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BOTO COR-DE-ROSA 2022

ALTER-DO-CHÃO
MACUCAUÁ, CELEBRANDO A VIDA

JUSTIFICATIVA TEMA:
Em 2022, vamos falar do sensível. Pediremos licença aos nossos encantados, à mãe d
´água, mãe do mato mais uma vez para nos apresentarmos nesse solo sagrado... Com
respeito aos nossos vivos, mas também aos nossos mortos. Sabemos que em 2020, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) deflagrou o começo da Pandemia da Covid-19, o
também conhecido Coronavírus. Um código de vírus que foi se espalhando em rede
até chegar aqui, entre nós, no coração da Amazônia. A Covid-19 atinge principalmente
o sistema respiratório, como todos sabemos, mas que ironia, não? Logo, a gente que
sempre se sentiu protegido por simbolicamente representarmos o pulmão do mundo...
Nesse sentido, o cenário pandêmico pelo qual atravessamos se apresentou relevante a
ser destacado e resolvemos ‘celebrar a vida’. MACUCAUÁ!!! Macucauá de acordo com
dialeto indígena, é o nome de um pássaro, conhecido como “pássaro relógio”, o seu
canto anuncia o final da tarde, significando o fim do dia e a volta para casa. O canto do
pássaro que anuncia o fim do trabalho, dando início a grande festa, reunindo
mulheres, homens, crianças para festejar, comer, beber, dançar na comunidade
(Edilberto Ferreira, 2008).
Mas, afinal o que devemos celebrar? Trazer um tema tão festivo para o lago dos botos
em meio a tantos problemas sociais, políticos, ambientais, econômicos e de saúde
global, parece ser muito ousado, não? E mais, fala da vida, que é abstrata, orgânica e
frágil, mas também que resiste a tudo isso que nos atinge dia-a-dia.
Celebrar a vida, então, significa valorizar nossos idosos, nossas crianças, nossos
doentes, não importa o quão desenganado esteja. Aqui, também queremos e vamos
celebrar nossa gente, nossas cuieiras, catraieiros, e várias personagens vivas da nossa
cultura popular que agora também são reconhecidos como cultura de natureza
imaterial pela cidade de Santarém. Personagens estes que fazem acontecer essa festa,
que é rica em imaterialidade, e que se manifesta em aprendizado que perpassa ao
longo do tempo, assim, se fazendo tradição. E aqui estamos hoje para te convidar a
celebrar conosco, e divulgar a nossa cultura, com vários fazedores locais, dançarinos,
pesquisadores, diretores de arte, coreógrafos, poetizas... Em respeito a toda
diversidade de gênero, geração e opinião.
A região do Tapajós pode ser considerada a mais antiga do Brasil a partir de dados
etnohistóricos e arqueológicos, como bem aponta o arqueólogo Eduardo Neves. A
relevância das peças arqueológicas encontradas em Santarém extrapola as fronteiras
locais e atingem ao nível mundial, já que muitos vasos, estatuetas e muiraquitãs estão
presentes em Museus em Gotemburgo (Suécia), Londres (Inglaterra), MASP (São
Paulo), entre outros. Esses artefatos revelam um corpo de saberes técnicos que são
transmitidos de geração em geração que remontam cerca de 7 mil anos com ocupação
humanas pré-colombianas, ou seja, antes da chegada dos portugueses no que hoje se
chamaria Brasil. Muito diferente do que propagado nos livros histórias com olhar
Ocidental e eurocentista.
Valorizamos o olhar de dentro, não para inglês ver, mas sim, para juntos
comemorarmos a vitória que é subjugar os obstáculos que enfrentamos dia após dia,
seja na doença, na pobreza, na fome, ou na perda. E estamos aqui, hoje, para lembrá-
los da riqueza que é morar na Amazônia, em meio aos peixes, as frutas, fazer parte da
natureza, como uma simbiose, sendo Afro, indígena, ribeirinho, caboclo, Amazônida
orgânico, feito de tudo ao mesmo tempo: crença, pau, pedra, água, folha e arte. Eu
vivo, tu vives, nós viveremos e celebraremos hoje, amanhã e depois porque somos Boto,
animal, Cor-de-Rosa.
TEXTO ABERTURA APRESENTADOR: Senhoras e senhores, é com muita alegria que o Boto Cor-
de-Rosa inicia os trabalhos do Sairé 2022. Estávamos “vivendo” de saudade por esse
momento. E sabemos que durante dois anos estivemos longe, devido as medidas sanitárias e
com muito respeito por você e por nós, definimos como tema de 2022 Macucauá: Celebrando
a vida. Vamos juntas e juntos dançar, cantar e se encantar nessa noite de festa, respeitando
uns aos outros e relembrando aqueles que se foram.

Apresentador:

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