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Orientador:
Prof. Dr. César Nardelli Cambraia
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2017
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SUMÁRIO
1 - Apresentação_______________________________________________________3
2 - Fundamentação teórica______________________________________________3
3 - Objetivos__________________________________________________________4
4 - Método____________________________________________________________5
7 - Referências bibliográficas_____________________________________________26
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1. Apresentação
A língua é uma ferramenta cujas formas de uso vão muito além de um mero instrumento de
comunicação. A língua pode ser usada como representação do mundo e especificamente da
realidade de cada indivíduo. E, admitida como representação do mundo, a língua constitui-se como
instrumento de poder e meio pelo qual uma classe pode expressar-se de forma a reger toda a
estrutura sobre a qual se baseia a sociedade.
Neste presente trabalho objetivou-se estudar o léxico no discurso político de diferentes
classes - conservadores e progressistas - em períodos conturbados da história da política brasileira
sob uma perspectiva sincrônica e, ao mesmo tempo, diacrônica.
Este trabalho é um exemplo de estudo da lexicologia, tendo como referência a Teoria do Campo
Lexical, de Trier (GEERAERTS, 2010); a Lexicologia Social, de Matoré (1973); os métodos
seguem os trabalhos da Linguística de Corpus, de Sardinha (2004).
A língua nunca foi tão explorada no que tange à sua capacidade de persuasão quanto nos dias
atuais. Por meio da língua o indivíduo não apenas pode se comunicar em sociedade como também
definir os rumos que esta sociedade toma. E a questão política, setor crucial para o bom
funcionamento da ordem social, têm sido alvo constante de noticiários nacionais e internacionais.
O país, que ainda respira tensões políticas ao mais uma vez presenciar o impeachment de seu
mandatário maior, se vê às voltas com opiniões diversas, altamente influenciáveis por
representantes que chegaram ao poder por meio do voto popular. E a língua evidentemente é
indispensável para o ato da construção (ou desconstrução) do ethos de uma pessoa, de uma
instituição, etc. Por meio da língua cria-se imagens construtivas ou destrutivas, de acordo com o
interesse do indivíduo ao se comunicar.
No entanto, a língua está sujeita a sofrer constantes variações. Faz-se necessário, portanto,
estudar, neste recorte, se houve variações lexicais entre os diversos setores ideológicos políticos que
constituem a sociedade brasileira.
A Lexicologia Social de Matoré visa ao estudo dos fatos sociais, partindo da palavra, ou
lexia, para tentar explicar posicionamentos, reivindicações e os fatos sociais como um todo. Busca-
se fazer um estudo da palavra e de seu significado com o passar do tempo. Isso equivale dizer que a
oposição entre sincronia e diacronia é relativa. Uma palavra não é estudada pelo seu uso em apenas
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um momento da história. O que Matoré propõe é um estudo das palavras em períodos diferentes e
as mensagens por ela transmitidas, que invariavelmente indicarão os anseios de um indivíduo,
grupo, classe de pessoas e até mesmo de uma nação inteira. A Lexicologia Social, portanto, torna-se
extremamente produtiva e pragmática por estudar a palavra em uso em diferentes períodos de
tempo. Ao fazermos um mapeamento de termos, expressões, chavões inerentes a uma classe social,
podemos analisar a conjuntura social que levaram ao acontecimento dos fatos.
3. Objetivos
O léxico, que por definição é o conjunto de vocábulos de uma língua, é provido de uma
intencionalidade ao ser proferido. O presente trabalho identificou estas palavras carregadas de
intencionalidade em frases e expressões presentes em cartazes, faixas e pichações em eventos que
marcaram época e que foram preponderantes para os rumos que tomaram a política brasileira em
1964 e 2016.
Os objetivos consistem em analisar historicamente a intencionalidade (presente em termos e
expressões) de cada grupo ao sair às ruas clamando por mudanças e/ou manutenção do sistema
vigente. Para tanto, estabeleceu-se uma comparação entre setores progressistas, vulgo ala
esquerdista e setores conservadores, adeptos de uma ideologia de direita. Além de uma comparação
entre setores da sociedade estabeleceu-se uma comparação entre períodos da história brasileira.
Propomos uma comparação que contemplou o período que vai de 1961 a 1964, em que o Brasil foi
governado pelo gaúcho João Goulart e o período que vai de 2013 a 2015, um trecho do segundo
mandato da mineira Dilma Vana Roussef.
Focalizando-se as manifestações mais relevantes de cada período, um corpus composto de
palavras de ordem foi coletado. De posse das palavras fez-se a somatória do número de vezes em
que cada termo aparecia entre os setores em determinado período de tempo. As palavras mais
usadas certamente explicitaram as aspirações de cada setor envolvido na manifestação. Por
exemplo: se entre algum setor as palavras de ordem mais frequentes remeterem a palavras ligadas à
economia, presume-se uma preocupação do tal setor a este quesito da realidade brasileira.
Por levar em consideração as palavras de ordem mais frequente usadas por cada setor
através do tempo, propomos também analisar se houve ou não uma mudança de diretriz em torno do
qual cada discurso girava. Por motivos diversos um mesmo setor poderia perfeitamente adotar
termos distintos em épocas distintas? Isso denotaria uma mudança de foco e por que não de
posicionamento ideológico? É exatamente isso que o presente trabalho buscou verificar.
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4. Método
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5. Descrição dos dados
Saudar1 - Ver1 -
Transmitir1 - - -
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Frente1 Ação2
Movimento1 Barrar1
Preparar1 Frente1
Levante2
Movimento2
Ocupação1
Revolução1
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Monopólio2 Reforma4
Nacionalização1 Terceirização3
Reforma15 Agricultura1
Reformar1 Conta1
Truste1 Corte1
Aumento1 Crise3
Base3 Fortuna1
Medida1 Petróleo1
Petróleo1 Taxação1
Projeto1 Valorização1
Faculdade1
UNE1
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
USP1
Aeronáutica1 (Forças Armadas) Cabo1 (Forças Armadas) Petrobrás1 (Órgão) Petrobrás3 (Órgão)
Armar4 (Forças Armadas) Sargento1 (Forças Armadas) Governo3 (Poder Executivo) SUS1 (Órgão)
Exército1 (Forças Armadas) Soldado1 (Forças Armadas) Presidente1 (Poder Executivo) Governar1 (Poder Executivo)
Força4 (Forças Armadas) Petrobrás1 (Órgão) Judiciário1 (Poder Judiciário) Governo3 (Poder Executivo)
Delegação1 (Poder Executivo) Governo2 (Poder Executivo) STF1 (Poder Judiciário) MEC1 (Poder Executivo)
Governo4 (Poder Executivo) Presidente4 (Poder Executivo) Legislativo1 (Poder Legislativo) Prefeito1 (Poder Executivo)
Mandato1 (Poder Executivo) Decreto2 (Poder Legislativo) PEC1 (Poder Legislativo) Presidente1 (Poder Executivo)
Presidente1 (Poder Excutivo) Lei2 (Poder Legislativo) Executivo1 (Poder Executivo) Assembléia1 (Poder Legislativo)
Congresso2 (Poder Legislativo) Garantir1 (Poder Legislativo) Exercício1 (Poder Legislativo) Congresso1 (Poder Legislativo)
Deputado1 (Poder Legislativo) SAPS1 (Órgão) Fardar1 (Forças Armadas) Constituinte6 (Poder Legislativo)
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Poder1 Controle1
CTB1 (Órgão)
MP1 (Órgão)
MPS1 (Órgão)
Poder1
Família2 - Namorado1
Filho2 -
Irmão1 -
Mãe1 -
Parente1 -
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Foice1 PCB4 -
Kremlin2 Socialista1 -
Martelo2 -
Russo1 -
URSS1 -
Vermelho3 -
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Pernambucano1 (Lugar)
Pernambuco1 (Lugar)
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Democratização1 (Regime)
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Ditadura1 (Regime)
PL1 (Partido)
Cristo1 Sagrado1 -
Cruz1 -
Cruzada1 -
Deus8 -
Iluminar1 -
Inferno1 -
Milagre1 -
Operar1 -
Religião2 -
Rosário2 -
Senhora Aparecida1 -
Sinal1 -
Templo1 -
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Companhia1 (Setor)
Doutor1 (Setor)
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Escravo2 (Setor)
Estrangeiro1 (Setor)
Gênero1 (Setor)
Líder1 (Setor)
Pelego1 (Setor)
Rodoviário1 (Setor)
Respeito2 Paz1
Ordem1 Verdade1
Progresso2
Trabalho2
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Ladrão1 Morte1
Mensalão1 Terrorista1
Mensaleiro2 Traição1
Penal1
Prisão2
Roubar1
Roubo1
Vândalo3
Violência1
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Vítima1
Desviar1
Explorar2
Fraude1
Morrer1
Negociata1
Mentiroso1 Selvagem1 -
Pior1 -
Playboy1 -
Reacionário1 -
Ruim1 -
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1961-1964 1961-1964 2013-2015 2013-2015
Conservador Progressista Conservador Progressista
Traidor2 -
Falso1 -
Melhor1 Livre1
Necessário1
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6. Análise dos dados
Ao analisar os dados apresentados acima, verificando a frequência com que cada campo se
sobressaiu mais em cada setor, é possível fazer uma leitura histórica sobre os reais motivos que
norteavam cada setor da sociedade ao sair às ruas. Inferimos também que houve uma mudança de
opção linguística (com relação a frequência no uso dos termos) tanto entre os inseridos no setor
conservador quanto entre os adeptos das ideias progressistas. Abaixo, uma análise geral dos dados e
uma breve discussão dos campos mais relevantes levando em conta a história do Brasil.
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trabalhadores querem armas para defender o povo.”; “Jango… Defenderemos as suas
revoltas à bala.”
Uma análise mais fidedigna (não cabe aqui falar em análise progressista) nos leva a crer que
os progressistas de algum modo temiam e sabiam que as Forças Armadas, ainda que
momentaneamente sob o controle de Jango, se voltariam contra a classe trabalhadora devido à
indisposição entre o exército e a CGT. As palavras de ordem insistentemente indicando um combate
eram, possivelmente, uma forma de mostrar a todos que os manifestantes, majoritariamente
trabalhadores, estavam dispostos a pagar pela vida para que os menos favorecidos fossem
contemplados pelo governo. Embora não ocorresse um combate, um incidente aconteceu. “Pelo
menos cinquenta pessoas ficaram feridas devido ao incêndio involuntário, que os empregados da
refinaria Duque de Caxias provocaram nas faixas portadas pelos assistentes do comício.” Assim
noticiava a página 4 do 1º Caderno do Diário da Noite, de 14 de Março de 1964. “Cento e trinta e
oito pessoas foram socorridas no Hospital Sousa Aguiar, em consequência de queimaduras e
ferimentos recebidos quando procuravam ao fogo das tochas.” Assim também pontuou a página 3
do 1º Caderno do Jornal do Brasil, de 14 de Março de 1964. As causas do incidente, no entanto,
foram misteriosas. Sem um claro culpado, os grandes periódicos da época não deram tanta ênfase
ao caso, classificando o acontecido como um “mero incidente.” Como observação importante, cabe
aqui ressaltar que, à exceção do jornal A última hora, os grandes jornais da década de 60 eram
ferrenhos críticos do governo Jango.
No período mais recente, a massa progressista continua a liderar as palavras de cunho
combatente. A diferença para o setor conservador é ainda maior em relação à diferença estabelecida
em 1961-1964. As palavras de ordem relacionadas a combate entre os conservadores se resumem a
3 termos que ocorreram por 5 vezes. Já entre os progressistas esta proporção é de 15 lexemas que
ocorreram 33 vezes nas faixas. Com relação à questão do combate há uma diferença a ser
mencionada: em 1964, Jango mobilizou o exército para que a paz fosse mantida durante seu
comício. A pacificidade dos manifestantes progressistas colaborou para a realização de um comício
sem maiores transtornos. Já no período 2013/2015 a polícia militar teve uma atuação mais incisiva.
Isso pelo fato de muitas vezes as ações de manifestantes ligados a setores de esquerda extrapolarem
o ideal de protesto pacífico.
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2) Campo Lexical: Economia
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Forças Armadas foram responsáveis por garantir a segurança e bom andamento do evento. Dias
depois, as mesmas Forças Armadas depuseram o então presidente João Goulart. E os progressistas
aprenderam a lição: no período mais recente, apenas 1 termo (PM) remetendo às forças armadas foi
usado pela esquerda contra 3 termos usados pela direita(Militar, Farda e PF).
Ao lado do campo lexical religioso, certamente o Campo Lexical da Família é o que mais
evidencia as diferenças entre conservadores e progressistas. No período de 1961-194, os
conservadores usaram 7 termos que ocorreram 9 vezes inseridos no campo da Família. Os
progressistas, por sua vez, não utilizaram nenhum termo. Os conservadores primavam pela defesa
da família tradicional e via no comunismo uma ameaça à moral e bons costumes. Já em 2013-2015,
a ala direita continua primando pela defesa da família. Entretanto, inegavelmente, a família, ou os
valores da família tradicional, não são tão preponderantes para as manifestações de direita – pelo
menos não para os manifestantes populares. Na Comissão de Impeachment da presidenta Dilma
Roussef, em 2016, a família disparadamente foi a “justificativa” mais citada pelos parlamentares
defensores do afastamento da chefe do executivo.
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que uma palavra pertencia ao campo político. Algumas palavras do campo remetiam a pessoas
(figura política), outras a regimes. Havia também palavras que se referiam a partidos.
Com relação ao primeiro período, há de se destacar as inúmeras vezes (17) em que o nome
de Jango é citado. Conhecido por adotar (ou pelo menos se propunha a fazê-lo) medidas populistas,
Jango era visto como um herói nacional por enfrentar abertamente a elite econômica do país em
prol das classes menos abastadas. Nas manifestações de 2013-2015 os nomes de políticos também
foram comuns nas faixas. Desta feita, porém, o nome da presidente é mais citado entre os
conservadores e por fatores negativos, e não positivos como foi conclamado o nome de Jango em
1964.
Uma coincidência observada é que a classe conservadora sempre associou os dois
presidentes depostos, Jango e Dilma à imagem de seus sucessores e padrinhos políticos, Getúlio
Vargas e Lula.
Ao compararmos o Campo Lexical Política e suas subdivisões nos dois períodos da história
e o Campo Lexical ideologia, notamos que as críticas feitas pelos conservadores a Jango e a Dilma
não tinham a mesma fundamentação. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada em
19 de Março de 1964 via em Jango um adepto do comunismo russo. O receio da ala conservadora
da época era que Jango instaurasse um regime comunista no país. Nenhuma faixa, porém, indicava
qualquer crítica em relação ao caráter de Jango. Nos anos de 2013-2015 as críticas possuíram razões
diferentes. As manifestações que desde 2013 clamaram pelo impeachment de Dilma Roussef
questionavam sua ética política e indicavam o envolvimento da presidente em esquemas de
corrupção. Podemos afirmar, portanto, que Jango era acusado de subversão ideológica e Dilma por
corrupção.
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moral de outrora. Aliado a isso, o catolicismo sofreu ao longo das últimas décadas um declínio do
número de fiéis, sobretudo frente ao crescimento maciço dos protestantes. Os protestantes, por sua
vez, no contexto político atual, formam a bancada evangélica. Numericamente uma bancada que
prospera, mas que deixa a desejar efetivamente. Vamos aos números da bancada evangélica
publicada em 2012 pelo site www.sul21.com.br1:
1) Da bancada evangélica, todos os deputados que a compõem respondem processos
judiciais;
2) 95% da referida bancada estão entre os mais faltosos;
3) 87% da referida bancada estão entre os mais inexpressivos do DIAP;
4) Na última década não houve um só projeto de expressão, ou capaz de mudar a realidade
do país, encabeçado por um parlamentar evangélico.
Talvez por isso a religião tenha caído em descrença, uma vez que até mesmo figuras
protestantes se vêem envolvidas em casos de corrupção.
Como explicado no Campo Lexical Política, Jango e Dilma Roussef foram acusados de
delitos distintos: o primeiro por questões ideológicas, o segundo por questões éticas. As palavras no
campo do crime foram utilizadas pelos dois setores em maior proporção na década atual, já que é o
1
Fonte: Acessível em <http://www.sul21.com.br/jornal/bancada-religiosa-a-mais-ausente-inexpressiva-e-processada/>
último acesso em 28 de Maio de 2017
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período onde se verifica a ocorrência de casos de corrupção. Os conservadores utilizaram apenas 5
palavras pertencentes ao campo do crime. Palavras estas que ocorreram 5 vezes. Estas palavras, no
entanto, não remetiam à nenhuma conduta ilegal do presidente Jango, mas sim constituíam ameaças
ao lado adversário caso as reformas fossem efetuadas. Os progressistas, por sua vez, utilizaram 8
lexemas por 10 vezes. As palavras também não constituíam atributos de irregularidades de
ninguém. Tratava-se apenas de promessas de resistência para que as reformas fossem cumpridas,
além de ameaças à figura de Lacerda, é claro.
Em 2013-2015 as palavras relacionadas ao crime, em maior número do que em 1964,
evidenciam fraudes cometidas por parlamentares defendidos tanto por conservadores quanto por
progressistas: Bandido, Cadeia, Cela, Corrupção, Corrupto, Crime, Ladrão, Mensalão,
Mensaleiro, Desviar, Explorar, Fraude, Negociata.
7. Referências
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