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ÀM A
.
Agradecimentos
1807
C E não deveria estar entediada. Estava em Londres, em
um baile lotado e dançando com um homem bonito. O céu sabia que ela
esperava sua primeira temporada há meses, desde que soube no outono
anterior que sua irmã logo se casaria com o Marquês de Overlea. Esse
evento mudou completamente suas vidas, para melhor. Até o dia em que
sua irmã fez o anúncio, ela nunca pensou que realmente iria à cidade,
participaria de todos os tipos de bailes e outros entretenimentos noturnos. E
estava ansiosa pela primavera com uma empolgação crescente desde então.
Agora, com menos de um mês de temporada, já estava cansada das
intermináveis demandas sociais. Bailes pelo menos uma vez por semana,
musicais, passeios e visitas ao teatro. Ela imaginou que toda a experiência
seria mais emocionante. Sabia que teria sido se ‘um homem’ estivesse
presente, um homem que prometeu estar ali para dançar com ela quando o
conheceu no outono passado.
Sorriu educadamente para seu parceiro, o Visconde Thornton, quando
suas mãos enluvadas se encontraram brevemente enquanto se moviam pelas
figuras da dança campestre. Ele era apenas alguns anos mais velho que ela,
e tinha que admitir que era muito bonito com seu cabelo loiro e olhos azuis.
Não podia deixar de compará-lo com o homem que ainda procurava em
cada baile, e em comparação, ele parecia pouco mais que um garoto
ansioso.
Ao término da dança, ele a levou de volta até sua irmã. Ela aceitou seus
elogios, por sua graça de movimento, com fria reserva e redirecionou a
conversa de volta para o assunto muito mais seguro, o tempo. Thornton não
escondia sua admiração, e ela suspeitava que ele se tornaria um estorvo se o
encorajasse, mesmo que levemente.
Foi com algum alívio que viu Louisa e Nicholas a poucos metros de
distância. Ele estava com as costas largas virada para a pista de dança, e foi
só quando ela se aproximou dele que se lembrou de que seu cunhado usava
um casaco azul escuro enquanto este homem, vestia preto. Uma sensação de
vibração começou em sua barriga.
Quando Louisa a viu, disse algo ao companheiro que se virou para
cumprimentá-la. A sensação de vibração floresceu em um tumulto cheio de
borboletas, e ela foi impotente para deter o sorriso que se espalhou em seu
rosto.
— Kerrick! — ela exclamou.
Ela conseguiu dar um rápido sorriso de despedida na direção de
Thornton antes de correr pelos últimos metros que a separavam do homem
que esperava ver novamente. Ela diminuiu o passo, sua respiração muito
irregular para ter sido causada pelo leve exercício da dança. Quase pegou as
mãos dele, mas resistiu ao impulso. Tinha aprendido o suficiente durante
seu tempo em Londres para saber que tal demonstração de afeto causaria
sobrancelhas levantadas e uma pequena quantidade de fofoca.
— Senhorita Evans. É tão bom revê-la.
Ele lhe deu um sorriso, seus olhos azuis enrugados nos cantos, e a
alegria se desenrolou dentro dela. Era tão bonito quanto se lembrava.
— Seu demônio, prometeu dançar comigo durante a minha temporada.
E aqui estamos nós, três semanas completas, e não compareceu a nenhum
dos bailes.
Ele fingiu uma expressão de consternação exagerada. — Me fere ao me
acusar de tal negligência. Infelizmente, eu tinha assuntos urgentes para
resolver, o que me impediu de vir à cidade.
Ela fingiu considerar cuidadosamente as palavras dele antes de lhe
responder. — Eu vou te perdoar. Mas só desta vez.
Seus olhos brilharam com diversão. — Sou um infeliz.
Só pôde sorrir em resposta. Ele se voltou para Louisa, e Catherine teve
que tomar cuidado para não deixar transparecer sua decepção.
— Recebeu notícias de seu irmão?
Depois de saber no outono anterior que Louisa havia aceitado a
proposta de casamento de Nicholas Manning, o Marquês de Overlea, seu
irmão John ficou furioso. O tio de Nicholas arruinou o pai deles e John não
conseguia acreditar que Louisa se aliaria àquela família. Louisa esperava
que seu irmão aceitasse o casamento com o tempo, mas, em vez disso, John
fugiu, deixando para trás um bilhete, afirmando que ele havia pedido a
ajuda de um amigo da família para comprar uma comissão no exército.
— Não — disse Louisa. — Escrevi para ele, mas não ouvi nada depois
de sua primeira resposta — sua voz vacilou antes de continuar. — Estou tão
preocupada. Ele nunca foi tão imprudente.
A irritação tomou conta de Catherine quando Kerrick segurou a mão de
sua irmã e lhe deu um aperto rápido e reconfortante. — A maioria dos
rapazes são imprudentes, mas felizmente acabamos superando isso. Tenho
certeza de que John está bem.
Antes que Catherine pudesse lembrar ao par que ela ainda estava
presente, eles foram interrompidos por um casal mais velho que se
aproximava de seu pequeno grupo. O homem era de estatura e constituição
medianas, o cabelo ralo generosamente salpicado de cinza. Sua esposa, no
entanto, era uma mulher atraente, cujos cabelos escuros estavam apenas
começando a mostrar sinais de cinza nas têmporas. Kerrick, os apresentou
como Lorde e Lady Worthington.
— Nós nos perguntamos quando retornaria para a cidade — Lorde
Worthington disse, virando sua atenção para Kerrick. — Rose ficou
bastante incomodada com sua negligência.
Kerrick ergueu uma sobrancelha e respondeu com fria equanimidade. —
Ninguém poderia supor isso, pelo comportamento dela.
Catherine seguiu seu olhar e avistou uma jovem que havia sido
anunciada antes como Srta. Rose Hardwick, filha dos Worthington. A
garota tinha mais ou menos sua idade e estava a vários metros de distância,
cercada por um grupo de jovens que disputavam sua atenção. Catherine não
se surpreendeu com a beleza quase radiante da jovem. Lindos cachos
castanhos emolduravam um rosto claro que era extraordinariamente bonito.
Seus olhos brilhavam, seus lábios faziam beicinho e suas bochechas
floresciam com um brilho rosado. Com seu cabelo claro e liso, Catherine se
sentia sem graça e sem vida em comparação.
Worthington deu de ombros. — Ela é jovem. Esperava que
simplesmente ficasse parada em um canto e ansiasse por sua volta?
Lady Worthington foi rápida em acrescentar: — Ela apenas flerta com
aqueles garotos. Sabe com quem está seu futuro.
O choque percorreu Catherine com as palavras da mulher mais velha, e
seu olhar voltou-se para Kerrick. Sua expressão não mudou, mas ele não
negou a afirmação de Lady Worthington.
— Ela parece estar se divertindo muito bem sem a minha atenção.
— Bobagem — disse Worthington. — Isso é porque ela não sabe que
está aqui. Nós mesmos acabamos de avistá-lo. Embora eu não consiga
imaginar por que não teria nos enviado uma mensagem avisando de seu
retorno.
— Acabei de chegar ontem à noite — disse ele.
Worthington assentiu, mas ficou claro que a resposta de Kerrick não o
satisfez. Ele se voltou para Catherine e Louisa. — Lady Overlea, Srta.
Evans, se nos derem licença?
Catherine apenas assentiu em resposta. Ela olhou novamente para Rose
Hardwick, seus pensamentos cheios de implicações das palavras do homem
mais velho. Recusava-se a acreditar que havia um entendimento entre Rose
e Kerrick. O destino não seria tão cruel.
Determinada a descobrir a verdade, ela se virou para questioná-lo, mas
Kerrick já havia se afastado para falar com o casal mais velho em particular.
Sua consternação aumentou quando eles se viraram, como um só, para se
aproximar da filha de Lorde e Lady Worthington. O grupo de homens se
dispersou na presença de seu pai, mas alguns ficaram por perto caso
tivessem outra oportunidade com ela.
Sua consternação se transformou em completa descrença, enquanto
observava Kerrick curvar-se sobre a mão da jovem e conduzi-la para o salão
de baile. Os acordes de uma valsa estavam começando a tocar. Incapaz de
observá-los juntos, ela voltou a encarar sua irmã.
Louisa, no entanto, continuou a observá-los. — Bem — ela disse
quando finalmente falou., — Nicholas nunca mencionou isso. Não fazia
ideia de que havia algo entre Kerrick e Rose Hardwick.
Catherine não suportava ficar ali e discutir a possibilidade de que
Kerrick pudesse ter um entendimento com outra mulher e tentou distrair sua
irmã. — Onde está Nicholas? Estou surpresa que ele não esteja colado ao
seu lado.
Louisa fez um pequeno som de exasperação. — Não somos tão ruins
assim.
— Sim, são — Catherine disse com um sorriso carinhoso. — Mas
admito que é revigorante ver algo assim em meio a todas as uniões práticas
na sociedade.
— O que sabe sobre uniões práticas?
Catherine balançou a cabeça. — Nada sei, não realmente. É que eu
costumava pensar que as classes altas eram as sortudas, mas por baixo de
seus ares, sinto que algo está faltando. Um vazio.
Louisa não escondeu sua surpresa. — Tornou-se muito astuta. Não é
mais apenas minha irmãzinha, mas uma mulher agora.
Catherine deu de ombros. — Não sou diferente hoje do que era ontem.
— Não — disse Louisa, com um sorriso levantando o canto dos lábios.
— Claro que não. E por falar em Nicholas, aí vem ele.
F uma semana desde que ela vira Kerrick pela última vez, e
Catherine sentia profundamente sua ausência. Se pensou em puni-la por
flertar com o Visconde Thornton, conseguiu. Todas as noites, depois de
voltar para casa de um dos muitos entretenimentos noturnos, ela tinha que
lutar contra a tentação de fugir e voltar à mansão de Kerrick. Havia
prometido que não faria aquilo novamente, mas enquanto estava deitada na
cama imaginando todas as coisas deliciosamente perversas que eles haviam
feito juntos, ansiando por seu toque, sua determinação enfraquecia.
Não ajudou que seu breve interlúdio na carruagem do Duque de
Clarington tivesse mostrado a ela que o prazer entre um homem e uma
mulher não se limitava ao quarto. Via-se procurando por Kerrick todas as
noites. Imaginou-o levando-a para um quarto privado — não era esnobe, até
mesmo um armário serviria — e fazendo amor com ela novamente. E todas
as noites, quando ele não aparecia, voltava para casa mais frustrada do que
nunca com o estado atual de seu relacionamento.
Porém mais importante do que seu desejo por Kerrick, era sua
determinação de que ele não a visse como uma garota tola que permitiria
que seus desejos egoístas colocassem sua missão atual em risco.
Logicamente, sabia que ele confiava nela, não lhe teria contado tanto se não
confiasse. Mas quando estava sozinha à noite, ela se lembrava de como ele
e Louisa eram próximos quando ele esteve em Overlea Manor após o
casamento de sua irmã com Nicholas. Uma pequena parte dela ainda se
perguntava se ele a via como uma substituta de Louisa. Era capaz de afastar
esses pensamentos à luz do dia, mas à medida que os dias passavam e ela
não conseguia vê-lo, sua dúvida começava a crescer.
Ela precisava vê-lo novamente, então foi um imenso alívio saber que ele
estaria presente no pequeno jantar que Louisa e Nicholas ofereceriam
naquela noite. Sabia que ele havia sido convidado, mas temia que enviasse
suas desculpas novamente.
Lembrando-se da reação de Kerrick na última vez em que ela usara seu
vestido de noite amarelo no teatro, teve um momento de incerteza quando
disse à criada que queria usar o vestido verde-claro mais modesto, aquele
que usara na noite em que o visitou em sua casa. A noite em que fizeram
amor. A maioria dos homens não se lembraria disso, mas ela sabia que
Kerrick se lembraria. Ele sempre prestava atenção nos mínimos detalhes,
uma característica que suspeitava ser inestimável para ele em seu trabalho
para o governo.
As vozes abafadas de sua irmã e cunhado no corredor quando passaram
por seu quarto disseram que era hora do jantar. Respirando fundo, ela alisou
as mãos sobre o vestido e olhou para o espelho acima da penteadeira para
garantir que estava com a melhor aparência. Seis dias se passaram desde
aquele passeio ao Hyde Park… sete, desde que ela e Kerrick estiveram
sozinhos em sua carruagem. Não deveria ficar nervosa com a ideia de vê-lo
novamente, mas estava.
Hesitou no topo da escada quando uma batida soou na porta da frente.
Um momento depois, ela ouviu a voz do Duque de Clarington e teve que
balançar a cabeça para seu próprio absurdo. Ela estava dando muito valor à
ausência de Kerrick.
Tinha acabado de chegar ao pé da escada quando houve outra batida na
porta. Esperou, com um friozinho na barriga, enquanto o mordomo abria a
porta. Quando viu Kerrick parado no patamar, não conseguiu conter o
sorriso que se espalhou por seu rosto. Quando ele passou pela soleira, seu
olhar se fixou no dela por um momento antes de se afastar. Quando seus
olhos encontraram os dela novamente, havia um calor lá que lhe disse que
ele lembrava da última vez que a tinha visto naquele vestido, e do que se
seguiu. O peso daquele olhar era quase uma carícia física.
Ela esperou enquanto Kerrick entregava o chapéu e as luvas ao
mordomo e se aproximava dela. Ele ofereceu-lhe o braço com uma
sobrancelha ligeiramente levantada e, para sua mortificação, ela corou.
Consciente de que o outro homem ainda estava atrás deles, ela pegou-lhe o
braço sem dizer uma palavra. Estavam a apenas alguns passos da sala de
estar e podiam ouvir as vozes dos outros, mas não se moveram para se
juntar a eles. Sentindo claramente que estava sobrando, o mordomo se
retirou depois de fazer uma leve reverência em sua direção.
— Parece preocupada — Kerrick disse quando eles estavam sozinhos.
— Há algum problema?
Catherine balançou a cabeça. — Não mais.
Ele apertou a mão que ela descansava em seu braço e estava prestes a
dizer algo mais, quando Louisa saiu para o corredor. Sua expressão deixou
claro que ela não estava feliz por encontrá-los sozinhos. Louisa já sabia dos
sentimentos de Catherine por Kerrick, mas era importante que não
suspeitasse que agora havia algo mais entre eles.
— Eu pensei que talvez algo estivesse errado já que não se juntaram a
nós.
Foi com relutância que Catherine se afastou dele. — Eu estava
verificando para ter certeza de que este homem era, de fato, Lorde Kerrick
— ela disse, visando leviandade. — Faz tanto tempo desde que o vimos,
não tenho certeza.
— Peço desculpas pela minha ausência — disse Kerrick. — Não estou
acostumado a ir a tantos bailes e precisava de um pouco de descanso de
todos os vários entretenimentos.
— Tenho certeza de que todos nós devemos ser-lhe uma provação —
disse Louisa. — Nicholas me disse que já esteve em mais jogos e bailes
nesta temporada do que em todos os anos anteriores juntos.
— Admito que é um pouco solitário agora que meus amigos mais
próximos trocaram seus modos habituais pela felicidade conjugal. Se eu
quiser vê-los, sou forçado a ir pessoalmente a esses bailes e desistir de
minhas assombrações de solteiro.
— Pobre Kerrick — Louisa disse com um sorriso carinhoso.
Catherine teve que cerrar os dentes e conter suas dúvidas quando viu a
evidência no rosto de Kerrick da afeição que ele tinha por sua irmã. Mais do
que isso, ela odiava que ainda se perguntasse o quão longe aquele afeto iria.
Mas pelo menos a tensão que surgiu por serem encontrados sussurrando no
corredor se dissipou, e juntos eles se juntaram a Nicholas e aos Claringtons,
na sala de estar.
O jantar foi mais difícil do que ela poderia imaginar. O grupo era
pequeno, então não havia chance de manter uma conversa particular com
Kerrick. Ele se sentou em frente a ela, mas Louisa estava entre eles, em
uma das pontas da mesa. Cada palavra que eles falavam era, naturalmente,
ouvida por sua irmã. A refeição pareceu se arrastar para sempre, mas
Catherine disse a si mesma que certamente ela e Kerrick conseguiriam
manter uma conversa longe dos outros mais tarde naquela noite.
Quando o jantar terminou e os homens se juntaram às mulheres na sala
de estar, depois de ficarem para trás para tomar o porto, Catherine ergueu os
olhos ansiosamente. O olhar de Kerrick encontrou o dela e nele ela viu algo
que fez seu pulso disparar. Ele começou a se mover em sua direção, mas foi
interrompido quando Louisa se colocou entre eles e capturou sua atenção.
Não demorou muito para ela perceber que sua irmã estava fazendo de
tudo para garantir que ela e Kerrick não tivessem a oportunidade nem
mesmo de um momento de conversa privada. Ela queria gritar de frustração
toda vez que se virava para encontrar Louisa os olhando, e sempre que
Kerrick se aproximava dela, ou ela dele, sua irmã fazia questão de
interceptá-los.
— O que está fazendo? — ela sibilou para Louisa depois de arrastá-la
para um canto da sala.
— Estou a protegendo de si mesma — a rigidez dos ombros de Louisa
indicava que estava se preparando para a resposta furiosa de Catherine.
Ela não tinha certeza de como responder. Entendeu a motivação por trás
das ações de sua irmã e ficou dividida entre a frustração por Louisa ainda
tratá-la como uma criança e a tristeza por seu relacionamento com Kerrick
permanecer em segredo. Foi salva de ter que responder, no entanto, quando
Nicholas se juntou a elas. Por sua expressão curiosa, ficou claro que ele
havia testemunhado a troca. Levou toda a força que ela possuía para se virar
e sorrir para seu cunhado.
— Espero que não esteja se cansando — disse ele a Louisa, a
preocupação gravada em suas feições.
O sorriso que Louisa deu ao marido continha mais do que um toque de
indulgência. — Pare de se preocupar, estou bem.
Catherine não pôde deixar de ver a ironia na declaração de sua irmã e
foi tentada a repetir as palavras de volta para ela com respeito à
preocupação de Louisa sobre seus sentimentos por Kerrick. Ela abriu a boca
para fazer exatamente isso, mas foi interrompida quando a duquesa se
juntou a eles.
— Senhorita Evans — disse ela, colocando a mão em volta do braço de
Catherine. — Lorde Kerrick acabou de me dizer que está projetando um
novo jardim para os Worthingtons.
— Sim, estou — ela ignorou o olhar de preocupação trocado entre
Louisa e Nicholas.
— Depois de nossa excursão a Kew Gardens, devo confessar que estou
inspirada a expandir os jardins de nossa propriedade — A duquesa fez uma
pausa antes de acrescentar: — Suponho que não tenha nenhum desenho de
seus planos? Fiquei muito impressionada com o seu conhecimento e estou
mais do que curiosa para vê-los.
— Eu tenho alguns esboços, mas admito que não estou muito feliz com
eles. Receio não ser nada como o famoso Capability Brown.
— Tenho certeza de que está sendo modesta. Seria muita imposição
pedir para vê-los?
Catherine não perdeu o brilho nos olhos da outra mulher e suspeitou que
ela não desejava apenas discutir sobre jardins. Como Rose, e ao contrário
de sua irmã, sabia que a duquesa esperava facilitar um casamento entre ela
e Kerrick. Não havia outro motivo para ela ter convencido o marido a
ajudar a marcar aquele encontro privado na carruagem.
— Estão na biblioteca. Gostaria de vê-los agora?
— Se não se importa — disse a duquesa com um sorriso que parecia
muito inocente.
Sem esperar por sua resposta, ela quase arrastou Catherine para fora da
sala. Enquanto se dirigiam à biblioteca, Catherine preparou-se para as
perguntas que sabia que viriam.
Ela não precisou esperar muito. Depois de cruzar a soleira, a duquesa
fechou a porta e se virou para encará-la.
— Como vão as coisas com Lorde Kerrick?
Catherine caminhou até a pequena escrivaninha onde guardava os
desenhos nos quais estava trabalhando. De costas para a duquesa enquanto
pegava a pequena pilha de papéis, ela disse: — Somos amigos.
A duquesa suspirou. — Eu esperava que depois de seu encontro na
carruagem os dois tivessem ido além da amizade.
Catherine virou-se para encará-la, os desenhos apertados contra o peito,
e expressou a pergunta que a preocupava. — Acha que Sua Graça vai contar
a Nicholas sobre aquela noite?
— Não, se ele quiser manter a paz. Não acho que Overlea ficaria feliz
em saber que ele ajudou a organizar um encontro privado entre seu melhor
amigo e sua jovem cunhada. Ele é bastante protetor contigo.
Catherine soltou a respiração que estava segurando. — Eu sei. Odeio
pensar em como ele será protetor se Louisa tiver uma menina.
A duquesa a olhou atentamente. — Estão circulando rumores… Espera-
se que Kerrick peça a mão de Rose Hardwick em casamento a qualquer
momento.
Catherine teve que se esforçar para não desviar o olhar quando
respondeu. — Receio que esses rumores possam ser verdadeiros.
— Como pode estar tão calma? Se isso for verdade, então ele a tratou de
maneira abominável.
Incapaz de sustentar o olhar da mulher, ela desviou o olhar. Ela não
precisou fingir suas emoções quando disse: — Não vou mentir e dizer que a
ideia de vê-los se casarem me deixa mais do que um pouco doente. Sabe
que eu me importo com ele, assim como minha irmã. Na verdade, temo que
o mundo inteiro saiba disso — ela estremeceu e se apressou em acrescentar:
— Mas Lorde Kerrick não se comportou de maneira inadequada.
Para evitar que a duquesa a questionasse mais, Catherine sabia que teria
que mentir abertamente. — Temo que Kerrick me veja apenas como a irmã
mais nova de Louisa. Ele quer fazer algo de bom para ela e Nicholas depois
que o bebê nascer. É por isso que ele queria falar comigo em particular, para
que ninguém soubesse de seus planos.
Ficou claro que a duquesa não acreditou nela. — E o que ele está
planejando?
— Não posso trair a confiança dele. Terá que ver junto com os outros.
A duquesa pareceu considerar suas palavras por um momento antes de
falar. — Talvez eu possa ajudar.
Catherine fechou os olhos por um momento, sem se preocupar em
esconder sua frustração. Parece que o mundo inteiro estava alinhado para
colocar obstáculos no caminho da investigação de Kerrick. Ela não podia
culpar a duquesa, no entanto. Como ela poderia saber que a única maneira
de ela e Kerrick ficarem juntos era permitir que ele continuasse a se
aproximar de outra mulher?
— Eu gostaria que não o fizesse — ela disse, encarando o olhar
preocupado da duquesa de frente. — Sei que seu coração está no lugar certo
e agradeço, mas toda essa situação já é mais do que um pouco difícil para
mim.
Catherine percebeu que a duquesa não queria deixar o assunto morrer,
mas em vez disso ela pegou os desenhos que Catherine ainda segurava
apertados contra o peito. Aliviada, Catherine os entregou à outra mulher.
O restante da noite passou rapidamente. Quando ela e a duquesa
voltaram para a sala de estar, Louisa tocava piano e os homens discutiam
sobre uma nova carne de cavalo que tinham visto no Tattersall’s. Catherine
fez uma nota mental para avisar Kerrick que ele tinha que planejar algo
especial para a chegada do primeiro filho de Louisa e Nicholas, para que a
duquesa não soubesse que mentiram para ela.
Questionou se algum dia teria essa oportunidade. Quando ela se retirou
para a dormir, estava além de frustrada. Ela passou a noite inteira na
companhia de Kerrick, mas a única conversa privada que tiveram foi depois
de sua chegada, quando trocaram algumas palavras.
Catherine refletiu sobre sua situação enquanto sua criada a ajudava a
tirar o vestido e a vestir a camisola. Estava tão absorta em seus próprios
pensamentos que foi somente quando estava sentada em sua penteadeira,
que se deu conta de que sua criada estava estranhamente silenciosa.
Normalmente, Lily gostava de tagarelar, mas não disse uma palavra
enquanto removia os grampos do cabelo de Catherine.
Ela se virou na cadeira para encarar a jovem. — Está muito quieta esta
noite, Lily.
Sua criada desviou o olhar e pareceu lutar consigo mesma antes de falar.
— Sinto muito, Srta. Evans.
A culpa cintilou no rosto da outra mulher e a respiração congelou nos
pulmões de Catherine enquanto sua mente saltava para o pior cenário
possível. — Para quem contou? — ela finalmente conseguiu.
Lily parecia confusa. — Contei?
— Sobre minha visita à casa de Lorde Kerrick. A quem contou?
Sua criada balançou a cabeça com veemência. — Oh não, eu não contei
a ninguém. Eu prometi que não o faria.
O aperto em seu peito aliviou um pouco. — Então pelo que sente muito,
Lily?
A mulher hesitou um momento antes de enfiar a mão no bolso do
uniforme e tirar um bilhete dobrado. — O lacaio me deu este bilhete para
lhe entregar. Ele disse que era de Sua Graça, mas a caligrafia parecia ter
sido escrita por um homem. Eu não tinha certeza se deveria entregar.
Ficou claro que sua criada estava tendo algumas dúvidas sobre
concordar em manter os segredos de sua patroa. Catherine manteve o tom
quando respondeu. — Confia em mim para saber o que estou fazendo?
Esse era o cerne da questão. Lily a via como uma jovem volúvel agindo
impetuosamente, perseguindo um homem que não estava disponível?
— Se Lady Overlea descobrir…
— Não vai lhe acontecer nada, Lily. Minha irmã me conhece bem o
suficiente para saber que posso ser muito teimosa quando se trata de
conseguir o que quero. Se ela souber das minhas… atividades… e culpar
alguém, serei eu. Vou garantir que nada lhe aconteça.
— E quanto a Senhorita? Quem vai garantir que nada lhe aconteça?
Catherine estendeu a mão para o bilhete. Quando Lily o soltou, ela
sorriu para a jovem. — Eu vou. Nós duas sabemos que Lorde Kerrick não
faria nada para irritar Lorde Overlea.
Isso não era exatamente verdade, mas as palavras pareciam dar algum
conforto a Lily. Catherine ansiava por dispensá-la e ler o bilhete, mas se
esperava que sua criada acreditasse que ela era uma jovem capaz com uma
boa cabeça sobre os ombros, teria que representar o papel, não importa o
quanto a matava esperar.
Catherine se voltou para o espelho, colocou o bilhete sobre a
penteadeira e esperou que sua criada terminasse de pentear seu cabelo.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, Catherine desejou boa
noite à mulher e a observou sair do quarto.
Suas mãos quase tremiam quando ela virou o bilhete. Estava lacrado e
na frente o nome dela escrito em negrito. Catherine quebrou o lacre e
desdobrou o papel. Seus olhos examinaram ansiosamente as poucas
palavras que estavam escritas ali.
Estou fazendo tudo o que posso para concluir o assunto que
discutimos. Por favor, não desista da esperança.
—K
Catherine apertou o bilhete contra o peito. Era um pobre substituto para
a presença de Kerrick, mas era tudo o que ela tinha dele.
Livro 3
Eles o chamam de Conde Inatingível…
Muitos buscam seu favor, homens e mulheres, mas poucos vislumbram
o que está por trás do exterior indiferente do Conde de Brantford.
Capítulo 1
Junho de 1807
OC Brantford saiu das sombras e se aproximou do homem de
cabelos escuros que esperava do lado de fora da cela que abrigava o
prisioneiro mais recente da Torre de Londres. Ele deu um breve aceno para
o guarda que também estava postado ali. O guarda não deu nenhuma
indicação de ter visto o comando silencioso de Brantford, mas se afastou.
Não longe o suficiente para que alguém pudesse acusá-lo de se esquivar de
seu dever, mas a distância garantiu que Brantford tivesse privacidade para
esta conversa.
Ele foi direto ao ponto. — Precisa mantê-la longe daqui.
O Conde Kerrick não demonstrou nenhuma surpresa ao vê-lo. — Não
posso controlar o que Rose Hardwick escolhe fazer. Eu não podia quando
todos esperavam que nos casássemos, e certamente não posso agora que ela
me deu a liberdade. Mas posso mantê-la segura. Por tudo que sacrificou
para unir Catherine e eu, é o mínimo que devo a ela.
Brantford reprimiu a irritação que despertou dentro dele com a
lembrança do antigo relacionamento do outro homem com Rose. Nunca foi
mais do que um cortejo, um que o próprio Brantford ordenou que Kerrick
mantivesse, mas a referência casual ao noivado de curta duração serviu
como um lembrete indesejado de que uma pequena parte dele queria
cumprir esse dever específico.
— Se deseja mantê-la segura, certifique-se de que ela não repita a visita
de hoje. Vir aqui faz dela um alvo.
Kerrick sabia que ele falava a verdade. Brantford podia ver isso no
aperto de sua mandíbula. Nenhum dos dois acreditava que o pai de Rose
agira sozinho. E se o homem, que eles desconfiavam de realmente ter
cometido os atos traiçoeiros aos quais Worthington confessou, suspeitasse
que ele havia compartilhado qualquer informação com sua filha, ele não
hesitaria em silenciá-la para sempre.
— O que gostaria que eu fizesse? Contê-la e forçá-la a ficar longe? A
mãe de Rose só concordou em permitir que ela permanecesse com Overlea
quando deixou Londres por causa de sua amizade com Catherine. Estar sob
a proteção de um marquês era mais do que a pobre mulher poderia esperar
depois que Rose terminou seu noivado comigo. Mas Overlea não pretende
mantê-la trancada em sua casa. Ele mesmo a levaria para a Torre, mas todos
nós sabemos que devo pelo menos isso a ela. Depois da turbulência dos
últimos dias e da maneira como todos lhe deram as costas, não vou impedi-
la de ver o pai.
Brantford queria insistir para que ele fizesse exatamente isso: trancar
Rose Hardwick em seu quarto e colocar alguém do lado de fora de sua
janela, se necessário, para mantê-la segura. Mas sabendo que isso nunca
aconteceria, seus pensamentos se voltaram para o próximo curso de ação.
Era óbvio que Lorde Worthington havia confessado a traição para
proteger sua esposa e filha. Não seria preciso muito esforço para convencer
o homem de que a melhor maneira de manter sua filha segura seria se
recusar a vê-la. Depois de ser rejeitada algumas vezes, Rose acabaria
parando de visitá-lo. Esperava que isso acontecesse antes que ela atraísse
mais atenção. Maldita fosse sua teimosia, ela estaria segura agora se tivesse
fugido de Londres com sua mãe.
Brantford se virou para sair, decidindo que seria melhor voltar mais
tarde, quando não corresse o risco de ver a mulher que estava ocupando
muito de seus pensamentos ultimamente. Então é claro que a porta da cela
se abriu naquele momento e Rose Hardwick saiu da cela onde seu pai
estava detido. Sua cabeça estava baixa, mas apesar da derrota evidente em
sua postura, ele ficou impressionado, como sempre, por sua beleza. Fazia
quase uma semana desde que a viu pela última vez, quando ela chegou à
casa de Kerrick para informá-lo de que tomara medidas para libertá-lo de
sua promessa de se casar com ela. Tinha sido um noivado que nenhum dos
dois queria, mas com o nome de Kerrick, Rose teria alguma proteção contra
as línguas cruéis que até agora destruíam a reputação de sua família.
Brantford esperava nunca mais vê-la.
Em vez de seus cachos normais, ela usava o cabelo castanho-
avermelhado bem preso. Mas essa não foi a única mudança em sua
aparência. Quando ela ergueu o rosto para olhar para Kerrick, Brantford
pôde ver os sinais de tensão que os últimos dias haviam causado. As
sombras escuras sob seus olhos eram novas. Ela tentou escondê-los com pó,
sem dúvida na tentativa de evitar que seu pai se preocupasse com ela, mas
nenhuma quantidade de cosméticos poderia escondê-las completamente. E
havia uma tensão em suas feições, um ar de fragilidade sobre ela que o fez
querer levá-la para dentro de casa, abraçá-la e protegê-la do mundo. Ele não
o faria, é claro, e irritava que esta mulher pudesse provocar-lhe tal emoção.
As emoções eram um sinal de fraqueza e ele não faria nada para se trair.
Aprendeu essa lição no colo de seu pai quando ainda era um menino.
Quando Kerrick lhe ofereceu o braço, ela lhe deu um sorriso cansado
antes de tomá-lo. Brantford sabia com certeza que não havia nada
desagradável entre os dois, mas não conseguiu evitar o aborrecimento que
ganhou vida ao vê-los juntos.
Ela o notou então. Deve ter presumido que ele era o guarda assim que
saiu pela primeira vez da cela de seu pai, mas quando o reconheceu, seus
olhos azuis endureceram e seu delicioso arco de boca se firmou em uma
linha reta.
Por alguma razão, Rose passou de uma aparente indiferença em relação
a ele para uma antipatia ativa, e não conseguia entender por quê. Ele mal
falava com ela, certificando-se de manter distância sempre que eles
participavam dos mesmos eventos sociais. Não podia explicar sua súbita
hostilidade, mas não permitiria que isso o afetasse.
— Senhorita Hardwick — disse ele, inclinando a cabeça em forma de
saudação. Dada a natureza sombria de sua visita, não havia nada que ele
pudesse dizer a ela além disso. Havia visitado a mãe dela no dia anterior,
pegando-a pouco antes de ela deixar Londres, mas a mulher não conseguiu
dizer-lhe nada. Rose já havia se estabelecido na casa de Overlea, um fato
que lhe convinha. Se Lady Worthington não sabia nada sobre as ações de
seu marido, era improvável que pudesse descobrir alguma coisa com sua
filha.
Rose se virou, mas não disse nada. Afinal, não havia nada a dizer.
Ele encontrou o olhar de Kerrick, enviando-lhe um comando silencioso
para fazer o que pudesse para manter Rose longe. As sobrancelhas do outro
homem se juntaram brevemente antes que ele conduzisse Rose pelo
corredor.
Deixa para lá. Brantford cuidaria do assunto. Ele permitiu que outros
questionassem Worthington, e seus esforços não deram frutos. Também
garantiria que o pai de Rose tomasse as medidas necessárias para evitar que
mais danos atingissem sua filha.
Sabendo que o guarda não faria nada para impedir sua entrada,
Brantford se aproximou da cela. Pegar Worthington de surpresa logo após a
visita de sua filha, poderia ser uma vantagem. Se o homem estivesse
afetado a metade do que sua filha havia sido, isso poderia dar a Brantford a
vantagem de que precisava para quebrar seu silêncio.
Como Worthington era apenas um visconde com uma ínfima riqueza,
ele não merecia um dos aposentos mais elaborados da Torre. Quartos que
outrora abrigaram a realeza.
Não, essa cela mal continha o necessário. Um pequeno catre no canto
servia de cama, uma pequena tela em outro canto, escondia o penico. Um
que não era esvaziado há algum tempo, se o cheiro que permeava o ar fosse
uma indicação. O ar pairava pesado e úmido. Havia várias pequenas janelas
altas ao longo de uma parede, mas a luz do dia que entrava, pouco ajudava a
aliviar a penumbra da cela.
Esteve em muitas dessas celas durante seu tempo trabalhando para o
Ministério do Interior, e nenhuma dessas visitas o afetou. Afinal,
renunciava-se a todo direito ao luxo e ao conforto quando se cometia
traição. Mas hoje, sabendo que Rose estivera naquele quarto apenas alguns
momentos antes, sabendo que ela havia olhado para o homem derrotado
curvado na beira da pequena cama, Brantford sentiu um peso incomum no
peito.
Não pelo homem sentado à sua frente, mas por sua filha, que fora
forçada a vê-lo daquele jeito.
Se ele tivesse um coração, supôs que também teria sentido pena de
Worthington. Em vez disso, tudo o que ele conseguiu sentir foi
aborrecimento. E se ele estava sendo honesto consigo mesmo, uma pitada
de raiva pelo que o homem havia feito com sua família.
Quando tudo isso começou, Brantford esperava que os boatos que seus
agentes haviam descoberto sobre Worthington vendendo segredos ingleses
para os franceses não dessem em nada. Fora uma esperança vã, mas ele
queria encontrar algo, qualquer coisa, que levasse a outra explicação.
Porém, agora que Worthington havia confessado, essa esperança se foi.
Worthington não o ouviu entrar, seu comportamento era o de um
homem imerso em pensamentos. Brantford atravessou a sala e sentou-se na
cadeira em que Rose sem dúvida estivera sentada durante a visita,
interrompendo o devaneio do homem com uma rapidez que fez
Worthington dar um pulo.
O olhar de Worthington endureceu quando percebeu que Rose não
voltou para vê-lo. Parecia que as defesas do homem não haviam sido
destruídas pela visita de sua filha.
Brantford começou seu interrogatório, mas já sabia que não descobriria
nada de novo. Não deixaria aquela cela, no entanto, até que extraísse a
promessa de Worthington de recusar futuras visitas de sua filha.
Conquistando um Lorde
Livro 1
Estão casados quando Louisa descobre que o Marquês não pretende ser
pai de seu futuro herdeiro. Atraída por seu novo marido de uma maneira
que nunca esperou, Louisa não tem intenção de concordar com sua proposta
escandalosa. Em vez disso, lhe mostra que o que está se desenvolvendo
entre eles vai muito além de um típico casamento de conveniência.