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A produção Social do Espaço Urbano

ECOLOGIA, ECONOMIA E
GEOGRAFIA URBANA
ANÁLISE ESPACIAL DE TRANSIÇÃO
O LIVRO
The Social Productions of Urban
Space
❖ Publicação original em 1985,
University of Texas Press, US.
❖ Traduzido pela Editora USP em 1993
(1º edição)
❖ A obra é considerada um marco
teórico na carreira do Mark Gottdiener
e na discussão sobre a produção do
espaço de forma geral

Fonte: https://www.buffalo.edu/news/releases/2010/09/11794.html
O AUTOR
Mark Gottdiener (1943)
❖ Sociólogo, PHD
❖ Professor Emérito de Sociologia na
universidade de buffalo (College of
Arts and Sciences)
❖ Pensamento Marxista, na linha de
Lefebvre.
❖ Um dos fundadores da chamada Nova
Sociologia Urbana
❖ Semiótica Cultura - Relação das
questões culturais com problemas
urbanos
❖ Prêmio Robert and Helen Lynd
Lifetime Achievement (ASA 2010-
2011)
Fonte: https://www.buffalo.edu/news/releases/2010/09/11794.html
SÍNTESE DA OBRA
A produção Social do Espaço Urbano

1. Crítica das abordagens de fenômenos urbanos consideradas, por ele,


convencionais como da Ecologia, Sociologia, Geografia e Economia Urbana, de
autores da Escola de Chicago como MacKenzie, Park e Burgess;

2. Para ele estas teorias seriam insuficientes para explicar a organização espacial
contemporânea;

3. Se restringem ao estudo da Morfologia Urbana, sem contemplarem a


organização social que pode produzir, manter e reproduzir os padrões de usos
da terra;

4. O autor quer contribuir para o entendimento da atual organização regional da


vida cotidiana nos Estados Unidos da América no pós Segunda Guerra Mundial;
ESTRUTURA DO LÍVRO
1. Introdução
2. Ecologia, Economia e Geografia Urbanas: Análise Espacial de
Transição (Pág. 35 a 76)
3. Economia Política Marxista
4. Paradigmas Flutuantes: O Debate sobre a Teoria do Espaço
5. Além da Economia Política Marxista: A Fórmula da Trindade e a
Análise do Espaço
6. Estrutura e Ação na Produção do Espaço
7. A Reestruturação do Espaço de Assentamento
8. Comunidade, Liberação e Vida Cotidiana
INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO
CONHECIMENTO ATUAL DOS AMBIENTES ESPACIAIS NA
SOCIEDADE MODERNA

Sociologia, Economia e Geografia como especialidade

ABORDAGEM MAINSTREAM OU CONVENCIONAL

Pensamento Convencional Investida contra a toria


ou Mainstream FONTES convencional
Processo pelo qual estes CRÍTICAS Perspectivas distintas
campos se desenvolveram que derivam do
enquanto disciplinas Marxismo
acadêmicas
ECOLOGIA URBANA
1. A princípio o pensamento social pioneiro tentou vincular as formas de comunidade
aos processos de organização social;

2. Comte, cidades como “órgãos reais” do organismo social – Analogia biológica


complexa na qual outros aspectos da vida social eram comparados a células, tecidos
etc (1875);

3. Spencer foi o primeiro a relacionar diretamente forma social e função social por meio
do conceito de competição de espécies, utilizando a teoria da evolução de Darwin –
“Afirmava que tanto no caso biológico como na da sociedade o tamanho físico levou à
diferenciação funcional, entendida socialmente como a divisão de trabalho”;

4. Tal concepção tornou-se a pedra angular (fundamental) do pensamento urbano


dominante no séc. XX e suas primeiras formulações teóricas na abordagem conhecida
como “ecologia urbana”.

5. Os primeiros defensores da perspectiva sociológica (Spencer, Comte e Durkheim)


abeberaram-se bastante em sua teorização sobre a analogia biológica entre a
estrutura da sociedade e a das formas de vida.
ECOLOGIA URBANA
1. Versão inicial da perspectiva por sistemas (Giddens) – manifestação física dos
processos de organização social;

2. A analogia biológica, base da teorização ecológica, foi transportada para a sociologia,


economia e geografia urbana;

3. Segundo a abordagem ecológica, as disposições espaciais dos assentamentos


urbanos representam a acomodação da organização social a seu ambiente físico (Park,
1925);
Na ausência de qualquer precedente, tentemos definir a ecologia
humana como um estudo das relações espaciais e temporais dos seres
humanos quando são afetados pelas forças seletivas, distributivas e
acomodativas do meio ambiente (McKenzie)

4. A importância da organização espacial (perspectiva geográfica) para compreensão dos


padrões de atividade humana;

5. Hipótese numa perspectiva geográfica: a organização espacial tem em si mesma


alguma importância na compreensão dos padrões de atividade humana. (Herbert)
PROBLEMAS TEÓRICO
PERSPECTIVA ECOLÓGICA

Anterior a 2ª Guerra Mundial FASES Pós a 2ª Guerra Mundial

A UTILIDADE OBRAS DOS ECOLOGISTAS


DA ANALOGIA DA 1ª ESCOLA DE CHICAGO
BIOLÓGICA (1920-1930)
O organismo na Visão Sistêmica:
base do Enfase
pensamento comportamental e
ecológico consitui Enfase da Ciência
uma séria limitação Social
(Hawley, 1950)
A PRIMEIRA ESCOLA DE CHICAGO
1. Principais defensores: Robert E. Park, Ernerst W. Burgess e Roderick D.
McKenzie – mesma sensibilidade teórica e aplicações diferentes;

2. Robert E. Park: Os padrões urbanos deveriam ser explicados pela natureza


humana concebida como entrelaçamento:

❖ Anseios biótico (competição – Sistema econômico tipo Laissez-faire)

❖ Anseios Culturais (ser humano como animal comunicador – Interação social);

❖ Trocas simbólicas (cooperação competitiva)


❖ Ordem moral (consenso sobre conduta pessoal)

❖ Em síntese, para Park, separando os valores culturais ou “não-racionais” poder-


se-ia isolar os aspectos mais universais do comportamento humano que atuam
na competição econômica e na seleção natural.
A PRIMEIRA ESCOLA DE CHICAGO
1. A primeira escola de Chicago defendia uma perspectiva comportamental;

2. Colocou 3 afirmações teóricas:

❖ A eficácia da analogia biológica;


❖ O emprego de princípios darwiniano sociais para explicar o comportamento
humano;
❖ E a relegação de valores simbólicos ao campo da psicologia social por serem
secundários para o primado da competição econômica.

3. Ernest W. Burgess e Roderick D. McKenzie: utilizaram para explicar forma urbana e


seus padrões de uso de terra;

4. Segundo McKenzie, a qualidade fundamental na luta pela existência era a “posição” ou


o aspecto específico de um indivíduo, instituição ou coletividade em termos de
localização;

5. “Ciclo de estrutura interna”.


A PRIMEIRA ESCOLA DE CHICAGO

1. Burgess: teoria do espaço - mudança dos padrões de uso da terra relacionando


essa mudança a diferenciação interna da cidade ao processo de crescimento
urbano;

2. Essencial a noção de centralidade - O centro da cidade, por força dessa posição


e como resultado de um processo histórico de aglomerações, dominava a
competição espacial em torno dele;

3. A medida que a população da cidade aumentava, a competição e a divisão do


trabalho cada vez mais especializada disparariam dois processos ecológico
adicionais, chamados centralização e descentralização – A cidade crescia para
fora;

4. Hipótese: com o tempo, a cidade assumiria a forma de um distrito comercial


central onde a terra alcançaria os preços mais competitivos, e estaria
circundado por quatro anéis concêntricos;
A PRIMEIRA ESCOLA DE CHICAGO
ANÉIS CONCÊNTRICOS
MODELO DE EXPANSÃO METROPOLITANA

Empresas industriais

Zona de transição
1
Fenômeno de Harvey: 2
Desvalorização do
ambiente construído.

Slum negligenciado

Produto direto da
especulação imobiliária e
da competição econômica.
A PRIMEIRA ESCOLA DE CHICAGO
1. O modelo de Burgess explica o arranjo residencial, industrial e comercial urbano em termos da
teoria ecológica da competição por “posição” ou localização. Essa abordagem sócio-espacial foi
ampliada mediante o conceito de centralidade.

2. Burgess revela que a diferenciação interna da área de terra urbana representava um gradiente de
patologia social do centro para a periferia –

3. Hipótese de que atributos pessoais – como doença mental, status de marido, background racial ou
ético, e índices de criminalidade – se aglomeravam em zonas situadas ao longo da dimensão radial
da cidade;

4. Os pesquisadores da Escola de Chicago descobriram que a incidência de patologia social diminuía à


medida que aumentavam o número de proprietários de casa própria e o status de família nuclear;

5. Constatava-se que as zonas internas eram as áreas onde ocorriam mais crimes, doenças, guerra
entre gangues, lares desfeitos e qualquer outro indicador social de desorganização;

6. O modelo de forma urbana criado por Burgess documentava espacialmente o modo pelo qual a
cidade se constituía no cenário de competição entre grupos sociais e forças econômicas, que a PEC
acreditava ser impelida por impulsos biogênicos.
A PRIMEIRA ESCOLA DE CHICAGO
1. Resumo da contribuição coletiva da primeira Escola de Chicago, conforme Martindale:

“a concepção que Park tem da cidade: ela representa uma unidade organiza externamente
no espaço, produzida por leis próprias. Foi Ernest W. Burgess quem fez a demonstração
precisa desta organização externa da cidade no espaço – a marca pela qual a teroria
ecológica é identificada o mais rapidamente possível. A demonstração sistemática de suas
“leis” internas foi obra de Roderick McKenzie” (1962)

1. A teoria da urbanização defendida pela primeira Escola de Chicago começou a receber


uma resposta crítica nos anos 30 (Davie; Hoyt; Alihan; Harris e Ullman; Gettys; Firey;
Form): importância dos valores culturais e dependência da competição;

2. Os ecologistas confundiam o “real” com o seu “objeto” teórico.


ECOLOGIA URBANA CONTEMPORÂNEA
1. Após a 2º guerra mundial a tradição ecológica foi ressuscitada;

2. Obra de Amos Hawlay (Human Ecology): estudo da rede funcional interdependente de


organização espacial ao invés da forma espacial;

3. A abordagem de Hawley concentrou-se mais na interdependência da “trama de vida” de


Darwin do que nos aspectos competitivos;

4. A visão Hawleyana da interação dependia de “relações simbióticas” ou da “mútua


dependência entre organismo diferentes”, como relação predador-presa, e a “relação de
comensal” ou a cooperação devida a similaridades suplementares dentro da mesma
espécie, porque “nós todos temos de comer da mesma mesa”.

5. Uma crítica a esta abordagem, chamada de abstrata da organização espacial da


comunidade, é que ela deixou de explicar a forma espacial das cidades daquela época;

6. As limitações da ecologia urbana contemporânea possuem uma visão biologicamente


reducionista das relações humanas que ignoram as influências de classe, status e poder
político.
GEOGRAFIA E ECONOMIA URBANAS
1. Gottdiener aponta que a geografia e economia urbana adotaram conceitos como
tamanho de cidade, função e organização espacial;

2. A Teoria do lugar central de Walter Christaller;

3. A regra da ordem-tamanho de George Zipf;

4. A relação de densidade exponencial negativa de Colin Clark;

5. Análises estocásticas que exprimem descritivamente a característica


distribucional da população;

6. Hipótese de que o papel primordial da organização do espaço cabe ao


centro histórico de Von Thunen;
A CENTRALIDADE NA TEORIA DA LOCALIZAÇÃO
1. Segundo Berry, os lugares centrais constituem a base econômica em torno
da qual se aglomeram outras atividades urbanas;

2. Sugere que pode haver vários motivos para considerações sobre


localização os quais dependem das necessidades industriais, ofertas de
fatores de produção, considerações de mercado e das exigências
administrativos ou organizacionais;

3. Os benefícios percebidos da aglomeração são extremamente coercitivos


(intimidatórios);

4. O conceito de centralidade parece hoje insustentável e injustificado.


DETERMINISMO TECNOLÓGICO
1. A economia urbana convencional acompanha de muito perto a
explicação da teoria ecológica para a mudança espacial e é
tecnologicamente determinista;

2. Transporte como o fator determinante dos padrões espaciais;

3. O Status de mudança tecnológica é a única causa das


transformações industriais que parecem ocorrer fora de um
contexto institucional.
TEORIA DO EQUILÍBRIO
1. A teoria convencional é uma teoria do equilíbrio;

2. Adota uma visão sistêmica que enfatiza a diferenciação funcional e


a integração;

3. Afirma que todas as partes do sistema urbano se ajustam a um


todo social que funciona muito bem;

4. Ela não reconhece a existência de conflito ou seu papel em


realizar mudanças.
A TEORIA DA EXPANSÃO METROPOLITANA
Um Reexame
1. A teoria ecológica da expansão metropolitana foi articulada por Hawlay para explicar o
crescimento do tamanho da cidade;

2. Explicar a diferenciação interna mutável e a expansão de áreas metropolitanas;

3. Papel fundamental das pressões populacionais como motor endógeno do crescimento;

4. A medida que a população sócio-espacial crescia o espaço de assentamento se


expandiria a fim de adaptar-se a essa mudança;

5. Um aspecto desse processo de expansão é realizado porque concentra funções


administrativas e coordenativas dentro do centro da comunidade, assim como o núcleo
de uma célula biológica aumenta quando a própria célula cresce.

6. Outro aspecto desse processo envolve uma expansão da comunidade para a periferia, de
tal modo que aumenta a área espacial de todo o conjunto da organização comunitária.
CONCLUSÃO

1. Existe uma grande distância entre o impulso desenvolvimentista que produziu


os grandes centros de escritórios e a teoria biologicamente primitiva de Hawley;

2. A perspectiva dita produção do espaço explica esses padrões e eventos como


produtos de processos, estruturas e transformações fundamentais de
sociedade;

3. Tanto as cidades como os subúrbios são mantidos e alimentados pelos


processos nacionais, ou mesmo globais, de industrialização avançada;

4. Negócios, finanças e governo, em todos os níveis, convergem para o espaço


urbano a fim de altera-lo ou transforma-lo, pois na maioria dos casos as
frações de classe do capital o exigem, o setor da propriedade o produz e o
governo considerou proveitoso fazê-lo

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