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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

LABORATÓRIO DE FÍSICO-QUÍMICA I QUI 153


ROTEIRO DE EXPERIMENTOS

PROFESSOR EMILIO BORGES


PROFESSOR GÉRMAN ENRIQUE CARES CUEVAS
2

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA UFV-VIÇOSA-MG


EXPERIMENTOS DE FÍSICO-QUÍMICA I

Sumário
PRÁTICA 1 – ESTUDO DAS LEIS DE BOYLE E DE CHARLES PARA GASES ................................. 3
PRÁTICA 2 – DETERMINAÇÃO DE ALGUMAS PROPRIEDADES DE ESTADO
TERMODINÂMICAS PARA GASES......................................................................................... 11
PRÁTICA 3 –OBTENÇÃO DA MASSA MOLAR DE UM LÍQUIDO VOLÁTIL .............................. 16
PRÁTICA 4 – ESTUDO DAS LEIS DE GRAHAM PARA A EFUSÃO E DIFUSÃO DE GASES......... 20
PRÁTICA 5 –ENTALPIAS DE DISSOLUÇÃO E DE NEUTRALIZAÇÃO........................................ 25
PRÁTICA 6 – DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE CALORÍFICA DE SÓLIDOS ......................... 32
PRÁTICA 7 – DETERMINAÇÃO DA ENTALPIA PARA UMA REAÇÃO DE DECOMPOSIÇÃO .... 37
PRÁTICA 8 –ENTALPIAS DIFERENCIAIS PARA UMA MISTURA LÍQUIDA............................... 41
PRÁTICA 9 – DENSIDADE DE SOLUÇÕES LÍQUIDAS ............................................................. 47
PRÁTICA 10 – RELAÇÃO DA VISCOSIDADE DE UM LÍQUIDO COM SUA TEMPERATURA ..... 52
PRÁTICA 11 – RELAÇÃO DA VISCOSIDADE DE UMA SOLUÇÃO LÍQUIDA COM SUA
CONCENTRAÇÃO ................................................................................................................. 57
PRÁTICA 12 – REFRATOMETRIA DE SOLUÇÕES LÍQUIDAS .................................................. 62

Roteiro de Experimentos de Físico Química I-DEQ UFV Março 2023


Versão- Professor Emilio Borges
3

PRÁTICA 1 – ESTUDO DAS LEIS DE BOYLE E DE CHARLES PARA GASES

1. Objetivos

Estudar experimentalmente o comportamento dos gases em processos


isotérmicos e isobáricos.

2. Introdução Teórica

Comportamento empírico dos gases

No fim do século XVIII os cientistas sabiam bastante sobre o comportamento


empírico dos gases, tendo descrevido a inter-relação entre pressão, temperatura e
volume de um gás. Por exemplo, o químico irlandês Robert Boyle observou
pioneiramente em 1662 que a elevação da pressão p sobre um gás reduzia seu
volume V. Seus resultados indicaram que para uma dada temperatura constante,
V=c/p em que c é uma constante. A lei de Boyle fornece, portanto, pV=c. O químico e
balonista Jacques Alexandre César Charles verificou que o aquecimento de um gás o
fazia se expandir e seu resfriamento o contraía (Coloque um balão de látex cheio de ar
na geladeira e ele murcha; retire-o e ele se expande). Charles explicou dessa maneira
como os balões de ar quente funcionavam (uma grande febre na Europa do final do

século XVIII), mas por alguma razão, hesitou em publicar sua lei da temperatura-
volume, embora tenha debatido seus resultados com um colega chamado Joseph
Louis Gay Lussac, também balonista e grande estudioso da composição química da
atmosfera. Este último, reproduziu e refinou os experimentos de Charles publicando
os resultados em 1802. Gay-Lussac também descobriu em laboratório que a pressão
de um gás aumentava com a temperatura T. Então, de acordo com essas descobertas,
V=c’T e p=c’’T em que c’ e c’’ são constantes. Posteriormente, em 1811, o físico
italiano Amedeo Avogadro apresentou uma conjectura, sugerindo que, nas mesmas
temperatura e pressão, o volume ocupado por um mol de partículas gasosas é o
mesmo independentemente da natureza do gás. Assim, para dois gases diferentes
como A e B, VA/nA= VB/nB= c’’’. Logo, o princípio de Avogadro pode ser descrito de
maneira geral por V=nc’’’. Em 1830 uma equação de estado coerente com todas as
observações experimentais sobre os gases realizadas até então foi obtida. Essa
equação empírica é a lei dos gases ideais sendo dada por

pV= nRT

É importante ressaltar que em 1830 quando essa equação foi proposta ainda não
existia uma teoria molecular que explicasse a natureza dos gases (essa só surgirá
por volta de 1880 e é conhecida como teoria cinética molecular ou teoria cinética dos
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gases). Tampouco havia um modelo atômico robusto teoricamente (em 1830 o

melhor modelo para o átomo era o de Dalton). A nível teórico, a equação dos gases ideais

é limitada pois não considera, por exemplo, a interação potencial entre as partículas
componentes do gás. Contudo, a aplicabilidade dessa simples equação a muitos
sistemas reais é surpreendentemente ampla.

Pressões hidrostáticas

Os gases e os líquidos são fluidos. A pressão que um fluido exerce sobre um


ponto de referência varia com a altura desse ponto. Por exemplo, a pressão
atmosférica sobre um ponto na superfície terrestre diminui com o aumento da
altitude acima do nível do mar. Por outro lado, a pressão da água sobre um ponto
aumenta com a profundidade abaixo da interface ar-água no mar. Nos dois casos, as
pressões são chamadas de pressões hidrostáticas porque se devem a fluidos em
repouso ou estáticos. Esse tipo de pressão pode ser determinado a partir da relação

p  p0  gh (1)

em que p, p0 , , g e h são, respectivamente, a pressão no ponto de referência, a


pressão em um ponto no nível 0 a partir do qual se mede a altura (ou profundidade)
do ponto de referência, a densidade do fluido, a aceleração da gravidade e a altura
do ponto de referência medida a partir do nível 0.
Se p for a pressão em um ponto a uma profundidade h abaixo da superfície
de um líquido, p0 será a pressão na superfície (interface líquido-ar). Nesse caso, p
é a soma de duas partes; p0 e  gh , esta última sendo a pressão manométrica. Esse
nome se deve ao uso do manômetro para medir essa diferença de pressões (entre p
e p0). Também é importante ressaltar que a pressão em um ponto de um fluido em
equilíbrio estático não depende da dimensão horizontal do fluido ou do recipiente
em que o fluido se encontra.

O barômetro de mercúrio

A figura 1 mostra um barômetro de mercúrio, um aparato simples utilizado para


medir a pressão atmosférica.

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Figura 1: Ilustração de um barômetro de mercúrio.

No barômetro, um tubo de vidro é preenchido com mercúrio e introduzido com a


extremidade aberta em um recipiente também contendo mercúrio. O volume acima
da coluna de mercúrio no tubo de vidro contém traços de vapor de mercúrio cuja
pressão à 25 oC pode ser desprezada (indicada como p=0 na figura 1). Então, de
acordo com a equação 1, a pressão exercida sobre a coluna de mercúrio por esse
volume de vapor será
p  p0  g(h)  0

O sinal negativo em h se justifica pela referência, ou seja, considera-se o nível 2


indicado na figura 1 como tendo valor 0 para o eixo y. Então, p0   gh sendo esta
exatamente a pressão atmosférica, uma vez que a coluna de mercúrio se encontra
em equilíbrio estático como se percebe da figura 1 (a pressão atmosférica exercida sobre
o nível 1 está em equilíbrio com a pressão da coluna de mercúrio exercida também sobre o

nível 1).

O manômetro de tubo em U

Esse tipo de manômetro é constituído por um tubo em forma de U com área


seccional uniforme e um líquido de preenchimento fixado sobre uma escala
graduada. A pressão é medida pela leitura da altura da coluna do líquido deslocado
em um dos lados (lado direito da figura 2) em relação à altura do outro (lado
esquerdo da figura 2). No manômetro representado na figura 2, o zero da escala
ocorre quando o líquido nos dois lados está na mesma altura, momento em que as
pressões sobre o líquido em cada lado são iguais.

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Figura 2: Ilustração de um manômetro de tubo em U. A escala deve ser lida em mm.

Se Ffluido é a força exercida pelo fluido sobre a área A da interface líquido-ar do


lado esquerdo na posição 10 mm indicada pela linha tracejada inferior, então, a
pressão p fluido sobre essa mesma área será:

Ffluido mfluido .g Vfluido . fluido .g . . fluido .g


Ah
p fluido      h. fluido .g (2)
A A A A

em que mfluido ,Vfluido e  fluido são respectivamente a massa, o volume e a densidade do


fluido. A equação (2) mostra que a altura da coluna de mercúrio é diretamente
proporcional à pressão exercida por aquela coluna sobre a área de referência
(posição 10 mm). A diferença nas alturas das duas colunas de mercúrio em um
manômetro pode, doravante, ser utilizada para medir o desequilíbrio de pressões
entre os dois lados do manômetro.
Novamente é muito frequente a utilização do mercúrio como fluido de
referência nesses manômetros o que leva à utilização do milímetro de mercúrio,
mmHg, como uma unidade de pressão. Por definição, 1 mmHg corresponde a 1 torr.
Uma pressão de 1 torr é literalmente a pressão que produz uma diferença de 1 mm
nas alturas das duas colunas de mercúrio no manômetro. Usando na equação anterior
a densidade do mercúrio, 13,5951 g cm-3, considerada na temperatura ambiente de
25oC (298,15K) , h=1 mm e g=9,81ms-2 encontra-se no SI uma pressão de 133 Pa.
Por conseguinte, 1 torr = 133Pa e 760 torr = 101 kPa = 1atm.
Suponha que se aprisione gás acima do fluido do lado esquerdo do tubo em
U da figura 2, fechando a extremidade esquerda. Nessa situação, a pressão exercida
sobre o gás aprisionado seria a soma da pressão atmosférica (devida à abertura da
extremidade do lado direito do tubo em U) com a pressão do fluido. Em mmHg tem-
se:

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psobre o ar aprisionado  patmosférica / mmHg


 h/ mmHg (3)

O volume da coluna de gás aprisionado será função de sua altura H medida do lado
esquerdo sendo dado por,
d2
V   r2  H  H (4)
4
em que r e d são respectivamente o raio e o diâmetro do tubo.

3. Materiais e Equipamentos

 Tubo capilar com extremidade com uma gota de mercúrio aprisionada.


 Manômetro de tubo em U.
 Barômetro de mercúrio.
 Sistema de aquecimento para banho quente.
 Gelo para banho frio.

4. Procedimento Experimental

Parte I: Lei de Boyle

a) Preparar o manômetro de tubo em U ilustrado na figura 3 para o experimento.


Testar se o volume do ar aprisionado na extremidade esquerda varia com a
pressão exercida sobre ele. Para isso, elevar e abaixar a extremidade direita do
manômetro.

b) Preparar uma tabela para registrar H (altura da coluna de ar aprisionado do


lado esquerdo) e h (diferença entre as alturas dos níveis de mercúrio em cada
lado do manômetro).

c) Obter sete medidas de H e h . Lembre-se que h  0 quando o nível do líquido


for igual dos dois lados.

d) Registrar a pressão atmosférica utilizando o barômetro de mercúrio do


laboratório, a temperatura ambiente e o diâmetro do tubo contendo o ar
aprisionado.

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Figura 3: Ilustração do manômetro utilizado na prática.1

Parte II: Lei de Charles e Gay Lussac


a) Preparar um banho com gelo e água próximo de 0ºC.

b) Introduzir o tubo capilar com a coluna de ar aprisionada por uma quantidade de


mercúrio nesse banho. A parte do tubo com o ar deve estar totalmente
submersa no banho. O sistema a ser utilizado nessa parte está ilustrado na figura
4.

c) Esperar por três minutos para que o sistema atinja o equilíbrio térmico e registrar
a altura da coluna de ar.

d) Repetir o procedimento para as temperaturas de 15oC, ambiente, 40oC e 60oC.


Construir uma tabela de alturas x temperaturas.

e) Registrar a pressão barométrica e o diâmetro do tubo capilar.

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Figura 4: Ilustração sistema de contendo o tubo com mercúrio mergulhado em um banho com
temperatura controlável.2

1,2 O crédito das figuras 3 e 4 é do professor Hauster Maximiler Campos de Paula

5. Resultados a serem apresentados

Parte I
5.1 Apresentar os valores de h e H. A partir das equações 3 e 4, calcular os valores de p
e V para cada caso.

5.2 Construir o gráfico p  V .

5.3 Determinar o valor médio para o produto pV , a partir de todos os valores obtidos, e
calcular a quantidade de matéria e a massa do ar aprisionado na coluna do lado
esquerdo.

Parte II
5.4 Apresentar as tabelas e os gráficos correspondentes à V / L por t /º C e V / L por
T/K.

5.5 Determinar, por regressão linear, a função analítica em cada caso.

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5.6 Com a primeira função, calcular o valor de t /º C para V  0 . Qual valor de


temperatura em graus Celsius você esperaria nesse caso? Explique sua resposta.

5.7 Calcular o número de mols de ar aprisionado na coluna, a massa molar do ar (a partir


de sua densidade na temperatura de trabalho) e a massa do ar aprisionado na coluna.

5.8 A partir da composição precisa do ar seco a nível do mar calcular a massa molar a
partir de uma média ponderada. Comparar com o resultado anterior.

5.9 Calcular o volume molar do ar a temperatura ambiente com base em seus dados e
determinar o erro experimental em relação ao modelo do gás ideal.

6. Bibliografia

1. Castellan, G.; Fundamentos de Físico-Química; LTC, 1996.


2. Atkins, P.W.; Físico-Química, 8º Edição, Volume 1, LTC, 2008.
3. Kean, Sam.; O último suspiro de César. A História épica do ar à nossa volta,
Jorge Zahar Editor Ltda, 2019.

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PRÁTICA 2 – DETERMINAÇÃO DE ALGUMAS PROPRIEDADES DE ESTADO


TERMODINÂMICAS PARA GASES
1. Objetivos

Determinar experimentalmente algumas propriedades intensivas e extensivas


de uma série de gases.

2. Introdução Teórica

Por que estudar gases?

Em sua história a Terra possuiu algumas atmosferas distintas cada uma


constituída por uma singular mistura de gases. Parte das rochas espaciais que
formaram o planeta foram fundidas pelas enormes pressões gravitacionais fazendo
com que líquidos densos como ferro afundassem para o centro enquanto os mais
leves subiram para se ressolidificar. Naquele momento, o planeta possuía um manto
viscoso fraturado com lava escapando abundantemente pelas fendas. Essa Terra
primitiva possuía uma atmosfera esparsa formada sobretudo por hidrogênio e hélio
que algum tempo após sua formação foi varrida pelo vento solar. A seguir, surgiu
uma atmosfera produzida a partir do próprio solo devida aos gases expelidos do
magma abundante. Esses gases que escapavam consistiam principalmente de vapor
de água e dióxido de carbono, sulfeto de hidrogênio e dióxido de enxofre. O vapor de
água se condensou como chuva que formou os lagos e oceanos; um efeito disso foi a
remoção do CO2 da atmosfera com a consequente formação de rochas marítimas
carbonáticas. Espetaculares eventos como a colisão de inúmeros asteroides e a
colisão da Terra com o planeta Theia (tão grande quanto Marte!) aparentemente
eliminaram a atmosfera terrestre por várias vezes. Tais incidentes, associados à
enorme atividade vulcânica do planeta, provocou seguidamente a modificação da
composição química de nossa atmosfera.
Atualmente, a composição de nossa atmosfera é de 78% de N2 (780 mil partes
por milhão) 21% de O2 (210 mil partes por milhão) 1% de Ar (10 mil partes por
milhão). Estes valores desconsideram o vapor de água, cuja porcentagem é desigual
nas diferentes regiões da atmosfera. Os principais poluentes atmosféricos são o
dióxido de carbono CO2 (nos dias presentes, 400 partes por milhão e aumentando) e o
Metano, CH4, (atualmente duas partes por milhão no ar). Mesmo esses gases de efeito
estufa são essenciais, se estiverem na medida certa. Sem os gases responsáveis pelo
efeito estufa a temperatura global média seria de –18°C. Com esses gases, a
temperatura média permanece em agradáveis 16°C. O problema surge quando a
concentração desses gases aumenta em demasia como transcorre atualmente.
Persistindo essa tendência, ocorrerá, de acordo com a maioria das evidências
científicas, uma grande modificação climática com potencial desastroso para a
humanidade.
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Outro gás com particular importância em nossa atmosfera é o ozônio, O3. A


vida no planeta seria comprometida sem a proteção da delicada camada desse gás
existente na estratosfera (em média a 30 km de altura) que filtra boa parte da
radiação ultravioleta emitida pelo Sol. Por outro lado, o O3 troposférico (em nossas
grandes cidades) é um perigoso poluente e consiste em uma premente ameaça à
saúde pública.
Também existem inúmeros gases que revolucionaram o modo de vida da
humanidade ao longo do tempo. Por exemplo, a reação gasosa (catalisada) N2 + 3H2
→ 2NH3 desenvolvida por Fritz Haber e Carl Bosh proporcionou o avanço da
indústria dos fertilizantes sem os quais a humanidade não conseguiria produzir
alimentos em quantidade suficiente para sua população ao longo do século XX. O
N2O(g) esteve na origem do conturbado desenvolvimento de substância anestésicas,
o que possibilitou uma revolução inigualável nas cirurgias médicas. Os exemplos são
inúmeros, o que evidencia a importância do estudo físico e químico dos sistemas
gasosos bem como da determinação de parâmetros físicos que caracterizam cada
uma dessas preciosas substâncias.

O efeito do empuxo em pesagens envolvendo gases

O princípio de Arquimedes estabelece que um corpo submerso em um fluido


sofre ação de uma força de empuxo no sentido contrário ao de seu peso. O módulo
desse empuxo depende da massa de fluido deslocada pelo objeto. Esse princípio
pode ser usado para explicar porque navios pesando milhares de toneladas podem
flutuar sobre a água. O empuxo E também diminui o peso de substância em uma
quantidade equivalente ao peso do ar deslocado pela própria substância. Se mar e g são a
massa do ar deslocado e a aceleração da gravidade:

E  mar  g

Em pesagens de laboratório o empuxo é quase sempre ignorado uma vez que é


relativamente pequeno na maioria das medidas de massa, principalmente de substâncias
sólidas e líquidas. Contudo, na pesagem de pequenas quantidades de gases, o empuxo
revela-se importante. Nesse contexto, se Pfinal é o peso final (recipiente contendo um gás)
e Pinicial é o peso inicial (recipiente vazio) define-se o peso aparente Paparente como

Paparente  Pfinal  Pinicial .

Porém, ao peso real, Preal , deve ser adicionado o empuxo E que é numericamente igual
ao peso do ar deslocado

Preal  Paparente  E  ( Pfinal  Pinicial )  E

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Finalmente,

mreal g  (m final g  minicial g )  mar g


mreal  (m final  minicial )  mar

3. Materiais e Equipamentos
 Óxido de manganês.
 Peróxido de oxigênio 10% V/V.
 Ácido sulfúrico 20% V/V.
 Bicarbonato de sódio.
 Proveta de 25 mL e de 1 L.
 Espátula.
 Balança.
 Nitrogênio gasoso.
 Sistema coletor de gás (saco plástico).
 Sistema gerador de gás formado por um frasco alimentador (Funil de
decantação) e um reator (Kitassato).
 Aparato para medir volume formado por uma bacia e um frasco coletor de gás.

4. Procedimento Experimental

Parte I: Pesagem de ar e de nitrogênio


a) Pesar o sistema coletor vazio (sem ar) mas com a presilha.

b) Preencher o sistema coletor com ar e pesá-lo.

c) Esvaziar o sistema, preenche-lo com nitrogênio gasoso e tornar a pesar.

Parte II: Pesagem de oxigênio


a) Acoplar o frasco alimentador (funil) ao reator (Kitassato).

c) Adicionar quantidade relativa a três pontas de espátula de MnO2 (s) ao reator e 40


mL de H2O2 (aq) 10% v/v ao frasco alimentador.

d) Testar a reação liberando lentamente algumas gotas de H2O2 (aq) e agitando o


reator. Esperar o reator ficar saturado com o gás e conectar o sistema coletor (saco
plástico) à mangueira de saída do mesmo.

e) Quando o sistema coletor estiver cheio desligar a conexão e tampá-lo com o auxílio
da presilha. Encerrar a reação e pesar o sistema com o gás.

f) Limpar todo o aparato.


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Parte III: Pesagem de dióxido de carbono


a) Acoplar o frasco alimentador (funil) ao reator (Kitassato).

c) Adicionar quantidade relativa a quatro pontas de espátula de bicarbonato ao reator


e 20 mL de H 2SO4 (aq) 20% v/v ao frasco alimentador.

d) Testar a reação liberando lentamente algumas gotas de H 2SO4 (aq) e agitando o


reator. Esperar o reator ficar saturado com o gás e conectar o sistema coletor (saco
plástico) à mangueira de saída do mesmo.

e) Quando o sistema coletor estiver cheio desligar a conexão e tampá-lo com o auxílio
da presilha. Encerrar a reação e pesar o sistema com o gás.

f) Limpar todo o aparato.

Parte IV: Determinação do volume de gás no sistema coletor.


a) Preencher três quartos de uma bacia de plástico com água.

b) Preencher totalmente uma garrafa de vidro com água.

c) Virar a garrafa, sem permitir a saída de água, dentro da bacia de plástico mantendo-
a de cabeça para baixo.

d) Conectar a mangueira do sistema coletor (saco plástico) preenchido com ar à garrafa


de vidro que se encontra nesse momento dentro da bacia de plástico.

e) Apertar suavemente o saco plástico até transferir todo o gás para a garrafa de vidro,
liberando parte da água de seu interior.

f) Tampar a garrafa e retirá-la da bacia (sem perder mais água) colocando-a em pé sobre
a bancada.

g) Determinar a quantidade de água deslocada da garrafa de vidro com o auxílio de uma


proveta de 1000 mL.

h) Registrar a temperatura e a pressão ambientes.

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5. Resultados a serem apresentados

5.1 Determinar a massa de cada um dos gases considerando o empuxo do ar.

5.2 Com os dados obtidos da prática (a tabela 1 pode ser útil), calcule o número de mols,
a massa molar, o volume molar, a concentração molar e o volume específico para todos
os gases. Organize esses dados em uma tabela.

5.3 Escreva as equações químicas envolvidas em cada reação realizada na prática.

5.4 Calcular os erros nas determinações das massas molares.

5.5 O que produz maior empuxo, um kg de chumbo ou de algodão? Explique sua


resposta.

5.6 Explique o que são propriedades intensivas e propriedades extensivas em


Termodinâmica.

5.7 Explique em detalhes e do ponto de vista físico-químico o que é o efeito estufa.

Tabela 1 Densidade do ar seco em g/L


T/ºC
P/(mmHg) 20 25 30
680 1,08 1,06 1,04
690 1,09 1,07 1,06
700 1,11 1,09 1,07
710 1,12 1,10 1,09
720 1,14 1,12 1,10
730 1,16 1,14 1,12
740 1,17 1,15 1,13
750 1,19 1,17 1,15
760 1,21 1,19 1,16
770 1,22 1,20 1,18

6. Bibliografia

1. Castellan, G.; Fundamentos de Físico-Química; LTC, 1996.


2. Atkins, P.W.; Físico-Química, 8º Edição, Volume 1, LTC, 2008.
3. Hermens, R.A.; Journal of Chemical Education, Vol. 60, Nº 9, 1983.
4. Kean, Sam.; O último suspiro de César. A História épica do ar à nossa volta,
Jorge Zahar Editor Ltda, 2019.

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PRÁTICA 3 –OBTENÇÃO DA MASSA MOLAR DE UM LÍQUIDO VOLÁTIL

1. Objetivos

Determinar a massa molar de uma substância em estado líquido usando o


método de Dumas.

2. Introdução Teórica

Jean-Baptiste André Dumas desenvolveu em 1826 um método baseado na


hipótese de Avogadro para determinar as massas molares de substâncias líquidas
voláteis. Nesse método, uma pequena quantidade de um líquido é inserida em um
frasco de massa conhecida com pequena abertura para o exterior, tal como um balão
de colo esticado. O líquido é então aquecido em um banho com temperatura
constante (frequentemente utiliza-se água próxima de sua temperatura de ebulição) até ser
completamente volatilizado e deslocar todo o ar para fora do frasco. O vapor
escapará do frasco até que a pressão interna no mesmo se iguale à pressão
atmosférica externa. Assim, nesse ponto tem-se; temperatura do gás = temperatura
do banho térmico, pressão do gás = pressão atmosférica e volume do gás = volume do
recipiente. O balão contendo o gás é então removido do banho térmico e pesado.
Após esses procedimentos os seguintes valores de massa podem ser obtidos:

m1 = mbalão + mar – E1/g= soma das massas do balão com o ar em seu interior.
m2 = mbalão + mv – E2/g= soma das massas do balão com o vapor em seu interior.
m3 = mbalão + mágua – E3/g=soma das massas do balão com água em seu interior.

Nessas equações E1/g, E2/g e E3/g (E = empuxo, g = aceleração da gravidade)


correspondem às massas de ar atmosférico deslocado respectivamente por m1, m2 e
m3, o que possibilitaria a correção do efeito do empuxo sobre cada medida.
Combinando as equações anteriores e desprezando o empuxo (uma aproximação
válida nesse experimento) tem-se:

mv = (m2 - m1) + mar (1)


mágua = (m3 - m1) + mar (2)

Dividindo as equações 1 e 2 por V (o volume do balão):


ρv = (m2 – m1)/V+ ρar  ρv – ρar = (m2 – m1)/V  V = (m2 – m1)/(ρv - ρar)
ρágua = (m3 – m1)/V+ ρar  ρágua - ρar = (m3 – m1)/V  V = (m3– m1)/( ρágua - ρar)

Igualando os dois valores para V:

(m2 – m1)/( ρv - ρar) = (m3– m1)/( ρágua - ρar)


ρv - ρar = (m2 – m1) (ρágua - ρar) / (m3– m1)

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ρv = [(m2 – m1) (ρágua - ρar) / (m3 – m1)] + ρar (3)


Então, de acordo com a equação 3, a partir da simples determinação das massas m1,
m2 e m3 e das densidades da água e do ar na mesma temperatura em que foram feitas
as determinações das massas (um handbook pode ser útil ) , calcula-se a densidade. A
partir daí obtém-se a massa molar M da substância, considerando o comportamento
do vapor como sendo ideal, a partir da relação:

M = (ρv /p)RT (4)

em que p e T são a pressão e a temperatura em que se obteve ρv.

3. Materiais e Equipamentos

 Balão de colo esticado acoplado a uma presilha de vedação.


 Termômetro.
 Balança.
 Béquer de 50 mL e 1000mL.
 Conta gotas.
 Sistema de aquecimento com agitação.
 Líquido de referência (Clorofórmio).
 Líquido de prova.

4. Procedimento Experimental

a) Pesar o balão de colo esticado previamente limpo e seco 1.

b) Preparar e pesar a tampa do sistema; essa é constituída por uma mangueira de


borracha acoplada a uma saída capilar e uma presilha que é usada para apertar a
mangueira.

c) Adicionar com o auxílio do conta gotas 0,5 mL (uma gota) de clorofórmio ao balão.

d)Tampar o sistema com a mangueira e o capilar sem apertar totalmente a


mangueira com a presilha.

e) Preparar o banho quente para a volatilização do clorofórmio. A temperatura deve


ser de aproximadamente 70ºC .

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18

f) Atingida a temperatura apropriada submergir totalmente o balão no banho,


mantendo a tampa semiaberta de maneira que possa sair gás. Durante o processo
de volatilização do líquido a temperatura do banho deve ser mantida constante.

g) Monitorar com o auxílio de uma chama na saída do capilar o escapamento do


vapor. Quando perceber não haver mais escapamento de gás esperar por 5 minutos
a fim de garantir a completa volatilização do líquido.

h) Sem retirar o balão do banho fechar totalmente a saída com a presilha. Registrar
a pressão atmosférica e a temperatura do banho.

i) Deixar o balão fechado resfriar até a temperatura ambiente e pesá-lo.

j) Repetir todo o processo novamente.

k) Eliminar o condensado de clorofórmio do balão na Capela.

l) “Fazer ambiente” no balão com a amostra problema e repetir o procedimento de


volatilização e determinação da massa também por duas vezes. A temperatura do
banho será a mesma anterior.

m) Preencher totalmente o balão com água e pesá-lo.

1 Não esquecer de descontar a massa da tampa na determinação dos valores de m1, m2 e

m3.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Descobrir as densidades da água e do ar nas de temperatura e pressão do


experimento.

5.2 Determinar a densidade do vapor e a massa molar para o clorofórmio e para a


amostra problema.

5.3 Comparar a massa molar do clorofórmio com o valor teórico e propor qual é a
substância da amostra problema.

5.4 Calcular a massa molar para o clorofórmio utilizando uma equação de estado
diferente da lei dos gases ideais.

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6. Bibliografia

1. Lange, N.A.; Handbook of Chemistry - 15th Edition, McGill Hill, 1998.


2. Alsobrook, J.W.; Journal of Chemical Education, Vol. 28, Nº 12, 1951.

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PRÁTICA 4 – ESTUDO DAS LEIS DE GRAHAM PARA A EFUSÃO E DIFUSÃO DE GASES

1. Objetivos

Compreender e testar experimentalmente as leis de efusão e de difusão de


Graham. Determinar a densidade e a massa molar de alguns gases.

2. Introdução Teórica

O estudo sobre a maneira como os gases se movem através de diferentes


materiais é fundamental em inúmeros contextos científicos e tecnológicos. Um dos
pioneiros nessa área de pesquisa foi o químico escocês Thomas Graham, que
realizou uma série de experimentos envolvendo o fluxo de gases em diferentes
sistemas, entre os anos de 1831 a 1845. Graham descobriu que (na ausência de
condições que provocam fluxo turbulento) são três os principais tipos de movimento
isotérmico de gases através de tubos ou meios porosos:

Efusão: Nesse processo ocorre o deslocamento do fluxo de gás por um tubo ou


através dos poros de certo material. Aqui a pressão é suficientemente baixa para que
as colisões entre as moléculas possam ser ignoradas se comparadas às colisões com
as paredes do tubo ou material poroso.

Transpiração ou fluxo viscoso laminar: Nesse fenômeno o gás age como um fluido
contínuo direcionado por um gradiente de pressão. Aqui a pressão é suficientemente
alta para que as colisões entre as moléculas sejam dominantes em relação às colisões
com as paredes do tubo ou do meio poroso.

Difusão: A difusão de gases ocorre quando diferentes espécies de uma mistura se


movem como um fluido contínuo direcionado por um gradiente de composição.
Novamente, as colisões molécula-molécula são mais importantes do que as colisões
moléculas-paredes.

Thomas Graham propôs leis empíricas para a efusão e a difusão:

Lei da difusão de Graham – Quando dois gases se difundem um no outro em pressão


constante, as velocidades de seus fluxos difusivos são iguais ao inverso da raiz
quadrada de suas massas molares. Para um sistema de volume V com dois gases A e
B com mesma quantidade de matéria de cada um, nA  nB , e assim,

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1 1
vdifusãoA  e vdifusãoB 
MA MB
nB mB
vdifusãoA

MB
 V   B se n  n
A B
vdifusãoB MA n A mA A
V
em que M A , M B ,  A ,  B são as massas molares e as densidades de A e B.

Lei da efusão de Graham- Quando ocorre a efusão de um gás através de um tubo ou


poro, a velocidade da efusão é igual ao inverso da raiz quadrada da massa molar do
gás. Assim, para um sistema de volume V com dois gases A e B com mesma
quantidade de matéria de cada um, nA  nB , em que agora esses dois gases sofrem
efusão tem-se:

vefusãoA MB
 .
vefusãoB MA

Como visto, a forma matemática para as leis da efusão e da difusão de Graham são
iguais, embora descrevam processos diferentes. Pode-se, ademais, reescrever a lei
de Graham para a efusão em termos dos tempos de deslocamento dos gases. Por
exemplo, se os dois gases A e B precisam percorrer uma mesma distância d,

d
vefusãoA tefusãoA tefusãoB MB
  
vefusãoB d tefusãoA MA
tefusãoB

De maneira que

MA MB
  constante
tefusãoA tefusãoB

Essa última constante é um parâmetro característico do aparelho de Schilling


utilizado para medir as diferentes velocidades de efusão e mostrado na figura 1:

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Figura 1: Ilustração do Aparelho de Schilling.

Neste equipamento o bulbo A é preenchido em aproximadamente ¾ de seu volume


com uma solução aquosa colorida. Um saco plástico contendo o gás de prova é
conectado à extremidade aberta do aparelho que deve ser totalmente preenchido
com esse gás. O experimento consiste em determinar o tempo em que o líquido flui
entre os níveis a e b deslocando o gás através do tubo. Esse tempo é igual ao tempo
de efusão do gás pelo tubo.

3. Materiais e Equipamentos

 Aparelho de Schilling.
 Recipientes plásticos com gases de prova. Ar atmosférico, N2, O2, CO2 (esses
dois últimos produzidos pelo grupo da prática 2).
 Cronômetro e régua milimetrada.
 Tubo de vidro com 50 cm de comprimento e 0,5 cm de diâmetro.
 Pinça, conta gotas e algodão.
 Hidróxido de amônio e ácido clorídrico.

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4. Procedimento Experimental

Parte I: Medidas de tempo de efusão

a) Conectar o saquinho com o gás de prova ao sistema como mostrado na figura da


introdução.

b) Introduzir o gás de prova abrindo a torneira de duas vias no sentido do gás e


abaixando o bulbo A até que o nível de água fique abaixo do nível a no bulbo B.
Fechar a válvula, fixar o bulbo A na posição inicial e preparar o cronômetro.

c) Esperar por 3 minutos e abrir a torneira no sentido da saída capilar para o saco
plástico.

d) Registrar o tempo necessário para o líquido deslocar o gás entre as marcas a e b


do bulbo B.

e) Repetir a medida com o mesmo gás.

f) Realizar o experimento duas vezes para cada um dos gases disponíveis: ar


atmosférico, oxigênio e dióxido de carbono.

Parte II: Medidas de tempo de difusão

a) Fixar o tubo de vidro (40 cm) na haste dentro da capela.

b) Fixar pequenos pedaços de algodão em cada extremidade do tubo deixando um


leve excesso do lado de fora.

c) Adicionar simultaneamente 5 gotas de NH 4 OH (aq) concentrado em uma


extremidade e 5 gotas de HCl(aq) concentrado na outra extremidade do tubo.

d) Observar até a formação de um anel branco.

e) Medir a distância de cada extremidade do tubo ao anel.

f) Limpar o tubo de vidro.

g) Registrar a temperatura e pressão ambiente.

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Observação 1: Tanto o ar quanto os outros gases se encontram saturados parcialmente por


vapor de água, o que pode interferir no experimento.

Observação 2: A densidade do ar saturado com vapor de água,  ar úmido , em qualquer

temperatura pode ser calculada por:

273,13 ( patmosférica  0,3783 pvapor )


 ar úmido  1, 2929  ( )
T 760

em que  ar , patmosférica , pvapor e T são respectivamente a densidade do ar úmido em g/L, a

pressão atmosférica, a pressão de vapor do ar em mmHg e a temperatura absoluta em K


nas condições laboratoriais.

Observação 3: A densidade do ar seco,  , é dada por:


ar seco

 0, 01293   patmosférica 
 ar seco    
 1  0, 0037t   760 

em que t é a temperatura em ºC .

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Considerando a massa molar e o tempo médio de efusão do N2 como referência


calcular a constante do aparelho de Schilling e as massas molares dos outros gases.

5.2 Fazer um gráfico do tempo de efusão em função das massas molares dos gases
de prova.

5.3 Interpretar as distâncias medidas na parte II em relação às velocidades de


difusão e às densidades dos gases.

5.4 Deduzir uma expressão que relacione as densidades dos gases com as distâncias
percorridas no experimento de difusão dos gases.

5.5 Utilizando a teoria cinética molecular calcular (em km/h) a velocidade média, a
velocidade quadrática média e a velocidade mais provável para as moléculas de O2
e de CO2 no sistema constituído pelo saco plástico.

6. Bibliografia
1. Kenney, T.; Journal of Chemical Education, Vol. 67, Nº 10, 1990.
2. Mason, E.A.; Kronstadt, B.; Journal of Chemical Education, Vol. 44, Nº 12, 1967.
3. Kirk, A.D.; Journal of Chemical Education, Vol. 44, Nº 12, 1967.
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PRÁTICA 5 –ENTALPIAS DE DISSOLUÇÃO E DE NEUTRALIZAÇÃO

1. Objetivos
Determinar experimentalmente a variação de entalpia de dissolução de um
eletrólito e a variação de entalpia de neutralização para ácidos.

2. Introdução Teórica

2.1 O que é calor em Termodinâmica?

Em termodinâmica, calor, Q, é definido como um processo através do qual


energia interna escoa através da fronteira de um sistema durante uma mudança de
estado. Esse fluxo de energia pode ser do sistema para sua vizinhança ou da vizinhança
para o sistema. O processo calor surge quando há uma diferença de temperaturas entre
o sistema e a vizinhança; o fluxo de energia interna ocorre da região de maior para a de
menor temperatura. O calor é, portanto, uma manifestação dinâmica, não sendo uma
função de estado, mas uma função de caminho, uma vez que não pode ser medido
diretamente dentro do sistema só aparecendo como um efeito na fronteira
sistema/vizinhança. O que pode ser propriamente medido são os efeitos do calor, os
quais aparecem geralmente como variações da temperatura do sistema ou da
vizinhança. Deste modo, do ponto de vista termodinâmico, qualquer declaração que
sugira que um sistema contém calor está incorreta. Ressalta-se que calor não é energia
em trânsito (quem nuca ouviu isso?), mas, um processo através do qual a energia entra
em trânsito.
Em algumas condições especiais o valor numérico do processo calor pode ser
igual à variação de algumas funções de estado. Por exemplo, em um processo ocorrendo
em um sistema à pressão constante tem-se que o calor é igual à variação da entalpia,
H  Qp . Isso não significa que o calor passou a ser uma função de estado, mas que as
duas funções possuem valor numérico igual, assim como duas funções matemáticas
diferentes podem ter valores numéricos iguais em alguns intervalos de domínio. Apesar
disso, perdura na Química o termo calorimetria (por que não “entalpimetria”?) para
designar a medida das variações de entalpia de processos comuns como a formação de
soluções e reações químicas, de modo que expressões como calor de reação e calor de
formação ainda são muito utilizadas. Nesse sentido, as variações de entalpia são
medidas experimentalmente em um equipamento conhecido como calorímetro. A
compreensão básica da calorimetria também depende do entendimento dos conceitos
de calor específico e capacidade calorífica.

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2.2 Calor específico e capacidade calorífica

A capacidade calorífica (C) de uma substância é a quantidade de energia térmica


necessária para elevar em um grau Celsius a temperatura de uma dada quantidade não
especificada da substância, sendo medida geralmente em J/°C. Já o calor específico (c)
de uma substância é a quantidade de energia térmica necessária para elevar em um grau
Celsius a temperatura de um grama da substância, sendo frequentemente determinado
em J/g °C. A relação entre a capacidade calorífica e o calor específico de uma substância
é C = mc em que m é a massa da substância em gramas. Como exemplo, o calor
específico da água (à 25oC) é 4,184 J/g °C e a capacidade calorífica de uma massa m
igual a 60,0 g de água é C = (60,0 g) x (4,184 J/g °C) = 251 J/°C. Isso significa que são
necessários 251 joules para aquecer em um grau Celsius, 60 gramas de água. Quanto
maior for o calor específico de um material maior será sua capacidade em absorver
energia antes de se aquecer perceptivelmente. Se soubermos o calor específico e a
massa de uma substância, então, a variação da temperatura ( t para Celsius ou T para
Kelvin) do sistema durante algum processo possibilitará o cálculo da entalpia absorvida
ou liberada através do processo calor. Se a pressão sobre o sistema estiver constante, a
equação para calcular essa energia (aqui pensada como sendo a variação de entalpia) será:

H  Q p  C t  mcT (1)

2.3 Como funciona um calorímetro?

Em um calorímetro misturam-se diferentes substâncias em um vaso reator


isolado adiabaticamente (não há troca de entalpia com o meio externo) e determina-se a
variação da temperatura do processo decorrente (pode ser uma reação química, a

formação de uma solução, ou uma simples troca de energia térmica caso as substâncias

misturadas sejam iguais mas estejam em temperaturas diferentes).

Figura 1: Ilustração de um calorímetro adiabático.


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No calorímetro ilustrado na figura 1, o vaso reator é recoberto por um vaso maior


(pense em uma garrafa térmica) que funciona como isolante adiabático. De acordo com

a primeira lei da Termodinâmica a energia em um sistema isolado deve se conservar e,


por conseguinte, não há como o reator absorver ou liberar energia durante os processos
que nele ocorrem (pelo menos por um certo tempo, uma vez que o isolante térmico não
isolará para sempre). Por exemplo, seja um vaso reator à temperatura ambiente (25oC)
no qual serão, primeiramente, adicionados 10 mL de água fria (5oC) e em seguida 10 mL
de água à temperatura ambiente (25oC). Neste reator ocorrerão três processos
simultaneamente:

 Processo 1 – A água fria absorverá entalpia da água à temperatura ambiente.


 Processo 2 – A água à temperatura ambiente liberará entalpia para a água fria.
 Processo 3 –As paredes do reator também liberarão entalpia para a água fria.

Pela conservação da energia,

H Processo1  H Processo 2  H Processo3

A variação de entalpia para o reator isolado será

H ReatorIsolado H Processo1  (H Processo 2  H Processo3 )  0 (2)

Após a mistura da água a 5oC com a água a 25oC será obtida uma temperatura de
equilíbrio (digamos, uns 20oC). Em consequência, o que deve ser medido no calorímetro
são as seguintes três diferenças de temperatura; temperatura da água fria x
temperatura de equilíbrio; temperatura da água à temperatura ambiente x temperatura
de equilíbrio; temperatura inicial das paredes do reator (igual à da água ambiente) x
temperatura de equilíbrio. A partir desses valores de diferenças de temperatura e do
uso adequado das equações 1 e 2 pode-se determinar os parâmetros calorimétricos
almejados.

2.4 Variação de entalpia de dissolução

A dissolução de um eletrólito sólido em água depende da entalpia de dissolução


que pode ser determinada pelo balanço energético das etapas envolvidas na formação
da solução:
H dissolução  H rede  H hidratação

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A entalpia de rede H rede é aproximadamente igual à energia necessária para a


formação de um gás de íons a partir do sólido cristalino que constitui o eletrólito,
enquanto a entalpia de solvatação H solvatação é a energia envolvida na solvatação dos
íons obtidos da rede cristalina original. Tem-se que H rede é sempre positivo porque
romper a rede cristalina do eletrólito sólido é um processo sempre endotérmico. Se
H dissolução for positivo significa que H hidratação não foi exotérmico (negativo)
suficientemente para tornar a dissolução também exotérmica. Neste caso, o processo
global de dissolução será endotérmico como ilustra a figura 2.

Figura 2: Processo de dissolução endotérmico (adaptado da referência 1).

Por outro lado, se H dissolução for negativo significa que H hidratação foi suficientemente
exotérmico para tornar a dissolução também exotérmica. Sendo assim, o processo
global de dissolução é mostrado na figura 3.

Figura 3: Processo de dissolução exotérmico (adaptado da referência 1).

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2.5 Variação de entalpia de neutralização

A variação de entalpia de neutralização H neutralização se deve à reação de um mol


de um ácido com um mol de uma base preparados em solução diluída a 25oC e um bar
de pressão (0,987 atm). Em uma reação entre ácido e base fortes ocorre uma completa
dissociação do ácido e da base de maneira que a única reação energeticamente
relevante será

OH  ( aq )  H (aq )  H 2O(l )

cuja variação de entalpia é de H reação  55,835kJ/mol . Por consequência,


OH  H 

H neutralização  55,835kJ/mol para qualquer reação entre ácido e base fortes. Por outro
lado, quando a neutralização envolve ácido e base fracos, o mecanismo possui uma
primeira etapa de ionização:
HA( aq )  H (aq )  A ( aq )
H (aq )  OH  ( aq )  H 2O(l )

A variação de entalpia será agora:

H neutralização  H ionização  H reação


OH  H 

De qualquer maneira, todas as reações de neutralização são exotérmicas.

3. Materiais e Equipamentos

 Calorímetro.
 Béquer de 75, de 250 e de 600 mL.
 Balança com precisão de 0,002 g.
 Bastão de vidro e Espátula.
 Proveta de 100 mL.
 Vidro de relógio.
 Termômetro (0ºC até 50 0,1º C ).
 Solução de hidróxido de sódio 0,5 M.

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 Solução de ácido clorídrico 0,5 M.


 Solução de ácido acético 0,5 M.
 Hidróxido de sódio sólido.

4. Procedimento Experimental

PARTE I: Determinação do calor específico do calorímetro

a) Pesar o béquer de 250 mL que constitui o reator do calorímetro (parte interna) e


registrar sua massa  mcalorímetro  .

b) Pesar 100 mL de água comum  máguaambiente  e adicioná-la ao calorímetro. Registrar a


temperatura de equilíbrio térmico para o sistema (temperatura ambiente, T2 ).

c) Pesar 50 mL de água  m águafria  e adicioná-la a um béquer de 75 mL para resfriamento


em um banho de gelo por 10 minutos. Registrar a temperatura da água fria ( T1 ) e
adicioná-la rapidamente ao calorímetro.

d) Fechar o calorímetro, agitar o sistema, esperar por 30 segundos até que o sistema
atinja o equilíbrio térmico ( TE ) e anotar essa temperatura.

e) Repetir todo o procedimento.

PARTE II: Determinação da variação de entalpia de dissolução para um eletrólito

a) Adicionar 100 mL de água comum ao calorímetro à temperatura ambiente e registrar


esta temperatura.

b) Pesar 0,6 gramas de hidróxido de sódio e transferir para o calorímetro. Agitar o


sistema e registrar a maior temperatura que o mesmo atinge.

PARTE III: Determinação da variação de entalpia para reações de neutralização

a) Limpar o material utilizado anteriormente e secar com papel poroso.

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b) Medir 100 mL da solução de hidróxido de sódio (0,5 M) e transferir para o calorímetro.


Registrar a temperatura.

c) Medir 75 mL da solução de ácido clorídrico (0,5 M).

d) Adicionar o ácido à base, fechar o calorímetro, agitar e registrar a temperatura de 30


em 30 segundos até que se estabeleça equilíbrio térmico. Isso ocorrerá quando a
temperatura atingir seu maior valor e assim permanecer por certo tempo.

e) Repetir o experimento utilizando 75 mL do ácido acético (0,5 M) e 100 mL da solução


de hidróxido de sódio (0,5 M).

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para o calor específico e a


capacidade calorífica do vaso reator do calorímetro.

5.2 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para a variação de entalpia


para a dissolução do hidróxido de sódio.

5.3 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para a variação de entalpia


para as reações de neutralização dos ácidos clorídricos e acéticos por hidróxido de sódio.

5.4 Escrever as equações termoquímicas para a dissolução do hidróxido de sódio e para


as reações de neutralização dos ácidos.

5.5 Uma amostra de 466 g de água é aquecida de 8,50°C a 74,60°C. Calcular a quantidade
de energia térmica (entalpia) em kJ absorvida pela água.

6. Bibliografia

1. Silva,L.A.; Martins, C,R.; Andrade, J,B.; Quimica Nova, Vol. 27, Nº 6, 2004.
2. Castellan, G.; Fundamentos de Físico-Química; LTC, 1996.
3. Atkins, P.W.; Físico-Química, 8º Edição, Volume 1, LTC, 2008.

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PRÁTICA 6 – DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE CALORÍFICA DE SÓLIDOS

1. Objetivos

Determinar experimentalmente o calor específico de um sólido e a temperatura


inicial de um pedaço de gelo a partir de sua variação de entalpia de fusão.

2. Introdução Teórica

Leia as seções 2.1 a 2.3 da introdução teórica da prática 5 (Entalpias de dissolução e


de neutralização). Em seguida prossiga a leitura da presente introdução.

2.1 Determinação da capacidade calorífica de um sólido

Na prática anterior aprendeu-se que em um calorímetro misturam-se diferentes


amostras em um vaso reator adiabaticamente isolado determinando-se a variação da
temperatura dos processos decorrentes. Para a mistura de duas quantidades de água
em diferentes temperaturas dentro do reator do calorímetro demonstrou-se que:

H Processo1  H Processo 2  H Processo3 .

Recorda-se que:

 Processo 1 – A água fria absorve entalpia da água à temperatura ambiente.


 Processo 2 – A água à temperatura ambiente libera entalpia para a água fria.
 Processo 3 –As paredes do reator liberam entalpia para a água fria.

A partir disso pode-se escrever, utilizando a equação H  mcT e a conservação de


energia:

cágua máguafria TE  T1   cágua máguaambiente T2  TE   ccalorímetro mcalorímetro T2  TE  (1)

Na equação (1) cágua, ccalorímetro, máguafria, máguaambiente, mcalorímetro, T1, T2, TE são,
respectivamente, o calor específico da água e do calorímetro, as massas da água fria, da
água à temperatura ambiente e do calorímetro, e as temperaturas da água fria, água
ambiente e de equilíbrio térmico. A partir da equação 1 pode-se obter ccalorímetro uma
vez que todos os outros parâmetros da equação são retirados do experimento.
Doravante, pode-se modificar o experimento para obter-se a capacidade calorífica de
um sólido. Suponha-se que se adicione uma certa massa conhecida msólido de um
material sólido (para o qual não se conhece o calor específico csólido) ao reator com a
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água à temperatura ambiente, antes de se determinar a temperatura de equilíbrio


térmico (ou seja, antes de se misturar as amostras de água fria e ambiente). Nesse novo
experimento, a equação para a conservação da energia no calorímetro seria modificada
para:

cágua máguafria TE  T1   cáguamáguaambiente T2  TE   ccalorímetromcalorímetro T2  TE   csólido msólido T2  TE 

A partir da equação anterior é possível determinar a capacidade calorífica do sólido, uma


vez que todos os outros parâmetros são obtidos do experimento.

2.2 Medidas calorimétricas em que ocorre uma mudança de fase

O experimento do calorímetro pode ser adaptado para se determinar a


temperatura T1 de uma pedra de gelo antes de sua fusão. Para isso basta substituir a
massa de água fria por uma certa massa de gelo de maneira a obter para a equação 1:

cáguamgelo TE T1   cáguamáguaambiente T2 TE   ccalorímetromcalorímetro T2 TE 

A partir da equação anterior seria possível determinar T1 uma vez que todos os outros
parâmetros serão obtidos do experimento. Porém, há um fato novo nessa versão do
experimento: O gelo sofre fusão no reator antes que se determine a temperatura de
equilíbrio TE . Isso significa que parte da entalpia do sistema é absorvida pelo gelo para
que ocorra sua fusão e esse fato deve ser considerado na equação anterior. Essa entalpia
absorvida é igual à variação de entalpia de fusão H fus do gelo. A conservação de
energia no calorímetro requer agora,

H Processo1  H fusão  H Processo 2  H Processo 3

em que os processos 1, 2 e 3 são os mesmos descritos anteriormente. Assim,

cágua mgelo TE  T1   mgeloHˆ fusão  cágua máguaambiente T2  TE   ccalorímetromcalorímetro T2  TE 

em que Hˆ fusão  cágua TE  TFusão  é a variação de fusão específica para o gelo, dada por
333,56 Jg-1.

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3. Materiais e Equipamentos

 Calorímetro.
 Béquer de 75, 250 e de 600 mL.
 Balança com precisão de 0,002 g.
 Bastão de vidro e Espátula.
 Proveta de 50mL e 100 mL.
 Vidro de relógio.
 Termômetro (0ºC até 50 0,1º C ).
 Areia ou Brita.
 Gelo.

4. Procedimento Experimental

PARTE I: Determinação do calor específico do calorímetro

a) Pesar o béquer de 250 mL que constitui o reator do calorímetro (parte interna) e


registrar sua massa  mcalorímetro  .

b) Pesar 100 mL de água comum  máguaambiente  e adicioná-la ao calorímetro. Registrar a


temperatura de equilíbrio térmico para o sistema (temperatura ambiente, T2 ).

c) Pesar 50 mL de água  m águafria  e adicioná-la a um béquer de 75 mL para resfriamento


em um banho de gelo por 10 minutos. Registrar a temperatura da água fria ( T1 ) e
adicioná-la rapidamente ao calorímetro.

d) Fechar o calorímetro, agitar o sistema, esperar por 30 segundos até que o sistema
atinja o equilíbrio térmico ( TE ) e anotar essa temperatura.

e) Repetir todo o procedimento.

PARTE II: Determinação do calor específico do sólido

a) Pesar 100 mL de água comum e adicioná-la ao calorímetro.

b) Pesar 50 g de areia (ou brita) seca  msólido  e transferir para o calorímetro.

c) Registrar a temperatura  T2  de equilíbrio térmico para o sistema água-sólido.

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35

d) Pesar 50 mL de água e adicioná-la a um béquer de 75 mL para resfriamento em um


banho de gelo por 10 minutos. Registrar a temperatura da água fria ( T1 ) e adicioná-la
rapidamente ao calorímetro.

e) Fechar o calorímetro, agitar o sistema, esperar por 30 segundos até que o sistema
atinja o equilíbrio térmico ( TE ) e anotar essa temperatura.

f) Repetir todo o procedimento.

g) Limpar o material utilizado e enxugar com papel poroso;

PARTE III: Determinação da temperatura inicial do gelo

a) Pesar 100 mL de água comum e adicioná-la ao calorímetro. Registrar a temperatura.

b) Pesar rapidamente um cubo de gelo, adicionar ao calorímetro, agitar e verificar a


temperatura de 30 em 30 segundos até que se estabeleça o equilíbrio térmico.

c) Repetir todo o procedimento.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para o calor específico e a


capacidade calorífica do vaso reator do calorímetro.

5.2 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para o calor específico e a


capacidade calorífica do sólido. Sabendo que o calor específico da brita é de 0,80 J/kgoC
e o da areia é de 2,09 J/kgoC (valores para 25oC) determine o erro experimental de seus
resultados.

5.3 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para a temperatura inicial do


gelo.

5.4 Explicar conceitualmente, mostrando equações se achar pertinente, a diferença


entre energia interna, entalpia, calor e temperatura.

5.5 Uma quantidade de energia aquece 1 g de uma substância A de 3 C°, e 1 g de uma


substância B de 4 C°. Qual das duas substâncias tem o maior calor específico? Explique
sua resposta.

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36

6. Bibliografia

1. Castellan, G.; Fundamentos de Físico-Química; LTC, 1996.


2. Atkins, P.W.; Físico-Química, 8º Edição, Volume 1, LTC, 2008.
3. Halliday, D.; Resnick,R.; Walker, J.; Fundamentos de Física, 8ª Edição, Volume 2,
editora LTC.

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37

PRÁTICA 7 – DETERMINAÇÃO DA ENTALPIA PARA UMA REAÇÃO DE DECOMPOSIÇÃO

1. Objetivos

Determinar a variação de entalpia para a reação de decomposição do peróxido de


hidrogênio.

2. Introdução Teórica

Leia as seções 2.1 a 2.3 da introdução teórica da prática 5 (Entalpias de dissolução e


de neutralização). Em seguida prossiga a leitura da presente introdução.

Reações Exotérmicas e Endotérmicas


A variação de entalpia para um processo qualquer ocorrendo em um sistema é
dada por
H  H final  H inicial
em que H inicial e H final são as entalpias no início e no final do processo. Para uma reação
química,
H reação  H produtos  H reagentes .

Processos que acontecem com liberação de entalpia pelo sistema reativo


possuem variação de entalpia negativa uma vez que a entalpia do sistema diminui na
medida em que os produtos são formados. Consequentemente, a entalpia dos produtos
é menor do que a dos reagentes no final da reação e esses processos são chamados de
exotérmicos. Por outro lado, processos que transcorrem com absorção de entalpia pelo
sistema reativo possuem variação de entalpia positiva uma vez que a entalpia do sistema
reativo aumenta na medida em que os produtos são formados. Consequentemente, a
entalpia dos produtos é maior do que a dos reagentes e esses processos são chamados
de endotérmicos. A figura 1 ilustra diagramas de entalpia em função do caminho da
reação para uma reação exotérmica e outra endotérmica.

Figura 1: Diagramas de entalpia para reações exotérmicas (esquerda) e endotérmicas (direita).

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A variação da entalpia molar padrão, H Reação , para uma reação, pode ser interpretada
como o resultado da diferença entre as entalpias de formação de produtos e de
reagentes,
H Reação  vi H i

em que vi são os números estequiométricos, positivos para os produtos e negativos para


os reagentes e H i são as entalpias molares padrão de formação para cada espécie
química presente na reação, a qual corresponde à variação de entalpia devido à
formação de um mol de moléculas de um determinado composto, cujos elementos
estão em seu estado alotrópico mais estável a 25° C e 1 atm. Por exemplo, na reação
exotérmica
H 2O2 aq   H 2O l   1 2 O2( g ) (1)

a variação da entalpia molar padrão será

 
H Reação  1H H 2O  1 2 H O 2  1H H 2O2 .

A figura 2 ilustra o fato de que mesmo para reações exotérmicas, como a


decomposição da água oxigenada, há uma energia de ativação (de acordo com a
descrição da teoria do estado de transição) a ser vencida de maneira a formar o
complexo ativado (ou estado de transição) e em seguida os produtos finais. Após o
rompimento da barreira de ativação, a energia dos produtos fica menor do que a dos
reagentes, de maneira que o processo global é exotérmico (lembre-se: a entalpia dos
produtos é menor porque houve liberação de energia durante o processo).

Porém, muitas reações exotérmicas não conseguem vencer a barreira de


ativação à temperatura ambiente. A decomposição da água oxigenada à 25oC, por

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39

exemplo, requer um catalisador, frequentemente o MnO2(s). Esse catalisador reduz


drasticamente a energia de ativação da reação possibilitando sua ocorrência nessa
temperatura. No presente experimento será utilizado o método do calorímetro para
obter a variação de entalpia para a reação descrita pela equação 1, de acordo com a
expressão para a conservação de energia do calorímetro (discutida nas práticas 5 e 6).

3. Materiais e Equipamentos

 Calorímetro.
 Béquer de 75 mL.
 Balança com precisão de 0,002 g.
 Bastão de vidro e Espátula.
 Proveta de 50mL.
 Vidro de relógio.
 Termômetro (0ºC até 50 0,1º C ).
 Água Oxigenada comercial a 10 volumes.
 Dióxido de Manganês.

4. Procedimento Experimental

PARTE I: Determinação do calor específico do calorímetro

a) Pesar o béquer de 250 mL que constitui o reator do calorímetro (parte interna) e


registrar sua massa  mcalorímetro  .

b) Pesar 100 mL de água comum  máguaambiente  e adicioná-la ao calorímetro. Registrar a


temperatura de equilíbrio térmico para o sistema (temperatura ambiente, T2 ).

c) Pesar 50 mL de água  m águafria  e adicioná-la a um béquer de 75 mL para resfriamento


em um banho de gelo por 10 minutos. Registrar a temperatura da água fria ( T1 ) e
adicioná-la rapidamente ao calorímetro.

d) Fechar o calorímetro, agitar o sistema, esperar por 30 segundos até que o sistema
atinja o equilíbrio térmico ( TE ) e anotar essa temperatura.

e) Repetir todo o procedimento.

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40

PARTE II: Determinação da variação de entalpia para a reação de decomposição do


peróxido de hidrogênio

a) Adicionar ao calorímetro 100 mL de água oxigenada  m1  e registrar a temperatura.

b) Adicionar um grama de óxido de manganês  m2  ao calorímetro e agitar até


completar a reação.

c) Registrar a temperatura máxima obtida após a adição do óxido de manganês.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para o calor específico e a


capacidade calorífica do vaso reator do calorímetro.

5.2 Mostre que em 100 mL de água oxigenada comercial a 10 volumes existem 3,0
gramas de H2O2(l).

5.3 Assumindo que a solução no calorímetro possua o mesmo calor específico da água,
determine, apresentando os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para a variação de
entalpia molar da reação de decomposição da água oxigenada.

5.4 Calcule a variação de entalpia para a reação de decomposição do peróxido de


hidrogênio a partir das entalpias de formação envolvidas (utilize as referências 1 e 2 para
encontrar os valores dessas entalpias). Determine assim, o seu erro experimental.

6. Bibliografia

1. Castellan, G.; Fundamentos de Físico-Química; LTC, 1996.


2. Atkins, P.W.; Físico-Química, 8º Edição, Volume 1, LTC, 2008.
3. Rogers,T.E.; Williams, B.C.; Journal of Chemical Education, Vol. 76, Nº 11,
1999.

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41

PRÁTICA 8 –ENTALPIAS DIFERENCIAIS PARA UMA MISTURA LÍQUIDA

1. Objetivos

Determinar graficamente a entalpia diferencial a partir de medidas de entalpia integral


para uma solução de etanol e água.

2. Introdução Teórica

Leia as seções 2.1 a 2.3 da introdução teórica da prática 5 (Entalpias de dissolução e


de neutralização). Em seguida prossiga a leitura da presente introdução.

2.1 Propriedades molares parciais

A densidade da água pura a 25oC é de 1 gcm-3 e, como a massa molar da água é


de 18 gmol-1, seu volume molar ( V H* O ) nessa temperatura é de 18 cm3. Isso significa que
2

quando se adiciona um mol de água em um sistema que já contém um litro de água, seu
volume aumentará em 18mL. Matematicamente,
VH O
VH* O  2
2
nH 2O
em que VH 2O é o volume total do sistema constituído por água pura e nH 2O é a quantidade
de matéria, por definição igual a um mol.
Suponha-se agora que se prepare uma solução de água (pensada como soluto) e
etanol (solvente); quando são adicionados um mol (18mL) de H2O a um litro de etanol
puro o aumento de volume do sistema é de apenas 14 mL. Isto pode ser explicado pelas
fortes interações energéticas entre as moléculas de água e etanol, principalmente do
tipo ligação de hidrogênio, o que provoca um agrupamento das moléculas cujo efeito
experimental é uma contração do volume final do sistema água-etanol em comparação
ao sistema inicial. Esse volume de 14 mL é chamado volume molar parcial da água na
solução. Simbolizando a água por 1 e o etanol por 2 pode-se escrever
matematicamente,
 V   V 
V1    e V2   
 n1  p ,T ,n2  n2  p,T ,n1
em que V1 e V2 correspondem aos volumes parciais molares da água e do etanol na
solução. A pergunta subjacente aqui é: Qual é a variação do volume da solução quando
se adiciona um mol de um componente? A resposta seria o volume molar parcial do
componente. O volume parcial molar é um exemplo de propriedade molar parcial, um
tipo de parâmetro muito relevante na análise termodinâmica de soluções líquidas.
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42

2.2 Entalpias molares parciais

Similarmente ao que foi discutido para os volumes pode-se questionar: Qual é a


variação da entalpia de uma solução quando a ela se adiciona um mol de um
componente? A resposta aqui seria a entalpia molar parcial daquele componente. Para
uma solução com dois componentes 1 e 2:

 H   H 
H1    e H2   
 n1 n2  n2 n1

O efeito global da adição de 1 e 2 sobre a entalpia da solução pode ser quantificado


através da relação1:
 H   H 
dH solução    dn1 +   dn2  H1dn1  H 2 dn2 (1)
 n1  n2  n2 n1

Integrando-se a equação (1) chega-se a

H solução  H1n1  H2n2

onde H solução pode ser pensada como a entalpia do sistema formado por soluto e
solvente após a formação da solução. A variação de entalpia de mistura será

Hmistura  Hsolução  H * (2)


em que
H *  n1 H1*  n2 H 2* corresponde à entalpia do sistema formado por soluto e solvente
antes da formação da solução. A equação (2) pode ser reescrita como

H mistura  n1 ( H1  H1* )  n2 ( H 2  H 2* )  n1H1  n2 H 2 (3)

Tomando-se a diferencial total matemática para H mistura obtém-se:

 H1   H 2 
d H mistura    dn1    dn2
 n1 n2  n2 n1
Após integração,

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 H1   H 2  (4)


H mistura    n1    n2
 n1  n2  n2  n1

Comparando-se as equações 3 e 4 retira-se

 H1   H 2 
H1    H 2   
 n1 n2  n2 n1
Então a equação 4 pode ser reescrita como

H mistura n (5)
 H 1 1  H 2
n2 n2

A equação 5 será a chave para a determinação experimental dos valores de H1 e H 2


através de um calorímetro. Tem-se que

H mistura Csistema T

n2 n2

em que Csistema  mc cc  m1c1  m2c2 corresponde à capacidade calorífica do sistema sendo


m1 , m2 e mc as massas de água, etanol e do calorímetro, cc , c1 e c2 o calor específico
do calorímetro, da água e do etanol. Além disso, T corresponde à variação de
temperatura devido à formação da solução. A razão H mistura é muitas vezes chamada de
n2
entalpia integral de mistura, H integral . Então, a equação (5) pode ser reescrita como,

n1 (6)
H integral  H1  H 2
n2

Finalmente, na equação (6) H1 é chamado de entalpia diferencial de diluição


(que corresponde à variação da entalpia da mistura devido à adição de um mol de solvente à

solução) e H 2 é a entalpia diferencial de solução (que é a variação da entalpia da mistura


devido à adição de um mol de soluto à solução). Assim, determinando-se a entalpia integral
n1
de solução em função dos diferentes valores de pode-se realizar uma regressão
n2
linear que terá como inclinação da reta o valor de H1 e como coeficiente linear H 2 .

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1 A equação 1 pode ser “quimicamente” lida assim: A variação total da entalpia de formação

da solução é igual a taxa de variação da entalpia com a quantidade de matéria de 1


mantendo-se a quantidade de matéria de 2 constante, somada à taxa de variação da entalpia
com a quantidade de matéria de 2 mantendo-se a quantidade de matéria de 1 constante.

3. Materiais e Equipamentos

 Calorímetro.
 Béquer de 75 e 250mL.
 Balança com precisão de 0,002 g.
 Bastão de vidro e Espátula.
 Proveta de 25mL.
 Termômetro (0ºC até 50 0,1ºC ).
 Etanol.

4. Procedimento Experimental

PARTE I: Determinação do calor específico do calorímetro.

a) Pesar o béquer de 250 mL que constitui o reator do calorímetro (parte interna) e


registrar sua massa  mcalorímetro  .

b) Pesar 100 mL de água comum  máguaambiente  e adicioná-la ao calorímetro. Registrar a


temperatura de equilíbrio térmico para o sistema (temperatura ambiente, T2 ).

c) Pesar 50 mL de água  m águafria  e adicioná-la a um béquer de 75 mL para resfriamento


em um banho de gelo por 10 minutos. Registrar a temperatura da água fria ( T1 ) e
adicioná-la rapidamente ao calorímetro.

d) Fechar o calorímetro, agitar o sistema, esperar por 30 segundos até que o sistema
atinja o equilíbrio térmico ( TE ) e anotar essa temperatura.

e) Repetir todo o procedimento.

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PARTE II: Determinação da variação de entalpia integral para a formação da solução


água-etanol.

a) Pesar e adicionar 180 mL de água ao calorímetro V1  limpo e seco. Registrar a


temperatura de estabilização do sistema.

b) Pesar e adicionar 20 mL de etanol V2  ao calorímetro com água registrando a seguir


as temperaturas até se atingir o novo equilíbrio térmico.

c) Repetir os procedimentos a) e b) anteriores para os volumes de água e etanol


indicados no quadro 1.

V1/mL V2/mL m1/g m2/g n1/mol n2/mol Csistema /(J/K) Tinicial/oC Tfinal/ oC ΔT/ oC ΔHintegral /(kJ/mol) n1/n2

180 20
150 50
100 100
50 150
20 180

Quadro 1: Dados envolvidos na determinação da entalpia diferencial de solução.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para o calor específico e a


capacidade calorífica do vaso reator do calorímetro.

5.2 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo para a capacidade calorífica


do sistema, Csistema . O calor específico do etanol a 25oC é de 2,438 J/gK.

5.3 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio e o cálculo da entalpia integral de


solução.

5.4 Apresentar os dados utilizados, o raciocínio, o gráfico e o cálculo para as entalpias


diferenciais de diluição e de solução.

5.5 Preencher o quadro 1 com todos os dados obtidos do experimento.

5.6 A partir de seu gráfico mostrar o cálculo da entalpia diferencial de solução na


n
concentração para 1  0, 5 .
n2

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6. Bibliografia

1. Castellan, G.; Fundamentos de Físico-Química; LTC, 1996.


2. Atkins, P.W.; Físico-Química, 8º Edição, Volume 1, LTC, 2008.
3. Klotz, I.M .; Rosenberg, R.M.; Chemical Thermodynamics: Basic Theory and
Methods.; New York: John Willey & Sons, 5th edition, 1994.

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PRÁTICA 9 – DENSIDADE DE SOLUÇÕES LÍQUIDAS

1. Objetivos

Determinar a densidade de soluções líquidas utilizando o método do picnômetro.


Determinar a concentração de soluções problemas a partir de curvas padrões de
densidades.

2. Introdução Teórica

A densidade absoluta  de uma substância é uma propriedade de estado


definida pela razão entre a massa da substância m e o volume ocupado por essa massa
V,
m
 .
V
A massa e o volume são propriedades extensivas, pois, são aditivas, no sentido de que
o todo é a soma das partes. Por exemplo, a massa de um sistema é a soma das massas
contidas em cada pequena região do sistema, o volume de um sistema é a soma dos
pequenos volumes de cada região do sistema e o mesmo poderia ser pensado para
qualquer outra propriedade extensiva (e sim! essas propriedades dependem da quantidade
de matéria, como se percebe após uma pequena reflexão, não é?). Já a densidade absoluta é
uma propriedade intensiva porque não é aditiva, isto é, o valor final da densidade da
substância não é igual a soma de “pequenas partes de densidade” ao longo do sistema.
A densidade pode ser medida como uma propriedade que tem um valor bem definido e
uniforme ao longo de cada ponto do sistema (desconsiderando-se complicações
inerentes a sistemas que não estejam em equilíbrio material). Portanto, o todo não é
igual a soma das partes neste tipo de propriedade (outros exemplos de propriedades não
aditivas e, portanto, intensivas, são a temperatura e a pressão). A densidade absoluta é
também uma propriedade específica no sentido de que cada substância possui uma
densidade absoluta própria que a caracteriza e a diferencia das demais substâncias.
Essas propriedades específicas formam uma espécie de catálogo de identificação das
substâncias puras, uma vez que possuem valores bem característicos para cada uma
delas.
Também há sentido em se falar de propriedades específicas para misturas de
substâncias puras desde que a composição da mistura esteja fixa. Por exemplo, pode-se
determinar a densidade absoluta para uma solução de água com cloreto de sódio. É
intuitivo perceber que a densidade absoluta nesse caso será função da quantidade
relativa de água e de cloreto, ou seja, para cada composição, um valor de densidade
absoluta. Nesse caso, pode-se dizer que a propriedade é específica para cada valor fixo
de composição. Isto posto, não deve causar espanto que a composição de uma dada
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solução possa ser descoberta precisamente a partir da determinação de sua densidade


absoluta. A especificação de composições para soluções líquidas, a partir de valores de
densidades absolutas, pode ser eficientemente realizada através do método do
picnômetro. O picnômetro é uma vidraria especial que possibilita a determinação da
densidade de uma amostra a partir do conhecimento de seu volume e de sua massa.
Nessa técnica utiliza-se água destilada como referência, além da solução a ser analisada.
O desenvolvimento das equações essenciais para o método é similar ao efetuado na
prática sobre a determinação da massa molar de um líquido volátil. Primeiramente
definem-se as massas importantes:

m1 = mpicnômetro + mar = soma das massas do picnômetro e do ar em seu interior.


m2 =mpicnômetro + msolução = soma das massas do picnômetro e da solução em seu interior.
m3 = mpicnômetro + magua =soma das massas do picnômetro e da água em seu interior.

Combinando as equações anteriores tem-se:

msolução = (m2 - m1) + mar (1)


mágua = (m3 - m1) + mar (2)

Dividindo as equações 1 e 2 por V que, nesse caso, corresponde ao volume do


picnômetro:
ρsolução = (m2 – m1)/V+ ρar  ρsolução – ρar = (m2 – m1)/V  V = (m2 – m1)/( ρsolução - ρar)

ρágua = (m3 – m1)/V+ ρar  ρágua - ρar = (m3 – m1)/V  V = (m3– m1)/( ρágua - ρar)

Igualando os dois valores para V:

(m2 – m1)/( ρv - ρar) = (m3– m1)/( ρágua - ρar)


ρsolução - ρar = (m2 – m1) (ρágua - ρar) / (m3– m1)

E finalmente:
ρsolução = [(m2 – m1) (ρágua - ρar) / (m3 – m1)] + ρar (3)

Deve-se, portanto, conhecer com exatidão a densidade da água ρágua e do ar ρar na


temperatura das medidas (um handbook pode ser útil). Salienta-se que os efeitos do
empuxo foram desconsiderados na obtenção da equação 3.

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3. Materiais e Equipamentos

 Picnômetro.
 Termômetro.
 Balança.
 Acetona.
 Cloreto de Sódio.
 Pipetas: 10mL, 5mL, 1mL.
 Béquers de 50 mL.
 Funil e Pisseta.

4. Procedimento Experimental

Parte I: Obtenção das densidades das soluções de acetona e água

a) Verificar se o picnômetro está seco. Caso não esteja, lavar com acetona para auxiliar
na remoção da umidade.

b) Determinar a massa do picnômetro com ar (m1).

c) Determinar a massa do picnômetro com a água (m3).

d) Preencher o picnômetro com acetona. Registrar a temperatura ambiente e pesar


(m2).

e) Preparar 30 mL de uma solução aquosa de acetona 80% v/v (24 mL de acetona e 6mL de
água) em um béquer rotulado como I.

f) Fazer ambiente no picnômetro determinar a massa do sistema (m2).

g) Retornar a solução do picnômetro ao béquer I e preparar a partir dessa solução 80 %


outra de 60 % em acetona em um bécher rotulado como II (lembre-se dos cálculos de diluição:
quantidade de matéria inicial = quantidade de matéria final).

h) Fazer ambiente no picnômetro e determinar a massa do sistema (m2).

i) Continuar o processo de preparação das soluções (preparar cada nova concentração sempre
a partir da anterior) utilizando os béchers I e II e realizando as respectivas pesagens até

completar o quadro com as concentrações em % v/v de acetona indicadas*:


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50

100,0 80,0 60,0 40,0 30,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0

j) Determinar a massa de uma amostra problema (mesmos componentes, mas concentração


desconhecida).

*Perceba que a massa m2 da solução 0,0 % v/v corresponde também a m3. Não se esqueça de registrar a
temperatura e a pressão ambientes para a determinação das densidades do ar e da água destilada.

Parte II: Obtenção das densidades das soluções de cloreto de sódio e água

a) Preparar 30 gramas de solução aquosa de cloreto de sódio 20 % m/m (24g de água e 6g


de cloreto) em um bécher I.

b) Fazer ambiente no picnômetro e determinar a massa do sistema (m2).

c) Retornar a solução do picnômetro ao béquer I e preparar a partir dessa solução 20 %


m/m outra de 16 % em NaCl em um bécher rotulado como II.

d) Fazer ambiente no picnômetro e determinar a nova massa do sistema (m2).

e) Continuar o processo de preparação das soluções (preparar cada nova concentração sempre
a partir da anterior) utilizando os béchers I e II e realizando as devidas pesagens até
completar o quadro com as concentrações em % m/m de NaCl indicadas:

20,0 16,0 12,0 8,0 4,0 2,0 1,0

f) Determinar a massa de uma amostra problema (mesmos componentes, mas concentração


desconhecida).

Mais uma vez: Não se esqueça de registrar a temperatura e a pressão ambientes para a determinação das
densidades do ar e da água destilada.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Apresentar o raciocínio e o cálculo para os valores de concentrações %v/v


preparadas na parte I.

5.2 Apresentar o raciocínio e o cálculo para os valores de densidades das soluções


obtidas na parte I, inclusive da amostra problema.

5.3 Construir um gráfico de densidade x concentrações para as soluções de acetona da


parte I.
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51

5.4 Determine a concentração da amostra problema da parte I.

5.5 Apresentar o raciocínio e o cálculo para os valores de concentrações %m/m


preparadas na parte II.

5.6 Apresentar o raciocínio e o cálculo para os valores de densidades das soluções


obtidas na parte II, inclusive da amostra problema.

5.7 Construir um gráfico de densidade x concentrações para as soluções de NaCl


preparadas na parte II.

5.8 Determine a concentração da amostra problema da parte II.

5.9 Para cada solução problema (das partes I e II) calcule, mostrando o seu raciocínio, a
fração molar, a concentração molar e a molalidade.

6. Bibliografia

1. Canagaratna, S. G; Journal of Chemical Education, Vol. 69, Nº 12, 1992.


2. Atkins, P.W.; Físico-Química, 8º Edição, Volume 1, LTC, 2008.

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52

PRÁTICA 10 – RELAÇÃO DA VISCOSIDADE DE UM LÍQUIDO COM SUA TEMPERATURA

1. Objetivos
Determinar os coeficientes de viscosidade de um líquido em diferentes
temperaturas empregando um viscosímetro de Ostwald.

2. Introdução Teórica

A viscosidade é uma propriedade fundamental para a compreensão do


comportamento físico químico de um fluido. Informalmente, pode-se pensar em um
fluido como sendo uma substância que pode escoar assumindo a forma do recipiente
em que é colocado. Todos os líquidos e gases são fluidos. Um fluido escoando pode ser
modelado como um conjunto de camadas se deslocando umas em relação às outras.
Neste processo surgem forças de atrito interno entre tais camadas, o que origina uma
resistência interna do fluido ao movimento relativo das mesmas, dificultando o
deslocamento do fluido como um todo. A viscosidade é o parâmetro físico que
quantifica esta resistência do fluido ao escoamento. Nesse sentido, o mel é mais viscoso
do que a água, por exemplo, pois possui maior resistência ao escoamento do que a água.
Quando a aplicação de uma força sobre as camadas de um fluido em movimento
não altera sua viscosidade, tem-se o chamado fluido newtoniano, que constitui a maioria
dos líquidos. Mas, alguns líquidos não se comportam assim. Por exemplo, misturando-
se amido de milho com uma pequena quantidade de água fria obtém-se um fluido cuja
viscosidade depende da força aplicada sobre o mesmo; se a mistura for lentamente
remexida por uma colher terá comportamento aquoso mas se for movimentada
rapidamente pela mesma colher o líquido ficará muito viscoso, a ponto de se comportar
como uma massa quase sólida. Esse é um típico comportamento não newtoniano em
que a viscosidade do fluido varia durante seu fluxo, dependendo de fatores mecânicos
externos ao fluido. Outro exemplo de fluido não newtoniano pode ser observado
misturando-se areia e água, o que ocorre naturalmente em um terreno conhecido
informalmente como areia movediça. A areia movediça tem propriedades semissólidas
até ser colocada sob pressão (o que ocorre quando algum desavisado caminha sobre ela)
quando então transforma-se em um fluido líquido. Isso explica porque quanto mais se
move sobre a areia movediça mais ela se dilui (de acordo com a viscosidade variável do
sistema, se você cair na areia movediça, talvez seja melhor ficar quieto e esperar ajuda1).

Voltando ao fluido newtoniano, a força de atrito F que se opõe ao movimento


relativo de duas camadas adjacentes quaisquer é dada pela lei de escoamento viscoso
de Newton

dvrelativa (1)
F  A
dr
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53

Na equação (1)  e A são o coeficiente de viscosidade (também chamada no presente

contexto de viscosidade dinâmica) e a área da interface de contato entre as camadas em


dvrelativa
movimento. A derivada corresponde à taxa de variação da velocidade relativa
dr
das duas camadas em movimento vrelativa na direção r. A análise dimensional no SI
mostra que o coeficiente de viscosidade possui a seguinte dimensão:

 2 ms 1  N Pa kgms 2
N  m     2  1  1 ou   2 1  kgm 1s 1 (2)
 m  ms s ms

Tem-se no sistema internacional de unidades, SI, que a unidade de viscosidade é


o Poise que corresponde, como visto da expressão 2, à pressão vezes tempo, Pa  s .
Frequentemente, utiliza-se também o sistema CGS2 em que o Poise tem unidade
gcm1s 1 (veja o segundo termo da expressão 2). Esta última unidade possibilita uma
interpretação física simples: Imagine dois planos em duas camadas líquidas com um cm2
de área cada um e separados (o espaço entre esses planos deve estar preenchido com um
grama do líquido) por uma distância de um centímetro. Um Poise seria a força sobre tais
planos capaz de produzir uma velocidade relativa de um cm / s para cada grama do
líquido escoado. Regularmente, a unidade de uso mais frequente encontrada na
literatura é o centipoise (cp) equivalente a 0,01 Poise.
Para os fluidos newtonianos, a viscosidade varia com a concentração (em se
tratando de soluções, como será visto na prática 11) e com a temperatura. Para sistemas
líquidos (soluções ou puros) a viscosidade aumenta com a diminuição da temperatura.
Óleos de motores podem ter sua viscosidade bem aumentada em dias frios tornando-
se mais espessos. Esse efeito tem potencial para afetar substancialmente o desempenho
de automóveis e outras máquinas que operam em condições de baixa temperatura. Por
outro lado, à medida que a temperatura aumenta, a energia cinética interna do sistema
de camadas do fluido aumenta, o que implica uma maior velocidade relativa de
deslocamento dessas camadas, diminuindo a viscosidade (a experiência cotidiana mostra
que o mel pode fluir mais facilmente quando aquecido). A dependência da viscosidade com
a temperatura pode ser quantificada (para a maioria dos líquidos) pela equação empírica
do tipo Arrhenius:
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54

  A exp( E a / RT ) (3)

em que A é um fator empírico característico de cada líquido, R é a constante dos gases


e T é a temperatura. O parâmetro Ea pode ser interpretado como a energia de ativação
para a iniciação do processo de fluxo viscoso.
A maneira mais simples de se avaliar a viscosidade de um líquido em laboratório
é utilizando o viscosímetro de Ostwald. Nesse dispositivo mede-se o tempo de
escoamento de um líquido, cuja viscosidade deseja-se determinar, através de um tubo
capilar. Em seguida, compara-se esse tempo ao do fluxo de uma amostra padrão de
viscosidade conhecida no mesmo aparelho. Pode-se mostrar que a viscosidade
dinâmica obtida nesse aparelho é dada por

  K t (3)

em que  , K e t são, respectivamente, a densidade do líquido que escoa no


viscosímetro, uma constante típica do viscosímetro e o tempo de escoamento3.
Realizando-se o procedimento para a amostra padrão com  e  conhecidos,
determina-se o tempo t , de maneira a obter-se a constante do viscosímetro, K .
Doravante, pode-se utilizar essa constante para obter a viscosidade do líquido de
interesse (desde que se saiba sua densidade).

1 Se por acaso você cair na areia movediça não se desespere! Diferentemente do que mostram
alguns filmes, provavelmente você não será sugado até a morte, pois trata-se de uma solução
com densidade maior do que a do seu corpo. Você irá (assim espero) flutuar. Contudo, sair
de lá pode ser difícil já que se você não se mover a solução tenderá a se solidificar ao seu redor
e se você se mover a mistura irá se liquefazer. O que é melhor? De qualquer maneira, é
presumível que você precisará de ajuda. Assim, é bom evitar essa emoção.

2 O sistema CGS (centímetro–grama–segundo) foi criado em 1881 e precedeu o SI sendo


ainda muito utilizado em vários handbooks.

3Também é muito comum em trabalhos da área a utilização do parâmetro viscosidade


cinemática, que é a razão entre a viscosidade dinâmica e a densidade do líquido / . Sua
2 1
unidade SI é o Stokes e vale ms .

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55

3. Materiais e Equipamentos

 Viscosímetro de Ostwald.
 Ebulidor, chapa aquecedora e gelo.
 Termômetro e cronômetro.
 Pipeta graduada de 10 mL.
 Dois béqueres de 50 mL.
 Pêra de borracha para sucção.
 Álcool etílico absoluto.

4. Procedimento Experimental

a) Montar o sistema como ilustrado na figura 1.

b) Introduzir no viscosímetro 10 mL de água destilada preenchendo aproximadamente


a metade do bulbo A.

c) Aguardar por dois minutos para que o sistema atinja o equilíbrio térmico e anotar a
temperatura.

d) Utilizando a pêra de borracha trazer a água até a metade do bulbo B; em seguida


deixá-la escoar medindo o tempo necessário para que o líquido flua da marca a até a b.
Repetir o procedimento por duas vezes.

e) Realizar o experimento em triplicata com 10 mL de álcool etílico.

f) Realizar o experimento para a água e para o álcool utilizando o banho térmico em


cinco diferentes temperaturas (acima e abaixo da temperatura ambiente). Sugestão: 5oC,
15oC, Temperatura ambiente, 50oC e 70oC. Para o resfriamento do sistema servir-se de
gelo. Para proceder o aquecimento, recorrer primeiramente ao ebulidor (Jamais se
esqueça: o ebulidor só deve ser ligado na tomada se estiver mergulhado na água! Isso pode

salvar o seu dia!) mas mantendo a chapa aquecedora também ligada para que a
temperatura fique aproximadamente constante.

g) Lavar o viscosímetro com água destilada.

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56

Figura 1: Ilustração da montagem com o viscosímetro.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Consultar na literatura os valores de densidade da água e do álcool etílico e o


coeficiente de viscosidade da água em cada temperatura em que foram realizadas as
médias. Informar a fonte utilizada.

5.2 Para a temperatura ambiente (não se esquecer de informá-la) apresentar os tempos


de escoamento para a água e o valor médio. Calcular o valor da constante do
viscosímetro nessa temperatura.

5.3 Calcular viscosidade do álcool etílico na temperatura ambiente.

5.4 Para as outras temperaturas (não se esquecer de informá-las) apresentar os tempos


de escoamento para a água e para o álcool etílico. Calcular o valor da constante do
viscosímetro e a viscosidade do álcool etílico em cada uma dessas temperatura.

1
5.5 Faça um gráfico ln   . Obtenha, mostrando o seu raciocínio, a energia de ativação
T
para a iniciação do processo de fluxo viscoso (em kJmol-1) para a água e para o álcool
etílico.

6. Bibliografia

1. Miodownik, M.; Líquido: As substâncias encantadoras e perigosas que fluem


através de nossas vidas, Blucher, 2021.
2. Jim W Goodwin, J.W.; Roy W Hughes, R.W.; Rheology for Chemists, RSC
Publishing, 2008.
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PRÁTICA 11 – RELAÇÃO DA VISCOSIDADE DE UMA SOLUÇÃO LÍQUIDA COM SUA


CONCENTRAÇÃO

1. Objetivos

Determinar o coeficiente de viscosidade de uma solução aquosa de acetona em


diferentes concentrações empregando o viscosímetro de Ostwald. Descobrir a
viscosidade de uma amostra dessa solução a partir de uma curva de viscosidades x
concentrações para o mesmo sistema.

2. Introdução Teórica

Leia a introdução teórica da prática 10 (Relação da viscosidade de um líquido com sua


temperatura). Em seguida prossiga a leitura da presente introdução.

A viscosidade de misturas líquidas é um tema de extrema importância na físico


química de soluções uma vez que há várias aplicações práticas associadas à predição da
viscosidade de uma mistura a partir das propriedades de seus componentes puros. Há
também grande demanda pela compreensão de pormenores moleculares e energéticos
acerca do comportamento das misturas líquidas e estudos relacionando a viscosidade à
tais pormenores são frequentes. Como mencionado na prática 10, a viscosidade varia
com a temperatura e, em se tratando de misturas líquidas, com as concentrações. A
dependência da viscosidade com a temperatura pode ser, para a maioria dos fluidos
líquidos, modelada a partir de uma simples equação do tipo Arrhenius como foi (ou será)

estudado na prática 10. Diferentemente, a relação entre a viscosidade de uma solução


e suas diferentes concentrações não pode ser reproduzida por um modelo geral e
eficiente, como a equação de Arrhenius. Várias tentativas de modelar numericamente
as relações viscosidade x concentrações têm sido tentadas nos últimos 150 anos. Tais
relações quase nunca são funções lineares do ponto de vista experimental; elas podem
apresentar um máximo, um mínimo, ambos ou nenhum. As abordagens com melhores
resultados originam-se da teoria do estado de transição desenvolvida pelo químico
norte-americano Henry Eyring em 1941. Eyring adaptou essa teoria, originalmente
concebida para abordar reações químicas, para descrever as diferentes viscosidades dos
componentes de uma solução líquida em termos da variação da energia de Gibbs de
ativação requerida para a iniciação do fluxo viscoso1. A partir das ideias de Eyring
surgiram equações capazes (embora complexas, por serem muitas vezes polinomiais) de
reproduzir bem o comportamento experimental observado para as viscosidades de
várias soluções líquidas em função das concentrações. Por exemplo, para o sistema
acetona-água, a figura 1 ilustra a comparação dos dados experimentais de viscosidade

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cinemática em função das concentrações, com valores simulados por dois modelos
matemáticos obtidos a partir da teoria do estado de transição:

Figura 1: Viscosidade em função da composição para o sistema acetona-água a 37,8oC.


Adaptada da referência 1.

As equações 20 e 31 mencionadas na figura 1 correspondem a dois polinômios, o


primeiro cúbico e o segundo quártico, que relacionam a viscosidade com as frações
molares e com as energias de Gibbs de ativação para o fluxo viscoso de todos os
componentes do sistema. Essas equações não serão mostradas aqui (infelizmente!) por
não serem o vital propósito do presente experimento que tratará exclusivamente da
obtenção dos dados experimentais para o referido sistema.

1 Mais detalhes podem ser vistos na disciplina de Cinética Química.

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3. Materiais e Equipamentos

 Viscosímetro de Ostwald.
 Termômetro e cronômetro.
 Chapa aquecedora.
 Pêra de borracha para sucção.
 Pipeta graduada de 10 mL.
 Dois béquers de 50 mL.
 Acetona.

4. Procedimento Experimental

a) Montar o sistema como ilustrado na figura 1.

Figura 1: Ilustração da montagem com o viscosímetro.

b) Introduzir no viscosímetro 10 mL de água destilada preenchendo aproximadamente


a metade do bulbo A.

c) Aguardar por dois minutos para que o sistema atinja o equilíbrio térmico e anotar a
temperatura. Mantenha a chapa térmica ligada e ajustada nessa temperatura.

d) Utilizando a pêra de borracha trazer a água até a metade do bulbo B; em seguida


deixá-la escoar medindo o tempo necessário para que o líquido flua da marca a até a b.
Repetir o procedimento uma vez.

e) Realizar o experimento em duplicata com 10 mL de acetona.

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f) Preparar no béquer rotulado como I, 20 mL de solução aquosa 80 % v/v de acetona


(16mL de acetona e 4mL de água).

g) Introduzir 10 mL dessa solução 80 % v/v ao viscosímetro e realizar duas medidas para


o tempo de escoamento dessa amostra (Não se esquecer de fazer ambiente antes de cada
medida. Não há necessidade de lavar o viscosímetro após cada medida).

h) Retornar a solução utilizada no viscosímetro ao béquer I. Diluir a solução do béquer I


em outro béquer rotulado como II até obter uma concentração de 60% v/v (celebre
novamente sua habilidade em fazer cálculos de diluição: quantidade de matéria inicial =

quantidade de matéria final).

i) Introduzir 10 mL dessa solução 60 % v/v ao viscosímetro e realizar duas medidas para


o tempo de escoamento dessa amostra.

j) Repetir os procedimentos de diluição e de medição dos tempos de escoamento


(sempre em duplicata) até completar o seguinte quadro de concentrações em % v/v:

100,0 80,0 60,0 40,0 30,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0

k) Repetir o experimento do escoamento duas vezes para a solução problema sempre


utilizando 10mL da amostra.

l) Ao final do experimento lavar o viscosímetro com água destilada.

m) Solicite as densidades obtidas pelo grupo que realiza a prática 9 neste exato
momento para garantir que a temperatura ambiente seja a mesma. Esses valores serão
necessários para o cálculo das viscosidades, como mostra a equação 3 da prática 10.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Consultar na literatura os valores de densidade da água do coeficiente de


viscosidade da água na temperatura em que foram realizadas as medidas. Informar a
fonte utilizada.

5.2 Apresentar os tempos de escoamento para a água e o valor médio. Calcular o valor
da constante do viscosímetro.

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61

5.3 A partir das densidades calculadas para as soluções água-acetona na prática 9


calcular as viscosidades das soluções preparadas na presente experiência e apresentar
os resultados.

5.4 Fazer um gráfico do tipo viscosidade cinemática1 x concentração em %v/v para as


soluções preparadas.

5.5 Fazer outro gráfico do tipo viscosidade cinemática x fração molar de acetona para as
soluções preparadas. Mostre os cálculos utilizados para a obtenção das frações molares.
Compare com o gráfico da referência 1 apresentado na introdução.

5.6 Determinar a concentração da amostra problema em % v/v e em fração molar para


a acetona.

1Como mencionado na prática anterior, viscosidade cinemática é a razão entre a viscosidade


dinâmica (a que você calcula inicialmente) e a densidade do líquido / . Sua unidade SI é

o Stokes e vale m2 s 1 .

6. Bibliografia

1. McAllister, R.A.; A.I.Ch.E. Journal, Vol. 6, Nº 3, 1960.


2. Jim W Goodwin, J.W.; Roy W Hughes, R.W.; Rheology for Chemists, RSC
Publishing, 2008.

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PRÁTICA 12 – REFRATOMETRIA DE SOLUÇÕES LÍQUIDAS

1. Objetivos

Determinar o índice de refração e a refração molar para uma série de substâncias


puras. Determinar o índice de refração molar para diferentes grupos eletrônicos.
Determinar o índice de refração para diferentes concentrações da mesma solução.
Determinar a concentração de uma amostra problema a partir de uma curva padrão de
índices de refração por concentrações para uma solução.

2. Introdução Teórica

O que é índice de refração?

Considere a propagação de um raio de luz que passe do vácuo para outro meio
como a água, por exemplo. Há um parâmetro conhecido como índice de refração, n , que
é uma medida experimental da velocidade relativa da luz nos dois meios, vácuo e água.
A água tem um índice de refração numericamente igual a 1,33333 e isso significa que a
luz viaja através da água 1,33333 vezes mais lentamente do que no vácuo. A velocidade
da luz no vácuo vale c= 299792 kmh-1. Então, a velocidade da luz na água é de 299792
kmh-1/1,33333 o que fornece 224845 kmh-1. Assim sendo, quando a luz passa do vácuo
para a água sofre uma grande desaceleração (redução de 33,33% de sua velocidade inicial).
Nesse sentido, diz-se que a luz passou de um meio menos refringente (vácuo) para um
mais refringente (água). Quanto mais refringente o meio, maior será a resistência à
propagação da luz e, desse modo, menor será sua velocidade em relação ao vácuo.
Quantitativamente, o índice de refração n é definido simplesmente por
c
n (1)
v2
em que c é a velocidade da luz no vácuo e v2 é a velocidade da luz no meio 2.
Naturalmente, o índice de refração do vácuo (c=v 2 ) é igual a um. Já o índice de refração
para o ar atmosférico vale 1,00029 e, portanto, a velocidade da luz no ar sofre uma
redução de apenas 0,03% em relação ao vácuo (para fins práticos essa pequena
diferença é, frequentemente, ignorada). Como c é a maior velocidade possível para a luz
dentro do Universo, tem-se inevitavelmente que c>v 2 e, consequentemente, os valores
de índice de refração serão, infalivelmente, para meios que não o vácuo, maiores do que
um. Também é evidente da relação 1 que quanto menor for a velocidade da luz no meio
2, maior será o seu índice de refração.

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63

Índices de refração como indicadores químicos de composições

O índice de refração de um material depende de sua constituição química uma


vez que a desaceleração da luz é influenciada por parâmetros como o tamanho médio
das moléculas, os tipos de interações entre as moléculas e arranjos estruturais no
interior do material. Exemplificando, o etanol desacelera mais a luz em relação à água
que desacelera melhor a luz comparada ao ar atmosférico. Isso, sumariamente, porque
o etanol é uma molécula mais volumosa e com maior massa molar do que a água. Já o
ar atmosférico possui um estado de agregação em que a distância relativa entre suas
moléculas é bem superior em relação à água e ao etanol.
Cada substância pura possui seu índice de refração específico. Então, o índice de
refração pode ser utilizado como uma espécie de identificador químico para uma
substância pura. Particularmente, o índice de refração não se restringe a meios
formados por substâncias puras, podendo ser determinado também para misturas
(como é o caso do ar atmosférico).
No caso de soluções líquidas o índice de refração varia com as concentrações;
quanto mais concentrado, maior a dificuldade da luz se propagar e, portanto, maior o
índice de refração. Notadamente, índices de refração podem ser utilizados para se
determinar a pureza de uma amostra ou a concentração de um analito em solução.
Imagine uma série de soluções aquosas de sacarose com concentrações em %p/p
variando de 1 em 1 entre 1% p/p até 33 % p/p ( rememorando que 1 % p/p = 1 g de soluto
/ 100 g de solvente). Cada uma dessas soluções terá (em tese) um índice de refração
específico. Pode-se assim criar uma escala que associe a cada índice de refração medido
a concentração correspondente, por exemplo, concentração 1%, n=1,2000,
concentração 2%, n=1,2100, concentração 3%, n=1,2200 e assim por diante (os valores
numéricos aqui são hipotéticos). Dentro dessa escala criada, pode-se analisar o teor de
sacarose em qualquer solução aquosa a partir da determinação de seu índice de
refração (o limite de solubilidade da sacarose em água é de 33 % p/p). Uma escala, similar
a esta, existe, sendo conhecida como escala Brix, que é frequentemente utilizada na
indústria alimentícia para medir a quantidade de sacarose em sucos de fruta, cervejas e
vinhos, por exemplo. Nessa mesma filosofia, outras escalas, podem ser criadas por um
profissional criativo, em sua área de atuação.

Análise geométrica simplificada do problema da refração

A figura 1 mostra a geometria essencial necessária para a análise quantitativa do


fenômeno da refração. Um raio de luz incidente se propaga do meio 1 para o meio 2
sofrendo um desvio e se transformando em um raio refratado.

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Figura 1: Geometria mínima para o problema da refração

Na figura 1, 1 e  2 são, respectivamente, os ângulos de incidência (ângulo entre


o raio incidente e uma direção N perpendicular à superfície de incidência) e o ângulo de
refração (ângulo entre o raio refratado e a direção N). A lei da refração de Snell-
Descartes estabelece uma relação entre os índices de refração n1 e n2 (dos dois meios
em contato) com os ângulos citados:
n1sen1  n2 sen2

Se o meio 1 for mais refringente que o meio 2, então, n1  n2 , e deve-se ter,


sen2  sen1 (para que a igualdade se mantenha) o que implica 2  1 . Especificamente,
se 1 aumentar, 2 também aumentará para manter a igualdade na equação anterior.
Existe um 1 limite, chamado ângulo de incidência máximo, para o qual  2  90o . Este
último valor para  2 seria o maior ângulo de refração possível, também conhecido como
ângulo crítico, acima do qual não ocorreria mais o fenômeno de refração (o raio refratado
para  2  90o ficaria perpendicular à normal N e paralelo à superfície do meio 2. Esse é o

limite óptico para que a refração aconteça). Nesta situação:

n1 sen max  n2 sen90o  n2

Notadamente, se tivermos um meio 1 mais refringente e com n1 conhecido, basta


encontrar o valor de  max , acima do qual não ocorre mais refração, para se determinar
n2 . Nos aparelhos conhecidos como refratômetros, o meio mais refringente é um prisma
(constituído por um tipo de vidro conhecido como v glass ) e com n1 conhecido. Uma
amostra, cujo n2 se deseja descobrir (meio 2) é colocada em contato com esse prisma.

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65

O trabalho do operador é variar o ângulo 1 até que este atinja  max . Nesse momento, o
equipamento fornece o valor de n2 .
Refração específica e refração molar

A partir da medição do índice de refração n de uma substância, pode-se


determinar sua refração específica R também conhecida como refratividade,

n2  1 1
R ( )
n2  2 

em que n e  são o índice de refração e a densidade da substância. A partir da refração


específica pode-se encontrar a refração molar dada por:

RM  RM
em que M é a massa molar da substância. Então, a refração molar pode ser reescrita
como
n2  1 M n2  1
RM   VM (2)
n2  2  n2  2
em que VM é o volume molar. A refração molar é, portanto, expressa com unidade
m3/mol. Também pode-se mostrar que

N A
RM  (3)
3 0

em que N A ,  e  0 são respectivamente o número de Avogadro, a polarizabilidade


molecular média da substância e a constante de permissividade elétrica do vácuo (de
maneira simplificada: uma grandeza que determina a capacidade do vácuo em permitir o

fluxo do campo elétrico de uma carga induzida). A polarizabilidade pode ser interpretada
como um parâmetro físico que quantifica a capacidade de um átomo ou molécula em
formar dipolos instantâneos. Quando maior for a facilidade na formação desses dipolos,
maior será a polarizabilidade de uma estrutura. Nesse sentido, quanto mais fácil for
distorcer a densidade eletrônica de uma espécie química, maior será a sua
polarizabilidade. Assim, átomos e moléculas de grande volume tendem a ser mais
polarizáveis do que seus similares menores.
Conclui-se então da equação 3 que a refração molar depende da densidade
eletrônica das substâncias, sobretudo, porque a luz é constituída por campos elétricos
e magnéticos que interagem com essa densidade eletrônica da matéria.

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Adicionalmente, a refração molar de uma substância é aproximadamente igual à soma


das refrações molares dos grupos eletrônicos nela existentes. Exemplificando, a
molécula de metanol, CH3-OH, pode ser pensada como constituída por três grupos
eletrônicos: CH2, H e OH, cada um dos quais possuindo sua própria refração molar. Mas
como determinar as refrações molares para tais grupos? Existem diversas
possibilidades: A refração molar do grupo metileno, -CH2- , pode ser calculada pela
diferença entre as refrações molares entre dois álcoois que difiram por um grupo -CH2-
, como os álcoois metanol e etanol. Da refração molar do n-hexano, C₆H₁₄, e do valor
calculado para grupo -CH2- pode-se obter a refração molar do grupo -H. Subtraindo-se
da refração molar de um álcool a refração molar dos grupos -CH2- e -H, pode-se
determinar a refração molar do grupo -OH. Similarmente, é possível calcular a refração
molar de átomos, radicais e até mesmo tipos de ligações químicas específicas.
Para um sistema constituído por uma solução líquida formada por dois
componentes A e B, a refração molar, RA, B , será composta pela soma da contribuição de
cada componente:
RA, B  x A RA  xB RB

em que x A e xB são as frações molares de A e B. Neste caso,


 nA2 , B  1  xA M A  xB M B 
RA, B  2
 n  2    A, B

 A, B  

e nA, B e  A , B são o índice de refração e a densidade da solução.

3. Materiais e Equipamentos

 Refratômetro de Pulfrich.
 Dois conta gotas e béquer de 25 mL.
 Pipeta graduada de 1 mL e sete tubos de ensaio.
 Metanol, etanol, 1-propanol, 1-butanol e hexano, acetona.

4. Procedimento Experimental

a) Para ajustar o refratômetro, medir o índice de refração para a água destilada. Para
isso, inserir duas gotas no porta amostras do aparelho, fechá-lo e variar o ângulo de
incidência máximo até visualizar o ponto crítico1. Isso se dá quando se observar através
da ocular do viscosímetro, um círculo dividido em duas partes, uma clara e outra escura,
como ilustra a figura 2. Fazer a leitura do índice de refração nesse ponto. O quadro 1
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mostra os valores esperados para os índices de refração da água destilada em diferentes


temperaturas.

Figura 2: Indicação de que o ângulo de incidência máximo foi atingido (direita)


e valor do índice de refração (1,442 nesta ilustração) da amostra (esquerda)

Temperatura/oC Viscosidade da água destilada


18 1,3332
19 1,3331
20 1,3330
21 1,3329
22 1,3328
23 1,3327
24 1,3326
25 1,3325
26 1,3324
27 1,3323

Quadro 1: Índices de refração para a água destilada em diferentes temperaturas.

b) Limpar (sem esfregar) o porta amostras com papel toalha. Medir o índice de refração
do metanol. Para isso, inserir duas gotas no porta amostras do aparelho, fechá-lo e
variar o ângulo de incidência máximo até visualizar o ponto crítico como realizado
anteriormente.

c) Repetir a leitura seguindo os procedimentos anteriores do índice de refração para


demais amostras; etanol, 1-propanol, 1-butanol e hexano. Não se esqueça de anotar a
temperatura para todas as medidas realizadas. Você precisará da temperatura para
obter as densidades necessárias para o cálculo da refração molar.

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d) Preparar soluções de etanol em acetona com concentrações em % v/v nos valores


100, 80, 70, 60, 50, 40, 30, 20, 0. Pode-se agilizar a preparação dessas soluções utilizando
sempre com 10 gotas como referência; por exemplo, 80 % v/v em etanol corresponde a
8 gotas de etanol e 2 gotas de acetona.

e) Medir os índices de refração para as soluções preparadas no item anterior repetindo


os procedimentos descritos anteriormente.

f) Medir o índice de refração da solução problema de etanol/acetona.

1 A luz utilizada é monocromática com comprimento de onda igual a 589nm.

5. Resultados a serem apresentados

5.1 Consultar na literatura os valores de densidade para metanol, etanol, 1-


propanol, 1-butanol e o hexano, na temperatura em que foram realizadas as medidas.
Informar a fonte utilizada para a obtenção das densidades.

5.2 Apresentar de maneira organizada os valores dos índices de refração para o metanol,
etanol, 1-propanol, 1-butanol e o hexano.

5.3 Calcular as refrações específicas e molares do metanol, etanol, 1-propanol, 1-


butanol e hexano. Mostre o seu raciocínio em cada cálculo.

5.4 A refração molar do grupo -CH2 pode ser calculada pela diferença entre as refrações
molares de dois álcoois que diferem por um grupo -CH2 como foi discutido na
introdução. Assim, no presente experimento conseguem-se três resultados para a
refração molar do CH2 com os quais pode-se determinar o seu valor médio. Efetive estes
cálculos mostrando cada etapa do seu raciocínio.

5.5 A partir da refração molar do n-hexano e do -CH2 pode-se calcular a refração molar
do grupo -H. Com os dados dessa prática é possível obter dois valores para esta refração
molar e obter um valor médio. Execute este cálculo mostrando o seu raciocínio.

5.6 Subtraindo-se da refração molar de um álcool a refração molar dos grupos -CH2 e -H
pode-se obter a refração molar do grupo -OH. Com os dados da presente prática é
possível obter quatro valores e determinar um valor médio. Realize este cálculo
mostrando o seu raciocínio.
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5.7 Os valores de refração molar obtidos para os grupos -OH, -CH2 e -H estão de acordo
com o que você esperaria baseando-se na polarizabilidade desses grupos? Explique sua
resposta.

5.8 Com os índices de refração medidos para as soluções etanol/acetona, é possível


construir um gráfico do índice de refração versus % v/v em etanol. A partir desta curva
padrão, determina-se a concentração da solução problema. Proceda esta determinação.
Forneça a concentração da solução problema também em fração molar e molaridade
mostrando o seu raciocínio.

6. Bibliografia

1. Brocos, P.; Piñeiro, A.; Bravo, R.; Amigo, A.; Phys. Chem. Chem. Phys, Vol. 5, 2003.
2. Dlutowski, J.; Cardenas, A. V.; Fries, D.; Langebrake, L.; Journal of Chemical
Education, Vol. 83, Nº 12, 2006.

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