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PGMs - Curso para

Fase Escrita

Autores
Prof.: Rodolfo Penna, 28 de Março de 2023
Prof.: Igor Maciel,
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Curso para Fase Escrita - Prof.: Rodolfo Penna, Prof.: Igor Maciel, Prof.: Josias Barcelos

Sumário
Apresentação ......................................................................................................................................... 2

Proposta de Peça ................................................................................................................................... 3

Proposta de Solução .......................................................................................................................... 4

Questão 01 .......................................................................................................................................... 10

Proposta de Solução ........................................................................................................................ 11

Questão 02 .......................................................................................................................................... 13

Proposta de Solução ........................................................................................................................ 14

Questão 03 .......................................................................................................................................... 18

Proposta de Solução ........................................................................................................................ 19

Considerações Finais ........................................................................................................................... 20

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APRESENTAÇÃO
Meus caros, tudo bem?

Vamos seguir com nosso curso. Apresento agora o Padrão de Correção do nosso simulado 01
– PGMs Fase Escrita.

Grande abraço,

Josias Barcelos Jr.

profjosiasbarcelos@gmail.com

Convido-os a seguir minha rede social. Basta clicar no ícone:

@profjosiasbarcelos

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PROPOSTA DE PEÇA

Leia as informações a seguir.

Roberto Silva é prefeito de um Município localizado em um estado do Brasil. Ciente da


necessidade de valorização dos servidores públicos municipais, e considerando que o
debate político é acirrado quanto a este assunto, o citado prefeito resolveu consultar a
Procuradoria Jurídica do Município com o intuito de propor um Projeto de Lei para
vincular o reajuste dos Servidores Públicos Municipais ao Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA). Assim, todos os anos, a remuneração dos servidores públicos seria
automaticamente reajustada com base nesse índice assegurando a valorização dos
servidores públicos e eliminando possível desgaste político.

Com base nessas informações, elabore um Parecer Jurídico sobre a possibilidade de


vinculação do reajuste de vencimentos de servidores municipais a índices federais de
correção monetária, fundamentando-se na legislação em vigor. (100,00 pontos)

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PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Peça esperada: Parecer

Pontuação

• Estrutura do parecer.
• Norma culta da língua portuguesa.
• Fundamentação versando sobre o conteúdo abaixo.

Tal como exigido no enunciado, sempre estão na ordem do dia os temas: revisão geral dos
vencimentos dos servidores, a possibilidade de interferência do Poder Judiciário e a vinculação dos
índices de reajustes.

Tratando de revisão geral dos servidores, há necessidade de buscar a inteligência do Poder


Constituinte ao proceder em determinações aos entes para afastar perda inflacionária, bem como
que sejam pontuais os valores/índices a serem aplicados.

Assim rezam os incisos X e XIII do art. 37 da CF/88:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:
(...)
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do
art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada
a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices;
(...)

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XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies


remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;

O inciso X do art. 37 traz o direito à revisão geral dos vencimentos. Há necessidade considerar os
seguintes requisitos:

Revisão Geral dos


Vencimentos
(Art. 37, inc. X, CF)

Requisito da anualidade:
Requisito da generalidade: a revisão deve ter
Requisito Formal: alcançar o universo integral
lei específica. periodicidade de um ano
dos servidores.
(periodicidade mínima).

Cumpridos todos os requisitos, haverá atendimento aos clamores do Constituinte.

Mas se parte dos governos das entidades federativas resolverem não atender esse direito dos
servidores?

Após a promulgação da Emenda Constitucional nº 19/98, os servidores de diversos entes, incluída a


União, foram ao STF questionar a omissão legislativa referente a lei específica para dar efetividade
a revisão dos servidores. Em 2010, por meio da ADO nº 2.061, constituiu a mora para exigir a
deflagração do processo legislativo para elaboração da lei anual de revisão geral:

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. ART. 37, X, DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL (REDAÇÃO DA EC Nº 19, DE 4 DE JUNHO DE 1998).
Norma constitucional que impõe ao Presidente da República o dever de
desencadear o processo de elaboração da lei anual de revisão geral da
remuneração dos servidores da União, prevista no dispositivo constitucional em
destaque, na qualidade de titular exclusivo da competência para iniciativa da
espécie, na forma prevista no art. 61, § 1º, II, a, da CF. Mora que, no caso, se tem
por verificada, quanto à observância do preceito constitucional, desde
junho/1999, quando transcorridos os primeiros doze meses da data da edição da
referida EC nº 19/98. Não se compreende, a providência, nas atribuições de
natureza administrativa do Chefe do Poder Executivo, não havendo cogitar, por
isso, da aplicação, no caso, da norma do art. 103, § 2º, in fine, que prevê a fixação
de prazo para o mister. Procedência parcial da ação.

(STF - ADI: 2061 DF, Relator: ILMAR GALVÃO, Data de Julgamento: 25/04/2001,
Tribunal Pleno)

O STF tem se posicionado de forma reiterada em ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão), para desencadear o processo de elaboração da lei anual de revisão geral da
remuneração dos servidores. Vejamos o entendimento da Suprema Corte na ADI 2525 DF:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. ART. 37, X, DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL (REDAÇÃO DA EC N. º 19, DE 4 DE JUNHO DE 1998).
DISTRITO FEDERAL.

Norma constitucional que impõe ao Governador do Distrito Federal o dever de


desencadear o processo de elaboração da lei anual de revisão geral da
remuneração dos servidores distritais, prevista no dispositivo constitucional em
destaque, na qualidade de titular exclusivo da competência para iniciativa da
espécie, na forma prevista no art. 61, § 1.º, II, a, da CF. Mora que, no caso, se
tem por verificada, quanto à observância do preceito constitucional, desde junho
de 1999, quando transcorridos os primeiros doze meses da data da edição da
referida EC n.º 19/98. Não se compreende, a providência, nas atribuições de
natureza administrativa do Chefe do Poder Executivo, não havendo cogitar, por
isso, da aplicação, no caso, da norma do art. 103, § 2.º, in fine, que prevê a fixação
de prazo para o mister. Procedência parcial da ação.

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(STF - ADI: 2525 DF, Relator: ILMAR GALVÃO, Data de Julgamento: 19/12/2001,
Tribunal Pleno)

Tema bastante polêmico, pois constituída a mora dos entes, instados a realizar a revisão, ainda a
anualidade não é respeitada.

Na União há previsão de revisão no mês de janeiro, segundo a Lei Federal nº 10.331/2001, porém,
há anos que a revisão não é concedida. Assim, pode-se observar posicionamento em diversos
Mandados de Injunção, que se alicerça na ADI 2.061:

EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO MANDADO DE INJUNÇÃO RECEBIDOS


COMO AGRAVO REGIMENTAL. REVISÃO GERAL ANUAL. ART. 37, X, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AUSÊNCIA DE LACUNA REGULAMENTADORA NO
ÂMBITO FEDERAL. PRECEDENTES.

A jurisprudência desta Suprema Corte firmou-se no sentido de que o art. 37, X,


da Magna Carta já foi objeto de regulamentação, no âmbito federal, pela Lei
10.331/2001, com as alterações promovidas pela Lei 10.697/2003. Dessa forma,
à míngua de norma constitucional de eficácia limitada pendente de
regulamentação, não há lastro para a concessão da pretendida ordem
injuncional coletiva.

Precedentes do Plenário: MI 5313 ED, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 13.6.2014;
MI 5085 ED, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 06.6.2014; MI 4265 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, DJe de 02.6.2014; e MI 4831 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki,
DJe de 28.08.2013. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental,
ao qual se nega provimento.

(STF - MI: 5285 DF, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 01/08/2014,
Tribunal Pleno)

Muito embora a previsão constitucional, a revisão aos servidores esbarra na omissão do ente, como
também pelo posicionamento do STF da impossibilidade do Poder Judiciário, em respeito ao
princípio da Separação de Poderes, promover o reajuste calcado no princípio da isonomia. Assim, a
Súmula 339 converteu-se na Súmula Vinculante 37 do STF:

Súmula 339 (conversão na SV 37, infra)

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Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Súmula Vinculante 37
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

Súmula Vinculante
Súmula 339
37

Essa súmula vinculante importa para questões de peças processuais em concurso de Procuradorias,
para se lastrear teses em defesa da Fazenda Pública em matéria de servidores públicos. Há grande
incidência nos concursos em provas objetivas e discursivas (em especial peças judiciais e pareceres).
Assim, importante a fixação!

Por fim, consolidando esses temas quentes, há ainda a discussão sobre o inciso XIII do art. 37,
referente aos índices de reajuste, pois é vedado vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária, de forma automática.

Esse posicionamento já constava na Súmula 681 do STF, que foi convertida na Súmula Vinculante
42.

Súmula Vinculante 42

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É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores


estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.

Súmula Vinculante
Súmula 681
42

Vejamos o precedente representativo da súmula vinculante:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL E


ADMINISTRATIVO. LEI RONDONIENSE N. 256/1989. FIXAÇÃO DE VENCIMENTO
BÁSICO PARA DESEMBARGADOR ESTADUAL E CRIAÇÃO DE FÓRMULA DE
REAJUSTE.

1. Prejuízo da ação quanto aos arts. 1º e 2º da Lei rondoniense n. 256/1989 em


face das alterações constitucionais posteriores. Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 96/RO.

2. Inconstitucionalidade da vinculação de reajuste de remuneração de


servidores públicos ao índice de preços ao consumidor. Descumprimento do
princípio federativo e da autonomia estadual. Precedentes.

3. Ação Direta de Inconstitucionalidade prejudicada quanto aos arts. 1º e 2º da


Lei rondoniense n. 256/1989 e julgada procedente quanto aos arts. 3º e 4º desse
diploma legal.

(STF - ADI: 285 RO, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento:
04/02/2010, Tribunal Pleno)

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QUESTÃO 01

No que consiste a Denúncia Espontânea e quais os seus efeitos na esfera tributária?


(20,00 pontos)

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PROPOSTA DE SOLUÇÃO

A previsão consta do art. 138 do CTN:

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,


acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante
do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de


qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a
infração.

Notadamente, a denúncia espontânea afasta a responsabilidade por infrações tributárias.

Nesse sentido, o STJ possui entendimento referente aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação:

Súmula 360 – STJ

O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

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Ponto importante é o critério legal que consta do parágrafo único do art. 138, pois deixa de ser
espontânea se apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de
fiscalização, relacionado com a infração.

Situações há em que se tornaria difícil estabelecer se a denúncia é ou não de fato


espontânea. Por exemplo, notícias na imprensa de que a fiscalização de certo tributo será
aumentada, presença da fiscalização em outras empresas do mesmo ramo, ou em
estabelecimentos vizinhos, dentre outras possíveis motivações, nem sempre compatíveis,
em rigor, com a ideia de espontaneidade, podem levar o infrator à autodenúncia.
Porém, há um critério legal para discriminar os casos em que a denúncia é ou não
considerada espontânea, e ele vem expresso no parágrafo único do art. 138. A denúncia
não é considerada espontânea se apresentada após o início de qualquer procedimento
administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Não é, pois,
qualquer possível motivação externa à vontade do infrator que exclui sua
espontaneidade, para os efeitos do artigo em estudo; requer-se a existência de um
procedimento fiscal ou medida de fiscalização que já tenha tido início; obviamente, não
se pode tratar de procedimento ou medida interna corporis, que a fiscalização tenha
implementado mas de que ainda não tenha dado ciência ao infrator. A ciência deste é
necessária para o efeito em análise.
Se a medida de fiscalização diz respeito limitadamente ao exame de determinado
assunto, e a infração se refere a matéria estranha àquela que esteja sendo objeto da
investigação, a espontaneidade não está afastada.1

1
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. (livro digital)

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QUESTÃO 02

Disserte sobre a possibilidade de ampliação de hipóteses de intervenção nos Municípios


pelos Estados na Constituição estadual. (20,00 pontos)

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PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Tema de direito constitucional a intervenção dos Estados-membros nos Municípios, consta do art.
35 da Constituição Federal:

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância
de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
ordem ou de decisão judicial.

Como ato de natureza política excepcional, consistente na supressão temporária da autonomia de


ente, a CF/88 permitiu a intervenção dos Estados nos Municípios. Nesse sentido, não se poderá
admitir a intervenção da União em Municípios, salvo no caso dos Municípios de Território da União
(art. 33, § 1º da CF/88).

A intervenção nos Municípios possui a seguinte lição na doutrina:

A intervenção estadual, conforme a Constituição de 1988, será realizada pelo Estado-


membro em seus Municípios (localizados em seu espaço territorial). Sem dúvida alguma
somente os Estados-membros poderão intervir em Municípios, sendo que a única
exceção a essa regra irá ocorrer se estivermos diante de um Município de território

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federal, ou seja, de território da União, no qual a intervenção será realizada pela União,
mesmo porque eles são descentralizações administrativas da União. 2

O que demanda o examinador é saber da possibilidade do Poder Constituinte Decorrente ampliar as


hipóteses de intervenção, ou seja, se a Constituição estadual pode alargar o rol do art. 35 da CF/88.

Entre os princípios que regem a intervenção podemos destacar da excepcionalidade, taxatividade e


temporalidade.

O princípio da taxatividade indica que as hipóteses de intervenção estão em rol fechado (numerus
clausulus) na Constituição.

Mas essa taxatividade atinge a Constituição dos Estados,


para intervenção nos Municípios?

A resposta é afirmativa, pois não cabe aos Estados ampliar esse rol, mesmo por via do Poder
Constituinte Decorrente.

A intervenção estadual apresenta as mesmas características principiológicas da


intervenção federal, sendo, portanto, excepcional e com hipóteses taxativamente

2
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12. ed. rev., atual. e ampl.
Salvador: JusPodivm, 2020.

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previstas na CR/88, não podendo ser ampliadas ou modificadas pelo legislador


constituinte estadual.3

Esse tema possui entendimento assentado no STF conforme decisão na ADI nº 558, contra a
Constituição do Estado do Rio de Janeiro:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: IMPUGNAÇÃO A VARIOS PRECEITOS DA


CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, COM PEDIDO DE SUSPENSÃO LIMINAR
DOS ARTS. 100 (EM PARTE), 159 (EM PARTE), 176, "CAPUT" (EM PARTE) E SEU PAR.2., V,
E E F; 346 E 352, PARAG. ÚNICO: MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA PARCIALMENTE, SEM
SUSPENSÃO DO TEXTO, QUANTO AO ART. 176, PAR.2., V, E E F, E, INTEGRALMENTE,
QUANTO AOS ARTG. 346 E 352, PARAG. ÚNICO. 1. ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:
IMPUGNAÇÃO AO SEU PODER DE CONVOCAR PARA ESCLARECIMENTOS OS
PROCURADORES-GERAIS DE JUSTIÇA, DO ESTADO E DA DEFENSORIA PÚBLICA,
COMINANDO-SE A AUSÊNCIA INJUSTIFICADA AS SANÇÕES DO CRIME DE
RESPONSABILIDADE: LIMINAR INDEFERIDA. 2. REPRESENTAÇÃO POR
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS LOCAIS EM FACE DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO
(ART. 159): ARGÜIÇÃO DE INVALIDADE, EM FACE DO MODELO FEDERAL DO ART. 103 CF,
DA OUTORGA DE LEGITIMAÇÃO ATIVA A DEPUTADOS ESTADUAIS E COMISSÕES DA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, ASSIM COMO AOS PROCURADORES-GERAIS DO ESTADO E DA
DEFENSORIA PÚBLICA: SUSPENSÃO CAUTELAR INDEFERIDA, A VISTA DO ART. 125, PAR.4.,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 3. DEFENSORIA PÚBLICA: ARGÜIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS QUE LHE CONFEREM ATRIBUIÇÃO PARA: A) A
ORIENTAÇÃO JURÍDICA, A POSTULAÇÃO E A DEFESA EM JUÍZO DOS DIREITOS E
INTERESSES "COLETIVOS" DOS NECESSITADOS (ART. 176, "CAPUT"): DENEGAÇÃO DA

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LIMINAR; B) PATROCINAR (E NÃO, PROMOVER) AÇÃO CIVIL EM FAVOR DE ASSOCIAÇÕES


DESTINADAS A PROTEÇÃO DE INTERESSES "DIFUSOS" (ART. 176, PAR.2., V, E, 1., PARTE):
SUSPENSÃO CAUTELAR RECUSADA; C) "IDEM", EM FAVOR DE ASSOCIAÇÕES DE DEFESA
DE INTERESSES "COLETIVOS" (ART. 176, PAR.2., V, E, 2., PARTE): SUSPENSÃO LIMINAR
DEFERIDA, EM TERMOS, PARA RESTRINGIR PROVISORIAMENTE A APLICAÇÃO DO
DISPOSITIVO A HIPÓTESE EM QUE SE CUIDE DE ENTIDADE CIVIL DESPROVIDA DE MEIOS
PARA O CUST EIO DO PROCESSO; D) PATROCINAR OS DIREITOS E INTERESSES DO
CONSUMIDOR LESADO, NA FORMA DA LEI (ART. 176, PAR.2., V, F): MEDIDA CAUTELAR
DEFERIDA EM TERMOS SIMILARES A DA ALINEA C SUPRA. 4. VEREADOR, IMUNIDADES:
IMPUGNAÇÃO A NORMA CONSTITUCIONAL LOCAL QUE LHES ESTENDE IMUNIDADES
PROCESSUAIS E PENAIS ASSEGURADAS AOS MEMBROS DO CONGRESSO NACIONAL (CF,
ART. 53, PARS.1., 2., 3., 5. E 7.) E AOS DEPUTADOS ESTADUAIS (CF, ART. 27, PAR.1.; CONST.
EST. RJ, ART. 102, PARS.1., 2., 3., 5. E 6.), EM FACE DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA
UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL: SUSPENSÃO
LIMINAR DEFERIDA. 5. INTERVENÇÃO ESTADUAL NO MUNICÍPIO POR SUSPENSÃO DA
DÍVIDA FUNDADA (CF, ART. 35, I): IMPUGNAÇÃO A NORMA CONSTITUCIONAL LOCAL,
QUE EXCLUI A INTERVENÇÃO, "QUANDO O INADIMPLEMENTO ESTEJA VINCULADO A
GESTAO ANTERIOR" (C. EST. RJ, ART. 352, PARAG. ÚNICO): SUSPENSÃO LIMINAR
CONCEDIDA.

(STF - ADI: 558 RJ, Relator: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Data de Julgamento: 16/08/1991,
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 26-03-1993 PP-05001 EMENT VOL-01697-02 PP-
00235)

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QUESTÃO 03

Considerando as lições de direito ambiental, demonstre as diferenças entre os princípios


da prevenção e precaução. (20,00 pontos)

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PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Princípio da Prevenção

Visa impedir a ocorrência do dano ambiental, através da adoção de medidas de cautela


antes da execução de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos
naturais. Aplica-se o princípio da prevenção naqueles casos em que os riscos já são
conhecidos e previstos, de modo a se exigir do responsável pela atividade potencialmente
poluidora a adoção de medidas que impeçam ou diminuam os danos ambientais.

Princípio da precaução

Visa impedir a ocorrência de danos potenciais que, de acordo com o atual estágio do
conhecimento, não podem ser identificados. Portanto, ainda não há certeza científica
acerca dos potenciais danos causados por uma atividade, por isso tal atividade deve ser
evitada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espero que o simulado tenha contribuído para sua caminhada!

Quaisquer dúvidas, críticas ou sugestões, estou à disposição nos canais do curso e nas redes
sociais ou por e-mail.

Grande abraço e até o próximo desafio!

Josias Barcelos Jr.

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