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O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries

O Estudo da Sedução
Sabrina Jeffries

(Série Pretendentes Pecadores 02)

Lisi, Celp, Aliel, Isa, Shinigami

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Sinopse

Quando Edwin Barlow, Conde de Blakeborough, concorda em ajudar a


impetuosa protegida do seu melhor amigo, Lady Clarissa Lindsey, ele sabe que
está com problemas. Ele estava procurando alguém para se casar, mas, embora
cativado por sua beleza espirituosa e espírito livre, o cínico taciturno teme que ela
seria errada como esposa…

Clarissa não tem intenção de casar com ninguém. No entanto, quando as


coisas se intensificam com um poderoso diplomata francês que a persegue, ela
aceita a galante oferta de casamento de Edwin. Esperando uma amável união
entre amigos, os seus beijos, cada vez mais tempestuosos, provocam mais do que
ela pensaria e, quando o perseguidor de Clarissa promete expor os seus segredos
mais profundos, o tênue vínculo dos amantes é testado. Podem eles suportar a
ruína pública, ou Edwin arriscará tudo o que é importante para ele, para proteger
a sua noiva?

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Agradecimentos

Um grande agradecimento à educadora sexual Dra. Emily Nagoski, cuja


contribuição sobre os meus personagens e informações sobre o tema da
sexualidade feminina foi inestimável. Qualquer erro no livro é meu.

Para o meu marido, Rene, que é tão parecido com Edwin quanto um homem
pode ser, mas sem as habilidades de matemática / engenharia.

E para Becky Timblin e Kim Ham, cujo apoio, apesar dos seus muitos
desafios este ano, significou o mundo para mim. Vocês são as melhores!

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Um

Londres
Abril de 1830
- Você perdeu completamente a cabeça.
Quando todos os membros da sala de leitura do St. George's Club se
voltaram para olhar para Edwin Barlow, Conde de Blakeborough, este percebeu o
quão alto falou.
O lugar estava mais cheio do que o habitual, agora que todos estavam de
volta a Londres e a noite estava caíndo. Os cavalheiros queriam algumas bebidas
antes de mergulharem no turbilhão que era a Temporada.
Com um olhar de aviso, que mandou os curiosos espectadores, se
preocuparem com os seus próprios assuntos, Edwin voltou a sua atenção para
Warren Corry, Marquês de Knightford.
- Esse seu plano não pode funcionar.
- Claro que pode.
Warren era o amigo mais próximo de Edwin. Realmente, o seu único amigo,
além do novo marido de sua irmã, Jeremy Keane. Edwin não fazia amigos com
facilidade, provavelmente porque ele não tinha paciência para tolos. E a
sociedade estava cheia de tolos.
Foi precisamente por isso que Edwin, Keane e Warren tinham começado
este clube, para que pudessem separar os tolos dos bons homens. Então eles
poderiam proteger as mulheres de suas vidas de caçadores de fortunas,
jogadores, libertinos e todas as outras variedades de canalhas de Londres.
Em questão de meses, o clube tinha crescido de três para trinta membros,
todos bons homens ansiosos para compartilhar informações, sobre as quais, os
seus pares não podiam confiar com mulheres. Até agora, Edwin não tinha
percebido que as relações femininas de tantos cavalheiros precisavam proteger-se
de tentativas astutas e não tão astutas sobre as suas virtudes… e fortunas.
Warren, claramente, estava levando a missão muito a sério. Talvez
demasiado a sério.
- Clarissa nunca concordará - disse Edwin.
- Ela não tem escolha.
Edwin estreitou o seu olhar em Warren. - Você realmente acredita que pode
convencer a sua prima de língua afiada, a deixar-me escoltá-la pela cidade
durante a Temporada?

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- Somente até eu voltar. E por que não? - Warren disse, embora tomasse
um longo gole de conhaque, como para se fortificar para a luta. - Não é como se
ela o odiasse.
- Não realmente - Edwin disse sarcasticamente. - Ela apenas desafia todas
as minhas observações, ignora o meu conselho e belisca o meu nariz
incessantemente. Na última vez que a vi, ela me chamou de Urso de
Blakeborough e disse que eu pertencia à casa de feras da Torre de Londres, onde
as pessoas comuns podiam se poupar dos meus grunhidos.
Warren começou a rir. Quando Edwin levantou uma sobrancelha para ele,
a risada de Warren transformou-se numa tosse. – Desculpe meu velho. Mas você
tem que admitir que isso é engraçado.
- Não tão divertido quanto será assistir você tentar convencê-la disto -,
disse Edwin enquanto se acomodava em sua cadeira.
Em vez de fazer Warren parar, isso fez com que o maldito idiota
perguntasse: - Isso significa que você vai fazer isso?
- O ponto é discutível. Ela não vai concordar.
- Não tenha muita certeza. Você não deve levar as suas brincadeiras como
mais do que a sua usual malícia. Você deixa os seus exageros lhe incomodar, o
que apenas faz com que ela te incomode mais. Você deve simplesmente ignorá-la
quando ela começar com as suas bobagens.
Ignorar Clarissa? Impossível. Ele passou os últimos anos tentando, sem
sucesso, revelar o mistério que era Lady Clarissa Lindsey. Sua inteligência
incisiva estimulou o seu temperamento, o sorriso provocador o inflamou, e os
seus olhos sombreados perseguiram-no em seu sono. Ele não podia ignorá-la
mais do que poderia ignorar um pôr-do-sol com arco-íris… ou uma tempestade
selvagem.
Por três meses, ela esteve isolada no alojamento de caça de Warren, Hatton
Hall, e Edwin sentiu cada segundo da sua ausência. Por isso que, a ideia de
passar tempo com ela, fez o seu sangue correr.
Não com antecipação. Certamente não. Não poderia ser.
- O que você diz, meu velho? - Warren segurou o olhar de Edwin. - Eu
preciso de você. Ela precisa de você.
Edwin ignorou o pulo em seu pulso. Clarissa não precisava de ninguém,
muito menos dele. Graças à fortuna que lhe foi deixada por seu falecido pai, o
Conde de Margrave, ela não teve que se casar por amor ou por qualquer outra
coisa. Aparentemente, a mulher tinha uma ideia tola de que estava melhor sem
marido, já que recusou dúzias de propostas de casamento desde a sua
apresentação, anos atrás.

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Mas não era a sua fortuna que fazia os homens tropeçarem em si mesmos
tentando chamar a sua atenção. Era sua sagacidade rápida e personalidade
efervescente, a sua habilidade de atrair um homem e afastá-lo ao mesmo tempo.
Era a sua surpreendente beleza. Ela era a querida da sociedade de cabelos claros,
olhos verdes e pele de porcelana, e certamente, ela sabia disso.
Por isso é que ele preferia, apreciar a perspetiva de ver Warren tentar
convencê-la de que ela deveria andar pela cidade com um homem taciturno, como
ele. - Supondo que ela e eu concordamos com essa insanidade, por quanto tempo
eu a teria nas mãos?
- Não deve ser mais de um mês. Apenas o tempo que demorar para eu lidar
com seu irmão em Portugal. Não posso deixar Niall encalhado no continente com
toda a agitação que existe por lá.
- Eu suponho que ela já saiba porque você está indo.
- Na verdade não. Ela ainda não sabe da carta dele, que estava esperando
por mim, quando chegamos de Shropshire para a Temporada. Eu queria ter
certeza de que você concordaria em manter um olho nela antes de lhe contar.
Mas, uma vez que ela descobrir que isso envolve Niall, ela vai querer que eu faça
essa viagem e perceberá que não a farei, a menos que eu tenha certeza de que ela
está segura.
- Deste sujeito Durand. - Afinal, havia uma razão para essa charada que
Warren estava propondo.
O maxilar de Warren endureceu. - Conde Geraud Durand, sim.
Colocando-se de volta na cadeira, Edwin tamborilou os dedos na coxa. - Se
eu for fazer isto, é melhor você me contar tudo o que você sabe sobre esse
francês.
- Você não o conheceu?
Edwin levantou uma sobrancelha.
- Oh, certo. Não faz parte do seu círculo de influência. Mas certamente você
já ouviu falar dele.
- Ele é o lacaio do embaixador francês.
- Se ele fosse um lacaio, não seria um problema. Ele é o primeiro secretário
do homem. E, porque o embaixador teve que retornar à França logo após o Natal,
Durand agora administra a embaixada como responsável de negócios. A posição
lhe confere uma grande força.
- Então, o que diabos ele quer com Clarissa?
- Uma esposa. Ele pediu que ela se casasse com ele em Bath há alguns
meses atrás.

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Isso surpreendeu Edwin. Warren tinha inicialmente descrito Durand como
um admirador que a assediava.
Não que Edwin se surpreendesse com a vontade de alguém ter Clarissa
como distração. A maioria dos homens tinha. Mas os homens no campo da
diplomacia, geralmente preferiam esposas que eram… bem… não inclinadas a
falar sobre o que lhes passava na cabeça e a flertar escandalosamente.
- Ela o recusou, - Warren continuou. - Por isso que tivemos que voltar para
Londres. Infelizmente, ele nos seguiu até aqui. Ele parece ter feito sua missão
conquistá-la, não importa como. Ele esteve em todos os eventos públicos em que
assistimos. Duas vezes, ele tentou abordá-la na rua.
- Abordá-la? Essas palavras são suas ou de Clarissa? Porque, mesmo você
diz, que ela é propensa ao exagero.
- Isso não foi um exagero. - Seus lábios se diluíram numa linha sombria. -
O bastardo a assustou o suficiente para que ela começasse a evitar sair em
público, e você sabe que ela não é assim. Então, depois de passar o Natal com o
seu cunhado, levei rapidamente ela e a mãe para Shropshire, onde eu sabia que
ele não ousaria nos seguir, já que, naquela época, ele tinha que servir como chefe
de negócios aqui. Eu esperava que a nossa ausência lhe desse tempo para esfriar
o seu ardor.
-E esfriou?
- Eu não sei. Nós acabamos de voltar, então não é como se eu tivesse tido
tempo para avaliar a situação. Mas não me arrisco. Ela tem que ser protegida
enquanto eu estou tentando resolver os problemas do seu irmão.
Edwin lançou-lhe um olhar avaliador. - Você não quer trazer Niall de volta
para a Inglaterra, pois não? Eles vão prendê-lo por assassinato assim que ele
pisar em chão inglês.
- Eu sei. Maldito idiota, lutando num duelo por causa de uma mulher. Ele
deveria ter sabido melhor. - A frustração franziu a fronte de Warren. - Para ser
sincero, não tenho ideia do que fazer com ele. Mas devo fazer algo. Ele não pode
continuar no exterior como está, indefinidamente. E não consigo continuar a gerir
as minhas propriedades e as dele, mesmo com a ajuda de Clarissa.
Edwin bufou. - Clarissa ajuda?
- Ela é mais do que aparenta.
Ah, mas Edwin percebeu isso. Bem, ele não esperaria que ela tivesse
alguma habilidade na gestão de imóveis, mas, apesar dos seus modos ultrajantes,
ele, às vezes, vislumbrava uma seriedade nela que o lembrava da dele.

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Ou, talvez, ela simplesmente tivesse ataques periódicos de dispepsia 1.
Difícil de saber com Clarissa. Ela era inteiramente imprevisível. Era por isso que
ela sempre o tirava do sério.
Warren acenou para um criado e ordenou outro conhaque. - Honestamente,
acompanhá-la não será tão terrível como você pensa. Você não precisa sair em
sociedade nesta Temporada de qualquer maneira? Você não está pensando em se
casar?
- Sim. - Ele estava empenhado em gerar um herdeiro, de qualquer maneira,
o que exigia o casamento com alguém. Embora, só Deus soubesse quem poderia
ser.
- Vês? Está perfeito. Você tem que ir ao mercado de casamento. Clarissa
quer apreciar a Temporada e eu quero que ela encontre um marido. É uma
situação ideal.
- Se você diz isso. - Como ele conseguiria cortejar, com sucesso, alguém
com Clarissa presa a ele seria algo a descobrir, mas supôs que isso poderia
melhorar a sua severa reputação, se ele tivesse uma mulher divertida no braço,
nos usuais bailes. Supondo que ela concordasse em pegar o braço dele. Isso não
era certo com Clarissa.
- Você ainda estava se recuperando da perda de Jane na Temporada
passada, então esta será a sua primeira real tentativa de garantir uma esposa
desde que Jane o deixou. Você tem em mente alguma senhora em particular?
- Não. Eu sei o que quero. Mas só Deus sabe, se eu posso encontrar uma
quem, que tenha isso. Não fiz uma pesquisa séria, porque eu tinha as minhas
mãos cheias com Samuel e Yvette. E então houve o começo falso com Jane. -
Edwin suspirou. - Mas eu suponho que devo começar a ver.
- E quais são seus requisitos para uma esposa? Além de, suponho, que
esteja em idade de reprodução.
Irritado com a perceção astuta de Knightford, de que este esforço era para
encontrar uma mulher que carregasse o seu herdeiro, Edwin olhou pela janela
que estava virada para o Pall Mall. - Eu preferiria uma mulher responsável e sem
complicações.
- Como sua mãe, você quer dizer.
Ele não respondeu, preferindo não mentir. Sua mãe não tinha sido
remotamente descomplicada, mas ninguém sabia disso, exceto Edwin e o seu
irmão Samuel. Nem mesmo a sua irmã Yvette estava ciente de quão complicada
sua mãe tinha sido… e o que a fez assim. Edwin tinha trabalhado muito para
poupar Yvette desse terrível conhecimento.
- Eu quero uma mulher calma e sensata - Edwin continuou.

1
Dificuldades na digestão

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- Em outras palavras, alguém que você possa manter sob o seu controle.
Da mesma maneira como o seu pai manteve a sua mãe sob o controle dele.
Uma onda de memórias dolorosas fez que o ácido queimasse em sua
garganta. – Meu pai não a manteve sob controle; ele a ignorou. - Por razões que
Edwin desafortunadamente sabia e teve dificuldade em aceitar. - Eu nunca farei
isso com a minha esposa.
- Você vai, se ela for tão aborrecida como o que você descreve. - Warren
recostou-se na cadeira. - Quando eu estiver procurando uma esposa, quero uma
rapariga animada que me manterá bem entretido. - Ele piscou. - Se você sabe o
que quero dizer.
Edwin revirou os olhos. - Lembre-me novamente porque pedimos que você
se juntasse ao St. George's? Você é tão ruim quanto os homens, dos quais
estamos protegendo as nossas mulheres.
- Ah, mas eu não procuro inocentes. Qualquer mulher que se deitou na
minha cama foi por sua própria vontade. E atrevo-me a dizer, que é a verdade
para um grande número de companheiros aqui.
Provavelmente era. Mesmo Edwin teve uma amante aos vinte anos, quando
a agitação dentro de sua família o manteve muito ocupado para procurar uma
esposa e a sua solidão cresceu demais para aguentar. Isso, no entanto, não foi
muito satisfatório. Sabendo que uma mulher estava com você apenas pelo seu
status e dinheiro, era de alguma forma mais solitário do que não ter uma mulher
de todo.
Embora com Yvette casada e fora de casa, ele começava a sentir as
desvantagens de uma vida solitária. Então, mais uma vez, ele estava procurando
uma esposa, sempre uma experiência estranha. As mulheres esperavam que um
homem falasse em estar apaixonado, e ele simplesmente não podia. O amor era
uma construção fictícia sonhada por romancistas. O casamento dos pais provou
isso.
Mas não era sábio contar a uma mulher a sua filosofia. Infelizmente, nem
ele poderia mentir sobre isso. Ele não era como seu miserável irmão, que
atualmente, estava cumprindo uma pena de extradição por sequestro. Edwin não
conseguia ter uma conversa fácil ou esconder uma opinião sob um elogio fácil.
Infelizmente, a maioria das mulheres parecia preferir elogios fáceis às
verdades frustrantes. Aliás, alguns homens também eram assim.
Por isso, a sua falta de amigos e a sua dificuldade em encontrar uma
esposa adequada. - Quando você abordará isso com Clarissa?
Warren olhou para o relógio de bolso. - No jantar, que será em… oh… meia
hora. Eu estava esperando que você viesse.
- Agora?

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- Por que não? Mais vale acabar logo com isso, hein? E eu vou para
Portugal pela manhã.
Diabos. Edwin teria gostado de mais tempo para se preparar. Ele não era
do tipo espontâneo. - Planejando que juntemos forças contra ela, não é?
- Essa não era minha intenção inicialmente. - Warren engoliu um pouco de
conhaque. - Quando saímos de Hatton Hall para Londres, esperava que Yvette e
Keane já tivessem retornado da América, e eles simplesmente poderiam aceitá-la
debaixo da sua asa. Yvette pode convencer Clarissa de quase qualquer coisa.
Edwin sorriu. Sua irmã poderia convencer qualquer um a fazer qualquer
coisa, até ele.
- Mas eu acho que eles ainda estão no exterior. - disse Warren.
- Pode demorar mais algumas semanas antes de eles retornarem. Lamento.
- Bem, é inevitável. Pelo menos a minha tia estará lá para ajudar a
persuadi-la.
Edwin suprimiu um resmungo. Lady Margrave, mãe de Clarissa, era uma
mulher volúvel que raramente oferecia bons conselhos, então raramente Clarissa
a ouvia. Ele duvidava que desta vez fosse diferente.
Warren examinou a sala de estar. - Você sabe, este lugar acabou sendo
bastante aconchegante. Não é um cenário tão sofisticado como em alguns clubes,
mas é confortável. Você e Keane devem estar satisfeitos com vocês mesmos. Entre
o olho artístico de Keane e sua engenhosidade mecânica, o lugar nem parece
mais uma taberna.
- Tivemos muita ajuda, com os aspetos práticos da decoração, de Yvette e
da sua sogra.
- Isso explica os toques femininos, - disse Warren, - que são refrescantes.
Quero dizer, as madeiras escuras e o couro dão uma sensação masculina
agradável, mas também há algo a ser dito sobre cortinas decentes. As do White
são funerárias.
- Estou feliz que você aprove.
O olhar de Warren voltou para ele. - Desculpe, não pude estar por perto
para ajudar. E tenho que fugir novamente. - Ele corou. - Então, você está vindo
ou não?
As palavras casuais foram desmentidas pela expressão firme de Warren.
Ambos sabiam que Edwin ainda não tinha concordado com o plano. E
porque não? Porque o pensamento de passar semanas na companhia de Clarissa
colocava-o no limite, como nada mais poderia.
Mas não importava. Warren era o seu amigo e não hesitaria em ajudar se a
situação fosse ao contrário. Assim como Edwin.

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Ele levantou-se. - Estou indo.
Assim que a porta do quarto de Clarissa se fechou, atrás do criado que
tinha deixado uma mensagem para sua mãe, a idosa viúva se virou para a filha
em pânico. - Eu não posso acreditar que o seu primo fez isso! - Ela se inclinou
pesadamente sobre sua bengala. - Warren sabe bem, sobre convidar um solteiro
elegível para o jantar sem aviso prévio. O que ele estava pensando?
Clarissa ergueu uma sobrancelha para o reflexo de sua mãe no espelho. -
Ele estava pensando que é só Edwin, a quem conhecemos há muito tempo. E que
já veio jantar antes.
- Eu não sei se a torta de pombo é bastante adequada para os hóspedes -
disse a Mama, como se Clarissa não tivesse falado. - Oh, meu Deus, e estamos
sem vinho Madeira! Edwin ama o seu Madeira, você sabe.
- Mama-
- E as cebolas em vinagre estavam inteiramente azedas na última vez que
as comemos. Eu estava esperando usá-las esta noite, mas se Edwin estiver
chegando ...
- Mama, acalme-se! Não é como se estivéssemos esperando o Czar da
Rússia. Ela sorriu para o espelho. - Embora Edwin daria um bom czar. Tudo o
que ele teria que fazer é ser o autocrático e ditatorial de costume.
Felizmente, essa observação parou a irritação da sua mãe. - E ele também
pareceria um, não? Todo esse cabelo preto e aquela mandíbula cinzelada.
E os ombros largos, o porte real e os olhos cinza-ardósia tão frios quanto
uma noite russa iluminada por estrelas.
Clarissa franziu o cenho para si mesma. Ela devia estar confusa, para
pensar em Edwin tão poeticamente. Embora ele fosse pecaminosamente atraente.
Numa forma altiva. E ela não o via há séculos. A ausência faz o coração crescer
mais afeiçoado, e tudo isso.
- Por que, quase posso imaginar ele numa capa de arminho e com um
desses chapéus altos e peludos - disse Mama.
Clarissa riu. - Edwin só usaria uma coisa tão pretensiosa para uma
coroação, e só porque precisava.
Sua maneira de vestir era sempre correta, mas terrivelmente sóbria.
Ao contrário da dela. Ela examinou o vestido no espelho e sorriu. Edwin
provavelmente examinaria severamente essa confeção de seda e laços em
lavanda. Em segredo, também não era o seu favorito, um pouco espalhafatoso
para o seu gosto, mas esperava jantar com Warren e Mama, e acabara por vestir
a primeira coisa que encontrou em seu armário.

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Ah bem. Sem tempo para mudar, e além disso, ela nunca mudaria o seu
vestido para ele. Deixa Edwin dar-lhe um dos seus olhares impiedosamente
críticos; ela não ficaria intimidada.
Na verdade, era apenas a força do hábito que a fazia apertar as suas
bochechas até que brilhassem bem rosa. Não era porque queria parecer bonita
para Edwin. Na verdade, não.
- Você sabe, minha menina, - disse Mama, - se você fosse um pouco mais
agradável com aquele homem, você provavelmente poderia tê-lo envolvido em seu
dedo em questão de semanas.
- Oh, eu duvido disso. Edwin é muito inflexível para ser envolvido em
qualquer coisa. O que é uma pena. - Clarissa adoraria ver a mulher que poderia
conseguir isso.
Mas não seria ela. Edwin, de todas as pessoas, nunca a aceitaria como era,
especialmente quando conhecia a totalidade dos seus erros juvenis. E a sua fuga
apertada das atenções obsessivas do Conde Durand alguns meses atrás, apenas
a fazia mais determinada para evitar curvar-se às exigências de qualquer homem,
sobre como uma esposa deveria ser.
Você nunca pode escapar de mim, minha querida Clarissa.
Um estremecimento a varreu quando ela empurrou as últimas palavras do
conde para o fundo de sua mente. Elas eram apenas o tipo de disparate que os
homens pensavam que as mulheres queriam ouvir. Mas, que ela soubesse, ele
não a tinha perseguido. Ele não estava vagando pela rua, á beira da casa da
cidade de Warren, logo que chegaram. Sem dúvida, ele avançou para outra
mulher bonita.
E se ele não tivesse?
Então, ela seria mais firme em sua recusa desta vez. Anos atrás, ela
permitiu que um homem a intimidasse, e isso tinha destruído a sua vida.
Nunca mais.
Colando um sorriso brilhante em seus lábios, ela girou para encarar sua
mãe. - Vamos descer?
- Ainda não, meu anjo. O servo disse que os cavalheiros já estão aqui, então
devemos mantê-los à espera. Você nunca deve deixar que um homem tenha
muita certeza de você.
-É Edwin, mamãe, - ela disse com força. - Ele tem a certeza de tudo e de
todos, não importa o que eu faça. - Com seu habitual sorriso persuasivo, ela
ofereceu o braço à mãe. Mamãe tinha quebrado seu quadril no início dos seus
quarenta e não tinha ficado bem, então descer escadas era difícil para ela. -
Venha agora, eu sei que você esta desejando um copo de vinho. Eu certamente
estou.

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- Oh, tudo bem. - Inclinando-se no braço de Clarissa, Mama deixou-se levar
até à porta. - Mas você deve prometer dar-lhe um elogio primeiro. Homens gostam
disso.
- Certo, - disse Clarissa sem compromisso.
- E não o contradigas o tempo todo. Os homens desprezam as mulheres
rebeldes.
- Uh-huh.
- E não jorre as suas piadas incessantemente. É coisa de homem. Para não
mencionar…
Enquanto elas passavam lentamente pela escada, Clarissa deixou a sua
mãe falar, apenas meio ouvindo a recitação habitual de pequenos truques
projetados para pescar um homem e fisga-lo. Aquelas poderiam ter permitido que
sua mãe apanhasse um conde, mas elas eram uma decepção para Clarissa.
Se um homem não pudesse gostar dela como ela era, qual era o ponto?
Clarissa escondia, com dificuldade, as suas verdadeiras opiniões de Mama. Como
ela deveria fazer isso com um marido?
Não que ela pretendesse ter um marido. Claro, ela não se importaria de ter
filhos, mas isso exigia levar um homem para a sua cama - e o próprio
pensamento fez com que as suas mãos suassem e a sua garganta fechasse.
Não. O casamento não era para ela.
- … e não se esqueça de guardar a maior fatia de bolo para Edwin, - disse
Mama quando chegaram ao fundo da escada.
- Absurdo. Não estou guardando nada para Edwin.
- Isso é justo, - disse Edwin de algum lugar na sombra à direita da escada.
- Eu também não estou guardando nada para você.
Lutando para esconder a sua surpresa, ela parou quando ele entrou na luz.
- Edwin! - Gritou Mama. - Meu querido menino! - Ela estendeu a sua mão.
Obedientemente, ele se aproximou para pegá-la. - Você está bem, Lady
Margrave. - Ele se inclinou para beijar a bochecha de Mama.
Nenhum beijo para Clarissa, é claro. Ele era muito cavalheiro para isso.
- Você está muito bem também, - mamãe chilreou, quando recuou para
avaliá-lo.
E Senhor, ele estava, em sua capa de lã azul escuro e o seu colete e calças
de popeline branco liso. Mesmo a sua gravata estava amarrada de forma simples,
o que só acentuava as linhas masculinas da sua mandíbula e os planos afiados
de seus traços, tão destacadamente atraentes.

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Como ele conseguiu ficar ainda mais atrativo em apenas três meses? E por
que diabos ela estava olhando para ele? Era Edwin, pelo amor de Deus. Ele se
sentiria ainda mais importante, se soubesse o que ela estava pensando.
Em vez disso, ela provocou-o. - Não me diga, você estava tão impaciente
para nós descermos, que você tem andado pelo vestíbulo em antecipação.
A ideia era absurda, é claro. Impaciente nem sequer estava no vocabulário
de Edwin. Se alguma vez um homem acreditou que lento e constante ganhava a
corrida, era ele.
E ele reconheceu claramente a ironia, pois lhe mostrou um dos seus raros
sorrisos. - Na verdade, eu estava pegando isto na biblioteca. Warren me disse que
já o terminou. - Seus olhos brilhavam na luz da lâmpada enquanto ele estendia
um livro. - Claro, se você quiser lê-lo…
- Duvido, - disse ela. - Qualquer livro que você emprestou para ele deve ser
mortalmente maçante.
- Você quer dizer, porque falta o galante salteador que resgata damas
virtuosas.
- Ou damas virtuosas que resgatam salteadores galantes. Qualquer um
seria preferível a um dos seus temas secos sobre… o quê? Xadrez? Engenharia?
Filosofia do tipo mais chato?
- Clarissa - Mama repreendeu.
Mas Edwin apenas riu, como ela esperava que ele fizesse. Ela ficava muito
orgulhosa do fato de que, ela, às vezes, poderia fazê-lo rir. Nenhuma outra
mulher parecia capaz. Nenhuma outra mulher ousou tentar.
- Engenharia mecânica - disse ele. - Como você adivinhou?
- Porque eu conheço você muito bem, senhor.
Ele ficou sério, o seu olhar se tornando estranhamente intenso mesmo para
ele. - Você? Eu não tenho tanta certeza.
As palavras flutuaram no ar por um momento em silêncio congelado, antes
que isso fosse destruído pela aproximação do seu primo.
- Encontrei outro livro que você poderá apreciar, meu velho - disse Warren
enquanto se inclinava para beijar primeiro sua tia e depois Clarissa. - É sobre
autômatos.
Ela revirou os olhos quando Warren o entregou para Edwin. Claro, um
grande interesse surgiu no rosto de Edwin no momento em que ele viu a capa. O
conde realmente amava os seus autômatos, até ao ponto em que ele mesmo fez o
seu, embora Clarissa nunca tenha sido considerada digna o suficiente para
realmente ver um.
- Parece intrigante, obrigado. Eu devolvo-o para você assim que terminar.

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- Sem pressa. - Warren lançou-lhe um olhar velado. - Como você sabe, não
precisarei disso em breve.
O que é que foi isso?
Antes que ela pudesse refletir, Warren ofereceu a Mama o seu braço. -
Venha, tia, vamos te sentar enquanto bebemos o nosso vinho antes do jantar.
Não quero sobrecarregar o seu quadril demais.
- Obrigado, meu rapaz - ela arrulhou, e deixou-o levá-la para a sala de café
da manhã. – Você é sempre tão atencioso! Mas realmente, você sempre foi um
querido. Por que me lembro quando…
Enquanto Mama tagarelava, Edwin foi deixado, para vir atrás com Clarissa.
- Então, - ele murmurou, - exatamente o quê, você estava se recusando a
guardar para mim?
Levou um momento, para ela se lembrar, que ele a tinha ouvido antes. – A
fatia de bolo maior.
- Eu não gosto de bolo.
- Eu sei. É por isso que não estou desperdiçando isso com você. Você não o
vai apreciar e, provavelmente, comerá apenas para ser educado.
Ele olhou seriamente para ela. – Talvez eu o dê a você antes.
- Eu duvido disso, mas nunca saberemos, pois não? - Ela disse levemente.
– De qualquer maneira, estou guardando isso para mim mesma.
- Assim ouvi dizer.
- Porque você estava espiando. - A malícia a agarrou. - Quão rude de você.
Á medida que entravam na sala do café da manhã, ele encolheu os ombros.
- Se você não quer que as pessoas ouçam os seus pronunciamentos, você não
devia falar no volume de um trabalhador portuário.
Mamãe fez uma pausa enquanto se acomodava no sofá. - Um trabalhador
portuário! Que vergonha, Edwin, que coisa para se dizer a uma senhora! Você
não tem bons cumprimentos para oferecer?
Quando ele pareceu pouco arrependido, Clarissa disse: - Se Edwin
soubesse como cumprimentar as damas, Mama, ele seria muito popular na
sociedade para se contentar em jantar com pessoas simples como nós.
- Não há contentar envolvido, asseguro-lhe - disse ele com irritação.
Ela estava felicitando-se por atingir a sua fria reserva novamente, quando
Warren entrou. – Comporta-te bem prima. Nós precisamos dele.
- Para o quê? - Perguntou Clarissa.

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Em vez de responder, Warren gesticulou para o sofá. - É melhor você se
sentar. Tenho algo a dizer, a você e a sua mãe.

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Dois
Algum tempo depois, Edwin via como Clarissa exigia respostas a seu primo.
- E esta carta de Niall solicitando a sua ajuda, estava aqui apenas esperando
você? Durante quanto tempo?
- Apenas alguns dias - disse Warren.
- Eles deveriam ter enviado isso!
- Então nós a teríamos perdido. Já estávamos a caminho daqui.
- E por que ele enviou para você, e não para nós?
- Porque ele queria manter você e sua mãe fora disto se ele pudesse.
Lady Margrave deu um grito áspero. – Que o céu nos ajude! O meu pobre
menino está em perigo, eu sinto isso! Ou ele perdeu no jogo todos os seus fundos!
- Tenho certeza de que não é nada disso - Warren disse com os dentes
cerrados.
- E Niall nunca seria tão tolo para perder tudo nas mesas - disse Clarissa
com tristeza.
- Ele poderia ter se juntado a más influências em Portugal! Protestou Lady
Margrave. - Quero dizer, se ele foi tolo o suficiente, para entrar num duelo por
causa de uma qualquer, todos aqueles anos atrás
- Mama! - Disse Clarissa, com um olhar furtivo para Edwin. - É o
suficiente.
- Não é como se o mundo inteiro não soubesse como o seu irmão acabou no
exílio - disse Edwin. – Malditos jovens e os seus duelos. Foi a desgraça de metade
das famílias na Inglaterra.
Um rubor de embaraço coloriu as bochechas de Clarissa. Pelo menos, ele
assumiu que era um embaraço. O que mais poderia ser?
Endurecendo, ela se virou para Warren. - Quando vamos partir?
- Nós não estamos partindo, - disse Warren com uma careta. - Você e sua
mãe ficam aqui, enquanto eu vou para Portugal.
- Mama pode ficar, mas por que eu não posso ir com você? Eu posso
ajudar.
Warren observou sua pergunta. - Fazer o quê? Nem eu sei o que eu vou
enfrentar. A mensagem de Niall foi enigmática, e as suas circunstâncias não
estavam claras. Tudo o que sei é que ele precisa que eu o ajude a sair de um
lugar. Não estou arrastando você comigo, quando não tenho certeza do que
esperar.

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- Você não pode ir, minha querida - gritou lady Margrave. - Você pode ser
capturada por piratas! Eles vagueiam por esses mares, você sabe.
- Vá lá, mamãe, a probabilidade de eu ser cap...
- Oh, querida, querida, não. Você não deve ir. Apenas pense o que pode
acontecer com você! - Apertando o peito, Lady Margrave procurou numa caixa de
joias sobre uma mesa ao lado do sofá. - Eu preciso dos meus sais. Onde estão os
meus sais?
Sem dizer uma palavra, Clarissa chamou um criado, depois caminhou e
puxou um frasco para fora da caixa. – Pronto, pronto mamãe - Com uma
paciência surpreendente, ela se ajoelhou para acenar o frasco sob o nariz da mãe
e, em seguida, pediu que ela se deitasse no sofá. - Apenas descanse um
momento, enquanto eu tenho uma palavra com Warren, está bem?
A criada da senhora se apressou naquele momento, e Clarissa disse: -
Mama está se sentindo fraca. Por favor, sente-se com ela. Sua senhoria e eu
voltamos já.
Ela se dirigiu para a porta que unia á biblioteca, e Warren a seguiu. Edwin
hesitou, mas pareceu certo que ele se juntasse a eles, já que era suposto fazer
parte do plano de Warren.
E ela, quase não pareceu notar a presença de Edwin, com a intenção de
repreender Warren. - Isso é loucura! Não posso acreditar que você quer ir sem
mim! Se Niall estiver com problemas -
- Não há nada que você possa fazer sobre isso, - disse Warren. - Você fica
aqui, e ponto final.
Balbuciando maldições, ela perambulou pela biblioteca como uma leoa
enjaulada. Mechas do seu cabelo estavam escapando dos seus pinos, as suas
bochechas estavam coradas e os seus passos eram tão rápidos que lhe deram
vislumbres do seu tornozelo. Deus, mas ela era gloriosa com o seu
temperamento.
Edwin nunca a tinha visto furiosa. Zangada, sim. Sarcástica, oh sim.
Mas em uma fúria? Nunca. E agora que estava presenciando isso, ele
achou fascinante. Considerando que, geralmente, odiava lidar com mulheres
emocionais, isso o surpreendeu.
Ela rodeou Warren. - Então, você vai nos deixar aqui, doentes de
preocupação por você e Niall, pelo próximo mês ou mais.
Edwin não conseguiu suprimir um resmungo. Agora ela rodeava a ele.
Droga.
- Você tem algo a dizer, Lord Blakeborough?

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A formalidade de suas palavras deveria tê-lo feito parar. Não fizeram. -
Warren e Niall são homens adultos. Eles podem cuidar de si mesmos, e
provavelmente o farão melhor sem você atrás.
Plantando as mãos nos quadris, estreitou os olhos para ele. - Fique fora
disto. Isto não diz respeito a você.
- Na verdade, diz - Warren interrompeu. - Enquanto eu estiver fora, Edwin
vai acompanhá-la e à sua mãe, a quaisquer compromissos sociais que você
desejar participar.
As emoções que brincavam sobre o seu rosto eram intrigantes. Surpresa,
depois confusão... então, mais daquela fúria incrível que deu essa cor atraente às
suas bochechas. Edwin não conseguiu parar de olhar. O corado era abrangente?
Estendeu-se sob a sua roupa?
Deus, ele devia parar de pensar no que estava debaixo da sua roupa.
- Por que Edwin precisaria fazer isso? - Ela perguntou.
- Para protegê-la de Durand - disse Edwin sem rodeios.
Por um segundo, ela empalideceu. Ou talvez ele tivesse imaginado, quase
instantaneamente ela disparou: - Isso vai além do ridículo.
Os olhos escuros de Warren brilharam. – É? - Ele marchou até ela. - Desde
que você recusou a proposta do homem, ele a perseguiu a cada momento. Você
ficou com medo dele, depois da última vez que ele apareceu, implorou-me para
levar você e sua mãe para Hatton Hall para o resto do inverno.
Se Edwin não a estivesse observando de perto, ele não teria visto o seu
trago convulsivo. E aquele pequeno movimento, fez um nó nas suas entranhas.
Porque aquilo era outra coisa que ele nunca tinha visto… Clarissa com medo.
Isso o incomodou mais do que ele esperava.
Isso também o fez questionar, a sua suposição, de que ela poderia estar
exagerando a situação.
Ela se levantou. - Isso foi há meses. - Sua voz apertou ligeiramente. -
Certamente, o Conde Durand já superou esse absurdo.
- Ou sua ausência o deixou ainda mais obcecado -, disse Warren. - Não
posso arriscar que seja a última. A menos que, você queira voltar para Shropshire

- Absolutamente não! - Clarissa ajustou os seus ombros firmemente. - Eu
não vou perder a Temporada por causa disso… aquele homem ridículo. De
qualquer maneira, ele provavelmente só me queria pela minha fortuna, como o
resto deles.
- Eu não penso assim - disse Warren. - Durand vem de uma longa linha de
ricos aristocratas franceses. Sua família fugiu da revolução para a Inglaterra,

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cedo o suficiente para manter a maior parte dos seus bens e, uma vez que eles
voltaram para a França após a guerra, conseguiram se insinuar nos círculos
reais.
- Então o francês passou algum tempo na Inglaterra antes de ser colocado
aqui? - Perguntou Edwin.
- Ele nasceu em Sussex - disse Clarissa devagar. - E cresceu lá, também,
até que a sua família regressou.
- Ele é assim tão jovem?
- É da sua idade, sim.
Hmm. - Então, não é um velho devasso à procura de uma jovem noiva para
gerar os seus filhos.
- Dificilmente - disse Warren. - E se recusou a aceitar um não como
resposta.
- Por que terá sido, senão pela fortuna de Clarissa? - Perguntou Edwin.
Ela rodopiou para ele, os olhos brilhando. - Oh, eu não sei. Talvez ele foi
tolo o bastante para me achar bonita. Ou envolvente. Ou-
- Tenho a certeza de que Edwin não quis dizer da maneira como soou -
disse Warren calmamente.
Ela olhou para baixo. - Você não quis?
Deus. Ele nunca foi bom em decifrar as mulheres. Ele pesou as suas
palavras. - Eu quis dizer que homens que não aceitam um não, como resposta,
geralmente têm um motivo para isso… obsessão, se você quiser. - Ele pensou em
sua mãe. Não, isso não era o mesmo. - Estou apenas tentando entender qual é o
motivo. - Quando ela continuou a encará-lo com fúria, ele pensou em
acrescentar: - Para além da sua beleza e inteligência, quero dizer.
Ela revirou os olhos. - Você realmente não pode dar um elogio a uma
mulher sem ser obrigado, pois não?
Isso o assustou - Eu posso. Eu simplesmente, não penso sempre nisso. Eu
não sou como o meu irmão, com a sua conversa fácil.
Algo flutuou sobre o seu rosto. Simpatia? Não, não poderia ser. Não com
Clarissa.
No entanto, quando ela falou novamente, sua voz era mais suave. -
Ninguém jamais o tomaria por Samuel, Edwin. E isso é algo com o qual, você
deveria se orgulhar.
Ele ainda estava tonto com aquelas palavras inesperadamente agradáveis,
quando ela limpou a garganta e acrescentou com uma voz mais dura: - Mas isso

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não significa que eu quero você carrancudo á minha beira, como um cão de
guarda, durante as próximas semanas.
Esta era a Clarissa que ele conhecia.
- Agora, prima - Warren começou, - Edwin foi gentil o suficiente para
concordar em fazer isso, e dado que ele não gosta muito da sociedade…
- Exatamente! - Ela respondeu. - Ele será pior do que você, me
perseguindo, inibindo as minhas diversões e olhando furioso para quem se
atrever a se aproximar.
- É por causa dessa última estratégia, que eu nunca tenho que aguentar
idiotas em ocasiões sociais - disse Edwin secamente.
- É também por isso que você não tem amigos! - Clarisse devolveu.
- Clarissa, já chega! - Warren latiu. - Você está sendo rude com um homem
que só quer ajudar.
Edwin ficou tenso. Ele, de qualquer maneira, não deveria se importar se
Clarissa recusasse. Na verdade, seria uma bênção, ele não teria que lidar com os
seus modos e a sua imprevisibilidade. Ele podia se afastar, tendo feito o que
Warren pediu.
Mas por algum motivo absurdo, isso não lhe caiu bem. - Por que você não
nos dá um momento sozinhos? - Edwin perguntou a seu amigo.
Warren olhou de Edwin para Clarissa. - Bem. Talvez você possa a
convencer. - Ele dirigiu-se para a porta. - Vou fazer companhia para a minha tia.
Assim que Warren saiu, um silêncio se instalou na sala. Edwin não disse
nada. Ele talvez não tenha conhecido Clarissa furiosa antes, mas ele, certamente,
lidou com Yvette o suficiente para saber da eficácia de uma calma tranquila perto
de uma mulher enfurecida.
Clarissa cruzou os braços sobre o peito. - Eu suponho que você vai me
dizer que estou sendo difícil.
- Não.
À medida que os minutos passavam entre eles, ela inclinou o queixo. -
Então você vai tentar me dizer que não tenho escolha no assunto. Mas Warren
não é mesmo ...
- Seu guardião. Sim eu sei. Você já não tem idade para isso. Mas o seu pai
o deixou no comando da sua fortuna e pediu-lhe que cuidasse de você. Então, é o
que Warren está tentando fazer. E você sempre tem uma escolha. Eu nunca
tomaria isso de você.
Quando ele permitiu que o silêncio se instalasse novamente, ela o encarou
com uma certa suspeita. - Você vai me lembrar do meu dever para com a minha
família?

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Isso o fez sorrir. - Dificilmente. Parece-me que você já cumpre seu dever
com a sua família de forma admirável. - Antes que ela pudesse replicar, ele
acrescentou: - Mas se você não concordar com isso, Warren vai se preocupar com
você, enquanto estiver fora lidando com o seu irmão, então a sua mente não
estará no que ele está fazendo. E isso vai dificultar a sua capacidade de tirar Niall
de qualquer bagunça que ele esteja.
Rangendo os dentes, ela afastou o olhar. - É surpreendentemente tortuoso
de você inventar isso, Edwin.
- Nem um pouco. É a verdade.
- Então Warren deveria me deixar ir com ele. Assim ele pode me vigiar
melhor.
- E você iria atrasá-lo. É isso que você quer? Para que ele chegue muito
tarde para ajudar o seu irmão?
O seu olhar voltou-se para ele, um pingo de luz verde que lhe tirou o fôlego.
- Por que eu iria atrasá-lo?
Ele encolheu os ombros. - Você vai precisar de servos. Você não pode viajar
sem uma serva, pelo menos, então arranjos terão que ser feitos, mais malas, mais
tempo gasto na alfândega…
- Basta. - Ela colocou as mãos para baixo. - Eu odeio quando você é lógico.
- Eu sempre sou lógico. Você odeia quando estou certo.
Para sua surpresa, seus lábios se contraíram como se estivessem a lutar
contra um sorriso. - Isso também.
Com o seu sangue batendo, ele procurou o seu rosto. - Seria realmente tão
terrível passar algum tempo na minha companhia?
- Não, claro que não. - Girando para longe dele, ela foi olhar pela janela
para o jardim de trás. - Eu apenas odeio que o conde tenha mais poder sobre a
minha vida, no momento, do que eu. E nem sabemos se ele ainda está
interessado!
- Verdade. Mas se ele está e continuar a persegui-la, você não preferiria ter
alguém do seu lado?
Um suspiro estremeceu ela. - Você está do meu lado, Edwin?
A pergunta apertou um nó desconhecido no peito. - Eu sempre estou do
seu lado - Quando ela não respondeu, ele acrescentou: - Eu espero que possamos
ser amigos pelo menos.
- Amigos? - Ela se virou para lançar-lhe um olhar enigmático que o jogou
fora de equilíbrio. - É o que somos? Nunca tive muita certeza.

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Nem ele, mas ele não admitiria isso para ela. - Seremos nas próximas
semanas. Eu dei a Warren a minha palavra de que cuidaria de você.
Por algum motivo, isso pareceu provocá-la. - Eu não sou uma criança! - Um
olhar dolorido atravessou seu rosto. - Eu sou uma mulher adulta, perfeitamente
capaz de lidar com algum… pretendente indisciplinado.
Foi quando ele percebeu por que ela estava tão brava com isso. Ela era uma
mulher orgulhosa. E sendo um homem orgulhoso, ele podia entender ela não
querer confiar em ninguém por ajuda.
- Claro que você é capaz. Ninguém duvida disso. - Quando ela olhou para
ele, ele percebeu que precisava mudar de estratégia. - Na verdade, eu invejo a sua
capacidade de navegar na sociedade quando eu sou muito fraco com isso.
Sua postura suavizou o ceticismo. - Você não é tão ruim.
- Você não é a primeira pessoa a salientar que eu não cumprimento as
senhoras o suficiente. Então, qualquer tempo que possamos passar juntos, pode
ajudar a ambos. Eu vou manter Warren feliz ao acompanhá-la, e você pode me
dar algumas estratégias para me mover pela sociedade de forma mais eficaz.
Seria uma troca justa.
Ela olhou para ele cautelosamente. - Você acha que sim, não é?
- Estou procurando uma esposa, você sabe. E encontrar uma seria muito
mais fácil se eu não insultasse as mulheres toda vez que eu abra minha boca.
Aparentemente, isso a divertiu, pois ela lhe mostrou um sorriso pesaroso. -
Verdade.
Ele poderia aguentar as suas tentativas de instruí-lo se isso significasse
mantê-la fora das garras de Durand. Ele devia isso a Warren. - Você até pode
jogar de casamenteira, se desejar. Ajude-me a escolher a esposa perfeita. Isso
pode funcionar para benefício mútuo.
- Você é melhor na conversa suave do que pensa - ela disse
maliciosamente, mas ela ainda estava sorrindo, o que ele tomou como um bom
sinal. - Oh, muito bem, quando você coloca dessa forma, como posso recusar?
Mas você deve prometer não reduzir demais os meus prazeres. Você me
acompanhará para festas e tal, mas nada mais, nada de sermões sobre como eu
devo me comportar ou quem devo evitar.
- Claro. Você não é minha irmã. Se você quiser dançar a noite com um
idiota, não é minha preocupação. - Sua voz se endureceu. – Desde que o idiota
não seja Durand.
- Confie em mim -, disse ela com acidez, - nunca será Durand.
- Então estamos de acordo. - Ele prendeu a respiração. Ele não sabia o
porquê, mas importava para ele que ela o considerasse capaz de protegê-la.
Digno, mesmo. O que era uma idiotice.

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Mas Clarissa tinha uma tendência de inspirar o idiota nele.
Ela finalmente assentiu. - Estamos de acordo.

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Três
Clarissa realmente gostava de um baile animado. E, provavelmente, era
bom que este fosse o primeiro compromisso com Edwin, desde que eles chegaram
ao acordo, dois dias atrás. Nada testava a paciência do conde como um salão de
baile lotado. Então, se ele conseguisse passar por isto, sem rosnar para todos - e
para ela – então, ela podia confiar em sua palavra, de que ele permitiria que ela
desfrutasse da Temporada.
Enquanto dançava com um jovem major, que por acaso, era filho de um
duque, examinou a sala a procura do Conde Durand. Até agora, ela não tinha
visto o francês, mas isso não acalmou exatamente os seus nervos. Ele podia estar
na sala de cartas. Ou observando-a, maliciosamente, da galeria. Isso, seria
exatamente o estilo dele.
- Desejando um melhor parceiro, Lady Clarissa? - O major Wilkins
perguntou irritado.
Forçando a sua atenção de volta para o sujeito, ela lhe deu o seu melhor
sorriso coquete. - Certamente que não. Esperando evitar um mau depois.
Ele se iluminou, sentindo claramente uma oportunidade de ser
cavalheiresco para com ela. - Alguém em particular?
Quando eles se separaram brevemente na dança, ela considerou dizer-lhe a
verdade. Não seria mau ter um espião na sociedade avisando-a de onde o francês
estaria. - Conde Durand, na verdade. Você o viu aqui esta noite?
- Não. Não acredito que ele esteja presente. O Francês sabe que não deve
enfrentar um salão de baile cheio de oficiais ingleses com memórias longas.
Como o seu parceiro não poderia ter mais de dez anos quando a guerra
terminou, ela teve que sufocar uma risada. - Oh, Major, tenho certeza que você
está certo. Ele não ousaria arriscar um confronto com um homem feroz como
você.
O oficial aperaltou-se um pouco, enquanto se aproximava mais do que era
apropriado. - Se ele o fizesse, eu defenderia sua honra vigorosamente
Ela recuou. - Quão galante! - Mas ela não acreditou numa palavra. Para os
soldados, em tempo de paz, como o Major Wilkins, uma adaga era mais um
acessório elegante do que uma arma.
Quando se separaram de novo na dança, os seus olhos se desviaram para
onde Edwin estava, de frente para a sala com a sua mãe, a sua expressão
enganadoramente suave. No entanto, havia um homem que poderia usar uma
adaga para um bom efeito, se necessário. Embora duvidava que ele carregasse
uma. Sem dúvida, Edwin abominava violência. Brigar em público não era correto,
afinal.

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O oficial seguiu a direção de seu olhar. – Aquele é o Conde de
Blakeborough?
- O próprio.
- Eu pensei que ele não gostava de participar na sociedade. Dizem que ele é
um tipo enfadonho.
Edwin era um monte de coisas, mas "enfadonho" não era uma delas.
Ela e o major se aproximaram do casal alternativo, e quando estavam em
linha novamente, ela disse: - O conde está procurando uma esposa. - Ela sentiu
uma necessidade perversa de defendê-lo. - Nada incomum nisso.
- Então ele deveria dançar. Qual a melhor maneira de conhecer uma
mulher? - O olhar do Major Wilkins desceu para o seu o peito e ficou preso
enquanto fazia o seu chassé para a direita. - E as mulheres preferem um homem
que consegue mostrar uma boa perna.
Depois do seu passo para a esquerda, Clarissa pisou os dedos do pé da sua
"boa perna", empurrando a sua atenção de volta para o seu rosto.
Ela sorriu um pouco. - E estava eu a pensar que as mulheres preferiam um
homem que pudesse mostrar boas maneiras. Que tonta que eu sou.
O insulto passou através dele. - Eu espero que um cavalheiro possa
mostrar os dois.
- De fato. Deixe-me saber quando você pretender começar.
Ele piscou. – Perdão?
- Nada. - Graças aos céus, a dança estava terminando, e ela poderia
escapar. Mesmo o falatório de Mama era preferível ao comportamento obsceno
desta perdiz pomposa.
Eles se curvaram um para o outro, e ele a levou para os seus
companheiros. Quando se aproximaram, Edwin a observou com um olhar
enigmático. Ele continuou a fazê-lo enquanto as saudações foram trocadas e ela
esperava que o major se movesse para o próximo par de seios.
Mas o oficial demorou para conversar. Maravilhoso. Agora, ela tinha que
conversar educadamente. E claramente Edwin, que agora bebia estoicamente o
seu champanhe, não seria de ajuda nenhuma.
Felizmente, Mama sempre estava disposta a intervir. - Então, Major
Wilkins, você é o filho mais novo do duque de Hastings, não é?
Ele assentiu com firmeza. Claramente, não gostava de ser lembrado que
estava na parte inferior da sua importante linhagem.
- E você é casado? - Sua mãe cutucou.

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Ele não deve se ter importado tanto com essa pergunta, pois ele olhou
maliciosamente para Clarissa. - Infelizmente não, senhora. Embora eu não seja
avesso à ideia.
- Eu realmente espero que não - disse Mama. - Um oficial de sua
importância exige uma esposa, de preferência bonita, para o fazer entrar na
sociedade.
- Sim - murmurou Edwin, - uma bonita é sempre preferível a uma com bom
senso.
Clarissa não conseguiu resistir a cutucar o urso. - Você não acha possível
que uma mulher tenha ambos?
Edwin encolheu os ombros. - Possível? Sim. Comum em nosso círculo?
Não.
- Então você deve me considerar uma mulher muito incomum. Ou então,
você me acha feia ou tonta.
- Você sabe que eu não acho que você seja nenhuma delas. - O olhar de
Edwin trancou com o dela. - E isto, está começando a parecer claramente como
uma armadilha.
- Uma armadilha de sua própria criação - ela brincou. - Não fui eu quem
disse, que a beleza em uma mulher, é preferível ao cérebro.
- Eu não disse-
- Cuidado. - O major cutucou Edwin. - A senhora vai te amarrar em nós
antes de se aperceber.
- E Clarissa é muito boa em amarrar nós - disse Mama alegremente. - Por
que, recentemente, inventou a mais esplêndida bolsa de moedas que você já viu.
Tinha um agradável botão no…
Por uma vez, Clarissa apreciou as bobagens de Mama. Isso a salvou de
uma crescente discussão com Edwin, que nunca parecia perceber quando ela o
estava provocando. Mesmo agora, ele direito como uma vara, com o maxilar
esculpido em pedra. Como ele conseguia se barbear no queixo quando estava
sempre tão rígido?
- Eu realmente consigo acreditar, que a sua filha se destaca nas artes
femininas - afirmou o major Wilkins numa tentativa de se congratular com sua
mãe. - Claramente Lady Clarissa possui todas as virtudes femininas.
- Sem mencionar um dote considerável - disse Edwin, com uma voz afiada.
O oficial parecia incerto, sobre como responder a isso de maneira
cavalheiresca. - Embora eu tenha certeza de que isso é verdade, eu deveria
pensar… Isto é… - Ele levou um momento para se encontrar. – Afinal, uma
fortuna não tem importância em matéria de coração.

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Edwin ergueu uma sobrancelha e Clarissa sufocou uma risada.
- Não seja bobo - disse Mama. - Uma fortuna é sempre importante. Foi por
isso que o meu falecido marido se certificou de que os nossos filhos ficassem
muito bem providos. Muito bem. - Ela cutucou Clarissa sem sutilidade. - Eh,
minha querida?
Oh Senhor. Mama provavelmente desistiria da sua melhor pele, para ver
Clarissa agarrar o filho de um duque, sendo o mais novo ou não. Particularmente
desde que Clarissa continuava recusando os pedidos de casamento dos filhos
mais velhos.
Felizmente, Clarissa foi salva de mais casamenteirices pelo som da música
de uma valsa.
- Perdoe-me, Major - disse Clarissa apressadamente, - mas prometi a Lord
Blakeborough a primeira valsa.
- Sortudo - disse o oficial com uma careta.
- Sortudo, na verdade. - Edwin sabia perfeitamente que ela estava
mentindo, mas, felizmente ele não demonstrou. Ele simplesmente ofereceu-lhe o
braço e levou-a.
Assim que eles chegaram ao salão, ela começou a apaziguá-lo. - Desculpe
pelo subterfúgio, mas ...
- Está bem. - Ele a conduziu através dos passos com típica precisão. -
Suponho que vou ter mais sorte em encontrar uma esposa, se eu praticar os
esportes comuns de um baile.
- Você não precisa de prática.
Seu olhar se afiou sobre ela. - Não há necessidade de me lisonjear. Conheço
os meus limites.
Claramente, ele ainda estava irritado com a pequena conversa anterior. -
Eu estou sendo sincera Edwin. Você não é o mais poético dos dançarinos, mas
mantém o tempo correto, não pisa nos dedos dos pés e nunca perde um passo.
Isso é mais do que posso dizer de muitos homens.
- Tome cuidado, - ele disse. - Você pode me levar a pensar que realmente
gosta de mim.
- Eu gosto de você. Às vezes. - Ela empurrou o queixo dela. - Mas eu
também não posso resistir a provocá-lo. Você fica tão deliciosamente irritado. E
você leva as minhas observações muito a sério.
Um sorriso ressentido atravessou os seus lábios. - Warren me disse o
mesmo.
- Você não acreditou nele?

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- Eu nunca sei o que acreditar quando se trata de você.
- Bem, acredite nisto pelo menos: acho que você é um dançarino talentoso.
Eu certamente prefiro-o ao major.
Isso trouxe a sua maneira rude de volta. - Eu não sei como você pode
suportar esse idiota.
- Infelizmente, suportar tolos é o que uma mulher tem que fazer para se
divertir um pouco.
Sua mão se esticou na sua cintura. - Você tem uma noção peculiar do que
é divertido. Você não preferiria uma conversa calma ao jantar ou a um passeio no
museu em vez de dançar com idiotas?
- Acontece que eu gosto de dançar. E, infelizmente, eu preciso de um
parceiro para isso. Graças a Deus mesmo os idiotas podem ser bons dançarinos.
Ele olhou para onde o Major Wilkins ainda estava de pé com a sua mãe. -
Tem a certeza de que ele sabe que você apenas está se divertindo com ele?
- Bem, se Mama não tivesse começado a tagarelar sobre o meu dote, ele
teria percebido quando eu me recusasse a dançar com ele novamente. Ela está
decidida e determinada a me casar, e qualquer idiota, aparentemente servirá.
- Neste caso, espero que você a ignore.
- Não se preocupe. Não estou prestes a me casar com um homem que não
sabe quando parar de olhar para o meu peito.
Sua boca diminuiu em uma linha dura. - Ele estava olhando para o seu
peito?
- Oh, não se torne um cão de guarda novamente. Homens olham para o
peito das mulheres o tempo todo. Uma mulher pode vestir o vestido mais inocente
de todos os tempos, e algum sujeito olhará para seu peito como se estivesse
esperando que as suas roupas se abrissem e revelassem a sua nudez. E quando
ela está usando um vestido de baile…
Ela parou, lembrando de uma noite que preferiria esquecer.
Sua mão apertou a dela. - Eu não faço isso, pois não?
Voltando a sua atenção para ele, ela sorriu. - Claro que não. Você é um
cavalheiro. Além disso, você não tem interesse no meu peito.
- Eu não iria tão longe. Eu não estou morto, sabe. - Como para provar isso,
ele deixou seu olhar baixar por um breve momento.
Se ela tivesse visto um pingo de lascívia nesse olhar rápido, qualquer coisa
para indicar que ele pensava nela desrespeitosamente, ela teria ficado
desapontada. Mas o seu olhar era mais parecido com fome. Não, não com fome -
desejo. Como se ele visse o que queria, mas soubesse que não poderia ter.

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Bom Deus, ela, agora, estava voando para uma fantasia pura. Edwin estava
fazendo apenas um ponto, como de costume. Qualquer "desejo" que ela viu estava
tudo na sua cabeça. E, em todo o caso, ela não queria que ele tivesse qualquer
desejo. Porque isso poderia facilmente levar numa direção completamente
desagradável, como ela sabia muito bem.
- Vá lá - disse ela, - você tem que admitir que nunca me deu esse tipo de
atenção. É por isso que sou forçada a aceitar ofertas de homens como o major.
Você raramente frequenta bailes e, mesmo quando frequenta, você não me pede
para dançar com você. - Ela sorriu para ele. - Então você vê, é sua culpa que eu
tenha que me divertir com tolos.
Seu rosto escureceu. - Eu convidei-a para dançar comigo.
- Uma vez. Na minha estreia. Mas não desde então.
Isso pareceu surpreende-lo, pois ele olhou para longe. - Já passou assim
tanto tempo desde que dançamos juntos?
- Sete anos. A última vez foi no meu primeiro baile. E mesmo isso foi por
pena.
Ele franziu o cenho para ela. - Não foi.
- Não? Yvette não o obrigou? Implorando-lhe que não me deixasse
pendurada lá, esperando que alguém me convidasse?
- Ela não precisava implorar, - ele resmungou. - Concordei com isso
prontamente.
- Não consigo imaginar o porquê - disse ela levemente. - Tenho a certeza
que você achou uma dança com uma miúda ingénua como eu perfeitamente
aborrecida.
- Agora, isso é manifestamente falso. - Algo indecifrável saltou para dentro
de seus olhos, que fez um delicioso tremor escorrer por sua espinha dorsal. - Eu
posso achar você provocadora, impetuosa e imprudente às vezes, mas nunca, eu
achei você aborrecida.
De repente, ela não conseguia respirar, catapultada para a lembrança da
sua estreia. Nervosa e ansiosa depois de todo o "conselho" que Mama lhe dera, ela
estava parada na beira do salão, certa de que ninguém a convidaria para dançar.
Então, quando o irmão de seu melhor amigo a tinha convidado, quase o beijou
naquele momento. Ele tinha mostrado a ela um novo lado de Edwin - aquele que
era um cavalheiro elegível, e não apenas um irritante planeta fraternal na órbita
da sua amiga.
Agora, quando eles deslizavam pela dança, uma vez mais em perfeito
acordo, era como se eles revivessem aquela noite. O ritmo batia para ambos,
combinando o seu pulso frenético ao ter sua primeira dança com um homem real.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


O cheiro de uma centena de velas de cera de abelha girava em torno da sala,
junto com uma enorme multidão de jovens beldades e os seus pretendentes.
Os seus olhos brilharam mais suavemente sobre ela nesse momento como
nunca antes. Do jeito que eles brilhavam agora.
Desta vez, quando seu olhar prateado deslizou para baixo, foi para se fixar
na sua boca. Sua boca. Oh, céus. Uma sensação assustadora ganhou vida em seu
estômago, que ela nunca pensou sentir por Edwin. Inquietante. Provocante.
Absolutamente inaceitável.
- Então, -ela disse, para quebrar o feitiço – você já determinou qual mulher
você gostaria de cortejar?
Seu rosto se fechou. - Ainda não.
- Você não tem ninguém em mente? Nenhuma pessoa?
- Bem, quando você diz disso…. Suponho que Lady Horatia Wise seja uma
possibilidade.
- A afilhada do almirante Nelson? Ela é um pilar de gelo. De certeza você
não gostaria dela. Ela te congelaria na sua cama.
Ele arqueou uma sobrancelha. - Senhorita Trevor, então.
- Um pilar de pedra. Teimosa como uma mula, segundo me disseram.
Vocês dois dariam cabeçadas até que as suas cabeças caíssem, e depois, onde
você estaria? Além disso, ninguém jamais ouviu falar dela até que ela entrou em
sociedade com sua tia, o que eu acho altamente suspeito.
As palavras renderam lhe outro raro sorriso. - Então, quem você propõe?
Lady Anne? Lady Maribella?
- Horrores! Lady Anne usa chapéus ridículos. E Lady Maribella tem a risada
mais tonta que já ouvi. Isso o deixaria louco em menos de um mês.
Ele inclinou a cabeça. - O que aconteceu sobre ser casamenteira? Você está
fazendo o contrário disso.
- Eu suponho que você está certo. - Ela mal podia admitir a ideia de que ele
realmente se casaria com alguém - qualquer uma - parecia errada de alguma
forma. Ele deveria ser sempre um solteiro. Como ela pretendia ser sempre uma
solteira.
A valsa terminou e ele a levou do salão, permitindo que ela examinasse as
mulheres elegíveis na sala.
- Deixe-me ver - disse ela. - E quanto a Lady Jane Walker? Ela perdeu sua
mãe recentemente e pode estar ansiosa para se afastar das lembranças que sua
casa provavelmente provoca.
- Eu estava noivo de uma Jane. Dificilmente quero outra.

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- Lady Beatrice então. Ela é muito bonita.
- E, assim, esperará muitos elogios bonitos. O que, como você sabe, não
sou bom.
- Senhorita Lamont?
- Muito francês. Eu realmente não entendo mulheres francesas. Ou
franceses, já que falamos nisso. - Em vez de levá-la de volta para onde a sua mãe
e o major estavam, ele voltou-se bruscamente para a sala de refrescos. -Falando
em franceses, você viu algum sinal de Durand?
- Não. E o major Wilkins disse que não estava presente.
- Graças a Deus.
Ela olhou para ele de perto. – Dado que essa é a situação, está tudo bem se
você quiser ir para casa. Eu sei o quanto você odeia estas coisas.
- Eu não vou embora sem você e sua mãe, e ainda é cedo para você. - Ele
encontrou o seu olhar. - Mas se você não se importar, eu posso escapar um
pouco para a sala de cartas.
- Claro que não me importo. - Ela olhou para trás por cima do ombro até
onde o major obviamente estava antecipando seu retorno ao lado de Mama. - E
eu vou escapar para os lavabos.
Eles se separaram então. Felizmente, quando ela saiu depois de retocar o
nariz e refrescar a boca, o Major Wilkins estava "mostrando uma boa perna" com
outra pessoa.
A próxima hora passou sem rodeios. Ela dançou um carretel, duas
quadrilhas e outra valsa, depois fez uma pausa para beber um pouco de
champanhe. Não vendo a mãe, ela decidiu voltar para o salão novamente e
esperar por alguém para a convidar para a próxima dança. O champanhe fez-lha
ficar com a cabeça leve, e ela estava gostando apenas de ver os dançarinos
quando um lacaio chegou ao seu lado.
- Perdoe-me, milady - disse ele, - mas foi-me pedido para informá-la que a
sua mãe ficou doente e está deitada na sala de estar.
Oh céus. Os ataques da suposta doença de Mama geralmente só surgiam
quando ela queria escapar de fazer alguma coisa. Então, ela podia estar
realmente doente desta vez.
Clarissa pegou o seu retículo de onde o deixou, numa mesa, e correu para a
sala de estar preparada para administrar os sais cheirosos necessários. Mas
quando ela atravessou a porta, não viu ninguém lá.
Mama já se recuperou e voltou para o salão de baile? Ou ela estava tão
doente que a anfitriã a tinha levado para um quarto mais confortável?
Só depois que a porta se fechou atrás dela, que a verdade caiu sobre ela.

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- Boa noite, Lady Clarissa.
Um arrepio varreu a sua coluna vertebral. Ela reconheceria aquela voz
ligeiramente acentuada em qualquer lugar. Diabos o levem e as suas maneiras
falsas.
Endurecendo-se, ela se virou para observar o Conde Geraud Durand com o
seu mais frio olhar. - Recorrendo ao engano agora, senhor? Certamente, isso está
abaixo de você.
Seus belos traços caíram. - De que outra maneira eu vou te ver sozinho? O
meu truque não teria funcionado se seus guardas soubessem que eu tinha
comparecido.
- Meus guardas?
- Seus amigos e familiares observam você como um falcão. - Uma luz feroz
brilhava em seus olhos azuis quando ele se aproximou dela. Mas também havia
algo de cálculo brilhando neles, que sempre a fazia parar. Sempre a deixou
cautelosa.
Embora o seu estômago revolvesse, ela ficou firme. Mostrar fraqueza com
homens era invariavelmente um erro. Se ela tivesse sido forte, anos atrás, o seu
irmão não estaria no exílio.
Então ela devia ser firme. Colocar o conde no seu lugar de uma vez por
todas. - Minha família não precisaria me vigiar se você deixasse de perseguir-me.
- Perseguir você? Eu não a vi em três meses!
- Eu estive fora. - Endireitando as suas luvas de noite com indiferença
fingida, ela mediu a distância até a porta. - Você dificilmente poderia esperar que
eu permanecesse em Londres quando não há uma alma de importância aqui.
Prefiro muito mais uma dieta constante de festas e diversão, como você sabe.
- Você pode preferir, mas não é onde você esteve. - Ele abriu os dedos
através da juba loira, que o fazia o foco de muitas fantasias de uma garota
inglesa. Mas não dela, não depois de conhecê-lo melhor. - Você esteve em
Shropshire.
Seu coração começou a bater. Eles escolheram Shropshire porque o
alojamento de caça de Warren não era bem conhecido. Ainda assim, ele
descobriu. - E você diz que não está me perseguindo.
Ele deu um gaulês encolher de ombros. - Eu fiz algumas perguntas
discretas, só isso. No começo, pensei que talvez você fosse se juntar ao seu irmão
no exterior.
Ela endureceu. - Porque você pensaria isso?
- Você me disse uma vez que desejava poder visitá-lo. Eu assumi que você
podia ter decidido fazê-lo.

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- E levar as autoridades inglesas diretamente a ele, se alguém estivesse
assistindo? Não sou tola.
- Não, mas você está sendo manipulada pelo resto de sua família. Imagine o
meu choque quando soube que você estava aqui na Inglaterra, sendo afastada de
mim por seu primo. - Ele ficou ainda mais perto. - Knightford sabia muito bem
que eu não podia sair de Londres com o embaixador fora.
- Sim. Ele sabia. - Ela olhou para ele, determinada a não o deixar ganhar a
vantagem. - Eu também. Ele estava fazendo apenas o que eu pedi.
- Eu não acredito em você. – como ela sufocou uma maldição, ele
acrescentou: - Sei que, no fundo, você sente a nossa conexão. Você pode afirmar
o contrário, mas você reconhece que estamos destinados a estar juntos.
Oh Senhor e agora? Ele realmente acreditava no que estava dizendo. Ela
caminhou para separar as cortinas como se estivesse olhando para a rua
noturna. Esperando que ele não ficasse ciente de que a janela era realmente um
conjunto de portas francesas que se abriam para uma varanda que se ligava com
a sala de cartas ao lado.
- Admita - ele disse por trás dela, muito mais perto do que ela gostava. -
Você e eu pertencemos juntos.
- Se eu pensasse assim, eu teria aceito a sua proposta de casamento. -
Furtivamente, ela pegou no puxador.
- Você recusou a minha proposta porque o seu primo ordenou isso.
Ela tentou o puxador. Estava trancada.
Pânico construído em seu peito. Ela estava presa. E a última vez que ela
ficou presa sozinha com um homem…
Não, ela não cederia à histeria. Ela não devia! O conde Durand não devia
ver o seu tremor diante dele. O medo era o inimigo.
Forçando um sorriso, ela o encarou, alarmada por encontrá-lo a poucos
metros de distância. - Eu recusei sua proposta porque estou apaixonada por
outra pessoa. - No momento em que ela deixou escapar a mentira, ela se
arrependeu. O conde Durand podia ser o tipo de pessoa, para quem essa
declaração, pioraria a situação.
Mas ele simplesmente riu. - Isso é absurdo. Meus espiões não viram
nenhuma evidência disso.
A raiva girou dentro dela, e ela se agarrou desesperadamente a ela, na
esperança de banir seu medo. - Espiões? Você vem me espiando?
- Eu te disse. Eu nunca vou deixar você escapar de mim.
Seu sangue vacilou. Seja forte, ela disse a si mesma. Você pode blefar a sua
saída daqui.

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Ela vestiu a sua maneira mais altiva. - Se você está tentando me convencer
do seu amor, esse não é o caminho certo. - Com um bufo, ela correu dele.
Mas não foi suficientemente rápida. Pegando-a pelo braço, ele a empurrou
para trás e a empurrou contra a parede.
- Então eu terei que convencê-la de outra maneira - ele resmungou, antes
de tomar a boca com a dele.
Uma pequena parte dela gritou, Luta! Mas o resto dela congelou. Memórias
escuras de anos atrás a inundaram. Uma noite num laranjal. Beijos macios
tornando-se mais duros. As mãos ásperas de um homem tateando, rasgando…
Os seus ouvidos começaram a tocar. A sua visão estava passando agora por
um túnel, e sua cabeça girando… Oh, Senhor, não, não, não. Ela não podia
desmaiar. Agora não. Não com ele!
Então a porta se abriu além deles, e, através de uma neblina fraca, ela
ouviu Edwin dizer: - Afaste-se dela, seu bastardo, ou eu dou cabo de você!

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Quatro

Tomou toda a força de Edwin, para não atravessar a sala e dar um soco em
Durand. Mas atacar o responsável de negócios da embaixada francesa, colocaria
as línguas a falar, e a última coisa que precisavam eram rumores sobre Clarissa e
Durand. O homem os usaria para forçá-la a se casar.
A própria ideia fez o sangue de Edwin correr frio. Especialmente quando ela
permaneceu imóvel, tremendo, o seu rosto branco. Vendo-a tão abalada cortou-o
como uma faca de gelo. Se o homem não tivesse parado de tentar beijá-la naquele
momento, Edwin poderia ter derrubado o bastardo de qualquer maneira.
- Afaste-se dela. - Edwin colocou as suas mãos em punhos antes dele na
postura de um pugilista. - Agora!
Durand franziu a testa. - Fique longe disso, Blakeborough. Não é da sua
conta.
- O diabo que não é. - Edwin disse a primeira coisa que veio em sua cabeça.
- Ela é a minha noiva.
Diabos. Ele realmente disse isso? Ele nunca tinha sido bom com mentiras,
e essa era colossal.
Mas ele não se afastaria disso agora. Muito estava em jogo. - Então eu vou
agradecer-lhe que mantenha as suas mãos fora dela, a menos que você queira
terminar colocado no chão.
Olhando em pânico, Clarissa correu para se colocar entre eles. - Isso é o
suficiente, vocês dois! - Ela agarrou o braço rígido de Edwin e arrastou-o até ele
baixar relutantemente o punho. - Não haverá brigas. Não deve haver brigas. - Seu
olhar implorante disse - Isto deve permanecer privado.
Droga. Ela estava certa.
- Você ouviu a senhora - Durand disse com um tom presunçoso. - Não há
necessidade de brigas. Especialmente, porque ambos sabemos que você está
mentindo sobre ser o seu noivo.
Ela girou sobre o homem com um olhar feroz. - Ele não está. - Então ela
agarrou a mão de Edwin. - Eu acabei de dizer que estou apaixonada por outra
pessoa. Você simplesmente se recusou a ouvir.
Mesmo sabendo que ela estava blefando sobre estar apaixonada, não
diminuiu o poder dessas palavras. Ou a estranha sensação de seus dedos
agarrados em sua mão tão intimamente. Como se ela o necessitasse.
Deus o ajude, ele estaria aqui para ela, não importa quantas mentiras ele
tivesse que inventar. Ela ainda estava abalada. Ele podia ver.

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Isso trouxe a raiva rugindo dentro dele mais uma vez. - Eu sugiro que você
vá, Durand, ou não responderei por minhas ações. - Essa não era certamente
uma mentira.
O francês riu com desdém. - E o que você acha que poderia fazer?
A mão livre de Edwin ainda estava apertada num punho ao lado dele. –
Nem de propósito o meu irmão passou muito tempo com pugilistas. Eles
ensinaram-lhe a lutar, e ele me ensinou. Estou feliz em demonstrar o que
aprendi.
Ansiosamente, na verdade. Ele não podia explicar a violência da sua raiva,
mas era uma criatura palpável e retorcida dentro dele. Se Durand fizesse um
movimento em direção a Clarissa, Edwin alegremente iria socar a mandíbula do
idiota.
Com os olhos se estreitando, Durand olhou para ele e para Clarissa. - Seu
noivo, hein? Se é verdade, então, por que esta é a primeira vez que ouço sobre
isso?
- Estamos mantendo segredo até o meu primo voltar. - Clarissa parecia
muito mais calma do que Edwin, embora a força surpreendente com que ela
agarrava sua mão desmentia o seu tom. - Edwin não teve a oportunidade de pedir
a lorde Knightford a minha mão formalmente.
- Por que não? - Durand cruzou os braços sobre o peito. - Knightford trouxe
você para a cidade há apenas alguns dias atrás, não foi?
O intestino de Edwin se torceu num nó. O homem sabia bem as suas idas e
vindas? - Não que isso seja da sua conta, mas ele teve que sair imediatamente de
negócios. - Edwin olhou para o rosto de Clarissa com o que ele esperava fosse
uma expressão de amante convincente enquanto se preparava para mentir. -
Além disso, eu queria falar com ela antes de me aproximar dele. Então eu falei.
Ontem. Infelizmente, até então, ele já tinha ido embora.
O Francês franziu o cenho. - Eu também não acredito em você. Aqui está o
que eu acho que aconteceu. - Ignorando Edwin inteiramente, Durand se
aproximou, e Clarissa se pressionou contra o lado de Edwin tão instintivamente
que o preocupou. - Knightford teve que sair em negócios, e ele estava com medo
de que, se deixasse sua senhoria sozinha, eu poderia persuadi-la a me dar uma
chance. Então, ele pediu ao seu bom amigo para que fosse o seu protetor.
- E por que eu aceitaria isso? - Perguntou Edwin.
- Sim - ela disse rapidamente. - Por que ele concordaria - ou então
inventaria uma história sobre um noivado? E por que eu iria apoiá-lo, em vez de
apenas dizer a Edwin para deixar você e eu em paz?
Durand fixou seu olhar sobre ela. - Porque eles a envenenaram contra mim.
Mas não se preocupe. Eu não vou renunciar à minha busca apenas porque este
idiota está tentando mantê-la longe de mim.

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Edwin empurrou entre ela e Durand. – Aproxime-se dela novamente, e eu
vou fazer você se arrepender.
Durand riu. - Ela me deixou beijá-la, seu idiota.
- Eu não deixei! -Clarisse chorou.
- E no momento em que as suas costas estiverem viradas - Durand
continuou ignorando-a - ela não poderá resistir a encontrar-me. Você verá. Tudo
o que esse estratagema faz é atrasar o inevitável.
Um arrepio frio escorria pela coluna de Edwin. O homem estava bravo. E os
loucos eram sempre perigosos. - Fora. - Edwin o encarou. – Antes, de decidir
afinal, dar-lhe essa demonstração de pugilismo.
O idiota ergueu as mãos. – Como desejar, meu senhor. Espero
ansiosamente, para provar que você está errado sobre Lady Clarissa e eu. -Depois
de lançar um olhar prolongado a Clarissa, saiu.
Ela desabou no sofá como um autômato caindo aos pedaços. Assustou
Edwin. Ele não gostou da sua cor. Ou o medo em seus olhos. Ele deveria ter
tomado as preocupações de Warren mais a sério. Mas o que o diabo estava errado
com Durand? Por que ele queria uma mulher que tão obviamente não o queria?
Depois de caminhar até a porta para se certificar de que o Francês tinha
realmente saído, encheu um copo de conhaque de um decantador próximo e
voltou para o lado dela. - Beba isso.
- Não é um pouco cedo de mais no nosso noivado para me oferecer bebidas
fortes? - Ela brincou, mas tirou o copo dele com as mãos trêmulas. Ela bebeu um
pouco e fez uma careta. - Bom Deus. Cavalheiros bebem esta lavagem
frequentemente?
Ele percebia uma tentativa desesperada de esconder o sofrimento quando
via uma. Com alguma dificuldade, tentou igualar o seu tom leve, na esperança de
incentivá-la a falar sobre o que acabava de acontecer. - Nós tomamos no café da
manhã. E tenho certeza de que o nosso anfitrião ficaria consternado, em ouvir
você chamar seu excelente conhaque francês, de lavagem.
Ela engoliu um pouco, obviamente descobrindo o seu poder de ajudar
alguém a esquecer, e ele tirou o copo dela. - Não muito; você ficará doente. E eu
não quero ter que levá-la em meus braços e causar um escândalo.
- Não, porém, isso provavelmente convenceria Durand do nosso noivado. -
Ela olhou para o outro lado da sala, seus olhos distantes.
- Melhor agora? - Ele perguntou, lutando contra o desejo de agarrá-la e
segurá-la. Ela não apreciaria isso.
- Estou bem. - Ela forçou um sorriso trêmulo. - Mesmo. Ele simplesmente…
me surpreendeu, é tudo.

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Edwin pode não ser bom em ler pessoas, mas ele sabia uma coisa. Ela não
estava bem. - Talvez eu devesse chamar a sua mãe.
- Não se atreva! - Uma risada amarga escapou dela. - Mama não seria de
ajuda. E de qualquer forma, ela é a razão pela qual acabei aqui, em primeiro
lugar. Um servo me disse que estava doente e precisava de mim na sala de estar,
então eu vim.
- Em outras palavras, ele a atraiu aqui.
Esfregando os seus braços como se estivesse trazendo calor para o seu
sangue gelado, ela assentiu. - Eu não posso acreditar que eu me deixei enganar -
Ela ficou em silêncio por um longo momento. Então ela começou, e seu olhar
disparou para ele. - Edwin, não o deixei me beijar, você sabe.
- Eu não pensei que você tinha.
Como se ela não o tivesse ouvido, ela prosseguiu apressadamente: - Como
eu não ia cair em seus braços, ele… ele…
- Forçou um beijo sobre você - Edwin disse com força, desejando que ele
tivesse desfeito o homem pela força.
Um olhar assombrado deslizou nos olhos dela. - Eu deveria ter… batido ou
o arranhado ou algo assim, mas eu… congelei. Não consegui lutar, não pude
fazer nada. Eu-
- Você estava com medo. Ele tinha você presa.
- Sim! - A gratidão em seus olhos quase o matou. Ela se levantou para
encará-lo. - Ele confundiu a minha rigidez por aquiescência. Mas não era. E não
encorajei o beijo. Eu realmente não encorajei!
- Eu acredito em você. Eu posso dizer quando uma mulher está evitando
um homem. - Ele se aproximou dela. - E este incidente prova que ele ainda está
obcecado com você. De forma perturbadora.
Ela começou a andar com passos curtos e rápidos, que combinavam com
as suas respirações curtas e rápidas. - Eu esperava que o canalha já se tivesse
esquecido de mim.
Como alguém podia esquecer Clarissa? Ela era vibrante, viva. Tudo o que a
maioria dos homens queria numa mulher.
A maioria dos homens. Ele não.
Mentiroso. - Claramente ele não esqueceu. - Ele olhou fixamente para ela. -
Ele sempre foi assim?
Ela balançou a cabeça. - Não no início. Ele simplesmente me cortejou como
qualquer outro cavalheiro. Eu… suponho que ele concluiu do meu flirt, como
encorajamento.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Não - ele disse com firmeza. As suas palavras lembraram-lhe muito das
da sua mãe, para o seu conforto. - Um cavalheiro sempre prossegue com cautela
até ter certeza que será bem-vindo.
- Ele é Francês. Talvez ele não saiba como se comportar.
Edwin bufou. - Ele nasceu e cresceu aqui, não foi? Ele conhece as regras.
Ele simplesmente escolhe ignorá-las. Você não pode pensar que subornar um
lacaio para mentir sobre sua mãe estar doente e depois abordá-la sozinha, sem
acompanhante, é considerado um comportamento aceitável em qualquer lugar,
aqui ou na França.
-Não, eu suponho que não. No entanto, quando ele propôs e eu recusei, ele
me acusou de seduzi-lo. - Ela ergueu o olhar para Edwin. -Eu juro que não fiz.
- Claro que não. - Ele hesitou antes de levantar um assunto delicado. – De
qualquer forma, por que você o recusou, se ele tinha se comportado
honradamente até esse momento?
Ela mordeu lábio inferior com os dentes. - Ele continuou tentando me
encontrar sozinha e me enviou notas privadas. Eu não gosto desse tipo de…
comportamento. Ele sempre teve algo, bem, estranho sobre ele. Não é normal,
entende?
- Eu sei. - Edwin conheceu outro homem assim. Aquele que arruinou a vida
de sua mãe. - É por isso que é imperativo que você não saia sozinha novamente,
por qualquer motivo. Leve-me com você se você deve sair. É melhor errar do lado
da cautela, já que o homem está obviamente a comportar-se irracionalmente.
Uma careta ansiosa atravessou a sua testa enquanto ela girava sobre ele. -
É verdade, mas você não deveria ter dito a ele que estávamos noivos. Não tenho
intenção de me casar com você.
Ele endureceu. - Claro que não.
Como se ela percebesse o que tinha dito, ela estremeceu. - Eu sinto muito.
Eu não quis dizer isso do jeito que ...
- Está bem. Eu sei o que você sente sobre mim. - Ele era o mal-humorado
Edwin, o sujeito cuja companhia nenhuma mulher podia suportar por muito
tempo. O homem que sabia que o amor era uma mentira.
Ele se ressentiria da reputação, exceto que tudo era verdade.
- Não, não é você - ela disse apressadamente. - Não tenho intenção de me
casar com ninguém. Essa é a outra razão pela qual não pensei em aceitar a
proposta de Durand.
- Certo.
Ela estava apenas tentando acalmar o seu orgulho. A maldita mulher era
muito suave para o seu próprio bem.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Eu estou sendo sincera - ela persistiu. - Não tem nada a ver com você ou
...
- Eu só estava tentando afastá-lo de você, diabos! Eu não quis dizer nada
com isso. - Ele esfregou a parte de trás do seu pescoço. - Eu não sei por que você
está fazendo tanto rebuliço.
Ela engoliu em seco. - Porque Durand vai escapar e contar a todos, e então
os dois estaremos numa situação difícil.
- Ele não faria isso. Isso não seria adequado ao seu plano.
Clarissa olhou para ele. - Que plano?
- Para ganhar você. Se ele diz ao mundo que estamos noivos, ele diminui
suas chances de recuperá-la.
- Ele não tem chance de me recuperar.
- Eu sei, mas ele claramente não sabe disso. Ou reconhece isso. E ele tem
que perceber que acabar com um compromisso publicamente seria bagunçado
para nós; ele assumirá que preferimos nos casar do que causar um escândalo.
Então, é melhor para ele mantê-lo em segredo, também, na esperança de que ele
possa terminá-lo em privado, ganhando você. Essa é a melhor estratégia.
- Você sempre pensa em termos de estratégias?
Edwin encolheu os ombros. - Eu sou um jogador de xadrez. E na vida,
como no xadrez, a estratégia é tudo. Durand sabe disso. Então, enquanto nós lhe
oferecemos provas suficientes, para acreditar que estamos dizendo a verdade,
enquanto ao mesmo tempo não alertamos o resto do mundo sobre isso,
estaremos bem.
- Você está sugerindo que nós ...
- Fingir estar “secretamente” noivos para proveito de Durand. Sim.
Ela pestanejou. - Isso não vai funcionar.
- Por que não? - Ele levantou uma sobrancelha. - Certamente você pode ser
agradável comigo tempo suficiente para convencê-lo. E ninguém espera que eu
seja agradável. Tudo o que tenho a fazer é ser atencioso
- Oh, Senhor, só isso fará com que as pessoas comecem a especular sobre
nossa nova intimidade. E dizer a Mama qualquer tipo de segredo é apenas pedir
problemas, ela vai criar um futuro para nós do que ela observar, e começará a
insinuar que nós temos um entendimento, e a próxima coisa que eu sei é que
ficarei apanhada -
- Pelo amor de Deus - ele mordiscou, ficando irritado por sua óbvia aversão
à ideia de se casar com ele. - Se alguém perder qualquer coisa por ter o nosso
suposto "compromisso" descoberto, serei eu. Você disse que nunca se casaria
comigo. Então, você teria que me abandonar.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Ela piscou. - Bem … sim. Exatamente.
- E, desde que, já fui abandonado uma vez - ele continuou com irritação -
ser abandonado novamente, tornaria ainda mais difícil encontrar uma esposa.
Então, se eu não estou preocupado com as consequências, se o nosso
"compromisso" for descoberto, maldição, não sei por que você deveria estar.
- Eu apenas não… vejo como isto funcionaria.
-Você tem uma sugestão melhor? Eu poderia desafiar o idiota, mas isso
quase certamente levaria as pessoas a assumir que havia algo sério entre você e
eu.
Para sua surpresa, o horror cobriu o seu rosto. - Você não vai duelar contra
esse canalha. Nem pense nisso!
- Eu sei como lidar com uma pistola. - Diabos, ela o considerava incapaz de
ganhar um duelo?
- Essa não é a questão.
- Bem. Qual é o seu plano?
Ela soltou um longo suspiro. - Tudo bem. Digamos que pretendemos estar
"secretamente" envolvidos em torno de Durand. Como devemos convencê-lo de
que é real se não podemos, realmente, nos comportar como um casal envolvido?
- Eu não faço ideia. Você é que é a especialista em flutuar sobre a
sociedade. Talvez devêssemos ter certeza de que ele nos vê de mãos dadas em
privado, ou mesmo se beijando ou ...
- Você é mesmo homem - ela o cortou. - Todos vocês vão direto para o físico.
Ele observou a sua pergunta. – Devemos então esperar que ele leia as
nossas mentes em vez disso?
- Muito divertido. - Ela franziu os lábios. - Mas podemos ser mais sutis. Dê
a ilusão de estar próximo de me pedir em casamento. Podemos flertar, provocar,
dançar - Quando ele gemeu, ela acrescentou, com um olhar de relance - Sim,
devemos dançar com a frequência adequada, sem nos declararmos. Isso é um
dado.
- Maldição - ele murmurou.
- Pare de amaldiçoar. Além disso, você é um dançarino melhor do que você
pensa. Você vai ficar bem. - Sua expressão suavizou. - Quem sabe? Você pode até
aprender a colocar alguma poesia em seu poussette2.
- Como eu não sei ou me importo com o que é um poussette, não tenho
certeza de como eu poderia colocar poesia nele. E eu realmente não vejo como

2
Passo de dança numa quadrilha

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


dançar rigidamente num salão de baile com você, prova qualquer coisa a
ninguém.
- Isso prova que você está disposto a suportar um passatempo que você não
gosta, apenas pela chance de me tocar e me segurar. Além disso…
Ao continuar descrevendo as vantagens de saracotear em público, ele
deslizou para trás de uma cadeira para esconder o efeito que suas palavras
provocaram. Ele estava preso na parte "me tocar e me segurar". Porque ele queria
tocar e segurá-la.
Anos atrás, Samuel, o seu irmão perito em sedução, lhe tinha dito que as
mulheres respondiam muito bem aos beijos comuns nos locais comuns, mas
também aos dados em pontos estratégicos em todo o corpo. Seu irmão, até tinha
afirmado que algumas mulheres poderiam encontrar a sua libertação apenas com
tais carícias.
Embora Edwin estivesse cético sobre este último, ele sempre quis tentar
despertar uma mulher do jeito que Samuel descreveu. E a ideia de fazê-lo com
Clarissa, agora enchiam a sua cabeça. Imaginou beijar o braço interno de
Clarissa, arrastando a língua pela suave pele de sua garganta, passando sua mão
sobre a sua minúscula depressão…
- Edwin? - Ela cutucou. - Você concorda?
- Uhh… sim, é claro. - Só Deus sabia com o quê que ele estava
concordando. Foi o que ele conseguiu com o seu devaneio - isso, e uma excitação
cada vez mais prominente.
Que diabos? Isso não acontecia com ele desde que era um garoto verde,
cobiçando as prostitutas das tavernas. - Mas você terá que me ajudar com o
flerte. Não é o meu ponto forte.
- Não se preocupe. Apenas siga a minha liderança e siga os seus instintos.
Tenho certeza de que você os possui. Você simplesmente os ignora.
Ou suprimi-los, sempre que se aproximava dela, o que ele devia continuar a
fazer. Porque os seus instintos diziam para aproximar-se e beijá-la do jeito que
Durand deveria ter feito, como um amante, e não como um valentão. Os seus
instintos disseram que ela poderia aceitar tal beijo.
Seus instintos estavam, sem dúvida, bastante errados.
Como se ela pudesse ler a sua mente, ela afiou o seu olhar sobre ele. - Você
tem a certeza de que quer fazer isso? Não parece justo para você. - Ela se
aproximou dele lentamente. - Quero dizer, por quanto tempo estamos falando
sobre continuar essa farsa?
Ele lutou para limpar sua cabeça de imagens eróticas. – Pelo tempo
necessário para que Durand perceba a mensagem.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Mas isso pode ser anos. E se você tiver que passar toda a temporada
fingindo me cortejar pelo proveito do Conde Durand? Como isso ajuda você a
encontrar uma esposa?
- Me deixe preocupar com isso.
- Você não está ficando mais jovem, você sabe.
Deus, o que ela pensava? Que ele estava desabando na beira do túmulo? -
Obrigado por me lembrar.
- Sério, Edwin-
- Eu duvido que a nossa farsa durará muito. Considere isto desta forma: se
você me ajudar com os meus flertes e cortejo e todas essas bobagens, então,
quando já estivermos livres deste tolo, estarei tão avançado nas minhas
estratégias para conseguir uma esposa que não vai tomar nenhum esforço.
Ela olhou para o céu. - Oh senhor. Eu realmente vou ter uma trabalheira,
não vou?
-Perdão?
Ao aproximar-se dele, ela deslizou a mão na curva de seu braço. - Bem,
antes de tudo, pare de se referir a flertar e cortejar como “bobagem" na frente de
qualquer mulher que você realmente esteja interessado. E em segundo lugar,
você tem que parar de pensar em termos de estratégias e "garantir uma esposa".
Importante lembrar é…
Sua mente vagou novamente enquanto ela o levava da sala, instruindo-o
todo o caminho. Mas desta vez os pensamentos não estavam em despi-la. Desta
vez, tudo o que ele podia pensar era que ele ganhara mais uma noiva que nunca
se casaria com ele.
Mau o suficiente que Jane o tivesse abandonado. Embora nunca tivessem
sido mais do que amigos e a única coisa que Jane tinha ferido fosse o seu
orgulho, observando-a cair na conversa fiada de outro homem sobre "amor
verdadeiro", ainda tinha doído. Também tinha sido inesperado, uma vez que, de
outra forma, ela era uma mulher sensata.
Mas Clarissa não era Jane. Ela não tomou nada - além da obsessão de
Durand, aparentemente - muito a sério. E mesmo que ela quisesse se casar com
Edwin, ele nunca consideraria casar com ela. Se ele se aproximasse da chama
brilhante que era Lady Clarissa Lindsey, ela o queimaria. Ele preferia estar
sozinho do que casar com ela e achar que a sua paixão era temporária.
Ele se recusava a ter o seu coração pisoteado quando ela perdesse o
interesse em seu marido e seguisse para a próxima conquista. Ele se recusava a
acordar um dia, como sua mãe, para descobrir que seu casamento era uma
mentira. Que sua esposa nunca esteve a seu lado. Que o amor ou paixão de

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Clarissa ou o que quer que ele chamasse, não pudesse suportar os tempos
difíceis de um casamento.
Edwin observou a sua mãe morrer com o nome de seu pai em seus lábios e
o seu coração quebrando, e tudo porque o pai fora a um clube privado de ópio em
Londres, entregando-se ao seu vício favorito para apagar as suas lembranças do
passado. Mesmo o "amor" não impediu seu pai de se afundar nesse abismo.
Antes de Edwin arriscar-se a ter isso acontecendo com ele, ele se
conformaria com uma união perfeitamente convencional e chata com alguma
moça responsável que estava feliz em viver a vida habitual de uma senhora bem-
educada, carregando os seus filhos e gerenciando a sua casa e não o fazendo
pensar ou sentir.
Porque o conforto silencioso com qualquer mulher comum era certamente
preferível a uma possibilidade de dor incalculável com uma certa beleza frívola.

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Cinco

O Museu Mecânico de Meeks provavelmente nunca viu tal fluxo de pessoas.


Mas tendo sido apropriado pelos pais de Lady Maribella para o seu décimo oitavo
aniversário, foi invadido pela bela sociedade, admirando tais criações, como uma
minúscula carruagem puxada por dois cavalos e um flautista mecânico que,
depois de ser dado corda, entreteve uma sala inteira.
Clarissa voltou a sua atenção para Edwin, que estava franzindo a testa
enquanto observava uma aranha mecânica em seu avanço para a frente. - Você
não parece muito satisfeito - disse ela. - Eu pensei que seria delirante para você,
poder participar de uma ocasião social em que realmente pudesse desfrutar.
- Eu estaria mais satisfeito se Meeks tivesse adicionado algo novo, desde a
última vez que eu estive aqui.
- Quando foi isso?
- Dois meses atrás. Eu trouxe os rapazes.
Ah sim, da Preston Charity School, para rapazes, que Edwin apoiava.
Graças a Yvette, Clarissa e sua mãe doaram à causa mais de uma vez. - Tenho a
certeza de que eles gostaram imensamente.
- Pareciam que sim. Geralmente costumam gostar.
- Geralmente? Com que frequência você vem aqui, por amor de Deus?
Ele encolheu os ombros. - Algumas vezes por ano. Mais, se eu souber que
há algo novo. Fornece um excelente contraponto às lições dos rapazes, em física e
matemática.
- E eu suponho que você também tenha ideias para as suas próprias
criações - ela provocou.
Um leve sorriso atravessou seus lábios. - Isso também.
- Um dia espero ver esses autômatos.
- Para você poder zoar dos meus esforços, do jeito que a Yvette faz? Não,
obrigado.
Ela deu uma tapinha no braço dele. - Eu não faria isso.
- Você passou os últimos três dias criticando a minha maneira de falar, o
meu comportamento em relação às senhoras e as minhas opiniões. Eu não
consigo ver por que você iria parar de zombar do meu passatempo favorito.
- Se você realmente prestasse atenção às minhas críticas - ela disse com
uma fungadela, - eu não teria necessidade de continuar com elas.

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Ele ergueu uma sobrancelha. - Eu duvido disso. Eu suspeito que você goste
de dar instruções.
- Somente quando elas são necessárias.
- Eu as escuto quando posso. Mas eu duvido que alguma vez consiga fazer
a minha maneira de falar "amável" o suficiente, para satisfazer os seus rigorosos
requisitos. - Sua voz se endureceu. - E não vou alterar as minhas opiniões sobre
a vida e o mundo simplesmente para adquirir uma esposa.
- Eu não quero que você as altere. Apenas não as exponha às senhoras.
- Para que eu possa surpreender a minha esposa na nossa noite de
núpcias, quando ela descobrir o que eu realmente penso? Isso dificilmente parece
um bom plano.
Ela xingou uma respiração frustrada. - Você é o único que me pediu para
ajudá-lo. Supus que isso significava que você aceitaria a minha ajuda.
Ele amaldiçoou em voz baixa. - Estou tentando. - Com um olhar sobre a
sala, ele mudou o assunto. - Pelo menos não há sinal de Durand. Por algum
tempo, ele pareceu estar em todos os eventos em que assistimos.
E Edwin mostrou os dentes cada vez que o homem se arriscava perto dela.
Na verdade, a proteção feroz do conde em relação a ela tinha sido um choque. Ele
nunca antes, pareceu se importar tão profundamente, com o que acontecia com
ela.
- Talvez o seu plano esteja funcionando - disse ela.
- Ou ele está planejando uma maneira mais indireta de chegar até você.
Um arrepio a varreu antes que ela pudesse suprimir. Isso a enfureceu. Ela
trabalhava há anos para colocar o seu medo para trás, lutar contra os pesadelos
e o nervosismo. Agora, aquele maldito Durand ameaçava derrubar todo o seu
controle duramente conquistado.
Ela se recusava a deixá-lo. – Meu Deus, espero que ele tenha abandonado
seu interesse. Se ele não tiver, ele provocará em Mama mais um "feitiço".
Sua mãe implorou para ser dispensada desta festa porque ela estava tendo
um de seus "feitiços". Em particular, Clarissa suspeitava que Mama estava,
simplesmente, tentando permitir que ela e Edwin tivessem a chance de ficar
sozinhos, mas Clarissa não lhe disse nada sobre isso e simplesmente pediu que
eles tomassem a carruagem aberta por causa do decoro.
Miss Trevor e Lady Maribella se apressaram para eles. - Você já viu o rapaz
desenhista que desenha esboços, Lady Clarissa? -Perguntou a Srta. Trevor. -
Você deve vir vê-lo! Está na próxima sala.

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As mulheres tentaram afastar Clarissa de Edwin, mas ela agarrou o seu
braço. - Sua senhoria e eu, iremos juntos. Ele é muito experiente em autômatos.
Talvez ele possa nos dar uma ideia de como eles funcionam.
- Isso seria maravilhoso - disse a Srta. Trevor sem entusiasmo, enquanto
seguia para a outra sala. Claramente, a mulher conhecia a sua reputação de ser
franco e reticente.
Mas Lady Maribella não devia conhecer, pois ela jorrou: - Há também um
escritor e um pianista. Todos os três são positivamente incríveis!
- Em oposição ao negativo, suponho - Edwin murmurou em voz baixa
enquanto seguiam em um ritmo mais lento.
- Silêncio - Clarissa repreendeu, embora ela abafou uma risada. -Ela é
jovem.
- Você é jovem. Mas ainda sabe como usar a língua inglesa.
- Ora, Lord Blakeborough - Clarissa disse docemente, - eu acredito que
você está me dando um elogio. Entende? Não é tão difícil.
- Eu nunca tive problemas para dar elogios às mulheres que eu admiro.
Seu pulso acelerou. Ele a admirava? Verdadeiramente?
A senhorita Trevor tinha parado na frente deles, rápido o suficiente para
ouvir suas duas últimas palavras, que ela pulou. - O que você admira, Lord
Blakeborough? Diga.
Quando Edwin franziu a testa, Clarissa disse apressadamente: - Ele estava
apenas dizendo o quanto ele gostava de seu vestido, Miss Trevor. É uma obra de
arte.
A jovem senhora olhou para ele como em busca de afirmação.
Edwin sorriu sem graça. – Uma obra de arte. Verdadeiramente.
- Ora muito obrigado, meu senhor. Ela lançou-lhe um olhar de avaliação,
então se apressou a sussurrar na orelha de Lady Maribella.
- Um trabalho da pior arte que eu já vi - murmurou Edwin.
- Edwin! - Clarissa sibilou.
- Não me diga que você gosta desse tumulto de listras e axadrezados e
atrozes fitas.
Ela fez uma pausa, dividida entre confessar a verdade e desencorajar sua
franqueza. Mas ela não queria que ele a pensasse totalmente sem cérebro. - Eu
admitirei que o seu vestido é… um tanto infeliz.
- “Um tanto infeliz” é mais gentil do que ele merece.

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- Verdade. - Ela cutucou ele. - E, no entanto, as duas senhoras olham para
você com mais carinho, não olham?
Na verdade, a Srta. Trevor e Lady Maribella estavam tendo uma conversa
sussurrada na sala, pontuada por olhares furtivos de interesse para Edwin.
Ele revirou os olhos. - Isso é porque você mentiu para a Srta. Trevor, o que
eu nunca farei.
- Você não precisa. Basta procurar as coisas boas nela em todas elas, e
concentrar-se nisso. Certamente, você pode encontrar uma coisa boa para
elogiar, em todas as mulheres que conhece.
- Eu duvido.
- Experimente.
Lady Anne e Lady Jane estavam, agora, se juntando a Miss Trevor e Lady
Maribella e as quatro se aproximaram de Clarissa e Edwin com sorrisos tímidos. -
Então, o que você acha dos autômatos, Lady Clarissa? - Perguntou lady Anne.
- Eu não sei - disse Clarissa. - Eu devo vê-los de perto.
Ela e Edwin se aproximaram do trio de mecanismos amarrados com cordas:
uma jovem que tocava o que era realmente um órgão, a julgar pelo fole anexado;
um menino que redigia imagens; e outro menino que escrevia em papel real
usando tinta e caneta reais. Cada um era apenas um pouco menor do que uma
criança real, e todos estavam perfeitamente proporcionados. O cartaz para eles
lerem, O MÚSICO, O DESENHADOR, E O ESCRITOR, POR MONSIEUR JAQUET-
DROZ.
Edwin acenou com a cabeça para um homem atrás da cortina de veludo, e,
o homem, amavelmente deu corda ao escritor que começou a escrever o que
parecia ser uma carta.
- Não é incrível? - Lady Maribella jorrou enquanto seguia a pena do
autômato com o olhar.
Edwin murmurou no ouvido de Clarissa: - Seria muito mais incrível se ele
escrevesse algo que valesse a pena ler.
Clarissa sussurrou: - Diga isso novamente, apenas alto o suficiente para
elas ouvirem.
Ele franziu a testa para ela, mas disse com uma voz que carregava: - Seria
muito mais impressionante se escrevesse um tratado sobre a física.
As senhoras deram risinhos.
- Agora você tem a atenção delas - disse Clarissa em voz baixa. Quando ele
arqueou uma sobrancelha, ela levantou a voz e perguntou: - Qual é a sua opinião
sobre essa figura? - Ela apontou para o desenhista, que estava desenhando uma
intrincada imagem.

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- Você notou o que ele esboça? - Perguntou Edwin.
Isso levou o resto delas a assistir até o autômato completar seu trabalho.
- É uma carruagem conduzida por Cupido e puxada por uma borboleta -
Edwin disse, enquanto as senhoras ainda estavam tentando resolver. - Um
desenho sem sentido, para ter certeza. Porque Cupido usaria uma carruagem em
vez de simplesmente voar para fazer o que quisesse?
- Talvez ele esteja cansado - disse Lady Maribella.
- Ou simplesmente não é muito inteligente - disse Edwin.
Os olhos de Miss Trevor brilhavam. - Exatamente, meu senhor. E como se
põe os arreios numa borboleta? Basta pensar em quão minúsculas e leves as
rédeas deveriam ser.
- E então elas não seriam fortes o suficiente para puxar uma carruagem -
apontou Edwin.
Lady Maribella inclinou o queixo. - Vocês dois não têm imaginação. Eu
acho que é um esboço muito bonito.
- Como eu - Clarissa disse calmamente para a jovem. - Muito extravagante.
Edwin observou-a de soslaio.
Miss Trevor apanhou isso e sorriu ironicamente. - O que você acha do
músico, meu senhor?
- O relógio é engenhoso. Eu acredito que Jaquet-Droz usou uma série de
pelas excêntricas com… - Quando Clarissa franziu o cenho para ele, Edwin
lançou um suspiro exasperado, e terminou mal-humorado. - É muito complicado.
- Olhem lá! - Lady Anne disse, apontando para a subida e descida do peito
do mecanismo. - Ela até respira, como se estivesse viva.
- Muitas coisas respiram - disse Edwin. - Um altar pode respirar "odores
ambrosiais", mas isso não significa que vai sair do templo.
As senhoras pularam com surpresa, depois riram.
- Ora, Lord Blakeborough - disse a Srta. Trevor, pegando o outro braço com
um sorriso derretido, - você está surpreendentemente engraçado.
Edwin ficou atrapalhado. Clarissa estava certa de que ninguém nunca o
chamara de engraçado, e a sua expressão cômica fez com que ela mordesse um
sorriso.
- Diga-me, senhor - disse Clarissa, - essa linha sobre os "odores
ambrosiais", não é do “Paraíso Perdido”?
Seu olhar voltou-se para ela. - Eu pensei que você só lia romances góticos.

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- E leio - Ela deslizou-lhe um olhar provocador. - Felizmente, o poema de
Milton foi citado num.
- Isso é batota. É como usar uma melodia de uma ópera para uma rima
infantil.
As senhoras riram abertamente, e ele realmente sorriu. Talvez essa fosse a
chave – atrair o seu fogo para que ele pudesse acertar sua espirituosidade sobre
ela. - E diga, qual é afinal, o seu problema com as novelas góticas?
- Que elas existam - ele disse sem rodeios.
A Srta. Trevor riu às gargalhadas. Clarissa não achou tão divertido,
especialmente porque as outras mulheres, sem dúvida, as liam também. - Isso
não é resposta.
- Você espera uma resposta séria para uma pergunta frívola? - Disse ele.
- Por que é mais frívolo desfrutar de um bom conto de aventura num livro,
do que assistir um conto semelhante no palco? - Perguntou Clarissa.
- A última vez que verifiquei, não havia governadoras a vaguear pelos
castelos, em peças.
- Não, mas há fantasmas em Macbeth. E Hamlet.
- Ela apanhou-o, Lord Blakeborough - Miss Trevor acrescentou.
Ele a ignorou. - E Shakespeare - disse ele a Clarissa. - Certamente, você
não vai comparar O Monge a Shakespeare.
Como ela odiava O Monge, isso não era possível. Sentindo-se encurralada,
ela cruzou os braços sobre o peito. - Quando foi a última vez que você foi a uma
peça de teatro? - Tome isso, Sr. Oh-tão-certo-das-minhas-opiniões.
- Eu vou ocasionalmente - disse ele, um pouco defensivo.
- Eu vou regularmente, então eu deveria esperar que a minha opinião sobre
o assunto tivesse mais peso.
- Certamente tem mais peso com você - disse ele. - Embora eu não tenha
certeza de quanto peso tem com qualquer outra pessoa.
As senhoras deram risinhos novamente, e se formaram em grupo sobre ele,
como se fossem para protegê-lo dela. A ironia disso não lhe escapou. Bom Deus,
ela tinha criado um monstro.
Ela estava prestes a dar-lhe uma grande descompostura, quando a mãe de
Lady Maribella entrou na sala para anunciar que o chá e bolos estavam sendo
servidos no jardim.
De imediato as senhoras se encaminharam para lá, mas quando a Srta.
Trevor tentou arrastar Edwin com ela, este murmurou alguma desculpa e voltou
para acompanhar Clarissa. Com um olhar penetrante, ela passou por ele.

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Isso não funcionou. Malditos os seus passos longos. Ele manteve o ritmo
dela com facilidade. - Eu juro que não tenho ideia do que aconteceu - ele
murmurou.
- Eu sei - disse ela de mau-humor. - Você reuniu um grupo de aduladores
para aplaudir todas as suas palavras.
- Eu estava fazendo o que você aconselhou.
Diabos o levem. - Eu sei.
- Mas eu não esperava que realmente funcionasse.
Ela suspirou. - As pessoas gostam de críticas a qualquer coisa ou a alguém,
exceto a si próprias. Enquanto você apontar as suas farpas para longe da sua
pessoa, você vai impressionar as senhoras.
- Mas não você.
- Você apontou as suas farpas para mim, então, não. Mas não importa.
Você não está tentando me impressionar.
Eles foram os últimos a deixar o edifício, então ele a deteve antes que ela
pudesse sair para o jardim. - E se eu estivesse? O que o homem deve fazer para
impressionar você?
A pergunta direta a deixou desconfiada. Não era do feitio dele, falar dela,
como se ela pudesse ser uma mulher que o interessasse de maneira romântica. –
Um pouco como você e seus autômatos, não estou prestes a dizer e arriscar a sua
zombaria.
Um remorso súbito cintilou em seus olhos. - Eu não deveria ter zombado
dos seus gostos de leitura na frente das outras mulheres.
A desculpa inesperada fez algo engraçado no seu interior. - Por que não? -
Ela disse, odiando a falta de ar na sua voz. - Você zomba dos meus gostos de
leitura o tempo todo.
- Como você faz do meu. Mas quando é feito diante uma audiência, assume
um tom diferente. É menos como uma "guerra alegre", para usar um termo de
Shakespeare, do que um ataque pessoal. Embora possa as ter entretido, é algo
que um estúpido grosseiro faria – e eu estou aprendendo a não me comportar
como um.
Isso mostrou mais perspicácia sobre as relações pessoais do que Clarissa
esperava. - Você está sendo muito duro consigo mesmo. Quando o seu olhar se
aqueceu, sentiu um estranho pânico. Edwin estava sendo muito mais atraente do
que ela tinha percebido. Apressadamente, ela acrescentou: - Além disso, estou
acostumada com as suas maneiras grosseiras.
- Ah - Mas ele sorriu. Ele não foi levado. – Acostumada a elas ou não, você
sabe que devo aprender a alterá-las. Então, deixe-me ter a certeza de que

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compreendo a estratégia: posso dizer coisas cortantes desde que elas sejam
dirigidas a outras, menos para as senhoras que eu quero impressionar.
- Exatamente.
- Eu nunca vou entender as mulheres. - Embora eles pudessem ver todos
movendo-se pelo o jardim, comendo e bebendo a poucos metros deles, dentro do
museu estava deserto. De algum modo, estar desse lado da soleira, deu a ilusão
de que eles estavam em privado, embora tudo que era preciso, era que alguém se
aproximasse da entrada para ouvi-los.
Como se ele se apercebesse disso, baixou a voz. - Pelo menos eu não tenho
que fazer muitos elogios ridículos.
- Claro que você tem. Você precisa de ambos – espirituosidade para
demonstrar sua inteligência e elogios para demonstrar sua amabilidade.
- Oh, pelo amor de Deus, isso não faz sentido.
- Porquê?
Ele encolheu os ombros. - Não tenho interesse em cortejar essas meninas
tolas. Bem, talvez a senhorita Trevor se adequasse, se ela não tivesse um gosto
tão fraco em roupa. Mas quanto ao resto, prefiro morrer solteiro do que casar com
uma delas. Então, por que me preocupar em cumprimentá-las?
- É precisamente porque você não tem interesse nelas que são perfeitas
para você praticar. Você não tem nada a perder.
- E nada a ganhar também.
- Vamos fazer o seguinte. Se você conseguir dar um elogio genuíno a cada
uma das nossas quatro companheiras antes de partir, vou lhe dar uma
recompensa.
O interesse despertou em seus olhos. - Que tipo de recompensa? E diga-me
que não será uma dança.
Ela riu. - Eu vou deixar você escolher. O que você quiser.
- Tudo bem. - Ela imaginou ou a respiração dele de repente acelerou? Ele
tirou o olhar dela. - Então, uma recompensa. - Ele imbuiu a última palavra com
tal significado que enviou um tremor de antecipação através dela.
Bom Deus. Talvez ela não devesse ter lhe dado carta branca, tão
imprudentemente.
Não, Edwin nunca abusaria do privilégio pedindo por algo… arrojado. Ele
não faria.
Mas você desejava que ele fizesse.
As suas bochechas aqueceram. Certamente não. Isso era ridículo.

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- Você está corando, moça atrevida - ele disse em voz baixa.
Agora, não eram apenas as suas bochechas aquecendo, mas outras partes
dela. Já se passaram anos desde que isso aconteceu. No entanto, nos últimos
quatro dias, ela sentiu aquele calor de derretimento amaldiçoado em sua barriga
cada vez mais frequentemente. Se o homem não fosse tão irritante, ela realmente
poderia pensar que estava gostando dele.
Simplesmente não faria. - Você está empatando. Você ainda tem que dar
quatro elogios, você sabe. Ou perde a sua recompensa.
Ele olhou para ela constantemente. - Muito bem. Vamos acabar com isso.
Antes que ela pudesse protestar que ele estava perdendo o ponto, ele
entrou no jardim e até Lady Anne. - Esse é o chapéu mais interessante que já vi -
disse ele sem rodeios.
Clarissa sufocou uma risada frustrada. Edwin poderia ser tão direto.
Felizmente, Lady Anne tomou "interessante" como um elogio. -Você acha? É
o meu favorito. - Ao olhar para ele, a moça afetuosamente acariciava o chapéu
que se assemelhava a um prato de frutas mofadas e começou a discursar sobre
os chapéus.
Ele aguentou o seu monólogo por vários momentos antes de dizer: -
Desculpe, esqueci-me que precisava falar com Lady Maribella sobre uma questão
de importância. – Depois de fazer uma vênia a Lady Anne, ele atirou a Clarissa
um sorriso atrevido enquanto se dirigia para Lady Maribella e Lady Jane, que
estavam ao lado da mesa de refrescos.
Clarissa olhou para ele, o que não parecia lhe incomodar nem um pouco.
Determinado a ouvir o que ele dizia, ela se aproximou para pegar um copo de
vinho doce, como se esse tivesse sido o único propósito, em se aproximar da
mesa. Edwin realmente queria disparar os seus elogios em seus alvos, em rápida
sucessão, apenas para obter uma recompensa?
Ooh, isso era tão parecido com ele. Ele não gostava de conversa fiada.
- Lord Blakeborough! - Lady Maribella exclamou antes que ele pudesse
dizer uma palavra. - Este não é apenas o pequeno jardim mais bonito que você já
viu?
Clarissa bufou. A mulher claramente gostava de hipérbole e observações
vazias. Ela iria sobrecarregar a paciência de Edwin.
- É um pequeno jardim, sim - disse ele. – Adequa-se a você.
Hmm. Clarissa devia contar esse? O rastro de ironia em sua voz dizia que
não era inteiramente um elogio.
Mas Lady Maribella tomou isso como um, porque ela riu e corou e disse: -
Oh, você é tão encantador, senhor.

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Quando a ridícula afirmação fez com que Clarissa se engasgasse com o seu
vinho, o olhar reluzente de Edwin atirou nela sobre as cabeças das suas
companheiras. - É fácil ser um encantador com uma boa inspiração diante de
mim.
Clarissa congelou. Ele claramente não queria dizer de Lady Maribella e
Lady Jane, então o elogio não devia contar. No entanto, o tom áspero com o qual
ele falou, e o calor em sua expressão antes de devolver o olhar para as outras
duas senhoras, a deixou fraca nos joelhos. Se isto não bastava para prová-lo
capaz de lisonjear uma mulher, ela não sabia o que seria.
Então Lady Jane disse: - Que flores você mais gosta, senhor? Eu gosto dos
junquilhos porque me lembram de Mama. Ela adorava-os.
Um nódulo prendeu a garganta de Clarissa. Mesmo que a sua mãe
sobrecarregasse a sua paciência, ela não podia imaginar perdê-la tão nova, como
Lady Jane tinha perdido a dela.
Edwin sorriu suavemente para a garota. - Tenho a certeza de que ela não os
amava tanto quanto esse seu sorriso. Isso iluminaria qualquer enfermaria.
Ele claramente quis dizer isso, e isso só engrossou o nódulo na garganta de
Clarissa. Sempre que Edwin mostrava o lado gentil, que ele geralmente mantinha
profundamente enterrado, a fazia questionar as suas suposições sobre ele.
Até que ele falou novamente. - Ah, vejo a Srta. Trevor lá. Perdoe-me, mas
devo falar com ela. - Então ele foi novamente, atravessando o jardim.
O que era isso, uma corrida? Como de costume, o sujeito desonesto estava
cumprindo a sua tarefa com o mínimo de tempo e incómodo, o que não era, de
todo, o que ela queria que ele fizesse. Ela seguiu à distância, preferindo ver o que
ele iria inventar como um elogio para a intrépida jovem.
Sem sequer um preâmbulo, ele disse: - Senhorita Trevor, não pude deixar
de notar que você tem um excelente senso de humor.
- Ora, obrigado, meu senhor. Você também. - A Srta. Trevor lançou um
olhar especulativo além dele para Clarissa, que sorriu e depois se virou e fingiu
estar admirando uma planta. Uma feia. Com espinhos. Que ela desejou que
pudesse atirar à senhorita Trevor.
Céus, de onde veio isso?
Bem, talvez a senhorita Trevor se adequasse.
Oh, sim, devia ser daí. Mas só porque Clarissa odiava ver Edwin se casar
com alguém tão obviamente errado para ele. Não porque ela estivesse com ciúmes
de qualquer mulher que realmente obteve o interesse de Edwin. Nem. Um. Pouco.
- Assim que pudermos estar sozinhos, quero reivindicar minha
recompensa.

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Ela saltou, depois franziu o cenho para Edwin. - Bom senhor, não me
surpreenda assim. Pensei que ainda estivesse falando com a Srta. Trevor.
- Não há necessidade. Eu já a elogiei.
Clarissa olhou para ver a Srta. Trevor, agora, vagando para lady Anne,
provavelmente para discutir o abrupto Lord Blakeborough. Ela baixou a voz. -
Esse não era o ponto do exercício. Você deveria se envolver em conversas
educadas e esconder o elogio nelas.
Havia um resplendor de humor em seus olhos. - Você não disse isso. Você
disse que oferecesse quatro elogios genuínos. Então eu ofereci.
- Mas-
- Você está renunciando à sua oferta de recompensa? - Ele perguntou com
um levantamento de sua sobrancelha.
Ele iria vê-lo dessa maneira. - Claro que não - ela murmurou.
- Boa. Porque eu decidi o que eu quero. Mais tarde, quando tivermos a
chance de ficar sozinhos, eu quero beijar o interior do seu braço nu.
Seu estômago virou-se. - Esse é um pedido muito estranho.
- Você disse “qualquer coisa”.
- Mas … mas por que isso?
- Você não disse que eu tinha que explicar. Você não colocou nenhum
parâmetro sobre a recompensa. Se você quisesse um resultado diferente, você
deveria ter sido mais específica. Você só exigiu que eu desse ...
- Tudo bem - disse ela, para evitar a sua litania de lógica. - Se é isso que
você deseja, você pode beijar o interior do meu braço. Uma vez.
Seu olhar se incendiou na dela. - Seu braço nu - ele a corrigiu.
Ela deu uma respiração exasperada. - Sim, claro. Meu braço nu.
- Excelente.
Ao voltar para o museu, ela disse a si mesma que um beijo no braço não
era nada. Não era como um beijo na boca. Não era nem mesmo íntimo.
Então, por que seu pulso pulava como um peixe voador em antecipação?

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Seis
Edwin não pôde deixar de notar o silencio pouco característico de Clarissa
em seu caminho para casa. Geralmente, ela conversava com a mãe sobre cada
evento que assistiam, descrevendo quem estava usando o quê, os comentários
mais irritados que ela tinha ouvido, as últimas fofocas que ela tinha apanhado n a
sala privada. E ele deixava que ela e a mãe falassem, contente por apenas dormir
com os seus próprios pensamentos.
Mas a sua mãe não estava com eles, então o passeio se sentiu mais íntimo
do que o habitual, mesmo com o seu criado, no poleiro atrás deles. A noite estava
caindo, e o seu corpo deslizava contra ele toda vez que faziam uma curva.
Às vezes, ele fazia a curva, intencionalmente apertada por esse mesmo
motivo. Não era por nada que ele tinha um amplo conhecimento da física e como
os corpos se comportavam em movimento.
Depois de uma dessas curvas, Clarissa murmurou um juramento em voz
baixa. - Estou admirada de você possuir um cabriolé. E que você o dirija tão
rápido. Eu esperava que você fosse mais… bem …
- Aborrecido? - Ele disse com força.
- Cauteloso. Como regra geral, você não é imprudente.
- Desde que primeiro se avalie o equipamento para determinar os seus
limites, não é imprudente dirigi-lo, até à extensão total das suas capacidades.
- Claramente, quando você fez a sua avaliação - ela resmungou, - você não
considerou o seu passageiro em conta. Mas então, isso é típico de você.
Claro que ele tinha levado o seu passageiro em conta. Era por isso que ele
estava fazendo todas essas curvas apertadas, embora ele, dificilmente, pudesse
dizer isso a ela.
Ele olhou para vê-la apertando o seu grande chapéu de seda com uma mão,
e o lado do cabriolé com a outra. Ela também parecia muito atraente a fazer isso,
com o seu vestido de xadrez num suave azul e vermelho a abanar com o vento. -
Você parece ter muitas ideias sobre mim, que não têm qualquer semelhança com
o meu verdadeiro caráter.
- Eu poderia dizer o mesmo para você. Embora não seja minha culpa não
nos conhecemos melhor. Você tende a fugir sempre que eu estou por perto.
- Porque você e Yvette conversam incessantemente. Existe um limite para
aquilo que um homem é capaz de suportar.
- Bem, se você acha que, nós, conversamos incessantemente, você devia ver
a Srta. Trevor. - Clarissa lançou um olhar para ele. - Na verdade, eu sinto que

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devo avisá-lo sobre ela. Ela é inteligente, eu concedo isso, mas não acho que
vocês dois combinam.
Ele mordeu um sorriso. - Em outras palavras, você não quer se casar
comigo, mas também não quer que mais ninguém se case.
Julgando pelo jeito que ela empurrou o olhar para a estrada, ele atingiu a
marca. - Não é que eu não queira me casar com você, em particular - disse ela. -
Eu lhe disse, não tenho intenção de me casar com ninguém.
- E porquê isso?
Seu rosto ficou fechado. - Eu não sou o tipo romântico, só isso.
- Você não precisa ser o tipo romântico para se casar.
- Não, mas você tem que ser carinhosa, pelo menos. - Ela olhou cegamente
para a frente na estrada. - E eu também não sou o tipo afetuoso.
- Entendo - Mas ele não entendia nada. Ele não podia imaginá-la como
uma mulher fria e insensível, não importa o que ela pensasse.
Ela balbuciou. - Os homens querem esposas afetuosas. Eles merecem,
assim como as mulheres merecem maridos afetuosos. Como não posso
providenciar isso, não acho justo casar com um homem sob falsos pretextos.
- Se você o diz. Mas isso é mais uma razão porque você não deveria tentar
decretar com quem eu me deveria casar.
Não que, alguma vez, seria Miss Trevor. Ele não podia suportar uma esposa
que se vestia tão escandalosamente. Mas ele não ia contar isso a Clarissa. Ele
estava se divertindo demais observando sua tentativa de gerenciar o seu futuro.
- Eu não estou tentando decretá-lo. Eu apenas penso que você… e a
senhorita Trevor… - Ela olhou para vê-lo sorrindo e murmurou -Oh, esqueça.
- Não, continue. Você me disse que ela é teimosa como uma mula e que
você achou a sua aparição repentina na sociedade suspeita, mas além disso, você
não disse exatamente por que não nos adequaremos. A menos que, a razão seja
simplesmente, que você não gosta dela.
- Eu gosto, perfeitamente dela. Apenas não para você.
- Porquê?
Juntando as mãos no seu colo, ela murmurou - Não seria educado dizer.
- O que significa que você não tem nenhum motivo.
- Eu deveria pensar que sei o tipo de mulher que você está procurando.
- Oh, você sabe, não é? - Ele disse com uma risada. - E que tipo é esse?
- O tipo que não vai fazer confusão. Que é um pilar da sociedade e segue
todo decoro. Que irá atender a todos os seus caprichos.

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E assim, a sua diversão desapareceu. Sombriamente, ele dirigiu a
carruagem em torno de um buraco. - Eu não tenho "caprichos".
- Você sabe o que quero dizer - disse ela, claramente exasperada. - Você
está procurando por uma mulher que marchará ao ritmo do seu tambor.
Diabos, ele estava cansado de pessoas acusando-o de tal coisa. Primeiro
Warren, agora Clarissa. Sua imagem dele como um idiota moralmente superior,
tinha começado a ranger.
Foi precisamente por isso que ele pediu a sua recompensa - para mostrar a
ela que, ele, também poderia despertar desejo numa mulher. Nela. Que ele era
capaz de agradar uma mulher, e não apenas atropelá-la. Era uma questão de
orgulho.
Uma questão de luxúria, você quer dizer, disse a consciência dele.
Isso também. Mesmo sabendo que não poderia avançar mais. Não devia
avançar mais.
Ainda assim, ele tinha que ser claro numa coisa. - Eu não sou um valentão,
apesar do que você pensa de mim.
- Eu não estava dizendo ...
- Eu quero uma companheira para a vida, alguém com suas próprias ideias
e opiniões. Mas sim, eu quero uma mulher calma e responsável. Se você vê nisso
como uma esposa que "não fará confusão", vá em frente. Eu vejo isso como
calmante.
Poderia ser calmante, como Warren disse, um pouco aborrecido, mas era
muito melhor do que a tempestade que tinha sido o casamento de seus pais.
- Bem, nunca será Miss Trevor - disse ela triunfante. - Você não teria um
momento de calma com ela.
Ela provavelmente estava certa. - Tudo bem - ele cortou. - Você fez o seu
ponto de vista. – De qualquer maneira, era absurdo discutir sobre uma mulher
que ele nunca quis procurar.
Eles passaram um tempo em silêncio.
- Então - ela disse finalmente, - o que você está planejando fazer esta noite?
Reivindicar a minha recompensa. Não, isso era o que ela queria que ele
dissesse, para que pudesse exigir que lhe dissesse o momento e o local. Ele não
estava jogando aquele jogo. Se ela quisesse saber, poderia perguntar-lhe
abertamente. Na verdade, ele estava bastante surpreso que ela não o tivesse feito
já. Clarissa geralmente não era de poupar palavras.
- Provavelmente irei ao clube, tomar uma bebida, ler um livro. Eu não sei.
Não pensei muito para a frente. Porquê?

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- Eu só … perguntei se você ficaria para jantar.
Ele lançou-lhe um olhar paralelo. Suas bochechas estavam tão vermelhas
como ele nunca tinha visto. Ela estava, claramente, dançando em torno da
questão da recompensa, e ele estava tentado a prolongar a dança, para ver o quão
longe ela iria.
- Com a sua mãe doente - ele disse, - dificilmente isso é sábio.
Ela bufou. - Mama não está doente. Ela está tentando, muito
descaradamente, nos juntar para os seus próprios propósitos.
- Ah. Ela conhece a sua recusa em se casar?
- Não. E eu preferiria que ficasse assim.
- Mais uma razão então para que eu não deva ficar para o jantar - ele disse
secamente. - Eu prefiro não mentir.
- Você não precisa mentir. Apenas não ofereça informações. - Ela firmou os
ombros. - E é claro que você deve ficar para o jantar. Mama ficará desapontada se
não o fizer.
Ele queria ficar. Porque a ideia de beijar o seu braço e ver sua reação o
consumiu metade do dia.
Eles puxaram na frente, e o seu criado saltou para tirar as rédeas dele. -
Eu vou ficar para jantar - disse Edwin ao rapaz. - Então, você também pode ter o
seu jantar com os cavalariços.
- Obrigado, milord. - O criado saltou para a frente do cabriolé e enviou os
cavalos trotando para as cavalariças.
Assim que eles entraram na casa, eles foram atendidos por um lacaio, que
os informou que sua senhoria havia se retirado.
- Oh! - Clarissa disse, claramente assustada. - Tão cedo? E sem comer?
- Ela pediu uma bandeja no quarto, minha senhora - disse o criado
enquanto segurava no chapéu e a peliça de Clarissa.
Edwin ficou bastante satisfeito com o desapontamento que apareceu no
rosto de Clarissa, especialmente porque refletia o dele. Ela mordeu o lábio
inferior. - Bem então … céus …
- Eu deveria ir - disse ele. Um jantar cara-a-cara com Clarissa poderia
escandalizar os servos, não importa o que a mãe podia aspirar.
- Suponho que você deveria. - De repente, ela se animou. - Mas enquanto
aguardamos que o seu cabriolé seja trazido de volta, eu tenho algo para lhe
mostrar na biblioteca.

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Era tudo o que ele podia fazer para não rir. Ela poderia ser tão
transparente. E ele não estava cedendo um milímetro. - Oh? E o que poderia ser
isso?
Olhando, como se quisesse batê-lo na cabeça, ela disse: - É um livro, é
claro. Um muito recompensador.
- Ah. - Como as sugestões estavam, essa foi bastante direta. - Claro.
- Não demorará muito - disse ela brilhantemente.
Ele esperava sinceramente que demorasse mais do que ela esperava.
Porque ele estava esperando horas por esse momento. E ele queria aproveitar isso
em seu descanso.
- Muito bem. - Ele gesticulou em direção ao corredor. – Eu sigo-a, minha
senhora.
No momento em que entraram na biblioteca, o estômago de Clarissa ficou
atento. Era estranho, de verdade, que ela estivesse tão nervosa em torno de
Edwin. Apesar de ter demorado muito, depois da sua desastrosa estreia, para
parar de entrar em pânico cada vez que um homem a tocava, desde então ela
compartilhou alguns beijos com um pretendente ocasional, em parte apenas para
provar a si mesma que poderia suportá-los.
Mas nenhum dos beijos tinha sido mais do que exercícios. Nenhum dos
homens tinha sido alguém de quem gostava. Este era Edwin. Ele era diferente.
Então, provavelmente era uma coisa boa, ele só querer beijar o seu braço.
Ainda assim, para estar segura, ela o conduziu para um canto da
biblioteca, que não podia ser visto da porta. A última coisa que ela precisava, era
que um servo passasse por eles, e interpretasse mal o que viu.
Convocando uma expressão de calma, ela virou-se e jogou as próprias
palavras de Edwin de volta para ele. - Vamos acabar com isso, vamos?
Edwin lançou-lhe um olhar enigmático. - O quê exatamente?
- A recompensa, pelo amor de Deus! - Ela olhou para ele. - Você sabe o que
eu quero dizer.
Para sua mortificação, ele riu. - Eu sei, mas é muito mais divertido ver você
andar em círculos.
Com os olhos baixos, ela afastou o braço. - Você, senhor, pode ser um
provocador. Eu não teria pensado isso.
- Como eu disse, você não me conhece tão bem como pensa. - Virando a
mão para que os botões de pérola de seus punhos estivessem à sua disposição,
ele começou a liberá-los com um interesse lento e intenso.
Muito devagar. Muito intenso. Era diferente de tudo o que experimentara.
Havia apenas três botões, mas ele tomou o seu tempo, até que ela estivesse

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pronta para gritar com ele para terminar. Porque a atenção que ele deu para
revelar seu pulso, centímetro por centímetro, estava fazendo coisas engraçadas
para o seu interior. Coisas pouco familiares.
Anos atrás, o homem que ela chamou o Vilão Sedutor, morto há muito,
extinguiu o seu ardente interesse pelos homens. No entanto, Edwin, com os seus
dedos capazes que a fazia tremer com cada toque, estava provocando algo
profundo em sua barriga.
Algo que ela nunca pensou sentir de novo.
Quando ele terminou os botões, ele fez uma pausa, a sua mão cercando o
seu pulso levemente. Como se ele pudesse detectar o nervo selvagem de seu
sangue através das suas veias, ele murmurou: - Para uma mulher que afirma não
ser afetuosa ou romântica, você está estranhamente nervosa. - Ele encontrou seu
olhar. - Eu não vou morder, você sabe.
- Claro que não - ela retrucou.
Seus olhos se estreitaram, brilhando como areias na ardósia na sala à luz
de velas. - Não é preciso ficar rabugenta. Você concordou com isto, lembra-se?
Ela se forçou a respirar, a sorrir. - Claro.
Mas ela não esperava que fosse uma festa tão espantosa de sensação.
Quando ele se inclinou sobre o braço, o cheiro de seus cabelos - tingidos de
almíscar e cravo-da-índia – flutuou até ela, suave, mas, distintamente Edwin. Ele
empurrou a manga para cima, mostrando a pele macia dentro da curva do seu
cotovelo, e o menor roçar do seu polegar enviou o seu sangue correndo.
Então os seus lábios estavam em seu braço. Seu braço nu. Ela podia sentir
o raspão áspero dos seus bigodes, ouviu o relógio marcando os segundos que
pareciam lentos, enquanto a sua boca pressionava o pulso, batendo
freneticamente apenas lá.
O beijo era terno, mas firme e mais íntimo do que poderia ter imaginado.
Os seus joelhos ficaram fracos, especialmente quando ele se demorou para
inspirar longamente, como se para inalar o seu cheiro.
Ainda segurando o pulso, ele ergueu a cabeça para encará-la com olhos
mais insondáveis, do que eles pareciam, escassos segundos atrás. Ela não podia
desviar o olhar.
Então, para quebrar o feitiço, ela perguntou: - Porquê me beijar aí?
Um leve sorriso tocou seus lábios. - Chame isto um daqueles caprichos que
você parece pensar que eu tenho. - Ele se endireitou e depois a puxou para perto
dela. - E aqui está outro.
Então ele beijou os seus lábios.

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Oh sim. Até que ele fizesse isso, ela não tinha percebido que era o que
esperava. Edwin beijar a sua boca. Então, ela podia ver, poderia saber, se ele
realmente era tão diferente da sua, interpretação dele, como ele afirmava.
Nisto, pelo menos, ele estava. Ele não exigiu; Ele ofereceu. A sua boca
brincou com a dela, tão lenta e intensa, como os seus dedos desabotoando a luva.
Isso a deixou louca. Ela estava acostumada a homens empurrando, forçando,
tomando. Ela não estava acostumada a paciência ou tentação de seda, a
respiração se misturava e os lábios se acariciavam na mesma medida.
E quando ele deslizou a língua dentro da sua boca, não a assustou tanto
como a intrigou. Ela tinha sido beijada assim antes, mas não tão eloquentemente.
Isso a deixou inquieta por mais.
Dificilmente consciente de que fez isso, ela envolveu os seus braços em
torno do seu pescoço. Então tudo ficou mais interessante. O beijo ficou mais
interessante. Ele sugou a sua língua e ela entrou na boca dele, algo que ela
nunca tinha feito. As suas línguas se envolveram numa "guerra alegre" que a
deixou tonta com a dor doce dela.
O seu beijo tornou-se mais ousado, mas ela não se importava. Ela queria
que fosse ainda mais ousado. Ela deslizou a mão dentro do casaco, chocada por
encontrar o seu coração batendo tão rápido quanto o dela. O beijo continuou
lutando contra as suas defesas, tentando-a a soltar… até que ele a puxou para
ele.
Ela congelou. Ela podia sentir a espessura dentro das calças dele, e sabia o
que significava. Dor, humilhação. Perigo.
Afastando-se, ela sussurrou: - Não. Chega. Ela esperou com medo por seu
protesto, esperou por ele lutar contra ela, para tentar subjugá-la.
Em vez disso, ele passou os dedos pelos cabelos dele e disse rabugento: -
Basta. Certo.
Ela lutou para controlar a sua respiração. - Edwin, desculpe, eu…
- Você não tem nada com que se desculpar. - Ele já estava deslizando para
a sua maneira formal. - Eu ultrapassei os meus limites. Você tem sempre o
direito de me lembrar onde eles estão.
Homem algum, alguma vez, tinha dito isso a ela. Parecia muito bom para
ser verdade. Mas então, ela e Edwin fizeram pouco mais do que beijar. Talvez se
as coisas tivessem avançado ainda mais…
Ela pisou numa facada de medo. Afinal, este era Edwin. - Obrigada. Eu
sempre posso contar com você para ser um cavalheiro.
Ele olhou para ela com firmeza, como se sentisse que as suas palavras
eram tanto um apelo como qualquer outra coisa. - E eu sempre posso contar com
você para ser uma senhora.

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Ele falou as palavras com perfeita sinceridade, mas a sua garganta sentiu-
se de repente apertada e crua. Quão pouco ele sabia.
- Amanhã, então - disse ele. - Eu vou buscar você e a sua mãe às nove para
levá-las á igreja.
Tudo o que ela conseguiu foi um aceno de cabeça.
Parecia que estava prestes a comentar sobre o silêncio dela, então
suspirou. - Eu saio sozinho.
No momento em que ele saiu pela porta, ela colapsou na cadeira mais
próxima. Céus. Edwin podia beijar. Ele podia sentir.
Ele podia ser despertado. Por ela. Por a beijar.
Ela não sabia o que pensar sobre isso.
Mas uma coisa era certa. Na próxima vez que ela pensasse em oferecer-lhe
uma recompensa, ela colocaria a ideia fora da sua cabeça.
Antes que isso a colocasse em sarilhos.

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Sete

Ainda agitado pela sua reação ao beijo com Clarissa, Edwin fez uma
paragem na casa da cidade de Warren para falar com o chefe dos criados. - Você
viu o Conde Durand por aqui?
- Não, milord. Tenho observado a rua como você pediu, mas não vi o
francês.
Aliviado de que, ao menos, o idiota não andava circulando pela casa, Edwin
viajou de Mayfair para Pall Mall como se os cães do inferno estivessem atrás dele.
A sua "recompensa" correu melhor do que ele esperava. Se não ficasse atento,
ainda poderia encontrar-se algemado a Clarissa. E isso seria desastroso.
Ele sentiu novamente a batida rápida do seu sangue contra os seus lábios,
enquanto lhe beijava o interior de seu braço. Ele viu novamente a expressão dela
enquanto ele se acalmava - um olhar de consciência e excitação que o levara a
beijar a sua linda boca. Para saquear e provar, e, desejar poder continuar a beber
dos seus lábios por dias.
Uma maldição irrompeu dele. Beber de seus lábios. Ele não queria fazer
nada tão ridículo. O que ele queria era tê-la na cama. O que não poderia
acontecer a menos que se casasse.
Recordando a sua reação, a ele, no final, ele apertou os dentes. Quando
uma mulher recua do abraço de um homem, com alarme em seus olhos, não é
um bom presságio para ela querer se casar com o sujeito.
Até àquele momento, ela parecia gostar dele bem o suficiente. Claro,
Clarissa era uma namoradeira, então às vezes era difícil dizer a diferença entre
flerte e interesse genuíno. Talvez ela estivesse apenas brincando com ele antes.
Mas então, por que não terminar o beijo com uma risada e uma
provocação? Ou uma recusa tímida, como qualquer outra mulher poderia ter
feito?
Ele balançou a sua cabeça. Ele nunca a entenderia, e não havia razão,
sequer, para tentar. Isso acabaria assim que Warren retornasse. Se tivesse
escolha, terminaria ainda mais cedo.
Poderia terminar amanhã se Durand fosse descartado.
O pensamento saltou na sua cabeça com uma claridade surpreendente.
Sim, talvez ele devesse atacar as coisas nessa direção. Certamente, o Francês
tinha alguma fraqueza, algum segredo no passado que poderia ser usado para
fazê-lo parar de perseguir Clarissa. E Edwin, conhecia a pessoa certa para
investigar isso.

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Ele foi direto para o clube, esperando que o Barão Fulkham, subsecretário
de estado para a guerra e as colônias, aparecesse hoje à noite. O barão tinha
aderido, recentemente, porque a viúva do seu falecido irmão, estava sendo
vigorosamente cortejada, e ele precisava ter certeza de que ela não acabaria em
mãos erradas. Enquanto, ele, raramente, estava presente durante o dia, ele vinha
à noite para desfrutar de um charuto e jogar cartas com os amigos.
Felizmente, a sala de cartas, foi onde Edwin o encontrou. Infelizmente,
Fulkham estava jogando cartas com Lord Rathmoor, o homem que se casou com
a ex-noiva de Edwin.
Fulkham levantou os olhos antes que Edwin pudesse se retirar. - Noite,
Blakeborough - disse o barão, com um olhar furtivo para Rathmoor. - Alguém
disse que você estava na festa de Lady Maribella. Nós não esperávamos te ver tão
cedo.
Era provavelmente por isso, que o homem se sentiu confortável convidando
Rathmoor para o clube como convidado. Enquanto isso, Rathmoor parecia nada
confortável. Droga. Isso seria mais difícil do que Edwin pensava.
- Eu estava na festa, mas não fiquei até ao fim - ele respondeu.
- Venha jogar conosco - disse Fulkham. - Rathmoor está me massacrando
no vinte e um e precisa de alguma competição.
Edwin hesitou. Com a situação tal como estava, ele já teria que ser
cauteloso ao questionar o barão, já que ele mal o conhecia. Com Rathmoor lá,
seria ainda mais difícil.
Ainda assim, mesmo que Rathmoor, provavelmente, se ressentisse de
Edwin por ter tentado se casar com Jane, Edwin sabia que o visconde era
discreto.
Era por isso que Edwin preferia lidar com homens. Um homem perguntava
diretamente, obtinha respostas diretas, e ninguém o pressionava por mais. Não
havia nada desses disparates de elogios e tal.
Além disso, como um ex-agente da Bow Street, Rathmoor podia lançar
alguma luz sobre Durand. Enquanto Edwin não deixasse escapar que isso teria
algo a ver com Clarissa, não haveria chance de que as informações dos homens
pudessem prejudicar a sua reputação.
Um jogo de cartas podia ser o local perfeito para fazer perguntas que
pareciam casuais. Especialmente um jogo de cartas francês. Era uma abertura
óbvia.
- Eu acho que vou me juntar a vocês. - Edwin sentou-se entre os dois
homens. - Quais são as apostas? –
- Cinco libras para começar. - Fulkham levantou uma sobrancelha. - A
menos que seja muito rico para o seu sangue.

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- Está tudo bem. - Edwin gostava das cartas, a maior parte do tempo,
especialmente porque ele raramente perdia, mas esta noite ele teria dificuldade
em manter sua mente no jogo.
Eles determinaram que Rathmoor seria o distribuidor. Com uma expressão
sombria, ele baralhou as cartas, os seus movimentos rígidos. Talvez Edwin
devesse abordar, diretamente, a difícil questão entre eles, antes de passar para
assuntos mais produtivos.
- Como está Jane? - Edwin não a viu desde o casamento com Rathmoor há
vários meses, então deveria ser uma pergunta perfeitamente aceitável.
Dado o modo como Rathmoor endureceu, talvez não. - Ela está bem - ele
cortou e distribuiu, a cada um deles, duas cartas.
Edwin examinou as suas cartas e fez alguns cálculos mentais rápidos,
indicando que queria outra carta. - Eu creio que vocês estão renovando Rathmoor
Park.
O olhar de Rathmoor disparou para ele, ainda cauteloso. - Nós estamos.
Os outros dois homens também tomaram outra carta.
Edwin escolheu ficar em dezanove. - Tenho a certeza de que Jane será um
grande trunfo nesse esforço. Ela tem um afiado senso de como decorar
efetivamente.
Rathmoor suavizou uma fração. - Ela realmente tem. Como você sabia?
- Depois que o meu pai morreu e eu queria renovar a casa da cidade, ela fez
várias sugestões úteis. Yvette estava muito grata pelo conselho, já que eu a
coloquei no comando do mobiliário.
- Jane tem uma habilidade para tais coisas. - Rathmoor examinou as suas
cartas e escolheu ficar com dezassete. - Ela é boa em gerenciar pessoas.
Fulkham pediu outra carta, e escolher parar, também.
- Ela certamente é. - Enquanto eles viravam a carta com a face para baixo,
ocorreu a Edwin que Jane tinha tentado controlá-lo de vez em quando, e ele se
irritou com isso. Ela tinha feito isso de forma tão imparcial, como a irmã sempre
tinha feito.
Mas Clarissa provocou e desafiou-o, o que ele achou muito mais agradável.
Viver com Jane provavelmente teria sido mais difícil, do que ele tinha percebido
no momento. Rathmoor parecia feliz o suficiente com ela, mas era porque o
homem se imaginava "apaixonado".
Pelo menos Yvette já não tentava controlar a vida de Edwin. Embora, às
vezes, ele sentia falta disso.
- Parabéns, Blakeborough - disse Rathmoor, - você ganha esse.

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- Hmm? - Edwin olhou para baixo para ver que ele tinha subido dois para
juntar aos seus dezanove. Vinte e um.
Rathmoor tinha vinte, e Fulkham tinha caído.
Mas o barão não parecia perturbado por isso, pois ele riu. -Sua mente está
a um milhão de quilômetros de distância, não está?
- Desculpe. - Edwin puxou as moedas para o seu lado da mesa. - Eu estava
pensando em minha irmã.
- Certamente, você não precisa se preocupar com ela, agora que ela é
casada. - Rathmoor parecia menos desconfortável do que antes enquanto pegava
as cartas e embaralhou.
- Não - respondeu Edwin. - Keane é um bom homem. Ele provou ser muito
mais confiável do que os rumores me levaram a acreditar. E até que ele apareceu,
ela tinha que repelir os canalhas. - Ele lançou um olhar para Fulkham. - Falando
de canalhas, alguém me perguntou sobre o carácter do Conde Durand. - Isso era
quase verdade.
- O responsável de negócios?
- Sim. - Edwin cortou as cartas para Rathmoor, que começou a distribuir. -
Você já ouviu falar sobre ele? Ele parece ser um sujeito bem-falante.
- Isso é necessário para um homem na profissão diplomática - disse
Fulkham.
- Se ele é o responsável de negócios, ele não deveria ter o objetivo de
cumprir o dever dele, pelo embaixador, e não andar a cortejar as mulheres? -
Edwin pediu outra carta. - A pessoa que queria informações sobre ele estava
aborrecida pela sua perseguição de uma certa relação feminina.
- Durand é um Francês típico, só isso - disse Rathmoor com desdém. -
Eloquente com as senhoras. Um pouco como o meu meio-irmão, que tem apenas
o suficiente de francês nele para ser perigoso.
Edwin não queria deixar a conversa se aproximar de algumas das relações
de Rathmoor. - Mas Durand não tem uma reputação de, por exemplo, seduzir
senhoras, não é? - Ele percebeu que ambos os homens tomariam a questão em
consideração, já que esse era, afinal, o propósito do clube, separar o trigo do joio
em relação a pretendentes.
- Não do meu conhecimento. - Fulkham aproveitou para pedir outra carta. -
Afinal de contas, o homem não é casado. Ele provavelmente está procurando uma
esposa.
- Então ele não tem esqueletos em seu passado - persistiu Edwin.

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Rathmoor deu outra carta ao barão. - Não importa se ele tenha. Suponho
que, se ele tivesse cometido alguma indiscrição, você poderia envergonhá-lo na
sociedade, mas isso é tudo o que você poderia fazer.
- E mesmo isso não seria aconselhável - acrescentou Fulkham. - As
questões estão bastante tensas agora entre a França e a Inglaterra. A última
coisa que precisamos é de algum alarido sobre os esqueletos do responsável de
negócios, seja lá o que forem. Além disso, a menos que fosse o pior tipo de ato
criminoso, ele seria imune à acusação como diplomata.
Isso não tinha ocorrido a Edwin. E até agora o homem não tinha cometido
nenhum ato criminoso de que Edwin soubesse. O que significava que seria muito
difícil banir Durand de Londres.
Fulkham lançou-lhe um olhar de advertência. - Eu aconselharia o seu
amigo curioso a não enfrentar um homem como o conde. Durand está conectado
a vários cavalheiros poderosos na França, e também tem algumas conexões
importantes na Inglaterra.
Eles sabem que ele está meio louco? Edwin quase perguntou. Mas ele não
podia dizer isso. Ele teria que explicar, e isso significaria arriscar a reputação de
Clarissa.
- Bem, então, suponho que é isso - disse Edwin suavemente. - Obrigado
pela informação. Meu amigo ficará aliviado.
Edwin simplesmente teria que esperar, que a ausência de Durand na festa,
mais cedo hoje, significasse que o homem finalmente tinha percebido a
mensagem e estava ficando afastado. Porque ir contra o encarregado de negócios
não parecia uma opção viável. O que significava que Edwin passaria mais tempo
com Clarissa.
Quando o seu pulso acelerou com o pensamento, ele se amaldiçoou como
um tolo. Deus queira que Durand esteja fora em breve. Caso contrário, Edwin
estaria numa longa e difícil Temporada.

- Você deveria ir se vestir para o jantar, minha querida - disse a mãe de


Clarissa. - Sua senhoria estará aqui numa hora.
- Há muito tempo - murmurou Clarissa.
A sala de estar era aconchegante a essa hora do dia, com o sol do final da
tarde entrando, e não tinha pressa. Na verdade, ela temia a noite que se
aproximava. Ela quase desejava que Edwin não viesse jantar, nesta rara noite,
em que ela e Mama não tinham compromissos.
Ontem, quando as acompanhou para os serviços religiosos, ele tinha sido
tão rígido quanto um atiçador e mal falou duas palavras. Sem dúvida, a sua

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reação final ao beijo no sábado à noite o insultou. Só Deus sabia, o quanto
ranzinza ele seria ao jantar.
Mas antes que ela pudesse pensar em vestir-se, o mordomo apareceu na
entrada da sala de estar, para anunciar a chegada de Edwin.
Ela pôs-se de pé, arranjando os cabelos fervorosamente. Bom Deus, ele veio
cedo! E quando ele entrou, ela notou que ele estava vestido, bastante
formalmente, para o jantar. Ele até usava uma capa que, aparentemente, não
permitiu que o lacaio removesse.
- Nós não estávamos esperando você ainda, senhor. - Ela tentou se
vislumbrar no espelho do outro lado da sala. Sem dúvida, ela parecia um susto.
Se parecia, ele não pareceu notar. - Temo que haja uma mudança de
planos, senhoras - disse Edwin distraído.
Mama pôs-se de pé. - Não aconteceu nada com Warren ou Niall, pois não?
Edwin pareceu assustado. - Não, não, nada disso.
- Warren só partiu há uma semana, Mama - disse Clarissa. - Ele
provavelmente ainda está no navio para Portugal. Ele certamente não poderia ter
se encontrado com Niall ainda. - Embora ela temesse o que ele poderia descobrir
quando ele encontrasse- que ela era a causa do exílio de Niall. Era uma fonte
constante de vergonha e culpa para ela.
Mas Niall nunca o revelaria. Ele manteve o seu segredo de Mama e do seu
primo todos esses anos; porque ele deveria trair isso agora?
- Oh. Sim, você está certa. - Mama afundou em seu assento. - Então, o que
é isso "mudança de planos", Edwin?
- Esqueci-me completamente, que estou obrigado a participar da abertura
de uma nova companhia esta noite. Não vou poder ficar para jantar. Vocês podem
vir comigo, mas se não preferirem, eu vou entender. É bastante repentino, eu sei.
Ele disse isso quase como se esperasse que não fossem. Sem dúvida, ele
estava cansado de cumprir a sua promessa com Warren, agora que o interesse do
Conde Durand por ela parecia diminuir.
Bem. Ela não queria jantar com ele. Ela estava ansiosa para uma adorável
noite sozinha com Mama. Verdadeiramente, ela estava.
- É a abertura do quê? - Perguntou Mama.
- Tenho certeza de que não é nada que nos interessa, mamãe. -Clarissa
encaminhou-se para a janela com indiferença estudada. - Provavelmente é uma
sala de conferências ou uma exibição de máquinas ou algo igualmente
aborrecido.
- Na verdade, minha Senhora Irritável - ele disse calmamente - é a
reabertura do Teatro Olímpico.

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Ela congelou, então rodopiou para ele. - O Teatro Olímpico de Madame
Vestris?
- Você sabe sobre isso?
- Você está louco? Todo mundo sabe sobre isso! Se não fosse o fato de que
Mama e eu estivéssemos sequestradas no campo por meses, eu teria comprado
ingressos para os Olímpics Revels3 assim que eles fossem vendidos. - Ela
estreitou o seu olhar para ele. - Não houve nenhum disponível nas últimas
semanas. Então, como você os conseguiu?
Ele encolheu os ombros. - Eu sou um investidor. Eu tenho três ingressos,
na verdade, mas com Keane e Yvette na América -
- Você é um investidor. - Ela não podia evitar a incredulidade de sua voz. -
No Teatro Olímpico.
- Você não precisa ficar tão chocada. Quando Madame Vestris se
aproximou de mim, concordei em investir algum dinheiro em seu
empreendimento, se ela concordasse em contratar alguns dos rapazes mais
promissores da Preston Charity School, para postos no seu escritório de negócios.
- Você conhece Madame Vestris? - Ela respirou. - A mais famosa cantora,
dançarina e atriz de ópera em Londres?
Com um brilho súbito em seus olhos, ele acenou três ingressos no ar. - Eu
poderia apresentá-la.
Ela ficou boquiaberta com eles e depois fechou a boca. - Me dê vinte
minutos para me preparar. - Pegando as saias, ela correu para a porta. - Nós
certamente vamos com você.
- Vinte minutos? - Edwin bufou. - Eu devia fazer uma aposta. Eu ganharia
com facilidade.
Ela fez uma pausa para pôr a língua de fora e depois correu para o
corredor.
- Mas Clarissa - Mamãe chamou atrás dela, - e o jantar?
- Esta noite vamos viver de música! - Clarissa gritou com uma onda
dramática de seu braço.
- A música não enche muito, minha querida! - Gritou Mama.
Mas Clarissa já estava correndo pela escada, chamando a sua empregada
doméstica. Madame Vestris! A cidade estava zumbindo no último mês, sobre o
empreendimento da atriz - como ela tinha renovado o teatro na sua totalidade,
como ela queria proporcionar diversões espetaculares. O famoso contralto e outra
atriz eram parceiros, e ninguém podia esperar para ver o que eles tinham
preparado.
3
Espetáculo burlesco e alegórico do sec. XIV.

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Clarissa quase chorou quando percebeu que não conseguiu comprar
bilhetes. E Edwin tinha intenção de ir sem elas? Ela iria puni-lo por isso, apenas
veja. Ela também tinha o vestido perfeito para isso. Se ele realmente notasse o
seu peito, como ele tinha dito no baile, então ela certamente faria com que ele o
visse esta noite. E que também sufocasse em desaprovação do seu vestido.
Quando, uma hora e meia depois, ela e a mãe desceram as escadas como
rainhas, com capas de ópera de cetim, ela pegou Edwin olhando para o relógio de
bolso.
- Não me culpe se estamos atrasados - ela disse a ele com um olhar lateral
à mãe. – Não fui eu que insistiu em comer o jantar enquanto estava se vestindo. -
E levou à empregada da Clarissa uma boa meia hora para acabar, corretamente,
o seu penteado, um trabalho de penas, cachos e fitas.
- Eu sou uma velha - disse a sua mãe com uma fungadela. - Eu fico com
fome.
- Você não é tão velha, Mama.
- Não importa, Lady Margrave - Edwin disse gentilmente e ofereceu-lhe o
braço dele. - Ainda não estamos atrasados. Uma vez que eu percebi que teria que
mudar os meus planos para a noite, cheguei cedo o suficiente, para permitir
tempo o suficiente para vocês as duas se vestirem, caso quisessem assistir aos
Revels Olímpics comigo. Eu sei quanto tempo demoram esses preparativos. Não é
por nada, mas tenho uma irmã da idade de Clarissa.
Enquanto os seguia para os degraus da carruagem, Clarissa revirou os
olhos para ele. - Você faz parecer como se eu fosse muito mais nova do que você.
Estamos a apenas oito anos de distância.
Ele colocou a Mama na carruagem, depois se virou para Clarissa, com o
olhar brilhante, sob o brilho das lâmpadas de gás. - Oito anos podem ser uma
enorme divisão.
Desconcertada pelo seu tom calmo, ela inclinou o queixo. - Você está
tentando se convencer? Ou a mim?
Ele pegou a sua mão com um olhar cauteloso. - Simplesmente afirmando
um fato.
- Não há necessidade do lembrete - disse ela enquanto ele a ajudava a
entrar. - Eu já sei que estamos completamente errados um para o outro.
- Clarissa, que vergonha - murmurou Mama quando se instalaram em seus
assentos e ele disse ao cocheiro que continuasse. - Sua senhoria é muito gentil
em escoltar-nos pela cidade. Você deveria estar agradecida.
Ela suspirou. Mama tinha razão. - Perdoe-me, Edwin. - Ela sempre estava
disposta a admitir quando tinha ido longe demais. - Eu estive de mau humor o
dia todo, mas não devia descarregar isso em você.

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Uma nuvem se espalhou pela sua sobrancelha. - Nada a ver com Durand,
espero.
- Não, claro que não. Eu teria te dito imediatamente. - A verdade era que os
beijos abrasadores de Edwin faziam duas noites que a deixara toda confusa. Um
momento ele parecia desejá-la, no próximo estava frio e remoto, como de
costume. Ela passou dois dias inteiros tentando entende-lo, sem grande sucesso.
O pior era, ela não queria se importar que ele parecia se afastar, mas ela se
importava, e só isso era enlouquecedor.
- Seguindo as suas instruções, - ela prosseguiu, - não saímos de casa nem
para ir às compras.
- Bom
Como se lembrasse de algo, ela torceu a correia do seu retículo de seda. -
Você não acha que ele estará lá esta noite, pois não?
- Ele pode. Mas com esta multidão, ele terá dificuldade em nos encontrar.
Fique perto de mim e devemos ficar bem.
Ela assentiu com a cabeça, mas o seu estômago torceu. Ela estava sendo
boba; Durand provavelmente tinha perdido o interesse, assim que Edwin o
enfrentou. Ela estava preocupada por nada. Embora, de repente desejasse não
estar a usar um vestido tão ousado.
Edwin parecia sentir a sua tensão, pois suavizou o seu tom. - Não deixe
que o patife impeça você de se divertir. Se ele estiver lá, basta deixá-lo para mim.
- Sim, meu querido - disse Mama. - Eu tenho certeza que sua senhoria é
perfeitamente capaz de encaminhar esse Francês. E você gosta da ópera, afinal.
- Não é ópera - disse ela mecanicamente. - Pelo que entendi, eles estão
fazendo burlescos.
- Oh, eu amo um bom burlesco! - Sua mãe exclamou. - No ano passado, vi
um da “Flauta Mágica”, e quase caí de riso. Aquele Mozart - que sujeito divertido.
- Mozart não escreveu o burlesco, Mama - disse Clarissa. - Ele escreveu a
ópera original a partir da qual eles construíram a paródia. E esse burlesco
poderia ter usado uma dose de Madame Vestris. Ela tem uma maneira de cantar
coisas que imediatamente fazem sorrir. Você não concorda, Edwin?
- Ela as canta muito bem - disse ele de forma imparcial.
- Vá lá, certamente, até mesmo você, é suscetível ao bom talento de
Madame Vestris para cantar e dançar comédia. - Ela franziu a testa para ele. - A
menos que sejam os seus famosos "calções" que fazem você desaprovar.
- Uma mulher de calção pode ser muito engraçada - Mama colocou. - Você
estava muito cômica quando se vestiu como Romeu para a mascarada no ano
passado, minha querida.

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Clarissa viu os ombros de Edwin endurecerem e não conseguiu resistir a
beliscar-lhe o nariz. - Difícil não ser cômica nos velhos calções de Papa. Eles
caíam até aos meus tornozelos e eram tão grandes na cintura, eu tive dificuldade
em segurá-los.
- Eu notei - Edwin mordeu.
- Você notou?
- Difícil não notar quando você puxou os suspensórios até ao seu traseiro…
o seu… traseiro estava muito proeminente… bem… - Ele murmurou um
juramento em voz baixa. - Sim, notei você em calções. Todo o condenado mundo
notou. A metade masculina, pelo menos. Não acredito que Warren deixou você
sair da casa naquilo.
- Deixar-me? Meu primo não determina o que eu uso. De qualquer forma,
era uma mascarada. Eu usava uma máscara. Ninguém sabia quem eu era.
- O diabo que eles não sabiam. E Warren considera seu dever cuidar de
você. O que significa garantir que você não atraia atenção indesejada.
- Warren não sabia o que estava vestindo até chegar. Eu desci já com a
minha capa. – Quando os seus olhos se estreitaram, quando, aparentemente, ele
percebeu que ela tinha feito o mesmo, esta noite, ela acrescentou
apressadamente: - É por isso que você e eu nunca nos adequaríamos. Você não
tem sensação de diversão.
Isso o surpreendeu. Ele cruzou os braços sobre o peito. - Isso não é
verdade. Você não ouviu Miss Trevor no museu? Ela disse que eu estava
surpreendentemente divertido.
- Esse é um exemplo para dificilmente formar um padrão. - Ela endireitou
as suas luvas. - Porque, não consegue, sequer por dez minutos, estar sem me
censurar por alguma coisa.
- Absurdo. Se eu assim escolher, eu poderei passar uma noite inteira sem
te censurar.
- Você poderia? Prove. - No instante em que ela disse, ela questionou sua
sanidade. Ela não acabou por se arrepender de sua tentativa anterior de marcar
uma tarefa para ele?
Claramente, ele não esqueceu disso, pois o fogo saltou nos olhos. - E se eu
fizer? O que eu recebo como recompensa?
Quando seu olhar subiu ao braço dela, ela engoliu em seco, lembrando a
última recompensa que ele exigiu. Pelo menos, ele não ousaria escolher um
prêmio tão escandaloso hoje à noite, já que Mama estava ouvindo a troca com
bastante avidez.
Embora Mama, provavelmente, aprovasse qualquer prêmio que Edwin
pedisse. Ela não era exatamente conhecida por ser uma estrita acompanhante.

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- Bem? - Ele cutucou.
- Você obtém a satisfação de saber que está melhorando a si mesmo.
- Isso não é muito um incentivo. - O brilho súbito em seus olhos deu-lhe
uma pausa. - Que tal isto? Se eu conseguir passar uma noite inteira sem fazer
uma única crítica de você
- Ou da minha roupa ou dos meus modos ou ...
- Qualquer coisa da sua pessoa - ele disse com irritação.
- Estou apenas me certificando de que concordamos com as regras desde o
início. – Depois, da última vez, ela não o deixaria jogar rápido e solto com suas
demandas.
- Bem. Se eu me comportar com as suas especificações, então, na próxima
vez que eu vir para jantar, você deve usar calções durante a noite inteira. - Ele fez
uma pausa, em seguida, corrigindo - Calções que sirvam.
Oh, querido, ele fez esse som… um pouco perverso. Não era nada dele. Na
verdade, ele a chocou, sugerir tal coisa, e ele raramente era chocante.
Sua mãe, no entanto, não parecia achar chocante, pois ela bateu as mãos. -
Oh, isso seria tão divertido!
- Mama! É muito escandaloso!
- Pish - disse sua mãe com uma onda de mão. - Se formos apenas nós no
jantar, ninguém se importará.
Clarissa se importaria. Como de costume, Mama estava mais do que
disposta a patinar no decoro se isso impedisse o seu divertimento - ou na sua
determinação em casar Clarissa. Às vezes, Clarissa gostava da liberdade. Às
vezes, ela desejava que sua mãe não fosse assim… bem … amável.
Esta era uma dessas alturas. Embora não fosse muito arriscado vestir
roupas masculinas para uma mascarada, onde todos os outros estão vestindo
trajes extravagantes, fazê-lo num ambiente mais privado com Edwin,
especialmente quando Mama era tão desatenta, era levar as coisas longe demais.
Por que, a própria ideia de ele olhando para o seu traseiro…
- Os criados irão fofocar - protestou.
- Desde quando você se importa com as fofocas dos criados? -Edwin disse
secamente.
Mama acrescentou, - E eles não vão pensar nada sobre isso, de qualquer
maneira, se todos nós nos vestirmos. Nós podemos fazer um jogo. Eu amo jogos.
- Sim, de qualquer forma, vamos fazer um jogo. - disse Edwin, seu olhar
brilhante se espalhando para se fixar na boca de Clarissa.

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A insinuação de um desafio em seu tom a trouxe de volta. - Você já está
assumindo que terá sucesso, Edwin, mas você poderá não ter. E se você não ...
- Eu te darei uma coisa - disse ele. - Por que não fazemos uma verdadeira
aposta? Se eu ganhar, você usa calções para o jantar. Se você ganhar, eu vou te
dar… o quê? Você terá que escolher o que você quer de mim. Ou seja, se eu
falhar, o que eu não farei.
A declaração arrogante a empurrou para a borda. - Bem. Eu concordo com
uma aposta. - Ela bateu no queixo. - Apenas deixe-me pensar o que eu quero de
você.
Ela devia escolher com cuidado, já que, quase certamente, ele não poderia
passar uma noite inteira sem instruí-la sobre algum aspecto do seu
comportamento. Apenas o seu vestido o enviaria até à borda. Então, ela ganharia,
o que significava que ela queria que o prêmio fosse algo que fizesse um impacto,
que realmente o faria se arrepender de não se comportar mais como um
cavalheiro amável.
- Uma jóia talvez? - Ele cutucou. - Um novo chapéu?
- Eu só posso imaginar o tipo de chapéu que você me daria - disse ela.
Além disso, ele nunca tinha sido avarento, então, jogar dinheiro não seria
uma punição para ele. Na verdade, as únicas coisas que lhe pareciam
importantes, além de sua família, suas propriedades e seu bom nome, eram seus
autômatos, que ele nunca tinha permitido que ela ...
- Eu sei! - Ela disse triunfante. - Se você falhar, você deve me dar um de
seus autômatos.
Ele piscou. - Você quer um autômato?
- Não apenas qualquer autômato. Um que você criou. - Ela se sentou mais
reta. - Eu não quero que você tente me dar algo quebrado do seu pai.
O brilho de diversão em seus olhos a surpreendeu. - Eu não sonharia com
isso. Mas você tem certeza de que não quer uma pulseira de esmeralda ou
alguma bobagem?
- Não. Eu quero um autômato.
- Muito bem. Eu concordo com os seus termos.
Ele segurou a sua mão enluvada através do espaço entre eles, e ela a
pegou, um estranho arrepio de antecipação percorrendo-a quando ele a apertou.
Mas ele não a liberou imediatamente. Ele a segurou, o seu olhar ardendo contra o
dela, e por um momento, ela desejou ter pedido algum outro tipo de recompensa.
Algo mais pessoal, mais íntimo mesmo.
Outro beijo.
Não, isso era absurdo. Seu último tinha sido bastante desconcertante.

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O momento passou. Ela puxou a mão livre e mostrou-lhe um sorriso
elevado. - Tudo bem, meu senhor. Estamos de acordo.
Ele abriu um sorriso. - Boa. Que os jogos comecem.

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Oito

A multidão, fora do Teatro Olímpico, impediu que a carruagem se movesse


a um ritmo maior que a do caracol. Era uma das razões pelas quais, até duas
horas atrás, Edwin temia esta noite. Embora ele tivesse prometido participar, ele
não estava ansioso para isso. Mas agora …
Agora ele mal podia esperar. Ele seguraria a sua língua esta noite mesmo
se tivesse que a morder, porque ele estava totalmente destinado a ganhar essa
aposta.
Ele mal teve a chance de ver Clarissa em sua roupa no disfarce no ano
passado; ela esteve cercada por admiradores durante toda a noite. Mas em sua
própria casa, com sua mãe sancionando a visita, ele poderia banhar os seus
olhos tanto quanto ele gostava da visão de seu pequeno e doce traseiro,
adoravelmente envolto num par de calções de menino.
O melhor seria encaixar o seu traseiro em suas mãos.
Ele gemeu. Melhor tirar esses pensamentos da cabeça agora mesmo, antes
que seu corpo o traia. A carruagem, finalmente, estava se deslocando para a
frente, e a última coisa que ele precisava era fazer um espetáculo de si mesmo
diante de curiosos, pensando em Clarissa em algo mais do que a moda mais
fraterna.
Eles mal saíram, quando um servo chegou ao seu lado e disse que tinha
sido enviado pela senhora para acompanhá-los para a um camarote privado
reservado para o seu uso. O servo pegou no braço de Lady Margrave para ajudá-
la a andar, deixando Edwin para escoltar Clarissa.
Enquanto seguiam o sujeito no teatro e subiam uma escada, Clarissa
murmurou: - Claramente, há vantagens em investir num teatro. Você nem
precisa ter um camarote próprio.
- Está é a noite de abertura. Eu duvido que isso continue.
- Oh, não seja um pessimista. - Seus olhos se moveram rapidamente,
absorvendo tudo. - Você tem um camarote privado na noite de abertura da
performance mais esperada em Londres. Você sabe quantas pessoas matariam
por isso? E Mama e eu nos juntamos a você. Que emocionante!
- Estou feliz que a faça feliz - disse ele, e quis dizer isso.
Enquanto a sua mãe coxeava em frente a eles com a sua escolta, Clarissa
deu uma saudação brilhante para esse amigo ou aquele conhecido. Quanto mais
se aproximavam da passagem para o camarote, mais o seu sorriso aumentava.
Era de tirar o fôlego.
Ela era de tirar o fôlego.

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Normalmente, ele só notaria quantas pessoas lotavam o lugar e como
estava barulhento. Mas, esta noite, ele não podia deixar de ver todo o brilho e
elegância através dos olhos dela. Seu entusiasmo era contagioso.
Assim que entraram no camarote, onde o servo já estava sentando Lady
Margrave numa cadeira de veludo, Clarissa deu uma pequena exclamação de
prazer. - Não só você tem um camarote, mas ele está perfeitamente situado! Oh,
isto é maravilhoso.
- Aqui, deixe-me pegar a sua capa - disse ele.
Malícia refletiu em seus olhos antes de dar a volta para ele e desatou o laço
de cetim. Ele a tirou e depois congelou diante da visão em frente a ele.
O seu corpete mal se agarrava às bordas dos seus ombros. Embora ele
soubesse que tais decotes eram da moda, o tecido parecia cair um pouco mais
profundamente nas costas do que costumava fazer. Ele podia ver as suas
omoplatas, pelo amor de Deus. E se era cortado tão em baixo nas costas…
Ela se virou e ele respirou fundo. O seu corpete drapeado formava um V
baixo, que elevava os seus seios cremosos, para todos verem.
- Deus me ajude - ele respondeu. Ele não conseguia desviar o olhar.
- Há algo errado? - Ela perguntou com um sorriso malicioso.
- Eu deveria dizer. O seu vestido - Ele se pegou, ao perceber o porquê de ela
estar sorrindo. A sua aposta. Puta merda.
- Sim? - Contentamento dançava positivamente em seus olhos. - E o meu
vestido?
Ele lutou por uma resposta que ela não consideraria "censura". - O lenço
parece ter caído do seu corpete. Talvez eu deva procurá-lo no corredor.
- Não seja absurdo - disse com uma risada. - Não há lenço. É assim que o
vestido deve ser.
Ela empurrou o seu peito - ele juraria que foi deliberado - e ele teve que
engolir o seu gemido. Toda essa exuberante carne feminina estava perto o
suficiente para beijar, tocar. Afastando-se para pendurar o seu manto em um
gancho, ele lutou por compostura.
- Você não gosta? - Ela persistiu.
Gostar disso? Ele poderia, facilmente, deslizar a mão dentro desse corpete.
Ele, provavelmente, poderia deslizar para o espartilho também. O vestido foi
cortado muito baixo para acomodar um espartilho mais formidável, por isso seria
uma questão fácil, deslizar um ombro e preencher a sua mão com o seu perfeito –
- É adorável. - Ao olhá-la mais uma vez, ele teve que resistir ao impulso de
agir de acordo com a sua fantasia, aqui no teatro. - Um vestido muito
interessante.

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Ela zombou dele com um sorriso. - Eu pensei que você iria gostar.
Rapariga matreira.
A abertura começou, e ele disse: - Talvez nós devêssemos sentar.
- Oh, certamente. Se já acabou de me dar elogios sobre o meu vestido.
- Não é o vestido que eu elogio - ele disse secamente, - mas o que está nele.
Ou melhor, metade disso.
- Isso é uma crítica? - Ela disse docemente.
- Simplesmente uma observação. - Ele estava contornando as bordas de
sua aposta, mas não se importava. O mero pensamento de a metade masculina
do público, vislumbrando o seu peito tão bem exibido, fez com que algo torcesse
em seus intestinos. Claramente, ele estava muito louco.
- Hmm - ela murmurou, mas aparentemente escolheu acreditar na
sua palavra. Provavelmente, ela assumiu que teria muitas chances de apanhá-lo.
Ele começou a pensar que ela poderia. Clarissa faria tudo em seu poder
para garantir que ela ganhasse.
Entretanto, ele teve que desviar o olhar enquanto a acomodava na cadeira
ao lado da mãe. Caso contrário, ele podia ficar parado lá congelado, metade da
noite, escancarado os seus peitos deliciosos e se perguntando como eles podem
cheirar, sentir, provar.
Deus.
Ele tomou o assento ao lado de Clarissa, e um fraco aroma de óleo de
lavanda se dirigiu para ele. Toda vez que a via, ela usava um perfume diferente.
Era apenas o tédio que a fazia mudar incessantemente? Ou um verdadeiro prazer
em tentar coisas diferentes? A primeira mostrava-a ser volúvel; a segunda
mostrava que ela era aventureira.
Ele não estava seguro de querer nenhuma delas numa esposa. Não
importava isso. Ele não estava casando com ela, afinal. E por que diabos ele
continuava a lembrar-se disso? A maldita mulher estava sob a sua pele.
O público entrou em erupção com aplausos estrondosos, quando Lucia
Bartolozzi Vestris entrou no palco para apresentar um discurso introdutório. A
atriz meio italiana, era amplamente aclamada como uma beleza, embora ele
sempre pensasse que ela era marginalmente bonita, pelo menos em comparação
com Clarissa.
Mas, apesar de ser um ano ou dois mais nova do que ele, Lucia possuía a
graça e os costumes de uma mulher muito mais velha, por isso era tão amada
entre o conjunto de teatro.
Ela tinha levado meses para preparar o Olimpic para a abertura, e notou-se.
Não havia nenhum dos veludos vermelhos e enfeites dourados e pesados dos

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outros teatros, apenas pastéis claros e arejados com flores em relevo e flores de
lis nos painéis dos camarotes. Os conjuntos eram escassos, mas bem feitos, e ela
instalou o teatro com a mais recente iluminação de gás. Com o lugar cheio até ao
teto e as pessoas ainda tentando entrar da rua, parecia que ela já conseguiu ter
uma primeira noite para lembrar.
Demorou alguns momentos para os amantes do teatro se acalmarem o
suficiente para que ela pudesse falar. Então, em seus tons de porte, ela começou
o seu discurso introdutório:

Nobres e gentis-matronas-patronos-amigos!
Ante de vocês, uma mulher venturosa se dobra!
Uma mulher guerreira - que em conflito embarca,
A primeira de todas as dramáticas Joan D’Arc.
Animada na empresa assim atreveu por mim!
A primeira que já liderou uma companhia.

Clarissa inclinou-se para sussurrar: - É verdade, você sabe. Eu li no artigo


que ela é a primeira inglesa a gerenciar um teatro. E veja o grande sucesso que é!
- Por esta noite, pelo menos. Ela ainda tem um duro caminho à sua frente.
- Mas você acredita nela, não é? Você investiu em sua companhia.
Ele sorriu. – Na verdade, eu a conheci há muito tempo. Seu pai, um
negociante em arte e outros bens, fornecia ao meu a maioria de seus autômatos.
E a mim também, depois de ele morrer. Ela e eu somos amigos desde a infância.
- Amigos? - Ela bateu no braço dele. - Você esqueceu de me dizer que você
a conheceu pessoalmente! Céus, quais outros segredos você está escondendo?
Nada que ele diria a ela. - Eu gosto de mulheres em calções - ele disse com
leveza. - Mas você já descobriu esse segredo.
- Seja sério. Quão bem você conhece Madame Vestris? Como ela é? - Seus
olhos se estreitaram. - Espere, ela é famosa por suas peças em calções, é por isso
que você quer que eu use calções? Porque você tem algum tipo de…
encantamento com ela?
- Shhh! - Lady Margrave sibilou. - Não consigo ouvir o seu discurso! E
todos certamente irão falar sobre isso amanhã.
- Vamos terminar esta discussão mais tarde - disse Clarissa em voz baixa.
Eles certamente o fariam. Depois que Clarissa o advertiu sobre a Srta.
Trevor e o questionou sobre Lucia, ele teve que se perguntar: ela poderia
realmente estar com ciúmes? Parecia impossível, mas os sinais estavam
crescendo demais para ignorar.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Não que ele quisesse que ela estivesse com ciúmes. Verdadeiramente, ele
não queria. Mas, pelo menos, colocava uma luz melhor, sobre as suas próprias
reações inquietantes, ao ver homens a cortejá-la.
Claro, a causa do seu comportamento era de um instinto protetor, nada
mais. Não é ciúme.
Mentiroso.
Enquanto aquela palavra irritante apitava em seus pensamentos, começou
a primeira de um programa de quatro partes, um burlesco que mostrava os
deuses Hercules, Júpiter, Netuno e Plutão cantando uma canção cómica
enquanto jogavam whist.
A paródia musical ou operística não era a sua forma favorita de
entretenimento, mas claramente era dela. Ele logo se encontrou a observando
metade do tempo e não a produção. Porque Clarissa até se jogou como um
espectador. Ela riu, ela franziu a testa, ela fez comentários divertidos sobre tudo.
Ele nunca viu ninguém ter tanto gosto numa simples performance teatral.
Enquanto a sua mãe estava ocupada acenando para outros patronos,
sussurrando na orelha da filha e procurando os óculos de ópera que ela tinha
deixado cair, Clarissa sentou-se arrebatada, uma alegria incandescente no rosto,
enquanto observava o que acontecia no palco. Ele só desejou poder capturar essa
expressão.
No momento em que o intervalo chegou, ele quase se arrependeu de ver o
final da primeira peça. Mas ele teve pouca chance de perguntar-lhe a opinião
sobre o desempenho, antes que a porta do camarote se abrisse, e eles fossem
inundados com os visitantes.
Sem surpresa, nenhum deles estava lá para ele. Alguns dos amigos de Lady
Margrave queriam comparar notas com a condessa viúva, mas a maioria dos
visitantes eram jovens herdeiros de títulos que tinham vindo flertar com Clarissa.
Então, Edwin ficou de pé e observou a cena, esperando aprender quais das suas
táticas obtinham a melhor resposta dela.
Ele disse a si mesmo que só queria ver o que ele poderia usar para cortejar
outras mulheres. Mas a verdade era mais complicada. Ele queria compreender
Clarissa. Ela era como aquela beleza intrincada no Meeks's Mechanical Museum.
Ele só precisava saber o que a fazia mexer.
Não que ele pudesse perceber. Ela tratou os jovens cavalheiros como
cachorrinhos para provocar e brincar, mas nunca para deixar chegar muito perto.
Era esse o seu jogo? Atrair os homens, e depois mantê-los afastados? Ela
estava jogando aquele jogo com ele, na outra noite? Ou era, sobre todos os
homens, que a mantinha em guarda?

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Logo quando ele sentiu que estava se aproximando de uma grande
descoberta sobre o seu carater, o Major Wilkins apareceu para se juntar ao seu
grupo de admiradores.
Diabos o levem. Depois de Clarissa ter mencionado os "olhares" do homem
para o seu peito, Edwin perguntou aos membros de St. George algumas
perguntas discretas sobre Wilkins. Segundo eles, como o filho mais novo de um
duque quase falido, ele era a forma mais matreira do caçador de fortunas,
escondendo a sua pobreza atrás do seu título. O seu pai tinha gerado um monte
de filhos, o que significava que havia pouco dinheiro para os mais jovens. O que,
provavelmente, era por isso que Wilkins tinha posto os olhos em Clarissa e na
sua fortuna.
- Esse é um vestido muito elegante, Lady Clarissa. - O olhar do idiota
baixou, e Edwin sentiu um desejo irracional de socar o homem.
Especialmente quando Clarissa abriu o leque e começou a agitá-lo,
escondendo, efetivamente, o peito do olhar do major.
- Como sempre, Lady Clarissa tem muito bom gosto - disse Edwin
friamente.
- Ela realmente tem - disse Wilkins com um olhar um pouco lascivo.
Já chega. Altura de usar o que mais ele tinha descoberto sobre o bastardo.
- Então, senhor - disse Edwin sem rodeios, - é verdade que você recentemente foi
convidado a deixar seu regimento?
- Oh meu Deus - murmurou Clarissa.
O major corou. - Não foi assim tão simples.
- Soou simples para mim. Ouvi dizer que você foi apanhado num
comportamento que não é de um cavalheiro. Algo sobre uma tentativa de fugir
com a filha de um general?
Quando os cachorrinhos ficaram sentados a dar risinhos, Wilkins se
levantou. - Essa é uma mentira escandalosa!
O olhar de Edwin se estreitou. - Você está me chamando de mentiroso,
senhor?
Wilkins pareceu, de repente, como se preferisse estar em qualquer lugar,
exceto ali. - Não. Apenas estou dizendo que você foi mal informado.
- Diabos, alguém está desinformando as pessoas de novo - um dos
cachorrinhos concordou. – É melhor você cortar já o mal pela raiz, Wilkins. O seu
pai pode ouvir isso e cortar a sua mesada.
- Eu ouvi que ele já fez isso - disse um de seus compatriotas. - Mas talvez
eu tenha sido mal informado.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Os cachorrinhos irromperam em gargalhadas, o que o major não achou
nada divertido, porque ele olhou para todos eles.
Reunindo a sua dignidade ferida, ele assentiu com a cabeça para Clarissa. -
Eu acho que voltarei quando você não estiver tão atormentada com visitantes,
madame. - Então lançou um olhar penetrante a Edwin antes de sair do camarote.
Os cachorrinhos continuaram a divertir-se depois que ele se foi. - Ele se
dirige para encontrar aquele maldito mal informador.
- Eu pensei que ele era um mentiroso escandaloso?
- Claramente ele não é, uma vez que a "mentira" o enviou com a cauda
entre as pernas. Qual é o ditado sobre fogo e fumaça?
- Onde há fumaça há fogo?
- Não, onde se fuma, há fogo e o major estava fumando, com certeza.
- Vê o que você começou? - Clarissa reclamou para Edwin.
- Não me culpe se os seus amigos são idiotas - ele revirou.
- Ei! - Disse um dos cachorrinhos com indignação fingida. - Eu não sou um
idiota. Eu sou um tolo.
- Pelo menos você não é um mal informador - outro disse, e eles riram para
os lados.
- Oh, vocês, cavalheiros são horríveis - disse Lady Margrave, rindo com
eles, assim como os seus amigos. - O pobre major. E ele também gosta de minha
filha.
- Um gosto pela sua fortuna, você quer dizer - disse Edwin bruscamente,
sem vontade de suportar a falta de perceção de Lady Margrave.
Clarissa levantou uma sobrancelha. - Eu espero que você não esteja a
insinuar, que as minhas únicas atrações, são a minha fortuna, Edwin.
- Se ele estiver, é cego - chilreou um filhote de cachorrinho contra a parede.
- Você é a joia da coroa de Inglaterra, Lady Clarissa, com olhos de esmeraldas,
lábios de rubi e cabelos de ouro.
- Joias? Ouro? - Ela disse com dureza. - Parece que você ainda tem a
minha riqueza em mente, senhor.
O jovem piscou. - Eu só quis dizer-
- Ela sabe o que você quis dizer. - Edwin encontrou o seu olhar, que ele
achou mais da qualidade do cálido e rico jade do que as frias esmeraldas. - E ela
sabe perfeitamente o que eu quis dizer, também. Ela está brincando com ambos.
Ela sorriu docemente. - Estarei? Detenho um tom de crítica?
- Não. Estou apenas fazendo uma observação.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Seu sorriso se ampliou quando ela se moveu para o lado dele. - Tome
cuidado, senhor. Com cada uma das suas "observações" sobre mim, você se
aproxima das críticas.
Baixando a voz, ele olhou para o rosto encantador. - Você não ganhará essa
aposta.
- Ah, mas eu vou. - Ela bateu no peito com o seu leque, provocando-lhe um
fogo lento e firme em seu sangue. - Você não pode evitar a tarefa mais do que
pode parar de respirar.
- É melhor do que transformá-la numa pilha de joias.
Ele e Clarissa estavam perto o suficiente para beijar, abraçar, comportar-se
da maneira mais descontroladamente inadequada. Ele podia sentir o seu hálito
perfumado de canela, ver a inclinação do seu sorriso. Os outros desapareceram
para ele, e tudo o que ele podia pensar era o quanto ele queria agarrá-la e beijar
aquela boca impudente, uma e outra vez, até que ele chegasse à verdadeira
Clarissa, quem quer que ela fosse.
Seu sorriso vacilou um pouco, e uma consciência escura piscou nos olhos,
como se ela tivesse lido os seus pensamentos e adivinhasse exatamente todas as
maneiras que ele queria provar e acariciá-la e saqueá-la.
Então uma voz feminina soou da entrada. - Estamos interrompendo algo?
Clarissa assustou-se, depois olhou e renovou o sorriso. – Entre Lady Anne.
Que bom ver você.
- Espero que não se importe - disse a jovem, - mas trouxe um amigo
comigo.
- Claro que não…
Quando as suas palavras morreram, Edwin viu uma mudança surgir em
Clarissa. Quando ela começou a agitar o seu leque em frente ao seu peito de novo
e a sua postura se endureceu até se parecer um cervo preparando para fugir, o
ferver em seu sangue esfriou para o gelo.
Edwin virou-se para encontrar Durand de pé com Lady Anne.
Maldição.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Nove

O estômago de Clarissa agitou quando o Conde Durand a buscava com um


olhar lento e feroz. Edwin deve ter visto isso, pois ela o ouviu murmurar uma
praga e sentiu que ele começava a avançar.
Pegando no seu braço, ela disse em voz baixa: - Não agora. Aqui não.
Ele parou, graças ao céu, embora pudesse sentir a tensão quase incisiva
nos músculos, mesmo através da manga do casaco.
Ela se forçou a falar novamente. - Eu creio que você está gostando do
burlesco, Lady Anne? - Ela recusou dirigir-se diretamente a esse patife Durand.
- É muito bobo, mas eu adoro! - Esta noite, Lady Anne usava um dos seus
chapéus mais ultrajantes, o que era mais complicado do que qualquer coisa que
Madame Vestris pudesse ter inventado para o palco. – O camarote do conde está
apenas a uma curta distância do seu, então pensamos em vir e saber o que você
pensou disto.
- Eu entendo que você e o conde são bem conhecidos - Edwin disse a Lady
Anne, sua voz tão dura quanto uma zombaria de civilidade como o sorriso de
Clarissa.
- Nós fomos apresentados apenas esta tarde - o conde respondeu por ela -
mas é claro que eu convidei a adorável senhora e sua mãe para se juntarem a
mim, no meu camarote esta noite. - Ele deu uma tapinha na mão dela. - Como eu
poderia resistir?
Lady Anne corou num rosa brilhante. - Oh, você é um adulador, senhor.
Ele piscou aquele sorriso malicioso que Clarissa começou a desprezar.
Infelizmente, quando ele fez isso, os seus olhos estavam fixos nela, não em Lady
Anne.
Então ele se aproximou da mãe de Clarissa, que se levantou com um
sussurro de saias de tafetá. - Lady Margrave, encantado por lhe ver novamente.
Você está parecendo muito bem.
Mamãe ficou impressionada com Durand no início, até que ela começou a
perceber o quanto ele irritava Clarissa. Depois disso, ela sempre tomou a sua
sugestão sobre como afastá-lo de Clarissa.
Mas esta noite ela estava se comportando estranhamente, mesmo para ela,
com uma amizade quase natural. - Ora, obrigada Conde Durand, é muito gentil
de você dizer isso. Estou me sentindo particularmente forte nesta noite. Não tive
necessidade dos meus sais nem uma vez.

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Então, ela lançou um olhar conhecido para Edwin, e Clarissa percebeu o
que ela pretendia- ela fixou os seus olhos no conde como marido para Clarissa, e
ela queria usar Durand como uma arma nesse esforço.
- Isso é bom de ouvir. - O conde varreu a sala com um olhar, então disse,
com uma voz alta o suficiente para chegar, pelo menos, aos camarotes de cada
lado: - Suponho que você esteja entusiasmada com o recente noivado de sua filha
com Lord Blakeborough.
O silêncio desceu sobre o camarote e todos os olhos se voltaram para
Clarissa e Edwin. Quando a boca de sua mãe caiu, Clarissa congelou. Como
ousou ele? Ela iria matá-lo!
Desta vez, ela foi a primeira a avançar, e Edwin foi quem agarrou a sua
mão, onde ela apertava o seu braço. - Não agora, não aqui - ele murmurou,
fazendo eco das suas próprias palavras.
Ficou claro, pela a expressão de Durand, que ele não acreditava na mentira
que Clarissa e Edwin lhe disseram. Então, ele pretendia encurralá-los, forçá-los a
confirmar a sua suspeita ou a admitir publicamente um compromisso.
Se eles não admitissem, ele voltaria a persegui-la em todos os lugares. Mas
se o fizessem, Edwin…
- Noivos? Sua mãe gritou enquanto recuperava a compreensão. Ela rodeou
Clarissa e Edwin. - Vocês estão noivos, meus queridos? Que fabuloso! Eu sabia
que isso aconteceria - eu sabia! - Ela dirigiu-se para Clarissa. - O que Edwin
disse? O que você disse? Como aconteceu? Oh, diga-me tudo!
- Você não sabia sobre o noivado, Lady Margrave? - Durand perguntou,
com um olhar velado para Clarissa.
- Claro que não. - Mama inclinou a cabeça para um lado. - Simplesmente
aconteceu, não foi?
Quando Clarissa ficou ali em pânico, Edwin entrou para abertura. - Não
exatamente. Perdoe-nos, mas esperávamos até o retorno de Warren para pedir a
sua bênção ao mesmo tempo que pedíamos a sua permissão. - Sua voz afiou. - O
conde Durand sabia disso, mas, aparentemente, não pôde aceitar o nosso desejo
de ficar em silêncio sobre o assunto.
Uma careta pequena apareceu na testa de Mama. - Exatamente há quanto
tempo vocês têm um entendimento? E por que você contaria ao Conde Durand,
mas não a mim?
- Nós não lhe dissemos. Ele descobriu isso por acidente. Edwin nivelou
Durand com um olhar frio. - E agora ele quer envergonhar-nos com isso,
presumivelmente por um ataque de ressentimento pela rejeição de Clarissa sobre
a sua própria proposta de casamento.

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Por uma vez, Clarissa ficou contente pela sua insensibilidade. Mesmo que
um suspiro audível viesse dos seus convidados, que pareciam escandalizados
pela exposição pública dos motivos do Conde Durand, o rubor irritado subindo
pelo pescoço do Francês fez com que ela quisesse beijar Edwin.
Bem feito conde. Talvez, da próxima vez, você pensa duas vezes antes de
confrontar a mim e a Edwin.
Embora sentisse pena da pobre Lady Anne, que empalideceu quando
aparentemente percebeu que o conde simplesmente a usara para ser admitida no
camarote de Clarissa.
- Edwin que vergonha - disse Mama com um som tststs. - Eu concordo que
o homem não deveria ter falado num momento tão inoportuno, mas não há
necessidade de você dominar sobre ele, porque você ganhou a mão da minha filha
e ele não.
Se Clarissa ainda não estivesse furiosa com o Francês, ela teria rido da sua
carranca, em resposta às palavras de Mama.
- Eles estiveram envolvidos por quase uma semana - Conde Durand
mordiscou, claramente determinado a continuar com problemas. - Não consigo
imaginar por que sua filha não o mencionou, senhora.
Mas finalmente Mama interiorizou, que Clarissa se casaria finalmente, e as
insinuações do homem poderiam arruinar isso para ela. - Uma semana, você diz?
Bem. - Ela deu uma tapinha no ombro de Clarissa. - Eu queria que você me
dissesse mais cedo, minha querida, pois poderíamos ter começado os
preparativos do casamento mais cedo. Mas não importa. Vocês falaram sobre
quando é o casamento? Onde?
- Mama - disse Clarissa - vamos discutir isso mais tarde, se fizer o favor.
- Porquê? Não temos tempo a perder. Devemos começar a pensar nisso
tudo. - Ela começou a devanear em voz alta. - Você poderia se casar na Catedral
de São Paulo. Mas teria que ser no verão, pois a catedral é muito úmida, mesmo
na primavera. Ou talvez o St. James's? Não, muito pequeno. - Ela se virou para
as suas amigas. - O que vocês acham? Ela poderia se casar em casa, mas
preferiria um casamento em Londres.
As amigas de Mama concordaram com ela, é claro. Um casamento em
Londres, numa igreja proeminente, seria o auge da moda.
Enquanto isso, o resto dos seus convidados estavam sussurrando sobre
Clarissa e Edwin e seu noivado secreto. Seu estômago embrulhou. Quando ela e
Edwin saíssem do teatro, todos no lugar teriam ouvido falar disso.
E tudo graças ao Conde Durand. Na próxima vez que as costas do homem
estiverem viradas, ela estava obrigada a empurrá-lo da varanda!

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Mas ela não ousou deixá-lo ver os seus verdadeiros sentimentos. Dado
quão atentamente ele a observava, ele estava esperando que ela explodisse,
esperando que ela deixasse escapar algo. Ela não lhe daria a satisfação.
- Oh, bem - ela disse como se não tivesse uma preocupação no mundo. -
Provavelmente é uma bênção disfarçada que o conde revelou o nosso segredo. -
Com um sorriso doce, ela olhou adoravelmente para Edwin. - Foi tão difícil
ocultá-lo de todos, não foi?
Edwin olhou para ela, sua expressão branda. - Sim, muito difícil.
- E agora não precisamos - Ela forçou um sorriso a seus lábios pelo
benefício do conde. - Obrigado por isso, senhor.
Os olhos do conde Durand se estreitaram em ambos. Ha! Se ele pensava
que ela iria cair em histeria por causa das suas maquinações, ele era um tolo.
Felizmente, a música começou logo. - A próxima peça está começando - ela
disse brilhantemente. – Vocês todos deveriam apressar-se de volta para os seus
camarotes, ou a perderão. - Ela mal podia esperar para se livrar do conde, para
que pudesse conversar com Edwin sozinha.
Claro que Mama não estava querendo nada disso. - Bobagem, Edwin tem
muito espaço aqui. Todos podem permanecer. Por que não? É uma celebração do
seu casamento.
Sufocando um gemido, Clarissa disse de forma significativa: - Tenho
certeza de que o Conde Durand está ansioso para levar Lady Anne de volta à sua
mãe.
Quando Mama empalideceu, era óbvio que ela não pretendia incluir o
conde em seu convite. Mas, dificilmente, conseguia retirá-lo agora.
Especialmente, desde que Lady Anne, aparentemente tinha decidido que a
perda de Clarissa poderia ser o seu ganho. - Não há motivo para isso. Eu vou
simplesmente aparecer, e dizer a Mama onde estamos, o conde e eu. Tenho
certeza de que gostaríamos de ficar aqui. Ela colocou a mão no braço do conde. –
Não é senhor?
- Eu não perderia por nada - disse o desgraçado, calmamente.
- Sem dúvida - Edwin rangeu.
Senhor, que bagunça! Enquanto ela e Edwin estavam sentados, ela notou
Mama tentando remediar a situação, convidando Lady Anne e o conde para se
sentarem ao lado dela. Mas o conde Durand não queria nada disso, e ele e Lady
Anne se situaram logo atrás de Edwin e Clarissa.
Clarissa só podia sentar-se lá cozinhando. Como ela teria a chance de
conversar com Edwin, sobre como lidar com seu "compromisso"?

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Edwin deve ter percebido o seu estado de espírito, pois, quando a cena
começou, ele apertou rápido e furtivamente a mão dela.
Encontrando seu olhar, ela falou as palavras: - Me desculpe.
- Não se desculpe - ele voltou. - Vai ficar tudo bem.
Ela não tinha tanta certeza.
A próxima hora foi uma agonia. Demasiado aborrecida com a intromissão
do conde, ela não conseguiu se concentrar na mistura de músicas e cenas
cômicas que compunham a segunda peça.
Ela estava apenas imaginando, ou o olhar do Conde Durand estava
perfurando as suas costas? Tendo-o atrás dela e não sabendo, com certeza, se os
seus olhos estavam fixos sobre ela, fez a sua pele arrepiar. Havia algo
distintamente errado com aquele homem.
Isso, ou ela, realmente inventou uma fragância ou ar ou algo que fazia com
que os homens desejassem possuí-la a qualquer custo. Ela parecia sempre estar
afastando cavalheiros que se metiam em sua vida.
Exceto por Edwin, é claro. Ela não precisava afastá-lo. Desde o beijo, ele
voltou a manter uma discreta distância entre eles.
Então, quando ela lançou um olhar em sua direção, ela ficou surpresa ao
encontrá-lo olhando-a com aquele olhar escuro e melancólico que ele conseguia
às vezes, aquele que despertava um estranho tremer em sua barriga.
Não fazia sentido. Ele não gostava dela. Ele não a aprovava. Por que ele
devia olhar para ela desse jeito, como se estivesse tentando compreendê-la
melhor? Edwin não queria entender ninguém, especialmente ela. Queria?
Ela rompeu o olhar dele e tentou se concentrar nas performances. Mas era
impossível. Por causa das pessoas extras no camarote, eles tiveram que trazer
mais cadeiras e aproximá-las, então a perna de Edwin estava, confortável, contra
a dela desde a coxa até à panturrilha.
Ele percebeu? Se fosse outro homem, ela teria assumido que sim, mas com
Edwin, era impossível saber. O homem era tão impenetrável, que poderia superar
a Esfinge.
Seja qual for o motivo, a sensação de ter a perna dele, pressionada contra a
dela, era muito intima para o teatro. Muito intima para qualquer lugar.
Que ridículo. Era apenas uma perna - todos a tinham. Então, por que o
sangue dela atravessava as veias como um tigre mexendo em gramas profundas?
Por que a sua respiração vinha aos soluços?
Ela, casualmente, puxou a perna para longe da dele. Ela estava muito
consciente disso, hoje à noite, por causa do conde Durand. Graças ao Francês,
Edwin iria ser, mais uma vez, abandonado e ela odiava isso.

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A segunda hora dos Revels Olímpics terminou, depois do que, pareceu uma
eternidade. Mas, mesmo quando Edwin se levantou perguntou - Você gostaria de
descer para ver as reformas do lobby? - Uma batida chegou à porta.
Quando foi aberta, o mesmo criado que os tinha escoltado até o camarote
mais cedo, entrou. Ele fez uma vênia para Edwin. - Meu senhor, Madame Vestris
enviou-me para perguntar, se você e seus dois convidados, desejariam visitá-la no
seu camarim.
Clarissa respirou fundo. Essa era uma distinta honra.
Edwin parecia consciente disso, também, porque ergueu uma sobrancelha
para ela. - Bem?
- Você realmente precisa perguntar? Claro que desejo ir! - Ela poderia
conhecer Madame Vestris e escapar do conde.
Ela se virou para a mãe, que estava ocupada conversando com as suas
amigas sobre os planos de casamento. - Mama, você quer se juntar a mim e a
Edwin? Madame Vestris nos convidou para o seu camarim.
- Isso é muito amável dela - disse Mama. - Embora você saiba, que eu não
posso ir. Tudo isso de andar para cima e para baixo nas escadas é muito difícil
para a minha pobre anca. Mas percebo que você admira a mulher, então você
deve visitá-la. O olhar dela iluminou-se brevemente no conde. - E agora que você
e Edwin estão noivos, bem… Eu acredito que será bom para mim, permanecer
aqui e entreter os nossos convidados.
Clarissa lutou para esconder o seu alívio de que Mama ficava para trás.
Talvez ela pudesse impedir que o conde os seguisse, e isso, daria a Clarissa a
oportunidade de falar em particular com Edwin. - Sim, tenho certeza de que seria
considerado bastante respeitável - disse Clarissa, embora não tivesse certeza de
tal coisa.
E um olhar para Durand mostrou que ele não estava muito feliz com ela e
Edwin partindo juntos. Só isso a fazia determinada em fazê-lo.
Sua mãe sorriu. - Mas diga a Madame Vestris o quão feliz eu estou, de
podermos vir e ver o seu novo teatro.
- Sim Mama.
Quando Clarissa e Edwin seguiram o servo para a porta, sua mãe gritou: -
Oh, e conte-lhe o quanto eu estou gostando do burlesco.
- Claro - disse Clarissa.
Eles estavam quase no corredor quando a voz de sua mãe flutuou até ela. -
E peça-lhe para assinar um cartaz para mim!
- Eu vou! Nós vamos agora! – Clarissa respondeu.

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Ao fechar a porta com firmeza, o servo fez uma pausa. - Você tem certeza
de que a sua senhoria não deseja se juntar a nós?
- Temos a certeza - respondeu Edwin.
O rouco da sua voz fez o seu coração pular. Só um pouquinho. Nada
inquietante.
Não, a parte inquietante foi a facilidade com que ele a guiou, através das
passagens lotadas. Para um homem que não era bom com pessoas, ele
certamente sabia como manobrar em torno delas.
Por duas vezes, ele colocou a mão na parte inferior das suas costas para
dirigi-la e, ela, sentiu o calor como uma marca. Uma vez, ele mesmo a puxou
para evitar que ela fosse atropelada por uma criada impetuosa, e Clarissa
tropeçou contra ele, forçando-o a estabilizá-la com as duas mãos na cintura.
- Tudo bem? - Ele perguntou, seu olhar passando sobre ela como se
estivesse buscando ferimentos.
Ela assentiu.
Mas ela não estava bem. Esta noite a lançou na turbulência. Primeiro, a
intromissão deliberada de Durand e agora o efeito perturbador de Edwin sobre
ela. Ela realmente não sabia o que pensar ou como agir.
À medida que o criado os conduzia através de um conjunto de corredores,
para a área de bastidores do teatro, ela desejava que pudesse, simplesmente,
puxar Edwin para uma sala próxima e discutir a sua situação cada vez mais
precária. Mas Madame Vestris estava esperando, e Clarissa não queria perder a
chance de conhecer a famosa atriz.
Além disso, ela estava curiosa sobre a amizade de Edwin com a mulher. Em
primeiro lugar, ele ainda não explicou por que lhe pediram para investir no
teatro. Se eles tivessem sido apenas amigos na infância…
E se fossem mais? E se ele estivesse escondendo um caso secreto com a
atriz? A senhora Vestris era conhecida por ser bastante bonita, afinal, e os
homens eram homens. Até Edwin.
Oh, ela estava sendo boba. Edwin tendo casos secretos - a própria ideia era
ridícula.
Ainda assim, era um pouco desconcertante descobrir isso pessoalmente, a
atriz era mais do que bonita - ela era linda. Com os seus brilhantes cachos
escuros, grandes olhos castanhos, pele de azeitona e rosto perfeitamente oval, ela
tinha a aparência de uma sedutora.
E quando a mulher saudou Edwin pelo seu nome primeiro nome e o beijou
na bochecha, uma súbita e inesperada angústia apoderou-se do peito de Clarissa.
Ele assentiu com calma. - É bom te ver de novo, Lucia.

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Lucia? Ele chamou a atriz pelo seu primeiro nome? Bem, é claro que ele fez.
Eles se conheciam desde a infância. Clarissa estava realmente deixando sua
imaginação levar a melhor sobre ela.
Afinal, a mulher não mostrou nenhum sinal de preocupação que Edwin
estivesse com outra senhora. E quando Edwin introduziu Clarissa, Madame
Vestris foi mais do que graciosa, perguntando o que pensavam das performances
e se o camarote estava confortável.
Então, o seu criado se aproximou para sussurrar em seu ouvido, e Madame
Vestris lançou-lhes um amplo sorriso. - Disseram-me, Lord Blakeborough, que
Lady Clarissa é sua noiva. Por favor, aceite os meus parabéns.
Clarissa suspirou. A notícia já estava começando a se espalhar. Esquecera-
se de que o criado tinha ouvido falar de Mama sobre o noivado.
- Obrigado. - Edwin pegou a mão de Clarissa. - Estamos muito felizes.
Ele não parecia muito feliz.
A culpa a esfaqueou. Quando ela concordou com o esquema, ela não
esperava que o Conde Durand causasse tanto estrago em suas vidas. Em
particular a vida de Edwin.
Madame Vestris, também, deve ter percebido a reserva em sua voz, pois
avaliou Clarissa com um olhar penetrante. - Qualquer mulher que tenha
conseguido captar o coração de sua senhoria deve ser excecional de fato.
Isso enviou a mente de Clarissa correndo de novo. A mulher estava com
ciúmes? Avisando Clarissa, que ela teria que trabalhar duro para merecer Edwin?
Claramente a atriz admirava Edwin, por mais do que apenas seu investimento,
mas poderiam ter chegado a serem íntimos? Como Clarisse poderia descobrir sem
ser vulgar?
- Ele fala muito bem de você também - disse Clarissa. - E eu também sou
sua admiradora. Não há muitas mulheres que podem conquistar o mundo do
teatro tão bem.
A atriz baixou a cabeça. - Quão gentil de você dizer.
O criado dela murmurou algo em seu ouvido novamente, e ela disse-lhe: -
Diga-lhes que irei em breve.
Assim que o rapaz saiu rapidamente, Clarissa disse: - Eu entendo que você
e sua senhoria são velhos e queridos amigos.
Saiu mais frio do que ela pretendia, e isso pareceu dar uma pausa a
Madame Vestris. Ela olhou para Clarissa. - Você está perguntando se eu sou
amante de sua senhoria?
As palavras contundentes surpreenderam Clarissa. Mas pelo menos a
mulher não estava andando em círculos. - Bem, você é?

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Quando a atriz não respondeu logo, Edwin respondeu: - Não, ela não é.
Clarissa olhou para ele. - Eu gostaria de ouvir isso da senhora, se você fizer
o favor.
- Você me conhece como um mentiroso? - Perguntou Edwin, com a mão
apertada sobre ela.
Mas Madame Vestris riu. - Perdoe-me, minha senhora, por brincar com
você. Eu não sou, nem nunca fui, amante de sua senhoria. - O humor brilhava
em seus olhos. – Embora, não por falta de tentar. Afinal, Lord Blakeborough é o
mais rico dos cavalheiros, bonito, generoso e inteligente. Um homem inteligente
sempre merece uma mulher inteligente, não acha?
- De fato, ele merece. - Ela empurrou o seu queixo. - Felizmente, ele
encontrou uma. - Embora ela soubesse que era tolo promover o seu falso
noivado, ela sentiu-se estranhamente possessiva do seu noivo fingido. Ela gostava
de Madame Vestris… mas não o suficiente para ver a mulher envolvida
romanticamente com Edwin.
A atriz suavizou o seu tom. - Você não tem nada a temer de mim, Lady
Clarissa. Sua senhoria é de fato um velho amigo, mas nunca foi mais nada. E
hoje em dia a nossa amizade se concentra em torno do seu investimento na
minha companhia, nada mais.
O criado dela apareceu na porta, e ela olhou para cima. - Sim, sim, estou
indo. - Ela pegou a mão de Clarissa e a apertou calorosamente. - Espero ver você
mais vezes, minha querida. Você é sempre bem-vinda no meu teatro. Agora,
perdoe-me, mas devo colocar os atores nos seus lugares. - Então ela saiu num
redemoinho de saias de seda.
O criado dela olhou para Edwin. - Você e a senhora encontram o seu
caminho de volta, senhor?
- Sim - disse Edwin. – Pode ir.
Quando o criado correu depois da sua patroa, Edwin levou Clarissa para o
corredor. Eles tiveram que se afastar de atores e atrizes apressados na direção
oposta, para tomarem os seus lugares no palco, para o início da parte final dos
Revels.
Edwin ficou de lado para deixar um palhaço passar, e Clarissa disse: - Você
realmente sabe para onde vamos?
Ele sorriu com indulgência para ela. - Eu sempre sei aonde eu vou. - Então
ele pegou a sua mão e guiou-a para outro corredor.
Havia menos pessoas aqui, e enquanto ela e Edwin a atravessavam, os
outros atores desapareceram para o outro corredor. Quando ela e Edwin
passaram por uma porta aberta para um quarto vazio, ela o deteve. - Precisamos
conversar, e este é um lugar tão bom quanto outro qualquer.

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Olhando para o outro lado do corredor, ele acenou com a cabeça e a puxou
para dentro, depois fechou a porta, para dar-lhes alguma privacidade. Através
das paredes, eles podiam ouvir vozes em surdina e os sons da música
começando, mas aqui estavam sozinhos.
- Então - ela começou. - Agora que Durand nos apanhou, o que fazemos?

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Dez

Edwin não sabia como lhe responder. Entre o tormento do maldito Francês
e a surpreendente reação de Clarissa a Lucia, ele estava perdido. Mas Clarissa
estava olhando para ele com expectativa, e ele tinha que dizer alguma coisa.
- Nós nos comportamos como se estivéssemos noivos.
Ela respirou fundo. - Eu percebi isso sozinha. Mas por quanto tempo? O
mundo inteiro certamente ouvirá sobre isso antes que a noite acabe e seremos
bombardeados com perguntas. Eu simplesmente preciso saber o que responder.
Nós estabelecemos uma data para o casamento, por exemplo?
- Claro que não. - Ele esfregou a mão sobre o rosto e acrescentou
severamente, - Perdoe-me, mas eu não pensei nos detalhes de nosso casamento
fingido, apenas aqueles para o nosso noivado fingido secreto. Eu não esperava
que Durand pressionasse o assunto. Não faz sentido.
- Sim, lembro-me de você dizer que isso não seria adequado aos seus
planos. - Ela parou para olhar para ele. - Talvez você devesse ter mencionado isso
para ele. Porque, aparentemente, ele acha que se adequa bem aos seus planos.
- Claramente, o seu propósito era nos apanhar desprotegidos e fazer-nos
admitir, que tudo era uma mentira.
- Eu percebo isso. E, embora fique feliz por não termos cumprido as suas
expectativas, isso não altera o fato de que estamos agora envolvidos
publicamente. - Seu olhar ficou fechado. - O que nenhum de nós quer.
- Não. - Era quase verdade. Mas parte dele não podia deixar de imaginar
Clarissa nua em sua cama, com os seus lábios sensuais sorrindo timidamente e
os seus braços estendendo-se para puxá-lo para baixo, ao lado dela. Seus peitos
estariam lá para chupar, e suas lindas coxas ...
- Edwin?
Bolas. Ele perdeu o que ela tinha dito. - Desculpa. Você poderia repetir
isso?
- Você nem está me ouvindo!
- Estou pensando no problema.
Ela o observou. - Você não parecia estar pensando em qualquer coisa. Você
parecia estar pensando em algo muito mais sedutor. Ou mesmo alguém. Sua
amiga Lucia, talvez?
Agora, isso era ciúme. Ele, provavelmente nunca foi o receptor disso, mas
ele poderia dizer quando o ouvia. E teve o efeito mais peculiar sobre ele,
aquecendo seu sangue até que ele se incendiou.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Ele não era o único a incendiar. Enquanto ele a rodeava, ele notou o rubor
súbito em suas bochechas. - Você parece muito interessada em minha associação
com Lucia.
- Você parece muito confortável com ela. E ela é muito bonita, afinal.
- Ela, realmente é - disse ele, apenas para ver a sua reação. – Apesar, de ter
quase a minha idade, ela tem uma qualidade jovem sobre ela que nunca parece
desaparecer.
Sua boca formou uma linha de amotinação. - Você não é tão velho, você
sabe.
- Você é a única que disse que eu não estava ficando mais jovem.
- Bem, você não está. Mas isso não significa que você está prestes a cair. -
Ela olhou para a frente, não encontrando os seus olhos. - E ela é apenas um
pouco mais velha, do que a sua antiga noiva. Não é de admirar que ela tenha
uma qualidade jovem. - Ela inclinou o queixo. -Se ela vai manter isso é outra
questão.
Mordendo um sorriso, ele disse: - Eu pensei que você a admirava.
- Eu admirei. Eu admiro. É só isso… Bem, eu não acho…
- Que ela é certa para mim? - Ele disse, fazendo eco das suas observações,
na outra noite, sobre Miss Trevor.
- Não seja bobo. Claro que ela não é certa para você. Ela é uma atriz.
- E incomodaria você, se eu me casasse com uma atriz.
- Casado! - Ela bufou. - Você nunca faria tal coisa. Você é muito perspicaz
por isso. Mas você pode… bem …
- Ela já lhe disse que não é nem nunca foi minha amante.
Clarissa se aproximou para olhar para o espelho de um toucador próximo. -
Mas você teve amantes?
A pergunta o surpreendeu. Mulheres gentilmente criadas não perguntavam
essas coisas. A menos que estivessem muito interessadas na resposta. - Eu creio
que esse é um assunto privado - ele disse, tentando provocá-la a admitir o seu
ciúme.
Ela girou sobre ele, sua expressão rígida. - O que significa que você tem.
Caso contrário, você teria negado isso.
- Bem. Eu tenho. Por que você se importa? - Ele prendeu a respiração. De
repente, pareceu muito importante ouvir a sua resposta.
- Eu nunca pensei em você como… bem … esse tipo de homem.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Isso provocou o seu temperamento. - Que tipo de homem? O tipo com
necessidades físicas? - Ele se aproximou. - O tipo que pode achar a beleza
intoxicante e a inteligência estimulante? - Quando a respiração dela começou a
acelerar, baixou a voz. - O tipo que pode ser tentado a fazer o que não deveria?
Ela assentiu, o seu olhar caindo para a sua gravata, como se tivesse medo
de olhar para o rosto dele.
Desejando ver os seus olhos, ele inclinou o queixo. - Eu não sou perfeito,
moça atrevida, como você sabe muito bem. E certas mulheres são uma tentação
muito potente para mim.
O temperamento acendeu os olhos dela. - Como Lucia.
- Como você, sua tolinha.
Ele abaixou a cabeça lentamente, dando-lhe uma chance de balançar.
Quando ela simplesmente olhou para ele como um gamo assustado, ele a beijou.
Deus, como ele poderia ter esquecido como sua boca era exuberante, quão
doce era o gosto dela? Quando ela voluntariamente se abriu para ele, ele exultou
e aprofundou o beijo. Ele queria mergulhar nela como um banho quente, para
explorar cada centímetro de seus lábios, língua e dentes.
Ela ficou na ponta dos pés, e ele colocou as mãos nas suas mangas para
mantê-la mais perto. Ela se acalmou, e ele também, com medo de assustá-la
como ele tinha feito na outra noite.
Mas então ela se derreteu contra ele, e ele ficou verdadeiramente perdido.
Ele não podia invocar um milímetro do seu controle habitual - ele queria devorá-
la. Sua boca era uma revelação, mostrando-lhe a diferença entre simplesmente
desejar o corpo de uma mulher e desejar a sua mente e sua alma. Ele saqueou os
lábios uma e outra vez, bebendo os seus suspiros suaves, cada vez mais
despertados pelo momento.
Ela soltou a boca dele para sussurrar: - Por que você está fazendo isso?
Você sabe que não deveria.
Ele se inclinou para mordiscar a orelha. - Você quer que eu pare?
- EU… EU… Não. Mas eu quero entender o porquê… de isto estar
acontecendo entre nós. - Ela acariciou a sua bochecha. - Você não gosta de mim.
Sufocando uma risada, ele murmurou: - Você não gosta de mim. No
entanto, aqui estamos.
Quando ele beijou do pescoço até á sua garganta, ela soltou uma respiração
tremente. - Eu gosto de você.
- E, claro, eu gosto de você, ou eu não estaria aqui cedendo à tentação. -
Ele tocou a cavidade da garganta, deleitando-se com seu suave gemido e a
maneira como ela deslizou as mãos pelas lapelas do casaco.

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- Mas isso é … mais do que gostar.
- Sim. - Ele tomou a sua boca novamente.
Definitivamente mais do que gostar. O desejo o controlava e ele não queria
ser livre. Então, enquanto ela não o afastasse, enquanto ela estivesse
emaranhando a sua língua com a dele e abraçando o seu pescoço, ele
aproveitaria.
Clarissa não podia acreditar que ela estava deixando Edwin aproveitar. Mas
ele continuava vindo em sua defesa com Durand, mesmo quando isso arruinou
os seus próprios planos, e isso o fez assim… tão fascinante.
Essa era a única razão pela qual ela se agarrou a ele e se pressionou contra
ele, o único motivo pelo qual o seu sangue estava correndo e seu coração
martelando e seu corpo aquecendo para ferver. Gratidão pelo que ele fez, só isso.
Mesmo ela, não era tola o suficiente para acreditar nessa afirmação.
Rompendo o beijo, ela se virou para enfrentar o espelho e tentou se
apoderar de si mesma. - Nós devemos parar. Alguém pode nos ver.
- Absurdo. Estamos fora da vista do corredor. - Ele deslizou o braço em sua
cintura para atraí-la de volta contra ele. - Eles teriam que entrar na sala.
Ele não estava mentindo, a julgar pelo que ela viu no espelho.
- Mesmo que sim - ele murmurou contra o cabelo dela, - eles não diriam
nada a ninguém. São pessoas do teatro - eles se preocupam com os seus próprios
assuntos.
Quando ele beijou ao longo do seu ombro nu, o alarme perambulou
brevemente por sua espinha. Mas o seu braço a segurou levemente, tão
levemente, e os seus beijos eram ternos, persuasivos. Por uma vez, o que se
desenrolou nela não era pânico ou medo.
- Além disso - ele acrescentou, - estamos noivos.
- Não … realmente.
Seu olhar se fechou com o dela no espelho, enquanto ele acariciava com
um dedo a da borda do seu corpete. - Nós poderíamos estar.
Ela estava tão atenta ao que ele estava fazendo com o dedo, que não
registrou as suas palavras. - Poderíamos estar o quê?
- Realmente noivos. Um com o outro. - O seu dedo mergulhou logo abaixo
da borda para descer sobre a ascensão dos seus seios numa lenta carícia.
Observá-lo a fazê-lo no espelho tornou tão erótico que ela teve que colocar uma
mão na penteadeira apenas para se manter firme. - Por quê … Por que nós…
faríamos isso? - ela engasgou.

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- Eu preciso de uma esposa. - Ele acariciou a sua orelha. - Você precisa de
proteção contra Durand. Isso tornaria as coisas mais simples.
- Exceto que eu não quero me casar com ninguém, mesmo com você.
Embora as palavras parecessem vazias aos seus ouvidos.
Ele deslizou a mão dentro de seu corpete. - Somente porque você não
percebe as vantagens disso.
Ela estava achando difícil respirar. - Para quem?
Um sorriso preguiçoso tocava seus lábios, e ele baixou o seu espartilho,
para lhe tocar o seu peito com a mão. - Para nós dois.
Enquanto o cobriu, ela pegou o seu pulso. - Edwin, o que você está
fazendo? - Mas ela sabia, e sentia-se muito prazerosa. Então, novamente, sempre
acontecia no início. Era mais tarde, quando o homem ficava áspero...
- Estou fazendo o que eu ansiei por anos - tocando você - ele sussurrou, os
seus olhos procurando os dela no espelho. – Para lhe mostrar como poderia ser
entre nós.
O seu mamilo estava se esbarrando debaixo de sua mão, aguardando o seu
toque. - Eu não acho que seja uma boa ideia.
Quando ela apertou o seu pulso, ele parou de mover a mão. - Eu prometo
não a ferir.
Ainda assim, a sua expressão, cheia de calor e desejo, deu uma pausa.
Quando o Vilão Sedutor acariciou os seus peitos, há anos, começou bastante
agradavelmente. Mas então ela protestou e ele a ignorou e toda a experiência
rapidamente se torceu…
Isso não acontecerá, ela lembrou a si mesma. Por um lado, Edwin estava de
costas e eles estavam de pé - ela poderia lutar com ele com muita facilidade.
Havia pessoas do outro lado da parede, e alfinetes de chapéus na mesa, que ela
poderia usar para espetar no seu braço. Ela, provavelmente, estava mais segura
aqui com ele, do que alguma vez esteve, com qualquer outro homem.
Além disso, a maneira como ele esperava pacientemente por sua permissão
para continuar, assegurou-lhe que, se ela só tentasse puxar a sua mão, ele iria
parar imediatamente. Mas se ela fizesse isso, ela nunca mais teria a chance de
explorar estas coisas com ele.
Ela queria explorar essas coisas com ele?
Sim. Ai sim.
Ela soltou o pulso.
Por meio segundo, ela temeu que pudesse se arrepender, porque algo
escuro e ousado brilhava nos olhos dele. Mas antes que ela pudesse reagir a isso,

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ele virou a sua cabeça para o lado com a mão livre para poder beijar a sua boca,
sobre o ombro.
Então ele estava devorando os seus lábios, e sua mão estava acariciando-a
e sentia-se tão surpreendente, que ela logo se viu apertando o peito de bom grado
em sua palma. Com um gemido baixo, ele a massageou com tanta habilidade,
que a fez sentir necessidades há anos negadas. Elas eram gostosas, quentes e
excitantes e todas as coisas que ela nunca pensou sentir de novo.
Ela se virou em seus braços e a mão dele se afastou, mas só assim ele
conseguiu levá-la para a mesa. - Edwin!
- Sim, moça? - Ele começou a beijar o caminho até ao vale entre os seus
seios. - Eu quero provar você. Você vai me deixar?
- T- tudo bem – o seu sangue uivava através das suas veias, querendo
coisas, precisando de coisas. Ela estava vivendo perigosamente agora, mas tinha
que saber, tinha que ver se Edwin iria empurrar e afastar as suas defesas.
Metade dela queria que ele fizesse. A outra metade estava aterrorizada que
ele o faria.
No entanto, ela enterrou as mãos nos cabelos, enquanto ele manobrava o
peito livre e o cobria com a boca.
O Vilão Sedutor não tinha feito tal coisa - apenas a atacou através do seu
corpete. Mas Edwin… oh, céus. Sua boca sedosa e quente a explorou, sugando e
calmante até que ela empurrou os dedos para o couro cabeludo. - Ohh… isso é
tão… tão… - Ela soltou um suspiro tremendo.
- Você gosta disto não gosta?
- Você não?
Ele soltou uma risada sufocada contra o peito. - Como se você precisasse
perguntar. - Sua língua tocou o seu mamilo. - Você não consegue ver que esqueço
de mim, quando estou com você?
O seu cabelo se derramou sobre as suas mãos como cetim preto, enquanto
agarrava a sua cabeça ao peito. - Mas porquê? - ela respirou. - Você está
sempre… me censurando.
- Isso, é para evitar que todos percebam que eu quero você na minha cama
- ele olhou para ela, os olhos brilhando. - Temia que todo o maldito mundo
pudesse reparar.
- Não é por isso que você me censura - ela disse com ironia. - Você me
desaprova, admita isso.
- Você realmente me deixa louco. - Ele provocou o seu peito levemente com
os dentes, fazendo-a arquear-se contra ele. - E se nos casássemos ...
- Você atiraria em mim, num mês. Ou eu atiraria em você.

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- Você faria? - Ele se endireitou, arrastando a sua boca aberta pelo pescoço
em uma série de beijos gostosos. - Você não está atirando agora.
- Não. Mas você está… fazendo coisas impertinentes para me distrair - ela
ofegou. - Mais tarde, vou me arrepender de te deixar.
- Então eu vou me casar com você. - Suas mãos acariciaram seu outro
peito através das suas roupas. - Então você não terá arrependimentos.
- Edwin…
Ele pegou a sua boca novamente, para silenciá-la.
Mas as suas mãos estavam sobre ela acima e abaixo, e ela se sentiu
consumida por esses sentimentos novamente, e desta vez o pânico engoliu-a
como uma onda poderosa. Era demais. Demais!
Ela o empurrou para trás, e depois escorregou entre ele e a mesa,
agarrando uma escova de cabelo à medida que ia brandindo na frente dela como
um cacete. Freneticamente, ela lutou para subir o seu corpete com a outra mão.
O olhar dele desceu para a escova. - Clarissa?
O choque em sua voz a fez parar. Senhor, ele devia pensar que ela era
louca.
Ela se forçou a abaixar a escova, enquanto lutava por calma. Ele nunca
devia descobrir o seu passado sórdido. Ela só podia imaginar o que ele faria com
isso. Já era mau o suficiente que ela o tenha deixado ir tão longe.
Com uma respiração firme, ela disse com firmeza: - Não vou deixar você me
arruinar. - Não vou deixar você me machucar.
- Arruinar você? - Ele pareceu perturbado pelas palavras, porque os seus
olhos se estreitaram. - Certamente você sabe que eu nunca a arruinaria. Eu
nunca a desonraria assim.
A própria menção de honra a desesperou. Ele não conseguiu entender, e se
ele soubesse da verdade… - Homens desonram mulheres todos os dias, sem
pensar.
- É verdade. - Ele se aproximou, e ela quase não sufocou seu pânico. - Mas
eu não sou esse tipo de homem. Eu não sou o meu irmão.
A menção de Samuel lembrou a ela com quem estava lidando. Este era
Edwin. Ela estava sendo absurda. Ela colocou a escova sobre a mesa.
Ele soltou um longo suspiro. - Na verdade, estou disposto a me casar com
você.
Disposto. Mas não exatamente ansioso. - Para me proteger de Durand - ela
disse enquanto terminava de arrumar as suas roupas.

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Com um aceno de cabeça, ele disse: - Faz sentido. Somos amigos, não
somos?
Ela engoliu em seco. Edwin foi sempre prático. Eles eram amigos, então
eles deveriam se casar. Porque "faz sentido" e será conveniente. - Não parece ser
uma boa base para uma vida juntos.
Ele aproximou-se o suficiente para cobrir sua bochecha. - Tudo o que peço,
é que você a considere. Basta pensar nisso, está bem?
A sua respiração saiu. Ela era uma mistura de nervos e, dado o calor nos
olhos dele, ela estava horrivelmente assustada, que ele tentasse beijá-la
novamente. Ela queria isso; ela temia isso. Sobretudo, ela preocupou-se que
pudesse fazer algo estúpido em resposta. . . como afastar-se dele e se denunciar.
Mas assim que ele se inclinou para ela, lentamente, com cuidado, a porta
se abriu.
- Bem, bem, - disse o Conde Durand com uma voz dura. - Se não é o casal
recém noivo.
A raiva fria que pulou no rosto de Edwin a fez parar. Então ele suavizou a
sua expressão e se virou, pegando a sua mão enquanto se movia e puxando-a
para o lado dele, para que formassem uma frente unida.
- O que você quer, Durand? - Ele falou.
O Francês ignorou Edwin para falar com Clarissa. - Eu fui enviado por sua
mãe para encontrá-la, Lady Clarissa.
- Minha mãe nunca confiaria essa tarefa para você - disse Clarissa, lutando
contra o mau estar que subia em sua garganta.
- Você acha que não? Ela gosta de mim, você sabe.
Antes que Clarissa pudesse chamar àquilo de mentira, que ela sabia que
era, Edwin se moveu ligeiramente, para a frente dela. - Lady Margrave é amigável
com todos. Mas ela não é tola.
- Vamos chegar num momento, senhor - acrescentou Clarissa. -Por favor vá
e conte a Mama. Se de fato o enviou você para me procurar.
Seus lábios formaram uma linha fina. - Eu fui encarregado de acompanhá-
la. Então espero até você terminar com a sua senhoria.
- O diabo que você vai - disse Edwin. - Você já causou problemas
suficientes para esta noite, derramando as nossas notícias prematuramente.
- Estou causando problemas, minha senhora? - O conde perguntou a
Clarissa.
O seu discurso estudado não a enganou. Ele parecia no limite e
completamente perigoso. Por nada deste mundo, ela iria sozinha com ele.

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- Você sabe que está, senhor. Mas, como eu disse anteriormente,
dificilmente importa. Simplesmente, você conseguiu adiantar o anúncio que
faríamos logo, de qualquer maneira.
O conde apertou a sua mandíbula. - Knightford ainda não aprovou o
enlace.
- Ele vai. Edwin é perfeitamente elegível e, além disso, é o amigo mais
próximo de Warren. De qualquer forma, já tenho idade suficiente. Warren não
precisa aprovar nosso noivado. Nós simplesmente queríamos a sua bênção.
Com um olhar frio para Edwin, o Francês franziu o cenho. - Isso significa,
que você ainda pretende esperar para se casar até ele voltar?
- Nós não decidimos - disse Edwin. - Não que seja do seu interesse.
- Eu poderia tornar meu interesse - disse o Conde Durand.
O estômago dela revirou.
- Eu gostaria de ver você tentar – rosnou Edwin, fúria vindo em ondas.
Como um cão de caça a atormentar um urso, o conde provocava
deliberadamente Edwin. Ela esperava, que a qualquer momento, Edwin resgasse
a garganta do Conde Durand.
- Basta - ela disse com uma leveza forçada em seu tom, determinada a
acalmar os dois homens. - Isso é bobo - vocês dois vociferando um para o outro.
Mamãe está esperando. Devemos voltar, os três juntos para o camarote, antes de
perdermos mais da apresentação. - Ela puxou o braço de Edwin. - Venha, meu
querido, vamos.
Era como tentar arrastar um urso irritado da arena, com os pelos
levantados e os dentes abertos, antes que tivesse a chance de devorar o seu
atormentador. Por um momento, ela temia que Edwin fizesse algo precipitado,
como lutar contra o conde ali mesmo, fomentando a fofoca por toda a sociedade.
Então, para seu enorme alívio, Edwin relaxou a sua posição. - Claro,
querida. O que você quiser.
Mas quando os três voltaram para o camarote, através dos corredores, ela
sabia que apenas tinha antecipado uma batalha que se aproximava. Porque, ela
temia, que o Conde Durand exigisse sangue até que Edwin, pura e simplesmente
o assassinasse.

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Onze

Durand saiu do camarote assim que voltaram, graças a Deus, ou Edwin


teria expulso o maldito. Felizmente, eles não viram nenhum sinal do conde
quando eles deixaram o teatro.
Edwin esperava que a prorrogação durasse um pouco, mas ele não sabia
mais o que pensar do Francês. Ele nunca viu um homem tão determinado a
incomodar uma mulher. Tinha que haver algo mais por trás disso, do que um
mero desejo de ter Clarissa como sua esposa.
Concedido, qualquer homem a desejaria, mas que continuasse, mesmo
quando Edwin e Clarissa começassem a sair em público juntos? Uma vez que eles
anunciassem o seu noivado? Ia para além de estranho.
Era quase meia-noite, na altura em que eles contornavam a frente da casa
da cidade de Warren. Edwin olhou para Clarissa, o seu interior se torceu num nó
ao ver o quão imóvel e silenciosa ela estava sentada. Este negócio com Durand
não poderia continuar.
E se ela estiver em silêncio por causa de você e das suas ações precipitadas
no camarim?
Deus, ele não podia suportar o pensamento.
Quando a porta se abriu, Edwin saiu para ajudar as duas senhoras a
descer e tentou avaliar os seus estados de ânimo. Normalmente ele não era bom
em ler as mulheres, mas mesmo ele podia dizer que Lady Margrave estava
desgastada. Tinha sido uma longa noite, depois de tudo.
Enquanto isso, o semblante fechado de Clarissa e o seu olhar distante,
fizeram Edwin querer socar a parede frágil da carruagem. A intensidade do
sentimento o alarmou. Ele nunca teve tantos impulsos em sua vida, como ele
tinha quando estava ao seu redor. Isso não poderia ser bom. Um homem devia
sempre ser cauteloso com fortes emoções. Invariavelmente, o levavam a
comportar-se mal.
Edwin ajudou lady Margrave a subir os degraus, muito consciente de
Clarissa subir lentamente atrás deles. Ele queria detê-la, arrastá-la para dentro
dos seus braços e confortá-la até que ela voltasse a ser o que era. Era tarde
demais para fazer mais do que acompanhá-las para dentro, mas ele ansiava
terminar a conversa com ela sobre um possível casamento entre eles. Ele não
conseguiu afastar a sensação de desconforto, de que ela estava em maior perigo
com Durand do que nunca.

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E o seu sentimento foi confirmado quando, assim que entraram, o
mordomo levou-o de lado. - Você me pediu para manter um olho no francês, meu
senhor, e eu fiz. Ele está aqui.
A raiva queimou a garganta de Edwin. – Em casa?
- Não, na rua, em sua carruagem.
Ele franziu o cenho. Durand deve ter vindo por outro caminho, para
aguardar o seu retorno. Caso contrário, eles o teriam visto no seu caminho até
aqui. - Há quanto tempo ele está lá?
- Meia hora ou mais.
Clarissa apareceu. - O que está errado?
- Nada. - Edwin não queria que ela se sentisse insegura em sua própria
casa. Ele poderia cuidar de Durand sem envolvê-la.
Ela procurou o seu rosto, então encolheu os ombros. - Mamãe quer saber
se você se juntará a nós para uma taça de vinho comemorativo antes de partir.
Ele olhou para onde Lady Margrave estava olhando para ele. - Em outra
altura, talvez. Eu tenho algo para fazer.
- A esta hora? - Disse Clarissa.
- Eu vou me encontrar com alguém, mais tarde. - Era verdade, embora o
"alguém" ainda não soubesse.
- Oh. - Corando profundamente, ergueu uma sobrancelha. - Eu não tinha
ideia de que você fosse uma coruja noturna, Edwin.
O seu tom malicioso e a suposição clara, de que era uma mulher, arranhou
os seus nervos, especialmente devido à sua teimosia em casar com ele. - Mais
uma vez, devo lembrá-la de que você não sabe tudo sobre mim. Talvez seja hora
de você olhar para além do seu próprio nariz, naquilo que me concerne.
- Tenho a certeza de que Edwin está indo ao seu clube, minha querida -
sua mãe apressou-se a dizer. – Até o seu pai gostava de jogar nas primeiras horas
da manhã de tempos em tempos.
Maldição, agora ele tinha Lady Margrave fazendo suposições sobre ele e seu
caráter, também. - Não vou jogar - disse ele a Clarissa. - E é uma reunião com
um homem. Posso ver que você vai ser uma esposa ciumenta.
- Nem um pouco - ela disse na defensiva.
- Edwin - sua mãe disse novamente, - já que perdemos o jantar esta noite,
você simplesmente tem que vir jantar amanhã.
Ele afastou o olhar de Clarissa para dizer: - Claro. Eu ficaria encantado.

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- E não se esqueça de trazer um autômato para mim - disse Clarissa
alegremente, - dado que ganhei a nossa aposta.
Isso prendeu Edwin. -Você não ganhou.
- O acordo era que se você me censurasse ...
- O que eu não fiz.
Seu olhar se estreitou sobre ele. - Você não estava, agora mesmo, dizendo
algo sobre “olhar além do próprio nariz” e ser uma “esposa ciumenta”? Soa muito
como me censurar.
- Isso é absurdo - ele disse irritado, impaciente por sair - como você sabe
perfeitamente bem.
- Agora você está me censurando por ser absurda.
- Não estou dizendo que você é absurda. Estou dizendo que sua observação
é absurda.
- A mesma coisa. - Ela tocou a sua mão com seu leque. - Não me diga que
você está tentando renunciar à nossa aposta.
- Oh, pelo amor de Deus, eu não estou ... - ele começou, então parou
quando notou a tensão em seu rosto.
Em um instante, ele percebeu que era assim que Clarissa sempre lidava
com uma situação difícil. Ela fazia comentários maliciosos. Ela cutucava e
cutucava. Ela até flertava. E se isso era o que ela tinha que fazer, para esquecer
Durand, então ele poderia pelo menos dar-lhe isso.
Ele suavizou a voz. - Tudo bem. Admito a derrota. Eu vou te trazer um
autômato amanhã à noite.
Ela olhou para ele com desconfiança, como se ela não pudesse acreditar
que ele aceitou. - É melhor ser um bom autômato, se faz favor. Algo que posso
colocar numa prateleira. E que você tenha criado, não um daqueles velhos ...
- Sim, sim, eu me lembro - disse ele, murmurando um sorriso. - Você quer
apenas o melhor. Como sempre.
- Você diz isso como se fosse uma falha do meu carácter - disse ela com
uma fungadela.
- Não, na verdade. - Tomando a sua mão e virando-a levou-a aos seus
lábios, para que pudesse lentamente, com cuidado, beijar o interior de seu pulso.
Quando ele sentiu seu pulso acelerar e ouviu ela suspirar suavemente, ele
murmurou: - Sempre preferi a melhor qualidade. Nos objetos… e nas pessoas.
A súbita sombra em seus olhos era sóbria. - Eu sei disso muito bem. - Ela
tirou a mão dele. - Mas eu suspeito que você e eu diferimos no que consideramos
a mais alta qualidade nas pessoas.

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A declaração estranha fez-lhe parar. - Eu duvido disso. Mas podemos
discutir mais amanhã à noite. - Ao vê-la se afastar, ele acrescentou: - Além de
fazer planos para o nosso futuro.
- Nosso futuro - ela repetiu devagar. - Isso deve ser uma discussão
interessante.
Ela disse que pensaria em se casar com ele, mas claramente, estava
começando a hesitar novamente.
Porquê? Maldição, ela estava atraída por ele, ele tinha certeza disso.
Nenhuma mulher fazia esses pequenos sons tão gentis quando era beijada e
acariciada, se não desejasse a pessoa que a beijava e acariciava.
Mas nenhuma mulher já brandiu uma escova para ele também. A
lembrança disso irritou-o tanto como ter um espinho no pé. O fato de ele ter sido
tão arrebatado que ela o temesse…
Não importava. Ele resolveria isso, de alguma forma. Ele podia não ser bom
em entender as mulheres, mas se ele colocasse a sua mente nisso, ele,
seguramente, poderia cortejar uma. E cortejar Clarissa começava a ter mais
sentido à luz dos problemas com Durand. Ele simplesmente teria que convencê-la
disso.
Ele fez uma vênia para as senhoras. - Boa noite para vocês duas e obrigado
por se juntarem a mim no teatro. Vejo vocês amanhã à noite para jantar.
Então ele saiu pela porta da frente. Hora de lidar com esse maldito conde.
No momento em que estava fora, ele notou que uma carruagem parou
diretamente atrás dele. Ao descer os degraus, a porta da carruagem se abriu e
Durand saiu.
- Você e eu precisamos conversar - disse o Francês.
Edwin parou alguns degraus, acima do homem. - De fato, nós precisamos.
Mas não aqui. Ele olhou para as janelas e rezou para que Clarissa não estivesse
olhando. - Em algum lugar mais privado.
- Sim. Se você me seguir até à embaixada de França, podemos discutir isto
como cavalheiros civilizados.
- Isso exigiria que você fosse um cavalheiro, o que parece improvável.
Durand tirou uma sujidade inexistente da manga. - É aqui ou lá. Ou talvez
devêssemos entrar para falar sobre isso com Lady Clarissa.
Diabos o levem. – Está bem. Vou encontrá-lo na embaixada.
Apesar da hora, devia ser relativamente seguro, com os habituais guardas
presentes.

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Ainda assim, quando eles pararam em frente ao 50 Portland Place, ele
pegou a pequena pistola que mantinha em sua carruagem para proteção, em
noites como esta. Depois de verificar, para ter a certeza de que estava carregada,
ele a enfiou no bolso do seu casaco. Ele não se arriscaria com Durand.
Era quase 1:00 da manhã, quando ele e o Francês entraram na embaixada.
Embora os guardas parecessem surpresos ao ver o responsável de negócios tão
tarde, eles apenas trocaram algumas palavras com ele antes de deixarem entrar
Durand e o seu convidado.
Durand levou Edwin para um escritório, provavelmente aquele que ele
estava usando enquanto o embaixador estava na França. Abrindo uma caixa,
Durand ofereceu-lhe um charuto, que Edwin recusou. Ele não queria fumar,
comer ou beber com o homem. Ele só queria ele fora da vida de Clarissa.
Depois de acender o charuto, Durand soprou nele um momento. - Sente-se.
- Eu prefiro ficar de pé. Não vou demorar.
- Como você preferir. - O conde encostou-se à secretária. - Precisamos
discutir Lady Clarissa.
- Pois precisamos. E farei isto simples. Ela é a minha noiva. Eu quero que
você pare de a incomodar.
- Eu não estou a incomodando. Estou apenas a lembrando da nossa
adequação um ao outro.
Edwin o encarou. - Ela não está aceitando a dica muito bem. Nem eu.
Então, eu não quero vê-lo em algum lugar perto dela novamente.
- Ou você fará o quê? - Durand ergueu uma sobrancelha. - Na minha
posição, sou imune a qualquer tentativa de conter as minhas atividades. Como
tenho certeza que você sabe.
- Ninguém é inteiramente imune, nem mesmo você.
O conde sorriu para ele. - Você ficaria surpreso. A França está em tumulto
agora. Ninguém se preocupará com as acusações frívolas de uma jovem que está
sendo cortejada, de forma muito respeitável, por um nobre com o meu status.
- Respeitável? Isso é o que você chama seguir todos os seus passos,
abordando-a continuamente, espionando a sua casa?
- Eu gostaria de vê-lo tentar repetir essas alegações para qualquer outra
pessoa. Eles diriam que você está exagerando. Que eu sou um diplomata bem
respeitado, que não teria motivo para incomodar uma senhora. Que as suas
alegações são apenas retórica de um inglês ciumento que tem problemas em
assegurar o seu lugar como pretendente.
Edwin apertou os dentes. - Deixe-os dizer o que quiserem. Tenho
importância suficiente, para fazer a minha voz ser ouvida.

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- Não é o suficiente para que eu não consiga afastar tudo rapidamente. -
Durand expeliu um pouco de fumaça. - Tudo o que preciso fazer é expor os
segredos do seu pai.
Isso enviou inquietação para Edwin. - Meu pai não tinha segredos. –
Nenhum importante, de qualquer maneira.
Sim, o pai tinha sido membro de um antro de ópio privado, que Edwin
descobriu quando foi forçado a rastrear o seu pai após a morte da mãe. Mas já
faziam quinze anos e vários embaixadores franceses haviam passado. Durand
não poderia saber nada sobre isso. E mesmo que o fizesse, o pai já tinha morrido
há algum tempo. Não seria importante para ninguém que o homem,
ocasionalmente, tivesse se dedicado ao fumo de tubos de ópio.
O conde afastou-se da secretária para caminhar até um armário. - Não me
diga que você não sabia sobre as atividades do seu pai durante a guerra.
Na guerra? - Que atividades? - Disse Edwin com rapidez. - Sua sessão no
Parlamento? Seu jogo ocasional? Sua participação no teatro?
- Estou falando do seu pai espionando para a França.
A acusação atingiu Edwin como uma marreta. Que diabos? Durand era
bobo. Está bem, a bisavó de Edwin era francesa e a sua família tinha relações
distantes em Paris, mas o pai tinha sido completamente inglês. Ele nunca teria
traído o seu país.
- Essa é uma mentira deslavada - disse Edwin com frieza. - Mas inteligente,
já que você sabe que não há como provar ou refutar as suas alegações.
O brilho feral nos olhos de Durand enviou um balde de gelo pela espinha de
Edwin. - Ah, mas há. - Durand destrancou e abriu a gaveta mais alta, procurou
até encontrar um arquivo e então o entregou a Edwin e fechou a gaveta.
Edwin ficou olhando o arquivo por um momento, o seu coração batendo no
peito. Deus, como poderia ser? Seu pai nunca esteve muito envolvido com sua
família, mas Edwin sempre assumiu que era porque ele era um ser frio, incapaz
de cuidar. Ou por causa da lenta e terrível desintegração do seu casamento.
Isto não. Edwin não podia acreditar. Ele não faria.
- Veja - disse Durand, descansando contra o armário. - E no caso de você
considerar lançar os papéis no fogo, você deve saber que eles representam apenas
uma parte dos relatórios do seu pai.
Relatórios. Oh Deus. Com uma sensação de pavor, Edwin abriu o arquivo
para encontrar, na própria caligrafia de seu pai, páginas e páginas de notas. Ele
engoliu o susto e começou a analisá-los sistematicamente.
Quanto mais ele lia, mais o seu estômago embrulhava. Cada relatório
começava com uma carta a um francês chamado Aubert, e continha uma série de
notas detalhando informações que o seu pai tinha recolhido no antro de ópio.

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Aparentemente, certos oficiais da Armada e do Exército britânicos
desfrutaram, de vez em quando, da estranha prática chinesa de fumar ópio.
Nessas ocasiões, eles, inadvertidamente, deixaram escorregar informações sobre
as estratégias de guerra na França e na Península. O pai os reuniu todos, nesses
relatórios.
Havia mapas grosseiramente esboçados, esboços de movimentos de tropa,
fofocas sobre onde Wellington pretendia atacar a seguir. Era um conjunto
condenável de documentos, na verdade.
Não, como pode isto acontecer? - Onde você conseguiu isto? - Exigiu
Edwin.
Durand encolheu os ombros. - Eles têm estado nos nossos arquivos há
anos. O nosso espião, Aubert, os passou para a embaixada depois da guerra, e
nós os guardamos, caso precisássemos de algo de seu pai.
- Em outras palavras, precisavam de alguma coisa para chantageá-lo -
afirmou Edwin.
O cheiro acre de fumaça de charuto rodou entre eles quando Durand
tomou outro sopro. - Ou ao seu filho.
O sangue de Edwin ficou gelado. - O que diabo quer dizer?
Durand lançou algumas cinzas. - Tudo o que preciso fazer, é enviar isso
para a imprensa e você estará arruinado na sociedade.
- Você não se atreveria. - Edwin lutou para esconder o tumulto dentro dele.
- Com toda a conversa sobre outra revolução para depor Charles X, os seus
superiores estão com as mãos cheias. Eles não apreciarão a sua agitação de um
ninho de vespas na Inglaterra.
- Que ninho de vespas? Eu simplesmente estaria garantindo que a sua
posição na sociedade cai para algum lugar abaixo do de uma mulher de negócios.
Especialmente após o escândalo da condenação criminal do seu irmão. O
casamento recente de sua irmã pode ter restaurado o nome de família em um
pequeno grau, mas isto o destruirá para sempre.
De alguma forma, Edwin conseguiu encolher os ombros. - Isso significaria
apenas que eu não teria que lidar com os iguais a você
- Ah, mas você não ficaria sozinho na sua perda de importância, pois não? -
Com um sorriso sombrio, Durand afastou-se do armário. - Como você acha que
Lady Clarissa reagiria, se a associação a você, também a transformasse numa
marginal da sociedade?
Maldito seja. Edwin sabia como Clarissa reagiria. Talvez não se
preocupasse com o fato do seu pai ter sido um espião, mas certamente odiaria
deixar a boa sociedade. Não podendo ir a festas e passeios e ser a bela do baile.

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Durand fez o seu ponto com uma eficiência implacável. - Você acha, que ela
mesmo consideraria se casar com você, se houvesse uma chance de sofrer em
solidão, com você pelo resto da vida? Ela se importa tanto assim com você?
Edwin temia, que ele conhecesse a resposta para isso, e isso provocou uma
irritação incontrolável em seu interior. – O relacionamento com a minha noiva
não é da sua conta. E sim, ela ficaria perto de mim. Porque ao contrário de você,
Clarissa tem um caráter firme
- Eu não ficaria muito seguro disso - disse Durand.
A observação astuta, apenas disparou o temperamento de Edwin. Com um
rosnado, Edwin enfiou o rosto no outro. - Se você está insinuando qualquer coisa
insultante sobre a minha noiva…
- Não. - O rosto de Durand se nublou. - Embora ela não seja a mulher que
você acha que ela é.
- Porque ela não se casará com você, é isso que quer dizer? Isso só prova a
sua inteligência e o seu bom senso.
Durand endureceu. Depois de atirar o seu charuto para uma salva, ele
deslizou o arquivo dos dedos cerrados de Edwin. - Cuidado, Blakeborough. Se
você continuar me provocando, eu poderia simplesmente, enviar isto para a
imprensa apenas pela diversão.
- Faça isso. Assim você e eu, podemos ser agitados no turbilhão de fofocas,
juntos. Você não é o único que pode espalhar a calúnia efetivamente.
O olhar frio de Durand teria congelado o fogo. - Você considerou que eu
poderia implicá-lo nas atividades de seu pai? Você tinha, o quê? Dezoito ou
dezenove anos na altura em que isto estava acontecendo? Não era muito jovem
para ajudar o seu pai a espionar.
- Não há um pingo de provas de que eu tenha tido algo a ver com isso -
Edwin zombou. - Eu estava fora, na universidade.
- Nem sempre. E certamente, você tinha idade suficiente para acompanhá-
lo naquele antro privado de ópio.
Edwin de repente teve dificuldade em respirar. No último ano da guerra, ele
não estava na universidade. Ele esteve ao lado da mãe durante as suas últimas
horas. E ele também visitou o antro de ópio uma vez. Se alguém se lembrasse,
interpretasse mal isso… - Porque você está fazendo isto?
- Eu quero Lady Clarissa. Eu tinha uma reivindicação sobre ela muito
antes de você começar a cortejá-la. Eu sei que você não a ama, e duvido que ela
também o ame. Os dois se comportam mais como amigos do que como futuros
esposos.
Uma pena que Durand não os tivesse descoberto antes no meio das suas
carícias imprudentes, embora o desgraçado provavelmente teria encontrado uma

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maneira de usar isso contra eles. - Diga a si mesmo que nosso noivado não
significa nada se desejar, mas não mudará a verdade.
- A verdade, é que eu poderia mostrar o arquivo para Lady Clarissa. Não
tenho que torná-lo público. Eu diria que isso seria suficiente para fazê-la recusar-
se a ser sua esposa.
Considerando que Edwin ainda não tinha conseguido sequer que ela
concordasse em casar com ele, provavelmente faria. - É isso que você quis dizer
com chantagem? Você pretende expor os segredos do meu pai a ela, a menos que
eu faça o que você quiser.
- Exatamente. Quero que liberte Lady Clarissa.
Edwin ficou boquiaberto com ele. - A metade da sociedade já ouviu falar
que estamos noivos. Se eu acabar com o noivado, isso a arruinará.
- Precisamente. - Os olhos de Durand brilhavam como as águas escuras e
traiçoeiras. - Ela não teria para onde se virar, sem possibilidade de se casar com
mais ninguém do que eu. Admita isso, você está apenas envolvido com ela porque
Knightford é seu amigo. Mas o seu coração não está comprometido. O meu está.
Deixe-a para mim, e eu a mimarei com joias e importância e toda a atenção que
uma mulher como ela exige. Então vou destruir os relatórios do seu pai, queimá-
los na sua frente. Você nunca terá que se preocupar com alguém descubra a
verdade. Mas se você não fizer o que eu digo…
Durand deixou as palavras penduradas com o floreio dramático de algum
vilão de ópera. Edwin não podia respirar. Isso não fazia sentido. Por que o
bastardo estava tão determinado em ter Clarissa como sua esposa? Sem dúvida,
ele estava buscando alguma vantagem casando com ela, mas Edwin não podia,
por sua vida, descobrir o que era. Como diplomata altamente colocado, Durand
poderia ter qualquer mulher que desejasse. Esse fascínio com uma senhora que
não tinha interesse nele não era natural.
Não mais do que o seu.
Não é verdade. Edwin nunca quereria ganhar Clarissa, humilhando-a. E o
fato de Durand descer tão baixo, arrepiava, imensamente, Edwin. Ele meio que
tinha a intenção de disparar no idiota aqui e agora.
Mas como os guardas sabiam da presença de Edwin, ele não iria escapar
com isso. Ele, quase com certeza, seria julgado e enforcado. Isso, também,
afetaria Clarissa.
E não apenas a ela. Exporia a sua irmã a mais um escândalo, um pior do
que qualquer coisa que seu maldito irmão mais novo, tivesse fomentado. Yvette
finalmente era feliz; ele se recusava a arruinar isso para ela e para o seu novo
marido.
Além disso, havia outra solução para este dilema, que iria cortar todas as
maquinações de Durand. Mas levaria um pouco de tempo para colocar seu plano

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em andamento. Então, tanto quanto ele desejava lançar as ameaças de volta em
seu rosto, ele deveria ser cauteloso.
- Preciso de alguns dias para pensar sobre isso. - Edwin praticamente
engasgou na mentira. Embora fosse necessário, ele abominava dar a ideia que ele
consideraria capitular.
Durand estreitou o seu olhar em Edwin. - Porquê?
Edwin encolheu os ombros. - Isso deve ser óbvio. Se eu retirar a minha
oferta para Clarissa, ela poderia - e provavelmente - me acusaria de violação de
contrato. Então, devo consultar o meu advogado sobre o provável resultado de tal
encargo e o que isso pode me custar financeiramente. Devo também considerar
qual escândalo prejudicaria mais a minha família - a revelação dos segredos de
meu pai ou a recusa súbita de casar com uma mulher que proclamei
publicamente como minha noiva. Então também há a questão…
- Já chega. Eu percebi o que quer dizer. - Durand o examinou de perto. -
Você realmente é um homem frio às vezes, Blakeborough. Eu ameaço tirar Lady
Clarissa, e tudo o que você pode pensar é como isso afetará a sua bolsa.
Se Durand pensava assim, então, pelo menos, Edwin estava conseguindo
proteger os seus verdadeiros sentimentos. - Eu gosto de pensar que sou prático.
Como você diz, Clarissa e eu não estamos apaixonados, mas isso não significa
que eu não saiba o efeito que ceder ás suas reivindicações, poderá ter na minha
vida.
O conde parecia considerar isso. - Bem. Você pode ter dois dias. Mas espero
a sua decisão no final do dia, depois de amanhã.
- Obrigado. - Edwin afetou o tom aborrecido típico de um senhor com o seu
status. - Agora, uma vez que esta conversa se tornou cansativa, deixarei você com
os seus charutos.
- Você sabe sair, eu suponho - disse Durand.
Com um mero sinal da cabeça, Edwin saiu calmamente da sala.
Mas por dentro estava fervendo. Era tudo o que podia fazer para conter a
sua fúria até que estivesse em segurança na sua carruagem e afastado. Seu pai,
um espião para os franceses. O seu intestino se torceu num nó só com a ideia.
Embora isso explicasse muito. Porque o pai sempre foi tão desatento com a
sua família. Porque, quando a mãe estava morrendo, ele continuou com as suas
excursões a Londres. E por que Edwin nunca percebeu nenhum sinal de
intoxicação por ópio nas poucas ocasiões em que o pai estava em casa. Ele já
tinha usado ópio? Ou ele, apenas foi ao antro do ópio por causa dos seus chefes
franceses?

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A outra coisa que ele não entendeu foi o motivo. O que poderia ter feito o
Pai desejar envolver-se em tais assuntos? Algum gosto pelas suas relações
francesas? Não parecia plausível.
Mas os documentos foram claramente escritos pelo pai. Não era apenas a
letra dele - era a maneira de ele falar, o uso de certas palavras. E Edwin não se
atrevia a procurar ninguém para se aconselhar, com medo de que as notícias
saíssem e o nome da família fosse arrastado pela lama.
Havia apenas uma saída para isto. Clarissa não gostaria, mas ele devia
fazer o máximo para convencê-la a casar com ele, com uma licença especial,
antes de se encontrar com Durand novamente. Dizendo-lhe pouco sobre o que
exatamente Durand descobriu sobre seu pai, é claro. Ela, já estava bastante
assustada, por causa do casamento com ele; se ela soubesse que havia uma
pequena chance de que ela pudesse ser afastada da sociedade, fugiria a sete pés.
E isto devia ser tratado rapidamente. Mesmo que Durand estivesse
blefando, sobre as suas ameaças para expor a espionagem do pai, o fato de ser
tão inflexível em casar com Clarissa era motivo de alarme. O francês ainda pode
tentar raptá-la. Muitos homens fizeram isso com herdeiras.
Mas não com Edwin. Ele veria Durand enforcado antes que ele deixasse o
bastardo danificar um cabelo da cabeça dela.

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Doze

Pouco depois do pôr-do-sol, no dia seguinte, muito cedo para se vestir para
o jantar e tarde demais para uma soneca, Clarissa vagueou pelo seu quarto.
Deveria usar o poncho ou o lenço de rede com o vestido para jantar? Era
improvável que Edwin se importasse de qualquer maneira. Enquanto o seu
vestuário fosse apresentável, ele provavelmente nem sequer notaria.
Não, ele só notou quando seu peito estava meio nu.
Os seus olhos se estreitaram. Muito bem, não há poncho ou lenço. Porque
esta noite queria fazê-lo notar a ela, para fazê-lo vê-la por si mesma, com todas as
suas falhas. Para fazê-lo entender que ela realmente não era o tipo de mulher
com quem ele queria casar.
Embora isso não tenha funcionado ontem à noite. Só o fez ficar excitado,
algo que nunca esperaria do sóbrio Edwin. E se ela exibisse o seu peito para ele,
ele poderia olhar para ela com aquele olhar penetrante que a fazia tremer por
toda parte, e então ela esqueceria o propósito dela. O que era recusar, gentil, mas
firmemente, a se casar com ele.
Sim, esse era o seu plano e ela deveria mantê-lo, não importava o quanto
ele grunhisse naquele suspiro excitante que negava tudo o que ele estava falando.
Mesmo que ele a tomasse de lado em particular e lhe desse um dos seus beijos
luxuriosos que duravam e duravam. Mesmo que Mama, em sua tolice, os
deixasse sozinhos novamente, e ele tentasse beijar mais para baixo…
Lenço. Definitivamente um lenço. E já que estava nisso, talvez uma
armadura para evitar que ele fosse tentado e que ela cedesse.
Um barulho soou contra as portas francesas que davam para a sua
varanda. O que diabos? Outro barulho. E outro.
Agarrando-se à varanda, ela olhou para o jardim abaixo, que estava
levemente iluminado pelas luzes de gás das cavalariças nas traseiras. E lá,
vestido de forma demasiado informal para jantar, estava Edwin.
Ela ficou boquiaberta. - O que você pensa que está fazendo?
- Eu preciso falar com você em particular. Agora. É urgente.
- Então, venha pela porta da frente como uma pessoa civilizada e me
chame.
- Eu não posso. Eu não quero a sua mãe envolvida. Eu nem quero que os
criados saibam que estive aqui. Desça. Podemos conversar no jardim.

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Sozinhos no jardim? Não era provável. A própria ideia provocou-lhe um
arrepio na espinha. - Não seja ridículo. Estou de roupão. - Ela virou-se para a
porta. - Volte para o jantar, é o suficiente cedo para conversar.
- Muito bem. Eu vou ter que subir.
O quê? Ela correu de volta para a varanda a tempo de vê-lo escalando a faia
alta e espessa que se elevava muito longe da sua varanda para ser útil para ele.
- Edwin! - Ela sibilou. - Pare com isso imediatamente! Não vai aguentar o
seu peso.
Ele a ignorou e continuou a subir.
Ela o observou com o coração na garganta. - O que você quer fazer? Pular
pelo ar? É muito longe!
Se ela chamasse a atenção, isso acabaria. . . Mas algo a manteve.
Curiosidade? A sua expressão de impiedosa determinação? A sua preocupação de
que, se alguém aparecesse e o distraísse, ele poderia cair?
- Edwin - ela sussurrou quando alcançou o nível de sua varanda. - Oh,
tenha cuidado. Nem pense em saltar.
Já a assombravam as visões do seu corpo quebrado nas pedras do jardim
abaixo. Mas curiosamente, ele continuava subindo. A árvore começou a curvar-se
com seu peso, e ele se moveu para o lado mais próximo da sua varanda. Quando
se curvou ainda mais, ela teve que morder um grito.
Então a árvore se inclinou o suficiente para colocá-lo bem diante dela.
Quando ele soltou o ramo, este voltou ao seu lugar. Então ele esfregou as
mãos e as calças, como se ele subisse a varandas, tão habilmente, todos os dias.
Ela queria estrangulá-lo. - Você está louco? Você poderia ter se matado!
Ele piscou. - Absurdo. Eu sabia exatamente o que estava fazendo. Eu
calculei a circunferência e a altura da árvore contra o meu peso e a atração da
gravidade, e pensei que seria bom.
- Pensou! - Ela o cutucou no peito - Se você tivesse pensado errado, você
teria quebrado o seu pescoço!
Ele agarrou a sua mão, os seus olhos brilhando na fraca luz da vela do
quarto. - Você estava preocupada comigo.
- É claro que eu estava preocupada com você!
- Então você deveria ter descido - ele disse com muita naturalidade.
- Eu teria, se eu soubesse que você se transformou num idiota imprudente
durante a noite.

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Ele enrolou os dedos em sua mão. - Eu já fui um menino, você sabe.
Aprendemos a escalar árvores com o leite da nossa mãe. - Ele tentou puxá-la
para perto. - Eu estava bem. Mesmo.
Ela retirou a sua mão, o seu coração ainda trovejando no peito e voltou
para o quarto. Edwin, escalando árvores. Quem teria pensado nisso?
Quando ele a seguiu para dentro, ela perguntou: - Então diga. O que é tão
importante que você teve que arriscar a sua vida para falar comigo sozinha?
- Durand estava aqui na noite passada.
Isso a interrompeu. Com a garganta apertada, ela se virou para encará-lo. -
O que você quer dizer?
- Abaixo na rua. Ele estava observando a casa. - A seriedade mortal em seu
tom confirmou a verdade das suas palavras. - Eu o confrontei e ele me deu um
ultimato.
Seu estômago começou a torcer. - Que tipo de ultimato?
Um músculo trabalhou no maxilar de Edwin. - Ou eu cancelo o nosso
noivado amanhã à noite, ou ele irá revelar alguns segredos inquietantes sobre a
minha família.
- Que segredos?
- Eu preferiria não dizer. Mas, essencialmente, destruiríam qualquer crédito
que Yvette e eu tenhamos na sociedade. Nós seríamos ostracizados.
Yvette? Tem algo a ver com a Yvette? E ele, também. Ah não. - Se isso
acontecesse, você não poderia encontrar uma esposa - ela sussurrou.
- Precisamente.
Um nó ficou preso na sua garganta. Ela considerou incitá-lo, para revelar
os segredos que o Conde Durand, mantinha contra ele, mas se eles eram
suficientes para deixá-lo alarmado, então tinham que ser ruins. O que significava
que ele não falaria sobre eles com ela. Ele nunca revelou essas coisas para ela.
Porque, ela nem sequer teria sabido sobre o quão o seu pai tinha sido pouco
carinhoso com a família, se Yvette não lhe dissesse.
Edwin não era o tipo de homem para abrir o seu passado para ninguém,
até mesmo para a mulher que ele contemplava casar.
E provavelmente não mudaria nada se ela soubesse. - Bem, então, parece
que você não tem escolha. Ela engoliu em seco. - Você deve acabar com nosso
noivado. Ou melhor ainda, eu vou terminar com você. Honestamente, nunca tive
a intenção de me casar com ...
- Você não está ouvindo, Clarissa. - Se aproximando, ele a fixou com um
olhar sombrio. - Ele quer que eu termine as coisas porque ele quer que você não
tenha nenhum recurso senão se casar com ele.

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- Isso é absurdo - disse ela, embora um frisson de medo escorresse pela
coluna vertebral. - Eu sempre tenho um recurso. Eu simplesmente vou terminar
com você. Isso vai tornar as coisas difíceis para você, eu sei, e sinto muito por
isso, mas pelo menos ...
- Isso não vai funcionar, maldição. Você não vê? Ele não quer dar uma
escolha! Ele estava à espreita na sua rua na noite passada. Ele está obcecado por
ter você como sua esposa. Se continuar a recusá-lo, um dia ele simplesmente a
raptará e a levará para Gretna Green. Ou pior, para França. Ele poderia
conseguir isso, também. Diplomatas são imunes a todas as acusações, exceto
assassinato.
Lentamente, o motivo da sua sensação de urgência se instalou, juntamente
com um duro nó de raiva para com Durand. - Mas porque ele está obcecado,
caramba? Por que ele me quer? Eu não o entendo!
- Você é uma mulher bonita, vibrante e com bom humor. Quem não
gostaria de você?
As deliciosas palavras a surpreenderam. Elas não eram como ele, o que a
fazia desconfiar. - Este não é o momento de experimentar a sua nova habilidade
em elogios. Há muitas mulheres como eu.
- Não tantas como você pensa. - Olhando para longe, Edwin esfregou a
parte traseira de seu pescoço. - Mas eu admitirei que a fixação dele com você vai
além do limite. Só posso assumir que ao casar-se com você, ele espera ter acesso
a algo que ele quer.
- Como o quê?
Ele resmungou a respiração. - Maldito inferno, eu não sei. Eu queria saber.
Talvez Warren esteja errado sobre a sua riqueza. Talvez ele a tenha perdido nas
mesas de jogo.
- Se é apenas sobre dinheiro, há um número de herdeiras que se casariam
felizes, com um conde francês, no seu caminho para o sucesso como diplomata.
Porquê insistir em se casar com uma mulher que claramente o despreza?
- Ele não parece acreditar em você.
- Então ele é cego, surdo e burro - disse ela com firmeza.
- Ou ele não se importa com o que você sente. Neste momento, dificilmente,
importa quais são os seus motivos. Isso não muda o fato de que ele nos tem
apanhados.
- Não você. - Ela afundou em sua cama. Ela estava cansada de lidar com
Durand, cansada dos altos e baixos, de ter a certeza de que ele estava longe,
apenas para que ele aparecesse novamente. - Você deve proteger a sua família e
aproveitar a sua oferta. Eu vou terminar com você, e Mama e eu iremos nos
manter em casa até Warren estar de volta. Então ele pode lidar com Durand.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Do jeito que ele está lidando com ele? - O rosto de Edwin escureceu. -
Você sabe muito bem que Warren pode não estar de volta em semanas. Eu não
vou deixá-la sozinha para ser raptada por esse bastardo.
- Então, o que exatamente você está propondo? Que ele arraste você e a sua
irmã, e o seu novo marido, através de outro escândalo, enquanto você,
nobremente aguenta o forte, até Warren retornar?
- Não. Eu tenho outro plano. - Ele caminhou para olhar a porta da varanda.
- Você e eu devemos nos casar imediatamente. Logo amanhã de manhã. Eu já
obtive uma licença especial, então eu virei para leva-la para cavalgar pela manhã,
e iremos diretos para a igreja. Sua mãe nos permitiu entrar no cabriolé com
apenas o meu criado antes, então isto funcionará. Não precisamos a envolver no
casamento, já que você é maior e não precisa da sua permissão. Já falei com meu
pároco ...
- Espere, espere, pare! - Ela saltou da cama. - Casar? Como isso impede
Durand de revelar os seus segredos de família?
Ele a encarou, as sombras jogando os planos afiados de seu rosto num
duro alívio. - Uma vez que nos casarmos e ele perder a chance de conseguir você,
ele perde a sua arma. O divórcio é quase impossível de obter, mesmo para um
homem com o meu status, então ele não conseguirá fazer de você a sua noiva.
Isto não deixará nenhuma razão para ele derramar os meus segredos de família,
além de despeito, uma vez que não alcançará o seu objetivo principal. Mesmo
Durand não é estúpido o suficiente para arriscar a sua própria carreira na
diplomacia, caluniando um conde inglês, apenas para desafogar o seu
temperamento.
Deus. Que plano. - Eu não tenho tanta certeza sobre isso. Enquanto não
sabemos por que ele ...
- Eu não estou me apressando, se é isso que você pensa.
- Eu acho que você está muito louco.
Ele enfiou a mão no bolso de seu casaco e tirou um molho de papéis
dobrados. - Eu pedi ao meu advogado que estabelecesse um acordo de casamento
esta manhã. - Colocando-o na cama, ele acrescentou: - Eu acho que você vai
achá-lo mais do que generoso, mas leia com atenção esta noite. Se não contar
com a sua aprovação, podemos ir primeiro ao escritório dele, para que você possa
ditar todas as mudanças, antes de nos dirigirmos para a igreja.
Embora estivesse lisonjeada, por ele lhe ter confiado com documentos
legais, a maioria dos homens não acreditaria que uma mulher pudesse mesmo lê-
los corretamente, tudo isto estava se movendo muito rápido. - Edwin-
- Se você quiser envolver a sua mãe, eu entendo, mas ela não é muito boa
em guardar segredos, e Durand não pode saber disto até estar feito.
- Não me importo se Mama está envolvida, mas ...

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- Sabe, o nosso casamento não precisa ser típico. - Sua garganta se moveu
convulsivamente. - Se você preferir viver separadamente, podemos fazer isso,
assim que tivermos certeza de que Durand não é mais um problema.
- O que tornaria um pouco difícil para você conseguir um herdeiro, e eu
não ...
- Obviamente, eu prefiro que possamos ter filhos e criá-los juntos como
marido e mulher, mas se isso não lhe convém.
- Maldição Edwin, já chega! - Ela agarrou as suas mãos. - O que não me
convém é que desista de toda a sua vida para me proteger.
Os seus olhos se arregalaram. - Eu não estou desistindo. Você sabe que eu
queria uma esposa há muito tempo.
- Mas eu tenho a certeza que você preferiria escolher uma para você. Não
ser obrigado por algum louco.
- Ele não me obrigou a casar com você. Ele tentou me intimidar para não
me casar com você. Fui eu que tive a ideia de casar imediatamente. Eu fiz isso
com os olhos abertos, então você não precisa se preocupar com isso. - Levando as
mãos dela aos lábios, ele beijou cada uma, com aquele cuidado lento que nunca
deixava de fazer o seu sangue correr quente. Então, acrescentou, num murmúrio
gutural: - E você tem que admitir, que somos atraídos um pelo outro.
Dado o ritmo furioso do seu coração, dificilmente poderia negar isso. Mas
não fazia diferença. - Essa não é a questão. Há coisas sobre mim que você não
conhece, coisas que você não gostaria, coisas que ...
- Eu não vou deixar você para aquele bastardo! - Quando ela se assustou,
Edwin modulou o seu tom. - Eu não vou ficar quieto e não fazer nada enquanto
ele tenta arruinar a sua vida. E se formos casados, ele não agirá, estou certo
disso.
- Você está chamando isso de blefe. Eu vejo isso. Mas e se não for um
blefe?
- Então você será forçada a sofrer o escândalo junto conosco, mas eu
honestamente não acho que isso aconteça. E, pelo menos, eu ainda estarei
protegendo-a contra a tentativa dele, de ter você. Podemos enfrentá-lo como
marido e mulher.
Marido e mulher. O seu coração torceu no peito. Quando Edwin era nobre,
ela queria pegá-lo e beijá-lo para sempre. Mas ele não ficaria nobre. Não quando
soubesse do seu passado. - Não é justo para você - disse ela. – Arriscar um
escândalo para toda a sua família, para me proteger. Não posso pedir-lhe para
fazer isso.
- Você não está pedindo. Eu estou oferecendo. Não é o mesmo. - Ele
procurou o seu rosto. - Nós podemos ter uma vida decente juntos, você sabe.

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Arrumar esta confusão. E se formos infelizes, podemos ter casas separadas.
Margrave Manor já está ao lado da minha propriedade. Você poderia ir para lá,
criar os nossos filhos lá. Enquanto eu fizer parte das suas vidas, eu ficarei
contente.
- Contente? Você merece mais do que isso, Edwin.
Ele balançou a sua cabeça. - Eu não sou um homem romântico, Clarissa. O
amor nunca foi uma consideração. Contanto que eu possa ter uma companheira,
de preferência, que não se importe de compartilhar a minha cama.
- E se eu me importar? - Ela sussurrou. - Eu não sou como as outras
mulheres. Tenho uma certa… aversão a tais coisas.
Edwin excitava o seu corpo, mas sempre que pensava em realmente tê-lo
em cima dela, a sua garganta se fechava e as suas mãos suavam e ela queria
morrer. Ele continuava mencionando crianças, mas ter filhos era necessário ter
relações conjugais, e ela não sabia se poderia suportar isso, mesmo com Edwin. E
se ela nunca pudesse fazê-lo?
- Você está com medo de mim - disse ele ocamente.
- Não. - A resposta aguda e imediata pareceu acalmá-lo. - De qualquer
homem estando… assim comigo.
- Ah. - Ele sorriu. - Toda a mulher tem esses medos virginais, meu doce.
Mas eu prometo ser capaz de aliviá-los, se você me deixar. - Ele tocou-a debaixo
do queixo. - Eu vejo isto desta forma. Um amável casamento com um homem que
irá tratá-lo com ternura. Ou arriscar o sequestro por um homem que quase
certamente não o fará.
Ela olhou para longe, indecisão envolvendo-a. Ela poderia acabar com isto
tudo agora, apenas dizendo a ele a verdade: que ela não era casta. Ele retiraria a
sua proposta, ela formalmente o deixaria, e ela poderia voltar a viver sua vida.
Com medo. De um homem que seria muito mais aterrador se ele a
conseguisse em seu poder. E não havia garantia de que o Conde Durand não
conseguisse, especialmente se ela e Mama não tivessem nenhum protetor
masculino. Não havia nem uma garantia de que ele não arruinaria Edwin de
qualquer maneira. O que o faria manter a sua palavra no acordo?
A verdade era, a ideia de lidar com Edwin, quando ele descobrisse todos os
seus segredos, empalidecia comparativamente á ideia de que o conde a
sequestrasse e a forçasse na cama. Não podia suportar tal ataque novamente.
Ela voltou a encontrar seu olhar. - Tudo bem.
O alívio que inundava o seu rosto a devia ter encorajado. Não encorajou.
Ele não sabia no se estava metendo. E ela realmente deveria dizer a ele. Mas a
ideia do seu afastamento quando ele soubesse disso a assustava.

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Não, ela lhe falaria quando se casassem. Eventualmente. Mas, entretanto…
- No entanto, tenho uma condição.
Os seus olhos se afiaram sobre ela. – E qual é?
- Você tem … dê-me tempo para me adaptar ao casamento antes de
compartilharmos uma cama. Eu ainda sinto como se fossemos praticamente
estranhos. Nunca pensei em você romanticamente antes, e agora ...
- Você pensa?
- Eu não sei. Isso é o que me preocupa. Eu nem sei como pensar em
alguém desse jeito. Mas você deve-me prometer que serei a única a escolher
quando compartilharmos a cama, por muito tempo que demore.
- Isso parece ominoso - ele disse secamente.
- Eu sei. Mas essa é a minha condição. E eu quero isso nos termos do
contrato.
Seu rosto se nublou. - Ah
- Eu sei que não é o tipo de coisa que um homem jamais faria.
- Vou adicionar isso.
- Se você não pode ...
- Está bem. Pararemos no escritório do advogado pela manhã para que seja
adicionada e as assinaturas testemunhadas. Certifique-se de olhar para o
contrato esta noite para se certificar de que não quer outras mudanças.
Ela engoliu em seco. - Você provavelmente não deveria vir para o jantar.
Apenas envie um recado dizendo que está ocupado ou algo assim. Porque será
muito difícil para você continuar mentindo, com a conversa incessante da Mama
sobre o nosso grande casamento, que nunca acontecerá.
Ele franziu o cenho. - Eu não pensei nisso. Você não terá um grande
casamento, e a sua mãe nunca me perdoará por isso.
- Absurdo. Você está casando comigo. Ela tinha medo que eu nunca me
casasse, então ficará bem. E podemos ter uma grande festa depois para
comemorar.
- E você? Vai se arrepender de não ter aquele grande casamento?
Uma dor repentina no peito lhe disse que alguma parte dela iria, mas ela a
esmagou. - Eu nunca planejei me casar, então eu não teria tido isso de qualquer
maneira.
O seu tom deve ter sido mais melancólico do que ela percebeu, porque os
seus olhos escureceram. - Tudo vai ficar bem, Clarissa, eu prometo. Eu vou fazer
tudo certo.

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Segurando o rosto dela nas suas mãos, ele a beijou. Era doce, terno e
absolutamente inofensivo. E isso lhe deu esperança, de que ele pudesse estar
dizendo a verdade, sobre o futuro deles. Porque se ele não estivesse, ela não sabia
se poderia suportar.

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Treze

Edwin não tinha ideia do que esperar quando aparecesse na casa de


Warren na manhã seguinte. Depois de uma noite sozinha, Clarissa poderia ter
mudado de ideia sobre se casar com ele. E então o que ele poderia fazer?
Ele já fizera o melhor para convencê-la de que Durand não iria desafiar o
seu blefe depois que se casassem. Se isso acontecesse, ela nunca o perdoaria por
obscurecer a verdade, deliberadamente minimizando o quão devastador o
escândalo da espionagem do pai poderia ser para ela. Se Durand fosse até a
imprensa com as suas provas, e desse, algumas pistas de que Edwin também
estivera envolvido, isso destruiria os dois.
A culpa o fez estremecer. Ele deveria ter dito tudo. Mas, ela não teria se
casado com ele, se ele o tivesse dito, ele tinha certeza disso. Clarissa gostava de
ser a bela do baile.
O que ela não gostava, aparentemente, era ser a bela do quarto.
Mas você deve prometer que serei a única a escolher quando
compartilharmos a cama, por muito tempo que demore.
Edwin suspirou. Era a última parte que o frustrava. Ela falou de gerar um
herdeiro, então ela não queria dizer, negar-lhe a cama para sempre. E o plano
dela era bom, esperar até que ficassem mais confortáveis um com o outro para se
tornarem íntimos. Então, por que o corroía que ela exigisse isso?
Porque isso o fez se perguntar mais uma vez o que exatamente estava
errado com ele. Apesar de aceitar os seus beijos, apesar dos seus flertes e
provocações, ela não queria estar perto do jeito que marido e mulher deveriam
estar. Não importava, ele esperava que o seu casamento fosse mais um arranjo
comercial do que um casamento amoroso.
Mas ele também esperava se deitar com a sua noiva. Era quase
insuportável pensar em lhe negar isso.
Diabos, ele estava sendo ridículo. Clarissa estava apenas com um ataque
de nervosismo. Ela não iria continuar assim por muito tempo. Mesmo que
continuasse, ele certamente sabia como tentar uma dama em sua cama. Quão
difícil poderia ser com uma mulher como Clarissa, que respondia aos seus beijos
com entusiasmo?
Assumindo que ela não cancelasse o acordo em casar com ele.
Felizmente, chegou à casa da cidade para encontrá-la esperando por ele,
vestida com um conjunto bastante elaborado envolvendo penas e laços e um
enorme chapéu com um véu transparente em renda. Parecia uma caixa de
presente embrulhada em rede e oceanos de seda, totalmente inacessível.

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Não ajudou que a mãe dela o esperasse também. - Que adorável da sua
parte levar Clarissa dirigindo para Green Park, como desculpa por ter perdido o
jantar de ontem à noite! - Ela exclamou.
Graças a Deus, Clarissa pensara em fornecer uma mentira adequada para
onde eles estavam indo. - Eu estava muito triste por não estar aqui - disse ele, o
que era a verdade. Seu breve beijo com Clarissa em seu quarto não foi suficiente.
- Bem, um passeio no parque deve ser bastante revigorante a esta hora. E
ela gosta de dirigir cedo. Como eu. Na verdade, eu pensei em ir junto, mas
Clarissa diz que não há espaço no cabriolé para mim.
- Sim, sinto muito - ele disse rapidamente. – O meu cabriolé é pequeno,
lamento. Mas se você quiser ir, pode ir atrás no assento do meu criado e eu o
deixarei aqui.
Como ele esperava, Lady Margrave ficou horrorizada. - Você está louco?
Equilibrar-me na parte de trás do seu cabriolé? Soa muito desconfortável. Por
que, eu poderia facilmente cair! Que vergonha, Edwin. Não posso acreditar que
você sugeriu tal coisa para sua futura sogra.
Os lábios de Clarissa se contraíram. - Sim, Edwin, como você se atreve? -
Ela disse com um brilho travesso nos olhos.
Aquele pequeno vislumbre da provocação habitual de Clarissa acalmou
todos os seus medos. Eles ficariam bem. Ele faria isso. - Eu suponho que perdi o
juízo temporariamente. - Ele estendeu o braço. - Por que não vamos, antes que
todos desçam para o parque?
- Claro - ela disse brilhantemente.

Eles saíram pela porta precisamente às 9:00 da manhã. Enquanto desciam


as escadas, ele murmurou: - Obrigado por apresentar uma história adequada
para a sua mãe. Você sabe como eu odeio mentir.
- Porque você é muito ruim nisso. Eu não estava prestes a arriscar a sua
ruína, tentando enganar a mamãe. Você nunca seria convincente.
- Verdade. - Além disso, animou-o que ela parecia conhecê-lo tão bem, às
vezes. Embora houvesse outras vezes…
Não, ele não pensaria nisso. Eles teriam anos para se conhecerem melhor.
Quando partiram no cabriolé, ela sentou-se rigidamente no banco, as mãos
segurando a sua bolsa. Ela estava nervosa? Preocupada?
Desejando que ela não estivesse a caminho de se casar com ele?
Ele se aventurou em deixá-la à vontade com um elogio. – O seu vestido é
muito… mm...

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- Deixe-me adivinhar, espalhafatoso, com babados e exagerado - disse ela
com certa beligerância.
- Rosa.
Sua postura rígida se suavizou. - Oh. Sim. Eu suponho que é.
- Você parece elegante em rosa. Não que você nunca pareça menos do que
elegante em qualquer outra coisa, mas parece que o rosa traz o jade dos seus
olhos e o rubi de seus lábios e ... - Ele parou quando percebeu que estava
balbuciando como aquele jovenzinho no teatro na noite anterior. E ele nunca
balbuciou. - Você está adorável.
Ela olhou para ele através do véu que cobria seu rosto. - Obrigado, mas eu
sei que é um conjunto espalhafatoso. Era o único com um chapéu e um véu. E eu
queria ter pelo menos, a aparência de me vestir de noiva no meu casamento.
O arrependimento o esfaqueou. – Desculpe isso estar sendo negado a você.
- Pare de se desculpar. Conde Durand é o único culpado. Você está apenas
tentando melhorar as coisas.
Bem, pelo menos ela estava ciente disso. Eles cavalgaram algum tempo em
silêncio, até que ele percebeu que o escritório de seu advogado não estava muito
distante. - Você leu o acordo?
- Sim. - Ela olhou para a frente na estrada. - Você não estava exagerando
quando disse que eu acharia mais do que generoso. Mas eu tenho uma
observação.
Ele lançou-lhe um olhar cauteloso. – Qual?
- O legado que você registou é cerca de vinte por cento da fortuna que eu
trago para o casamento. Isso parece excessivo, dado que o legado normal é dez
por cento do que a noiva traz para o casamento.
Agora esse era um comentário que ele nunca esperaria de Clarissa. Mas
talvez ela não tenha entendido a terminologia. – O legado de uma mulher garante
para ela quando o seu marido morre, por isso é justo-
Eu sei o que é um legado, Edwin - disse ela, irritada. - Eu simplesmente
não consigo entender por que você está oferecendo o dobro do valor usual.
Ele sorriu. - Eu vejo que estou prestes a ganhar uma esposa bastante
inteligente.
- Você estava com dúvidas sobre isso?
- Claro que não - disse ele apressadamente, reconhecendo uma armadilha
quando via uma. - Mas eu não esperava que você tivesse conhecimento de
contratos ou, por falar nisso, de matemática complexa.

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- Eu cuidei da maior parte da administração da casa antes mesmo de papai
morrer. - Ela se inclinou para perto. - Como você pode imaginar, mamãe não é
boa com números.
- Estou chocado ao ouvir isso - disse ele secamente.
Ela o golpeou com sua bolsa. - Eu posso criticar a mamãe. Você não.
- Eu vejo - disse ele com um sorriso. - Então, há regras para o nosso
casamento?
- Um certo número delas.
- Você vai me dizer quais são?
- Na hora adequada. Agora, deixe de rodeios e responda à minha pergunta
sobre os termos do legado no contrato de casamento.
Quando Clarissa ficava curiosa, ela nunca largava. Ele não tinha certeza do
que isso significava para um casamento entre eles. Que ele nunca teria paz,
provavelmente. - Como você sabe qual é o “valor usual” para um legado?
- Eu sabia qual era o da mamãe. E Yvette me contou sobre o dela.
Ele ficou boquiaberto com ela. - Minha irmã discutiu o seu contrato de
casamento com você?
- Nós, mulheres, discutimos todo o tipo de coisas, você sabe, e agradeço ao
céu que nós fazemos. Como mamãe prefere comer cobras a ler um documento
legal, e meu irmão ou meu primo, não estão aqui para negociar o meu contrato,
fiquei contente por sua irmã ter falado tanto sobre o dela quando se preparava
para o casamento. Isso me deu algo para seguir quando eu o examinei.
Tentar imaginar a sua irmã se debruçando sobre tal documento fez a sua
cabeça doer. A leitura de contratos não parecia algo de que ela gostasse. - Então
você conseguiu... mm… decifrar a linguagem jurídica?
- Com a ajuda de um dicionário. E um dos livros do meu primo. Ela
bocejou tapando, de maneira bastante ineficaz, com uma mão. - É por isso que
dormi pouco na noite passada.
Ele riu. - Surpreende-me que a linguagem por si só não a tenha posto para
dormir. Teria adormecido a mim. Eu odeio documentos legais. Mas, tendo
supervisionado o de Yvette, pelo menos eu sabia o que deveria ser em um deles.
Depois de fazer uma curva rápido demais, ele lançou-lhe um olhar de lado. -
Então você achou o seu legado aceitável? E a sua mesada?
- Claro. Eu só quero entender o motivo da sua generosidade. Ela lançou-lhe
um olhar severo. - Você está tentando me amaciar antes de afirmar sua
autoridade? Ou você é simplesmente mais imprudente com o seu dinheiro do que
eu percebi?

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- Eu não sou nem um perdulário nem tirânico. Ou calculando o suficiente
para tentar “amolecer” você com dinheiro. Estou apenas tentando compensar a
natureza pouco ortodoxa do nosso casamento.
- Eu vejo. - Seu sorriso o aqueceu. - Nesse caso, eu não tenho queixas. -
Ela olhou para sua bolsa. - Embora eu ainda queira que a cláusula extra seja
colocada.
Aquela que negava os seus direitos de marido até que ela se dignasse a
aceitá-lo em sua cama. - Sim. Isso será feito - mesmo se ele tivesse que espancar
o seu advogado, o que ele poderia ter que fazer. O homem estava a um passo do
túmulo e acharia o pedido dela escandaloso e chocante.
Edwin segurou as rédeas. Não poderia ser evitado. Ele já tinha feito uma
promessa, e ele iria mantê-la, independentemente do que acontecesse. Embora
ele sinceramente esperasse que ela não lhe negasse a sua cama por muito tempo.
Ele encontrou-se extraordinariamente ansioso para consumar seu casamento.
Quando acontecesse.
Momentos depois, eles chegaram ao escritório do advogado que estava
bastante vazio, tão cedo pela manhã. Ele estava feliz por isso. Eles poderiam
cuidar dos seus negócios e ir para a igreja antes que fosse tarde demais. Até Lady
Margrave, que era tão negligente como acompanhante, se preocuparia se ficassem
longe por muito tempo. E a última coisa que precisavam era que ela se agitasse
em pânico, alertando Durand sobre o que estava acontecendo.
Assim que se sentaram diante de seu advogado, o homem, mais uma vez,
expressou preocupação de que a jovem não tivesse lá um membro masculino da
família para cuidar dos seus interesses. Ele não ficou preocupado por muito
tempo. Alguns momentos de conversa com uma irada Clarissa, rapidamente o
convenceram a não se preocupar com isso.
Agora vinha a parte mais difícil para Edwin. – A minha noiva tem uma
cláusula que gostaria de acrescentar. Ela terá que ser a única a explicar, já que
não tenho certeza de como ela quer que seja escrita.
Mesmo corando, Clarisse tirou um pedaço de papel da bolsa e colocou-o na
mesa. - Escrevi as palavras exatamente como quero que elas sejam colocadas.
O advogado leu o jornal e piscou. - Meu senhor, você concordou com isso?
- Eu concordei - disse Edwin de forma severa que geralmente reprimia
todas as outras questões.
Aparentemente, não foi suficiente para revogar o seu advogado. - Então
você leu.
- Não. Mas conheço a essência.
O advogado lançou a Clarissa um olhar cauteloso. - Perdoe-me, meu
senhor, mas eu me sentiria mais confortável se você se certificasse de que está

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escrito de uma maneira que seja… aceitável para você também. A cláusula é…
bem … muito peculiar.
Edwin rangeu os dentes. - Estou plenamente ciente disso.
- Mesmo assim, se você pudesse apenas dar uma olhadela. O homem
deslizou o papel.
Pegando-o dele, Edwin leu as palavras impressas ali com sua caligrafia
feminina: Edwin Barlow, conde de Blakeborough, concorda em consumar seu
casamento com lady Clarissa Lindsey apenas numa data futura de sua escolha.
Em troca, Lady Clarissa concorda que o período de tempo entre o casamento e a
consumação do casamento não deve ir além de um ano.
Um ano! Diabos. Ela iria negar-lhe a cama por um ano? O seu olhar
disparou para ela, e ele estava prestes a protestar quando viu o flash de medo em
seu rosto. Em tê-lo a exigir que ela compartilhasse a sua cama mais cedo do que
ela estava pronta.
Então as suas feições suavizaram, e ela estava olhando para ele com a sua
expressão habitual de desafio.
Talvez ele tenha imaginado o medo. Ele nem sempre leu as pessoas
corretamente. A hesitação da donzela ele podia entender, mas ela poderia
realmente estar aterrorizada com a própria ideia de estar na cama com ele?
Parecia improvável. A menos, é claro, que a mãe dela a tivesse alimentado
com o típico disparate sobre a dor, a humilhação e o desagrado de ser deflorada.
Isso certamente colocaria qualquer mulher no limite.
Mas isso não parecia ser de Lady Margrave. Se alguma vez houve uma
mulher que vivia por prazer, era a condessa viúva. E até que Clarissa fez esta
exigência dele, Edwin teria pensado o mesmo dela, que ela tinha um apetite por
prazer igual ao seu.
Enquanto olhava para o pedaço de papel, outra possibilidade surgiu em
sua mente. Poderia Durand a ter pressionado com mais vigor do que deveria? O
homem prendeu-a contra a parede, naquele dia na biblioteca. Teria ele feito o
impensável contra ela, durante aquelas semanas em Bath? Era por isso que ela o
desprezava?
Mas isso não fazia sentido. Se Durand tivesse tomado a sua inocência, ele
teria mencionado isso a Edwin imediatamente, na esperança de que Edwin lhe
desse as costas por ela ter sido arruinada.
Ela não é a mulher que você pensa que é.
As palavras de Durand o provocaram, rapidamente ligadas ao próprio aviso
dela, na noite passada: Há coisas sobre mim que você não sabe, coisas que você
não gostaria.

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Ele deveria ter feito os dois se explicarem. Ele odiava insinuações
maliciosas e alusões secretas. Por outro lado, ele não podia acreditar em nada do
que Durand dissesse, e Clarissa estava tão propensa a falar sobre sua propensão
a roncar, como algo mais sério.
Ou ela pode apenas achá-lo desagradável.
Mas ele não tinha sido o único apanhado em todos aqueles beijos
apaixonados. Então ele teria que se apegar à evidência de que ela estava atraída
por ele. Apreciava beijá-lo. E um dia certamente gostaria de compartilhar a sua
cama.
- Meu senhor? - Perguntou o advogado. - Você quer que eu adicione a
cláusula?
Edwin olhou para cima e forçou uma expressão arrogante em seu rosto. -
Claro. - Ele jogou o papel na mesa. - Coloque isso exatamente como ela escreveu.

Desde o momento em que Clarissa e Edwin deixaram o advogado, ela


sentiu-se entorpecida. O olhar de orgulho ferido em seus olhos, a raiva em sua
voz quando ele disse ao advogado para adicionar a sua cláusula, ainda a gelou.
Ela devia estar fora de si para se casar com ele.
No entanto, nada havia mudado. Ela ainda não podia deixar Edwin arriscar
o futuro de sua família. Ela ainda não se atrevia a arriscar a sua com o
perturbado Durand.
Quando chegaram a St. George's em Hanover Square, ela ficou animada
por ter um lindo buquê colocado em sua mão pela esposa do vigário, que estaria
servindo como uma das testemunhas da cerimônia.
- Obrigada. - Ela escondeu o rosto nos lírios doces. - É muito gentil da sua
parte.
A mulher sorriu. – O seu noivo os escolheu, minha senhora.
Surpresa, Clarissa olhou para Edwin, que a observava com uma expressão
que não conseguia decifrar. Cautela? Antecipação? Ela não conseguia mais lê-lo
do que o homem da lua. - Então, obrigada também, Edwin.
Ele deu a ela um sorriso genuíno desprovido de zombaria e cinismo, e isso
mudou todo o seu rosto, fazendo-o parecer quase infantil. Ela gostava mais
daqueles sorrisos, porque eram tão raros.
E ele parecia pecaminosamente bonito hoje, com o seu casaco azul-escuro,
calças de gamo e colete branco de seda. Ele realmente tinha excelente gosto em
roupas. Mas então, o Vilão Sedutor também se vestia bem. Ela aprendeu muito
jovem que você não podia julgar o caráter de um homem pela sua escolha de
alfaiate.

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Ainda assim, ela pensou que eles provavelmente eram um casal atraente
enquanto se dirigiam para o altar. Edwin tinha organizado tudo com muita
precisão. Ele pressionou o seu criado para servir como a segunda testemunha, e
até se lembrou de comprar alianças, em algum momento entre ontem à tarde e
esta manhã.
Mesmo que ele tenha comprado a dela sem ter uma medida, ela tinha
certeza que aliança caberia. Conhecendo Edwin, ele avaliara o seu tamanho
fazendo algumas matemáticas complicadas em sua cabeça envolvendo a sua
altura, a circunferência da sua mão e o comprimento dos seus dedos. E
possivelmente a latitude e longitude da igreja.
Por alguma razão, a ideia de ele fazer algo tão tipicamente Edwin a
tranquilizou. Enquanto ele permanecia solenemente ao lado dela, ela se
perguntou se ele poderia estar tendo os mesmos pensamentos vacilantes que ela,
especialmente depois daquele momento no escritório do advogado.
Mas quando chegaram aos votos, ele nunca vacilou. Ele disse: - Aceito - tão
prontamente como se estivesse se casando com o amor da sua vida.
Então foi a vez dela. O vigário perguntou: - Lady Clarissa, aceita este
homem como seu marido? Aceita obedecê-lo e servi-lo, amá-lo, honrá-lo e mantê-
lo na doença e na saúde? Esquecendo todos os outros, guardando-se só para ele,
enquanto ambos vivam?
As palavras antiquadas faladas nos tons sombrios do vigário ecoavam na
catedral vazia como um canto fúnebre. Ela poderia fazer isso? Ela ousava?
Enquanto ela hesitava, ela olhou para Edwin e viu o músculo em sua
mandíbula apertar. Mas ele não olhou para ela, não tentou persuadi-la a dizer as
palavras, nem chegou a apertar a mão dela quando segurou o braço dele.
Realmente foi a sua escolha. Exceto que não havia escolha.
- Aceito - disse ela.
Somente quando Edwin soltou um suspiro, ela percebeu que ele o estava
segurando, aguardando a sua resposta. E de alguma forma isso fez tudo um
pouquinho melhor.
Então veio o beijo, que ele não excedeu, provavelmente excessivamente
consciente de seu público. E foi isso. Eles tinham terminado. Ainda não era meio
dia quando eles voltaram para a casa da cidade.
Eles cavalgaram um pouco em silêncio antes de ela se aventurar a falar. -
Bem, isso foi… rápido.
- Sim, por necessidade. Mas lamento que a cerimônia não tenha sido mais
luxuosa.
Ela arqueou uma sobrancelha para ele. - Você sabe perfeitamente bem que
preferiu assim, sem confusão e sem multidões. - Quando ele pareceu

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desconfortável, ela lamentou a declaração. - Mas é uma igreja adorável. Eu
sempre gostei. E é convenientemente chamada pelo mesmo santo do seu clube.
Ou você nomeou o seu clube como a sua igreja?
- Certamente não. Eles nomearam a igreja em antecipação ao meu clube.
Quando ela piscou, ele lançou-lhe um sorriso de satisfação e uma risada
saiu dela. - Você fez uma piada.
- Eu faço às vezes, você sabe.
- Não muito frequentemente. E quase nunca perto de mim.
- Bem, então, vou ter que remediar isso - disse ele, cutucando o joelho dela
com o seu.
Foi um gesto tão amigável que fez um nó na garganta. Ele poderia ser tão
encantador quando queria. E agora o seu joelho estava próximo ao dela e ela
estava se sentindo… aquecida. Isso não aconteceria.
Determinadamente, ela mudou de assunto. - Agora devo residir em sua
casa na cidade? - ela perguntou brilhantemente. - Ou vamos fazer uma viagem de
lua de mel?
Voltando o seu olhar para a estrada, ele disse: - Eu não acho que uma
viagem seja sábia agora. Se Durand desafiar o meu blefe e difundir uma calúnia
sobre a minha família, eu não quero estar muito longe, fazendo parecer como se
eu estivesse fugindo para evitar isso. As pessoas vão dar menos credibilidade às
suas histórias se eu agir como se nada tivesse acontecido.
Ela tentou esconder o seu alívio. Uma viagem de lua de mel seria muito
íntima. Seria difícil dividir um quarto com ele numa pousada em algum lugar
sem… bem… ter relações. Ela precisava adiar isso o máximo tempo possível.
Primeiro, porque ela tinha que se esforçar para suportar a dor. E segundo,
porque ela queria que ele a conhecesse bem o suficiente para que não ficasse
muito chocado quando percebesse que ela não era casta. Ela não estava ansiosa
por essa discussão.
Talvez ela devesse deixá-lo fazer esta noite e acabar logo com isso. Ela não
precisava contar a verdade. Ele já assumiu que os seus medos se originaram de
ela ser virgem.
E poderia um homem saber que uma mulher não era virgem? Ela não
sabia. Mas se assim fosse ela se sentiria mal, por Edwin, descobrir isso no seu
leito conjugal.
Melhor ser honesta quando a hora chegasse.
Para se distrair daquele pensamento sério, ela disse: - Então, suponho que
estaremos morando em sua casa a partir de agora.

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- Na verdade, se você não se importar, prefiro ficar em Stoke Towers pelas
próximas duas semanas. É perto o suficiente de Londres, para que possamos
estar aqui rapidamente se alguma coisa acontecer, mas longe o suficiente para
Durand não estar farejando todos os dias. Sua mãe pode ficar aqui, se quiser, ou
em Margrave Manor, mas imagino que ela se sentirá mais confortável numa
dessas duas do que em Stoke Towers.
Clarissa arqueou uma sobrancelha. – E também não o aborrecerá.
O canto do seu lábio se levantou. - Isso também.
- Conhecendo a mamãe, ela preferia estar em Londres controlando todos os
amigos que ainda não casaram as filhas. - Ela ficou séria. - Mas você acha que
ela estará segura sozinha em casa do Warren?
- Os criados têm ficado de olho em Durand há algum tempo. E o que ele
pode fazer, afinal? Raptá-la para forçar você a “descasar” comigo? Ela ficará bem.
Ele lançou-lhe um olhar de lado. - E se ela ficar na cidade, nos permitirá ter mais
privacidade.
Oh senhor. Apenas o que eles precisavam. - Não vamos sair até amanhã,
suponho, para lhe dar tempo para informar o Conde do nosso casamento.
- Eu já tenho o anúncio marcado para os jornais desta noite. Ele vai saber
rápido o suficiente. E caso, ele não o saiba, vou visitá-lo antes de irmos hoje à
noite, para ter certeza de que ele sabe.
- Eu não quero que você o encontre sozinho. - Seu coração apertou com o
pensamento de como Durand poderia descontar a sua raiva em Edwin.
- Eu não vou estar. Eu vou enquanto a sua equipe ainda está na
embaixada. Além disso, não tenho medo dele.
- Mas eu tenho! Ele pode fazer qualquer coisa para você!
Com um sorriso indulgente, ele estendeu a mão para apertar a mão dela. -
Eu não vou deixar. E você não deve ter medo dele também. Eu juro que farei tudo
ao meu alcance para evitar que ele te machuque.
Ela adorava aquilo sobre Edwin, ele tinha um traço protetor que corria
largo e profundo. Papai tinha sido assim. Ele tinha que ser, dada a tendência de
mamãe de se meter em problemas.
Edwin entrelaçou os dedos nos dela, fazendo a sua barriga tremer. Eles
estavam casados agora. Juntos para sempre. Quanto tempo levaria para ela se
acostumar com isso?
- Então, - ela disse nervosamente, - nós vamos para Stoke Towers esta
noite?
- Mais vale irmos. - Soltando a mão dela, ele virou calmamente o cabriolé
em direção à casa da cidade de Warren no outro lado da rua. - Caso contrário,

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você teria que se mudar para a minha casa durante a noite e depois novamente
para o Stoke Towers amanhã. Dado que você está empacotando algumas coisas
de qualquer maneira, você deveria ir para casa comigo em Hertfordshire.
Casa. Com ele. Outra coisa para se acostumar. Ela passou muitas horas
felizes em Stoke Towers com a Yvette, mas isso foi totalmente diferente. Seriam os
dois sozinhos.
Até as crianças aparecerem. Ela amava bebês, e estes seriam dela. Se ela
tivesse algum. O que dependia de ela conseguir suportar o ato de criá-los.
- Mas quando você vai fazer as malas? - Ela perguntou.
- Eu já fiz. As carruagens partiram para Hertfordshire esta manhã antes de
eu vir para cá.
Senhor, ele certamente planejou bem. - Bem, eu não tenho nada embalado.
Então eu acho que seria melhor começar amanhã. - Ela deslizou a mão em seu
cotovelo. - Podemos ficar em casas separadas por uma noite, afinal. Dessa forma,
vou ter tempo de sobra para descobrir o que preciso para o campo.
- Qualquer coisa que você precisar pode ser enviada assim que chegarmos
lá. E a sua família é dona da propriedade vizinha, então não é como se você não
pudesse ir até Margrave Manor para encontrar algumas coisas em seus armários.
Nós vamos sair hoje à noite.
- Sim, Edwin - ela disse em sua melhor voz persuasiva, - mas não faria
muito mais sentido ...
- Eu espero que você não esteja já tentando me controlar, Lady
Blakeborough.
O seu tom agudo não foi o que a prendeu. Lady Blakeborough. Ela não
contava com o quão adorável isso soaria. Uma mulher casada tinha mais
importância do que uma mulher solteira. Uma mulher casada tinha mais
liberdade para viver a sua vida como bem entendesse - contando que o seu
marido permitisse.
Ela fez uma careta para ele. - Eu nunca tentaria controlar você, Edwin.
Você é muito inteligente para isso.
- Hmm. - Ele parecia cético.
- Além disso - ela disse com sinceridade, - eu preciso conservar as minhas
energias para o que está por vir, assim que chegarmos à casa.
- Oh? E o que é isso?
Ela olhou sombriamente para a frente. - Dizer à Mama que tivemos o nosso
casamento sem ela.

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Catorze

Todos na rua provavelmente ouviram Lady Margrave gritar quando


contaram a novidade.
Edwin fez uma careta. Ele não pretendia causar uma ruptura entre
Clarissa e sua mãe.
Lady Margrave pisoteava a sala de estar com a bengala, parando
ocasionalmente para brandi-la neles. - O que você quer dizer com você se casou
hoje de manhã? Como você pôde apenas... apenas se esgueirar para se casar,
sem uma palavra para mim! Sem renda, sem café da manhã de casamento… sem
flores de laranjeira… Eu não posso acreditar!
- Nós não tivemos escolha, mamãe - disse Clarissa. - Além disso, você sabe
que eu odeio esse cheiro. Eu não teria usado flores de laranjeira de qualquer
maneira.
- Sim, mas você teria usado um vestido mais impressionante - disse ela,
observando o vestido de Clarissa com um olhar de desprezo. - Ora, esta manhã
apresentei os exemplares recentes da La Belle Assemblée para nós escolhermos o
seu desenho. - Sua mãe fez um gesto espetacular. - E eu vi o chapéu de
casamento mais perfeito na vitrine de uma loja há uma semana que queria que
você olhasse. E agora … agora ... você já está casada!
A condessa viúva começou a chorar.
Edwin piscou. Diabos, duplamente diabos. Ele sinceramente esperava, que
se tornar um regador, não fosse um dos atributos de Clarissa.
Com um olhar de lado, Clarissa abraçou a mãe e disse: - Vá lá, mamãe, sei
que é uma decepção. Mas o Conde Durand estava ameaçando coisas terríveis, e
não vimos nenhuma maneira de contornar isso.
Edwin sentiu que deveria dizer alguma coisa para ajudar. - Eu o vi bem na
frente de sua casa na outra noite, lady Margrave. Eu temia que ele pudesse
raptar Clarissa se não nos casássemos rapidamente.
- E não é como se Edwin pudesse ficar aqui o tempo todo. Não seria
respeitável.
A sua esposa estava lidando com a mulher com surpreendente
desenvoltura. Pensando nisso, ela sempre lidou. Talvez ela não fosse tão
inadequada como esposa depois de tudo. Supondo que, eventualmente, ele
conseguisse que ela dividisse a sua cama.
Deus, ele devia parar de pensar nisso.
- Mas por que eu não pude comparecer ao casamento também? E talvez
alguns dos nossos amigos? Nós poderíamos ter mantido isto pequeno. – A sua

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mãe começou a apontar nomes. - Só lady Anne e as irmãs Lamont e Sweeney, já
que são minhas amigas mais íntimas e, claro, ...
- Mamãe! É exatamente por isso que não incluímos você. Você teria
começado a fazer um grande espalhafato, o Conde Durand saberia do nosso
plano, e ele teria espalhado um escândalo na esperança de impedir o casamento.
Tinha que permanecer em segredo até terminar. Ela franziu a testa para a mãe. -
Admita, você não sabe como manter as coisas em segredo.
- Isso não é verdade - Lady Margrave disse com uma fungada.
- Quem disse a Cook que eu não gostava de suas salsichas de vitela?
A condessa viúva levantou o queixo. - Isso foi só para que ela fizesse
melhores.
- E quem disse a Warren, no ano passado, que Yvette achava que o seu
bigode o fazia parecer um vilão?
- Bem, e fazia. Ela estava certa.
- Sim, mas ela não queria ferir seus sentimentos. Ela queria abordá-lo
gentilmente e você apenas soltou isso.
- Ele... ele me pegou de surpresa. Perguntou-me o que eu pensava sobre
isso.
- Então você ofereceu a opinião de Yvette em vez da sua. Dessa forma, ele
ficaria aborrecido com ela e não com você.
Sua mãe começou a agitar as mãos. - Isso tudo é irrelevante. Você se casou
de uma maneira duvidosa, e agora você quer me culpar por isso. Mas nem uma
alma viu acontecer ...
- Eu lhe disse - Edwin acrescentou, - tivemos testemunhas.
A condessa viúva olhou para ele. - Ninguém que importa viu acontecer.
- Eu realmente não dou a mínima - ele murmurou, o que lhe rendeu uma
carranca de ambas as mulheres.
Sem mencionar que lady Margrave simplesmente continuou reclamando. -
E todo mundo vai assumir que não poderíamos pagar um casamento adequado
com um vestido adequado e um bom café da manhã.
- Então, faça um bom café da manhã - Edwin disse irritado. - Um grande
negócio para celebrar a cerimônia. Eu vou pagar por isso. - Ele devia isso à
mulher, já que ele a privou da única experiência que todas as mulheres
esperavam, planejar o casamento da sua filha.
Isso parou a condessa viúva bem no meio do caminho. Ela o olhou incerta.
- Não podemos ter um café da manhã de casamento após a cerimônia, isso

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simplesmente não se faz. Além disso, levaria pelo menos duas semanas para
planejar um adequado.
- Está bem. Então não tenha um. É a sua escolha.
- Sim, você está certo, Edwin - disse Lady Margrave. - Não deveria ser um
café da manhã. Deve ser uma grande festa. Uma verdadeira celebração.
- Mamãe! - Clarissa disse, com um olhar furtivo para ele. - Isso não é o que
ele estava dizendo. E eu não acho que você deveria gastar o dinheiro de Edwin
numa grande festa.
A sua preocupação com as suas finanças o divertia. - Tecnicamente, é o seu
dinheiro, pois a sua fortuna aumentou os meus cofres com uma quantia
substancial. Mesmo se não tivesse, posso me dar ao luxo de fazer o que a sua
mãe quiser.
Lady Margrave olhou para ele como se tivesse acabado de abrir as portas de
Versalhes. - Poderíamos tê-lo no Vauxhall, você acha? Eu sei que eles não estão
abertos no momento, mas eles provavelmente o alugariam para você. E então
podemos contratar um desses balonistas para vir.
Bom Deus. - Se você desejar.
- Podemos contratar a orquestra para tocar para os nossos convidados?
Ele reprimiu um suspiro. - Certamente.
- E trazer nossos próprios chefs para que tenhamos comida decente, em vez
dessas galinhas medonhas?
- É claro - ele disse prontamente. - A comida em Vauxhall é miserável.
- Edwin! - Clarissa exclamou.
- O quê?
- Você nem gosta da Vauxhall! - Disse a sua esposa.
- Seria um encontro privado - ele respondeu. - Não é o mesmo. Além disso,
esta festa não é para mim nem para você. É para a sua mãe. E ela aturou muita
coisa conosco, então é o mínimo que eu… nós … podemos fazer.
- Certamente que é - disse a condessa viúva. - Agora, venha, Clarissa.
Devemos fazer um pouco de planejamento.
Clarissa levantou os olhos para o céu. - Eu tenho que fazer as malas,
mamãe. Edwin e eu estamos indo para Stoke Towers hoje à noite.
- O quê? Já? Você não pode! Você tem que me ajudar a planejar a festa! -
Lady Margrave se aproximou dele. - Você não pode tirá-la tão cedo, Edwin. Vocês
devem ficar em Londres até à nossa festa.

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Edwin olhou para ela. - Lamento que isso seja impossível, senhora. Nós
achamos melhor nos retirarmos para o campo, enquanto Durand ainda está
causando problemas. Além disso, Clarissa e eu pretendemos fazer uma viagem de
lua de mel, mesmo que seja apenas para Hertfordshire.
Os olhos da mulher se arregalaram. - Oh. Claro. - A cor manchou as suas
bochechas. - Eu não tinha pensado... eu assumi… bem, vocês devem fazer uma
viagem de lua de mel, sim.
- Fico feliz que você entenda - disse ele com uma voz dura.
- Você vai ficar bem aqui sozinha na cidade, mamãe? - Clarissa perguntou
ansiosamente. - Porque você sempre pode vir e ficar em casa por perto.
- Não seja boba. Eu ficarei bem. Eu tenho uma festa para planejar! Vai ser
difícil sem você aqui para ajudar, é claro, mas enquanto você faz as malas, você
pode me dizer o que gostaria e eu vou fazer algumas anotações. Então eu vou
consultar as irmãs Sweeney para que possamos fazer o máximo de preparação
possível antes de eu ir a Hertfordshire para revisar os planos. - Ela lançou um
olhar de desculpas para Edwin. - Eu só vou uma vez roubá-la por uma hora ou
um pouco mais.
- Tudo bem - disse ele. - E como Clarissa disse, se você desejar voltar para
Hertfordshire hoje ...
- Não, de fato. - Ela sorriu conscientemente para ele. - Vocês dois precisam
de tempo para si mesmos. - Tomando o braço de sua filha, ela puxou-a em
direção à porta. - De fato, antes de você ir embora, Clarissa, há coisas que devo
lhe contar em particular.
Edwin reprimiu um juramento. Exatamente o que ele precisava - Lady
Margrave colocando a sua filha ainda mais em guarda em relação à noite de
núpcias. Que ele não conseguiria ter, de qualquer maneira.
Mas não poderia ser evitado. - Eu vou… mm… esperar aqui.
Por volta das cinco da tarde, ele estava começando o seu segundo copo de
conhaque quando um criado bateu na porta. - Meu Senhor? Esse conde Francês
está aqui para falar com Lady Clarissa.
Durand, maldito seja. - Eu cuidarei disso.
Edwin andou e desceu as escadas para encontrar Durand andando de um
lado para o outro no vestíbulo. - Eu vou fazer isso curto e doce, Durand - disse
ele enquanto descia. - Saia agora.
Durand surpreendeu-se visivelmente. - O que você está fazendo aqui?
- Esperando a minha esposa fazer as malas. Você não tinha ouvido? Lady
Clarissa e eu nos casamos hoje de manhã. E agora estamos indo para nossa lua
de mel.

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O conde olhou para ele. - Eu li o anúncio de casamento no jornal, mas
achei que tinha que ser um truque. É por isso que estou aqui.
- Bem, você percebeu errado. Então você pode ir.
- Eu não aceito a sua palavra para isso. - Durand olhou para as escadas. -
Eu quero falar com a sua senhoria.
- Não é muito provável. Mas se você precisa ver provas, aqui está a licença
especial. - Ele acenou na frente do homem. - E se isso não for bom o suficiente
para você, então verifique o registro da paróquia de St. George em Hanover
Square, onde nos casamos esta manhã.
O rosto do conde escureceu. - Você não pode ser tão tolo.
- Eu não considero uma tolice casar com uma mulher que eu tenha
cortejado.
- É, quando você souber o que vou fazer com você - Durand assobiou.
- Vá em frente. - Edwin lutou para parecer indiferente. - Então você vai nos
forçar a mudar para o continente para evitar o escândalo, e você nunca vai vê-la
novamente. Enquanto isso a sua reputação como diplomata será manchada, e
tudo o que você conquistou será a ruína de várias vidas, incluindo a sua. - Ele
enfiou o rosto no de Durand. - Mas eu vou a jogo se você for. Faça o seu pior.
Os olhos de Durand poderiam ter cortado a lousa, eles eram tão duros. Mas
ele sabia quando foi posto para canto. - Você vai se arrepender disso.
- Eu duvido disso.
- Eu posso causar muitos problemas para você. Tudo que eu preciso fazer é
ter algumas palavras com a sua esposa, sobre o seu pai, e o escândalo que ela
terá que suportar.
- Aproxime-se da minha esposa - rosnou Edwin - e vou pessoalmente
esfolar a carne de seus ossos. Você me entende? - Ele se virou para o mordomo. -
Por favor, acompanhe o conde até à carruagem dele.
O criado deu um passo à frente para colocar a mão no homem, mas
Durand deu de ombros. - Não precisa, estou indo embora. Mas isto não acabou.
Quando Durand bateu o chapéu sobre a cabeça e saiu pela porta da frente,
Edwin disse: - Vamos ver isso.

Clarissa recuou na escada, tremendo. Edwin certamente não mentira sobre


Durand. O homem claramente não estava bom da cabeça. E Edwin, não tinha
sido o seu eu habitual, também.
Aproxime-se da minha esposa e vou esfolar pessoalmente a carne de seus
ossos.

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Ela não sabia se ficava emocionada ou aterrorizada com as palavras de
Edwin. Ela nunca imaginou que ele pudesse ser tão apaixonado por qualquer
coisa. Ele sempre parecia tão calmo e senhor de si mesmo.
Bem, exceto naquele dia na biblioteca quando ele enfrentou Durand pela
primeira vez. E no teatro, quando seus beijos a dominaram.
Ela pressionou as mãos nas bochechas em chamas. Quem era Edwin? Ela
sabia mesmo? Ele só era capaz de tal raiva e força contra as inclinações de
Durand? Ou poderia desencadear a raiva dele também, se ela lhe negasse a
cama?
Ouvindo-o subir as escadas, ela voltou apressada para o quarto.
- Você disse a Edwin que está pronta para o lacaio vir buscar as malas? -
Perguntou mamãe
Clarissa começou. – Não… Eu me lembrei de mais uma coisa que você e eu
deveríamos discutir.
Colorindo profundamente, mamãe fez um gesto para a cama. -Sobre a…
bem… você sabe o quê?
- Não, mamãe, você cobriu isso de forma bastante adequada - disse ela,
lutando para manter o sarcasmo de sua voz.
Levou toda a força de Clarissa para não rir amargamente, da explicação
delicada de mamãe sobre o que ela deveria esperar no leito conjugal.
Ele vai tocar em você em todo o seu corpo, e você deve deixá-lo porque ele é
seu marido. Tente não chorar. Os homens odeiam isso e isso os aflige.
Clarissa teria que manter isso em mente se ela ficasse desesperada, embora
os seus soluços não tivessem qualquer efeito no Vilão Sedutor. De alguma forma,
ela suspeitava que dependia do homem, de como ele reagiria às lágrimas no
quarto.
Você vai se acostumar com o que ele faz. Nesse ponto, a mãe dela tinha
corado furiosamente. Eventualmente você até vai começar a gostar. Embora
demore um pouco para superar o constrangimento.
Bem, Clarissa certamente poderia atestar a verdade disso. Mas era a dor
que ela mais se lembrava, não o constrangimento. A dor, o grunhido e o
manuseio brusco de seu corpo.
O seu estômago começou a se agitar. Com certeza, Edwin seria diferente.
Por favor Deus, deixe ele ser diferente.
- Você está quase pronta? - Veio a sua voz profunda da porta.
Ela pulou, depois forçou um sorriso para benefício do novo marido. - Sim.
Bastante pronta. Estava prestes a ir dizer a você.

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-Bem. Eu gostaria de estar a caminho antes do pôr do sol, se
conseguirmos. - Ele olhou para o relógio de bolso. - Isso dá a você cerca de uma
hora para ...
- Não se preocupe, Edwin - ela brincou. - Eu sei como você é sobre
horários. Tentarei estar pronta de acordo com o seu.
Ele fez uma careta. - Não tenha pressa.
- Se eu não soubesse como doí a você dizer uma coisa dessas eu poderia
acreditar - ela disse alegremente.
Tendo pena dele, ela fez o seu melhor para se apressar. Então, a meia hora
seguinte foi uma enxurrada de malas e despedidas. No momento em que partiram
para Hertfordshire, ainda faltava meia hora para o anoitecer. Os dois se sentaram
frente a frente, e agora que estavam sozinhos juntos, ela estava nervosa.
Especialmente desde que Edwin parecia cansado e distraído, sem dúvida
perturbado pela visita do conde. Ela deveria mencionar isso? Edwin negaria se ela
o fizesse?
Ela estava com medo de pressioná-lo agora. O seu casamento não parecia
bem real. Ainda parecia que ela e Edwin estavam indo para outro evento social.
Exceto que o evento para o qual eles estavam se dirigindo era particular, e
ele poderia fazer o que quisesse com ela, contrato de casamento ou não. Afinal, a
parte do documento sobre sua consumação dificilmente seria algo que pudesse
ser aplicado. Realmente apenas um pedido.
- Eu tenho uma coisa para te contar. -Edwin olhou pela janela para as ruas
movimentadas. - Você provavelmente está se perguntando por que eu não fui
visitar Durand antes de sair da cidade, para informá-lo sobre o nosso casamento.
Ela não queria mentir, então ela não disse nada enquanto tirava o chapéu,
que era grande demais para ser confortável, mesmo nos limites espaçosos da
carruagem de Edwin.
- Ao que parece - continuou ele, - não havia necessidade. Enquanto você
estava fazendo as malas, ele veio para conversar com você. Ele não podia
acreditar que nós nos tínhamos casado. Eu deixei claro que nós tínhamos. E
então eu o expulsei da casa da cidade de Warren.
- Entendo. - Graças a Deus, Edwin contou a ela sobre o incidente. Pelo
menos ele não estava tentando protegê-la de tudo. Esse casamento podia,
eventualmente, se mostrar administrável, afinal.
Deveria continuar a fingir que não sabia da visita do conde? Não, já havia
segredos suficientes entre eles. - Na verdade, eu não tinha certeza se deveria
mencioná-lo, mas ouvi o final da sua… discussão.
O seu olhar disparou para ela. - Então você sabe que ele fez algumas
ameaças vãs.

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- Elas não soaram tão vãs para mim.
Os músculos de sua mandíbula se esticaram. - Eu posso lidar com Durand.
- Você não deveria ter que lidar. - Ela se concentrou em dobrar o véu sobre
o chapéu. – Incomoda-me que você esteja arriscando tanto, por minha causa.
- Isso foi o que você reteve da minha discussão com Durand?
- Claro. Ele está claramente determinado a dificultar as coisas para você, e
considerando que tudo que você fez foi intervir para me defender, dificilmente
parece justo.
Ele balançou a cabeça tristemente. - Você é notável, Clarissa.
Isso a surpreendeu. - Você está sendo sarcástico?
- Certamente que não. Aqui está você, sendo perseguida por esse bastardo
do Durand, mas a preocupar-se com o que ele fará comigo, um homem adulto,
que pode cuidar de si mesmo. A esta altura, a maioria das mulheres estaria
chorando e torcendo as mãos, ou pior ainda, caindo por sua bela aparência sem
ver a mente inquieta por trás.
Edwin se inclinou para frente. - Mas você o viu pelo que ele era, quase
desde o começo. E apesar de saber que algo não estava certo sobre o homem,
você o confrontou. Você se recusou a deixá-lo intimidar mesmo quando ele a
assustou. Você é uma mulher muito corajosa.
Tais efusivas palavras de elogio vindas de Edwin deixaram-na um
pouquinho cautelosa. - Você está tentando me controlar agora, Lorde
Blakeborough?
Ele sorriu. - É mesmo possível?
- Não - ela disse francamente. - Mas eu suponho que seria intrigante ver
você tentar.
- É tão difícil acreditar que eu poderia genuinamente admirá-la, de vez em
quando?
- Sim. Eu passei anos ouvindo você me dando sermões. Ora, você não pode
nem mesmo deixar de me censurar por uma noite inteira.
- Ah, sim, isso me lembra. Eu lhe devo um prêmio por ganhar a nossa
aposta. Ele tirou uma caixa de tamanho médio de debaixo do assento e estendeu-
a para ela. - Abra.
A aposta. Ela tinha esquecido tudo sobre isso até agora. - É o que eu pedi?
- Depois de retirar as luvas, ela pegou a caixa dele.
- Abra e veja.
Ela fez como ele pediu, para encontrar algo envolto em veludo. Quando ela
separou as dobras de tecido, prendeu a respiração.

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A estatueta ali deitada tinha cerca de vinte centímetros de altura e sete de
centímetros de largura. Cachos loiros espreitavam debaixo de um enorme
chapéu, e a dama - pois era uma senhora, vestida teatralmente em trajes e um
colete que não escondia a sua figura feminina - estava afixada numa caixa que
tinha uma chave de corda.
- Um autômato! - Exclamou ela.
Ele sorriu. - Eu sempre pago as minhas dívidas.
- Mas é um dos que você fez?
- Assim como você pediu.
Encantada além das palavras, Clarissa a removeu da caixa. - Ela parece
uma artista. O que faz exatamente?
- Experimente e descubra.
Depois que Clarissa deu corda, uma melodia animada começou a tocar e a
dama em calções começou a girar e a mergulhar, a levantar os braços e abaixá-
los numa dança muito elaborada.
- Ohhh - ela respirou. - Ela é adorável.
- Sim - disse ele. - Ela é.
Clarissa olhou para cima para encontrá-lo observando o seu rosto com
aquele olhar aquecido que fez as suas mãos ficarem úmidas e as suas bochechas
quentes. Ela virou o olhar de volta para o autômato.
De repente, a figura parou. Estava quebrado? Já tinha acabado? Então a
senhora estendeu a língua.
Clarissa caiu na gargalhada, ainda mais encantada. - Agora, essa é que é
uma dançarina atrevida - ela disse enquanto a figura repetia a dança de novo.
- Muito parecida com a mulher em que é baseada - ele disse.
- Baseada? Clarissa olhou mais de perto para a dançarina e notou que o
seu colete tinha um design particular, assim como o chapéu. Ambos eram os
iguais aos da fantasia que Clarissa usara para o baile de máscaras, no ano
passado.
Ela ofegou. - Você não fez!
- Eu fiz.
- Sou eu? Mas quando você poderia… como você pode… Quero dizer, com
certeza você não teve tempo para fazê-la nos últimos dois dias.
- Eu fiz isso há quase um ano, porque Yvette queria dar a você algo especial
no último Natal. Ela usou uma boneca e ditou todos os aspectos do traje. Então
eu alterei a figura para se adequar. Mas eu não consegui terminar a tempo para o

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Natal, então Yvette teve que escolher outro presente para você. Desde então, ela
estava sentada no meu estúdio. Eu ia perguntar a minha irmã se ela ainda queria
dar a você, mas então você queria um e…
- É maravilhoso. E suponho que se pareça um pouco comigo.
- Mas não tão bonita. Afinal de contas eu não posso fazer milagres.
Ela lançou-lhe um olhar tímido. - Isso são dois elogios em menos de uma
hora. Você está se tornando um verdadeiro bajulador, Edwin.
- Eu vou ter que castigar você por algo imediatamente - ele disse
calmamente. - Não quero que você fique complacente.
Com uma risada, ela voltou a examinar o autômato. Quando a dançarina
parou, ela espiou por baixo do colete, tentando vislumbrar o mecanismo.
- Ela tem um segredo escondido - disse ele, depois de um momento.
- Ela tem? Onde?
- Veja se pode encontrá-lo.
Clarissa olhou em volta da figura, mas estava com medo de mover muitas
partes, com medo de quebrá-la. - Pelo menos me dê uma dica.
Ele passou para o lado da carruagem de Clarissa e tirou as luvas. Pegando
o dedo de Clarissa e colocando-o sob a parte de trás do volumoso chapéu, ele fez
com que ela pressionasse na borda por baixo. Uma cascata de tranças douradas
caiu do chapéu e desceu até a cintura da figura.
- Oh! - Ela disse. - Isto é maravilhoso!
Ele enroscou um dedo no cabelo. - Naquela noite, no baile de máscaras,
fiquei esperando que o seu cabelo caísse do seu chapéu, e assim, finalmente,
teria um vislumbre dele solto.
Com um nó na garganta, ela olhou para ele. Ele se sentou tão perto agora,
os seus olhos brilhando na luz fraca do crepúsculo e a sua respiração flutuando
sobre ela.
Então ele acrescentou, com uma voz rouca: - Eu daria qualquer coisa para
ver o seu cabelo solto.
Ela engoliu convulsivamente. - Eu tenho a certeza que pode ser arranjado -
ela conseguiu dizer através de uma garganta de repente seca.
Com o olhar fixo no dela, ele pegou o autômato e o colocou no assento atrás
dele, depois começou a tirar os alfinetes do seu penteado.
- Você quer fazer isso agora? - Ela perguntou. - O que os servos pensarão
quando eu desembarcar da carruagem parecendo uma prostituta das ruas?
- Eles vão pensar que somos recém-casados. O que nós somos.

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Quando ele puxou um alfinete que teimosamente resistiu aos seus esforços,
ela disse: - Pare com isso. Deixe-me fazer.
Quando ela tirou os grampos, ele pegou as mechas que caíam, enrolando-
as frouxamente nas mãos, esfregando-as entre os dedos. - O seu cabelo é como
um fio de seda dourado.
Ela deu uma risada trêmula. - Quando você se tornou tão poético?
- Quando a minha esposa me disse que eu tinha que aprender a dar elogios
a uma mulher. - Ele beijou um de seus cachos. - Eu ainda não sou muito bom
nisso.
- Você é bom o suficiente - ela disse suavemente.
O olhar dele percorreu o rosto dela, procurando, bebendo. Então ele
abraçou a sua cabeça com as suas mãos e levou a sua boca para baixo, sobre a
dela.
Céus. Este beijo era decididamente diferente daquele que eles
compartilharam na igreja, mais doce, mais quente… mais íntimo. Ela separou os
lábios para ele, e com um gemido, ele mergulhou a língua profundamente.
E então, tudo ficou mais interessante. Ele a beijou como um antigo
saqueador, roubando, tomando e transformando-a em mingau com cada longo e
quente impulso de sua língua. Ela o pegou pelo pescoço; ele a pegou pela cintura.
Ele levantou a mão para acariciar o seu mamilo através do seu vestido. Ela
acariciou o seu lindo cabelo negro que cascateava luxuosamente sobre os seus
dedos.
A sua mão livre a percorreu como se estivesse procurando por fendas em
sua armadura. E havia muitas; agora mesmo, a sua armadura podia ser feita de
papel.
Enterrando a boca em seu pescoço, ele deu uma espécie de beijo de sucção
na delicada pele que enviou um arrepio aos dedos dos pés. Quando ela agarrou a
cabeça dele, ele disse: - Você gosta disso?
- Não tenho certeza. É diferente.
- Eu quero tocar você debaixo das suas saias. - Ele acariciou a sua
mandíbula com seu rosto áspero. - Você vai me deixar?
Por baixo das saias dela. Ah não. Foi assim que as coisas começaram a dar
errado. – EU… Eu não sei.
Ele deve ter percebido o seu alarme, pois ele se aquietou. - E se eu apenas
te beijar, então?
- Sim, oh sim. - Alívio passou por ela. - Beijar é bom. Eu gosto de beijar.
- Eu também. - Para sua surpresa, em vez de agarrar a sua boca
novamente, ele deslizou do assento para o chão da carruagem.

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Quando ele começou a empurrar as saias para cima, ela agarrou as mãos
dele. - Espere, eu pensei que você ia me beijar!
- Eu vou – os seus olhos brilharam para ela na luz fina do crepúsculo. -
Mas aqui. Separando a abertura dos seus calções, ele pressionou um beijo no
interior de seu joelho nu. - E aqui. - Ele beijou a coxa. - E definitivamente aqui. -
Ele beijou a outra coxa mais para cima.
Um arrepio errante atravessou-a. - Eu vejo - ela conseguiu dizer, embora
não tenha visto nada. Não lhe ocorrera que o beijo pudesse ser feito… lá em
baixo. Ou que pudesse parecer tão intoxicante. O Vilão Sedutor, certamente
nunca deu nenhum beijo naquela parte dela.
A cabeça de Edwin estava praticamente em seu colo agora e, por algum
motivo, parecia menos alarmante do que quando ele estava sentado no banco ao
lado dela. As partes íntimas dele não estavam nem perto das dela, apenas a sua
boca. Ele não podia realmente machucá-la com a boca, poderia?
A menos que… - Você não vai me morder, pois não?
Ele riu. - Não, eu juro. - Esfregando as suas coxas cobertas de linho com as
mãos, ele disse: - Abra as suas pernas para mim, meu doce, e eu vou fazer coisas
para você que farão você se sentir bem. Coisas que você vai gostar. E nada mais,
eu juro.
Apenas o fato de que ele estava ajoelhado e ela estava sentada a fez querer
deixá-lo tentar. Ela abriu um pouco as pernas e foi recompensada com uma série
de beijos suaves e delicados na parte interna das coxas, dentro das longas
aberturas dos seus calções.
Para seu choque, isso a excitou bastante. Isso a assustou um pouco
também, mas por baixo do susto chiou uma emoção quente que fez o seu coração
disparar.
Então ele colocou a sua boca diretamente em suas partes íntimas.
- Edwin! - Ela guinchou. - Você está… certo sobre isto?
Ignorando a sua pergunta, ele começou a beijá-la e a lamber lá em baixo.
Por dentro dos seus calções. Entre as pernas dela. A sua boca cobriu a sua carne
macia, provocando e acariciando-a ternamente. Parecia chocantemente bom.
- Isso é… mais do que beijar. Ela soltou um pequeno gemido quando ele
sacudiu com a língua bem no topo de sua fenda. O seu corpo arqueava alto,
desejando mais. - Céus, Edwin!
Ela ainda estava maravilhada com o quão incrível foi quando, de repente,
sua língua disparou dentro dela. Ela ficou tensa um pouco, mas suas estocadas
eram sedosas e doces, sem dor. Cheio do mais puro prazer. Oh Senhor.
O medo ainda estava em um nó no centro dela, mas quanto mais ele a
acariciava com a boca, mais ela era capaz de o empurrar para baixo. Logo ela

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estava segurando a cabeça dele, insitando-o a uma maior ousadia. - Você é muito
bom nisto… seja o que isto for.
Ele parou para olhar para ela. - Eu tive oportunidades suficientes para
estudar sedução para saber o que estou fazendo.
Ela poderia adivinhar porquê, mas ela não se importava com as mulheres
com quem ele tinha estado antes. Tudo bem, ela se importava um pouco. Apenas
não agora. Não se elas tivessem ensinado isso a ele.
O corpo dela formigou, sentiu-se vivo e cheio a rebentar. Ela deslizou em
baixo dele, tentando conseguir mais.
- Você tem um gosto delicioso - ele rosnou contra ela.
- Eu tenho? - O que ele estava fazendo com ela, era certamente delicioso. -
Tu és… oh… isto é… incrível.
Quem teria adivinhado que tal coisa a faria querer se pressionar contra a
boca dele como uma prostituta desavergonhada? A vontade de se contorcer
tornou-se quase insuportável, e a parte inferior do corpo pareceu mover-se por
conta própria, buscando mais sensações surpreendentes, mais calor e
intoxicação. Uma emoção selvagem martelou e cresceu dentro dela, batendo e
vibrando, fazendo-a se esforçar para sentir cada carícia das estocadas doces e
duras de sua língua até. . . até . . .
- Edwin! Senhor, sim, Edwin! - Ela apertou a cabeça dele contra as suas
partes íntimas, quando as luzes explodiram atrás dos seus olhos.
Então ela caiu no mais delicioso esquecimento.

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Quinze

Quando Edwin sentiu Clarissa convulsionar sob a sua boca, ele exultou.
Ele podia fazê-la sentir prazer. E como isso era possível, tudo era possível. Ele só
teria que ter um cuidado especial com ela.
Talvez ele tivesse sua noite de núpcias depois de tudo.
Sorrindo contra a sua pele luxuriosa, ele acariciou a sua coxa, bêbado com
o cheiro dela, o gosto dela. A esposa dele. Ela poderia dar-lhe trabalho, mas eles
teriam isto, pelo menos.
Os seus dedos afrouxaram o aperto de sua cabeça, e ela soltou um suspiro
prolongado. - Oh meu. Meu, meu, meu.
Rindo, ele limpou a boca nos seus calções. -Sim.
- Mamãe certamente não me contou sobre isto.
Ele olhou para ela. - O que é que ela te disse?
- Não muito; ela estava corando demais. Mas eu já sabia… algumas coisas,
de qualquer maneira. Só não isto.
- Quem te contou?
Estava escuro demais para ver o rosto dela, mas ele podia sentir os seus
músculos sob as mãos, que ainda estavam descansando em suas coxas. - Oh,
garotas falam sobre essas coisas, você sabe.
- Mesmo? E o que elas dizem?
- Oh, isto e aquilo. Você não gostaria de saber.
Ela empurrou os ombros dele e ele recuou, apenas para ela fechar as
pernas e empurrar as suas saias para baixo, para cobri-las.
- Ah, mas eu gostaria de saber. - Com a ereção ainda grossa em suas
calças, ele se levantou para sentar ao lado dela e colocou a mão em sua cintura. -
Por que você não me conta? - Ele deu um beijo na bochecha dela. - Então posso
lhe dizer as coisas que estavam erradas. E coisas das quais elas nem sabiam.
Ela se afastou dele para olhar pela janela. - Oh, mas certamente estamos
chegando perto de casa. Faz tanto tempo desde que saímos de Londres.
A sua retirada era óbvia demais para confundir, e ele reprimiu o impulso de
pressioná-la e exigir respostas. Essa não era a maneira de lidar com uma mulher
nervosa.

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Mas agora que ele pensava sobre isso, a reação dela não era estranha?
Clarissa nunca foi nervosa sobre nada. Ela jogou-se em todas as aventuras,
abraçou todas as experiências, muitas vezes era imprudente demais para o seu
gosto.
Então, por que ter medo disso? A menos que …
- Durand não fez nada para você em Bath, pois não? - Ele perguntou com a
voz rouca.
A cabeça dela virou. - Como o quê? - Parecia haver surpresa genuína em
sua voz.
- Como ultrapassar os seus limites.
- Oh. Não, claro que não. Quer dizer, ele roubou um beijo uma ou duas
vezes, mas não, nada disso.
- Isso me surpreende. Ele não pareceu ser bom em permanecer dentro de
qualquer limite até agora, e ele tentou te dar um beijo naquele dia na biblioteca.
Cruzando os braços sobre o peito, ela deslizou de volta para o canto, para
as sombras. - Essa foi a primeira vez que ele foi duro comigo. Antes disso, ele era
persistente em suas atenções, mas um cavalheiro. Acho que, a minha ausência
sem precedentes de Londres, deve tê-lo provocado.
Hmm. - Então ele nunca forçou você.
- Não. Certamente que não.
Ele digeriu isso em silêncio por um momento. Ela perecia perfeitamente
sincera. E ele geralmente era bom em detectar mentiras, especialmente depois de
anos lidando com seu não confiável, irmão mais novo.
- Então, por que você foge de mim? - Ele não tinha a intenção de fazer a
pergunta, mas agora que tinha, se recusava a retirá-la.
- Eu… eu não fujo. - Ela acomodou os ombros. - Por Deus, você esteve sob
as minhas saias agora mesmo.
- E agora eu não estou.
Ele podia ouvi-la respirar com mais força no escuro da carruagem. Ela
pareceu se encolher. - Você concordou com os meus termos. Conhecermo-nos
melhor, sermos amáveis antes de nos tornarmos muito íntimos.
- Sim, mas já nos tornamos mais íntimos do que a maioria. - Ele se
aproximou. - Por que você parece gostar das minhas atenções num minuto, e
depois entrar em pânico no próximo?
- Você está imaginando isso - ela disse, mas a sua voz soou vazia.
- Eu não estou imaginando a cláusula que você me fez adicionar ao
contrato. Eu não estou imaginando a escova de cabelo que você brandiu para

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mim no teatro. Ele se inclinou para ela, deliberadamente aproximando-se com
seu corpo, só para ver como ela reagiria. - Eu sei que você sente desejo por mim
às vezes, Clarissa, e eu não consigo entender –
- Afaste-se de mim! - Ela gritou para ele. - Saia, saia, saia!
A violência das suas palavras o assustou tanto que ele se jogou no outro
banco. Quando ele pôde falar de novo, ele disse: - Eu certamente não estou
imaginando isto.
Por um momento, o silêncio encheu a carruagem, pontuado pelos seus
suspiros trementes por ar. Então, foi como se ela tivesse colocado um véu sobre o
rosto. A sua respiração se estabilizou, e ela se endireitou em seu assento,
alisando as saias como ele a viu fazer uma centena de vezes.
- Eu te disse - ela falou, a voz mais calma, embora ainda enroscada de
tensão. - Eu não sou … o tipo afetuoso. Não tem nada a ver com você. Eu
simplesmente não gosto que as pessoas fiquem perto demais de mim. Eu acho
isso esmagador.
Mas não quando você me beija.
Ele não disse as palavras. Ele aprendeu, há muito tempo com sua irmã,
que se você empurrasse uma mulher para discussões lógicas e ela não as
quisesse ouvir, ela atacava. Ou recuava para o silêncio, o que não lhe renderia
nada. Então ele apenas esperou que ela falasse novamente, esperando que ela se
sentisse livre para continuar. Porque havia mais na história. Ele estava certo
disso.
Infelizmente, quando ela falou de novo, foi para se afastar dele ainda mais.
– Com o tempo eu vou me acostumar com isto.
Acostumar-se com isso? Ele não queria uma esposa que tivesse que se
preparar para dormir. Lembrou-o dolorosamente de sua mãe, como ela reagia ao
pai por um longo tempo depois daquele dia horrível na sala de visitas. Como ela
saltava quando os seus filhos apareciam por trás, se encolhendo ao toque do pai.
Como o abismo entre a mãe e o pai se tornara mais e mais profundo a cada
dia. Diabos, isso não era o que ele queria para o seu casamento - toda aquela
borbulhante e suprimida raiva e necessidades não satisfeitas.
Mas se Clarissa não falasse com ele sobre os seus medos, então ele não
sabia o que fazer.
- Os criados sabem que nos casámos? - Ela perguntou.
A mudança abrupta de assunto fez com que ele quisesse agarrá-la e
sacudi-la, para exigir saber por que ele só podia tocá-la até um certo ponto e não
mais, por que ela entrou em pânico quando ele se aproximou dela. Porque ela só
gostava do toque dele quando ele a estava beijando e, antes de mais, ele tinha
que estar atrás dela ou debaixo das suas saias…

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Ele engoliu a bílis. E se esse fosse o problema? Contanto que ela não
olhasse realmente para ele, ela poderia fechar os olhos e fingir que ele era outra
pessoa quando ele se tornasse mais íntimo. E se ela simplesmente não gostasse
dele?
Deus, ele estava sendo ridículo. Ela correspondeu aos seus beijos com
paixão; ela ficou excitada quando ele a tocou. Ele não era tão terrível em julgar as
mulheres, que não podia dizer aperceber-se disso.
E era precisamente por isso, que ele quis casar com alguma chata desde o
inicio! Era por isso que ele queria uma mera companheira como esposa. Porque
essa massa fervilhante de emoção era demais. Ele não gostava disso.
- Bem? - Ela perguntou. - Os servos sabem?
Ele cerrou os dentes. - Sim. Eu enviei-lhes uma carta ao mesmo tempo em
que coloquei o aviso nos jornais.
Bem. Ele faria as coisas do modo dela por um tempo. Passar tempo com
ela. Lidar com incluir uma nova esposa na sua propriedade. Tentar controlar o
desejo desenfreado de se deitar com ela.
Cortejá-la.
Ele parou. Ele não a tinha cortejado realmente, pois não? Ele apenas a
apressou para um casamento. E todas as vezes, no passado, que ele tinha feito
algo vagamente parecido com um cortejo, terminara num interlúdio muito
prazeroso. A noite no teatro. Agora mesmo com o autômato. Em cada uma das
vezes, ele foi capaz de ir um pouco mais longe com ela.
Interessante. Aparentemente, as mulheres gostavam de presentes
atenciosos e elogios. Ela gostava de presentes atenciosos e elogios.
Muito bem, então isso era o que ele faria. Cortejá-la corretamente. Pegar
nas lições que ela lhe deu para cortejar outras mulheres, e aplica-las nela.
- Espero que a sua equipe não se importe de me ter como senhora - disse
Clarissa.
A hesitação em sua voz firmou a sua determinação. Ele poderia fazer isso.
Fazê-la confortável com ele. E talvez, não muito tempo a partir de agora, ela
estaria pronta para revelar o que a fez tão assustada em compartilhar a sua
cama.
- Tenho a certeza de que eles ficarão encantados por ter alguém tão
talentosa quanto você administrando a casa - ele disse suavemente.
Pelo menos agora, ele tinha uma estratégia a seguir.
A primeira coisa que Clarissa notou quando entrou na sala de jantar, duas
horas depois, foi a rosa no prato. A segunda coisa foi Edwin, de tirar o fôlego com

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a sua gravata superfina e branca como a neve, de pé no outro extremo da mesa e
observando-a com a intensidade que sempre a fazia tremer deliciosamente.
A culpa a esfaqueou de novo. Ela não teve um momento a sós com ele
desde a sua chegada. A equipe bombardeara-a com entusiasmadas boas-vindas e
depois levara-a a se vestir, para o jantar, no quarto destinado a ela. Em meio ao
caos de desfazer a mala e vestir-se, havia pouco tempo para pensar no seu
comportamento terrível na carruagem.
Mas agora, sozinha com ele no jantar, ela não podia mais ignorá-lo.
Lutando pelo que dizer, ela se sentou e pegou a rosa para cheirar. - Que amável. -
Ela se esforçou para um tom leve. - Devo esperar uma dessas todas as noites ao
jantar?
- Isso pode ser arranjado.
O inconsciente eco das suas palavras mais cedo, que despertou o seu
interlúdio íntimo, renovou a sua culpa. Ela tinha exagerado. Seriamente. Ela
tinha que parar de agir como uma tola assustada com ele. Ela já o tinha feito
fazer perguntas que não estava pronta para responder.
Ela lhe contaria tudo eventualmente. Assim que ela se orientasse no
casamento deles.
Covarde.
- Esse é um vestido elegante - disse ele conversando.
A gentileza polida a assustou, especialmente vindo de Edwin. Mas pelo
menos ela sabia como jogar esse jogo. - Obrigada. É um dos meus favoritos. Ela
colocou o guardanapo no colo. - Você também está bastante esplêndido esta
noite.
Ela preferia que ele não estivesse. Porque sempre que ele parecia bom o
suficiente para tentá-la, sempre parecia terminar em desastre.
Bem, nem sempre. A parte na carruagem onde ele deu prazer a ela foi
incrível. Era sua, a estupida culpa, que as coisas se tenham deteriorado desde lá.
E ela odiava isso. Ela odiava ser fraca e com medo.
O lacaio colocou uma tigela de sopa na frente dela. - Isto parece delicioso -
disse ela, temendo que soasse totalmente fútil.
- Se houver alguma comida em particular que você prefira, diga a Cook. -
Edwin tomou um gole de sopa na colher. - Eu acredito que você já esteja
familiarizada com as suas habilidades.
- Eu direi isso. - Ela pegou a colher. – A sua mãe a escolheu bem.
- Minha mãe sempre foi muito boa em contratar criados. - Ele olhou para
ela. - E eu tenho a certeza que você será igualmente perita nisso.

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O seu tom, estranhamente reconfortante, a fez parar a colher no ar. - Eu
certamente tentarei ser.
- Isso é tudo que eu peço. E com isso em mente, eu estava pensando que
amanhã poderíamos dar uma volta pelos laticínios e depois pelos pomares.
- Eu já estive nos seus lacticínios e nos seus pomares mais vezes do que
posso contar. - Porque é que ele estava se comportando, como se ela não tivesse
visitado Stoke Towers, quase todos os dias em sua juventude? - Eu não sei o que
mais poderia aprender numa volta.
Um pequeno cenho surgiu na sua testa. - Muito bem, então podemos
chamar os inquilinos para que eu possa apresenta-la a eles como a minha
esposa.
- Essa é uma excelente ideia. Nós devemos começar com os Gronows. Não,
espere, talvez os Leslies perto do rio, a Sra. Leslie provavelmente teve o bebê dela
agora, e eu adoraria ver isso.
Ele se sentou de volta para olhar para ela. - Como é que você sabe quase
tanto sobre meus inquilinos quanto Yvette?
Ela encolheu os ombros. - Passei quase todos os dias da minha infância
com ela aqui.
- Eu sabia que você e Yvette eram próximas, mas eu não tinha ideia de que
você passava tanto tempo em Stoke Towers.
- Como você poderia saber? Você estava na escola; então eu estava na
escola. E quando eu estava em casa, você estava ocupado demais para prestar
muita atenção a algumas garotas brincando e indo às compras em Preston.
- Ah sim. Eu esqueci todas as compras.
- Eu não posso imaginar como. Você estava sempre criticando Yvette sobre
as contas.
Ele endureceu. – Vocês duas acharam-me insuportável, eu suponho.
- O quê? Não. Sabíamos que você estava preocupado com a negligência do
seu pai em relação à propriedade, e com Samuel e as confusões dele. Você não
tinha tempo de sobra para duas garotas tagarelas se preparando para as suas
estreias. Além disso, você sempre foi muito sério e estudioso e nós sempre
fomos… bem … não.
Ele olhou para ela com desconfiança. - Yvette era estudiosa. Você não era?
Ela não pôde deixar de rir. - Agora, este é o Edwin contundente e honesto
que eu conheço e que gosto muito.
Para a sua surpresa, ele corou. - Bolas, eu estava tentando não ser tão
contundente.

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- Porquê? Sempre fomos honestos um com o outro, não fomos? Isso não
deve mudar simplesmente porque somos casados. Como é que Shakespeare diz?
“Tu e eu somos sábios demais para cortejar pacificamente.”
- Deus, espero que isso não seja verdade.
As palavras caíram entre eles como uma luva. Tarde demais, ela se lembrou
dos requisitos que ele listou para uma esposa, quando ela o ajudava a escolher
uma.
- Certo - disse ela, passando o aperto na garganta. - Você queria uma
esposa calma, responsável e suave. Em vez disso, você ficou comigo.
Ele fez uma careta. - Isso não é o que eu quis dizer. Eu só estava dizendo…
tentando dizer, que eu espero que você e eu… - Esfregando a nuca, ele
murmurou - Diabos. Não ligue para mim. Eu estou um pouco fora de mim.
Ela teve pena dele. Isto era tão difícil para ele quanto para ela, talvez ainda
mais difícil. Ele estava fazendo uma coisa muito nobre e, no processo, desistindo
dos seus próprios planos para o futuro.
- Então - ela disse, determinada a mudar de assunto, - uma visita aos
inquilinos amanhã. Isso soa engraçado. O que devo vestir?
Ele encontrou o seu olhar, aparentemente assustado com seu tom amável,
depois suavizou a sua expressão. - Bem, provavelmente é melhor se formos a
cavalo, então uma roupa de montaria seria apropriada. E se por acaso você
tiver…
Para o seu grande alívio, não houve mais conversas sobre algo sério depois
disso.
Mas mais tarde, uma vez que a sua empregada risonha a deixou vestida
para dormir e ela se sentou encostada no travesseiro, tentando ler a última La
Belle Assemblée, ela se perguntou se ele tentaria seduzi-la hoje à noite. Se ele o
fizesse, ela iria deixá-lo?
Parte dela queria. A outra parte odiava que não pudesse prever como
reagiria, uma vez que ele ficasse em cima dela e tentasse entrar nela. Ela não
achava que poderia suportar testemunhar novamente o choque no rosto dele, se
entrasse em pânico e dissesse ou fizesse alguma coisa desagradável.
Então, quando a porta contígua ao quarto dele, se abriu e ela
instintivamente apertou a revista ao peito, ela poderia ter se chutado por ver o
brilho de frustração em seus olhos.
Embora tenha sumido rapidamente, isso a deixou gelada.
- Eu queria ter certeza de que você estava confortável antes de me recolher
- disse ele com polidez infinita, como se fossem apenas amigos que
compartilhavam uma suíte, em vez de um casal recém-casado que deveria estar
consumando o seu casamento.

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- Muito confortável. - Ela deliberadamente deixou a revista cair em seu colo
não querendo, que ele pensasse, que ela estava com medo dele. Ela não estava…
não completamente. - Eu não vou ficar acordada por muito mais tempo. Estou
muito cansada.
- Eu imagino que sim.
Ele continuou ali por um momento, como se não tivesse certeza do que
fazer. E Senhor, ele parecia muito mais acessível num roupão do que com o seu
habitual traje “oh tão correto”. Ficou claro para ela que ela ainda não tinha visto,
nem mesmo uma parte dele, despida.
Nenhum vislumbre do que parecia ser um peito bastante largo. Nenhuma
olhadela, no que seriam provavelmente, uns braços muito agradáveis. E apenas o
pensamento de como ele poderia parecer sem as suas roupas provocou a sua
curiosidade.
Até que ela se lembrou do que mais ela ainda não tinha visto. A parte que
ela temia olhar, muito menos sentir empurrando e dilacerando o seu caminho
dentro dela.
- Clarissa, mais cedo, quando eu disse …
- Está bem. Eu sabia o que você queria dizer.
Ele parou, a sua mandíbula ficando rígida. - Claro que você sabia.
- Boa noite, Edwin - disse ela com firmeza. - Eu vejo você de manhã.
- Sim. - Ele varreu o seu olhar sobre ela com uma profundidade que não fez
nada para acalmá-la. - Durma bem.
Então ele se foi fechando a porta atrás dele.
Ela ignorou a pontada de desapontamento. Se ela encorajasse o seu desejo,
e o dela, esta noite, só para acabar com ele novamente…
Não, melhor esperar até saber que estava pronta. Ela apagou a vela.
Ainda assim, levou muito tempo para dormir e, quando o fez, deslizou
suavemente para um sonho.
Uma floresta surgiu diante dela, escura e sombria. Ela não queria entrar,
mas tinha que ir. Era crucial que ela entrasse, embora não conseguisse entender
porquê. Quanto mais profundamente ela vagava pela floresta, mais fria ficava, até
chegar a um lago negro que brilhava à luz da lua.
Ela mergulhou a ponta do pé na água. Era surpreendentemente quente,
muito mais quente que a floresta. Seria lindo entrar e se aquecer. Lentamente, ela
entrou no lago, afundando no calor.
Então, algo agarrou a sua perna por baixo da superfície e começou a puxá-la
para o centro, que se tornara um redemoinho, girando mais rápido e com mais força

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a cada momento. Ela lutou para nadar de volta para a margem, mas ela não podia
lutar contra a corrente, que estava puxando-a para baixo, para o vazio rodopiante,
para o negro, para as profundezas onde ela certamente se afogaria. . .
Ela acordou com um grito. Levou um momento para se orientar e, quando o
fez, a porta se abriu e Edwin apareceu na porta, desgrenhado e de olhos
arregalados, segurando uma vela acesa.
- Caramba, Clarissa, você está bem? - Ele levantou a vela para observar o
quarto, como se estivesse procurando por intrusos.
- Foi apenas um pesadelo - disse ela apressadamente, começando a se
sentir uma idiota. – Eu… Eu fico nervosa em lugares novos - ela mentiu. - Isso é
tudo.
- Soou muito pior do que isso. - Ele entrou mais no quarto.
A luz do fogo o apanhou completamente e ela engoliu em seco. Ele não
usava nada além dos seus calções, sem camisola, sem gorro, nada além de uma
fina camada de linho que o cobria dos quadris até aos joelhos. E ele era tão bem
constituído quanto qualquer mulher poderia querer: peito musculoso, barriga lisa
e panturrilhas muito impressionantes. Sem mencionar os braços que pareciam
poder levantar qualquer coisa.
Ou prender alguém.
Ela estremeceu. Ele não iria machucá-la. Ela não podia acreditar que ele o
faria. - Estou bem - ela sussurrou. - Eu realmente estou.
- Você está tremendo.
- Estou com um pouco de frio, é tudo. Sonhei que estava me afogando.
A simpatia em seu rosto cortou através de seu medo. - Você quer que eu
fique? - Quando ela hesitou, com medo de dizer sim, mas não querendo ficar
sozinha, ele acrescentou: - Eu vou sentar ali, naquela cadeira, até você voltar a
dormir. Se você quiser.
- Não parece justo para você.
- Não se preocupe com isso. Eu sei como os pesadelos podem ser
perturbadores. Eu tive muitos quando menino. E a minha mãe se sentava comigo
e esfregava as minhas costas até que eu pudesse adormecer. -Ele se aproximou
da cama lentamente. - Eu farei o mesmo por você, se você quiser.
- Edwin…
- Apenas esfregar as suas costas. Prometo. Nada mais.
Ela soltou um longo suspiro. - Isso parece agradável.
O sorriso dele, de puro alívio, puxou-a para algum lugar profundo, onde ela
raramente deixava alguém entrar. Então, quando ele se sentou ao lado dela na

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cama, e insistiu para que ela se voltasse de barriga para baixo, ela se entregou
voluntariamente às mãos dele.
Quando ele começou a massagear os seus ombros através da sua camisa
de noite ela murmurou – Ohhh isso é maravilhoso.
Ele esfregou os seus músculos habilmente. - Então, me fale sobre esse
pesadelo. Você estava se afogando?
- Mmm - ela disse, o seu medo do sonho já desaparecendo, - eu prefiro
esquecer isso. Conte-me sobre os seus pesadelos. De alguma forma eu sempre
imaginei você como um garotinho corajoso que não tinha medo de nada. Com o
que você sonhou que te assustou?
- Esqueletos.
Ela virou a cabeça para olhar para ele. - Esqueletos? A sério?
- Bem, eles começaram como pessoas quando vinham atrás de mim. Mas
então a carne derreteria dos seus ossos até que eles não fossem nada mais do
que esqueletos se arrastando em minha direção com seus ossos rangendo. - Ele
estremeceu.
- Bom Deus, esse é um sonho bastante macabro para um menino.
- Suspeito que começou quando eu vi um show de marionetes numa feira,
que apresentou uma marionete de esqueleto dançando sobre o palco e
assustando o público. Eu sonhei com eles por alguns anos depois.
- Pobrezinho!
- Na verdade, é por isso que me interessei pelos autômatos do meu pai. Eles
me assustaram porque me lembraram vagamente dos meus pesadelos, então eu
deliberadamente comecei a examiná-los, determinado a superar o meu medo. Em
pouco tempo, fiquei genuinamente interessado em descobrir como eles
funcionavam. Quanto mais eu sabia, mais fascinado eu ficava e, em pouco
tempo, os sonhos pararam.
- Espero que você não vá sugerir que eu tente nadar num lago escuro no
meio de uma floresta para aprender a superar meu pesadelo.
Ele riu. - Não. Isso não parece sábio ou seguro.
Ela relaxou contra o travesseiro. - Bem. Porque eu não sei nadar.
- Talvez eu te ensine algum dia. Só não num lago escuro no meio da
floresta.
- Não - ela murmurou, então bocejou.
Os seus movimentos se tornaram mais lentos, mais calmantes. - Melhor
agora?

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- Mmm. Muito melhor – os seus olhos se fecharam. - Conte-me mais sobre
quando você era um menino.
Ele começou uma história, sobre sua primeira vez num cavalo,
normalmente um conto que ela poderia achar divertido, mas logo as suas
palavras começaram a se fundir num zumbido, e em pouco tempo ela adormeceu.
Naquela noite não houve mais sonhos de qualquer espécie. E quando ela
acordou na manhã seguinte, ele já tinha ido.

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Dezesseis

Dias depois, Edwin sentou-se à mesa do café, no início da manhã,


vasculhando o Times em busca de qualquer prova de que Durand pudesse ter
cumprido as suas ameaças. Até agora não havia cheiro disso, graças a Deus.
Ele bebeu um pouco do seu chá. Difícil acreditar que ele e Clarissa
estivessem casados há quase uma semana. Após a noite do grito de gelar o
sangue, depois de ver o terror que saltou em seus olhos quando o viu entrar em
seu quarto, ele pensou que era prudente recuar de qualquer avanço físico até que
ela estivesse disposta a revelar o que a deixava tão assustada.
Pelo menos ele estava fazendo progresso. Embora ela não tivesse mais
pesadelos, deixava que ele se sentasse com ela à noite, esfregasse as costas e
conversasse com ela sobre o dia deles. Era uma agonia requintada estar tão perto
dela sem ser nem um pouco íntimo, mas ele fez o melhor para não pensar sobre
isso. Ele tinha dado passeios longos e duros pelo campo para liberar o seu desejo
reprimido. E quando isso não funcionava, ele se dava prazer.
Era ridículo, na verdade. Tinha passado meses sem se deitar com uma
mulher, e agora tudo o que ele conseguia pensar era em fazer amor com a sua
esposa. Indubitavelmente porque ele sabia que não podia. Não tinha nada a ver
com o quanto ela parecia atraente na sua camisa de dormir. Ou como a sua
risada feliz poderia instantaneamente iluminar o seu dia. Ou como cada
movimento dela parecia destinado a seduzir.
- Bom dia! - Disse uma voz alegre da porta.
Falando no diabo. Ela estava, é claro, usando algum tipo de vestido que o
fazia pensar em morangos dourados com creme. Que ele queria devorar.
Ele se mexeu desconfortavelmente na sua cadeira. - Você acordou cedo. -
Ele franziu a testa. -Espero que não seja outro sonho ruim.
- Não. Eu só… não conseguia dormir.
Pegando a laranja que não tinha comido, ele perguntou: - Quer que eu
descasque isto para você?
Ela fez uma careta. - Eu detesto laranjas e qualquer coisa a ver com elas.
Só o cheiro delas me deixa doente.
- Então é melhor eu me desfazer desta aqui. - Ele apontou para a janela
aberta e arremessou a laranja através dela.
- Nunca deixa de me surpreender como você é bom em julgar distâncias e
trajetórias. - Ela inclinou a cabeça. - Você está tentando me impressionar de
novo, senhor?

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- Se laranjas arremessadas através das janelas impressionam você - ele
disse, - eu tenho uma taça de frutas com que posso fazer malabarismos.
Ela riu. Ao sentar-se ao lado dele, em vez de no outro extremo da mesa, ela
viu o jornal e ficou séria. - Alguma coisa no Times para se preocupar?
- Nada que eu pudesse encontrar.
- Talvez Durand tenha desistido.
- Eu duvido disso. Ele provavelmente está tramando algo, nós
simplesmente não sabemos o que é ainda.
- Bem, Sr. Destino e Melancolia - ela disse provocativamente, - acho que é
hora de tirar você de casa.
Ele a olhou com desconfiança. - Porquê?
- Porque você precisa de mais entretenimento do que jogar laranjas. Você
precisa de uma dose de sol, calor e exercício prazeroso. Devemos fazer algo
divertido ao ar livre.
Como ele queria que a ideia de diversão dela e a sua fosse a mesma. Mas de
alguma forma ele duvidava disso. - O que você tem em mente? Natação? - Nua, de
preferência. - Passear? - Para algum lugar onde eles poderiam estar nus. – Andar a
cavalo? - Por favor, que seja andar a cavalo. Mas não num cavalo. E
definitivamente nus.
- Eu pensei que talvez pudéssemos fazer um piquenique.
Ele piscou. - Um piquenique! Por que faríamos isso quando temos comida
decente aqui mesmo na sala de jantar, servida em pratos e por criados bem
pagos?
Ela revirou os olhos. - Onde está o seu senso de aventura, Lord
Blakeborough?
- Eu não tenho um.
- Absurdo. Todo mundo tem um senso de aventura se a situação for
adequada. Ela empurrou o jornal de lado. - Nesse caso, começaremos com algo
menos desafiador - uma caminhada pelo parque dos cervos, talvez. Já
encarreguei Cook de fazer um piquenique para nós e, depois do nosso passeio,
podemos almoçar no riacho entre as nossas propriedades.
-Junto com as moscas e os caracóis.
- Eu pensei que você gostasse do ar livre. Você anda a cavalo o tempo todo.
- Sim. Indo com tudo ou nada, com o vento no meu rosto. Não sentado no
chão úmido, cercado por teias de aranha e corvos guinchando enquanto eu como
presunto frio de uma cesta.
- Eu não tinha ideia que você era tão afetado, Edwin.

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Ele franziu o cenho. - Eu não sou afetado. Só prefiro a minha casa
confortável aos caprichos de uma floresta.
- Bem. Então eu vou sozinha.
- Você não vai! Durand pode estar se escondendo em algum lugar.
Ela o olhou com desconfiança.
- Muito bem. - Ele suspirou. - Vamos para o seu “piquenique”. Embora
pareça um pouco tonto para mim.
No entanto, pouco tempo depois, ele estava percorrendo a sua terra com
uma cesta num braço e a sua esposa no outro. E surpreendentemente, ele estava
se divertindo. O sol iluminou os campos de cevada, os pardais cantavam e todas
as faias estavam em flor.
Depois de um tempo, ele se viu contando sobre as várias partes da
propriedade e o corço que vivia no parque. Ela não devia ter achado isso muito
chato, pois ouviu e assentiu e fez perguntas.
Não demorou muito até que passassem três horas muito agradáveis. Eles
se dirigiram para o riacho para fazer um piquenique, sobre o qual ele ainda era
bastante cético. Mas quando ele a viu espalhar um cobertor, animou-se. Afinal,
cobertores poderiam passar por camas.
Enquanto ela desempacotava a cesta, ele examinou os arredores. Para não
pensar em como ela parecia linda sob a luz manchada das árvores, ele disse: -
Parece que as moscas e os caracóis estão ausentes agora.
- Você sabe perfeitamente bem que é muito cedo na estação para qualquer
um. - Ela mudou para olhar para a água e ficou pensativa. - Eu sempre gostei
deste riacho. A esta hora do dia, ele brilha como uma estrada de fadas que leva a
um reino mágico.
Ele bufou.
Plantando as mãos em seus quadris, ela disse: - Então você não tem senso
de aventura nem nenhum senso de fantasia.
- Nenhum dos dois, lamento. - Ele olhou para o impressionante número de
sanduíches de frango, a fatia de Stilton, o pote de picles e o que pareciam ser
tortas de maçã embrulhadas em papel. - O que eu tenho é um apetite prodigioso.
E parece que Cook colocou todos os meus favoritos. Eu suponho que foi você a
responsável?
Ela riu. - Como se Cook não soubesse cada uma das suas preferências.
Essa mulher é uma joia.
- Nós certamente concordamos com isso.
Depois de algum tempo, após ambos terem comido, ele deitou-se no
cobertor que Clarissa havia estendido para eles e cruzou os braços sob a cabeça

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enquanto ela arrumava as coisas. Realmente foi muito agradável aqui. Isto foi
uma surpresa.
Ela olhou para ele, e malícia brilhou em seus olhos. – Ora, ora, estou a ver
um sorriso?
Ele tentou sufocá-lo, mas já era tarde demais. - Possivelmente.
- Você está se divertindo, não está?
- Eu suponho que sim.
- Eu tinha certeza que você estaria. – Sorrindo o seu triunfo, ela se
estendeu no cobertor ao lado dele. - Eu te conheço melhor do que você pensa.
- Eu duvido disso. Atrevo-me a dizer que sei muito mais sobre você do que
você sobre mim.
Ela virou de lado para olhar para ele. - Mesmo? Isso me parece um desafio.
E, pelo que me lembro, eu venci o nosso último desafio.
Ele levantou uma sobrancelha para ela. - Muito bem, um desafio, então. Os
mesmos termos de antes. Se você ganhar, você recebe outro autômato. Você pode
até mesmo dizer qual e me ver a fazê-lo. Mas se eu ganhar, você tem que usar
calções no jantar.
- Por que os homens gostam de ver uma mulher de calções?
- Eu vou explicar para você quando você fizer isso.
Ela fungou. - Se eu fizer isso, o que não é certo, já que planejo vencer esse
desafio. Embora ajudaria se tivéssemos algumas regras.
- Que tal agora? Nós nos revezamos, perguntando um ao outro sobre o que
gostamos e o que não gostamos, e o primeiro a responder errado perde.
Seus olhos se estreitaram nele. - Tudo bem. Desde que você estabeleceu o
desafio, eu vou começar. Qual eu prefiro - camarão ou peixe?
- Camarões. Qual eu prefiro?
- Nenhum dos dois. Você não gosta de comer coisas que nadam.
Ele franziu o cenho. -Isso não deveria contar. Você tem consultado com
Cook durante o jantar todas as noites. Eu ficaria surpreso se você não soubesse
da minha antipatia por frutos do mar.
- Hah! Você simplesmente não pode ficar perdendo. Ela bateu no queixo. -
Deixe-me ver, o que mais eu posso perguntar... Que tipo de joias eu gosto, ouro
ou pérolas?
- Dado que eu nunca vi você usar uma pérola em sua vida, eu vou ter que
dizer ouro. - Quando ela riu, ele disse petulantemente: - Que tipo de joias eu
gosto, ouro ou pérolas?

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- Se você começar a usar pérolas, eu vou deixar você - disse ela com uma
risada. - E você gosta de safiras azuis e ouro. Eu só vi você usar um alfinete de
safira. Com abotoaduras de ouro.
Ele sorriu. - Eu deveria ter percebido que você notaria uma coisa dessas,
dado o seu gosto pela moda. Mas esta é difícil. Que partido político eu apoio?
Diga-me isso, se puder.
- Você é um ardente defensor dos Conservadores. - Quando ele franziu a
testa, ela disse alegremente: - Eu estou certa, não estou? E eu aposto que você
não sabe qual partido eu apoio.
-Você sabe que partido você apoia? - Ele nunca a ouviu falar de política.
- Quantos são mesmo? - Em seu olhar chocado, ela disse: - Eu estou
brincando, seu tolo. Claro que sei qual é o partido que apoio. Agora me diga qual
é.
Ele tinha que pensar sobre isso. Mas Warren era um conservador e dada a
sua propensão a ser o oposto… - Você apoia os Whigs 4.
Ela o cutucou no peito. - Você apenas adivinhou, não foi?
- Eu te disse - disse ele presunçosamente. - Eu conheço-te muito bem.
- Nós vamos ver sobre isso. - Ela enrugou a testa em profunda
concentração, seguidamente, iluminou. - Aqui está uma que você nunca vai
adivinhar. Qual é a minha peça favorita?
- Essa é uma questão muito geral para ser justa. Existem centenas para
escolher. Mas só para mostrar que sou um bom desportista, vou tentar. - Ele
fingiu não ter certeza. - “Muito barulho por nada? 5”
Sua boca caiu aberta. - Como você poderia saber disso?
- Você a citou no jantar na primeira noite do nosso casamento. E,
geralmente, se alguém sabe algo bem o suficiente para citá-lo, é um favorito. Ele
se inclinou para ela alegremente. - Qual é a minha peça favorita?
Ela franziu o cenho, reconhecendo a armadilha. - Como você disse, há
centenas.
- Ainda assim, eu sabia a sua. Vá lá, dê uma resposta.
Ela se jogou de volta no cobertor. - Você é um homem mau, Edwin Barlow.
- Sim eu sou. E estou ansioso para ver você usar calções para o jantar.
Qual é a minha peça favorita, sua atrevida?
- Tem que ser algo seco e sem graça. Uma peça de história, talvez. Ricardo
III. Não, espere, O Mercador de Veneza. Tem aquelas caixas mecânicas.

4
Designação do Partido Liberal
55
Peça de William Shakespeare

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Ele deu a ela um olhar superior. - Na verdade não é Shakespeare.
- O quê? Claro que é Shakespeare. Quem mais anda por aí?
- "Ela se curva para conquistar”. Oliver Goldsmith.
Ela sentou-se para olhar boquiaberta para ele. - Não!
- Sim. Faz me rir. E sim, ocasionalmente eu gosto de rir. Então você vê,
Senhorita Eu-Sei-Tudo-Sobre-Você, você não sabe tudo sobre mim. - Ele sorriu
para ela. - E eu ganhei.
- Isso é o mais… o mais… Ela gaguejou. - Não é…
- Para citar minha esposa, “você simplesmente não suporta perder”.
Ela olhou para ele. Ele riu. Ela parecia tão adoravelmente confundida com
a ideia de que ele ganhou.
- Tudo bem - ela disse primorosamente. - Vou usar calções para o jantar.
Mas só se você me disser por que isso é tão importante. Por que os homens
gostam de ver mulheres de calções?
Ele se inclinou para sussurrar: - Porque o que realmente gostamos de ver é
as mulheres em calções. E porque é o mais próximo que podemos chegar sem as
levar para a cama.
- Ohhh - ela disse. - Isso faz sentido.
Apesar das suas bochechas rosadas, ela não vacilou de seu olhar ou
pareceu em pânico pela proximidade dele. E quando ele abaixou a cabeça em
direção a ela e os seus olhos ficaram sensuais, a sua respiração ficou presa na
garganta.
Fazia uma semana desde que ele a beijara, uma semana desde que ele a
tocou. E ela estava agindo, como se desse as boas vindas, a um beijo.
Havia apenas uma maneira de descobrir.
No minuto em que a sua boca tocou a dela, ela se abriu para ele, acolhendo
o duelo de línguas, respondendo a cada golpe. Ela o queria. Finalmente.
Mas talvez ele devesse fazer outro teste antes de se permitir acreditar que
ela estava pronta para isso. Então ele cobriu o seu seio com a mão.
Ela nem mesmo fugiu. Aliás ela pressionou-se para a carícia, as suas mãos
deslizando para envolver o seu pescoço.
Graças a Deus. Ela era dele. Finalmente. Ele tinha sido paciente e esta era
a sua recompensa. Despertado e inflamado, ele queria jogar a cautela ao vento,
arrancar as roupas dela e cobrir cada centímetro dela com beijos e carícias.
Tome cuidado, cara. Você deve ser muito gentil com ela. Faça o que fizer, não
a assuste.

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Isso seria muito difícil. Porque ele nunca desejou uma mulher mais do que
desejava a sua esposa neste exato momento. E temia que o simples fato de a
desejar demais pudesse faze-la fugir.

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Dezessete

Clarissa gostava desta parte, ter Edwin a tocando, beijando e a aquecendo.


Ela poderia suportar a parte dolorosa só por isto. Ela iria, diabos. Ela se recusava
a passar o seu casamento com medo da atividade para a qual o casamento foi
criado.
Ela se recusava a não ter filhos apenas por causa dos seus medos.
Ela planejou o piquenique para que ela pudesse seduzir Edwin, num lugar,
que ela se sentisse confortável. Num lugar seguro, ao ar livre, com muita luz e ar
ao seu redor, mas também privado, aqui na floresta. Num lugar onde não
entraria em pânico, porque tudo que ela teria que fazer era gritar para vir alguém
correndo.
Num lugar completamente diferente do lugar onde ela foi deflorada.
Assim que o pensamento surgiu em sua mente, ela o empurrou para fora.
O Vilão Sedutor estava morto. Ele não poderia machucá-la, nunca mais. E Edwin
não a machucaria, não intencionalmente, de qualquer forma.
Edwin tirou a sua capa, depois demorou para abrir o vestido, que tinha
muitos laços na frente. No momento em que ele deixou o seu peito descoberto, ela
já estava desesperada para ter as suas mãos sobre ela.
Sua boca nela, que ele estava colocando lá agora. Oh senhor. Ela podia ficar
aqui o dia todo enquanto ele brincava com os seios, especialmente porque ele não
estava em cima dela, mas apoiado ao lado dela. – Você faz isto… tão bem - ela
murmurou, enterrando os dedos em seu cabelo luxurioso. - É celestial.
- Realmente é - disse ele com uma voz gutural.
Ele chupou e lambeu os mamilos, em seguida subiu para dar-lhe outro
beijo quente e entorpecedor, enquanto a sua mão acariciava o seu seio. Quando
ele se soltou de sua boca, ambos respiravam com dificuldade, e ela se sentiu
quente e derretida por dentro.
Com os olhos brilhando, ele começou a arrastar suas saias. - Eu imaginei
ter você assim há muito tempo.
Ela tentou não ficar tensa enquanto a mão dele subia, embora o medo
estivesse dentro dela como uma cobra esperando para atacar. - Há uma
semana… Você quer dizer.
- Quero dizer anos.
Ela ficou boquiaberta. - O quê?
- Eu te disse antes, eu sempre desejei você. - Ele deu-lhe um sorriso triste.
- Eu simplesmente não achei muito sensato.

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- Não é - disse ela. Embora se ele realmente a desejasse todo esse tempo,
isso lhe dava esperança para o futuro juntos.
- Deixe-me ser o juiz disso - Então ele a beijou novamente, e seu coração
deu uma volta.
De repente, ela sentiu a mão dele dentro dos seus calções, mas antes que
pudesse ficar alarmada, os seus dedos estavam brincando lá, tão levemente e
com cuidado, que o seu medo diminuiu. Especialmente quando ele encontrou
aquele pequeno local secreto que implorava para ser tocado, o qual ela nem sabia
que existia até que ele surgiu.
Como fez com a língua na carruagem, ele usou a mão para um efeito
excelente, despertando-a com destreza, completamente, até que ela estava se
contorcendo e se movendo sob o toque dele. Ela afastou rapidamente o casaco
dele, querendo que ele ficasse tão exposto quanto ela, e ele o afastou com os
ombros, depois voltou a acariciá-la. Ela desabotoou o colete e enfiou as mãos
dentro da camisa para sentir a ampla e forte extensão do peito.
Céus, ele tinha um peito bonito e viril. Ela encontrou os seus mamilos e os
provocou até que ele gemeu e acariciou-a mais firmemente abaixo. Ela não se
importava. Especialmente quando o que ele estava fazendo a fazia querer saltar
para as árvores, cantar e mexer e se comportar como uma selvagem devassa.
Com ele.
Como ela poderia saber que Edwin poderia fazer estas coisas? Quem teria
pensado que estar com um homem poderia ser prazeroso?
- Você está tão quente e molhada, moça atrevida - ele raspou contra seus
lábios. - Você me quer.
- Sim - Ela queria, ela realmente queria
Pegando na mão dela, ele a apertou contra as calças. - Isto é o quanto eu
quero você.
Ele era grosso e duro e maior do que ela jamais imaginou. Ela engoliu o
começo de alarme que subiu em sua garganta. Determinada a encarar os seus
medos, desabotoou deliberadamente as calças, depois os calções, e deslizou a
mão para acariciá-lo.
Com um gemido, ele empurrou na mão dela. - Deus, sim, querida. Toque-
me. Por favor.
Por favor. Quão deliciosamente emocionante que ela podia fazê-lo implorar!
Ela esfregou e acariciou-o, deleitando-se com os sons sufocados que ele fazia, o
modo como sua respiração acelerava e os seus olhos se fechavam. Sua pele era
tão sedosa, a carne em baixo tão firme.

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Ela estava gostando de excitá-lo quando ele afastou a mão dela. -Não mais,
meu doce, ou eu vou me envergonhar. Eu não aguento mais. Eu preciso estar
dentro de você.
- Sim. - Ela lembrou a si mesma que isso era o que ela queria, que isso
tornaria as coisas melhores entre eles. Então ela forçou um sorriso quando ele
levantou as saias e deslizou entre as pernas. Ela conseguiria fazer isso. Ela
conseguiria.
Mas o seu corpo se recusou a ouvir. Apertou-se por conta própria e,
quando ele apoiou as mãos em ambos os lados dela, prendendo-a, o pânico
tomou conta de seu coração começou a bater e sua visão se estreitou até que
tudo o que ela podia ver era a mandíbula tensa de Edwin, vagamente semelhante
ao Vilão Sedutor, e ela não conseguia pensar, não conseguia respirar, não
conseguia ver…
- Não… não… não… - Ela começou, mal ciente do que estava dizendo.
- Clarissa - ele murmurou suavemente, - querida…
Empurrando contra o seu peito, ela se levantou contra ele, tentando jogá-lo
fora dela. – Não… Pare… Pare… Pare, maldito seja!
As últimas palavras foram gritadas para a floresta.
Ele congelou, o seu rosto pálido, e rolou para longe dela, deitando-se no
cobertor ofegando enquanto olhava para as árvores. Isso e os choramingos que
ela não conseguia reprimir, eram os únicos sons além do murmúrio do riacho.
Depois de alguns momentos, ele deu um suspiro trêmulo. – Clarissa - disse
ele com voz rouca. - Você tem que me dizer o que está errado.
Ela queria. Mas como ela poderia dizer que não sabia se estaria alguma vez
bem com isto? - N-nada está errado. Eu estava apenas assustada.
Ele praguejou em voz baixa. - Você não se assustou. Não minta para mim. -
Quando ela não disse nada, ele acrescentou: - Eu não posso fazer mais isto.
Assim não. Um minuto você me quer e o próximo ...
Quando ele sufocou as palavras, ela sentiu um tipo diferente de pânico. -
Por favor, não diga isso. Apenas me dê um momento, e vou tentar… nós podemos
tentar-
- Deus, não. - Ele não olhou para ela. - Você estava aterrorizada. Eu pude
ver em seus olhos.
- Não de você.
- Não há mais ninguém aqui. - Arrastando uma respiração dura, ele
pareceu se esforçar para falar. - Os olhos da minha mãe pareciam os seus, uma
vez, quando eu apareci, enquanto o amigo mais próximo do meu pai estava
tentando se forçar nela. Ainda me lembro dela chorando, o medo em seu rosto.

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Eu nunca mais quero ver isso no rosto de nenhuma mulher, mas especialmente
na minha própria esposa. Não por minha causa, com certeza.
Isso apanhou Clarissa completamente de surpresa. – A sua mãe foi…
atacada?
Ela ainda estava se recuperando daquela revelação quando um servo
trovejou da floresta.
- Eu ouvi um grito ... O lacaio parou quando os viu deitados um ao lado do
outro, obviamente sem roupa. - Oh. - Suas bochechas ficaram vermelhas, e ele
rapidamente virou as costas para eles. - Peço perdão, meu senhor. Eu não quis…
isto é, eu ...
- O que você está fazendo aqui? - Edwin retrucou. - Você está nos
espionando?
- Não, certamente não, meu senhor - disse o homem apressadamente. -
Sua irmã me mandou buscar você, então eu estava indo nessa direção quando
ouvi… Perdoe-me, eu claramente não entendi o que você e sua senhoria... isso é…
- Está tudo bem. - Edwin sentou-se e começou a abotoar os calções e as
calças. - Maldito maldito inferno. - Yvette e Keane estão de volta da América?
- Sim, meu senhor, disse o lacaio. - Aparentemente, eles souberam sobre o
seu casamento assim que chegaram a Londres, e vieram direto para cá.
- Senhor nos ajude. - Clarissa também já estava, freneticamente, tentando
arrumar suas roupas.
Edwin ficou de pé. - Vá e diga a eles que estaremos lá.
- Sim, meu senhor. - Sem olhar para trás, o lacaio saiu.
Assim que ele estava fora do alcance da voz, Edwin estendeu a mão para
ajudá-la a se levantar. Ela aceitou com gratidão, mas quando estava de pé e ele
tentou soltá-la, ela não o deixou. Apertando a sua mão com força na dela, ela
disse: - Eu sinto muito.
- Você não tem nada para se desculpar. - Era difícil acreditar nele, quando
ele parecia tão remoto e controlado. - Mas eu quero que você saiba que eu não
vou mais incomodar você tentando persuadi-la a entrar na minha cama.
- Edwin.
- Quero dizer. Eu percebo agora porque você adicionou essa cláusula ao
acordo. Porque você realmente precisa de tempo para… ajustar-se a mim. Por um
momento, a sua contida expressão falhou. - Droga, Clarissa, gostaria que você
tivesse me dito antes… Eu queria ter percebido…
Como se percebendo quão vulnerável ele soava, ele endureceu. - Não
importa. Quando você estiver realmente pronta para consumar o nosso

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casamento, não importa quanto tempo leve, você terá que ser a única a iniciá-lo,
assim como você solicitou desde o início.
- Eu estou pronta!
- Não, você não está. Estar disposto a experimentar relações não é o mesmo
que querer ou estar preparado para elas. E eu não vou ter você se encolhendo de
medo porque você não pode suportar ... - Ele parou de respirar quando sons
soaram além deles na floresta. - Claramente, não podemos ter esta discussão
agora. Mas até você estar preparada para falar sobre … o porquê de você fugir de
mim, acho que você e eu não devemos tentar isto de novo.
- Não diga isso - ela sussurrou.
- Admita. Você está aliviada por eu ter dito isto.
Oh, Senhor, talvez ela estivesse. Mas só um pouco.
- Edwin, onde você está? - Veio uma voz cadenciada de não muito longe.
Diabos. Yvette os encontrou.
Um murmúrio soou como se o criado estivesse falando com ela, e ela disse:
- Não seja bobo, é claro que eles querem me ver.
Edwin mal teve tempo de pegar o colete e o casaco antes que Yvette saísse
da floresta dizendo: - Cook alegou que vocês dois estavam num piquenique, mas
eu não conseguia acreditar. Eu tive que ver por…
Ela parou quando os avistou em seu estado desordenado. As suas
bochechas coraram. - Oh. É esse tipo de piquenique.
O queixo de Edwin parecia duro o suficiente para cortar pedra. - Não seja
vulgar, Yvette. Nós estávamos cochilando, só isso. E você nos acordou.
- Cochilando! Você? Ao ar livre? Isso é quase tão improvável quanto você
fazer um piquenique. Yvette desviou o olhar dele para Clarissa. - Ele está dizendo
a verdade?
- Claro. - Clarissa esperava ter arranjado as suas roupas o suficiente para
não os denunciar. - Você conhece Edwin. Ele nunca mente. - E ser forçado a fazê-
lo agora devia estar mortificando-o.
- Nesse caso - disse Yvette, - Eu estou muito feliz em ver vocês dois!
Edwin se aproximou para beijar a sua irmã na bochecha. - Como nós
estamos em ver você. Não esperávamos você no país até à próxima semana, no
mínimo.
- Recebi algumas notícias e fiz Jeremy voltar mais cedo. - Colocando a mão
em sua barriga visivelmente saliente, ela disse: - Suponho que você pode
descobrir quais são as minhas notícias.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Apenas Clarissa notou o rápido lampejo de dor no rosto de Edwin antes de
forçar um sorriso para o benefício de sua irmã. - Parabéns. Estamos muito felizes
por você. - Ele se virou para puxar Clarissa para frente e ficar ao lado dele. - Não
estamos, minha querida?
As suas palavras eram tão obviamente insinceras que a cortaram no
coração. Ela o feriu profundamente. Ela nem tinha percebido até agora, o quanto
ele estava ansioso para ter filhos.
Senhor, ela estava fazendo uma bagunça completa neste casamento.
- É claro que estamos felizes por você - disse Clarissa, lutando contra as
lágrimas.
Yvette colocou as mãos nos quadris. - Eu ficaria feliz por vocês dois, se eu
tivesse algum indício de que você iria se casar. Como você não pôde me contar? -
Ela arqueou uma sobrancelha para Clarissa. - Especialmente você. Nunca espero
que Edwin me diga coisas, mas você deveria ter dito alguma coisa.
- Aconteceu muito rapidamente - disse Clarissa. - Eu não sei se você se
lembra do que aconteceu quando eu fiz aquela viagem para Bath no ano passado,
mas ...
- Vamos explicar tudo quando tivermos o seu marido conosco também -
Edwin interrompeu. - Não adianta contar a história toda duas vezes. Vamos?
Com um aceno de cabeça, Yvette começou a falar sobre ela e a viagem de
Jeremy para a América.
Foi tudo o que Clarissa pôde fazer para dar as respostas usuais. Ela estava
dolorosamente ciente de Edwin andando rigidamente ao seu lado, sem tocá-la,
sem olhar para ela.
Ela não pretendia fazê-lo sentir-se tão mal. Ela tinha que consertar isso,
para deixá-lo saber que realmente não tinha nada a ver com ele. Mas isso
significava dizer a verdade assim que ela conseguisse ficar a sós com ele.
Ela ousaria? Ou os afastaria ainda mais? Dado o que ele disse sobre a sua
mãe, ele podia realmente entender.
Sua mãe, céus. Clarissa nunca imaginou qualquer tragédia no passado de
Lady Blakeborough. Ela precisava saber mais. Supondo que ele contasse a ela.
Foi um choque que ele tivesse mencionado isso para Clarissa. Isso enviou
uma estaca de culpa em seu coração, ao pensar que ele ficou tão arrasado com a
sua reação a ele, que deixou escapar algo tão pessoal sobre a sua família. Não era
nada do feitio dele.
Eles emergiram das árvores para ver Jeremy caminhando na direção deles.
- Então você está aí! Suponho que Yvette tenha contado as nossas novidades

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- Claro - disse Clarissa brilhantemente. - Você conhece a sua esposa, é
deplorável em guardar segredos.
- Ao contrário do irmão dela, que nunca diz nada. Eu deveria saber que ele
estava elaborando um plano para conquistá-la. - Jeremy se aproximou para bater
Edwin no ombro. - Não que eu esteja surpreso, Blakeborough. A maneira como
você falou dela há alguns meses ...
Clarissa interrompeu: - Como ele falou de mim?
Jeremy riu. - Como se você o tivesse atormentado. E os homens só são
atormentados pelas mulheres de quem gostam.
- Desculpe- Yvette respondeu. - Eu o atormentei e ele certamente não gosta
de mim.
- Você não me atormenta - Edwin disse levemente, obviamente tentando
entrar no espírito da brincadeira. – Você me aflige. Não é o mesmo.
- Hmph - disse Yvette. - Sua esposa não aflige você também?
Ele deslizou um olhar sombrio para Clarissa. - Minha esposa me aflige
muito. Na verdade, não sei como vou sobreviver ao casamento com ela.
- Nem eu - Clarissa tentou soar provocante, embora por dentro, sangrasse.
- Mas você está preso comigo agora, então você terá que fazer o melhor possível.
- Bem - disse Yvette, tomando Clarissa pelo braço. - Quero saber de tudo.
Quando ele a pediu em casamento? Como ele fez isso?
- Deus nos ajude - murmurou Jeremy. - Venha, irmão, eu preciso de algo
forte para beber enquanto as duas reconstroem cada momento do seu namoro.
Enquanto os quatro se dirigiam para a casa, com os dois homens indo na
frente delas em direção ao escritório, uma sensação de desespero tomou conta de
Clarissa. Seria muito difícil consertar as coisas com o marido, enquanto a família
dele estivesse em Stoke Towers.
Ela só podia esperar que os Keanes não ficassem mais de um dia ou dois.
Porque quanto mais essa brecha se estendesse, entre ela e Edwin, mais difícil
seria de resolver.

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Dezoito

Edwin ficou contente com a sugestão de Keane de tomar uma bebida, dessa
forma ele poderia por o seu cunhado a par de todos os detalhes da situação de
Durand, incluindo as partes que ele não queria que sua esposa ouvisse.
Mas enquanto se dirigiam ao escritório de Edwin, onde podiam desfrutar de
conhaque e charutos em paz, não foi Durand que ocupou os pensamentos de
Edwin. Foi Clarissa.
O muro entre eles parecia ficar mais intransponível a cada dia. Ela o
afastou com tanta frequência quanto o deixou aproximar-se.
Ele tinha cometido um grande erro ao se casar com ela? Deus, ele esperava
que não. Porque a cada dia que passava, gostava de tê-la cada vez mais como
companheira.
Mas ele não suportava a ideia de uma vida inteira com uma mulher que
não aguentava o seu toque. Que tinha que se esforçar até para partilhar a sua
cama.
Nunca se sentira tão sozinho.
Ele e Keane entraram no escritório. Quando se acomodaram com os
charutos e conhaque, ele expôs os fatos da situação com Durand. A parte mais
difícil foi contar a Keane sobre a espionagem, mas não seria justo deixar a sua
irmã e seu cunhado serem apanhados de surpresa, se Durand fosse em frente
com as suas ameaças e dissesse ao mundo sobre as atividades traiçoeiras do Pai.
Quando ele terminou as suas explicações, Keane parecia pronto para ser
amarrado. - Chantageado por um canalha assim? Como ele ousa?
- Durand não tem vergonha. Ou princípios. Especialmente quando se trata
de ganhar Clarissa.
- Diabos.
- Exatamente o que eu sinto. - Edwin deu um longo suspiro. - Você terá
que decidir se devemos contar a Yvette. Confesso que não tenho ideia do que
fazer a esse respeito.
- Isso iria devastá-la. Quer dizer, ela sempre se sentiu indesejada pelo seu
pai, mas isso…
- Isso explica por que ele nunca esteve por perto. - Isso não explicava
totalmente, mas Edwin não estava prestes a entrar em detalhes sobre o ataque de
sua mãe e as consequências disso. Ele já se arrependia de ter falado tanto com
Clarissa. E não disse tudo.

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- Talvez saber por que o seu pai esteve ausente, a faça sentir-se melhor -
disse Keane. - Embora eu duvide disso. Ela não foi apenas ferida por causa disso,
mas pelas coisas que ele disse, a maneira como ele tratou a sua mãe.
- É por isso que estou confiando em você para dizer a Yvette o quanto você
julga sensato. Você a conhece melhor que eu.
- Apenas porque você esconde coisas dela. - Keane procurou o seu rosto. -
Você também esconderia isso dela, não esconderia? Se tivesse escolha? Apenas
para protegê-la de ser magoada.
- Sim. É a minha única maneira de compensar os erros do pai e do Samuel.
- O problema é que ela interpreta a sua discrição como falta de fé na sua
capacidade de enfrentar provações e tribulações. Você acha que a está
protegendo, mas está realmente construindo um muro entre você e ela.
Como sempre fazia, quando Keane começava a falar sobre como ele deveria
tratar a sua irmã, Edwin retirou-se para a formalidade. - Como eu disse, você
pode julgar se lhe deve dizer ou não. Dado que você parece saber melhor do
assunto que eu.
Percebendo como Edwin estava ficando irritado, Keane disse: - Eu não quis
dizer ...
- Se Durand nunca revelar, então ela nunca precisará saber que o seu pai
era um traidor. Mas não posso ter certeza de que ele não vai. É por isso que estou
dizendo a você. Assim você não vai se encontrar subitamente imerso num
escândalo repentino.
Keane assentiu sombriamente. - Não se preocupe comigo e Yvette. Eu não
dou a mínima para o escândalo, e ela só se preocupa com isso por sua causa.
Mas se vocês dois estiverem nisto juntos, ela ficará ao seu lado e irá torcer o nariz
para o mundo. Ele se recostou na cadeira. - E você me conhece. Eu torço o nariz
para o mundo como uma questão de princípio.
- Você é um artista e americano. As pessoas esperam isso de você. - Edwin
olhou pela janela. - Elas não esperam isso de mim.
- E Clarissa? Como ela se sente sobre tudo isso?
Ele cerrou os dentes. - Eu não disse a ela.
- O quê?
- Eu disse a ela que ele está nos ameaçando com algo, mas não disse o que.
Eu tive que revelar isso só para que ela se casasse comigo.
- Eu vejo. - Keane bebeu um pouco de conhaque. - Em outras palavras, as
ameaças de Durand lhe forneceram uma excelente desculpa para fazer o que você
queria em primeiro lugar.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


O olhar de Edwin disparou para Keane. - O que diabos isso significa? Eu fiz
isso para o seu benefício, não para o meu. Eu não ia deixá-la com maquinações
desse tipo.
- Certo. Não tem nada a ver com o fato de você a desejar, eu tenho certeza.
Ele olhou para o amigo. - Nem todo mundo é tão excitado quanto você.
- Você não me engana. - O homem riu. - Mesmo um idiota poderia dizer
como você se sente sobre Clarissa. De qualquer forma, é bom desejar a esposa,
não é?
- Você não tem ideia - Edwin murmurou. Ele nunca poderia revelar a
verdade mortificante para Keane, que o seu desejo por sua esposa era algo que
ela não queria. Não completamente. Ele nem sabia por que ela o rejeitou.
Ele queria acreditar que não tinha nada a ver com ele, mas ele não podia.
Porque, certamente, se alguém a tivesse machucado, se tudo isso fosse por causa
de outro homem, ela diria a ele. E ela se comportou como uma virgem quando ele
lhe deu prazer com a sua boca. Isso a surpreendeu.
Não, o fato de que ela não dizia o porquê, o fato de que ela recuava sempre
que ele chegava perto dela, só podia significar que era devido à sua antipatia por
ele.
Apenas me dê um momento, e vou tentar. . . nós podemos tentar
Deus, a própria ideia de ela ter que ganhar entusiasmo para partilhar a sua
cama, causou calafrios na sua espinha.
Ele empurrou esse pensamento desolador da sua mente. - De qualquer
forma - ele disse friamente, - está feito agora. Desde o nosso casamento, Durand
só fez ameaças, mas isso não significa que ele não vá agir de acordo com elas,
mais para a frente.
Felizmente, Keane deixou que ele voltasse ao assunto do conde. - E você
não sabe quais são as razões de Durand para persegui-la. Além de uma estranha
obsessão por ela.
- Não. Tanto quanto eu sei, ele não precisa de dinheiro. Pelo menos, foi o
que Fulkham e Rathmoor disseram.
Keane piscou. - Você contou a eles sobre o bastardo?
- Não exatamente. Eu não queria que a reputação da Clarissa fosse
manchada, então eu disse que estava perguntando em nome de outra pessoa no
clube.
Com um movimento de cinzas do seu charuto, Keane disse: - Eu suponho
que você não queira contar a eles sobre a espionagem do seu pai.
- Claro- Edwin disse maliciosamente. – Apenas vou logo falar com
Rathmoor, o homem que roubou a minha primeira noiva, que o meu pai vendeu o

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seu país para os franceses. Ou melhor ainda, vou contar a Fulkham, que
praticamente dirige o Ministério da Guerra. - Ele balançou a cabeça. - Durand
sugeriu que ele poderia me implicar nas atividades do pai. Imagine se isso
acontecesse
- Ele não tem provas.
- Ele tem uma prova sólida das atividades do Pai. Não demoraria muito
para conectá-las a mim. Além disso, a imprensa não precisa de provas. Tudo o
que precisam é de uma história suculenta para fomentar o escândalo. - Edwin
bebeu um pouco de conhaque. - Não, parece mais sensato ficar no país por um
tempo e torcer para que o nosso casamento desencoraje Durand o suficiente para
que ele volte as suas atenções para outro lugar. Não é como se alguém pudesse
fazer alguma coisa para detê-lo, dada a sua posição e as delicadas relações com
os franceses no momento.
- Eu vejo o seu ponto. - Keane puxou o charuto. - Mas acho que você
deveria contar a Clarissa sobre isso, no mínimo.
- Eu não posso. - Ainda não.
- Por que não?
- Eu tenho as minhas razões. – Ele tinha-a por um fio, se tanto. Pelo menos
agora, ela ainda o via como o seu salvador de Durand. Mas se ela percebesse o
quão terrível o escândalo poderia ser, se as notícias da traição do pai saíssem, ela
o veria como o homem que se casou com ela, sabendo que poderia estar
arruinando o seu lugar na sociedade. Ele não estava pronto para as
recriminações que se seguiriam.
- Então, e se Durand for à imprensa? O que acontece?
- Obviamente, não terei escolha. Ela e eu resistiremos ao escândalo o
melhor que pudermos. E ele tentaria compensar isso de alguma forma. Se ele
conseguisse. - Vamos para o exterior, esperar até que o furor morra.
- Você sempre pode atirar no homem - disse Keane genialmente.
- Acredite em mim, meu velho, eu considerei isso. - Ele suspirou. - Mas
dado que Clarissa já perdeu o seu irmão para o exílio por causa de um duelo sem
sentido, eu dificilmente acho que ela aprecie perder um marido para a forca.
- Verdade. Suponho que teremos que esperar que Durand recupere a
compostura. Porque, se você e Clarissa deixarem a Inglaterra por algum motivo,
Yvette terá uma noção tola de que assumimos os cuidados de Stoke Towers, como
Warren está com Margrave Manor, e mal posso administrar a casa de campo que
acabei de comprar.
- Eu estremeço ao pensar no que você faria se administrasse este lugar -
disse Edwin. - Você estaria fazendo com que as leiteiras posassem como
lavadeiras bêbadas para que pudesse pintá-los.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Keane parou o charuto no ar. - Que boa ideia. Ou eu poderia colocar os
lacaios com elas - adicionar um pouco de flerte de soldado à cena. Claro, eu teria
que adquirir alguns trajes militares ...
- Fique longe dos meus servos, diabos - Edwin rosnou.
O seu cunhado desatou a rir. - Você tinha que ver a sua cara. Isso é o que
eu devo pintar - você muito indignado. Mas, acredite em mim, não tenho
interesse em ter os seus criados como modelos para mim. Já tenho bastante
dificuldade em acompanhar os projetos que eu estou envolvido. - Colocando o seu
conhaque no chão, Keane ficou sério. - Então, certifique-se de que você não entre
em conflito com Durand, ouviu?
- Eu farei o meu melhor. Mas o homem é imprevisível. - Edwin sacudiu a
cabeça. - E eu nunca sei como lidar com pessoas imprevisíveis.
Como a esposa dele. Ele só esperava que com o tempo ela, pelo menos, se
tornasse mais fácil de ler. Caso contrário, ele estava num longo e frio casamento.

Quando Clarissa terminou a sua história sobre Durand, Yvette disse uma
praga nada própria de uma senhora. - O conde fez o quê? Aquele diabo! Como ele
pôde? Quer dizer, eu sabia que ele estava louco por você, mas eu não sabia que
ele estava… bem… louco.
- Eu sei. É muito estranho. Eu não posso acreditar que ele continua me
perseguindo assim. Nem Edwin nem eu, conseguimos perceber.
Incerta sobre os segredos de família que Durand estava usando para
obrigar Edwin, Clarissa não tinha a certeza se deveria mencionar a chantagem.
Até agora, ela só disse que Edwin temia que Durand tentasse sequestrá-la e,
assim, se casou com ela para mantê-la segura. Mas fingir com a sua melhor
amiga a deixava desconfortável.
E essa não era a única coisa que a enervava. Elas estavam conversando no
novo quarto de Clarissa, e não no antigo quarto de Yvette, como faziam sempre
antes. E foi Clarissa que chamou os servos para trazerem chá, Clarissa que deu
as ordens para acrescentar dois para o jantar. Parecia estranho interpretar a
dona da casa, na frente da mulher que sempre desempenhou esse papel
anteriormente.
Agora Yvette estava esparramada na cama, enquanto Clarissa percorria a
sala incapaz de ficar parada depois do encontro, esta tarde, com Edwin. Se ela
fosse casada com qualquer outra pessoa, ela poderia ter implorado conselho da
sua amiga sobre os seus problemas conjugais. Mas Yvette estava sujeita a tomar
o lado de seu irmão.
Não que realmente houvesse um lado nessa bagunça. Edwin fizera um
nobre sacrifício e agora sofria por isso. Enquanto isso, Clarissa tinha tropeçado
na coisa que estava evitando, casamento com um homem que iria querer se

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deitar com ela, que tinha todo o direito de se deitar com ela. E quem ela
machucou a cada recusa em deixá-lo fazer isso.
- Você está feliz com Edwin, não está? - perguntou Yvette. - Mesmo que
você tenha sido forçada a se casar com ele.
- Eu não fui forçada - ela disse rigidamente. - Eu escolhi me casar com ele.
Eu poderia ter recusado, você sabe.
- E arriscar ser sequestrada por Durand. Admita, Edwin é um verdadeiro
anjo comparado ao Francês.
Eu nunca descreveria o seu irmão como um anjo - disse ela com um leve
sorriso. - Mais como um cavaleiro andante.
- Sim, ele tende a ser excessivamente protetor de suas mulheres - disse
Yvette ironicamente. - Eu sempre achei chato.
- Eu acho bastante doce. Exceto que os cavaleiros têm uma armadura que
pode ser difícil de romper. - Embora armadura dele não fosse o problema. Era a
dela.
- Dê-lhe tempo. Ele vai deixar você entrar em sua vida pouco a pouco.
Clarissa levantou uma sobrancelha para Yvette. - Quantos anos levou para
fazer isso com você?
Yvette encolheu os ombros. - Isso é diferente. Irmãos normalmente
compartilham segredos com as suas esposas que nunca dizem às suas irmãs,
confie em mim. Amanda ficaria com os cabelos em pé se ela soubesse algumas
das coisas que Jeremy me contou. Existe uma intimidade entre marido e mulher
que não pode existir entre irmão e irmã, por razões óbvias.
Clarissa pensou em perguntar a sua amiga sobre o ataque à falecida Lady
Blakeborough. Mas Edwin não disse quando isso aconteceu e separavam oito
anos entre irmão e irmã. Yvette podia nem saber disso. Certamente caiu na
categoria de algo que Edwin nunca revelaria.
Provavelmente pela mesma razão que Clarissa nunca contou a Yvette sobre
o Vilão Sedutor. Certas coisas eram tão obscuras, tão vergonhosas que nem se
podiam dizer à melhor amiga ou irmão. Afinal, Niall acabou no exílio, tentando
manter a sua ruína em segredo. Ela não iria desonrar o seu sacrifício, contando a
todo o mundo.
- Você não respondeu à minha pergunta sobre ser feliz com Edwin - Yvette
disse suavemente. - Você é?
Senhor, isto era estranho. - Nós nos damos muito bem. Ele é… não o que
eu esperava. Eu sabia que ele tinha um senso de humor seco, mas eu não tinha
ideia de que ele poderia realmente ser divertido.

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Yvette levantou uma sobrancelha. - Nós ainda estamos falando sobre
Edwin, certo?
- Sim – ela sentiu uma estranha necessidade de defendê-lo. - Ele não é
metade do sujeito sombrio que eu pensava. - Ela se aproximou e pegou o
autômato, que ocupava um lugar de destaque na sua penteadeira desde a sua
chegada. - Ele me deu isto. Ele disse que você pediu para ele fazer para mim no
último Natal, mas que você nunca teve a chance de dar para mim.
Os olhos da amiga brilharam com humor. - Isso é verdade. E ele contou por
que eu nunca dei a você?
- Ele disse que não conseguiu concluir a tempo.
Yvette riu. - Porque ele não parava de alterar isso. Nada era bom o
suficiente, nada estava perto o suficiente, nada parecia correto para ele. “Os olhos
não são o verde certo” ele me disse uma vez. "Clarissa não se move assim", ele
disse noutra. Atribuí-o à sua habitual atenção aos detalhes, mas agora me
pergunto…
- Não digas - disse Clarissa, passado o nó em sua garganta. - Você está
atribuindo a ele sentimentos por mim que ele não tem. - As suas palavras
flutuaram em sua mente: Eu imaginei ter você assim por muito tempo. - Quero
dizer, ele é atraído por mim, mas…
- Mas o quê? - Yvette sentou-se na cama para atirar essa admissão. - As
coisas estão bem nessa área, não estão? Eu sei que Edwin é indigesto, mas com
certeza ...
- Não é ele - Clarissa deixou escapar.
O olhar de Yvette se estreitou nela, e Clarissa poderia ter se chutado pela
admissão. - O que você quer dizer? Se há algum problema no quarto, certamente
é dele. Ele sabe mais sobre fazer isso do que você, tenho a certeza, então é
responsabilidade dele tornar isso agradável.
- Agradável? - Clarissa disse incrédula.
Ao seu tom, Yvette empalideceu. - Oh, Senhor, ele não é horrível, pois não?
Ele não te machucou nem nada? Eu não esperava de Edwin, mas, bem. . .
Ninguém sabe essas coisas sobre o irmão. . . Sempre ouvi histórias sobre Samuel,
mas Edwin ... - Ela parou como se estivesse percebendo que estava balbuciando.
- Você não precisa falar sobre isso se não quiser, mas se foi tão ruim quanto
isso…
- Nós ainda não fizemos isso - disse Clarissa sem rodeios.
Ela realmente devia parar de deixar escapar as coisas. Mas se alguém
pudesse dizer-lhe como superar a parte difícil do casamento, seria Yvette. Por um
lado, ela nunca se importou em discutir tais coisas. Por outro lado, ela

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obviamente tinha um marido muito talentoso a esse respeito, dada a forma como
ela gostava dele.
- O que você quer dizer com “feito isso”? - Perguntou Yvette. - Certamente
você não está dizendo que depois de uma semana de casamento, você ainda não
afogou o ganso.
- Afogou… o quê?
Yvette acenou a mão com desdém. - Você sabe. Molhar o biscoito ou vuco-
vuco ou dar uma paulada.
Uma risada histérica borbulhou na garganta de Clarissa. - Oh, Senhor,
esqueci que você coleciona gírias de rua.
- E ensinei lhe todas as palavras malandras também. - Yvette cruzou os
braços sobre o peito. - Então, você fez a coisa ou não?
- Bem… não. Nós não fizemos.
- Por que não? - exclamou Yvette.
Agora vinha a parte complicada. Mais do que nunca, ela não queria que
Yvette conhecesse a sua vergonha do passado. Yvette teria pena dela e Clarissa
odiava isso. Mas havia certas coisas que Clarissa queria aprender, e Yvette
parecia a única pessoa que poderia contar a ela.
- Como eu disse, não é ele. Eu estou apenas… com tanto medo da dor. Você
sabe como eu sou sobre dor. Eu sou muito sensível a isso.
- Bobagem - Como sempre, Yvette viu através dela. - Você nunca foi
sensível à dor um dia em sua vida. E além disso, é apenas doloroso na primeira
vez. E nem isso é tão ruim assim.
- Sério? - Clarissa disse com ceticismo. - Isso não foi o que eu ouvi. - Ou
experimentado. Parecia terrivelmente horrível para ela.
- Se o homem sabe o que está fazendo, e é cuidadoso com você.
- E se ele não for?
As palavras amargas pareceram dar uma pausa em Yvette. - Meu irmão já
machucou você? Ele já lhe deu motivos para acreditar que ele não seria
cuidadoso com você?
- Não. Na verdade, ele tem sido muito paciente comigo, disposto a esperar
até que eu esteja pronta. - Ela desviou o olhar. - Mas uma vez que os homens são
apanhados… sua paixão, eles podem ser imprevisíveis. - Quando ela se
apercebeu de Yvette observando-a com curiosidade, ela acrescentou
apressadamente - Ou então eu ouvi.
Yvette a olhou desconfiada. - Bem, eu não sei quem está dizendo essas
coisas, suponho que foi a sua mãe, mas não importa os disparates que nos

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tenham sido ensinados, os homens não são valentões que se tem que suportar no
quarto. Pelo menos o meu marido não é.
- Talvez o seu marido seja diferente.
- Eu duvido, ou não haveria tantas esposas tomando amantes em nossos
círculos. Elas devem ter algum prazer com a transa. A primeira vez é um pouco
difícil, mas depois disso, é maravilhoso. O que sua mãe lhe disse para esperar,
afinal?
Clarissa dificilmente podia admitir a verdade, que a sua primeira vez tinha
sido uma agonia. Que ela não estava convencida de que seria melhor na segunda
vez. Ou na terceira ou quarta. E se ela não fosse… feita da forma certa de alguma
forma? - Não importa - ela murmurou.
- Isso importa. - Yvette se levantou para colocar o seu braço ao redor de
Clarissa. - O casamento exige confiança. Você confia em seu marido para ter
cuidado com você ou não. Eu sei que provavelmente é difícil confiar num homem
em quem você foi forçada... Ela se conteve. - Convencida a casar por motivos
alheios ao amor. Mas você confiou nele o suficiente para concordar com o seu
plano. Você confiou nele para mantê-la a salvo de Durand. Você não pode confiar
nele nisso?
Clarissa realmente não sabia.
Yvette franziu a testa. – Mas bem, estou supondo que você o queira
também. Talvez você não o deseje.
- Esse não é o problema, acredite em mim - disse Clarissa secamente. – O
seu irmão tem mais do talento de Samuel para seduzir uma mulher do que eu
jamais imaginaria.
- Ai tem? - Yvette disse com um olhar malicioso. - Como é surpreendente.
Clarissa corou. - Honestamente, de todas as pessoas, não posso acreditar
que estou tendo essa conversa com a sua irmã
- Não apenas a sua irmã. Sua amiga. Sempre serei a sua amiga primeiro,
você sabe. - Yvette apertou seu ombro. - Nós mulheres temos que ficar juntas,
afinal.
Impulsivamente, Clarissa a abraçou. - Estou tão feliz que você tenha vindo
para visitar - ela sussurrou. - Você sempre teve a habilidade de me animar. E
estou muito feliz por sermos irmãs agora.
- Eu também.
Elas se abraçaram ferozmente, ambas com os olhos marejados.
Então Yvette segurou-a no comprimento do braço. - Responda-me a uma
pergunta.
- Qual? - Clarissa perguntou, enxugando os olhos com o lenço.

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- Você quer o meu irmão? Você realmente quer ser Lady Blakeborough em
mais do que apenas no nome? Para dar à luz aos seus filhos, ser a sua
companheira e tê-lo como seu? Você tem a esperança, que haja a possibilidade de
amor mais para a frente, uma vez que vocês dois se conheçam melhor? Você quer
um futuro real com Edwin?
- Sim. - No momento em que as palavras saíram de sua boca, ela percebeu
que era verdade. Ela sempre quis uma vida assim, a vida para a qual ela foi
criada. Mas que ela supôs que não pudesse ter.
Então Edwin apareceu e a fez repensar nas suas suposições, e agora ela
estava preocupada que ele desistisse dela antes que ela pudesse derrotar o terror
dentro dela.
- Nesse caso, - continuou Yvette, - você deve lutar por ele. A Clarissa que eu
conheço não deixaria o medo da dor governar as suas ações. A Clarissa que eu
conheço não iria se sentar e esperar que as coisas mudassem, mas iria atrás do
que ela quer, ignorando as opiniões de decoro e da sociedade. A Clarissa que eu
conheço pegaria o touro pelos chifres.
Clarissa endireitou a sua espinha. - Ela iria, não é?
- O diabos que ela iria, - disse Yvette com um uso chocante de linguagem
ruim. - Então, Jeremy e eu estaremos de volta a Londres e deixaremos você com
isso.
- Oh, isso seria maravilhoso. - Clarissa acrescentou apressadamente. - Não
que eu não ame ter você aqui e tudo, mas…
- Eu entendo completamente. E se houver mais alguma coisa que eu possa
fazer para ajudar, como lhe emprestar joias ou uma garrafa de perfume ou
roupas ...
Os olhos de Clarissa brilharam quando algo lhe ocorreu. - Na verdade, você
poderia me ajudar a encontrar algo para vestir. Mas não vai ser o que você pensa.
- Oh?
- Edwin e eu fizemos uma espécie de desafio um com o outro esta tarde que
eu perdi, então agora… bem… Por acaso a sua mãe guardou as roupas dos seus
irmãos de quando eram mais jovens?
Yvette abriu um sorriso, provavelmente lembrando como Edwin havia
reagido na última vez que Clarissa usara roupas masculinas. - Eu não sei. Mas
não deve demorar muito para descobrir.

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Dezenove

As senhoras estavam no andar de cima há muito tempo. Edwin olhou para


o relógio em seu escritório, onde ele e Jeremy ainda estavam sentados com
brandy e charutos. Já fazia mais de duas horas, pelo amor de Deus. O que elas
estavam fazendo lá em cima?
Ele estava prestes a comentar quando Yvette entrou correndo.
- Onde está a minha esposa? - Edwin perguntou, procurando pela moça
que o deixava louco, mesmo quando não estava por perto.
Yvette sorriu. - Ela vai descer em breve. Mas Jeremy e eu estamos indo
para Londres.
- O quê? - Disse Jeremy. - Mas acabamos de chegar!
- Sim, e nós interrompemos a lua de mel deles. Então agora estamos saindo
de novo.
Edwin não sabia o que fazer com isso. Clarissa tinha dito alguma coisa
para a sua irmã? Ou Yvette, como sempre, era simplesmente melhor em ler
pessoas e situações do que ele?
Jeremy franziu o cenho. -Assim mesmo? Sem jantar? Nós ainda nem
almoçamos!
- Tudo bem se você quiser ficar um pouco mais - Edwin acrescentou, tendo
pena do seu cunhado. - Mantemos o horário do campo, então você ainda tem
muito tempo para jantar e voltar para a cidade antes que seja tarde demais. Acho
que Clarissa já disse a Cook para esperar mais dois.
Yvette começou a calçar as luvas. - E eu disse a Cook que não estaríamos
aqui. Então está resolvido.
- Mas… mas… - Jeremy balbucionou.
- Cook já preparou uma refeição leve de frios para nós - continuou ela com
naturalidade, - incluindo algumas de suas tortas de maçã especiais.
Isso trouxe uma mudança no rosto de Jeremy. - Tortas de maçã frescas,
hein? - Ele se levantou. - Você deveria ter mencionado isso no começo.
- A nossa cozinheira realmente faz tortas de maçã excecionalmente boas -
disse Edwin, ao mesmo tempo em que se levantava, com a cabeça girando com a
súbita mudança de planos.
Jeremy piscou para ele. - Desculpe deixá-lo na mão. Mas eu diria que você
não se importará em ser sentenciado a mais tempo sozinho com a sua adorável
esposa.

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- Não - disse Edwin. Embora, honestamente, ele não soubesse o que fazer
com ela. Especialmente agora.
- Vá em frente, querido - disse Yvette a Jeremy. - Eu vou já em seguida. Eu
só preciso dar algumas palavras com o meu irmão.
Isso não soou bem. Edwin se preparou para qualquer coisa quando ela deu
a volta na mesa. Quando ela simplesmente lhe deu um beijo na bochecha, ele
soltou um suspiro aliviado. - Estou feliz que você esteja de volta à Inglaterra - ele
admitiu.
- Eu também senti a sua falta. E de Clarissa. - Ela pegou a mão dele. – Seja
cuidadoso com ela.
- Claro - ele disse secamente. - Por que eu seria outra coisa?
- Porque você pode ser, ás vezes, um elefante numa loja de porcelana e
apesar de toda a sua ousadia, Clarissa é a melhor Wedgwood 6. Então trate-a com
luvas de pelica, está bem?
Ele se arrepiou. - Como eu lido com a minha esposa não é da sua conta. -
Quando os olhos dela se estreitaram, ele se arrependeu de falar tão bruscamente,
mas caramba, a ideia dela e Clarissa falando sobre as… insuficiências dele, fez o
seu sangue ferver. – Afinal de contas, que disparate ela lhe contou sobre mim?
O seu olhar ficou fechado. - Nada de importante.
- Eu não sou um monstro - ele resmungou.
- Claro que você não é - ela disse suavemente. - E ela certamente não acha
que você seja. – O seu olhar ficou duro. – De qualquer forma, se você arruinar as
coisas com ela, sendo o seu brusco típico, eu nunca vou te perdoar.
Como de costume, Yvette achava que tudo era culpa dele. - Você não disse
algo sobre voltar a Londres?
Perversamente, isso fez a sua metida irmã rir. - Eu vou, eu vou. - Ela se
dirigiu para a porta. - Eu entendo que Lady Margrave está fazendo uma grande
festa para celebrar o seu casamento, e Jeremy e eu estamos convidados. Então
eu te vejo lá numa semana.
O pensamento de quão extravagante a festa que a mãe de Clarissa
provavelmente estava planejando, o fez estremecer. – Mal posso esperar - disse
ele sarcasticamente.
Yvette parou na porta, os olhos brilhando para ele. - E Clarissa estava
tentando me dizer que você poderia ser divertido. Eu deveria saber melhor do que
acreditar nela.
No momento em que suas palavras foram registradas, sua irmã já tinha
saído para o corredor.
6
Marca de porcelana de qualidade.

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- Espere! - Ele gritou enquanto corria atrás dela. - Clarissa realmente disse
que eu era divertido?
Tendo chegado à porta de entrada, Yvette fez uma pausa para lhe dar um
beijo. - Vejo você na próxima semana! - Então ela se foi.
No momento em que ele saiu, a carruagem já estava se afastando, com ela
acenando para ele pela janela.
Depois de ver a carruagem desaparecer na estrada, ele caminhou
lentamente de volta para a casa. Diabos. O que mais Clarissa havia dito a sua
irmã? Se ela tivesse falado das suas relações íntimas… ou da falta delas? Ela
teria revelado o que ele tinha deixado escapar sobre a mãe?
Deus. Não havia como saber. Aquelas duas eram unha e carne.
Enquanto estava na entrada, ele olhou para o relógio. Um par de horas até
o jantar. Ele meio que tinha a vontade de dizer a um criado que não estava bem,
e retirar-se para o seu quarto para beber até ao esquecimento, pelo resto do dia.
Mas ele não era um covarde. Certamente ele poderia suportar uma noite de
bate-papo educado com sua esposa. Ele simplesmente colocaria em sua mente a
lembrança de quão suave ela tinha sido antes, quão doce e sedosa a pele ao longo
de suas coxas…
Diabos o levem. Agora ele desejava que Keane e Yvette tivessem escolhido
ficar.
Ele voltou ao seu escritório para lidar com alguma correspondência. Talvez
isso o fizesse esquecer ela, até que ela descesse para se juntar a ele para um
drinque antes do jantar, como eles tinham começado o hábito de fazer.
Ou ela faria o papel de covarde e não viria jantar? Ele não tinha certeza do
que queria.
Algum tempo depois, ele estava imerso em escrever uma carta ao conselho
da Preston Charity School quando uma voz soou da porta.
- Eles foram embora, penso eu?
Clarissa estava aqui. - Sim, eles foram embora. - Ele forçou um sorriso
educado em seu rosto enquanto se levantava. - Eles estavam…
Ele esqueceu o que quer que estivesse dizendo, apenas ficou boquiaberto.
Porque, de pé na porta, estava a sua esposa num par dos seus velhos calções, de
quando ele era um rapaz de doze anos.
Sobre eles, ela usava a sua velha camisa branca sem gravata, desabotoada
quase até o V da abertura; o seu velho colete bordado, desabotoado; e o seu velho
fraque. Foi a coisa mais erótica que ele já viu em sua vida.
Deus salve sua alma.

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- Não fique aí com a boca aberta, Edwin. - Ela sorriu hesitante quando ela
entrou. - Você atrairá moscas.
Ele não conseguia parar de olhar, não conseguia parar de imaginar o que
estava por trás daqueles calções. - O que você está fazendo? - Ele latiu.
- Pagando a minha dívida. Você ganhou o nosso desafio esta tarde. Ou você
esqueceu?
- Eu… eu… sim. Ele engoliu em seco. - Eu esqueci.
Oh, Deus, o que ele estava pensando? Ele devia ter ficado maluco. Agora ele
tinha uma noite de tortura à sua frente.
Depois do piquenique desastroso, ele não esperava que ela "pagasse a sua
dívida", especialmente com as coisas tão incertas entre eles.
Ele franziu o cenho. A menos que ela tivesse feito isso de propósito, para
excitá-lo. O que não fazia sentido. Ele tinha sido muito claro sobre o porquê de os
homens gostarem de mulheres em calções, e ela tinha sido muito clara sobre não
querer que ele a levasse para a cama.
Como se ela seguisse o curso de seus pensamentos, sua expressão se
tornou autoconsciente. – Eu… hum… teria abotoado o colete, mas ele
simplesmente não fecha sobre os meus… mm …
- Belos atributos? - Ele disse secamente.
Ela corou. - Exatamente. Eu mal consegui vestir as calças também. Você se
transformou num homem tão alto e de peito largo que isso foi tudo que eu pude
achar no qual eu não estou nadando, infelizmente.
- Sim, muito infelizmente, de fato - ele murmurou. Cada centímetro do seu
traje era apertado o suficiente para mostrar… vários dos seus "belos atributos". -
Sem gravata, pelos vistos.
- Eu desisti de descobrir como dar o laço numa. - Um sorriso tímido tocou
os seus lábios. - Além disso, imaginei que você gostaria mais do conjunto sem
uma.
- Não posso imaginar por que você pensaria isso - ele disse com voz rouca
enquanto fixava o olhar em sua camisa. Ela não parecia ter um espartilho por
baixo. Ou talvez ele simplesmente imaginou que podia ver seus mamilos. – Onde
você encontrou as roupas?
- Num antigo baú.
Ela caminhou até à garrafa de vinho perto da janela, dando-lhe uma visão
completa do seu sedutor traseiro. Aqueles calções estavam tão apertados que ele
poderia fazer saltar um xelim neles. Teria ela conseguido colocá-los em cima das
suas roupas interiores? Ou ela estava realmente nua por baixo?

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Olhando de volta para ele, ela perguntou -Vamos tomar nosso copo
habitual de Madeira?
- Sim. – Acompanhado de relações sexuais, se você não se importa. Diabos.
Como ele conseguiria passar essa noite?
Ela serviu dois copos. - Você não se importa que Yvette e Jeremy tenham
saído tão cedo, pois não?
- Não. – Ele a observou quando ela veio em direção a ele. - Porquê? Você se
importa?
- Certamente que não. Embora eu tenha gostado da minha conversa com
Yvette.
Isso chamou a sua atenção. Quando ela lhe entregou o copo, ele disse: -
E… mmm … o que vocês duas discutiram?
Olhando para o copo, ela disse - Eu contei a ela tudo sobre Durand e por
que tínhamos que nos casar. Ela acha que ele é louco.
- Ele é. Embora seja uma espécie astuta de loucura.
Ela assentiu. - Yvette concordou em me escrever, sobre qualquer fofoca que
ouvir sobre ele.
- Isso é bom. - Edwin bebeu o seu vinho e foi buscar outro. Era a única
maneira de ele passar as próximas horas com ela parecendo assim.
Clarissa não pareceu notar. - Eu não mencionei o aspecto da chantagem
para ela. Eu não tinha a certeza se você gostaria que ela soubesse disso. Tinha
razão?
Ele se forçou a se concentrar no assunto em questão. - Sim. Eu prefiro não
me preocupar com ela até que seja necessário.
- Ocorreu-me, porém que… bem … - ela brincou com o copo. - Eu me
perguntei se talvez a chantagem tivesse algo a ver com o que você mencionou esta
tarde. Sobre a sua mãe. E o ataque dela.
Ele congelou, a meio de deitar mais vinho para ele. Deus, ele nem sequer
considerou que ela poderia pensar isso. - Não. De modo nenhum. Algo totalmente
diferente. - Para dentro foi o seu segundo copo de Madeira.
Quando ele não disse mais nada, ela perguntou: - Você vai me falar sobre
isso?
Caramba. A última coisa que ele queria explicar agora, era a espionagem do
seu pai. - A chantagem, você quer dizer?
- Não. A agressão a sua mãe.
Isso o apanhou de surpresa. Ele a encarou, estreitando os olhos. - Porquê?

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Ela engoliu em seco. – Porque… bem… parece ter afetado você
profundamente e gostaria de saber o que aconteceu.
Ocorreu-lhe que poderia haver razões mais profundas para o pedido dela. O
que Yvette disse? Trate-a com luvas de pelica.
Talvez esta fosse a maneira de fazer isso. Mostre a ela os seus segredos
mais sombrios, para que ela possa mostrar os dela. Ele se aproximou. - Se eu
falar, você vai me dizer por que você se afastou de mim?
Ela piscou, depois balançou a cabeça.
- Muito bem. - Ele apontou para a cadeira em frente à mesa. - Mas é
melhor você se sentar. Não é uma história bonita.
Com essas palavras, Clarissa sentiu um súbito mal-estar no estômago. Mas
isso era o que ela queria, saber o que tinha acontecido com a mãe dele e como
isso poderia afetar os seus sentimentos em relação ao que tinha acontecido com
ela. Que ela agora prometeu contar a ele, e não tinha certeza se deveria.
Mas isso não poderia continuar. Ela poderia muito bem acabar com isto.
Edwin foi fechar a porta do escritório, provavelmente para que os
empregados não ouvissem, e depois foi se servir de um terceiro copo de Madeira.
Clarissa franziu a testa. Ela nunca tinha visto ele tomar mais do que um antes, e
isso a preocupava. Pelo menos ele só tomou um gole, como se estivesse ganhando
tempo.
Quando ele falou de novo, a sua voz foi cuidadosamente calculada. -
Aconteceu quando eu tinha oito e Samuel seis anos. Papai tinha acabado de sair
para ir à cidade uma tarde, então estávamos brincando no armário do andar de
baixo, tendo escapado da nossa sesta. O mais antigo amigo do pai veio visitar-nos
e, assistimos do nosso esconderijo, enquanto a mãe o convidava a sentar-se com
ela na sala de visitas, enquanto esperava que o pai voltasse.
As suas costas endureceram. - Nós não conhecíamos muito bem o homem -
ele acabara de voltar de uma longa viagem à América. Mas mamãe o conhecia
antes que ela e papai se casassem, e pareciam cordiais. - Bebeu um pouco de
Madeira. - De qualquer forma, Samuel e eu nos envolvemos numa discussão tola
sobre alguma coisa, e já que sabíamos que minha mãe estava na sala de visitas,
corremos para lá, para que ela resolvesse.
Uma respiração trêmula escapou dele. - Levou um momento para
registrarmos o que estávamos vendo. No começo, parecia que o homem e a mãe
estavam brincando no sofá, lutando como Samuel e eu estávamos acostumados.
A sua voz ficou embargada. - Mas então eu percebi que a boca do homem estava
sufocando a da mãe, e ele estava segurando-a enquanto puxava as saias dela
para cima. Ela bateu nas costas dele, mas embora ela não fosse exatamente uma
mulher pequena, ela não conseguia tirá-lo de cima dela.

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Clarissa sabia em primeira mão o que era isso, ter um homem que era mais
forte e mais feroz em cima dela e não ser capaz de se libertar. Só de ouvir a
descrição de Edwin fez as mãos dela ficarem úmidas e a boca seca.
Ele limpou a garganta. - Samuel apenas ficou lá, incapaz de compreender o
que estava acontecendo, mas eu não ia deixar que o “amigo” do pai a
machucasse, então eu implorei para ele parar.
Girando para encará-la, ele olhou cegamente para ela com uma expressão
assombrada. - O bastardo colocou a mão sobre a boca dela e me disse que eles
estavam jogando um jogo de adultos, e que eu deveria voltar para a minha babá.
Mas eu vi o terror gritante nos olhos dela, as lágrimas escorrendo por suas
bochechas. Então eu me lancei para ele, determinado a tirá-lo de cima dela.
A sua mão tremia quando ele levou o copo aos lábios e bebeu
profundamente. - Ele teve que deixar o seu ataque para lutar comigo, e então ele
teve que lutar contra nós dois, e nós fizemos tanto barulho que o nosso velho
mordomo veio correndo. Isso acabou tudo. - O gelo brilhou em seus olhos. - Ou
melhor, isso acabou com o ataque físico. O ataque ao seu carater durou o resto
do casamento dos meus pais.
O seu coração afundou. - O que você quer dizer? O homem tentou estuprá-la!
- Mas ele disse ao nosso mordomo que mamãe tinha encorajado os seus
avanços e depois ficou constrangida quando surgi sobre eles. Que eu entendi mal
o que estava acontecendo. E o nosso maldito mordomo, que nunca aprovou
realmente a Mãe, acreditou nele e concordou em ficar quieto sobre isso. Então o
amigo do Pai levou a mim e á minha mãe a um canto e disse que, se disséssemos
a mais alguém sobre isso, ele a descreveria como uma prostituta.
Com uma maldição feia, Edwin atirou a taça de vinho na lareira,
assustando-a com sua raiva. Ela assistiu com o coração na garganta enquanto
ele andava diante dela, a sua mandíbula apertada. - Mãe, no entanto, não estava
para isso. Assim que o desgraçado saiu e o meu pai voltou para casa, ela contou
em lágrimas o que tinha acontecido. Então papai saiu para confrontar o seu
amigo, que aparentemente elaborou uma história da carochinha, alegando que
Mãe tentara várias vezes seduzi-lo anteriormente.
- Aquele canalha! - O pensamento da pobre Lady Blakeborough sendo
falsamente difamada fez o seu estômago revirar. – Mas… mas com certeza o seu
pai não acreditou naquele homem horrível.
- Eu gostaria de poder dizer que ele não fez. - Edwin esfregou as mãos
sobre o rosto. - Mas eles foram amigos a vida toda, e o homem foi inteligente o
bastante para brincar com o ciúme do pai e com o fato de a mãe sempre ter
atraído os olhares dos homens. Então o meu pai voltou para casa e interrogou o
mordomo, eu e Samuel.
Ele bufou. - Samuel era inútil - ele dizia que os dois estavam jogando. Eu
disse ao pai que não tinha sido um jogo, mas um ataque. Isso não importava

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muito quando o nosso mordomo disse que ele viu a minha mãe de pé em roupas
desordenadas, parecendo corada e agitada, enquanto eu gritava com o amigo do
pai. Tudo isso era verdade. Mas tudo isso também poderia corroborar a história
do seu agressor.
- Se alguém estava predisposto a acreditar no desgraçado - o que seu pai
certamente não deveria ter estado.
- Infelizmente ele não concordou com você. - A voz de Edwin ficou fria. - Ele
acreditou no mordomo. Pai disse que éramos crianças e não entendíamos que a
nossa mãe estava sendo uma prostituta. Por que outra razão ela convidou o
homem para a sala sozinha, afinal de contas?
- Porque ela estava sendo uma anfitriã educada? - Clarissa disse, irada em
nome de sua mãe. - Porque o homem era supostamente amigo do seu pai?
- Pai não viu desse jeito. Ele via isso como culpa dela, e o casamento deles
nunca mais foi o mesmo. Embora ele tenha afastado o amigo porque o homem
"aceitou os avanços de sua esposa", ele também se retirou da mãe e alegou que
ambos o haviam traído. Se ela não estivesse nos inicio da gravidez de Yvette,
quando aconteceu, suspeito que a minha irmã nunca teria nascido.
- Isso é chocante! Como ele ousou acreditar naquele desgraçado em vez da
sua mãe? - Pelo menos Niall tinha percebido a verdade sobre o que tinha
acontecido com ela, nunca duvidou da sua palavra por um momento.
Quando ele não disse mais nada, ela o olhou cautelosamente. – Você…
você não chegou a concordar com seu pai quando era mais velho, não é? Culpar a
sua mãe pelo… pelo…
- Claro que não - ele disse. - Eu podia ser uma criança, mas eu conseguia
dizer que ela não queria o que aquele bastardo estava tentando fazer, mesmo que
o pai fosse burro demais para perceber isso. Meu pai partiu o coração dela. Eu
podia ver a dor em seus olhos sempre que ele estava frio com ela, ouvi-la chorar à
noite quando ela achava que ninguém sabia. E com o passar dos anos, pude vê-la
ficar endurecida com isso.
A sua expressão estava perturbada. - Ela morreu sem ele ao seu lado,
porque o homem que alegou casar com ela por amor a culpou pelo ataque
daquele bastardo. Por isso é que o meu pai nunca esteve por perto, porque as
suas viagens a Londres ficaram cada vez mais longas.
- Oh, Edwin, sinto muito. Que coisa terrível ter que guardar dentro de você.
É por isto que você sempre foi tão rigoroso com Yvette, sobre o que as mulheres
deveriam e não deveriam fazer ...
- Sim. Porque eu sei que alguns homens usarão qualquer desculpa para
justificar ferir uma mulher. - Ele trancou o olhar com o dela. - É melhor que as
mulheres reduzam as suas liberdades do que acabem feridas e traídas.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- É melhor que os homens parem de machucar as mulheres - ela respondeu
ferozmente. - É melhor que as pessoas parem de permitir, tolerar e desculpar.
Isso o fez parar. - Sim. Você está certa. Essa seria a melhor alternativa.
Infelizmente, nós não vivemos em tal mundo. - Ele se aproximou dela com uma
expressão séria. - Mas eu acho que você já sabe disso.
Oh, Senhor, a hora chegou. Ela tinha que contar a ele. Olhando para longe,
ela murmurou: - Sim.
Uma respiração trêmula escapou dele. - Algum homem te machucou, te
assustou tanto que, desde então, você tem tido dificuldades em ser tocada
intimamente.
Ele falou as palavras tão gentilmente que fez as lágrimas entupirem sua
garganta. - Sim.
Chegando ao lado dela, ele segurou a sua bochecha. - Ele tentou fazer com
você o que aquele filho da puta tentou fazer com a minha mãe.
Incapaz de suportar a sua simpatia, na qual ela não confiava muito, ela se
afastou e virou as costas para ele. - Ele não tentou. -Senhor, mas era difícil dizer.
Especialmente para Edwin. - Ele conseguiu.
O longo silêncio atrás dela a fez estremecer. Então ele soltou a respiração
num whoosh. - Você está dizendo que algum homem…
- Eu estou dizendo que sou uma mulher arruinada. Que anos atrás, um
pretendente meu, apanhou-me sozinha e… tomou a minha inocência. - Agora que
as palavras estavam saindo dela, ela não conseguia pará-las. - É por isso que eu,
como você diz, afasto-me de você. É por isso que os meus pesadelos, que eu lutei
tanto para extinguir, explodiram novamente recentemente.
Ela podia sentir o seu olhar perfurar as suas costas. - É por isso que eu…
não queria casar com você ou com qualquer outra pessoa. - A amargura se
insinuou em sua voz apesar das suas tentativas de anulá-la. - Porque eu não
queria passar a minha vida como sua mãe, casada com um homem que me
desprezava porque eu deixei algum patife me atacar.

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Vinte

- Deixar? Nenhuma mulher escolhe isso - disse Edwin em voz baixa,


determinado a banir a amargura da sua voz. - E eu não te desprezo. Eu nunca
poderia desprezar você.
Os seus ombros tremeram violentamente, mas quando ela falou
novamente, seu tom ainda era duro. - Talvez você tenha me entendido mal. Eu
não sou casta. Eu me deitei com outro homem.
- Eu entendi você. Eu simplesmente não dou a mínima.
Curiosamente, era verdade. Mesmo quando menino, ele não entendia a
ideia de ser possessivo em relação a outra pessoa. A escravidão foi banida na
Inglaterra; as pessoas deviam pertencer a si mesmas e a mais ninguém. Não
importa o que a lei dissesse, nunca fizera sentido para ele que as mulheres
fossem negociáveis.
E depois da traição do pai á sua mãe, ele entendeu ainda menos. O amor
deveria significar, aceitar e confiar no objeto do nosso afeto acima de todos os
outros, não é? Em vez disso, parecia uma espécie de licença para maltratar
alguém.
Então não, ele não se importava que ela fosse impura. Mas isso não
significava que ele não se importasse com o ocorrido, e mil sentimentos estavam
rugindo por ele. Frustração, porque ela sentiu que não podia lhe dizer isso antes.
Alívio, de que não era ele em particular que a assustou. Fúria, que algum
bastardo a machucou.
Horror que ela viveu com esse peso em sua alma por anos.
Anos? Como poderia ser?
- Quando isso aconteceu? - Ele perguntou. Ele precisava de informações
para poder ajudá-la. Dada a raiva e beligerância em seu tom, ele poderia
facilmente dizer a coisa errada, fazer a coisa errada. E qualquer passo em falso,
como um sino levemente tocado, poderia ressoar no seu futuro por um longo
tempo. – Há quanto tempo?
- Sete anos, mais ou menos - ela cortou. - Durante a minha estreia.
O seu coração se apertou no peito. Que coisa terrível para uma jovem
mulher suportar durante o período que deveria ser sua entrada triunfante na
sociedade. - Quem era o homem?
Ela endureceu. - Por que você quer saber?

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- Então eu posso matá-lo por te machucar.
As suas palavras duras fizeram com que os seus ombros rígidos relaxassem
um pouco. -Você está muito atrasado. Meu irmão já fez isso.
Diabos. - Niall? - Então ele percebeu - O duelo. Oh, Deus, foi por causa
disso que o duelo aconteceu.
Ela assentiu.
De repente, várias coisas se encaixaram. Por que as circunstâncias do
duelo tinham sido mantidas tão misteriosas? Por que Clarissa nunca falou sobr e
isso se pudesse evitar? Por que ninguém parecia saber, por causa de que mulher,
as duas partes tinham lutado.
Mas agora Edwin sabia quem era o seu agressor. - O honorável Joseph
Whiting. Maldito bastardo. Não é de admirar que Niall o tenha matado.
A veemência em sua voz a fez girar sobre ele com um olhar de surpresa. -
Você conhecia o Sr. Whiting?
- Eu conhecia. Não muito bem, mas ele frequentou a escola com Samuel.
Ele achava que era um presente de Deus para as mulheres. E, pelo que me
lembro, várias mulheres também pensavam assim, apesar da sua reputação
como caçador de fortunas. Ele era um homem muito bonito com uma língua
elegante.
Os lábios dela se apertaram numa linha. - Sim ele era. E eu era uma garota
estúpida e tola que se apaixonou pelos seus… avanços suaves.
A auto-aversão em sua voz o perfurou. - Você mal tinha dezoito anos, o tipo
de inocente que homens como Whiting atacam. Ele era mais velho, mais
experiente, e um terceiro filho com uma pequena mesada, procurando uma linda
herdeira para se casar. - Ele estendeu a mão para acariciar a sua bochecha,
aliviado quando ela o deixou.
- Eu diria que o ataque dele fazia parte do seu plano de forçá-la a se casar.
Estou certo? Você sabe?
Tirando a mão dele da sua bochecha, ela agarrou-a na dela como se
estivesse aguentando com unhas e dentes. - Você está certo. E, ironicamente, é
provavelmente por isso que as fofoqueiras nunca ouviram falar da minha… ruína.
- Como é isso?
Ela baixou o olhar para o peito dele. - Na noite em que o sr. Whiting tirou a
minha inocência, Niall descobriu-nos quase imediatamente depois que aconteceu.
O Sr. Whiting imediatamente se ofereceu para casar comigo, mas Niall podia me
ver ali chorando e chorando... sangrando e rasgada, então ...
- Rasgada? – Raiva atravessou-o. - Quão mal? Onde?

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Ela olhou para ele, claramente assustada. - Você sabe onde. Lá em baixo. A
maneira como todas as mulheres sangram e rasgam quando elas… fazem isso.
Todas as mulheres? Oh Deus. A situação podia ser mais complexa do que
ele pensava inicialmente. E se ela não tivesse medo de ir para a cama, mas de se
machucar?
O pensamento fê-lo querer dar um soco em alguma coisa.
Mas ele controlou a sua raiva, para que ela não achasse que estava
direcionada a ela. Ele devia deixá-la terminar a sua história. Uma vez que ele
tivesse todos os fatos, ele poderia procurar entender o quanto ela tinha sido
"rasgada".
- Vá em frente, então - disse ele, apertando a mão dela entre as suas. - O
que seu irmão fez quando Whiting se ofereceu para se casar com você?
- Niall não queria ouvir isso. Furioso, ele desafiou o sr. Whiting para um
duelo ao amanhecer. Ela engoliu convulsivamente. - Sr. Whiting aceitou o
desafio, mas disse que Niall cairia em si pela manhã e perceberia que o
casamento era a minha única escolha. Que se ele não o fizesse, o Sr. Whiting iria,
alegremente, atirar nele e superar quaisquer objeções da família.
- Bastardo. - Estava ficando mais difícil a cada minuto para ele controlar a
raiva do seu atacante. - Isso foi uma chantagem tão ruim como qualquer outra
que Durand fez.
Ela assentiu. - Eu quase acho, que o conde aprendeu os seus truques com
o Sr. Whiting, exceto que eles não poderiam se conhecer. O Conde Durand estava
em Paris com sua família há anos, na altura, e Whiting nem podia se dar ao luxo
de ir a Brighton, muito menos a França. - Ela abaixou a cabeça. - Eu… pareço só
atrair homens que não aceitam um não como resposta.
- Isso é um absurdo. Você atrai homens com uma queda por mulheres
bonitas, como eu e todos os imberbes que estavam flertando com você no teatro,
e metade dos homens do mundo. Você apenas se deparou com alguns maus
exemplos. Muito maus exemplos, infelizmente.
- Pelo menos a chantagem de Mr. Whiting não funcionou - disse ela. - Niall
era melhor atirador do que o canalha pensava. Então, depois que ele matou o Sr.
Whiting, fugiu da Inglaterra.
- Isso é uma coisa que eu não entendo. A simpatia pública teria estado do
lado de Niall durante qualquer julgamento. Ele provavelmente teria sido
absolvido. Raramente eles condenam um par de assassinato no caso de um duelo
de honra, especialmente quando envolve um membro da família.
Com um aperto de mão, ela se soltou para ir até a janela. - Eu sei. Não foi o
medo de se enforcar que levou ao seu exílio. Ele fugiu da Inglaterra por mim.

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A razão o atingiu como um martelo. - Porque um julgamento envolveria
você dizendo ao mundo o que aconteceu.
Ela assentiu. - Papai e a mãe viúva de Whiting concordaram que nenhuma
das duas famílias estaria bem servida se se soubesse que eu era o motivo do
duelo. Aparentemente, o Sr. Whiting já lhe tinha dito que estava se antecipando a
casar comigo, então, depois disso, papai teve que convencê-la a não falar sobre
isso para proteger a minha identidade. Ela concordou em obedecer, já que, disse
que tinha passado antes por este tipo de… problemas com o seu filho e mulheres
jovens.
- Como o meu pai com Samuel.
Ela assentiu.
- Mas os amigos dele sabiam que isso envolvia você, com certeza.
- Não. O Sr. Whiting não lhes contou, apenas disse que ele e Niall estavam
brigando por uma mulher.
- Estou surpreso. Era de pensar que ele teria se gabado da sua conquista
para os seus amigos de antemão.
- Dado o que o Sr. Whiting dissera à mãe, papai presumiu que, no
momento do desafio, o Sr. Whiting ainda esperava ganhar a minha mão e, assim,
a minha fortuna. Caluniar a sua futura esposa não teria se encaixado em seus
planos para, eventualmente, fazer uma boa figura na sociedade com a filha de um
conde pelo braço. Na manhã do duelo, o Sr. Whiting aparentemente só perguntou
se Niall tinha mudado de ideia, e quando Niall disse que não, eles lutaram. E
para surpresa de todos, Niall venceu.
- Graças a Deus.
- Não! - Ela se virou para enfrentá-lo, com lágrimas nos olhos. - Quero
dizer, sim, eu fiquei feliz que Niall não tenha sido morto, mas eu implorei para ele
não lutar em primeiro lugar. Eu disse a ele para deixar papai lidar com isso, mas
ele não iria ouvir. E quando acabou e ele e papai concordaram que Niall deveria
fugir para me proteger, eu… Eu implorei a ele para não fazer isso também.
- Porquê?
- Porque agora ele nunca pode voltar! Ele não vai arriscar me fazer passar
por um julgamento. Ele e papai mantiveram a coisa toda absolutamente
silenciosa, de Warren, do resto da família, de todos. Eles nem sequer disseram à
mamãe, por medo de que ela deixasse escapar. Se ela descobrir que eu fui a
causa do exílio do filho ...
- Você não foi a causa do exílio de Niall, diabos! - Ele se aproximou para
agarrar as mãos dela. - Whiting foi. O seu irmão fez uma coisa muito nobre
protegendo você depois do fato. E se eu voltar a vê-lo, agradecê-lo-ei por isso.
- Você não entende.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Eu entendo. Você se sente culpada por algo que não foi a sua culpa.
- Mas foi a minha culpa, você não vê? - Lágrimas escorriam por suas
bochechas. - Se eu não tivesse ido para o laranjal com o Vilão Sedutor -
- O Vilão Sedutor?
- Isso é do que eu sempre o chamei na minha cabeça. Eu não posso pensar
nele como uma… como uma pessoa com nome.
- Isso eu posso entender bem - ele disse. - Embora você devesse chamá-lo
de “Vilão violador”. 'Porque é o que ele claramente era.
- Era? - Empurrando as mãos dele, ela virou as costas para ele mais uma
vez. - Eu fui de bom grado com ele. Eu deixei ele me beijar, muito. Como uma
tonta, deixei ele colocar a mão no meu peito.
- Você fez tudo isso comigo e, toda vez que se recusou a ir mais longe,
recuei. Porque é isso que um cavalheiro faz, mesmo com uma mulher que
inicialmente o encorajou. Mesmo com a sua esposa. Um cavalheiro não força uma
mulher. Nunca.
Como se ela nem o tivesse ouvido, ela continuou num tom áspero, - eu
deveria ter lutado com ele mais forte. Eu protestei quando ele começou a levantar
as saias, mas eu não lutei muito até que ele rasgasse as minhas roupas e me
segurasse para baixo e… e se empurrasse para dentro de mim e ...
- Violasse você - Edwin disse ferozmente. A própria ideia daquele
desgraçado arrancando as suas roupas e segurando-a no chão, o fez desejar que
ele pudesse marchar para o inferno e matar o homem de novo. Com os punhos. -
É claramente uma violação para mim. E também era claramente para Niall. E
para o seu falecido pai.
Com um aceno de cabeça, ela colocou os braços em volta da cintura. - Eu
não tenho tanta certeza. Depois que aconteceu, mal conseguiram olhar para mim.
Papai nunca me repreendeu, mas eu tenho certeza que ele me culpou.
- Se ele o fez, então ele estava errado. Mas duvido disso. O Lord Margrave
que eu conhecia nunca teria culpado você. Ele era tão diferente do meu pai
quanto eu sou de Samuel. Ele era um homem de caráter, e se ele não olhasse
para você, é porque ele não aguentava ver você se machucando. Não suportava o
fato de que ele não estava lá para protegê-la.
Desesperada para fazê-la ver, ele veio por trás dela e a puxou de volta
contra ele. - Eu não suporto o fato, de que eu não estava lá para protegê-la, e nem
sabia nada que isto estava acontecendo.
Ela estava chorando agora, embora ele só pudesse dizer por causa da
dificuldade da sua respiração.
Ele a segurou o mais perto que ele ousou, o mais perto que ela permitia. -
Eu vi como você reage a um homem que está se aproximando de você e que fica

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em cima de você, querida. Eu ouvi você gritar depois do seu pesadelo. Se esse não
é o comportamento de uma mulher que foi estuprada, não sei o que é. Eu só
desejava não ter assumido que a sua recusa era devido à sua antipatia por mim.
Talvez então eu tivesse percebido isto antes.
- Eu te disse que não tinha nada a ver com você - disse ela em voz baixa.
- Sim, você disse. Eu simplesmente não acreditei em você. Perdoe-me por
isso. Embora se você tivesse me dito logo de inicio...
- Eu não pude - ela sussurrou. - Eu temia que você me condenasse, me
culparia por… por…
- Ser estuprada? - Isso o feriu na alma. - Suponho que o seu medo não
deveria me surpreender, já que o meu pai condenou a minha mãe, mas achei que
você conhecia o meu caráter melhor que isso. Percebo que você e Yvette me
considerem frio e insensível ...
- Não frio e insensível. - Ela se torceu em seus braços para o ver. - Eu
nunca pensei isso de você, e ela também não. É só que você sempre foi assim…
rígido. Sempre desaprovando o meu comportamento extravagante.
- Porque eu me preocupava com você. - Ele tirou uma mecha de cabelo dos
seus olhos. - Eu sabia o que poderia acontecer com uma mulher espirituosa que
era tão atraente e inebriante. . . e desatenta da sua própria segurança.
- Isso nunca - ela sussurrou. - Desde o dia… do ataque, eu sempre tenho
um olho em quem está atrás de mim e onde eu estou. Eu sempre sei quantas
pessoas estão à distância de um grito, porque… - Ela estremeceu. - Ninguém
podia me ouvir gritar naquele laranjal. Estava muito longe da festa e havia muito
barulho na casa.
Apenas a ideia de ela gritar, e ninguém a vir resgatar, até que fosse tarde
demais, enviou uma flecha de gelo através do seu coração. E lembrou-se dela
gritando na floresta e brandindo a escova de cabelo no teatro. Os sinais estavam
todos lá; se ao menos ele não tivesse estado em sua própria insegurança.
- Oh, querida - disse ele através de uma garganta apertada com tristeza. -
Eu odeio que isso aconteça com qualquer mulher, mas que tenha acontecido com
você, pensar em você se machucar tanto que ainda tem pesadelos sobre isso… -
Ele a agarrou perto. - Eu mal posso suportar o pensamento.
Foi quando ela começou a soluçar. Ela enterrou o rosto no ombro dele e
chorou, enquanto ele só podia segurá-la, acalmá-la com absurdas palavras de
conforto, oferecer-lhe o seu lenço.
Levou um tempo para chorar tudo. Ela praticamente ensopou o lenço
quando se aventurou a falar de novo. Enxugando os olhos, ela ergueu o queixo
com uma sugestão da resoluta Clarissa que ele conhecia.

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- Eu não sei porque estou a ser um… regador - disse ela. - Eu trabalhei
muito duro para parar de ter medo. Eu até consegui deter os pesadelos. Eu só
tive este em alguns anos.
- Na noite em que nos casamos - disse ele com voz rouca. - A noite em que
te encurralei na carruagem.
Ela estremeceu. - Sim, mas… você estava lá depois do pesadelo para
melhorar. - Ela lançou-lhe um sorriso trêmulo. - E eu não tive um desde então.
- Ainda assim, gostaria de ter descoberto a sua dor anos atrás. Eu não teria
sido assim… assim…
- Altivo? Arrogante? - Ela disse acidamente.
- Desaprovador. Sem saber o que você estava sofrendo.
- Estou feliz que você não sabia. - Ela levantou o queixo. - Isso significa que
consegui escondê-lo do mundo.
- Você certamente conseguiu. - Mas agora que ele sabia, ele podia ver o seu
entusiasmo determinado e a sua impertinência pelo que eles realmente eram,
uma tentativa de colocar o passado para trás e provar para si mesma, que ela não
estava mais com medo, da mesma forma que um garoto assobia no escuro.
Ela estava assobiando no escuro há anos. Até que ele veio e forçou-a a
enfrentar o monstro à espreita lá.
O seu olhar caiu para o colete. - Sem dúvida você se arrepende de se casar
comigo, agora que você sabe de tudo.
- Nem por um minuto. Por que eu deveria?
- Porque os homens querem esposas castas.
Ele escolheu as suas palavras com cuidado. - Alguns querem, eu suponho.
Nem todos. Como eu disse, não me importo de um jeito ou de outro.
Especialmente quando a minha esposa não teve escolha no assunto.
- Então você é a exceção à regra - ela disse acidamente.
- Querida, eu sou a exceção à regra em muitas coisas. Não vejo por que isso
deveria ser diferente. - Ele ergueu o queixo. - Exceto pelas suas dificuldades no
quarto, nós passamos um tempo maravilhoso até agora, não passamos?
O seu fraco sorriso animou-o. - Nós passámos. – Então o seu rosto
escureceu novamente, como o sol escondendo-se atrás de uma nuvem. - Mas eu
não sei se posso alguma vez… quero dizer, eu esperava que depois de todos estes
anos, o pensamento de relações conjugais não me assustaria tanto. - Ela corou. -
Eu quero estar com você… Eu gosto de todas as partes iniciais, o beijo e o toque.
É só mais tarde ...

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Está tudo bem, - disse ele, vendo a ansiedade entrar em seu rosto
novamente. – Vamos devagar, passar por isto juntos. - Ele se recusava a
acreditar, que a sua esposa ousada e atrevida, não conseguiria conquistar isto
com uma pequena ajuda.
Ele acariciou sua bochecha. - Diga-me o que fazer para melhorar.
A sua respiração engatou em sua garganta. - Eu não sei. Tudo está bem até
você chegar em cima de mim, e eu me lembro do laranjal e do Vilão Sedutor e
eu… fico um pouco louca.
Pensando em quão bem ela reagiu quando ele ficou atrás dela e debaixo
dela, ele disse: - E se eu não ficar em cima de você?
Ela piscou. - O que você quer dizer? De que outra forma você pode… Nós
podemos?...
Um sorriso triste escapou dele. - Eu esqueço que você ainda pode ser
ingênua e inocente como qualquer virgem.
- Isso não é verdade - ela disse amuando. - Eu sei coisas.
A sua tomada de ressentimento divertiu-o. Ele nunca compreenderia
Clarissa, e não tinha certeza se queria. - Você sabe algumas coisas, sim.
Claramente não outras. Como o fato de que um homem não precisa de estar em
cima de uma mulher para se deitar com ela.
A sugestão de esperança em seu olhar o atingiu no coração. - Não precisa?
- Não, atrevida, não precisa. A mulher pode estar em cima, pode fazer amor
com o homem, tão facilmente quanto ele pode fazer amor com ela.
Ela franziu a sobrancelha como se estivesse tentando resolver isso - Eu não
consigo ver… Eu não entendo ...
- Devo mostrar-lhe?
Ele se arrependeu das palavras quando ela ficou tensa e desviou o olhar. -
Eu não sei…
- Clarissa - disse ele, pegando a cabeça dela em suas mãos e puxando o seu
olhar de volta para o dele. - Nós nunca faremos nada que você não queira.
Podemos parar no meio quantas vezes você quiser…
Ela levantou uma sobrancelha para isso.
- Eu não estou dizendo que isso não vai me frustrar, porque vai. Mas eu
imagino que é tão frustrante para uma mulher não ter uma vida completa e
gratificante com o marido, porque ela tem medo do passado.
- Sim. - Ela endireitou os ombros. - Eu acho que você está certo. E eu
quero filhos, afinal de contas.

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Ela faria isso para ter filhos. De alguma forma isso o deixou triste. Ele
queria que ela fizesse por si mesma. Para ele.
Mas não importa; ele trabalharia com o que ele tinha. - Meu ponto é, temos
muito tempo para fazer isso do jeito que quisermos. Para hoje à noite, tudo o que
peço é, se você me deixar, demonstrar como funciona. Nada mais. Nós não temos
que realmente fazer o que eu te mostro. Ou podemos, e no momento em que você
hesitar, vamos parar. No minuto que você estiver com medo, vamos parar.
O olhar dela ficou duro. - Eu ouvi uma vez, que um homem não pode parar.
Que é quase impossível parar.
Ele bufou. - Isso é uma mentira que homens dizem às mulheres para
ficarem sob suas saias. Eu não parei mais de uma vez? Eu não estava totalmente
excitado esta tarde?
Ela sugou uma respiração irregular. - Sim. Mas você disse que não poderia
continuar passando por isso.
- Eu estava errado. - Ele enterrou os dedos em seu cabelo frouxamente
preso. - Eu posso passar por isso quantas vezes for necessário para deixá-la
confortável. Eu só peço que você fale comigo. Para me dizer o que você está
sentindo, o que você quer, o que você ...
- Beije-me, Edwin. Apenas pare de falar e me beije.
Ele não precisava de outro convite. Ele tomou a sua boca, sentindo-se no
mar. Enquanto ele estava feliz, agora que sabia porque ela tinha fugido dele, era
difícil perceber que ela tanto o queria como temia ele. Ele odiava que ela o
temesse.
Então, quando os seus lábios se separaram para deixá-lo entrar, tocou-o
profundamente. A sua determinada esposa estava sempre disposta a "tentar", e
agora que ele percebia, o quão difícil até mesmo isso era para ela, ele não poderia
sentir-se insultado por isso.
Eles se beijaram, o seu coração trovejando em seu peito, a sua respiração
gaguejando contra a dele. Ela puxou o casaco dele, então ele deu de ombros e
deixou-a desabotoar o seu colete enquanto ele espalhava beijos de boca aberta
por sua bochecha, mandíbula e garganta. Ele tirou-lhe o casaco e o colete,
estranho estar fazendo isso, e depois tirou a blusa dos calções para poder deslizar
as mãos por baixo do linho para acariciar os seios.
- Sim - ela murmurou. - Eu gosto disso. É maravilhoso quando você faz
isso. - Ela puxou a camisa dele e correu as mãos por baixo do tecido e por todo o
peito nu dele. - Você é tão duro, tão forte. Isso me emociona. E me assusta.
- A sua suavidade faz o mesmo comigo. Eu não quero fazer nada para te
machucar.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Você não vai. Na minha cabeça, eu sei disso. - Ela se esticou para dar um
beijo nos lábios dele. -É apenas o meu corpo que não sabe.
- Talvez você deva mostrar ao seu corpo que não há nada a temer. -
Pegando-a pela mão, ele a puxou para o assento da janela que dava para o
jardim. Ele tirou as calças e os calções e sentou-se, deixando a camisa cobrir a
sua ereção. - Quando tenho medo de algo, sempre me ajuda a dar uma boa
olhada nele. Então, talvez, se você der uma boa olhada no meu… er…
- Pau?
Ele piscou. - Você conhece essa palavra?
- Aprendi com as gírias de Yvette. Isso como que os homens chamam ás…
suas coisas, não é? Pau?
- Vulgarmente, sim.
- Então eu vou chamá-lo assim também. - Ela se aproximou para puxar a
camisa para cima, e a sua garganta trabalhou convulsivamente quando o viu
completamente ereto. Mas pelo menos ela não estava se afastando. - E agora que
dou uma boa olhada nisso, não estou surpresa. É um tanto impertinente. E
grande. Não é de admirar que lidar com isso… esta coisa monstruosa, dói. Eu
não sei como outras mulheres aguentam isso.
- Você sofreu mais dor do que deveria. - a sua garganta se apertou. - Doeu
porque Whiting tomou você mesmo sabendo que você não estava pronta.
- Pronta?
Estendendo a mão para desabotoar os calções dela, ele exultou quando ela
não fugiu quando ele os puxou para baixo. Ela até saiu deles.
Como ele suspeitava, ela não usava roupa interior por baixo, mas a sua
longa camisa cobrias as suas partes privadas da vista dele. Talvez estar tapada
aliviasse um pouco os seus medos.
Como um caçador se aproximando de um cervo selvagem, ele enfiou a mão
por baixo da blusa até a junção das suas coxas, onde a acariciou com carícias
lentas e cuidadosas. – Sente essa humidade? É para tornar mais fácil para você
deixar um homem entrar. - Ele mergulhou um dedo dentro, saboreando o seu
suave suspiro. - Eu ouso dizer que Whiting te assustou tanto que qualquer coisa
que estivesse aí como reação aos beijos dele, secou.
- Eu estava muito... aborrecida.
Isso era um eufemismo. Levou toda a sua vontade para manter a expressão
calma e uniforme, em vez de preto com a raiva que sentia toda vez que pensava
em Whiting a devastando.
- Mas o bastardo não se importou e entrou em você de qualquer maneira. É
como quando eu tento encaixar duas peças de um autômato juntas. Se eles não

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estiverem devidamente lubrificados, o atrito dos movimentos pode danificar o
metal. Você não foi "oleada". É por isso que doeu tanto.
Ela piscou. - Oh. Isso faz sentido. Mas as mulheres estão sempre falando
sobre a dor ...
- A primeira vez pode doer para algumas, mas isso é principalmente porque
uma virgem entra na experiência nervosa e com medo. Isso não ajuda. -
Continuando a acariciá-la, ele olhou para o rosto cauteloso. - A natureza criou
homens e mulheres para se encaixarem, querida. Mas temos que querer nos
encaixar. Whiting não esperou que você o quisesse. Eu vou.
- Eu sei. Eu confio em você.
As palavras eram um bálsamo para o seu dolorido coração. - Então eu
posso levantar a sua camisa?
- Eu vou fazer melhor -, ela disse, a sua voz um pouco trêmula. Então ela
puxou-a sobre a cabeça e deixou-a cair no chão.
Ele arrastou uma respiração quente. Ela estava nua, exceto por suas meias
e ligas. E ele nunca tinha visto nada mais adorável em sua vida - pele macia
como alabastro, seios carnudos com pequenos mamilos rosados e uma cabeleira
encaracolada logo abaixo do umbigo.
- Whiting era um idiota - ele disse enquanto bebia. - Atropelar toda essa
beleza gloriosa, mesmo sem ter tempo para explorar.
Um leve sorriso se curvou em seus lábios. - O que significa que você será o
primeiro a explorar. Se você gostar.
O seu pulso triplicou. - Eu gosto - ele disse asperamente. - Eu gosto muito.
- Então vá para ela - ela sussurrou. - Porque eu gosto muito de ter as suas
mãos e boca em mim.

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Vinte e um

Quando ele alcançou Clarissa, o olhar em seus olhos aqueceu o sangue


dela. Que estranho, que parecesse natural estar nua diante dele, ser embrulhada
em seus braços enquanto a sua boca beijava, banhava e lambia os seus seios, a
sua barriga, as suas... partes macias. Que se sentisse quente e dolorida por ele. E
molhada. Muito, muito molhada.
Você não foi "oleada". É por isso que doeu tanto.
Oh, como ela rezou para que ele estivesse certo. Mas Edwin nunca mentia.
Ele era muito prático, até mesmo sobre ela ser impura.
Eu entendi você. Eu simplesmente não dou a mínima.
Ele não dava, pois não? Ele só se importava com o quanto ela tinha se
machucado, e mostrou isso agora ao ser tão terno, fez as lágrimas voltarem, mais
uma vez. - Oh, Edwin… Eu gostaria de ter te dito há muito tempo. . .
Parando para olhar para ela, ele disse: - Você não estava pronta para me
dizer. Eu entendo isso. - Ele se inclinou para lambê-la lá, pondo-a na ponta dos
pés com excitação. Com os olhos brilhando para ela, ele murmurou: - Devo fazer
o que fiz na carruagem?
- Mais tarde - ela respirou. - Eu ainda não tive a chance de explorar você.
Ele deu a ela um olhar inexpressivo.
- Eu quero ver você nu também. Quero acariciar todas as suas partes. - Ela
estendeu a mão para arrastar a camisa por cima da cabeça dele, depois afastou-
se para olhá-lo, mas era difícil vê-lo corretamente quando estava sentado. -
Incline-se um pouco.
Com um levantar de uma sobrancelha imperiosa, ele inclinou-se, deixando
as suas pernas se abrirem, com uma certa insolência, que deveria tê-la alarmado.
Isso não aconteceu. Porque ele estava lá em baixo e ela estava por cima.
E oh meu, quão fascinante isso era. Ela podia olhar para ele o quanto
quisesse sem ter medo de que ele pudesse pular nela. Surpreendentemente
animada, ela varreu o olhar sobre os ombros musculosos, peito e a cintura magra
que já tinha visto, mas não tocado, por medo de provocar a sua luxúria.
Então, mais uma vez, ela avistou o membro grosso que se erguia do ninho
de cachos negros. Ela ainda não via como poderia caber dentro dela, mas tinha
que admitir que tinha uma estranha beleza.

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E a maneira como ele se balançava sob o olhar dela, a fazia querer rir. Mas
ela sabia que Edwin não acharia isso divertido.
O seu olhar continuou para baixo, sobre as coxas bem trabalhadas que ela
ainda não tinha visto, para as bonitas panturrilhas, que sempre pareciam tão
bem em trajes de noite, e então voltou para cima. - Eu posso… tocar-te?
- Deus, sim - ele rosnou. - Então, como se preocupando que estava sendo
muito feroz, ele acrescentou: - Por favor.
Com um pouco de emoção de antecipação, ela se adiantou. Toda a beleza
masculina que ela cobiçava era dela para acariciar sem medo. Ele disse que eles
poderiam parar quando quisessem, e ela acreditou nele.
Incrível como era libertador, saber que poderia recusar se quisesse.
Perversamente, isso a levou a ser mais ousada, a alisar as mãos sobre tudo - os
braços, o peito, as coxas - para apreciar as diferentes texturas de cabelo e pele
lisa e calos ásperos. Sentir os seus músculos flexionando e apertando, sob o
toque dela.
Que maldade deliciosa! E nada parecido como sofrer com as apalpadelas
sórdidas do Vilão Sedutor.
Ela roçou a cabeça do pênis dele, e ele xingou baixinho. Puxando a mão
para trás, ela disse: - Eu não queria machucá-lo.
- Não faz mal - ele disse. - É só que… me faz te querer ainda mais. Talvez
devêssemos voltar a deixar-me explorar você.
De repente, nervosa, mas também intrigada, ela olhou para a forma
masculina dura diante dela. - Ou você poderia me mostrar do que você estava
falando. Mostre-me como uma mulher faz amor com um homem.
Ele ficou quieto. - Eu poderia. - Ele procurou seu rosto. - Se você tem a
certeza.
- Eu tenho. - Ela pensou que tinha, de qualquer maneira.
- Muito bem. -Juntando as pernas, ele se inclinou para pegá-la pelos
quadris e puxá-la para ele. - Vamos começar com você sentada em cima de mim,
nas minhas coxas.
Que curioso. - Assim? - Ela perguntou a medida que se escarranchava, tão
longe de seu pênis, como poderia conseguir.
- Se eu prometer não violentar você, você chegará um pouco mais perto?
Você está machucando os meus joelhos.
- Oh! Desculpe. - Ela se aproximou mais. Agora o seu pênis se levantou
entre eles, apenas escovando seus cachos úmidos. - Eu ainda não vejo como isto
funcionará.

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- Não funciona - ele disse, a sua voz estranhamente tensa. - Mas se você
fosse escolher fazer amor comigo, você colocaria os seus joelhos no assento de
cada lado de mim. Levantando-se sobre eles, você se ajustaria ao meu membro,
lentamente ou rapidamente, como quisesse, mais ou menos como colocar uma
luva na sua mão. Se doer muito, você pode se levantar e sair imediatamente. Se
você achar agradável, você poderia se inclinar mais. Você escolheria o quão longe
dentro da sua luva a minha mão deveria ir.
- Oh. - Então não haveria empurrão e empurrão dentro dela, nada de lutar
contra o peso de um homem em cima dela. Ela olhou para ele com desconfiança.
- Você realmente aceitaria se eu parasse no meio e saísse de você?
- Juro pelo túmulo de minha mãe - ele disse solenemente. - Você vai me ter
totalmente à sua mercê.
- Tudo bem, então - Ela engoliu em seco. - Eu quero tentar isso.
O seu pênis, que estava passando pela discussão, disparou para cima. -
Você quer?
- Eu não posso prometer que aguentarei por muito tempo, mas quero
tentar.
- Isso é tudo o que eu peço.
Com um aceno determinado, ela se ajoelhou sobre ele no assento,
escarranchando os seus quadris. Embora ela tenha entendido as instruções dele,
isso se mostrou mais complicado do que ela esperava.
- Eu posso ajudar - disse ele. - Ou você pode pegar o meu membro com a
mão e guiá-lo.
Isso não lhe tinha ocorrido. Então ela fez isso. Nesse meio tempo, ele
começou a esfregar os seus mamilos com as mãos, fazendo-a se sentir bem…
aquecida, e antes que ela percebesse, ela estava deslizando sobre ele. Para seu
choque, apesar do seu pênis parecer intrusivo dentro dela, não havia dor.
Nenhuma dor de todo. Apenas um pouco de aperto.
O seu olhar voou para ele. – Isto… não magoa!
- Bom. - Ele não disse "eu te avisei" ou "Ta-da!" De fato, ele parecia ter
dificuldade em respirar. Os seus olhos estavam fechados, a sua mandíbula
esticada o suficiente para cortar vidro. - Deus me ajude, atrevida. Você é incrível.
O timbre áspero de sua voz enviou uma emoção feminina através dela, que
a fez relaxar e deslizar um pouco mais. – Eu sou?
- Como seda. Seda quente e envolvente. - Ele deu um movimento ondulante
que o enviou mais para dentro dela, depois cerrou os dentes. - Desculpa. Eu não
deveria fazer isso, eu sei. É apenas… você se sente tão maravilhosa.

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- Você também. Eu acho. - Graças a Deus, Yvette estava certa. A
quantidade de dor, definitivamente dependia da abordagem do homem.
- Você acha? - Ele repetiu, um fio de diversão em sua voz.
Ela se contorceu sobre ele, e o gemido que veio do fundo de sua garganta a
fez se sentir mais viva, mais uma mulher do que se permitiu sentir por anos. - Eu
vou ter que experimentar um pouco mais para ter a certeza. - Ela se acomodou
sobre ele, tentando encontrar uma posição mais confortável.
- Pare com isso. - Seus olhos se abriram. - Deus, por favor, pare.
Ela piscou para ele. - É o que eu costumo dizer. Mas você não pode querer
que eu pare com isto.
- Não “isto ". Isso. Mexer. É apenas movimento suficiente para… me deixar
louco.
- É? - Ela se mexeu um pouco mais. - Que tal isto?
- Não me torture, meu amor. Eu não suporto isto.
- Eu não estou tentando te torturar. Eu realmente não sei o que fazer.
- Certo. Claro. - Ele estava respirando com dificuldade, os olhos pesados de
pálpebras. - Experimente… mexer-se para cima e para baixo.
Para cima e para baixo? Lembrando-se de como o Sedutor Vil tinha dirigido
nela, ela percebeu que isso seria ao contrário, com ela controlando o movimento.
Que intrigante.
- Por favor - ele disse asperamente. - Antes que eu saia da minha cabeça.
- Tudo bem - disse ela, e subiu, e em seguida deslizou para baixo.
Os seus dedos caíram para agarrar os seus quadris. - Sim, querida, sim.
Novamente.
- Para um homem à minha mercê, você é muito exigente - disse ela com
uma fungada, mas fez o que ele pediu.
Desta vez, ele deu um gemido baixo de puro prazer. Foi muito gratificante.
E o movimento para cima e para baixo também era bom para ela. Bastante
agradável. Então ela fez isso de novo. E de novo.
Ficou mais fácil a cada vez. E quando ele começou a tocá-la onde eles
estavam juntos, ela sentiu aquele rápido salto de sensação que ela sentiu quando
ele teve sua boca nela na carruagem. - Oh, Edwin… Oh meu …
Ele a beijou profundamente, ferozmente. Ele começou a empurrar dentro
dela também, mas ela gostou disso. Isso deu a ela uma ideia do ritmo adequado.
E quando ele bateu nela de uma certa maneira. . . foi glorioso. Absolutamente
glorioso.

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Céus isto não era o que ela esperava. Sem dor… sem medo. Apenas Edwin
abaixo dela, ondulando nela, fazendo-a querer devorá-lo, engolfá-lo, mostrar a ele
que ela realmente era sua noiva. Sua mulher. A esposa dele.
- Você é meu... agora... Edwin Barlow. - ela disse enquanto se agarrava a
seus ombros, montando-o mais rápido, mais duramente. - Meu marido. Para
sempre.
- Minha esposa. - ele engasgou, o rosto iluminado. - Para sempre.
Soava como uma promessa. E agora aquele sentimento corrente estava se
construindo lá em baixo, em sua barriga, e as suas unhas se cravaram nos
ombros dele e ela se sentiu como se estivesse correndo pelos terrenos a cavalo,
em completo abandono... se aproximando do maior salto de todos. Aquele que iria
levá-la aos céus... ardendo lá... mal fora de alcance...
- Sim... mais... - Ela gritou quando seus movimentos chegaram a um passo
febril - Sim, meu querido, sim!
Ele dirigiu-se para cima e derramou-se dentro dela.
- Clarissa... Minha Clarissa!
Meu.
Com esse pensamento exultante, ela atirou-se sobre a lua e as estrelas.

Levou algum tempo para Edwin recuperar os sentidos, especialmente com a


sua adorável esposa envolta luxuriosamente sobre ele.
Isso foi incrível. Ela foi incrível. E ele não podia acreditar que finalmente a
fez dele. Graças a Deus não demorara um ano; ele nunca teria durado tanto
tempo. Ele teria tido que ir viver com os monges por um tempo.
Ele acariciou o cabelo dela, que tinha se soltado bem espetacularmente no
meio do frenesi deles. Ele cheirava a lilases e lavanda. Tão doce.
- Está ficando escuro lá fora. - Clarissa murmurou.
Ela estava em uma posição da qual conseguia ver pela janela atrás dele.
Felizmente, nenhum dos servos iam ao jardim neste momento do dia. Eles
estavam muito ocupados se preparando para o jantar.
Ainda assim...
- Não vai demorar muito antes que possamos ser vistos facilmente do
jardim. A menos que um de nós se levante para apagar a vela.
Ela recuou para jogar-lhe um sorriso sensual.
- Isso é uma dica de que eu deveria me mover? Sou muito pesada para
você?

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- Dificilmente. - Ele a tirou de cima dele. - Embora você seja mais pesada
do que eu teria esperado para uma mulher tão pequena. -Quando ela riu, ele
percebeu que provavelmente não deveria ter sido assim tão honesto. - Quero
dizer...
- Não meça as suas palavras comigo. - disse ela enquanto se levantava. -
Você é provavelmente o único homem que conheço que teria sido compreensivo
com as minhas... dificuldades como você foi. Além disso, prefiro a sua rudeza em
qualquer dia em vez de um monte de elogios insinceros.
- Fico feliz em ouvir isso. Porque claramente eu sou muito ruim em dá-los.
Ela riu. Enrolando-se numa bola no assento da janela, ela observou
enquanto ele ia até a mesa completamente nu.
- Você é um homem muito bonito, Lord Blakeborough. E estou sendo
absolutamente sincera.
Ele apagou a vela.
- Continue dizendo coisas assim, Lady Blakeborough, e eu vou querer
arrebatá-la novamente.
Ela ficou em silêncio. Quando ele percebeu o que dissera, ele lançou a ela
um olhar preocupado, mas ela tinha um olhar sonhador.
- É uma pena que não foi você a me seduzir naquele laranjal anos atrás.
Certamente era. Quão diferente as suas vidas teriam sido. Mas...
- Nunca teria sido eu. - Ele vasculhou as suas gavetas. - Cavalheiros não
seduzem jovens damas. Eles as cortejam, asseguram seus afetos, e então
propõem.
Um brilho súbito nos olhos dela foi todo o aviso que ele teve antes que ela
se levantasse para andar na direção dele com o mais sedutor caminhar.
- Então você não acha que eu poderia ter lhe tentado para me seduzir?
A sua garganta ficou seca ao vê-la tão desarrumada e encantadora.
- Tentado? Sim. - Ele a puxou para os braços para um beijo profundo, em
seguida, recuou para olhá-la no rosto. - Mas eu nunca teria agido de acordo.
O sorriso dela vacilou.
- Tem a certeza que não o incomoda que eu... não sou...
- Não. - Ele beijou a ponta do nariz dela. - Eu estou muito feliz com a
minha escolha de esposa.
Ela olhou-o de soslaio.
- Mesmo que eu seja temerária e imprudente e sempre me meta em apuros?

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- A aceitarei de qualquer jeito que puder tê-la: atrevida, temerária,
imprudente, e tudo mais. - Mesmo arisca e desconfiada. Contanto que ele
pudesse afastar o medo dela com beijos de tempos em tempos.
Uma batida repentina na porta fez ambos saltarem.
- Milord, milady? O jantar está servido.
- Obrigado, John! - Ele gritou. - Nós estaremos lá em breve.
- Nós não podemos ir jantar ainda. - ela chiou. - Eu estou nua!
- E você realmente fica muito atraente dessa forma também.
Com um rolar de olhos, ela se apressou a vestir a camisa. Ou melhor, a
camisa velha dele.
Ele a seguiu.
- Nós temos uma escolha, atrevida. Nós podemos ir para o jantar mais
tarde, com você vestida com calções e eu pensando o tempo todo como eu quero
tirá-la deles. Ou podemos pedir uma bandeja para o andar de cima e ir até o meu
quarto ou o seu. De qualquer maneira, nós escandalizaremos os servos, então...
- Nós também podemos ir lá para cima. - ela disse com uma voz rouca
enquanto se aproximava para colocar a mão em seu peito nu. — Eu prefiro
aproveitar como funciona a coisa da mulher-por-cima numa cama.
Quando ela passou o dedo descendentemente no peito dele e se afastou, ele
se vestiu tão rápido que foi um milagre que ele não machucou alguma coisa.
Finalmente, eles estavam tendo a sua noite de núpcias. E ele não pretendia
perder um minuto.

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Vinte e dois

Uma semana mais tarde, Clarissa foi para Londres na carruagem com o
marido e se perguntava para onde o tempo tinha ido. Dias de fácil camaradagem
drenaram-se em noites de paixão. Sem pesadelos. Sem medo. Sem lembretes
horríveis do passado.
Bem, ela ainda não podia se deitar debaixo dele sem entrar em pânico, mas
ele não parecia se importar que ela estivesse sempre em cima. Pelo menos ela
esperava que ele não se importasse. Ela certamente chegara a apreciar a maneira
deles de fazerem sexo. Ela gostava de excitá-lo. Fazê-lo perder o controle.
Observá-lo desmoronar debaixo dela. Era maravilhoso. Eles estavam juntos em
todos os aspectos, e ela nunca sonhou que isso poderia acontecer.
E se, por vezes, ela desejava que pudesse tentar fazer amor de outra forma,
ela tirava isso da mente. Porque era melhor fazê-lo da maneira que eles faziam,
do que não o fazer absolutamente. Isso certamente, o mantinha num humor
muito mais agradável do que ele estivera na primeira semana do casamento
deles.
Mas não hoje. Olhando para ele agora, ela podia ver quão afastado dela ele
estava, quão pensativo e deprimido. Felizmente, ela começara a entender que era
a maneira dele de lidar com as coisas que o preocupavam. Ele tinha que se
arrastar ao próprio interior para meditar sobre as coisas de todos os ângulos.
Ainda assim, eles estavam indo para a sua festa de casamento em
Vauxhall, e ela não ia passa-la, com ele parecendo sisudo e sombrio.
- Eu mal posso esperar para a festa. Soa como uma grande diversão, você
não acha?
- De fato. - disse ele, olhando pela janela.
Ela olhou-o de soslaio. Ele não estivera tão otimista sobre os planos da
mamãe quando ela foi para Hertfordshire há três dias para a aprovação final.
Irritada, por não ter conseguido encontrar um balonista, mamãe tinha contratado
uma mulher que andava na corda bamba e um acrobata que fazia truques com
um aro. Depois que Clarissa ficara cansada de inutilmente tentar refrear a sua
mãe, ela divertiu-se catalogando as muitas tentativas de Edwin de restringir o
seu horror, cada vez que mamãe mencionava algum novo excesso.
Assim, ou ele teve uma mudança de coração desde então, ou ele não estava
prestando atenção no que ela estava dizendo agora. Ela decidiu testar sua teoria.
- Mamãe me escreveu ontem para dizer que ela contratou um encantador
de serpentes para a festa, também.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Isso é bom.
Ela abafou uma risada.
- Eu disse a ela que só um encantador de serpentes não seria suficiente,
que precisávamos de pelo menos dezesseis para fazê-lo corretamente. De
preferência com enormes turbantes em veludo castanho forte.
- Uh-huh. Veludo castanho forte. Certo.
- Eu lhe disse que tinha certeza de que você iria aprovar as três mil libras
que isso vai custar.
- Sim, isso soa... - Seu olhar disparou para ela. - O que custa três mil
libras?
Claro que ele registrou a parte sobre o dinheiro.
- Os dezesseis encantadores de serpentes da mamãe - ela conseguiu dizer
com uma cara séria. - Para a celebração do casamento.
- O quê? Quando eu concordei com encantadores de serpentes, e por que
diabos isso custaria três mil...
Ela começou a rir, e quando ele percebeu que ela esteve enganando-o, ele
atirou-se para trás em seu assento com um suspiro.
- Muito engraçado - ele disse vagarosamente.
- Você devia ter... visto a sua cara... - Ela engasgou entre risos. - quando
você se d-deu conta... de que... Oh, meu Deus!
Ele cruzou os braços sobre o peito.
- Você terminou de zombar de mim?
Com um esforço considerável, ela fez uma cara séria.
- Sim, meu senhor. Claro, meu senhor. A situação é muito séria para
humor, meu senhor.
- Agora você está zombando de mim por reclamar que você zombou de mim
- ele resmungou. - Embora você deve admitir que a sua mãe está transformando
a nossa festa de casamento numa apresentação de circo.
- Eu sei. - ela disse suavemente. - E eu sei que você odeia isso, assim como
eu. Mas que esta seja uma lição para você. Nunca deixe que a culpa o persuada a
dar à minha mãe rédea livre em qualquer coisa.
- Eu definitivamente vou acatar esse conselho no futuro. - Ele olhou para
fora da janela. - Mas não é isso que tem me preocupado. Você não está nem um
pouco preocupada com Durand?
- Eu sempre acho mais fácil enfrentar de frente as coisas que me assustam
do que me esconder num canto. Nem sempre funciona, mas eu tenho que tentar.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Ele não está convidado para o nosso grande jantar, e mesmo se ele de alguma
forma aparecer, sempre posso confiar em você para me proteger.
O seu cenho franzido se suavizou.
- Sim. Você pode.
Exceto que eram os segredos de família de Edwin que precisavam de
proteção. Ela desejava que ele dissesse quais eram esses segredos, mas ela
dificilmente poderia culpá-lo por querer mantê-los guardados. Ele via isso como
cuidar da irmã dele. Um dia, ele confiaria o bastante em sua esposa para contar-
lhe, e quando o fizesse, ela tentaria ser tão compreensiva quanto ele foi com o
segredo mais escuro dela.
- De qualquer maneira que bem faria ao Conde Durand em se aproximar de
mim agora? Eu estou casada. - Ela sorriu suavemente para ele. – E muito feliz,
parece.
Isso finalmente suavizou o humor dele.
- Realmente parece assim, não é?
- Vê? Eu nunca pensei que poderia acontecer, e agora aconteceu. Então, eu
tenho completa confiança de que o seu blefe foi bem-sucedido e o Conde Durand
foi finalmente embora.
Ele sorriu.
- Você, querida, é a eterna otimista. Mesmo depois de todos os seus
problemas, você tenta colocar uma cara boa nas coisas. É uma das muitas coisas
que eu gosto sobre você.
O bom humor dela evaporou. Gosto. Não amo.
Ela não deveria se preocupar que ele nunca professou amá-la, já que ela
nunca professou amá-lo. Mas ela se importava. O que ela não queria examinar
muito de perto.
- Eu gosto que o meu eterno otimismo não o enlouqueça. - disse ela
levemente.
- Enlouquece, mas é um tipo agradável de loucura. - Ele olhou para fora da
janela. - Estamos perto de Vauxhall, e eu ainda não lhe dei o seu presente.
- Você me arrumou outro presente?
- Algo muito mundano. - Enfiando a mão no bolso, ele tirou um colar com
um pingente em prata de uma folha, com o que parecia, dois pingos de chuva de
joias sobre ela. - Para a minha excêntrica esposa.
- Isso não é mundano absolutamente. É muito bonito. - Embora ela
estivesse bastante surpresa que não fosse outro autômato.
Quando ela estendeu a mão para ele, ele a deteve.

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- Ele tem um segredo. - Ele apertou um dos “pingos de chuva” e o pingente
de folha caiu da corrente para as mãos dele. Ele pressionou o outro e uma lâmina
de aparência cruel saiu para fora da bainha da folha. - É para mantê-la segura se
eu não estiver por perto.
- Céus. - Ela o tomou dele e examinou-o. - Me mostra como funciona de
novo?
Levou apenas alguns momentos de demonstração para ela dominar o
movimento de abri-lo e também de colocá-lo de volta na bainha e na corrente.
Uma vez que ela o teve de volta em sua forma original, ele fechou os dedos
dela em torno do colar.
- Use-o ou coloque-o, onde você não a perca. E eu ficarei muito menos
preocupado com você.
Um caroço ficou preso na garganta dela.
- Obrigado, eu vou usá-lo. - Olhando fixamente nos olhos dele, ela o
pendurou no pescoço. - Perto do meu coração.
Ele olhou para o rosto dela com tal intensidade que fez o seu pulso começar
a trovejar. Então a carruagem se deteve e a porta se abriu.
- Já era hora de chegarem! - Gritou a mãe dela, apoiando-se pesadamente
na bengala. - Todo mundo os está esperando.
Eles saíram para os altos aplausos. Clarissa examinou a multidão, mas não
viu sinais de Durand, graças a Deus.
Era uma coisa boa, porque ela precisava de toda a sua força para suportar
os resultados da extravagância da mamãe. A festa começou com uma peça
orquestral empolgante e ficou mais dramática a partir daí: com acrobatas, dança,
enormes taças de negus7 , e enormes pratos de leitão e frango assado.
A festa durou horas, terminando com uma exibição pirotécnica que quase
rivalizava com aquelas feitas para o aniversário do rei.
Ou mamãe se tornaria o motivo de chacota na sociedade por causa disso,
ou todo mundo iria descartar as suas excentricidades como sempre faziam
porque ela tinha uma natureza muito amável.
Através de tudo isso, Edwin, milagrosamente, manteve a compostura.
Clarissa não tinha certeza se isso era para agradá-la, ou porque ele passou toda a
festa procurando pelo Conde Durand na multidão. Então ela ficou bem aliviada
quando um de seus membros do clube o levou a uma discussão de como a
pirotecnia fora criada, e ela não precisava se preocupar tanto com ele.
A sua mãe, no entanto, era outra questão. Inclinando-se no braço de um
servo, ela veio até onde Clarissa estava.
7
Bebida quente que contém vinho do porto, limão e especiarias.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Aí está você. Nós temos um problema.
Essas palavras já tinham sido ditas meia dúzia de vezes naquela noite, e
sempre caía em Clarissa resolver esses problemas, porque mamãe tinha muita
dificuldade em se locomover.
- O que é desta vez? - Ela estava cansada e pronta para sair.
- Esses senhores pirotécnicos estrangeiros estão reclamando de alguma
coisa em italiano. Eu acho que tem a ver com o que eu os paguei, mas não tenho
a certeza.
Mamãe fez um gesto na direção de onde os homens estavam arrumando os
seus equipamentos por trás das fileiras de caixas. Clarissa mal podia vê-los
através da passagem entre os dois conjuntos mais próximos de caixas com vista
para o palco da orquestra.
- O meu italiano não é nem de perto tão bom quanto o seu, então você
poderia cuidar disso? - Mamãe colocou as costas da mão dramaticamente sobre a
testa. - Eu juro que se eu tiver que lidar com mais um assunto ou caminhar mais
um passo, vou entrar em colapso aqui mesmo.
Clarissa sufocou a sua irritação.
- Eu cuido disso, mamãe. - Dado o quão ruim o italiano de sua mãe
realmente era, os homens poderiam estar dizendo algo tão inconsequente como:
“Precisamos de um copo de água.”
Ela caminhou em direção aos italianos, mas quando ela passou entre os
dois conjuntos de caixas, um homem entrou no seu caminho.
- Eu preciso falar com você.
O seu coração se afundou. Conde Durand! Quando ela olhou para os
trabalhadores, apenas para descobrir que eles sumiram na noite, ela percebeu
que o conde tinha planejado isso. Ele observou ela lidar com as coisas para a
mamãe a noite toda, e esteve ganhando tempo até que pudesse criar um motivo
para ela sair sozinha.
Uma rápida olhada atrás dela mostrou que, na passagem, ela estava oculta
aos olhos de Edwin. Ela não ia deixar isso acontecer. Se virando rapidamente, ela
começou a voltar, mas o francês a chamou:
- Você quer que eu exponha os segredos do seu marido para o mundo,
simplesmente porque não vai me conceder um momento do seu tempo?
Ela parou. Os segredos de Edwin. Maldição. Ela estendeu a mão para soltar
a folha da corrente, então a escondeu na palma e virou-se para encará-lo.
- Muito bem. Diga o que tem a dizer.
- Se você só vir nessa direção...

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Não. Você fala aqui, ou não fala absolutamente.
Isso o fez parar.
- Você não está preocupada que alguém possa nos ouvir falando sobre os
segredos preciosos do seu marido?
- Não, porque isso vai colocar um fim à sua chantagem.
- E o seu marido vai parar na prisão.
Ela respirou bruscamente.
- De maneira nenhuma o meu marido fez algo para levá-lo para a prisão.
Isso é um absurdo.
Quando ela começou a se virar de novo, ele disse apressadamente:
- Não, mas o pai dele fez. E eu posso facilmente fazer parecer que o seu
marido fez parte disso.
Ela congelou. Maldito Edwin e os seus segredos. Ela nem sequer sabia
quantas das afirmações do conde eram verdadeiras.
- O que o seu pai pode ter feito que implicaria Edwin?
- Ele espiou para os franceses durante a guerra. E se você não vier comigo
agora, eu garantirei que o mundo veja a evidência.
- Que evidência? Eu não posso imaginar que você tenha alguma.
- Eu tenho os relatórios do pai dele. E eu posso moldá-los de modo a
parecer como se Blakeborough o ajudara. Mas mesmo se eu não conseguir provar
isso, haverá suficiente indignação para garantir que você e ele, e as suas
respetivas famílias, nunca sejam capazes de levantar a cabeça na boa sociedade
novamente.
Edwin apressou-se para Lady Margrave, que tinha acabado de desabar
sobre um banco.
- Onde está Clarissa? Eu não consigo encontrá-la. - Ele virou-se por apenas
um instante, e a sua esposa tinha desaparecido. Que diabos?
- Ela foi lidar com esses senhores pirotécnicos italianos. — Lady Margrave
disse com um aceno na direção que eles estiveram antes. Eles não estavam lá.
O seu coração vacilou quando os viu do outro lado das caixas, indo para a
saída. Não havia nenhum sinal de Clarissa. Caminhando até eles, ele perguntou
em italiano onde a sua esposa estava, mas quando eles trocaram olhares de
alarme e começaram a protestar que não sabiam de nada, ele não desperdiçou o
seu tempo com eles. Ele começou a correr pelo caminho atrás das caixas onde
eles tinham acabado de trabalhar.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Enquanto se aproximava do fim da primeira linha, ele ouviu a voz de
Clarissa. Com um suspiro de alívio, ele desacelerou para uma caminhada. Até
que as palavras dela foram registradas.
- Você é um mentiroso, senhor. De maneira nenhuma o pai do meu marido
foi um traidor. Eu não ligo para qual prova você afirma ter, ou o que você acha
que pode provar...
Edwin contornou o canto da caixa para encontrar sua esposa olhando o
Durand.
- Afaste-se da minha esposa. - Edwin rosnou, colocando-se rapidamente
entre eles.
- Eu sabia que você não tinha contado a ela sobre a espionagem. - Durand
disse com um sorriso de escárnio. - Ela nunca se casaria com o filho de um
traidor. Então, se você não tivesse dito nada, vocês dois não estariam aqui
fingindo que este casamento é um casamento por amor.
- É um casamento por amor! - Clarissa cuspiu de detrás de Edwin.
Aquilo apanhou momentaneamente Edwin desprevenido, mesmo sabendo
que ela estava apenas tentando se livrar de Durand.
- Sério? - Durand disse friamente. - Blakeborough está apaixonado por
você? Ele sabe que putinha você é?
Com a fúria o inflamando, Edwin pegou Durand pelo pescoço e apertou.
- Eu te avisei para não incomodar a minha esposa. Eu juro que te matarei
aqui e agora, só por tal vil mentira...
- Não, não, não, você não pode! - Clarissa gritou, arrastando o braço de
Edwin. - Ou você vai ser enforcado por isso, e eu não posso perder você também!
Essa última observação foi a única coisa que cortou através da névoa
vermelha em sua cabeça. Ele soltou Durand, que cambaleou para trás se
engasgando e tossindo.
Depois de um momento, o bastardo rosnou:
- Por isso, Blakeborough, eu te desafio para um duelo ao amanhecer. Pela
honra da sua esposa, que eu sustento que é escassa na melhor das hipóteses.
- Não dê ouvidos a ele! - Clarissa gritou quando Edwin se eriçou
novamente. - Você não pode ver que ele está provocando você? Ele quer matá-lo
para que possa chegar até mim. Você não deve lutar com ele!
Durand deu uma risada zombeteira.
- Está tudo bem, Lady Clarissa, ele não vai aceitar. Todo mundo sabe que
ele despreza o duelo. A maioria dos covardes costumam desprezar.

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- Ah, mas isto não será um duelo. - Edwin disse friamente. - Será justiça.
Por você atormentar a minha esposa, tentar forçá-la a se casar com você. Por
assustá-la e assolá-la, por quase agredi-la, e se atrever a lançar insultos sobre
sua pessoa.
- Edwin, não. - disse Clarissa.
Durand a ignorou para olhar Edwin.
- Isso significa que você aceita o meu desafio?
- Sim. Escolha os seus padrinhos, e eu vou vê-lo ao amanhecer no Green
Park. Pistolas são a minha escolha de arma. - Ele se virou para Clarissa. - Vem,
minha querida, vamos embora agora.
De manhã, ele pretendia se livrar de Durand de uma vez por todas.

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Vinte e três

Clarissa conseguiu segurar a língua até que a carruagem deles se afastou.


Só então ela o encarou, os ombros duros.
- Você não pode fazer isso.
- Eu posso e eu vou. É a única maneira de pará-lo.
A borda áspera da voz dele a desesperou.
- Eu não quero te perder.
- Você não vai. Acontece que eu sou muito bom com uma pistola.
- Eu não tenho nenhuma dúvida disso. Mas se você o matar, você vai
acabar acusado de assassinato, forçado a fugir.
- Ao contrário de seu irmão, eu só preciso dizer que o bastardo refutou a
sua honra. Nenhum júri vai condenar um inglês por defender a sua esposa de um
francês.
- Não apenas um francês. Um diplomata francês. Com conexões altas em
ambos os governos-.
Ele arrastou uma respiração pesada. - Vai ser difícil para nós socialmente
por um tempo, mas...
- … não tão ruim como se seu pai for revelado um traidor. É isso que você
está pensando?
Edwin lançou um juramento duro. - Eu nunca quis que você soubesse
disso.
O seu coração se afundou. – Então é verdade. O seu pai realmente era um
traidor.
- Parece que ele foi. - Edwin esfregou as costas de seu pescoço. - Durand
me mostrou os relatórios escritos pela mão do meu pai, que aparentemente foram
feitas em visitas do Pai a um determinado clube de fumadores de ópio privado em
Londres.
- Ópio! O seu pai fumava ópio?
- Não tenho a certeza. Por anos, eu tinha assumido isso. - Sua respiração
ficou ofegante. - Quando a mãe morreu, eu fui à procura de Pai, de modo que os
funcionários foram obrigados a mandar-me para aquele clube. Foi assim que eu
soube de sua associação com ele. Ele não iria falar sobre isso, então eu deduzi
que ele foi lá para entrar. Mas, aparentemente, ele estava indo lá para falar com
os soldados e marinheiros e recolher informações para os franceses.

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Ela se recostou contra o assento. - Eu não posso acreditar. Eu sei que o
seu pai tinha as suas fraquezas, mas para ser um traidor de seu país…
- Foi um choque para mim, também.
- E você tem a certeza que estes “relatórios” não são forjados?
- Eles certamente pareciam genuínos. E atividades clandestinas, ajudaria a
explicar por que o Pai estava sempre fugindo para Londres e a deixar-nos.
Ponderando durante um momento, ela se perguntou o que dizer, o que
fazer para ajudá-lo. Este duelo claramente não era apenas sobre ela. Era sobre
como salvar a sua família, todos eles, do escândalo. Era tudo de como eliminar
Durand como uma ameaça.
Ela cruzou os braços sobre a cintura. - Como você sabe que se você matar
Durand, ele já não tenha instruído alguém, em caso de sua morte, para expor as
atividades do seu pai?
- Eu não sei. Mas é melhor do que estar á espera de quando ele o escolher
fazer. E vai ser muito mais difícil para ele atiçar as chamas de um escândalo se
ele está morto.
- Não se você for o único que está morto.
Ele virou a cabeça para a janela, e os postes de luz mostraram a
consternação em seu rosto. - Eu não vou deixá-lo me matar.
- Você não é Deus, Edwin! Você é falível. E o pensamento de algo
acontecendo com você…
Quando ela rompeu com um grito sufocado, ele atirou-lhe um olhar
alarmado, em seguida, mudou-se para sentar-se ao lado dela. -Querida, nada vai
acontecer comigo, eu juro.
- Você não sabe disso!
A sua mão apertou a dela. - Você está realmente preocupada comigo.
- Claro que eu estou preocupada com você. Você é o meu marido.
- E você não está com raiva de mim por esconder toda a extensão da
chantagem de Durand de você até agora? - Ele disse, soando um pouco incrédulo.
- Por que eu deveria estar? Você realmente acha que eu me importo com o
que o seu pai fez?
- Tenho a certeza que você se importa que eu casei com você sabendo
perfeitamente bem, que se Durand agir em suas ameaças, você e eu seremos
párias. Traidores não são bem vistos neste país, mesmo os mortos há muito
tempo – a sua voz ficou áspera. - E se Durand consegue de alguma forma me
conectar…
- Como ele pode fazer isso? Eu não entendo.

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- Eu tinha dezenove anos quando fui visto entrando nesse mesmo antro de
ópio. Foi só dessa vez, mas basta uma única testemunha lembrando de eu ter
estado lá, e isso será suficiente para fomentar a especulação e causar problemas
para mim.
Frustração torceu dentro dela. - Essa Conde é um canalha! - Ela disse
veemente. - Eu não confio nele. Você não pode brincar com os seus planos,
quaisquer que eles sejam, encontrando-o num duelo.
Ele endureceu. - Eu não tenho escolha.
- Isso não é verdade! Você tem amigos em seu clube, Lord Fulkham, por
exemplo. Você devia procura-lo para se aconselhar. Ouvi dizer que ele é
importante no governo.
- Mais uma razão para que ele não queira ser manchado, por ajudar o filho
de um traidor.
Ela deixou escapar um suspiro. - Então fale com um dos outros
cavalheiros. Deve haver alguém que possa ajudá-lo a derrotar Durand. Aqueles
homens do Duque, amigos de Jeremy, por exemplo.
- Nem pensar. Eu não vou arriscar que mais alguém descubra isto. Vou
lutar contra Durand de madrugada, e pronto.
- Mas Edwin…
- Chega! Esta é a minha decisão, não sua.
A força da sua declaração quebrou a sua confiança. - Você está chateado
porque ele me chamou de puta, não é? - Desde que Durand disse as palavras,
que ela se perguntava se Edwin poderia tê-las levado a sério. Ela sabia Durand
estava a picá-lo, mas e se Edwin pensou o contrário? - Você tem medo de que ele
tenha razão, que enquanto ele estava me cortejando eu permiti que ele…
- Não, claro que não. Eu perguntei antes se ele se forçou você, e você disse
que não, e eu acredito em você.
- Mas… mas as palavras dele deixaram-no tão zangado… Tem a certeza que
elas não o deixaram duvidoso de confiar em mim?
- Não seja ridícula. Eu confio em você, eu juro - Ele a puxou para os seus
braços. - É você quem não confia em mim… com a sua vida, o seu futuro.
Inferno, você nem mesmo me deixa fazer amor com você da maneira usual,
porque você ainda está com medo que eu possa te machucar. - Quando ela
gemeu, ele soltou um juramento. - Sinto muito, querida, eu não devia ter
mencionado isso. Não importa.
- Claramente importa.
E ela deveria ter percebido mais cedo que ele via as suas dificuldades como
uma marca da sua desconfiança contínua dele. Mesmo o homem mais

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compreensivo no mundo tinha o seu orgulho, e tinha magoado o seu marido, que
ela não pudesse confiar nele inteiramente na cama.
- Tudo isso importa - ela prosseguiu. - Se você ignora o meu conselho e eu
ignoro os seus desejos, importa. Porque se nós não confiamos um no outro, o que
resta? - Ela abraçou-o pelo o pescoço. -E eu confio em você. Eu confiei em você a
partir do momento em que propôs casamento.
- Certo - ele disse. - Exceto por exigir uma cláusula no nosso contrato, para
garantir que eu não a atacaria.
Ela engoliu em seco. - Olhando para trás, vejo que talvez não tenha sido a
melhor estratégia, mas fazia sentido na época. E mesmo com essa cláusula, eu
nunca bloqueei a minha porta do quarto para você, nem uma vez, em nossa
primeira semana juntos. Eu poderia ter feito, mas não o fiz.
Isso pareceu dar-lhe uma pausa, pois ele arrastou uma respiração instável.
- Por favor, por favor, não lute neste duelo, meu querido - ela prosseguiu. -
Eu te imploro.
Ele se inclinou perto o suficiente para ela sentir o seu hálito quente contra
os seus lábios. - Que tipo de marido eu seria se eu deixá-lo fugir com tudo o que
ele fez e ainda está tentando fazer com você?
- Que tipo de mulher eu seria se eu deixar você morrer me defendendo?
Os seus olhares se encontraram por um longo momento. Então ele a beijou.
Embora a tenha pegado de surpresa, ela acolheu-o, precisando ter certeza
dele. O seu beijo era ao mesmo tempo, consumidor, duro, doce e urgente, como
se ele não pudesse suportar parar.
E ela se entregou a ele com o mesmo desespero. Ela tinha que fazê-lo ver
que o que eles tinham era precioso demais para jogar fora. Que juntos, eles
poderiam ultrapassar qualquer coisa.
- Eu quero você, atrevida - respondeu asperamente em seu ouvido. - Agora.
Aqui. É loucura, eu sei.
- Não é loucura nenhuma. Eu quero você também.
Isso era todo o convite que ele precisava para começar a arrastar as saias,
enquanto a beijava como se fosse o último tempo juntos. Que muito bem poderia
ser.
Não, ela não deixaria isso acontecer. Ela não podia. Ela iria mostrar a ele o
quão perfeito poderia ser entre eles, tentá-lo para não ser tão tolo, a ponto de
arriscar tudo por algum nobre orgulho ou medo de escândalo.
Ele desabotoou as calças, em seguida, tentou puxá-la montado nele.
- Não - ela sussurrou - não desta vez. Eu quero você em cima de mim.

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- Clarissa, eu não estava dizendo.
- Eu sei. Eu quero fazer isso. Quero que você me tome como você tomaria
qualquer mulher. Como tomaria a sua esposa se ela fosse. . . qualquer outra
mulher.
Ela tinha que fazê-lo entender que já não o via como um homem que
poderia devastá-la, mas como o seu marido, o único homem que confiava com
seu corpo.
Quando ele ainda hesitou, ela disse - Você não é remotamente como o Vilão
Sedutor, e eu já não sou a mesma Clarissa que ele estuprou, nem mesmo a
Clarissa de algumas semanas atrás. Eu estou finalmente pronta para colocar isto
para trás de mim. Mas eu preciso provar a mim mesma. E para você.
Mesmo na penumbra, ela podia senti-lo procurando o seu rosto. - Você
percebe que é a primeira vez que chamou de estupro?
Isso a surpreendeu. Era? O seu coração começou a bater. Sim, era. - Ele
me estuprou - ela disse, experimentando a frase e sentindo a verdade dela.
- Sim. A sua voz era firme e segura, reforçando a sua confiança.
- Não foi minha culpa.
- Nunca foi sua culpa, meu doce. É hora de você parar de culpar a si
mesma.
Ela agarrou os seus ombros. - Ele não tinha direito de me estuprar - ela
disse ferozmente. Ela tinha, em parte reconhecido isso em sua cabeça, mas agora
ela aceitou. Acreditou. Estava zangada com isso.
- Nenhum direito. No que me diz respeito, ele merecia morrer. Quem sabe
quantas outras mulheres ele teria agredido se não tivesse morrido?
Ela nunca tinha pensado nisso dessa forma. Isso diminuiu a culpa que ela
sempre sentiu sobre o sacrifício de Niall, acalmou um pouco a dor do seu exílio.
Mas isso não significa que ela deixaria o seu marido seguir o mesmo
caminho. - Se você ainda está determinado a lutar contra Durand, então eu vou
mostrar para você o que vai estar perdendo se você estiver exilado ou
assassinado. – Empurrando para o canto, ela o puxou para ela. - Eu vou mostrar-
lhe como poderia ser entre nós, se você se recusasse a lutar com ele.
Ele a deixou puxá-lo contra ela até que ele foi encurralando-a no canto,
tanto entre as suas pernas como em cima dela, como eles poderiam gerir dentro
dos limites da carruagem. - Isto é pelo que eu estou lutando, meu doce, - ele
rosnou. - Você. Nós. Nosso futuro.
- Nós não vamos ter nenhum futuro se você morrer.

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- Eu não vou morrer. - Ele agarrou a sua boca mais uma vez, e pela
primeira vez, o peso dele sobre ela era uma lembrança ao invés de um aviso de
quão forte ele era. Que o fez feroz em sua defesa, determinado, bom e nobre.
Sim, o pânico estava à espreita, mas ficou reduzido a uma ervilha. Então,
muito pequeno, ela poderia ignorá-lo. E um dia, ela iria bani-lo, também.
Ela rasgou os lábios dos dele para sussurrar – Tome-me, Edwin. Preencha-
me.
Com um grunhido, ele entrou nela, com mais força do que o normal, mas
não o suficiente para alarmá-la. E foi incrível. Não porque ele estava em cima dela
a dirigir dentro dela, mas porque ela não tinha medo. Porque ela sabia que ela
podia impedi-lo a qualquer momento, que ela poderia terminar as coisas com
uma palavra.
Era assim que a confiança se sentia.
Ele não lhe deu misericórdia, e para a sua surpresa, isso emocionou-a. Ele
trovejou para dentro ela, ela fez chover sobre ele, e foi como voltar para casa.
Eram duas partes de um todo, movendo-se juntos em tal íntima perfeição que a
fez querer chorar.
- Edwin - ela sussurrou. - Sim, assim. Mais duro. Mais. Dá-me tudo, meu
querido.
- Tudo já é seu - respondeu asperamente enquanto ele acariciava os seus
seios através do seu vestido. - Isso nunca vai mudar.
Para ela também. E qundo a verdade brilhou em sua alma, ela o beijou
para não deixar escapar para fora.
Ela o amava. Ela não tinha a certeza de como ou quando isso aconteceu,
mas em algum lugar nas últimas semanas, ela tinha caído de amor por Edwin. E
agora que ela o tinha encontrado, ela ia perdê-lo?
Não. Não!
Deslizando as mãos até às suas tensas e duras nádegas, ela segurou-as
para levá-lo mais perto, mais profundo. Ela iria afogá-lo com prazer, se isso era o
que era necessário.
Em vez disso, ele é que a afogou, tocando-a entre os seus corpos com o
dedo até que ela estava lutando para respirar e pensar, lutando para não ser a
primeira a sucumbir à sua libertação. Se ela não poderia ter o seu amor, ela
queria a sua rendição. Precisava da sua rendição.
Vibrando e contorcendo-se debaixo dele, ela passou as mãos nas suas
coxas, as pontas dos seus dedos apenas escovando os seus testículos entre as
suas pernas.

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Ele jurou sob sua respiração. - Venha para mim, querida… por favor … Eu
não posso esperar… muito mais tempo.
Nem ela podia. - Não faça isso… esperar. - Ela beijou e acariciou, tocando e
conhecendo cada impulso ansiosamente, com fome de tudo dele… do homem que
era o seu marido, o homem que ela amava.
- Eu preciso de você - ele murmurou contra o seu ouvido. – Deus... fica
comigo… Clarissa. Nunca me deixe.
- Eu não faria isso - ela engasgou. - Eu não poderia. - Como uma onda
crescente, a sua libertação estava enrolando nela, onda após onda, exortar após
impulso, conduzindo-a para a superfície, em direção ao sol…
- Se eu tiver que ir para o exílio… prometa que vai... comigo…
- Eu vou. - Ela apertou o seu pau á medida que sentiu-se explodir através
da superfície para o doce esquecimento. - Para os fins... da Terra ... se for preciso.
Com isso, ele também encontrou a sua libertação. Enquanto se contorciam
juntos, ela ordenhando ele, ele enchendo-a, ela o segurou perto e pensou nas
palavras que ela não se atrevia a dizer ao homem que não acreditava no amor.
Eu te amo, Edwin.

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Vinte e quatro

No momento em que viraram para a sua rua, eles fizeram-se apresentáveis


novamente. Ou tão apresentáveis, como duas pessoas podiam estar quando
tinham feito amor descontroladamente numa carruagem.
Edwin, realmente não se importava se alguém poderia ver. Ele queria
passar a noite toda fazendo amor com a sua esposa. Porque esta podia ser, por
algum tempo a sua última noite com Clarissa.
Ou para sempre.
Ele fez uma careta. Não, ele não iria deixar Durand vencer. Certamente o
Destino não permitiria que tal bastardo prevalecesse.
Permitiu Clarissa ser estuprada.
Que era precisamente por isso que já era tempo de ela ter alguma
recompensa por todos os seus sofrimentos. Ela merecia. Ele daria a ela.
Você não é Deus, Edwin!
Ótimo, agora a sua consciência estava citando a sua esposa. E não, ele não
era Deus. Porque se ele tivesse sido, Whiting teria sido atingido por um raio antes
de levar Clarissa para o laranjal.
- Edwin, algo está acontecendo - Clarissa murmurou.
Ele olhou para fora da janela quando o seu cocheiro parou. Havia outra
carruagem na frente de sua casa na cidade, que ele reconheceu como uma das do
Warren. Teria a mãe de Clarissa vindo aqui? Não, por que ela viria? Eles tinham
acabado de sair da beira dela.
Então Edwin não estava totalmente chocado quando o lacaio abriu a porta
para o cocheiro e os cumprimentou com as palavras: -Senhor Knightford está
aqui para vê-lo, milord.
- Warren está de volta? - Clarissa exclamou enquanto Edwin a ajudou sair.
Então o seu rosto ficou pálido. - Oh não, algo deve ter acontecido com Niall!
Antes que Edwin pudesse detê-la, ela correu para as escadas, com ele
seguindo-a. Quando entraram na casa e foram encaminhados para a sala de
visitas, eles encontraram um Warren carrancudo, esperando por eles com um
copo de brandy na mão. Edwin ficou tenso.
- O que há de errado? - Clarissa gritou enquanto corria para Warren. - Niall
está bem? Por que você está de volta tão cedo?
- Niall está bem. Mas ele me disse algo tão alarmante que eu passei apenas
um dia com ele, antes de correr de volta.

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Clarissa aproximou-se de Edwin, como se procurasse apoio, e ele abraçou
pela cintura.
O olhar de Warren estreitou sobre eles. - E, a propósito, parabéns pelo seu
casamento. - Ele engoliu um pouco de conhaque. - Eu vou embora por algumas
semanas, e vocês dois se casam nas minhas costas.
- Não tínhamos escolha - disse Edwin. - Durand não nos deixou nenhuma
- Eu posso imaginar. É por isso que voltei. Porque depois de falar com Niall,
eu descobri que não só ele sabia de Durand, mas ele acha que sabe por que o
homem tem assolado Clarissa: Durand é primo de Joseph Whiting pelo lado da
mãe. Aparentemente eles eram amigos muito próximos e cresceram juntos, antes
de a família de Durand regressar a França.
As entranhas de Edwin deram um nó. Diabos, diabos. Isto não era
inteiramente sobre Clarissa. Era sobre Whiting. E Niall.
Warren olhou para Edwin, e uma amargura entrou em sua voz. -Mas eu
não acho que você percebe o que isso significa. Niall teve que explicar isso para
mim. Embora eu soubesse que Niall tinha matado Whiting num duelo, eu não
sabia o porquê. Até agora.
Edwin sentiu Clarissa oscilar contra ele, e raiva brotou nele. - Na verdade
eu sei exatamente o que isso significa. Porque ela me disse.
Warren encarou Clarissa com uma expressão ferida. – No entanto, você não
poderia me dizer, a seu próprio primo? Todos estes anos cuidando de você, sem
saber que um bastardo como Whiting fez... fez…
- Eu não podia contar a ninguém, -ela sussurrou. - Eles me fizeram
prometer que não contaria. Papai estava determinado que ninguém jamais
soubesse disso. Estou surpresa que Niall tenha revelado a você, dado que ele
manteve segredo todos estes anos.
- Ele não tinha muita escolha. - Com olhos duros, Warren bebeu mais
brandy. - Depois que ele ouviu falar sobre a perseguição de Durand, ele ficou
alarmado e me contou toda a sórdida história. Ele estava com medo de que o
Conde fosse machucá-la.
- Mas eu também estava preocupado que Durand fosse atrás de Niall,
especialmente depois de Niall me dizer que a razão para fugir da Espanha para
Portugal e me pedir ajuda, foi os seus amigos o alertarem de que alguém tinha
andado perguntando por ele na Espanha.
- Durand - Edwin mordeu fora. - Ou os homens que ele contratou.
- Oh, Deus -disse Clarissa. - E eu também falei com esse diabo sobre Niall!
Nada que denunciasse onde ele estava, mas ainda assim… Como o conde Durand
alegou que que queria se casar comigo, não me ocorreu questionar o seu
interesse em meu irmão.

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- Então ele está tentando encontrar Niall e espera usar Clarissa para fazê-lo
- Edwin pensou em voz alta. - Presumo que ele quer vingança pela morte de seu
primo. Mas porquê agora? Se era tão importante para ele, por que não buscar
vingança sete anos atrás, logo após o duelo?
Warren pousou o copo vazio. - Eu me perguntei isso também. Niall disse
que o pai de Clarissa tinha feito algum acordo com a mãe de Whiting que ela não
falaria…
- Do assunto - Edwin terminou, impaciente. - Sim, nós sabemos disso.
- Então, Niall assume que ela quebrou o silêncio - disse Warren. - Ele só
não sabe ao certo porquê.
- Provavelmente porque ela estava morrendo - disse Clarissa em voz baixa. -
Ela morreu de uma doença prolongada no ano passado. Eu vi isso nos jornais. E
se Durand esteve perto dela na época, se ela estivesse usando láudano ou se
estivesse mesmo delirante
- Ela pode ter dito alguma coisa - Edwin colocou. - E isso provocou essa
coisa toda. Ter um familiar morto num duelo honrado por causa de alguma
pomba suja desconhecida, é uma coisa. – a sua voz endureceu. - Mas quando o
duelo é com o irmão de uma mulher respeitável, e a oferta do familiar de se casar
com ela foi recusada, o homem pode suspeitar de que algo mais nefasto estava
acontecendo. - Ele olhou para Warren. - Quando Durand voltou para a Inglaterra
como um membro do pessoal do embaixador?
- Verão passado.
Clarissa prendeu a respiração. - Sra. Whiting morreu no último outono. – O
seu olhar voou para Edwin. - Por isso é que o Conde Durand me chamou de puta
esta noite. Não era para provocá-lo. Foi porque ele sabe tudo, sempre soube de
tudo. E ele, provavelmente me culpa pela morte de seu primo.
- Maldito idiota - Edwin rosnou. - Se ele ouviu a história da mãe doente de
Whiting, ela nunca terá admitido que o seu precioso primo precioso foi um
estuprador. Não há como saber como ela terá contado a história nas suas horas
finais. Ou se ela poderá ter exigido que ele buscasse justiça para a família.
- Espere um minuto - Warren pediu a Clarissa, - Durand chamou você de
puta? Vou dar-lhe a tarefa da vida dele!
- Não há necessidade - Clarissa disse secamente. – O seu amigo tolo lá, o
desafiou para um duelo por causa disso.
Warren pestanejou. - Droga. - Ele olhou para Edwin. —Você está louco?
- Você estava falando agora mesmo em batê-lo, - Edwin disparou de volta. -
Eu estou defendendo a honra da minha esposa!
- Sim, mas um duelo… - Disse Warren. - Você nem acredita em duelos.

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Edwin cruzou os braços sobre o peito. - Um homem pode alterar as suas
opiniões.
- E um homem pode ser teimoso como uma mula - Clarissa respondeu.
- Nada mudou - Edwin disse a ela.
- Tudo mudou! Uma vez que isto não é sobre a obsessão selvagem de
Durand comigo, ele não vai parar até conseguir o que quer, as informações sobre
onde encontrar o meu irmão.
- E, possivelmente, - Warren disse - a chance de humilhar Clarissa dizendo
ao mundo o que aconteceu.
- Ele poderia ter feito isso há muito tempo, se isso é o que ele pretendia -
Edwin apontou.
- Sim, mas então ele teria perdido a chance de encontrar Niall - disse
Warren. - Ele quer os dois, ela arruinada e Niall acusado de assassinato.
- E se ele é qualquer coisa como Whiting - disse Clarissa - ele vai quebrar
todas as regras, mesmo trapacear num duelo para se livrar do seu obstáculo, que
por acaso é você. E ele vai escapar disso por causa de sua posição! Então, quem
vai impedi-lo de arrastar pela lama a sua família? Se ele revelar as atividades de
seu pai.
- Que atividades? - Perguntou Warren.
- Mais uma razão para matá-lo - Edwin disse friamente, sentindo-se acuado
em todas as frentes. - Então ele não pode ferir ninguém.
- Só se você vencer! - Ela gritou.
Quando Edwin se irritou com isso, Warren disse apressadamente, - Mesmo
que você não vença, haverá repercussões meu velho. Você não pode matar um
diplomata francês altamente colocado, mesmo num duelo sobre a honra da sua
esposa, sem comentários. Você deve ir ter com os seus superiores.
- Que superiores? - Cuspiu Edwin. – Ele é agora o membro mais antigo na
Embaixada da França! E não há tempo para ir pelos canais adequados.
- A menos que você se recuse a lutar com ele - Clarissa disse firmemente. -
Você blefou com ele antes e funcionou. Basta fazê-lo novamente. Diga a ele para
ir para o diabo.
- E o que acontece com você quando ele me arrastar, junto dos tribunais,
com falsas acusações de traição? - Edwin respondeu.
- Espere um momento - Warren disse - o que é isso sobre traição?
Clarissa ignorou-o. – Você podia consultar os seus amigos no clube,
conversar com amigos de Warren, recolher alguma ajuda e conselhos antes de ir
valsando para morrer! Mas você simplesmente não faz.

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- Porque eu me recuso a enredar um grupo de amigos e estranhos em meus
assuntos particulares. E certamente não nos assuntos privados de minha esposa!
- Não afirme que está fazendo isso por mim, Edwin Blakeborough! Eu
argumentei até ficar rouca, implorando para não lutar contra o Conde Durand, e
você me ignorou. Você está fazendo isso por si mesmo. Para o seu senso de
justiça e direito, por sua crença de que um homem deve arriscar a própria vida
para proteger a reputação de uma mulher.
- Sim! Ele deveria!
- Mesmo que ela não queira? - Ela colocou as mãos nos quadris. - Eu já
perdi o meu irmão para o exílio, porque ele estava protegendo a minha reputação.
Eu não quero perder você por causa disso também. Eu preferiria passar o resto
da minha vida lidando com escândalo do que assistir ao homem que eu amo
morrer tentando me proteger, simplesmente porque ele não quer “um monte de
amigos e desconhecidos” saiba dos seus “assuntos particulares”!
O homem que eu amo.
As palavras surpreenderam-no. Ela o amava? Verdadeiramente?
Como ela nem sequer se apercebeu do que disse, acrescentou - Então, eu
estou lavando as minhas mãos de toda esta coisa. - Ela levantou o seu queixo
para Warren. – Talvez consiga incutir algum sentido nele. Eu Desisto.
Em seguida, saiu da sala.
Edwin só poderia ficar ali olhando para ela. A palavra amor tocou em seus
ouvidos, chocando-o com o seu poder de seduzir. Se ela o amava…
- Tudo bem - Warren interrompeu seus pensamentos. - Agora que ela se foi,
é melhor me dizer o que diabos está acontecendo. Por que você iria ser acusado
de traição? Que atividade do seu pai, Durand está ameaçando revelar? E como,
em nome de Deus você acabou casado com minha prima em apenas poucas
semanas?
- É uma longa história.
- Então é melhor você falar rápido. - Ele examinou o relógio. - Porque a
menos que pense em alguma coisa, você estará lutando um duelo em quatro
horas. E eu não estou agindo como o seu segundo, a menos que eu saiba no que
me estou metendo.
Edwin rangeu os dentes. – Está bem. E caso você esteja se perguntando, eu
nunca falei sobre a parte da espionagem e traição, porque eu próprio não sabia,
até duas semanas atrás.
- Espionagem? Deus, isso fica pior a cada momento.
- Você não tem ideia - ele murmurou.

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Então ele começou a contar uma versão altamente encurtada do que tinha
acontecido desde a partida de Warren. Para crédito de Warren, ele não
incomodou Edwin com perguntas inconsequentes. Ele apenas ouviu.
Ele parecia bastante especulativo, quando Edwin chegou à parte de propor
casamento a Clarissa, mas sabiamente não disse nada.
Quando Edwin terminou, Warren dirigiu-se para a porta.
- Aonde você vai? - Perguntou Edwin.
- Você está numa encrenca, meu amigo. E não importa o que você diga,
você precisa de ajuda. Então, vamos falar com Fulkham e ver o que ele pode
fazer.
- E o que faz pensar que ele não vai apenas aproveitar a chance de fazer um
exemplo de um traidor com o meu pai?
Warren olhou fixamente para ele. - Eu fui o único que o convenceu a se
juntar ao St. George’s. Isso significa que eu posso atestar o seu caráter. Você
duvida do meu julgamento?
Edwin rangeu os dentes. - Não.
- Ótimo. - Warren caminhou até ele. - Porque se você duvidar, eu teria que
lembrá-lo das muitas maneiras que o eu tenho defendido através dos anos. Das
vezes que eu ajudei você com Yvette e Clarissa por causa de confusões da
juventude.
Isso fez Edwin parar. - E… eu aprecio isso.
- Você? Você, no momento, está se comportando como um bastardo
ingrato. Você tem amigos, Edwin, quer você queira ou não. Sou eu, Keane, os
homens no clube.
Quando Edwin apenas olhou para ele, Warren acrescentou: - Eles admiram
você, porque eles pensam que você é sensível e racional. Eles sabem que você
estará sempre ao seu lado. Você não pode ter a mesma fé neles? Aceitar que,
talvez, eles vão ficar atrás de você, porque eles são seus amigos?
- Você não entende
- Eu entendo que você sempre agiu, como se só você fosse o responsável
pela sua vida, e pelo seu destino. Que você não tem ninguém a quem recorrer.
Bem, isso não é verdade. Seu pai pode ter abandonado você, mas a sua família
não vai. Os seus amigos não vão. A sua esposa, claramente não vai.
- Deixe a minha esposa fora disto - Edwin rosnou.
- Porquê? Você disse que estava fazendo isso por ela. Mas ela tem razão:
Você não está fazendo isso por ela. Você está fazendo isso para provar que você é
um homem melhor do que o seu pai. Que você pode cuidar da sua família. Você

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está fazendo isso numa tentativa de proteger Clarissa e Yvette, que é uma ideia
nobre face à situação.
Warren se inclinou. - Mas o cerne da questão é o orgulho. Você não quer
pedir ajuda. Você não confia em ninguém para dar-lhe ajuda. Você prefere
arriscar o seu futuro com uma mulher que te ama do que contar com a ajuda de
seus amigos.
Olhando para longe, Edwin engoliu a espessura em sua garganta. E se
Warren estava certo? Que ele não confiava em ninguém? Que ele iria desistir de
um futuro com Clarissa, em vez de dar uma chance aos seus amigos e família?
A possibilidade fez o seu estômago enrolar. Até agora, ele deixou a sua raiva
por Durand impulsioná-lo para a frente. Mas Clarissa não queria o risco que ele
estava pronto para abarcar. Ela não queria uma vida sem ele.
A verdade disso, cantou através do seu coração, como o cantar de um
rouxinol.
Ela o amava.
E certamente que valia a pena dar uma chance a homens que acreditavam
nele.
- Tudo bem. Vamos encontrar Fulkham. E peço a Deus que ele tenha
alguma ideia para encaminhar Durand. Porque se ele não fizer, você, meu amigo,
irá comigo combater aquele maldito francês ao amanhecer.
Levou a Edwin e Warren algum tempo para despertar os servos de
Fulkham, e ainda mais tempo para convencê-los de que ele devia ser perturbado
nas primeiras horas da manhã. Eles só cederam quando Edwin disse-lhes que
haveria duras consequências se eles mandassem embora um marquês e um
conde, que estavam lá por uma questão de grande importância para o povo
inglês.
Depois de serem conduzidos ao escritório de sua senhoria, eles foram
forçados a esperar enquanto Fulkham era arrancado da sua cama. Sem surpresa,
quando ele entrou em seu roupão, ele não estava nada feliz.
- O que em nome de Deus é isto? - Ele perguntou enquanto atravessava a
sala. - Não poderia esperar até de manhã?
- Aqui o Blakeborough pode estar morto pela manhã - disse Warren. - Eu
estou esperando que você possa impedir que isso aconteça.
Fulkham franziu a testa. - Você me chamou a atenção, isso é a maldita
certeza. - Ele se sentou atrás da sua mesa. – Porque Blakeborough pode estar
morto?
- Porque o Conde Durand me desafiou para um duelo ao amanhecer, e eu
aceitei - Edwin disse calmamente.

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- Um duelo? - Fulkham olhou de Edwin para Warren. - Isto é uma piada?
- Temo que não, - disse Warren. - O conde está, aparentemente, tentando
caçar o meu primo, o conde de Margrave. No processo, ele está ameaçando a vida
e a reputação de Blakeborough e da irmã de Margrave. Que acontece ser a nova
esposa de Blakeborough.
- Ah, - Fulkham disse, olhando para Edwin. - Isso tem a ver com a conversa
que tivemos há algumas semanas no clube. A que você dizia que era sobre outro
membro.
Edwin assentiu. - Perdoe-me pelo subterfúgio, mas a minha noiva estava
envolvida, e eu não queria que a informação fosse analisada levemente.
- Então eu posso supor que isto diz respeito ao duelo entre Whiting e
Margrave?
Edwin e Warren trocaram olhares surpresos.
- Você não acha que eu sabia sobre a conexão de Durand e Whiting? -
Fulkham fixou em Edwin com um olhar duro. - Se você me tivesse dito, na época,
que a sua preocupação sobre as atividades do responsável de negócios estava
relacionado com a família de Lady Clarissa, eu teria mencionado que Whiting e
Durand eram primos. Mas você não deu essa informação.
- Lamento, mas a oferta de informação não é o forte do meu amigo, -
Warren disse secamente.
- Você sabe o motivo do duelo? - Perguntou Edwin.
- Não. Você sabe?
Edwin soltou um suspiro. - Sim. Infelizmente, eu não posso dizer. Mas isso
não importa de qualquer maneira. O importante é que Durand quer se vingar do
meu cunhado por ter matado o seu primo, de modo que ele está tentando
encontrar Niall, aproximando-se da minha esposa. Quando ela e eu colocamos
um fim nisso com nosso noivado, Durand ameaçou revelar segredos sobre o meu
pai se eu não quebrasse o noivado.
O que prendeu a atenção de Fulkham. - Que tipo de segredos?
Edwin engoliu me seco. Agora vinha a parte difícil. – Que o meu Pai era um
espião dos franceses.
Uma raiva fria impregnou as feições de Fulkham com cor. - Esse maldito
bastardo.
- O meu pai? - Edwin estalou.
O barão começou. - Não, não, não ele. Durand. Ele está mexendo em
assuntos que ele devia deixar em paz. Vou ter de falar com os seus superiores e
pôr fim a isto, antes que ele crie mais problemas. As relações entre a Inglaterra e
a França já estão complicadas o suficiente tal como estão.

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Edwin olhou-o de perto. - Então você sabia sobre espionagem do meu pai.
- Claro que eu sabia. Ele estava espionando para nós.
- Isso não é o que Durand diz. E ele mostrou-me.
- Relatórios? Documentos que o seu pai deu ao francês? Malditos sejam,
eles tinham me assegurado que os registros tinham sido destruídas. - Como
Edwin e Warren continuavam embasbacados para ele, ele suspirou. - Eu preciso
da vossa palavra como cavalheiros que o que estou prestes a dizer-lhe nunca
sairá desta sala.
- Claro - disse Edwin, com Warren acenando com o seu consentimento.
- Por causa dos laços de seu pai com França através da sua avó, e por
causa das suas visitas ocasionais a esse clube privado de ópio, o Francês se
aproximou de seu pai nos anos finais da guerra com um pedido para espionar
para eles. Eles prometeram pagar-lhe muito caro por tal traição.
Fulkham recostou-se na cadeira. - Como você pode imaginar, o dinheiro
não era muito um incentivo para ele, mas ele viu uma oportunidade de ajudar a
Inglaterra a derrotar os franceses, depois de aceitar a sua proposta, ele veio até
nós. Nós o contratamos para vazar informações incorretas sobre as nossas tropas
para o francês de vez em quando.
Uma onda de alívio inundou Edwin, rapidamente seguido de uma onda de
pena. Ele devia ter sabido que o seu pai nunca poderia cometer traição. - Como
você sabe tudo isso? Você não é mais velho que eu. Você não poderia ter estado
no Ministério da Guerra na altura.
- Eu não estava. Mas o seu pai continuou a ir para as casas de ópio, então
quando o nosso foco mudou para a Índia, ele foi capaz de nos dar informações
sobre isso ocasionalmente. Entrei para o Ministério da Guerra um par de anos
antes de morrer. Eu fui o único que assumiu a gestão das suas informações.
Edwin ainda estava se recuperando. O seu pai tinha espionado para o seu
país todo esse tempo. Sem uma palavra a seu filho. - Você está me dizendo que
ele não era um traidor.
- Nunca. Ele, de fato, foi um herói. Claro, ele nunca poderia falar das suas
atividades, e o francês nunca o conheceu como nada além de um espião para
eles. Mas eles lhe asseguraram que a sua reputação nunca iria ser impugnada,
porque os documentos de conexão dele com as atividades tinham sido
queimados.
- Claramente, isso era uma mentira.
- Sim - Fulkham disse laconicamente. - Que é outra razão para ir aos
superiores de Durand. Eu não preciso revelar que o seu pai nos ajudou, apenas
que Durand está tentando usar o que ele fez para chantageá-lo para os seus
próprios fins.

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Warren se inclinou para frente. - Indo para os seus superiores não vai
resolver o problema que ele está duelando com Edwin em Green Park em pouco
mais de uma hora.
Fulkham corou. - Então eu vou ter que ir lá com você, e dizer-lhe
exatamente que tipo de problema ele estará se ele persistir em sua loucura. Nós
não permitiremos que um cidadão Inglês, não importa qual o seu crime, ser
assassinado por um francês, mesmo um diplomata.
O barão se dirigiu para a porta para vestir-se, em seguida, fez uma pausa. -
É curioso, no entanto. O que Durand acha que vai conseguir a realizar o duelo?
- Ao eliminar-me, - Edwin disse, - ele pensa ganhar controle sobre a minha
esposa e obrigá-la a dizer-lhe onde Niall está.
- Então por que ele não fez isso antes? Por que não a raptar na rua? Usar a
força bruta para convencê-la a fazê-lo?
- Ele tentou cortejá-la, sem dúvida para não dar a entender o seu objetivo,
e lhe dar uma chance para avisar Niall. Como ela persistiu em recusar os seus
avanços ele começou a ser sombra dela, quando eu entrei em cena e me casei
com ela.
- Então ela está com você desde então.
- Na minha propriedade, onde seria difícil para ele vaguear sem
comentários. Nós só retornamos à cidade na última noite, para uma celebração
do nosso casamento. Ele tentou apanhá-la sozinha, e eu apareci. Foi quando ele
me desafiou.
- Hmm. - Fulkham olhou para Edwin. - Então, onde está sua esposa agora?
A pergunta o incomodou. - Em casa dormindo, eu espero.
- Ou, se ela é qualquer coisa como a minha indomável cunhada, está
preparando-se para ir para Green Park e discutir com você para não lutar.
O sangue de Edwin esfriou. - Dane-se tudo. - Ele ficou de pé. - Ela faria
isso também. Ela sabe que estamos aqui. E se nós não voltarmos...
- Vai, vai - disse Fulkham. - Vou me vestir e irei para o campo do duelo
enquanto vocês dois regressam para casa. Provavelmente, você pode pegá-la se
você se apressar.
Edwin saiu do escritório apressadamente, com Warren xingando atrás dele.
Eles saltaram para a carruagem de Warren, ordenando ao cocheiro para dirigir
em alta velocidade para a casa da cidade de Edwin.
À medida que a carruagem se afastava, Warren disse, - Talvez ela não vá.
Ela disse que estava lavando as mãos da coisa toda.
- Ela também disse que me amava. – a garganta de Edwin sentiu-se crua
com medo. - E Clarissa é precisamente o tipo de mulher que dá a um homem

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todo o seu ser uma vez que se apaixona. Ela vai lutar por mim com seu último
suspiro.
- A maneira como você está lutando por ela—, comentou Warren. - Você
engoliu o seu orgulho por ela, você desistiu dos seus planos para uma vida
pacífica, por ela e você claramente vai fazer tudo por ela. Eu acho que ela não é a
única apaixonada, meu velho.
À medida que a verdade batia nele, Edwin prendeu a respiração. Não, ela
não era a única.
Todos esses anos, ele tinha evitado o tumulto que o amor podia trazer, mas
tinha deslizado sob sua guarda enquanto ele não estava olhando. A ideia de algo
acontecendo com ela, de viver sem ela, roubou a respiração da sua alma. Ele não
podia suportar pensar nela a sofrer um segundo da crueldade de Durand. O que
era isso, se não amor?
Agora que ele sabia o que sentia ao desejar a sua companhia e a sua
provocação, procurar o seu toque no meio da noite, quando o mundo parecia
mais escuro, ele não podia imaginar o seu pai sentindo tudo isto e mesmo assim
ficar do lado do seu amigo em vez do da sua esposa. A Mãe pode ter estado
apaixonada, mas o Pai não pode ter conhecido o significado da palavra.
- Ela vai ficar bem - disse Warren. – Tenho a certeza que sim.
- Se ela não estiver, eu juro que vou cortar o coração de Durand e esmagá-
lo sob meu calcanhar. Eu próprio o vou esquartejar. Eu vou…
- Eu percebi a ideia -, Warren disse severamente. - Mas vamos esperar que
não chegue a isso, meu amigo. Porque eu não gosto da ideia de ver você
enforcado pelo assassinato de um idiota como o Durand.

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Vinte e cinco

Não era nenhuma surpresa que Clarissa não tenha conseguido dormir,
depois que viu Edwin e Warren sair de casa. Ela tentou, ela realmente tentou,
mas ela não conseguia parar de se preocupar. Ela ficou esperando que eles
retornassem, não tendo mesmo a certeza onde tinham ido, mas pelas 4 da
manhã, ela sabia que estava ficando tarde demais para eles voltarem antes do
duelo começar.
O que provavelmente significava que já estavam a caminho de Green Park.
Malditos sejam os dois.
Levantou-se e vestiu-se, resmungando do seu primo o tempo todo. Ele não
tinha sido capaz de parar o seu marido, o seu amigo? Ela deixou escapar que
amava Edwin na vã esperança de que iria fazê-lo parar, mas claramente nem
mesmo isso poderia ter um impacto sobre o maldito idiota.
Depois de se preocupar um pouco mais, ela decidiu que já era o suficiente.
Ela não ia deixar o seu marido fazer esta coisa louca. Se fosse necessario, ela
ficaria entre ele e o Conde Durand. Porque ela não queria perder Edwin. Ela tinha
perdido o suficiente em sua vida.
Não mais.
Ela desceu as escadas, despertou um servo e depois pediu a sua
carruagem. Ela veio com uma rapidez surpreendente. Foi só depois que ela saiu
para fora da porta, que percebeu que não era a sua carruagem esperando por ela
na parte inferior das escadas. Ela parou, mas antes que pudesse reagir, alguém
deu um passo atrás dela e ela sentiu um objeto duro metido no seu lado.
- Aí está você, minha querida, - disse a voz que ela tinha começado a
detestar. - Eu sabia que você não poderia resistir em ir para o duelo.
Conde Durand. Oh senhor. O seu coração saltou em sua garganta. Maldito,
maldito, maldito. - E eu sabia que você iria trapacear - disse ela, lutando pela
calma. – Então, aparentemente, nos conhecemos bem.
- Melhor do que você pode imaginar. - Quando ela recuperou o fôlego, ele
acrescentou - E eu não gritaria, se fosse você. Eu atiro em você aqui mesmo. -Ele
cutucou-a com o objeto duro para fazer o seu ponto.
- Você sempre foi um valentão. – á medida que ela se atrapalhava, para
libertar a faca no seu pendente da corrente, a sua mente corria. Ela precisava
apanhá-lo desprevenido, ganhar algum tempo até que ela pudesse afastar a
pistola para longe do seu lado, tempo suficiente para esfaqueá-lo. - Você é como o
seu primo, sempre atropelando as mulheres.
Houve um longo silêncio antes que ele murmurou, - Não fale mal de um
homem do qual você não conhece.

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- Eu sei que ele me estuprou. - Ela espalmou o seu pingente. - Ele me
segurou e forçou-se sobre mim.
- Isso é uma mentira! - Ele assobiou. – Antes, ele foi o meu amigo mais
próximo. Então você incitou o seu irmão com as suas mentiras, e depois ele foi
assassinado. Eu vi você flertar, vi você seduzir os homens. Eu sei que tipo de
mulher você é. Por que ele deveria se preocupar em estuprar uma puta como
você?
Raiva enrolou-se nela. - Será que uma puta o iria manter à distância o
tempo todo que você esteve me cortejando? Não. Ele era maldoso e você é
maldoso também, e eu não mereço isso.
- Cale a boca! - Ele rosnou. - Você tem uma escolha. Entre na carruagem.
Ou morra.
O sangue dela vacilou. - Você vai me matar de qualquer jeito.
- Não se você me dizer onde seu irmão está. Vamos vê-lo juntos.
- E você vai nos matar. Não, obrigado. - Se ele afastasse a pistola o
suficiente para ela espetar nele… - Você sabe que o meu marido não vai parar até
que ele destrua você.
Conde Durand bufou. - Há poucas possibilidades disso.
Outra voz veio das sombras atrás da carruagem. - Há mais possibilidades
do que você imagina.
Edwin. Graças a Deus!
Pegando-a pela cintura, Conde Durand puxou-a para perto dele. - Eu vou
matá-la, Blakeborough. Eu juro que vou.
- E então o quê? Você vai perder a sua chance com o irmão dela.
Edwin saiu das sombras, e ela quase teve insuficiência cardíaca. - Ele tem
uma arma, meu amor! Não venha mais perto!
Ignorando-a, Edwin deslocou-se mais para a luz. - Você não é tolo o
suficiente, para matar a esposa de um par do reino, a sangue frio, Durand. Você
será enforcado por isso.
- Você não sabe uma maldita coisa, - Conde Durand assobiou. —Eu não me
importo se ela morrer. Eu vou encontrar Margrave de alguma forma. Mesmo se eu
só esperar para ele vir atrás de mim, para vingar a sua irmã.
- Você não terá que esperar por ele. - Edwin levantou a mão e ela viu uma
pistola. - Mate-a e você morre. É simples assim.
Isso pareceu fazer parar Durand, pois ela pôde sentir o vacilar da arma
contra o seu lado. - Ou você pode deixar-nos sair -, ele rosnou, -e eu deixo-a
viver.

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Clarissa suprimiu o seu bufo de descrença, quando ela abriu a faca.
Durand não iria escapar com a sua perfídia, se ela tinha algo a dizer sobre isso.
Ela só precisava do momento certo.
O olhar de Edwin virou para ela e deixou cair brevemente para a sua mão.
Ele sabia o que ela pretendia fazer. E estava pronto.
De repente, o cocheiro do Conde Durand começou a afastar-se.
- O que você está fazendo? – o conde gritou para o cocheiro. -Maldito seja,
volte!
Nesse momento, enquanto a sua atenção estava distraída e a arma tinha
deixado o seu lado, ela apunhalou o braço dele que tinha a pistola e caiu no chão,
sem nem mesmo esperar para ver sua reação.
Então Edwin atirou para o coração.

Um pouco mais tarde, Clarissa estava sentada na sua sala de estar quando
os serventes surgiram em torno dela. Edwin e Warren, quem tinha derrubado o
cocheiro da carruagem do Conde Durand e o afastou, estavam em profunda
discussão com Lord Fulkham, que tinha acabado de chegar. Lacaios e serventes
corriam de um lado para o outro seguindo ordens que, ocasionalmente, Edwin
latia para eles.
Havia um morto nos degraus, depois de tudo. Tinha que ser tratado.
Tudo o que ela podia fazer era sentar-se lá, quieta, enquanto ouvia a
discussão.
- Eu vou cuidar disso, Blakeborough - Senhor Fulkham estava dizendo. - O
homem estava tentando raptar a sua esposa. No momento em que eu terminar
com o embaixador francês por permitir a Durand rédea livre para atormentar
cidadãos ingleses, eles estarão felizes em manter o assunto quieto. Pode até não
ir a julgamento.
- Mesmo que vá - Warren disse, - os seus servos são testemunhas e temos o
cocheiro de Durand que vai dar testemunho da verdade, se ele souber o que é
bom para ele. Ou Fulkham pode tê-lo acusado como um cúmplice.
Naquele momento, Edwin olhou e viu que ela tinha começado a tremer. O
seu rosto empalideceu. Com algumas palavras para os outros, que imediatamente
saíram da sala, ele veio sentar-se ao lado dela. Ele derramou um pouco de
conhaque da garrafa sobre a mesa ao lado do sofá e pressionou o copo na mão
dela. - Beba-o, querida. Ele vai parar o tremor.
- Você-você está brincando com a bebida novamente - ela debilmente
tentou brincar.
- Estamos casados agora. É permitido.

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Ela levantou o copo para beber e viu a sua luva. A luva manchada de
vermelho. Depois de pousar o copo, ela rasgou as suas luvas fora. -Eu tenho
sangue do Conde Durand em mim - disse ela, seu estômago revirando. – E
provavelmente no meu vestido e no meu cabelo e…
- Sim - disse ele asperamente.
Ela olhou para cima, para vê-lo desmoronar diante dos seus olhos, os seus
ombros tremendo, com o rosto contorcido como se lutasse contra as lágrimas.
- Edwin!
- Se eu tivesse perdido você… - a sua respiração veio em suspiros
fraturados quando ele levantou o rosto torturado para ela. - Eu não poderia
suportar isso.
- Você não ia deixar isso acontecer. - Com o coração na garganta, ela
segurou seu rosto. - Como de costume, você é o meu São Jorge matando o
dragão.
- Eu te amo - disse ele sem rodeios.
Ele - Teria ela ouvido direito? - Eu pensei que você não acreditasse em
amor.
- Eu não acreditava. - Seu olhar caiu nela. - Mas eu estava errado.
A sua respiração tornou-se instável. Isto era apenas a sua reação ao vê-la
quase morta? Lutando para manter o tremor em sua voz, ela disse: - Meu Deus,
essa é a segunda vez que você disse que está errado numa semana. Na verdade, é
a segunda vez que disse isso na minha vida. - Ela colocou a mão em sua testa. -
Você está doente? Você está com febre?
- Eu quero dizer isso, atrevida. - Cobrindo a mão, puxou-a aos lábios e
beijou a palma da mão. - Eu amo você, corpo e alma. Por muito tempo, eu vivi
com um coração mecânico, recusando-se a sentir, porque eu tinha visto o que o
amor, ou o que eu pensei que era amor, tinha feito para os meus pais e eu não
podia suportar passar por isso.
Mal ousando respirar, ela agarrou a sua mão entre as suas.
- Mas eu estava com problemas desde o momento em que Warren me
convenceu a olhar por você. Eu disse a mim mesmo: “Cuidado, se você deixá-la
entrar, ela pode destruí-lo” Porque no fundo, eu sabia que, se alguém poderia
fazer o meu coração mecânico sangrar, seria você.
Ela engoliu em seco, sem saber como ela gostava disso.
- Em vez disso - disse ele, quebrando num sorriso, - você o fez bater. Forte.
Com vida e alegria e, sim, amor. Você, querida, transformou o meu coração
mecânico num verdadeiro.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Com lágrimas enchendo os olhos, ela disse: - Ótimo. Porque você merece
coisa melhor do que a vida com um coração mecânico. E eu nunca poderia ficar
com um marido autômato, até mesmo um com o seu requinte. Eu prefiro muito
mais o homem de carne e osso por quem me apaixonei.
Beijou-a, em seguida, com uma doçura que fez o seu coração disparar.
Quando eles finalmente se separaram, estava amanhecendo através da janela.
- Parece que você estava certa, ontem à noite, - ele disse quando deslizou o
braço sobre os seus ombros. - O nosso é um casamento por amor, depois de
tudo.
Ela deslizou seu braço sobre a sua cintura, então se inclinou para
sussurrar em seu ouvido: - Isso foi o que o meu coração desejou, então você
arranjou para mim. Que marido inteligente você é.
E quando eles riram juntos, o sol nasceu.

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Epílogo

Edwin estava debruçado sobre uma mesa em sua sala de trabalho,


cortando um pedaço de cortiça, quando a sua esposa entrou.
—O que você está fazendo agora? Ainda temos quase quatro meses até o
bebê nascer. No ritmo que vai, ela vai ser capaz de abrir a sua própria loja de
brinquedos.
Desde que Edwin tinha ouvido dizer que Clarissa estava grávida, ele tinha
começado a criar cada brinquedo mecânico que ele poderia pensar: um rouxinol
cantador, um urso de dança, um livro com letras que surgiam quando se abria e
um cão mecânico que saltava através de um aro segurado por um acrobata. Ele
tinha que estar pronto. Este era o seu primogênito, depois de tudo.
Ele mexeu-se na cadeira para olhar para a sua adorável esposa. Deus, mas
ela era linda quando estava preenchida com o seu filho. O seu rosto brilhava e os
seus seios eram ainda maiores. Era tudo o que podia fazer para lembrar a si
mesmo que ele tiha que ter cuidado com ela. Cuidado com o bebê que ela
carregava em seu interior.
- Em primeiro lugar - disse ele, - o “ela” será um “ele”. Eu sinto isso em
meus ossos.
Ela revirou os olhos. - Sim, e você não é nada se não famoso por sua
habilidade em prever o sexo de uma criança.
Ignorando-a, ele se recostou na cadeira. - Em segundo lugar, eu não estou
fazendo isso para o bebê, mas para mim. - Ele ergueu as duas peças esculpidas
de cortiça, em seguida, enfiou-as em seus ouvidos. - Ultimamente, você tem
roncado.
Ela ergueu uma sobrancelha e disse algo que ele não conseguiu ouvir.
Excelente, elas estavam funcionando. Ele colocou a mão atrás da orelha. -
O que foi?
Marchando para ele, ela arrancou as rolhas para fora das suas orelhas e
enfiou-as nas dela. - Obrigado por estas. Agora eu não tenho que ouvi-lo tagarelar
sobre o que precisa comprar para o bebê, o que fazer e arranjar para o bebê. Você
é pior que a minha mãe, eu juro.
Ela tinha razão. Ele e Lady Margrave tinham, surpreendentemente, ficado
mais amigáveis ao traçar o futuro do seu filho e do neto dela.
Ele atraiu Clarissa para as suas pernas. Estendendo a mão para tirar as
rolhas, ele disse, - Eu vou fazer um par para você também. Você pode usá-las
quando a sua mãe visitar. - Ele estendeu as mãos sobre o ventre, seu sangue
saltando a sentir os movimentos sutis. - Ele está realmente chutando hoje, não é?

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Ela está dançando. Ela tem que praticar para fazer o seu pai rir.
- A sua mãe já faz muito isso. - Ele beijou o umbigo de Clarissa sob o
vestido, e depois espalhou mais beijos do seu estômago para os seus seios
inchados. - Entre outras coisas. - Ele acariciou o seu mamilo. - Devemos fazer
amor nesta sala. Eu imaginei isso tantas vezes.
Ela pareceu escandalizada. - Em sua sala de trabalho? Verdadeiramente?
- Em todos os cômodos da casa. Muito antes de você se casar comigo,
também.
- Eu não acredito em você.
Com um sorriso malicioso, ele se levantou e pegou a mão dela. -Venha
comigo.
Ele a levou pela casa para a estufa, onde ele acenou para o dossel a beira
da janela. - Eu imaginei você deitada nua, banhada pela luz solar, enquanto eu a
tomava.
Deleitando-se com o corar dela, ele a levou pelos corredores para a sala de
música. - A possibilidade de me sentar naquele banco do pianoforte enquanto
você me montava, fez me aguentar muitos recitais de tédio.
Ela ficou boquiaberta. - Não os de Yvette, espero.
- Meu Deus, não. Mas o seu, com certeza.
- Você está dizendo que ouvir-me tocar aborrece-o?
- Eu estou dizendo que sempre providenciou um cenário apropriado para a
minha fantasia.
Observando-a com um longo e lento olhar, para dar ênfase, ele riu quando
ela disse: - Oh, Senhor, agora eu nunca vou ser capaz de olhar nos seus olhos,
quando eu estiver tocando para os hóspedes.
- Devo continuar? - Perguntou.
Um olhar de desafio atravessou o seu rosto. - Eu aposto que há uma
divisão em que você não imaginou fazer amor comigo. A cozinha.
- Você está louca? É claro que eu a imaginei lá, espalhada sobre a mesa
para fornecer-me um delicioso banquete. - Quando ela pareceu surpresa, ele
disse, - É claro que nunca poderia servir comida lá novamente se a fantasia se
realizasse, mas Deus sabe que eu imaginei.
Ela enrolou os braços em volta do seu pescoço. - Quando me casei com
você, Senhor Blakeborough, eu não tinha ideia que você era um homem tão
impertinente.
- Obviamente, ou você não teria assumido que eu poderia esperar um
maldito ano para ir para a cama com você.

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O remorso tingiu suas bochechas rosa. - E se realmente tivesse sido um
ano? Você teria cumprido as minhas condições?
- Claro. Mas você não teria durado tanto tempo. Você é uma mulher
impertinente demais para isso. E eu estava muito empenhado em te seduzir.
Ela tinha aquele olhar derretido em seus olhos que nunca deixava de o
encantar, e ele estava à beira de arrastá-la em seus braços e arrebata-la, quando
uma voz veio da porta. - Espero não estarmos interrompendo.
Edwin amaldiçoou interiormente… e então percebeu que a voz era
vagamente familiar. Não, não poderia ser.
Mas podia. - Niall? - Disse Clarissa, voltando-se para a porta. —Niall!
Ela afastou-se de Edwin e correu para abraçar o seu irmão. O homem que
Edwin se lembrava como sendo alto e esguio tinha crescido para um sujeito
muito robusto. O seu cabelo era mais escuro do que Clarissa, mais como
manchado por bronze, mas a sua expressão era dura. Claramente a sua
permanência no Continente o tinha mudado.
Atrás dele estava Warren, que observava os irmãos com um sorriso.
- Que diabos você está fazendo aqui? - Perguntou Clarissa. - Você
esgueirou-se para a Inglaterra? -Ela sacudiu. - Você não pode estar aqui, você é
um fugitivo. Eles podem enforcá-lo!
- Duvido - Warren disse enquanto olhava para além de Niall, para Edwin. -
Depois de todos os problemas que Fulkham e eu tivemos para o trazer
legalmente, não faria sentido para o governo mudar e enforcá-lo. E eu ficaria
muito irritado.
- E eu também, - Niall disse secamente. - Eu não gosto de ter uma corda
com uma gravata.
Ela girou para Edwin. - Você sabia sobre isso?
- Você está maluca? - Warren disse. - Edwin teria dito a você
imediatamente. Por isso que não contei a ele. Não tínhamos a certeza se iria
resultar, e não queríamos que você ficasse com muitas esperanças.
Edwin deu um passo ao lado dela para deslizar o braço sobre sua cintura,
sentindo-se estranhamente protetor. - Então, exatamente como você fez para
resultar? - Ele perguntou aos outros dois.
- Por acaso- o seu cunhado disse, -Durand já estava se tornando um
problema para ambos, os franceses e os ingleses, fazendo decisões diplomáticas
precipitadas, desviando documentos que deveriam ser destruídos, quebrando
acordos que tinham sido mantidos por muito tempo. A tentativa de chantagem foi
a última gota. Então Fulkham convenceu os seus superiores que sem o meu
envolvimento, o homem nunca teria sido descoberto, e as suas tentativas de
“revelar” um par do reino como espião teria terminado em desastre.

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


- Em outras palavras, - Warren falou, - Niall tem um perdão real. E não
doeu que após a morte de Prinny, o nosso novo rei estivesse ansioso para emitir
alguns perdões reais como parte da sua ascensão ao trono. Uma delas foi para
Niall.
- Sem ter que revelar nada do seu passado, querida menina, - acrescentou
Niall.
Com um suspiro, ela acariciou a sua barriga. - Claramente, eu não sou
uma “menina”.
Niall riu. - Não, claro que não. - Ele ficou sério quando o seu olhar
encontrou Edwin. - E se o seu novo marido não cuidar de você, vou desafiá-lo
para um duelo.
- Não se preocupe - Edwin disse solenemente. - Eu iria até aos confins da
terra para ela.
A declaração séria surpreendeu os outros dois homens. Então Niall olhou
para Warren. - Eu não posso acreditar, mas você estava certo. Ele está
apaixonado.
Clarissa passou o braço sobre a cintura de Edwin. - Claro que ele está. Eu
tenho esse efeito nos homens.
As palavras faladas levemente, aligeiraram o ambiente como sem dúvida, a
sua esposa tinha pretendido.
Com um sorriso genial, Niall disse: - Eu espero que nós tenhamos chegado
a tempo para o jantar. Estou faminto.
- Sim, o jantar será servido em breve. -Clarissa virou-se para seu primo. -
Warren, ficas?
Ele balançou a sua cabeça. - Eu tenho que voltar para Londres. Algo
apareceu. Mas você e Niall desfrutem da reunião. Vejo vocês em algumas
semanas na festa de Keane.
- Tudo bem. - Ela beijou o seu primo, em seguida, virou-se para Niall. - Vá
em frente para a sala de jantar. Preciso de uma palavra rápida com o meu
marido.
Niall parecia um pouco surpreso com as suas ordens, mas então, ele não a
tinha visto em sete anos. Ele não conhecia a Clarissa que conhecia e adorava. A
Clarissa que tinha mudado a sua vida. Quem o fizera completo.
Que tinha provado que ele acreditava no amor, depois de tudo.
Niall partiu para a sala de jantar, deixando o casal sozinho juntos.
Clarissa virou-se para Edwin com um sorriso sensual. - Então, para voltar
à nossa conversa, você gostaria de saber em que divisão eu imaginei fazer amor?

O Estudo da Sedução – Sabrina Jeffries


Isso chamou sua atenção instantaneamente. - Diabos, eu quero
- Talvez devêssemos fazer uma aposta. - Ela arrastou um dedo pelo seu
peito, fazendo o sangue dele aquecer. - Se você adivinhar a resposta correta, você
recebe uma recompensa.
Ele engoliu em seco. Incrível como ela ainda poderia despertá-lo com uma
palavra, um olhar. Uma insinuação sensual. - A recompensa, eh? Que tipo de
recompensa?
O seu sorriso atrevido aumentou as batidas do seu coração. - Oh, eu não
sei. Você pode beijar o meu braço, eu suponho. - Com um olhar de cumplicidade,
ela tocou o interior de seu cotovelo. - Bem aqui.
- Tenho uma ideia melhor. Se eu descobrir que divisão é, então eu vou
começar a fazer amor com você nela. Após o seu irmão voltar para casa esta
noite.
- Hmm. – Os seus olhos brilharam. - Isso soa como uma excelente
recompensa. Mas o que eu ganho se você não adivinhar corretamente?
- A mesma coisa que se eu adivinhar: o meu coração, o meu corpo, minha
alma.
- Nesse caso, eu não posso perder, - disse ela, seu amor por ele brilhando
em seu rosto.
- Nem eu -Ele puxou-a em seus braços. - E isso, meu amor é o melhor tipo
de aposta.

Fim

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