva sobre a execução da obra e
as intervenções ocorridas posteriormente. Dessa forma, não é possível confirmar a
execução de contraflechas na estrutura da cobertura durante sua construção. Por outro
lado, apesar das limitações técnicas de execução e a ausência de controle de qualidade
quanto à aplicação de um sistema de impermeabilização nos anos de 1960, há indícios de
que essa primeira impermeabilização foi bem executada e atingiu uma vida útil aproximada
de 10 anos (que atenderia atualmente as expectativas de vida útil para esse sistema de
impermeabilização).
O primeiro registro de falha do sistema da cobertura data de junho de 1980, quando o então
diretor da FAUUSP, Prof. Ariosto Mila, solicitou uma vistoria na estrutura do edifício em
decorrência de deformações nas paredes divisórias das salas de aula, causadas pelo
deslocamento das vigas da cobertura. Em registros fotográficos daquela época, embora de
forma discreta, já era possível identificar manchas de eflorescências de carbonato de cálcio
na face inferior da laje de cobertura, o que sugeria falha do sistema de impermeabilização.
Com o passar do tempo houve o agravamento da situação conforme ilustra a Figura 3.
Figura 3: Vista interna da cobertura com detalhe para as eflorescências de carbonato de cálcio,
formadas pela infiltração da água de chuva (Cláudia Oliveira, 2007 e Laís Flores, 2009).

Foram envidados inúmeros esforços para sanar a infiltração de água pela cobertura,
primeiramente com a aplicação de novas camadas de impermeabilização, sem a remoção
da impermeabilização antiga. Ao mesmo tempo, fazia-se necessária a correção da
inclinação da laje por meio de camadas de regularização, devido à deformação lenta do
concreto, de modo a permitir o pleno escoamento das águas pluviais. Esta prática resultou
numa sobrecarga não prevista na estrutura o que, provavelmente, agravou ainda mais a
deformação das vigas. Em 1994, na primeira inspeção técnica conhecida dessa estrutura,
foi identificada a existência de até quatro camadas de impermeabilização e de
regularização, com espessura média final de 22 cm de revestimento. Nessa mesma
inspeção, também foi constatado o acúmulo de água nos caixões-perdidos, comprovando a
ineficiência da impermeabilização aplicada sobre as diversas camadas de regularização da
laje.
No interior do edifício, a degradação generalizada das armaduras e do concreto era visível.
Na época, era possível observar a formação de estalactites e até mesmo, em alguns casos,
depósitos de carbonato de cálcio na superfície de paredes divisórias e no piso dos estúdios.
Além disso, em alguns pontos já havia desplacamentos de concreto, ocasionados pela
corrosão das armaduras.
Este cenário desolador levou a tentativas experimentais com o objetivo de resolver os
problemas de escoamento de água e estanqueidade da cobertura. Após alguns testes, a
solução adotada consistiu na remoção das camadas de regularização e demolição da laje
estrutural, seguida de sua reconstrução com 1% de inclinação para o escoamento das
águas de chuva. Esta intervenção bastante invasiva, iniciada em 1996 e proposta por Bruna
(1995), eliminou a necessidade de uma espessa camada de regularização para o
escoamento das águas pluviais, resolvendo os problemas relacionados à sobrecarga da
estrutura e ao acúmulo de água na laje. Por outro lado, ao elevar o nível da laje, essa
intervenção facilitou a entrada de água pluvial, por respingo, pelas aberturas zenitais da
cobertura. Em alguns locais, o nível da laje ficou acima da cota dessas aberturas zenitais,
havendo a necessidade da construção de contenções para a água ao redor dos mesmos.
No entanto, por envolver métodos bastante específicos, incluindo a necessidade de
escoramento da estrutura durante o procedimento de demolição e reconstrução da laje,
essa intervenção era muito onerosa e foi contratada por etapas ao longo dos anos. Ao final
de 2002, apenas metade da cobertura havia sido reformada e, naquele momento, os
recursos financeiros tornaram-se insuficientes para a continuidade desse procedimento.
A degradação das áreas sem tratamento progrediu rapidamente o que levou, em 2005, à
contratação de um novo trabalho técnico que deveria conter o diagnóstico da atual situação
da cobertura e propor soluções para os reparos necessários. Neste trabalho, desenvolvido
pela PhDesign e cujos resultados estão consubstanciados em Helene et al, 2006, foram
realizadas, além de inspeção visual, extração de testemunhos para ensaios laboratoriais,
medida do recobrimento das armaduras e da frente de carbonatação do concreto da
cobertura, além de ensaios de potencial de corrosão das armaduras. O diagnóstico
evidenciou, como esperado, falhas na impermeabilização nos trechos reformados em 1996,
profundidade de carbonatação entre 5 e 25 mm ultrapassando a espessura de cobrimento
das armaduras, corrosão das armaduras essencialmente na face das vigas invertidas e na
face inferior da laje de cobertura (Figura 4).
Como resultado, foram apresentadas especificações técnicas para a recuperação estrutural
das vigas da cobertura, para a proteção das juntas de dilatação, incluindo a proteção dos
topos de viga com rufo metálico, e três alternativas para o sistema de impermeabilização
(manta de poli (cloreto de vinila) (PVC), silicato de sódio e poliureia).

Figura 4: Vista superior da cobertura com detalhe a degradação do concreto das vigas invertidas e
vigas e corrosão das armaduras (Cláudia Oliveira, 2004).

Para subsidiar a escolha do sistema de impermeabilização, a PhD Engenharia também


desenvolveu protótipos in loco com as alternativas de manta de PVC e de silicato de sódio;
o sistema de poliureia não pôde ser testado em razão dos custos de mobilização de
equipamento que não são viáveis para pequenas áreas de aplicação.
No entanto, a partir de 2007, com o início de uma nova gestão da administração da
FAUUSP, a impermeabilização da cobertura foi preterida pela ideia de execução de uma
sobre cobertura, solução que, em princípio, resolveria os problemas de infiltração
enfrentados pelo edifício.
Diante dessa última alternativa, o planejamento para obra de reforma da cobertura foi
dividido em três etapas: recuperação estrutural das lajes e vigas invertidas, execução da
sobre cobertura e, por último, a recuperação das superfícies internas.
Em 2009 inicia-se a primeira etapa da intervenção na cobertura com a recuperação
estrutural das vigas invertidas, ao mesmo tempo, a solução da sobre cobertura é descartada
em função, tanto de divergências internas da instituição, quanto ao parecer contrário a essa
alternativa pelo CONPRESP.
Em 2010, as obras de recuperação das vigas invertidas são concluídas, incorporando um
rufo metálico para proteção do topo das vigas (Figura 5). Nesse mesmo ano, a FAUUSP
retoma a solução em impermeabilização apresentada pela PhD Design em 2006, e solicita a
revisão da especificação técnica para a continuidade das obras que foi apresentado em
novo relatório técnico (Helene et al, 2010), dando início às discussões para a intervenção
que viria a ocorrer em 2012.

Figura 5: Vista superior da cobertura após a intervenção de recuperação estrutural das vigas e
instalação dos rufos de proteção de topo nas mesmas (Cláudia Oliveira).

Descrição e histórico de intervenções nas empenas de concreto


aparente
A forma, para moldagem do concreto aparente das empenas, foi executada com
compensado de madeira na face interna e com tábuas de pinho de 12 polegadas
(aproximadamente 30 cm) de largura na face externa. Dispostas horizontalmente, essas
tábuas imprimiram sua textura nas superfícies do concreto conferindo-lhes a aparência que
se tornou indissociável do edifício da FAUUSP. Essa superfície em concreto armado
aparente totaliza 2.934 m², sendo que as fachadas nordeste e sudoeste medem 110 m em
extensão e as fachadas noroeste e sudeste 66 m. Nas fachadas noroeste, sudoeste e
sudeste, a altura nominal das empenas é de 8,25 m e na fachada noroeste é de 7,35 m. A
espessura nominal das empenas é de 0,20 m. O cobrimento nominal da armadura é de
1 cm, fator contribuinte para vulnerabilidade da armadura à corrosão induzida por
carbonatação. Esses grandes planos se estendem de forma triangular invertida em direção
a 14 pilares com formato de tronco de pirâmide, também em concreto aparente, moldados
em fôrmas de madeira compensada.
O concreto das empenas é multicromático por influência dos materiais de sua composição.
As variações na sua aparência também são influenciadas pelo do método construtivo,
principalmente adensamento e cura e pelo processo de envelhecimento (Figura 6,
esquerda). A superfície externa das empenas de concreto apresenta textura rústica e porosa
revelando a impressão dos veios da madeira da fôrma. Essas características constituem um
grande desafio quando se ambiciona reproduzir a aparência desta superfície.
Historicamente as empenas passaram por duas intervenções antes da última que será
analisada neste trabalho. Em 1981, foi realizada a recuperação estrutural da cabeça de um
pilar de apoio da empena e do seu aparelho de apoio, na fachada noroeste. Os
fendilhamentos lateral e frontal do aparelho de apoio resultaram no esmagamento do pilar.
Como solução, o concreto do pilar foi parcialmente removido junto ao apoio da empena e
foram introduzidas barras e chapas de aço como reforço, com posterior concretagem e
instalação de novo aparelho de apoio de elastômero sintético. Em 2001, o mesmo tipo de
intervenção foi executado em pilar simétrico da fachada sudoeste (Figura 6, direita). Embora
esses reparos tenham sido localizados, para o tratamento superficial não foram considerados
os aspectos estéticos do concreto original e, em ambos os casos, a recomposição do
concreto foi feita com auxílio de fôrma de madeira com abertura tipo cachimbo.
Figura 6: À esquerda, vista da fachada sudeste, onde é possível identificar as variações cromáticas
da empena de concreto (Nelson Kon, 2010). À direita, registro da intervenção na fachada sudoeste
(fachada principal) para substituição do aparelho de apoio localizado no pilar central, em 2001. (João
Roberto Simões).

Em 2010, o estado de conservação das empenas foi avaliado pela PhD Engenharia em um
Relatório Técnico contratado pela FAUUSP. Sem manutenção regular e sistema de proteção
ou de monitoramento das condições de deterioração dos materiais, as empenas
apresentavam manchas de eflorescência e de hidróxidos de ferro em suas superfícies, além
de fissuras e desplacamentos do concreto, evidenciando a corrosão de sua armadura. Essa
inspeção daria início ao processo de intervenção que durou de 2012 a 2015.

Contratação da especificação técnica e obra 2012-2015


As empresas contratadas e envolvidas na especificação técnica e na execução atuam no
segmento de recuperação de estruturas e têm conhecimento e experiência em reparo de
concreto. No entanto, não tinham o conhecimento apropriado para conservação de materiais
em edifícios históricos. Mesmo assim, a administração da faculdade julgou que esses
profissionais tinham competência para a execução satisfatória dos reparos e, em razão da
urgência da intervenção, de maneira que não houve envolvimento de profissionais
especializados em restauro e conservação.
Em 2010, a empresa PhD Engenharia foi contratada para elaborar parecer técnico e
especificações para intervenção na cobertura e nas empenas complementando os estudos e
o diagnóstico realizados em 2006. A contratação dessa empresa se deu pela notoriedade do
Professor Paulo Helene, um dos sócios da empresa, no âmbito da patologia de concreto
armado.
A licitação da obra foi feita conforme a lei 8.666/93 que regulamenta licitações em todas as
instâncias governamentais brasileiras, válida também para a Universidade de São Paulo que
integra o governo do Estado de São Paulo como um de suas autarquias. No edital constava
o “Memorial Descritivo de Especificação Técnica dos Serviços de Recuperação da
Cobertura do Edifício Vilanova Artigas” elaborado pelo Grupo Executivo dos Espaços
Físicos da FAUUSP (GEEF-FAUUSP), a partir do Relatório Técnico de 2010 da PhD
Engenharia. Neste processo, os critérios técnicos de escolha não priorizavam a experiência
prévia em obras de restauro, sendo necessária apenas experiência em reparos de concreto
em edificações sem valor histórico. Além disso, o primeiro e principal critério de avaliação
era o de menor preço. O edital desta licitação foi elaborado com base nessa forma de
avaliação por orientação do departamento jurídico da universidade. A justificativa jurídica
fundamenta-se na necessidade de ampliar a oferta de empresas tendo em vista que o
campo do restauro é pouco desenvolvido no Brasil e há poucas empreiteiras especializadas
em obras em edifícios históricos. Assim, a empresa que venceu o processo licitatório, a
Jatobeton Engenharia, assinou o contrato em novembro de 2012.
Após os primeiros meses de obra, a administração da faculdade considerou necessária a
contratação de uma consultoria técnica para fazer o acompanhamento da obra. Em junho de
2013 a PhD Engenharia, que já havia desenvolvido diversos pareceres técnicos sobre o
edifício, foi contratada pela administração da faculdade para prestar esse serviço de
acompanhamento da obra. Já a fiscalização de todas as etapas da obra ficou a cargo da
própria equipe do GEEF-FAUUSP.

Especificações técnicas do Memorial Descritivo


As especificações para a execução das intervenções foram descritas no “Memorial
Descritivo de Especificação Técnica dos Serviços de Recuperação da Cobertura do Edifício
Vilanova Artigas” elaborado pelo GEEF-FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, 2012). Essas especificações foram baseadas no Relatório
Técnico de 2010, elaborado pela PhD Engenharia. A intervenção foi aprovada pelos órgãos
de tombamento CONDEPHAAT e CONPRESP antes do início da obra, mediante
apresentação das especificações e reunião para explanação das soluções adotadas.
A seguir serão expostas as propostas de recuperação da cobertura e das empenas
executadas entre 2012 e 2015, de forma a subsidiar a análise que será apresentada
adiante.

Especificações técnicas do Memorial Descritivo para as intervenções na cobertura


A intervenção da cobertura tinha como objetivo principal a substituição do sistema de
impermeabilização da laje, estendendo-o, inclusive, para as faces laterais das vigas
invertidas. Dessa forma, a fim de evitar qualquer interferência para a realização desse
serviço, foram especificados serviços complementares à atividade de impermeabilização,
como a remoção e reinstalação dos rufos de proteção das vigas invertidas e a remoção e
substituição das claraboias translúcidas.
A maior parte das claraboias em resina reforçada com fibra de vidro ainda era original,
porém elas apresentavam avançado estado de deterioração. A exposição contínua ao sol e
às intempéries havia causado intenso amarelecimento da resina e perda de massa
superficial, deixando a fibra de vidro exposta e vulnerável à colonização biológica,
principalmente por fungos. A consequente fragilidade dessas peças, provavelmente,
impossibilitaria sua reinstalação. Assim, optou-se pela substituição completa das claraboias
por novas peças com dimensões, em planta, semelhantes às das originais. A nova peça foi
especificada em acrílico branco translúcido com o principal objetivo de contribuir para
melhorar o desempenho térmico e luminoso do edifício. O detalhamento seria elaborado
durante a obra.
Quanto ao serviço de impermeabilização propriamente dito, o Relatório Técnico da PhD
Engenharia determinou a remoção de todas as camadas de regularização existentes, a fim
de eliminar a sobrecarga da estrutura, e a aplicação da impermeabilização com poliureia
diretamente sobre a laje de concreto. A especificação desse serviço consistia na utilização
de um sistema elastomérico de alta espessura (>1,5mm), à base de membrana de poliureia
pura, aplicada a quente, cujas propriedades físico-mecânicas dispensariam a necessidade
de argamassa de proteção.
Observa-se que, nessas condições, o escoamento pleno das águas pluviais ficaria
impossibilitado pela deformação existente na laje. Essa solução foi justificada pelo
pressuposto de que durante o tempo de serviço do edifício, o caimento da laje nunca foi
suficiente para o escoamento dessa água e as subsequentes regularizações ocorridas até
então só agravaram as deformações da estrutura. Dessa forma, seria preferível o acúmulo
de água à sobrecarga proveniente da argamassa de regularização. No entanto, esta solução
estaria condicionada à permanente drenagem de água pluvial por meios mecânicos, bem
como à implementação de um programa de manutenção preventiva.

Especificações técnicas do Memorial Descritivo para as intervenções nas empenas de


concreto
A especificação estabelecia os procedimentos de reparo a serem adotados sob cronograma
de dois anos. A área das empenas a ser reparada fora prevista em aproximadamente
2.000 m², ou seja, aproximadamente, 65% da área total de empenas e pilares. Essa
especificação foi desenvolvida com base em inspeções por observação in loco das
manifestações patológicas evidentes na superfície do concreto armado. Não foram
realizados ensaios ou testes no concreto das empenas, tampouco mapeamento das
manifestações patológicas, a exemplo do que já havia sido feito para a cobertura em 2006.
Além disso, a especificação previa etapas a serem realizadas de forma coordenada e
cronológica: limpeza, diagnóstico das superfícies, corte e escarificação do concreto, limpeza
e substituição de armadura, preparação de superfície, aplicação manual de argamassa de
reparo industrializada modificada com adição de pigmentos, acabamento superficial, cura
úmida, controle de qualidade, limpeza e aplicação de proteção de superfície com
hidrofugante. O material escolhido para o preenchimento das lacunas foi argamassa de
reparo industrializada de base cimentícia, modificada com polímeros e com inibidor de
corrosão, de alta resistência (≥40MPa a 28 dias), com retração compensada pela adição de
fibras, pega inicial de 2h a 7h e coeficiente de expansão térmica linear de 9 a 12x10 °C-1. No
estado fresco a argamassa devia apresentar comportamento tixotrópico. Nas especificações
havia orientações de adição de cimento branco, rejunte ou pigmentos à argamassa, com o
objetivo de aproximar os reparos da aparência do concreto original.
O relatório especificou um sistema duplo de proteção de superfícies: hidrofugante seguido
de aplicação de verniz à base de resina acrílica, mas a aplicação deste último material foi
abandonada, por recomendação dos representantes da faculdade, pois com a formação de
filme pela aplicação do verniz haveria mudança na percepção visual da superfície de
concreto, descaracterizando o seu aspecto. As implicações na manutenção (frequência e
custo de reaplicação do verniz) também contribuíram para a decisão de não aplicá-lo
naquele momento antes que estudos mais aprofundados fossem realizados. Assim, apenas
o hidrofugante à base de silano siloxano, disperso em solvente, foi aplicado em duas
demãos com uso de pulverizador “air less”. As recomendações para controle de
recebimento e guarda de todos os materiais eram rígidas, com especificidades
determinantes para qualidade do material e do processo.

Execução
A partir dos relatórios técnicos (Helene et al, 2013-2015) elaborados pela equipe da
empresa consultora que acompanhou a obra e pela empresa executora dos serviços, foi
possível obter informações detalhadas sobre o processo de execução.

Execução das intervenções na cobertura


Na cobertura houve, inicialmente, a demolição e a remoção de todas as camadas de
regularização sobre a laje em todos os módulos (Figura 7), inclusive daqueles que passaram
por intervenções entre os anos de 1996 e 2002. Posteriormente, foi realizada a recuperação
de toda a superfície de concreto, incluindo as laterais das vigas invertidas que apresentaram
reincidência de focos de corrosão diante da ausência de proteção superficial após a
recuperação estrutural ocorrida em 2009.
Figura 7: Demolição das argamassas de regularização e das impermeabilizações antigas. (R. Vergili).

Concluída essa recuperação, foi realizado o lixamento mecânico de toda a superfície de


concreto, seguido do preparo da mesma para a aplicação da poliureia (Figura 8). Esse
tratamento consistiu, primeiramente, na eliminação da porosidade superficial do concreto
das vigas através da aplicação de uma nata de cimento e adesivo acrílico; na laje foi
realizado o arredondamento dos cantos junto à viga invertida (rodapés), seguida da
aplicação de uma fina camada de argamassa epoxídica para eliminação de eventuais
irregularidades. Estes cuidados fizeram-se necessários diante das características da
poliureia que reproduz no seu acabamento qualquer falha no substrato (poros, fissuras etc.),
o que pode comprometer, portanto, sua utilização como material impermeabilizante.

Figura 8: À esquerda, módulo da cobertura pronto para receber a impermeabilização, após a


recuperação estrutural e a eliminação das irregularidades superficiais. À direita, aplicação da
impermeabilização de poliureia. (Rodrigo Vergili, 2014).

A maior dificuldade verificada nessa etapa consistiu na falta de capacitação técnica


adequada da equipe, principalmente quanto à utilização de argamassa epoxídica que exigia
maior cuidado no preparo e na aplicação, comparado a argamassas cimentícias
convencionais.
A etapa subsequente consistiu na aplicação do revestimento de poliureia diretamente sobre
esse substrato. A aplicação se deu por jateamento a quente, seguindo as especificações
técnicas do memorial descritivo, e foi realizada por empresa especializada. No entanto, este
serviço também encontrou dificuldades diante da geometria bastante complexa da
cobertura, acarretando a substituição da empresa aplicadora por outra mais experiente logo
no início dos trabalhos. Nas regiões de aplicação da primeira empresa, inclusive, houve a
necessidade de reparos pontuais na poliureia aplicada.
Concluída a impermeabilização, foi realizada a instalação dos novos domos em acrílico
(Figura 9), em substituição aos de resina reforçada com fibra de vidro, muitos existentes
desde a inauguração do edifício. No entanto, o posicionamento dos domos em cota mais
alta à dos domos anteriores, cujo objetivo era de não danificar a impermeabilização recém-
aplicada, aumentou a área de ventilação natural e, consequentemente, facilitou a entrada de
água da chuva por respingo da laje, sendo necessária a instalação de um barrado de tela
em seu entorno.

Figura 9: À direita, cobertura ao final da obra, após a aplicação da impermeabilização e a substituição


dos domos. À esquerda, detalhe do domo em acrílico com o barrado em tela em seu entorno.
(Rodrigo Vergili).

Internamente, foi realizado o lixamento mecânico de toda superfície aparente de concreto,


de forma a eliminar as eflorescências de carbonato de cálcio; em seguida procedeu-se à
recuperação estrutural do concreto, utilizando-se argamassa de reparo industrializada
modificada com pigmentos, em procedimento similar ao utilizado na recuperação das
fachadas de concreto.
No entanto, apesar das características mais simples da textura do concreto aparente
interno, comparada às empenas da fachada, ainda houve dificuldades na aproximação da
cor da argamassa de reparo superfície original de concreto, que foi minimizado ao fim da
obra com a aplicação de uma nata de cimento pigmentada sobre toda a superfície interna,
seguida da remoção do excesso com estopa de forma a não formar película.

Execução das intervenções nas empenas


Nas empenas, realizou-se, primeiramente, a limpeza por hidrojateamento de alta pressão
das superfícies. Em seguida, foi feita a demarcação das áreas degradadas das superfícies
de concreto, identificadas a partir do teste de percussão. A limpeza seria posteriormente
refeita utilizando escovação manual e mecânica, antes da aplicação do tratamento
superficial dos reparos, pois a primeira tentativa de limpeza não fora considerada suficiente.
Na etapa seguinte foram feitas as escarificações do concreto danificado (Figura 10). O
memorial especificava geometria ortogonal acompanhando a paginação das fôrmas. No
entanto, algumas áreas foram realizadas em diagonal no início da obra, sendo logo
corrigidas. Em seguida, foi feita a limpeza das armaduras seguida de sua recomposição,
quando necessário.
A adaptação da argamassa de reparo industrializada para atingir uma cor compatível com o
concreto original representou o maior desafio enfrentado durante a obra. A primeira etapa de
adaptação dessa argamassa de reparo estrutural bicomponente foi feita com adição de
pigmento inorgânico à base de óxido de ferro sintético e cimento branco. A textura era
obtida com auxílio de madeira, de forma a imprimir o desenho de seus veios na superfície.
No entanto, a dosagem e a textura, definidas inicialmente a partir de amostras aplicadas
sobre dois pilares de concreto aparente do edifício, não se comportaram conforme o
previsto, principalmente quando a argamassa foi aplicada nas lacunas da empena da face
nordeste, ficando mais escura do que a amostra escolhida.

Figura 10: À esquerda, vista da fachada durante a limpeza por hidrojateamento; à direita, empena de
concreto após os serviços de escarificação (Rodrigo Vergili, 2013).

Diante de tal resultado, em uma segunda etapa, foi experimentado outro procedimento para
a confecção das amostras, então preparadas sobre tabuleiro horizontal de madeira com
subdivisões feitas com sarrafos de madeira para separá-las, com os mesmos materiais
usados para as amostras aprovadas anteriormente, porém com diferentes dosagens dos
componentes da argamassa, do pigmento e do cimento branco. Parte das amostras ficou
sob o sol e parte ficou na sombra, o que não acarretou diferenças na aparência das
amostras. Porém, após um mês de trabalho de aplicação dessa argamassa nas empenas,
os resultados ainda foram considerados insatisfatórios.
Em uma terceira etapa uma nova dosagem de argamassa foi confeccionada, com os
mesmos materiais. Esse novo traço foi aplicado, simultaneamente, em molde de madeira e
em lacuna a ser preenchida na própria fachada. Após a cura, os resultados de cor foram
diferentes: aparentemente, a cor da argamassa do molde era menos luminosa do que a cor
da argamassa aplicada na empena. Além disso, ao longo das aplicações, outros fatores não
registrados influenciaram o resultado final, evidenciando que muitos reparos tinham
coloração menos luminosa do que a coloração das superfícies originais de concreto
aparente, conforme pode ser visto na Figura 11, à esquerda. A despeito das alterações de
aparência, houve a decisão de dar continuidade de execução dos reparos considerando que
a integração desses ao concreto seria feita em etapa posterior, mediante a aplicação de um
tratamento superficial.
Na quarta etapa, voltada aos ajustes da cromaticidade dos reparos, os agentes envolvidos
decidiram pela aplicação de tratamento superficial sobre o reparo, composto por Cimento
Portland Cimpor CPII F-32, rejunte de cor branca, rejunte de cor caramelo e adesivo acrílico.
Essa composição foi aplicada com trincha sobre todos os reparos de todas as empenas
(Figura 11, à direita).
Figura 11: À esquerda, empena sudeste durante execução da obra em 2014 (L. Ferreti). À direita,
edifício Vilanova Artigas em 2016, após a conclusão da obra. (A.P.A. Gonçalves).

Além das dificuldades em alcançar a cromaticidade ideal, foram detectadas outras não
conformidades na aplicação da argamassa estrutural que podem trazer consequências
técnicas e estéticas no futuro, como a aplicação de camadas de argamassa com espessura
superior à estipulada pelo fabricante, sem considerar o intervalo de 24 horas entre as
aplicações sobrepostas e ainda a utilização de adesivos acrílicos, que não constavam das
especificações porque a argamassa já possui, em sua composição, componente que
garante a adesividade ao substrato. Ainda foram constatadas nos relatórios de
acompanhamento da obra inversões na ordem de execução das tarefas, caso da aplicação
do hidrofugante antes do tratamento superficial - para ajuste de cromaticidade - que deveria
precedê-la.

Análise
O primeiro fato a ser considerado na análise deste processo é seu contexto administrativo. A
falta de critérios que priorizassem a preservação do significado histórico do edifício na
contratação dos serviços que resultaram na obra de 2012-2015, acarretaram uma sucessão
de falhas metodológicas no processo quando visto sob a ótica do restauro. É preciso
ressaltar que este mesmo processo poderia ser considerado válido e até bem-sucedido caso
o objeto de intervenção não possuísse valor histórico e, principalmente, estético-
arquitetônico. No caso do Edifício Vilanova Artigas, as decisões administrativas sobre o
edifício deveriam seguir as recomendações atuais da teoria de restauro evidenciadas no
Documento de Madrid (2014). Quando um plano de conservação é posto em prática,
conforme recomendação desse documento, ele guia as decisões tomadas sobre o edifício
utilizando diretrizes desenvolvidas com base em um entendimento claro daquilo que é
necessário preservar. Diretrizes desenvolvidas com base nessa metodologia teriam, por
exemplo, indicado aos responsáveis pelo Edifício Vilanova Artigas a necessidade do
desenvolvimento de um projeto de restauro sob a orientação de profissionais
especializados.
A segunda questão que deve ser analisada diz respeito ao desenvolvimento das soluções
adotadas. A proposta desenvolvida e, eventualmente, executada não foi baseada em
levantamento detalhado das condições existentes e complementado por análises científicas.
As soluções apresentadas também não foram detalhadas em pranchas de projeto executivo,
foram somente descritas em memorial. Embora os órgãos de preservação municipal e
estadual admitam o projeto de restauração mais simplificado para aprovação, o manual de
elaboração de projetos do Instituto do Programa Monumenta” (Brasil, 2005) determina três
etapas para projetos de intervenção. Esse documento, amplamente adotado no Brasil como
referência de metodologia para projetos de restauro, define as seguintes etapas:
identificação e conhecimento do bem; diagnóstico, com o mapeamento de danos, estado de
conservação, ensaios e testes; e a proposta de intervenção contendo o estudo preliminar,
projeto básico e projeto executivo com conteúdos detalhados de estudos técnicos e
diagnósticos. Suas premissas coincidem com as da Carta de Veneza de 1964 (ICOMOS,
1965) e do Documento de Madrid na sua segunda edição (ICOMOS, 2014) de mínima
intervenção, compatibilidade de características físicas, químicas, mecânicas e aspectos de
cor e textura dos materiais, reversibilidade, autenticidade histórica e estética e garantia de
preservação da autenticidade dos processos construtivos, evitando o uso de técnicas que
sejam incompatíveis e descaracterizem o sistema existente. O Manual ainda ressalta a
importância da interdisciplinaridade da equipe de projeto. A adoção de metodologia
apropriada para o desenvolvimento do projeto de intervenção, a exemplo do manual já
descrito, subsidiaria a caracterização, diagnóstico e investigação de melhores soluções para
atender questões de conservação do patrimônio. Além disso, teriam sido evitados conflitos,
atrasos, refazimentos de tarefas e desperdício de material na obra.

Cobertura
Levando em consideração o histórico de intervenções para solucionar a estanqueidade da
cobertura, a solução adotada tem o mérito de ser menos invasiva e baseada em maior
investigação técnica, pois houve o cuidado de produzir protótipos para avaliar diferentes
métodos de impermeabilização antes da obra se iniciar. Apesar da poliureia não ter sido
uma das técnicas testadas, esse processo revelou diversos problemas em relação às
outras, levando à escolha da poliureia por exclusão. Outro ponto interessante é que o
sistema aplicado é semelhante ao original, pois dispensa proteção mecânica e é constituído
por uma membrana moldada in loco. Sua aplicação, feita de maneira a recobrir
completamente as vigas e lajes da cobertura, também é semelhante ao sistema original de
impermeabilização.
No entanto, como mencionado anteriormente, a falta de detalhamento do projeto acarretou
diversos problemas que podem ser observados atualmente na cobertura. Um desses
problemas é a falta de regularização do nível e dimensões de abertura dos ralos,
contribuindo para o empoçamento de água da chuva e dificuldade de encaixe das grelhas.
Além disso, a falta de estudo aprofundado sobre o detalhamento das novas claraboias levou
à instalação de um material sem comprovação de sua resistência e durabilidade.
Desenvolvido durante a obra, o detalhe de fixação da claraboia acabou gerando
agravamento da ocorrência de respingos no interior do edifício e a necessidade de
instalação de um novo elemento, um barrado em tela cuja durabilidade também é
desconhecida.
Ainda que a parte superior da cobertura não seja visível aos usuários, teria sido prudente
analisar os possíveis impactos das soluções adotadas sobre o significado cultural do
edifício, conforme recomendação do artigo 5 do Documento de Madrid na sua segunda
edição (ICOMOS, 2014). Destaca-se aqui a mudança de cor da cobertura que assumiu um
tom de cinza esverdeado devido à exposição da poliureia à radiação UV. Quanto à
substituição das claraboias, priorizou-se a retomada da qualidade da luz natural em
detrimento da preservação do material sem aprofundada análise técnica. Além disso, a
substituição das luminárias internas feita ao final da obra tampouco passou por análise de
seu impacto na leitura dos ambientes internos, afetando especialmente nos estúdios (Figura
12).
Figura 12: À esquerda, vista do saguão interno. À direita, vista dos estúdios com destaque para as
luminárias (Renata Campiotto, 2016).

A superfície inferior da cobertura em concreto armado aparente foi reparada com


metodologia similar à empregada nas fachadas que será analisada a seguir. A principal
diferença entre os reparos das empenas e da laje de cobertura é o acabamento dessas
superfícies. O acabamento liso obtido originalmente através de lixamento do concreto
aparente da laje facilitou a integração visual dos reparos, ainda que a argamassa destoe de
seu entorno em algumas áreas, devido à forma como essa argamassa foi desenvolvida,
conforme analisado no próximo item. No entanto, o lixamento aplicado sobre toda a
superfície, tanto reparada quanto original, provou ser demasiado agressivo, pois gerou
marcas ainda visíveis no concreto original. Este problema poderia ter sido evitado com o
desenvolvimento de projeto dentro de metodologia de restauro seguindo as recomendações
das cartas patrimoniais do ICOMOS.

Empenas
Sobre a intervenção nas empenas de concreto armado aparente das fachadas, ressalta-se
que, embora os mecanismos de degradação em concretos históricos, como a corrosão de
armaduras, se assemelhem ao que se observa em concretos em geral, a abordagem do
projeto de intervenção deve ser outra. Em sua tese, Heinemann (2012) enfatiza que os
procedimentos a serem propostos para obras de conservação de concretos históricos
priorizem a investigação histórica de intervenções e o uso de análises científicas para
conhecer as causas dos danos e as propriedades do material, preferencialmente por meio
de técnicas não destrutivas, medidas que reafirmam as instruções do manual de projeto do
Instituto do Programa Monumenta (Brasil, 2005).
As diretrizes necessárias para desenvolvimento de projeto e especificações coincidem com
o enfoque em desempenho para intervenção em estruturas de concreto apresentada por
Matthews (2007). A partir de resultados concretos no CONREPNET (Rede europeia voltada
ao segmento dos reparos em estruturas de concreto com base na análise de desempenho -
Thematic network on performance-based remediation of reinforced concrete structures), o
autor cita dois tipos de abordagens: a prescritiva, para especificação de produtos e
procedimentos, que são indicados por possuírem as características requeridas ou por
conterem mescla de ingredientes que alcançam valores compatíveis com parâmetros
mensuráveis especificados, e a abordagem baseada no desempenho, que avalia a
habilidade de atendimento às funções e intenções descritas na fase de projeto. No caso de
intervenção em edifício de valor histórico-cultural, existem exigências específicas que vão
além do atendimento aos parâmetros técnicos tradicionais.
Quanto à argamassa de reparo aplicada às fachadas, é necessário considerar que quando a
escolha de projeto recai sobre a aplicação de argamassa de reparo estrutural, Heinemann
(2012) afirma que um dos desafios é a avaliação do comportamento de dois materiais
diferentes trabalhando juntos, o concreto original e a argamassa estrutural. Sua tese elenca
as condições a serem contempladas em projeto de conservação de edifícios que
apresentem superfícies de elementos de concreto armado aparente: atendimento a
requisitos técnicos e arquitetônicos considerando a compatibilidade entre os requisitos de
resistência mecânica, deformação, propriedades físico-químicas, durabilidade além dos
atributos estéticos. No que se refere à compatibilização dos dois materiais, o
desconhecimento, como por exemplo, da resistência à compressão, do módulo de
elasticidade, da porosidade e do percentual de absorção de água do concreto pode impactar
negativamente na durabilidade dos reparos e também resultar no surgimento de novos focos
de corrosão no concreto, como já indicado por pesquisadores e profissionais especializadas
na área (Tilly; Jacobs, 2007; Gonçalves, 2011; Grantham, 2011; Ribeiro et al, 2013)
No âmbito do restauro, é mais frequente optar-se pelo desenvolvimento de uma argamassa
específica para o substrato a ser reparado, justamente para se garantir a compatibilidade
entre o material novo e o original. O primeiro passo para o desenvolvimento dessa
argamassa é a caracterização das propriedades físico-químicas e da composição do
concreto original. Segundo Odgers (2012), a identificação do tipo de cimento, agregados e
aditivos é necessária inclusive para a compatibilização estética do reparo, pois estes
materiais são determinantes da cor do concreto original. Assim, Odgers (2012) recomenda
que a formulação da argamassa de reparo comece a partir da dosagem e composição do
concreto original, e que esta fórmula original seja adaptada com aditivos para se aproximar
ao máximo das características atuais do concreto original e para garantir desempenho
adequado. No entanto, fatos observados durante a obra de intervenção do Edifício Vilanova
Artigas se contrapõem a essas recomendações. As tentativas de simular a estética do
concreto original nessa obra não consideraram sua composição, o que torna a tarefa quase
impossível. Além disso, a modificação de uma argamassa de reparo industrializada com
adição em grande quantidade de outros ingredientes mina a justificativa de sua
especificação, pois ao modificar sua composição não é mais possível garantir seu
desempenho original conforme atestado pelo fabricante.
Ainda é preciso considerar que a própria metodologia de compatibilização estética adotada
era equivocada para este edifício, pois partia da premissa que a mesma argamassa de
reparo seria aplicada em todas as lacunas. No entanto, o que se observa é que as
superfícies das fachadas apresentam cinco faixas, identificáveis visualmente, cada uma com
características próprias que resultam possivelmente de variações dos materiais (cimento,
areia, pedra), da fôrma e dos procedimentos de lançamento, adensamento e cura do
concreto de cada etapa de concretagem. Assim, os atributos da cor são considerados
homogêneos dentro de cada faixa, e heterogêneos entre as faixas, concluindo-se que não
existe apenas uma cor de concreto que represente todas ou apenas uma das empenas.
Portanto, as investigações e propostas deveriam ser feitas por trechos a serem tratados,
dentro de faixas de predominância de aparência de áreas vizinhas do concreto a ser
reparado, o que teria resultado em uma paleta de argamassas com composições diferentes.
Outra questão importante a ser analisada é a falta de testes de argamassa de reparo e de
limpeza para o concreto das empenas antes do início das obras. No início do relatório de
2010 da PhD Engenharia (Helene et al, 2010), foi admitida a dificuldade de atingir cor e
textura similar à do concreto existente na argamassa de reparo, justificada pela extensa
área a ser restaurada. Embora na especificação das intervenções para as empenas de
concreto tenham sido descritos os cuidados com os materiais envolvidos e procedimentos,
teria sido prudente que as especificações finais viessem após a execução de um teste
piloto, a exemplo do que foi feito em um módulo da cobertura para a renovação de sua
impermeabilização. Previa-se que após algum tempo as ações ambientais tratariam de
tornar as diferenças estéticas entre argamassa de reparo e concreto original imperceptíveis,
o que não ocorreu até a presente data. Essas diferenças, provavelmente, tornar-se-ão cada
vez mais visíveis, pois o tratamento superficial aplicado sobre os reparos, ao final da obra,
fez com que essas áreas assumissem uma textura muito mais lisa e menos porosa do que o
concreto original, o que dificulta a deposição de particulados sólidos e agentes biológicos
geralmente responsáveis pelo escurecimento de fachadas.
Além disso, durante a obra as condições de preparo e aplicação da argamassa em amostras
foram muito diversas das condições de aplicação nas fachadas. As amostras foram
realizadas em superfície horizontal e os reparos das empenas estão na vertical. Os
tratamentos superficiais das duas superfícies são diferentes: enquanto na amostra é
possível que tenha sido mais trabalhada, no local das lacunas das empenas este tratamento
pode ser diferente ao dedicado às amostras. Outra diferença pode residir na falta de
exatidão na medição dos componentes da dosagem.
A falta de rigor nos procedimentos e cronologia de execução propostas pelas especificações
pode ser responsável por resultados indesejados, prejudicando o desempenho dos reparos.

Desafios Atuais
O grande desafio que o Edifício Vilanova Artigas enfrenta é a falta de reconhecimento por
parte das autoridades responsáveis pela sua conservação da necessidade de se empregar
metodologias condizentes com a importância cultural deste edifício. Além disso, é preciso
colocar em prática medidas preventivas de manutenção para todos os sistemas que
constituem o edifício, mas principalmente para aqueles mais vulneráveis e de maior valor
cultural, como a cobertura e as empenas. As principais questões referentes a esses
sistemas são: manter a cobertura o mais estanque possível e minimizar o processo de
degradação das grandes superfícies de concreto armado aparente das fachadas.
Com objetivo de enfrentar tais desafios, iniciou-se a elaboração da primeira fase do Plano
de Gestão de Conservação do Edifício, respaldado pelo Programa Keeping It Modern da
Getty Foundation, que tem se concentrado nas seguintes tarefas:
1. Levantamento de documentação gráfica, fotográfica e documental do edifício, de forma a
estudar os espaços e suas transformações ao longo do tempo. Juntamente com a descrição
e documentação do edifício em sua configuração atual, esta pesquisa irá subsidiar a
identificação dos elementos a serem preservados devido a sua importância cultural. Esta
será a primeira etapa para a elaboração de diretrizes para futuras intervenções no edifício.
2. Monitoramento do sistema de impermeabilização, a partir da análise sobre a eficácia da
última intervenção, informando a necessidade de campanhas futuras de manutenção do
sistema de impermeabilização com o objetivo de prevenir danos maiores à estrutura de
concreto armado. Este monitoramento será complementado pela identificação dos vários
elementos que compõem o sistema da cobertura e de suas interfaces.
3. Caracterização do concreto original através de petrografia, ultrassom, esclerometria e
resistividade. Determinação do estado de conservação com inspeções visuais e
mapeamento do potencial de corrosão. Além disso, o levantamento de dados pluviométricos
e de crescimento de poluentes desde sua inauguração completará as informações sobre o
contexto a que as empenas estão expostas.
O desenvolvimento de um plano de conservação para o Edifício Vilanova Artigas e sua
efetiva implantação contribuirão para que as futuras intervenções no edifício sejam mais
bem conduzidas. O plano de conservação deverá proporcionar melhoria na capacidade de
planejamento, tornando as prioridades de ação mais claras. Além disso, as diretrizes do
plano proporcionarão transparência no processo de tomada de decisões.
A pesquisa que está sendo desenvolvida sobre o sistema de cobertura do edifício contribuirá
para o enfrentamento das questões que afetam atualmente a conservação desse elemento.
Menos de um ano após o término da obra, já se observam indícios de ruptura da membrana,
como goteiras na parte interna. Este problema está, provavelmente, associado à falta de
controle na qualidade de aplicação da poliureia durante a obra. Além disso, a especificação
previa manutenção constante da cobertura, o que não está ocorrendo. A pesquisa irá
estabelecer um manual de conservação para o sistema da cobertura com os procedimentos
adequados para lidar com esses problemas, além de recomendar inspeções preventivas
para evitar o agravamento destas questões.
O estudo que está sendo feito sobre as empenas possibilitará o desenvolvimento de
melhores soluções para a preservação deste elemento. Nas empenas, o grande desafio é a
propagação da corrosão da armadura, já detectada em inspeções visuais recentes. A partir
do trabalho que está sendo elaborado, será possível entender melhor os fatores que
influenciam este mecanismo de degradação. Isso possibilitará a proposição de soluções
mais eficazes voltadas para a causa da degradação. Além disso, os resultados também irão
contribuir para a formulação de argamassas de reparo e métodos de aplicação para futuras
obras de intervenção, mais apropriados para a preservação do significado cultural do
edifício. Também será necessário avaliar o desempenho da argamassa de reparo aplicada e
estudar possíveis soluções para minimizar seu impacto estético nas empenas.

Conclusão
A análise realizada revela a importância da adoção de uma metodologia que priorize a
preservação do significado cultural do patrimônio sem prejuízo da qualidade e durabilidade
dos reparos a serem realizados. Além disso, fica claro que a adoção dessa premissa deve
permear o processo desde a investigação das manifestações patológicas até a execução do
serviço especificado. Quanto à avaliação dos resultados obtidos na obra de 2012-2015
conclui-se que o resultado insatisfatório da intervenção nas empenas é consequência da
adoção da abordagem prescritiva e da falta de reconhecimento da necessidade de um
projeto completo desenvolvido conforme as metodologias e teorias atuais de restauro de
patrimônio. Já a execução da reforma da cobertura foi antecedida por análise que
possibilitou o aprofundamento nas discussões sobre a melhor solução a ser aplicada. Assim
mesmo, o método empregado ainda não está consolidado e induz a dúvidas e incertezas
quanto à sua durabilidade e manutenção.
Conclui-se que uma intervenção de reparos em edifício com importante significado cultural
necessita da adoção de certas premissas para ser bem-sucedida. Primeiro, é preciso que os
responsáveis pela sua preservação reconheçam sua importância e a especificidade da obra
de intervenção. Segundo, a elaboração de projeto detalhado baseado em análise
aprofundada do problema e do edifício, seguindo metodologia de restauro contemporânea é
imprescindível. Por fim, a execução da obra deve ser feita por equipe altamente capacitada,
com elaboração de amostras antes da execução de cada item, cautela e rigor na execução
do serviço e controle da qualidade na execução da obra.

Agradecimentos
Os autores agradecem a Getty Foundation pelo apoio à pesquisa.

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