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O Estudo da Sedução
Sabrina Jeffries
Para o meu marido, Rene, que é tão parecido com Edwin quanto um homem
pode ser, mas sem as habilidades de matemática / engenharia.
E para Becky Timblin e Kim Ham, cujo apoio, apesar dos seus muitos
desafios este ano, significou o mundo para mim. Vocês são as melhores!
Londres
Abril de 1830
- Você perdeu completamente a cabeça.
Quando todos os membros da sala de leitura do St. George's Club se
voltaram para olhar para Edwin Barlow, Conde de Blakeborough, este percebeu o
quão alto falou.
O lugar estava mais cheio do que o habitual, agora que todos estavam de
volta a Londres e a noite estava caíndo. Os cavalheiros queriam algumas bebidas
antes de mergulharem no turbilhão que era a Temporada.
Com um olhar de aviso, que mandou os curiosos espectadores, se
preocuparem com os seus próprios assuntos, Edwin voltou a sua atenção para
Warren Corry, Marquês de Knightford.
- Esse seu plano não pode funcionar.
- Claro que pode.
Warren era o amigo mais próximo de Edwin. Realmente, o seu único amigo,
além do novo marido de sua irmã, Jeremy Keane. Edwin não fazia amigos com
facilidade, provavelmente porque ele não tinha paciência para tolos. E a
sociedade estava cheia de tolos.
Foi precisamente por isso que Edwin, Keane e Warren tinham começado
este clube, para que pudessem separar os tolos dos bons homens. Então eles
poderiam proteger as mulheres de suas vidas de caçadores de fortunas,
jogadores, libertinos e todas as outras variedades de canalhas de Londres.
Em questão de meses, o clube tinha crescido de três para trinta membros,
todos bons homens ansiosos para compartilhar informações, sobre as quais, os
seus pares não podiam confiar com mulheres. Até agora, Edwin não tinha
percebido que as relações femininas de tantos cavalheiros precisavam proteger-se
de tentativas astutas e não tão astutas sobre as suas virtudes… e fortunas.
Warren, claramente, estava levando a missão muito a sério. Talvez
demasiado a sério.
- Clarissa nunca concordará - disse Edwin.
- Ela não tem escolha.
Edwin estreitou o seu olhar em Warren. - Você realmente acredita que pode
convencer a sua prima de língua afiada, a deixar-me escoltá-la pela cidade
durante a Temporada?
1
Dificuldades na digestão
Tomou toda a força de Edwin, para não atravessar a sala e dar um soco em
Durand. Mas atacar o responsável de negócios da embaixada francesa, colocaria
as línguas a falar, e a última coisa que precisavam eram rumores sobre Clarissa e
Durand. O homem os usaria para forçá-la a se casar.
A própria ideia fez o sangue de Edwin correr frio. Especialmente quando ela
permaneceu imóvel, tremendo, o seu rosto branco. Vendo-a tão abalada cortou-o
como uma faca de gelo. Se o homem não tivesse parado de tentar beijá-la naquele
momento, Edwin poderia ter derrubado o bastardo de qualquer maneira.
- Afaste-se dela. - Edwin colocou as suas mãos em punhos antes dele na
postura de um pugilista. - Agora!
Durand franziu a testa. - Fique longe disso, Blakeborough. Não é da sua
conta.
- O diabo que não é. - Edwin disse a primeira coisa que veio em sua cabeça.
- Ela é a minha noiva.
Diabos. Ele realmente disse isso? Ele nunca tinha sido bom com mentiras,
e essa era colossal.
Mas ele não se afastaria disso agora. Muito estava em jogo. - Então eu vou
agradecer-lhe que mantenha as suas mãos fora dela, a menos que você queira
terminar colocado no chão.
Olhando em pânico, Clarissa correu para se colocar entre eles. - Isso é o
suficiente, vocês dois! - Ela agarrou o braço rígido de Edwin e arrastou-o até ele
baixar relutantemente o punho. - Não haverá brigas. Não deve haver brigas. - Seu
olhar implorante disse - Isto deve permanecer privado.
Droga. Ela estava certa.
- Você ouviu a senhora - Durand disse com um tom presunçoso. - Não há
necessidade de brigas. Especialmente, porque ambos sabemos que você está
mentindo sobre ser o seu noivo.
Ela girou sobre o homem com um olhar feroz. - Ele não está. - Então ela
agarrou a mão de Edwin. - Eu acabei de dizer que estou apaixonada por outra
pessoa. Você simplesmente se recusou a ouvir.
Mesmo sabendo que ela estava blefando sobre estar apaixonada, não
diminuiu o poder dessas palavras. Ou a estranha sensação de seus dedos
agarrados em sua mão tão intimamente. Como se ela o necessitasse.
Deus o ajude, ele estaria aqui para ela, não importa quantas mentiras ele
tivesse que inventar. Ela ainda estava abalada. Ele podia ver.
2
Passo de dança numa quadrilha
Ainda agitado pela sua reação ao beijo com Clarissa, Edwin fez uma
paragem na casa da cidade de Warren para falar com o chefe dos criados. - Você
viu o Conde Durand por aqui?
- Não, milord. Tenho observado a rua como você pediu, mas não vi o
francês.
Aliviado de que, ao menos, o idiota não andava circulando pela casa, Edwin
viajou de Mayfair para Pall Mall como se os cães do inferno estivessem atrás dele.
A sua "recompensa" correu melhor do que ele esperava. Se não ficasse atento,
ainda poderia encontrar-se algemado a Clarissa. E isso seria desastroso.
Ele sentiu novamente a batida rápida do seu sangue contra os seus lábios,
enquanto lhe beijava o interior de seu braço. Ele viu novamente a expressão dela
enquanto ele se acalmava - um olhar de consciência e excitação que o levara a
beijar a sua linda boca. Para saquear e provar, e, desejar poder continuar a beber
dos seus lábios por dias.
Uma maldição irrompeu dele. Beber de seus lábios. Ele não queria fazer
nada tão ridículo. O que ele queria era tê-la na cama. O que não poderia
acontecer a menos que se casasse.
Recordando a sua reação, a ele, no final, ele apertou os dentes. Quando
uma mulher recua do abraço de um homem, com alarme em seus olhos, não é
um bom presságio para ela querer se casar com o sujeito.
Até àquele momento, ela parecia gostar dele bem o suficiente. Claro,
Clarissa era uma namoradeira, então às vezes era difícil dizer a diferença entre
flerte e interesse genuíno. Talvez ela estivesse apenas brincando com ele antes.
Mas então, por que não terminar o beijo com uma risada e uma
provocação? Ou uma recusa tímida, como qualquer outra mulher poderia ter
feito?
Ele balançou a sua cabeça. Ele nunca a entenderia, e não havia razão,
sequer, para tentar. Isso acabaria assim que Warren retornasse. Se tivesse
escolha, terminaria ainda mais cedo.
Poderia terminar amanhã se Durand fosse descartado.
O pensamento saltou na sua cabeça com uma claridade surpreendente.
Sim, talvez ele devesse atacar as coisas nessa direção. Certamente, o Francês
tinha alguma fraqueza, algum segredo no passado que poderia ser usado para
fazê-lo parar de perseguir Clarissa. E Edwin, conhecia a pessoa certa para
investigar isso.
Nobres e gentis-matronas-patronos-amigos!
Ante de vocês, uma mulher venturosa se dobra!
Uma mulher guerreira - que em conflito embarca,
A primeira de todas as dramáticas Joan D’Arc.
Animada na empresa assim atreveu por mim!
A primeira que já liderou uma companhia.
Edwin não sabia como lhe responder. Entre o tormento do maldito Francês
e a surpreendente reação de Clarissa a Lucia, ele estava perdido. Mas Clarissa
estava olhando para ele com expectativa, e ele tinha que dizer alguma coisa.
- Nós nos comportamos como se estivéssemos noivos.
Ela respirou fundo. - Eu percebi isso sozinha. Mas por quanto tempo? O
mundo inteiro certamente ouvirá sobre isso antes que a noite acabe e seremos
bombardeados com perguntas. Eu simplesmente preciso saber o que responder.
Nós estabelecemos uma data para o casamento, por exemplo?
- Claro que não. - Ele esfregou a mão sobre o rosto e acrescentou
severamente, - Perdoe-me, mas eu não pensei nos detalhes de nosso casamento
fingido, apenas aqueles para o nosso noivado fingido secreto. Eu não esperava
que Durand pressionasse o assunto. Não faz sentido.
- Sim, lembro-me de você dizer que isso não seria adequado aos seus
planos. - Ela parou para olhar para ele. - Talvez você devesse ter mencionado isso
para ele. Porque, aparentemente, ele acha que se adequa bem aos seus planos.
- Claramente, o seu propósito era nos apanhar desprotegidos e fazer-nos
admitir, que tudo era uma mentira.
- Eu percebo isso. E, embora fique feliz por não termos cumprido as suas
expectativas, isso não altera o fato de que estamos agora envolvidos
publicamente. - Seu olhar ficou fechado. - O que nenhum de nós quer.
- Não. - Era quase verdade. Mas parte dele não podia deixar de imaginar
Clarissa nua em sua cama, com os seus lábios sensuais sorrindo timidamente e
os seus braços estendendo-se para puxá-lo para baixo, ao lado dela. Seus peitos
estariam lá para chupar, e suas lindas coxas ...
- Edwin?
Bolas. Ele perdeu o que ela tinha dito. - Desculpa. Você poderia repetir
isso?
- Você nem está me ouvindo!
- Estou pensando no problema.
Ela o observou. - Você não parecia estar pensando em qualquer coisa. Você
parecia estar pensando em algo muito mais sedutor. Ou mesmo alguém. Sua
amiga Lucia, talvez?
Agora, isso era ciúme. Ele, provavelmente nunca foi o receptor disso, mas
ele poderia dizer quando o ouvia. E teve o efeito mais peculiar sobre ele,
aquecendo seu sangue até que ele se incendiou.
Pouco depois do pôr-do-sol, no dia seguinte, muito cedo para se vestir para
o jantar e tarde demais para uma soneca, Clarissa vagueou pelo seu quarto.
Deveria usar o poncho ou o lenço de rede com o vestido para jantar? Era
improvável que Edwin se importasse de qualquer maneira. Enquanto o seu
vestuário fosse apresentável, ele provavelmente nem sequer notaria.
Não, ele só notou quando seu peito estava meio nu.
Os seus olhos se estreitaram. Muito bem, não há poncho ou lenço. Porque
esta noite queria fazê-lo notar a ela, para fazê-lo vê-la por si mesma, com todas as
suas falhas. Para fazê-lo entender que ela realmente não era o tipo de mulher
com quem ele queria casar.
Embora isso não tenha funcionado ontem à noite. Só o fez ficar excitado,
algo que nunca esperaria do sóbrio Edwin. E se ela exibisse o seu peito para ele,
ele poderia olhar para ela com aquele olhar penetrante que a fazia tremer por
toda parte, e então ela esqueceria o propósito dela. O que era recusar, gentil, mas
firmemente, a se casar com ele.
Sim, esse era o seu plano e ela deveria mantê-lo, não importava o quanto
ele grunhisse naquele suspiro excitante que negava tudo o que ele estava falando.
Mesmo que ele a tomasse de lado em particular e lhe desse um dos seus beijos
luxuriosos que duravam e duravam. Mesmo que Mama, em sua tolice, os
deixasse sozinhos novamente, e ele tentasse beijar mais para baixo…
Lenço. Definitivamente um lenço. E já que estava nisso, talvez uma
armadura para evitar que ele fosse tentado e que ela cedesse.
Um barulho soou contra as portas francesas que davam para a sua
varanda. O que diabos? Outro barulho. E outro.
Agarrando-se à varanda, ela olhou para o jardim abaixo, que estava
levemente iluminado pelas luzes de gás das cavalariças nas traseiras. E lá,
vestido de forma demasiado informal para jantar, estava Edwin.
Ela ficou boquiaberta. - O que você pensa que está fazendo?
- Eu preciso falar com você em particular. Agora. É urgente.
- Então, venha pela porta da frente como uma pessoa civilizada e me
chame.
- Eu não posso. Eu não quero a sua mãe envolvida. Eu nem quero que os
criados saibam que estive aqui. Desça. Podemos conversar no jardim.
Quando Edwin sentiu Clarissa convulsionar sob a sua boca, ele exultou.
Ele podia fazê-la sentir prazer. E como isso era possível, tudo era possível. Ele só
teria que ter um cuidado especial com ela.
Talvez ele tivesse sua noite de núpcias depois de tudo.
Sorrindo contra a sua pele luxuriosa, ele acariciou a sua coxa, bêbado com
o cheiro dela, o gosto dela. A esposa dele. Ela poderia dar-lhe trabalho, mas eles
teriam isto, pelo menos.
Os seus dedos afrouxaram o aperto de sua cabeça, e ela soltou um suspiro
prolongado. - Oh meu. Meu, meu, meu.
Rindo, ele limpou a boca nos seus calções. -Sim.
- Mamãe certamente não me contou sobre isto.
Ele olhou para ela. - O que é que ela te disse?
- Não muito; ela estava corando demais. Mas eu já sabia… algumas coisas,
de qualquer maneira. Só não isto.
- Quem te contou?
Estava escuro demais para ver o rosto dela, mas ele podia sentir os seus
músculos sob as mãos, que ainda estavam descansando em suas coxas. - Oh,
garotas falam sobre essas coisas, você sabe.
- Mesmo? E o que elas dizem?
- Oh, isto e aquilo. Você não gostaria de saber.
Ela empurrou os ombros dele e ele recuou, apenas para ela fechar as
pernas e empurrar as suas saias para baixo, para cobri-las.
- Ah, mas eu gostaria de saber. - Com a ereção ainda grossa em suas
calças, ele se levantou para sentar ao lado dela e colocou a mão em sua cintura. -
Por que você não me conta? - Ele deu um beijo na bochecha dela. - Então posso
lhe dizer as coisas que estavam erradas. E coisas das quais elas nem sabiam.
Ela se afastou dele para olhar pela janela. - Oh, mas certamente estamos
chegando perto de casa. Faz tanto tempo desde que saímos de Londres.
A sua retirada era óbvia demais para confundir, e ele reprimiu o impulso de
pressioná-la e exigir respostas. Essa não era a maneira de lidar com uma mulher
nervosa.
4
Designação do Partido Liberal
55
Peça de William Shakespeare
Edwin ficou contente com a sugestão de Keane de tomar uma bebida, dessa
forma ele poderia por o seu cunhado a par de todos os detalhes da situação de
Durand, incluindo as partes que ele não queria que sua esposa ouvisse.
Mas enquanto se dirigiam ao escritório de Edwin, onde podiam desfrutar de
conhaque e charutos em paz, não foi Durand que ocupou os pensamentos de
Edwin. Foi Clarissa.
O muro entre eles parecia ficar mais intransponível a cada dia. Ela o
afastou com tanta frequência quanto o deixou aproximar-se.
Ele tinha cometido um grande erro ao se casar com ela? Deus, ele esperava
que não. Porque a cada dia que passava, gostava de tê-la cada vez mais como
companheira.
Mas ele não suportava a ideia de uma vida inteira com uma mulher que
não aguentava o seu toque. Que tinha que se esforçar até para partilhar a sua
cama.
Nunca se sentira tão sozinho.
Ele e Keane entraram no escritório. Quando se acomodaram com os
charutos e conhaque, ele expôs os fatos da situação com Durand. A parte mais
difícil foi contar a Keane sobre a espionagem, mas não seria justo deixar a sua
irmã e seu cunhado serem apanhados de surpresa, se Durand fosse em frente
com as suas ameaças e dissesse ao mundo sobre as atividades traiçoeiras do Pai.
Quando ele terminou as suas explicações, Keane parecia pronto para ser
amarrado. - Chantageado por um canalha assim? Como ele ousa?
- Durand não tem vergonha. Ou princípios. Especialmente quando se trata
de ganhar Clarissa.
- Diabos.
- Exatamente o que eu sinto. - Edwin deu um longo suspiro. - Você terá
que decidir se devemos contar a Yvette. Confesso que não tenho ideia do que
fazer a esse respeito.
- Isso iria devastá-la. Quer dizer, ela sempre se sentiu indesejada pelo seu
pai, mas isso…
- Isso explica por que ele nunca esteve por perto. - Isso não explicava
totalmente, mas Edwin não estava prestes a entrar em detalhes sobre o ataque de
sua mãe e as consequências disso. Ele já se arrependia de ter falado tanto com
Clarissa. E não disse tudo.
Quando Clarissa terminou a sua história sobre Durand, Yvette disse uma
praga nada própria de uma senhora. - O conde fez o quê? Aquele diabo! Como ele
pôde? Quer dizer, eu sabia que ele estava louco por você, mas eu não sabia que
ele estava… bem… louco.
- Eu sei. É muito estranho. Eu não posso acreditar que ele continua me
perseguindo assim. Nem Edwin nem eu, conseguimos perceber.
Incerta sobre os segredos de família que Durand estava usando para
obrigar Edwin, Clarissa não tinha a certeza se deveria mencionar a chantagem.
Até agora, ela só disse que Edwin temia que Durand tentasse sequestrá-la e,
assim, se casou com ela para mantê-la segura. Mas fingir com a sua melhor
amiga a deixava desconfortável.
E essa não era a única coisa que a enervava. Elas estavam conversando no
novo quarto de Clarissa, e não no antigo quarto de Yvette, como faziam sempre
antes. E foi Clarissa que chamou os servos para trazerem chá, Clarissa que deu
as ordens para acrescentar dois para o jantar. Parecia estranho interpretar a
dona da casa, na frente da mulher que sempre desempenhou esse papel
anteriormente.
Agora Yvette estava esparramada na cama, enquanto Clarissa percorria a
sala incapaz de ficar parada depois do encontro, esta tarde, com Edwin. Se ela
fosse casada com qualquer outra pessoa, ela poderia ter implorado conselho da
sua amiga sobre os seus problemas conjugais. Mas Yvette estava sujeita a tomar
o lado de seu irmão.
Não que realmente houvesse um lado nessa bagunça. Edwin fizera um
nobre sacrifício e agora sofria por isso. Enquanto isso, Clarissa tinha tropeçado
na coisa que estava evitando, casamento com um homem que iria querer se
Uma semana mais tarde, Clarissa foi para Londres na carruagem com o
marido e se perguntava para onde o tempo tinha ido. Dias de fácil camaradagem
drenaram-se em noites de paixão. Sem pesadelos. Sem medo. Sem lembretes
horríveis do passado.
Bem, ela ainda não podia se deitar debaixo dele sem entrar em pânico, mas
ele não parecia se importar que ela estivesse sempre em cima. Pelo menos ela
esperava que ele não se importasse. Ela certamente chegara a apreciar a maneira
deles de fazerem sexo. Ela gostava de excitá-lo. Fazê-lo perder o controle.
Observá-lo desmoronar debaixo dela. Era maravilhoso. Eles estavam juntos em
todos os aspectos, e ela nunca sonhou que isso poderia acontecer.
E se, por vezes, ela desejava que pudesse tentar fazer amor de outra forma,
ela tirava isso da mente. Porque era melhor fazê-lo da maneira que eles faziam,
do que não o fazer absolutamente. Isso certamente, o mantinha num humor
muito mais agradável do que ele estivera na primeira semana do casamento
deles.
Mas não hoje. Olhando para ele agora, ela podia ver quão afastado dela ele
estava, quão pensativo e deprimido. Felizmente, ela começara a entender que era
a maneira dele de lidar com as coisas que o preocupavam. Ele tinha que se
arrastar ao próprio interior para meditar sobre as coisas de todos os ângulos.
Ainda assim, eles estavam indo para a sua festa de casamento em
Vauxhall, e ela não ia passa-la, com ele parecendo sisudo e sombrio.
- Eu mal posso esperar para a festa. Soa como uma grande diversão, você
não acha?
- De fato. - disse ele, olhando pela janela.
Ela olhou-o de soslaio. Ele não estivera tão otimista sobre os planos da
mamãe quando ela foi para Hertfordshire há três dias para a aprovação final.
Irritada, por não ter conseguido encontrar um balonista, mamãe tinha contratado
uma mulher que andava na corda bamba e um acrobata que fazia truques com
um aro. Depois que Clarissa ficara cansada de inutilmente tentar refrear a sua
mãe, ela divertiu-se catalogando as muitas tentativas de Edwin de restringir o
seu horror, cada vez que mamãe mencionava algum novo excesso.
Assim, ou ele teve uma mudança de coração desde então, ou ele não estava
prestando atenção no que ela estava dizendo agora. Ela decidiu testar sua teoria.
- Mamãe me escreveu ontem para dizer que ela contratou um encantador
de serpentes para a festa, também.
Não era nenhuma surpresa que Clarissa não tenha conseguido dormir,
depois que viu Edwin e Warren sair de casa. Ela tentou, ela realmente tentou,
mas ela não conseguia parar de se preocupar. Ela ficou esperando que eles
retornassem, não tendo mesmo a certeza onde tinham ido, mas pelas 4 da
manhã, ela sabia que estava ficando tarde demais para eles voltarem antes do
duelo começar.
O que provavelmente significava que já estavam a caminho de Green Park.
Malditos sejam os dois.
Levantou-se e vestiu-se, resmungando do seu primo o tempo todo. Ele não
tinha sido capaz de parar o seu marido, o seu amigo? Ela deixou escapar que
amava Edwin na vã esperança de que iria fazê-lo parar, mas claramente nem
mesmo isso poderia ter um impacto sobre o maldito idiota.
Depois de se preocupar um pouco mais, ela decidiu que já era o suficiente.
Ela não ia deixar o seu marido fazer esta coisa louca. Se fosse necessario, ela
ficaria entre ele e o Conde Durand. Porque ela não queria perder Edwin. Ela tinha
perdido o suficiente em sua vida.
Não mais.
Ela desceu as escadas, despertou um servo e depois pediu a sua
carruagem. Ela veio com uma rapidez surpreendente. Foi só depois que ela saiu
para fora da porta, que percebeu que não era a sua carruagem esperando por ela
na parte inferior das escadas. Ela parou, mas antes que pudesse reagir, alguém
deu um passo atrás dela e ela sentiu um objeto duro metido no seu lado.
- Aí está você, minha querida, - disse a voz que ela tinha começado a
detestar. - Eu sabia que você não poderia resistir em ir para o duelo.
Conde Durand. Oh senhor. O seu coração saltou em sua garganta. Maldito,
maldito, maldito. - E eu sabia que você iria trapacear - disse ela, lutando pela
calma. – Então, aparentemente, nos conhecemos bem.
- Melhor do que você pode imaginar. - Quando ela recuperou o fôlego, ele
acrescentou - E eu não gritaria, se fosse você. Eu atiro em você aqui mesmo. -Ele
cutucou-a com o objeto duro para fazer o seu ponto.
- Você sempre foi um valentão. – á medida que ela se atrapalhava, para
libertar a faca no seu pendente da corrente, a sua mente corria. Ela precisava
apanhá-lo desprevenido, ganhar algum tempo até que ela pudesse afastar a
pistola para longe do seu lado, tempo suficiente para esfaqueá-lo. - Você é como o
seu primo, sempre atropelando as mulheres.
Houve um longo silêncio antes que ele murmurou, - Não fale mal de um
homem do qual você não conhece.
Um pouco mais tarde, Clarissa estava sentada na sua sala de estar quando
os serventes surgiram em torno dela. Edwin e Warren, quem tinha derrubado o
cocheiro da carruagem do Conde Durand e o afastou, estavam em profunda
discussão com Lord Fulkham, que tinha acabado de chegar. Lacaios e serventes
corriam de um lado para o outro seguindo ordens que, ocasionalmente, Edwin
latia para eles.
Havia um morto nos degraus, depois de tudo. Tinha que ser tratado.
Tudo o que ela podia fazer era sentar-se lá, quieta, enquanto ouvia a
discussão.
- Eu vou cuidar disso, Blakeborough - Senhor Fulkham estava dizendo. - O
homem estava tentando raptar a sua esposa. No momento em que eu terminar
com o embaixador francês por permitir a Durand rédea livre para atormentar
cidadãos ingleses, eles estarão felizes em manter o assunto quieto. Pode até não
ir a julgamento.
- Mesmo que vá - Warren disse, - os seus servos são testemunhas e temos o
cocheiro de Durand que vai dar testemunho da verdade, se ele souber o que é
bom para ele. Ou Fulkham pode tê-lo acusado como um cúmplice.
Naquele momento, Edwin olhou e viu que ela tinha começado a tremer. O
seu rosto empalideceu. Com algumas palavras para os outros, que imediatamente
saíram da sala, ele veio sentar-se ao lado dela. Ele derramou um pouco de
conhaque da garrafa sobre a mesa ao lado do sofá e pressionou o copo na mão
dela. - Beba-o, querida. Ele vai parar o tremor.
- Você-você está brincando com a bebida novamente - ela debilmente
tentou brincar.
- Estamos casados agora. É permitido.
Fim