FÓRUM ROSACRUZ

PUBLICAÇÃO PRIVATIVA AOS MEMBROS DA AMORC – VOLUME XVI – Nº 01 – 2023

SPITIRI DAMNATI – IMAGEM DO LIVRO SÍMBOLOS SECRETOS DOS ROSACRUZES

PÁGINA 2 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
Mensagem do Grande Mestre

Prezados fratres e sorores,

Saudações Rosacruzes!

A cada edição do Fórum Rosacruz observo a importância deste periódico para o estudante rosacruz.

As questões enviadas pelos membros de todo o mundo são de amplo aspecto. Desde questões mais
comuns até aquelas mais complexas, relativas aos ensinamentos mais elevados e até com nuances
existenciais.

De toda a sorte, o Fórum, originalmente escrito pelo Dr. Harvey Spencer Lewis, tem se mostrado
um verdadeiro auxiliar do buscador em suas respostas.

Aproveitem esta edição pois ela está preenchida das respostas às questões gerais que gostaríamos
de conhecer. Aliás, o exercício de ler perguntas e respostas é muito instrutivo porque dá uma matiz
dialética ao conteúdo que nos auxilia muito na assimilação.

Aproveito para informar que estamos desenvolvendo a gravação de monografias em áudio (ainda
nos graus de Atrium) para aqueles que preferem escutar e para os deficientes visuais. Em seguida
será estendido para as monografias de Templo e dos Graus Superiores.

Nossa Convenção Nacional no período de 09 a 12 de outubro de 2024 (a ser confirmada pela

administração do Teatro Guaíra) com o tema “O Cavaleiro Rosacruz” já está em planejamento e
promete ser uma reunião fraternal de alto nível. Fiquem atentos!

Despeço-me com meus melhores votos de Paz Profunda,

Sincera e fraternalmente 
AMORC-GLP 

Hélio de Moraes e Marques 

GRANDE MESTRE

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 1

Convocações Ritualísticas
Dada a importância das Convocações Ritualísticas para o desenvolvimento dos
estudantes rosacruzes, por que não há obrigatoriedade em frequentá-las?
m determinado dia, no
decorrer do ano, é realizada a
primeira convocação do novo
ano. Essa convocação não é
diferente das demais, porém
sendo a primeira de uma série,
a ela atribuímos significação
especial e aproveitamos a
oportunidade para considerá-
la, possivelmente, sob uma nova luz.
A convocação semanal é, por si mesma, uma
regeneração semanal para aqueles que dela
participam. É uma ocasião na qual os membros
se reúnem para reafirmar suas convicções
referentes a certos elementos necessários ao
seu crescimento e progresso, ao longo da senda.
É verdade que a frequência às convocações
não é exigida dos membros. Também é
verdade que há pessoas que pensam não
receber qualquer benefício adicional pela
frequência às reuniões ritualísticas, e se elas
isso sentem provavelmente nenhum sentido
haveria em frequentá-las. Repetimos que
nenhum membro deve sentir-se obrigado
a assistir às convocações ou pensar que está
negligenciando a Ordem pelo fato de a elas
não comparecer. Para colher benefícios dessas
reuniões, o tempo por elas requerido deve ser
dado livre e voluntariamente.
Muitos membros podem não necessitar de
encorajamento ou de sermões sobre a lógica de
frequentar convocações, mas o que realmente
queremos dizer aplica-se igualmente a todos
os membros, e é bem possível que venha a se
PÁGINA 2 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
aplicar especificamente ao leitor, em época
futura.
Nossa maneira de pensar a esse respeito
é que o fato de não ser obrigado a fazer
determinada coisa, não deve se tornar razão
suficiente para que o membro não o faça. Há
inúmeras coisas desejáveis e construtivas ao
nosso redor que não são obrigatórias. Isto não as
torna menos desejáveis ou menos construtivas.
Em nossa sociedade democrática em evolução,
as pessoas verificam que dispõem, cada vez
mais, de liberdade para fazerem o que lhes
agrade, sem temer críticas ou represálias. Isso
exige um maior sentido de responsabilidade
de nossa parte, para que saibamos fazer
as coisas que são melhores para nós. A
liberdade que conquistamos não nos liberta da
responsabilidade; significa apenas a liberdade
de sermos responsáveis principalmente para
conosco mesmos, mais do que para com nossos
vizinhos, amigos, parentes ou empregadores.
Estamos em um estado de transição, e a
explosão de liberdade que tantas pessoas hoje
gozam leva-as a brincar e se divertir quase que
com abandono imprudente. É muito bom ser
livre, mas as pessoas terão de se acomodar.
Irão perceber que devem impor a si mesmas
restrições e disciplinas para que possa haver
saúde e felicidade. Quanto mais os Rosacruzes
fizerem para destacar essa necessidade, mais
depressa a sociedade se recuperará.
Queremos que as pessoas desfrutem da
agradável sensação de liberdade em todas as
formas; liberdade para pensar o que quiserem;
liberdade para escolherem seu próprio
destino; liberdade para selecionarem amigos,
local de moradia, emprego; liberdade para
movimentarem-se e sentirem a plenitude da
vida. Este é o objetivo de uma sociedade livre:
dar aos seus membros o máximo possível de
liberdade mental e física.
Parte desse ideal, no entanto, é educar o
povo para essa responsabilidade, para que cada
qual saiba usar da liberdade a que tem direito.
Isto estamos realizando em alto grau na
sociedade em geral e na Ordem, em particular.
O programa da AMORC é lento e cuidadoso,
simplesmente porque esse processo requer
longo tempo para evoluir.
Não se pode oferecer às pessoas métodos
rápidos de desenvolvimento físico ou psíquico
e esperar que elas estejam preparadas para
aplicar esse crescimento novo sem considerável
orientação e educação ao longo do processo.
A prática de tentar libertar as pessoas de
suas inibições em apenas uma pouca sessão
de admoestação é particularmente perigosa.
A liberação de inibições ou de padrões de
memória de uma pessoa é uma espécie
de liberdade e deve ser processada lenta e
cautelosamente.
Tão logo tenhamos controlado o entusiasmo
que advém da sensação de estarmos libertos de
exigências externas, teremos de nos
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 3
acomodar e exigir de nós mesmos atividades
construtivas. As convocações são uma atividade
dessa natureza. Embora não sejam obrigatórias,
oferecem grande apoio às nossas resoluções
de desenvolver o Mestre Interior. Oferecem
um meio de comunicação entre pessoas de
mente semelhante. Numa liturgia especial,
nossa consciência sente que se torna cada vez
mais acentuado o propósito, a disposição de
adquirirmos maior conhecimento.
O discurso da convocação, embora nem
sempre pertinente ao nosso crescimento,
oferece maior visão sobre algum aspecto
de manifestação cósmica. A entoação de
sons vocálicos, o período de meditação e os
exercícios têm inegável valor em nossa vida.
As convocações são, realmente, de grande
utilidade. Ajudam-nos a crescer e progredir.
Reafirmam nossas convicções originais de
nos elevarmos pelo esforço e pela diligência
pessoal. Não temos necessidade absoluta das
convocações, mas se a elas não comparecermos
estaremos contrariando nossas resoluções. É
para isso que servem as resoluções do Ano
Novo: intensificar a
determinação
de fazermos o
que devemos
fazer para que
possamos crescer,
ser felizes e completos.
Pensemos, portanto, a respeito,
neste ano que começa. Não ter de
fazer as coisas não é razão suficiente
para não as fazer. – B
Arquivos Rosacruzes
Rituais

Se os rituais são necessários à transformação do ser humano, quando o ser

humano atingir essa transformação, eles não seriam dispensáveis?

or “transformação” na é dito, feito ou mostrado (visto) no ritual. Outro

pergunta,estamos entendendo é a atitude esotérica já mencionada, no sentido
evolução de consciência do de que cada elemento do ritual corresponda a
ser humano. O que é essa um elemento do estado psíquico do indivíduo
evolução e de que depende quanto à ideia, atitude e sentimento. O ritual,
ela? Resumidamente, trata- propriamente, é exterior e só tem valor para o
se de uma mudança gradativa fim que estamos considerando e se desencadeia
do estado da estrutura psíquica do indivíduo ou suscita um processo interior na mente da
no sentido do aumento da pureza e do poder pessoa. Assim sendo, a repetição sistemática
de suas faculdades de consciência em relação de um ritual sem a devida consciência de
ao atributo cósmico que dá origem a essas significado e a correspondente compenetração
faculdades. Isto depende de que seja suscitado e e sem se alcançar o estado interior próprio do
estimulado o funcionamento dessas faculdades misticismo é de pouco ou nenhum valor.
de modo propício àquela pureza e àquele
poder. Embora o fator comum para isto seja O ponto fundamental é que o ritual é
a própria experiência da vida, num processo um meio esotérico (externo) para um fim
mais natural, de evolução como providência esotérico (interno). Como tal pode se tomar
específica e sistemática, neste sentido, o ritual dispensável ou desnecessário para o indivíduo
é o meio místico para se conseguir o necessário que se desenvolva ao ponto de poder colocar
estado de contemplação e meditação. sua mente no estado místico imediatamente,
quando quer que o deseje.
O ritual, portanto, é meio e não fim. Por ZR
isto pode ser muito variado,
dependendo da ideia ou filosofia
em que se baseia. E é evidente
que a atitude da pessoa que o
pratica deve ser esotérica, ou seja,
o ritual deve ser um meio para
ela alcançar o estado interior
necessário àquela propiciação
de funcionamento psíquico
em pureza e poder crescentes
relativamente ao atributo ou aos
atributos cósmicos de origem.
Um requisito para isso é a
correta e forte Consciência DE
SIGNIFICADO de tudo o que

PÁGINA 4 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

Responsabilidades

Pergunta-nos um frater: “Existem por acaso responsabilidades complementares

que um Rosacruz deva assumir por se ter identificado com a finalidade da Ordem?
Isto é, há alguma coisa, fora do campo do conhecimento e da filosofia, pela qual
deva um Rosacruz distinguir-se de uma pessoa que não seja Rosacruz?

á três qualificações básicas quando nosso comportamento, em sua relação

porque deve um Rosacruz para com outras pessoas, ou a sociedade
distinguir-se. Ele deve de modo geral, é justo. Isto é comumente
conformar-se aos mais altos chamado de Consciência. A Consciência,
padrões de cada uma dessas porém, é uma combinação deste
qualificações. Evidentemente, senso de retidão com nossa
deve haver muitas pessoas que interpretação dos
não sejam Rosacruzes, mas façam o mesmo. costumes da
Não mostrar-se à altura dessas qualificações sociedade em
é não corresponder ao que a AMORC que vivemos.
concebe como viver a vida de um Rosacruz. Contudo,
Talvez nem todos tenhamos alcançado essas podemos
qualificações, porém, se elas constituem o avaliar se
nosso ideal, então, temos ao menos a correta aquilo que
motivação Rosacruz.

A primeira destas três qualificações é o

discernimento moral. Significa empenhar-
se em orientar sua vida por uma revisão
moral de seus atos e em pauta-Ia num
comportamento ético consentâneo com um
senso de retidão. Em primeiro lugar, devemos
reiterar, como temos frequentemente feito
neste Fórum, que não existe um código
moral universal. A aceitação do código moral
religioso por exemplo, não implica em que esse
código seja cosmicamente correto, ou mesmo
em que seja aceito por outras pessoas que estão
se esforçando para viver em boa moral.

Como seres humanos, estamos dotados

de um senso inato de retidão, isto é, sabemos
instintivamente, e em parte por experiência,

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 5

pretendemos fazer vai prejudicar outras pessoas,
ou não. Em outras palavras, porventura vamo-
nos beneficiar de nossos atos ao preço de pesar
e dano para outrem?
Aquilo que façamos poderá não estar
em conformidade com algum código moral
tradicional. Mas, se conscienciosamente,
interiormente convictos, sentimos que nosso
ato é correto, após termos avaliados seus
prováveis efeitos sobre outrem, então, ele não
é moralmente errôneo.
Isto significa, então, que o homem é,
exclusivamente, a medida de sua própria
moral? O Rosacruz deve pesar e analisar
aquilo que pessoalmente acredita ser correto,
pelos costumes e sistemas pragmáticos e
tradicionais da sociedade. Os homens podem
declarar em seus códigos e suas leis que certo
ato é bom ou mau. O Rosacruz deve tentar
determinar, honestamente, se a sociedade está
apenas perpetuando uma norma obsoleta, ou
se esta norma continua a beneficiar realmente
a humanidade. Se ele verifica
que esse código moral tem
um fundamento prático,
que efetivamente favorece e
ajuda a humanidade, então,
opor-lhe sua crença moral,
pessoalmente estabelecida,
seria evidentemente errôneo.
A segunda qualificação que distingue
um Rosacruz é o liberalismo intelectual. É de
se admitir que, nos últimos anos, a palavra
liberalismo tem sido um clichê a que, muitas
vezes, ideias fanáticas e radicais têm sido
associadas. Contudo, podemos reverter, mais
ou menos semanticamente, ao significado
original da palavra liberalismo. Concisamente,
ela pode significar uma mente aberta a novas
e diferentes ideias e proposições. Designa uma
pessoa que não está presa a dogmas nem às suas
próprias conclusões, e não se recusa a considerar
quaisquer pensamentos diferentes dos seus.
Designa, também, a pessoa que não hesita
em expressar crenças ou opiniões diferentes,
que considera mais meritórias do que alguma
crença ou opinião então predominante.
Por vezes, este liberalismo intelectual pode
ser radical e até revolucionário. Pode propor a
abolição de um sistema, ou prática, que esteja
prevalecendo numa dada época. Não obstante,
há de ser sempre construtivo. Não promoverá
a derrubada ou destruição de um sistema em

Resumindo esta primeira

qualificação (o discernimento
moral), podemos afirmar que
ela consiste em relacionar o
Ego e seus interesses com a
humanidade coletivamente
considerada. Devemos
promover nossos objetivos,
porém, jamais devemos fazê-lo,
consciente e arbitrariamente, à
custa de outros seres humanos.

PÁGINA 6 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

voga, a menos que, primeiro, seja capaz de
provar que aquilo que oferece é mais meritório
(isto é, superior ao que tenciona substituir).

Por conseguinte, esta segunda qualificação,

de liberalismo intelectual, sempre será guiada
pela primeira, ou seja, a de discernimento
moral. Deve-se compreender que o progresso,
o adiantamento da sociedade, nem sempre
tem sido um progresso evolutivo, mas, por
vezes revolucionário, em inteligente rejeição
do obsoleto por algo superior. A rigidez, a
inflexibilidade, não é necessariamente uma
virtude absoluta, como tantas pessoas tendem
a crer. A mudança (inteligente, construtiva) é a
força propulsora de qualquer programa.
A terceira qualificação que pode distinguir
um Rosacruz é sua adaptação social, ou seja,
seu ajuste aos outros. Em termos simples, o
Rosacruz não se distingue, na sociedade, por
quaisquer extremos de aparência. Não recorre à
ostentação, ou a chamar atenção para si mesmo.
Veste-se de modo moderado e simples, sem
fazer exibição de moda nem se rebelar contra
Demonstra atitude generosa, tolerante,
costumes de vestuário razoavelmente aceitos.
uma compreensão inteligente das condições
do mundo em que vive. Procura participar
O Rosacruz não procura rotular-se
de alguma atividade humanitária, em sua
exteriormente, notoriamente, como um
comunidade, não necessariamente promovida
estudante de filosofia, misticismo e metafísica,
por algum movimento sectário. Por exemplo,
pela peculiaridade de sua indumentária.
de atividades como a dos escoteiros, da APAE,
Não anda por aí com uma veste branca e de
de algum serviço comunitário de uma Loja
sandálias, nem se ornamenta com medalhões
Rosacruz etc.
ou símbolos sem significado para a média das
pessoas. Não sugere, pela maneira de falar ou
Podemos encontrar muitas pessoas
por gestos, que sabe (ou pensa que sabe) mais
com estas qualificações, vivendo e atuando
do que as outras pessoas.
ao nosso redor, que não são Rosacruzes.
O Rosacruz, por sua conduta ou expressão Podemos chama-las de adiantadas, cultas
verbal, não aparenta desdenhar o mundo e mesmo espiritualmente evoluídas. Isto é
material, isto é, praticar o ascetismo (a rejeição o que deve ser um Rosacruz, deste modo
de confortos físicos normais). Não expõe a facilmente distinguindo-se daqueles que não
ideia de que a riqueza ou o sucesso material, o são. - X
constitui em si mesmo um crime, ao passo que
a pobreza, real ou afetada, é mais espiritual. Fórum Rosacruz - Vol. XII Nº 02 1981

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 7

Ritual de Convocação
Por que o ritual de Convocação é sempre igual?
orque senão não seria um
ritual. Ritual é exatamente
a repetição sempre igual de
certas ações. O ser humano é
por natureza muito ritualístico;
temos tendência a fazer um
ritual para quase tudo que
fazemos. Por exemplo, o ritual de tomar banho –
muita gente costuma se lavar sempre da mesma
maneira, começando por uma determinada parte
do corpo e seguindo uma espécie de roteiro que
se repete sem variar. Se você procurar, encontrará
diversos rituais na vida diária das pessoas. Esses
“rituais cotidianos”, que chamamos de hábitos,
servem para economizarmos tempo e energia,
porque sendo sempre iguais fazemos de modo
automático, sem precisarmos ficar pensando o
tempo todo no que fazemos, e isto deixa nossa
mente livre para se ocupar com coisas mais
criativas.
PÁGINA 8 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
Mas há um outro tipo de Ritual (com R
maiúsculo) que tem uma finalidade diferente
desses rituais comuns cotidianos. Esse outro
tipo de Ritual serve para levar a gente a pensar e
tentar sentir e compreender as Leis Universais
contidas nas coisas que fazem parte do Ritual,
ou seja, os símbolos, as palavras, as ações. Esse
tipo de Ritual é como um espelho da própria
Natureza, que também é ritualística já que suas
Leis nunca mudam e produzem fenômenos
que se repetem sempre – o nascer e o pôr
do Sol, as estações do ano, as fases da Lua, o
crescimento das plantas e animais etc. É graças
a essa repetição sempre igual dos fenômenos da
natureza que o ser humano está conseguindo
aos poucos decifrar e compreender as Leis
Naturais que regem o universo e a vida.
Além disso, um Ritual serve para nos colocar
num certo “estado de espírito” adequado para a
realização de alguma coisa. Por exemplo, pense
no Ritual do Natal e seus símbolos: a figura
do Papai Noel, a árvore, o presépio, a música
“Noite Feliz”. Quando entramos em contato
com essas coisas, ficamos num estado de ser
que chamamos de espírito natalino. E tudo tem
a finalidade de nos levar a vivenciar e tomar
consciência da mensagem do Mestre Jesus.
Reparem bem: sempre os mesmo símbolos,
sempre o mesmo dia 25 de dezembro, sempre
o mesmo “estado de espírito”.
Portanto, todo Ritual precisa ser sempre
igual para conseguir sempre o mesmo efeito
Símbolos
Qual a importância dos símbolos no desenvolvimento do estudante rosacruz?
s s í m b o l o s representam
algo para o entendimento
humano, seja uma ideia,
conceito, objeto ou relação.
Eles são usados como uma
forma de comunicação ou
representação simplificada
de algo complexo e ajudam
a transmitir informações de maneira concisa
e eficiente. Símbolos podem ter significados
diferentes para diferentes pessoas e culturas, e
são amplamente utilizados em diversas áreas,
incluindo arte, matemática, religião, ciência,
sinalização e comunicação etc.
Os símbolos podem ajudar na aprendizagem
do estudante rosacruz de várias maneiras:
1. Comunicação clara: símbolos são
uma forma concisa e eficiente de transmitir
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 9
desejado no estado de ser das pessoas. No
caso do Ritual de Convocação da Ordem, o
objetivo é colocar nosso ser num estado de
espírito adequado à meditação, ao contato
com o Eu Interior. Isso é conseguido através
da conduta de silêncio e respeito, dos
pensamentos de paz e harmonia que temos
ao entrar no Templo, e também do incenso,
das velas, da música suave, enfim, de todos
os símbolos que existem nesse Ritual. –
RMP/GLP
Fórum Rosacruz
2º Bimestre 2000
informações complexas. Isso pode tornar a
aprendizagem mais fácil e intuitiva.
2. Representação visual: os símbolos
podem ajudar a representar conceitos e ideias
de forma visual, o que pode ser útil para a
memorização e compreensão.
3. Conectando conceitos: símbolos
podem ser usados para conectar conceitos
relacionados e facilitar a compreensão das
relações entre eles.
4. Aprendizagem multissensorial: ao
combinar imagens, formas e palavras, os
símbolos podem envolver vários sentidos, o que
pode ajudar a fixar a informação na memória
a longo prazo.

Os símbolos, incluindo imagens, palavras e
ações, podem funcionar como uma porta para o
inconsciente, permitindo que a pessoa acesse e
explore seus conteúdos de maneira mais segura
e controlada. Por exemplo, durante a terapia,
um terapeuta pode usar símbolos para ajudar
a pessoa a compreender e processar emoções
inconscientes, como raiva ou medo.
Tendo-se a ideia de que um símbolo é uma
associação de elementos com significado,
então os símbolos adquirem formas, fazem
tradição. Para compreender os princípios
místicos, valemo-nos da rosa em suas três
diferentes manifestações ou concepções:
a rosa do jardim, palpável, concreta, com
existência plena materializada; a rosa
pintada ou desenhada, assim usada como
símbolo e a rosa existente em nossa mente,
abstrata. Cada uma destas representações
contém os elementos básicos necessários ao
significado que se queira dar, isto é, cada
uma tem o simbolismo inteligível do objeto
PÁGINA 10 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
simbolizado. Entende-se, por este exemplo, que
os símbolos são um meio para um determinado
fim e não um fim em si mesmo. Os números, as
cores e as notas musicais são exemplos claros de
que a coisa simbolizada é mais importante que
o símbolo, porém, na ausência dos símbolos,
como poderíamos compreender mentalmente
as coisas? Todos os ensinamentos rosacruzes
baseiam-se em símbolos compreensíveis a todos
para que possam representar as ideais que estão
por trás deles.
Por exemplo, nosso Templo, com suas
estações e seus acessórios, é um símbolo do
Universo. O homem, como o Microcosmo
ou pequeno mundo, é também símbolo do
Universo. O Templo, portanto, é também
símbolo do homem.
A utilização de símbolos pela AMORC
induz seus estudantes a compreenderem,
vivenciarem e incorporarem à personalidade,
conceitos e conteúdo que os ajudam a superarem
as limitações terrenas e desenvolverem todo
o potencial como personalidades-almas
encarnadas.
Arquivos Roscruzes
Época da “pós-verdade”
Tenho ouvido com frequência que estamos vivendo uma época da “pós-verdade”.
O que significa esta expressão?
egundo o Dicionário Oxford,
pós-verdade é um adjetivo
que significa ‘relacionado a
ou que indica circunstâncias
em que fatos objetivos
são menos influentes na
formação da opinião pública
do que apelos à emoção e à
crença pessoal’.
Isto significa que a expressão “pós-verdade”
se refere a uma situação em que as emoções
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 11
e crenças pessoais são consideradas mais
importantes do que os fatos e a evidência
objetiva na formação de opiniões e decisões.
Em outras palavras, a “pós-verdade” é uma
realidade em que o que é verdadeiro ou falso
não é determinado por fatos e evidências, mas
sim pela percepção subjetiva das pessoas.
Este conceito surgiu a partir do aumento da
disseminação de notícias falsas e desinformação
na era digital, onde as pessoas podem facilmente
compartilhar informações com milhões de
pessoas ao redor do mundo.
Isso pode levar a uma distorção
da percepção da realidade e a
uma polarização social.
O Rosacruz deve precaver-
se das opiniões disseminadas
como verdade, em todos
os campos, seja na religião,
na política ou na ciência
( pseudo) . É import ant e
buscar fontes confiáveis e
examinar a verificabilidade
das informações para evitar
a disseminação de notícias
falsas e desinformação. Neste
aspecto, o rosacruz deve ser,
antes de tudo, um guardião
da verdade, buscando-a com
todas as ferramentas de que
dispõe e nunca disseminando
nada que possa ter algum
aspecto de falsidade.
BP/GLP
Resistência ao relizar uma iniciação

Uma soror nos escreve a respeito da resistência que sente ao realizar uma iniciação.
A soror diz: “Desde que passei por minha primeira iniciação como Neófita, sempre
vivenciei um ponto do ritual que quase não consigo ultrapassar. Por vezes, senti
apenas uma leve relutância. Outras vezes, vivenciei realmente a sensação de uma
intensa força tísica me puxando para trás à medida que o ritual progredia. Essa força
fazia meus passos pararem, assustando-me às vezes; mas sempre me mantive certa
de meu objetivo e completei os rituais. Apesar do medo, lá no íntimo eu sabia que
devia ignorá-lo e completar a iniciação. “Tendo passado por rituais durante várias
décadas, observo que essa resistência ou medo diminuiu bastante, mas ainda vem à
minha mente de tempos a tempos. O que é isso? Será que vai desaparecer um dia?”

urante nossa preparação
para a primeira iniciação na
Ordem, aprendemos que
todos nós temos inibições.
São restrições ou bloqueios
mentais que consciente ou
inconscientemente adquiri­
mos no passado. Como todos nós temos
personalidades diferentes, essas inibições se
manifestam de diferentes formas. Alguns têm
medo de fazer certas coisas; outros só sentem
uma leve hesitação antes de fazer as mesmas
coisas. Há outros que evitam totalmente certas
situações para não enfrentarem exatamente
aquilo que devem dominar. Dizem-nos que
essas inibições são “obstáculos espirituais e
psicológicos em nosso progresso na vida”.
Se temos inibições sérias, podemos precisar
de ajuda profissional para nos ajudar a remover
esses obstáculos, mas na maior parte dos casos
nós mesmos podemos removê-los. Segundo
nossas monografias, isso se faz através de um
processo de purgação, pelo qual as obstruções
indesejáveis são removidas de nossa realidade.
O processo da iniciação é bastante eficaz nessa
remoção e, de acordo com nossos ensinamentos:
“permite que surja das profundezas de nosso ser,
da percepção e compreensão do Eu cósmico
em nosso interior, a franca avaliação de nós
mesmos”.
O processo da iniciação tem por finalidade
nos livrar de restrições e temores autoimpostos.
Outro aspecto importante da iniciação é
a satisfação das necessidades emocionais do
Eu psíquico. A iniciação tem mais a ver com
as emoções do que com o intelecto. Em vista
disso e de nossos comentários anteriores, fica
clara a razão de nossa soror sentir resistência
ao ato da iniciação. Entramos na iniciação por
nossa livre vontade, pelo desejo de mudar. E
na verdade sofreremos modificações ao nos
elevarmos de um nível de consciência para
outro. Esse compromisso não pode ser encarado
superficialmente; por isso um certo grau de
resistência é natural. Durante a iniciação,
quando nosso nível de consciência é elevado a
novas alturas, literalmente cruzamos o umbral
que leva das trevas à luz. Cada vez que fazemos
isso, enfrentamos o que os antigos chamaram
Terror do Umbral. A consciência nos fala e
continuamos a travessia do umbral, de acordo

PÁGINA 12 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

 com os princípios mais elevados do universo.
Estabelece-se a comunicação entre a inteligência
superior do Eu interno e a inteligência finita do
cérebro.

Aprendemos em um de nossos primeiros

Mandamentos que o Eu interior esteve inativo
desde nossa infância, mantido numa espécie
de sono. O propósito da iniciação é permitir
que o Eu Interior se expresse através de nossos
pensamentos, sentimentos e visão, em todos os
nossos assuntos. Tornamo-nos perceptivos ao
seu poder vital de nos proteger e nos auxiliar a
exercer o domínio sobre as condições da vida.
Tudo isso implica grandes mudanças e encontra
uma considerável resistência de nossa parte,
pois nesse ponto ainda não nos apercebemos da
harmonia, da paz e do amor que prevalecerão
em nossa vida, assim que permitirmos que
essa mudança interior se processe. Temos
medo de que uma coisa nova possa ser algo
“ruim”, sentimos que estamos melhor com

com os ditames de nossa consciência. O grau de

resistência que vivenciamos está na proporção Umbral de Templo
direta de nosso nível de percepção quanto ao é o mais amado
que está sendo ditado por nossa consciência.
local de cada Loja
Ao sermos iniciados buscamos iluminação, para o iniciado,
mas esta não nos advém sem responsabilidade.
Devemos passar por um penedo de preparação pois representa a
para nos tornarmos dignos de receber o entrada para a luz
conhecimento sagrado. Passamos por um
processo de testes e tribulações e fazemos uma e o conhecimento.
avaliação franca de nós mesmos. Recebemos a
oportunidade de nos purificarmos de funções
Ele representa a
orientadas para o Ego, como o orgulho e a passagem das trevas à
vaidade. Ao nos livrarmos desses empecilhos
vivenciamos a verdadeira iniciação, a iniciação luz, da vida finita para
da consciência, segundo dizem as monografias a vida infinita.
- da consciência ou da alma, mente e emoções.
Isso harmoniza nossa consciência interior

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 13


o que é antigo e bem conhecido, por mais
insatisfeitos que estejamos. Para a maioria,
o novo é temível, especialmente quando a
experiência é de natureza espiritual e tivemos
poucas ou nenhuma experiência dessa natureza.
Falta-nos confiança no Eu interior, em que só
o bem pode provir das experiências espirituais.
À medida que adquirimos mais experiência
aprendemos a confiar no Eu interior. Cada vez
que nos aproximarmos de um novo umbral
e o atravessamos, deixamos mais obstáculos
mundanos para trás. O fardo terreno, por assim
dizer, se torna mais leve e nós nos tornamos
PÁGINA 14 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
como a criança recém-nascida, purificados
dos impedimentos adquiridos desde o nosso
nascimento físico neste plano. Passamos pelo
umbral de um renascimento e, portanto, temos
que vivenciar a morte das inibições terrenas.
Nossos estudos nos dizem que no umbral
enfrentamos a vida e a morte, e ao cruzá-lo
estamos libertos de todo medo, pois não
existe o medo no infinito.
Mencionamos acima que no
umbral somos guardados por nossa
consciência e atentamos para isso
ou não, dependendo de nosso grau de
percepção. Como estudantes rosacruzes
sabemos que a Consciência é Luz, Vida e
Amor. Quando somos tentados pelas trevas,
a Consciência sempre nos adverte. Nas
situações da vida muitas vezes ignoramos
sua voz. Durante as iniciações, entretanto,
a Consciência predomina e não pode ser
ignorada, se deseja a verdadeira iluminação.
Dessa forma, quando o iniciando está ouvindo
a Consciência e prestando atenção a ela, pode
ocorrer um momento de hesitação enquanto
ele analisa seu interior, decidindo se vai ou
não prosseguir. Provavelmente, essa deve
ser a experiência descrita por nossa soror.
O Tentador fala a cada um de nós quando
estamos passando pelo umbral. Por outro
lado, a pequena voz silente do Eu Cósmico
em nosso interior nos compele a prosseguir.
Existe uma parte do nosso ser que sabe que
existe a paz do outro lado do umbral.
O Manual Rosacruz afirma que o Umbral de
Templo é o mais amado local de cada Loja para
o iniciado, pois representa a entrada para a luz e
o conhecimento. Ele representa a passagem das
trevas à luz, da vida finita para a vida infinita.
Se existe o terror associado com esse umbral,
podemos ter certeza de que ele emana de uma
criação nossa. Não está sendo imposto por algo
ou alguém fora de nós mesmos.
Quando estamos postados no umbral de
um novo nível de consciência e sentimos
medo, será importante lembrar nosso amado
símbolo da cruz e da rosa. A cruz rosacruz
está ali, entre a luz e as trevas, lembrando-
nos da dualidade verdade-ilusão. Uma vez
que estejamos iniciados, podemos sempre
nos voltar para a Rosacruz, para que nos
guie até a luz. A tentação será constante,
mas se escolhermos repetidas vezes a luz,
desprezando as trevas, o terror do umbral se
tornará mera sombra do passado que terá sido
substituída pela paz. – Z
Fórum Rosacruz - vol. XXI
Nº 02 -1990/Abril

A Vida Mística de Jesus

Após a leitura dos antigos registros esotéricos apresentados de maneira a mais

notável nos tempos modernos na obra “A vida Mística de Jesus”, pelo nosso ex-
Imperator, Dr. H. Spencer Lewis, surge, muitas vezes, a seguinte pergunta: “Por
que se tornou necessário ou, pelo menos, por que ocorreu, na vida do Mestre Jesus,
o fato de que o elevado contato espiritual (Consciência Cósmica ou Espírito Santo)
abandonou o seu corpo na ocasião da crucificação ou ascensão, tornando-o homem
comum, para viver, ainda, no plano terreno? Não retém, a maioria dos Mestres, a
sua Maestria até o término da sua existência terrena? 

a obra “A Vida Mística de entregou o Espírito, ou abandonou o Espírito.

Jesus”, o Dr. Lewis esclarece
que o Cristo não passou pela
transição usual, ou morte, na
cruz. Afirma que os primeiros
tradutores cristãos dos
registros em grego e em latim,
interpretaram mal o relato da crucificação, não
sendo, assim, conhecido, nos primeiros séculos,
que Jesus havia vivido depois, isto é, após a
crucificação.  de Hélios. Explica, ainda o Dr. Lewis, que esse
Relata o Dr. Lewis que os evangelhos de
Mateus, Marcos, Lucas e João concordam que,
imediatamente após haver Jesus pronunciado
as palavras: “Eloi, Eloi lama sabachtani?” Ele
Jesus, afirma-se, não quis dizer, conforme e
agora interpretado; “Meu Deus, Meu Deus,
por que me abandonaste?” Os registros arcanos,
preservados nos Santuários do Leste, dão, ao
contrário, a versão, como: “Heloi, Heloi lama
sabachtani?” Em outras palavras, que Jesus,
realmente, disse: Meu Templo de Helois, meus
irmãos de Helois, por que me abandonastes?”
Ele estava se referindo aos irmãos do Templo
era o Templo em que Jesus foi iniciado como
Membro das Escolas dos Grandes Mistérios,
por isso esperava-se que esses irmãos evitassem
sofrimento inútil e que estivessem prontos
a prestar qualquer auxílio que se tornasse

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 15


necessário. Eles, todavia, não se encontravam,
em grande número, entre a multidão, durante
o sofrimento intenso de Jesus, porque estavam,
na verdade, tentando, até o último momento,
movimentar influências políticas, e outras, para
evitar a crucificação. 
O Dr. Lewis declara também que as
afirmativas de que “Ele entregou o Espírito
Santo” são de alta significação, no sentido
místico. Lembremo-nos de que foi esse mesmo
Espírito Santo que Jesus entregou naquele
momento, que também penetrou no ventre
de Maria e manifestou o poder criativo do
Logos. Foi também esse mesmo Espírito que
desceu sobre Jesus na ocasião do seu batismo
e que O infundiu com a autoridade e o poder
de se tornar um representante vivo do Logos
na Terra. No momento de entregar o Espírito
Santo, enquanto na cruz, permitiu Jesus, dessa
forma, que o Poder e Autoridade especiais
PÁGINA 16 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
que Lhe haviam sido conferidos voltassem à
Consciência Cósmica deixando-o como um ser
que havia completado sua missão e não mais
era o Poder Vivo do Logos na Terra. Esta é a
razão por que Lucas relata o incidente como
tendo dito Jesus: “Pai, em Tuas mãos entrego
meu espírito” e João escreveu que Jesus disse:
“Está consumado”. 
O ponto crucial desta questão diz respeito
a duas coisas. Primeira, que não foi a Força
Vital, a atividade, ou a própria vida que Jesus
entregou na cruz, mas, antes, o Espírito Santo.
Segunda, que isso também não significa
que ele não mais fosse um Mestre entre os
homens, pelo resto de sua encarnação mortal.
Compreendemos, primeiramente, que o termo
Espírito Santo dá a entender iluminação
Cósmica e Poder. O método, ou melhor, o rito
simbólico que descreve a sua penetração no ser
humano é muitas vezes chamado de “batismo”.
Em alguns dos Graus Rosacruzes, é afirmado
que o batismo está estreitamente relacionado
com a manifestação da iluminação ou do
contato Cósmico que é, algumas vezes, descrito
corno a descida do Espírito Santo. Na verdade,
nas Escrituras, no livro dos Hebreus, Capítulo
6:2, 3, 4 encontramos, como confirmação disso,
o seguinte: da instrução a respeito de batismos,
da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos
e do juízo eterno. Assim faremos, se Deus o
permitir. Ora para aqueles que uma vez foram
iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-
se participantes do Espírito Santo. 
No caso de Jesus, o Espírito Santo, que sobre
ele desceu durante o batismo, representava
mais do que a iluminação, no sentido de
estar em comunhão com a Grande Mente
Cósmica. Ele representava mais do que o
estado de êxtase que, por instante fugaz, a
mente mortal do homem ou mulher, é também,
a Mente Cósmica quando então, todas as
dimensões desaparecem, todas as limitações
são eliminadas e o passado, presente e futuro
são, apenas, estado de harmonia e compreensão
absolutas. Isso é a Consciência Cósmica. A
memória desses frequentes estados de êxtase
torna possível aos seres humanos que forem
abençoados com a sua manifestação, tornarem-
se, verdadeiramente, Mestres entre os Homens.
Podem realizar coisas que o medo inibe e
impede em outros seres humanos. Percebera
ampla Senda que leva a evolução e sabem
como contornar os obstáculos que limitam
outros seres. Suas realizações são as mais
diversificadas porque estão sendo Cósmica
que experimentam e que, repito, chamamos
de Consciência Cósmica. Todavia, durante o
período messiânico de Jesus e imediatamente
após o batismo, ele era mais do que um Ser
que estivesse experimentando a iluminação
da Consciência Cósmica, no sentido que a
temos descrito, porque, além disso, Ele estava
protegido pelo Logos. O Logos e a lei de
Deus, o Poder de Deus, a atuação da Mente
de Deus, Jesus era a Lei Divina, uma causa a si
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 17
mesmo. Era como se algumas das verdadeiras
mentes guiadas pela plenitude da magnífica
influência da iluminação das grandes leis
Cósmicas passassem a funcionar através de um
canal itinerante e, não obstante, localizado uma
forma humana. Para uma analogia simples, não
era como se Jesus compreendesse apenas as leis
físicas dessa energia que chamamos “luz”, mas
que, para a finalidade da sua missão, Ele era a
própria Luz.
Compreendamos também que, antes do
batismo de Jesus, quando nos dizem que o
Espírito Santo desceu sobre ele, sem dúvida
ele tinha f requentemente experimentado
a Consciência Cósmica e desf rutava da
Iluminação que dela decorre. Sua sagacidade
quando criança é salientada e revelava uma
sabedoria que não poderia lhe ter sido
ministrada em tão pouco tempo, na infância.
Essa profunda penetração na natureza e
alma dos homens, evidenciada por seus
sábios conselhos, mesmo quando jovem,
era consequência da Consciência Cósmica,
porém, por outro lado, ele ainda não havia se
tomado uma lei causativa de Deus, o Logos
em forma humana - um Cristo. Como um
Cristo, e enquanto envolto no manto
do Espírito Santo, realizou coisas que
não eram possíveis, mesmo para um
a Ser com o conhecimento alcançado
por Meio da Consciência Cósmica.
Quando ele entregou esse Espírito
Santo, não mais era o Logos, uma
Lei Divina, era si mesmo. Não mais
dispunha daquela Autoridade Divina
que Ele, como Jesus,  possuía como
o próprio Deus, pois, não era, neste
sentido, disseminador do poder de
Deus. 
 Na crucificação, todavia, não
perdeu o direito ou renunciou à sua
maestria mortal, à sua sabedoria como
conselheiro ou ao seu conhecimento
da Lei Divina, adquirido por meio
da Consciência Cósmica, a mesma
Consciência Cósmica que possuiu
antes do batismo e que reteve após a
crucificação. Assim, após a crucificação,
ele voltou àquele estado, entre os
homens, que possuía anteriormente,
ao completar sua Iniciação original
nas Escolas de Mistérios e tornar-se
Iniciado Superior e instrutor.

Luz Rosacruz / Fogo Sagrado

Como podemos relacionar os ensinamentos de outras tradições à Luz Rosacruz e

ao Fogo Sagrado que deve iluminar nossas vidas?

Gênesis fala do fiat criativo

divino: “Faça-se a luz, e a luz
se fez”. O filósofo místico Pico
della Mirandola (1463 - 1494)
falava de um invisível “Homem
de Luz”. Outros rosacruzes
antigos, como Gerhard Dom,
se referiam à “luz espiritual”
como fogo. Os alquimistas tradicionalmente
buscaram a transformação do Eu pelo Fogo
divino oculto no centro das coisas. O Neófito
rosacruz de hoje busca o portal através do qual
possa ascender, como iniciado da Luz.

Muitos são os meios de ascender a Escada de

Luzes. Neste artigo, consideramos sucintamente
três abordagens de grande interesse para os
estudantes rosacruzes: a egípcia, a medieval-
alquímica e a das tradições tibetanas.

PÁGINA 18 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

 Como modernos estudantes da Rosacruz,
desejamos alcançar a Luz Maior da Consciência
Cósmica. Nossas monografias são planejadas
para nos auxiliar nessa empreitada. Elas
nos animam a exercer o esforço pessoal e as
experiências pelas quais os centros psíquicos
em nosso interior poderão ser gradativamente
despertados e inundados pela Luz da Paz
Profunda.

Nos mistérios egípcios do fogo, celebrados

nas margens do Lago Moeris, as quatro
“direções” ou estágios do fogo eram reunidas
para formar a “marca” espiritual de Ptah, o
Oculto. Nos mistérios da AMORC, podemos
vivenciar os refulgentes raios da Cruz dourada -
a dualidade complementar que toma a aparência
das quatro chamas da consciência psíquica
ou espiritual que convergem para um centro
comum onde desabrocha a Rosa.

Os mistérios de Osiris se referem à Escada de

Luzes como o processo que une as três fases do
deus-Sol Rá com o Sol do mundo subterrâneo
onde reina Osíris. Assim, diz-se que Osíris é
elevado ou ressuscitado na forma do Homem
Interior de Luz, sentado no trono de Maat - a
Ordem Cósmica - dentro do Lótus do Coração.
Ali tem lugar a imaculada concepção da Luz que
se transforma em Hórus, a personalidade exterior
iluminada. Os quatro filhos de Hórus lhe dão
dimensão, e ele se transforma no Olho que Tudo
Vê de Osíris. Esses atributos foram traduzidos
para os mistérios iniciáticos do helenismo
egípcio e exemplificados pelos ensinamentos
iniciáticos de Hermes Trismegisto. Osíris, e
depois dele Hermes, são as arqui-autoridades
dos alquimistas, que disseram: “Pela divina
imaginação é renovado o fogo”.
Da alquimia rosacruz medieval aprendemos
que Osíris representa “a substância arcana”,
“a Pedra Filosofal”, e o “Elixir Celestial”. Em
Osíris
outras palavras, Osíris representa igualmente o
fogo e a água: o chamejante fiat do Logos e de
Eros, o amor divino, o “orvalho” alquímico, a
Rosa compassiva. O Mestre Jesus foi chamado
a “Rosa de Sharon”. Como atributos do amor
divino, os símbolos da Rosa Ocidental e do
Lótus Oriental são sinônimos. A tradição
rosacruz nos ensina que a Força Vital e a
Energia são dois atributos de NOUS, o Todo
cosmicamente consciente.
No misticismo tibetano, a deusa Kundalini
é considerada o “Logos”, a “palavra perdida”
dos rosacruzes. O fogo de Kundalini é, em sua
própria forma, a consciência e, como tal, todos
os poderes do corpo humano, segundo nos
dizem. Como na alquimia egípcia, o misticismo
tibetano considera o coração (Lótus) como

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 19

 Na alquimia medieval há dois exemplos desse
movimento espiral com relação aos centros
psíquicos do homem. Em ambos os casos, são
três as luzes: a Luz Maior localizada no centro
do coração, e duas luzes menores localizadas na
região da cabeça e parte inferior do tronco. Um
texto obscuro se refere à luz da cabeça como dual
em natureza. As luzes menores, não obstante,
recebem o simbolismo do Sol e da Luz.

O primeiro exemplo das três luzes tem a ver

com o “homem natural”. Saindo em espiral do
centro do coração, do plexo solar e da pituitária,
as luzes se unem num ritmo universal ou dança
da vida que reconhecemos como “o eu que
ocupa um corpo”. No segundo exemplo, o “eu”
é sacrificado na medida em que a consciência
física exterior é dirigida para o interior. A espiral
do centro do coração então liga a pineal com o
centro da transformação na base da espinha. O
centro ao redor da pineal recebe a Luz Maior
e instrui o corpo para que se prepare para a
imaculada concepção da “luz estelar”, exposta
pela primeira vez no coração da Rosa.

Kundalini Como místicos rosacruzes podemos unir as

duas luzes com a terceira, no interior da Cruz
centro da função cognitiva. O conhecimento nos
dourada. Mas só através da espiral das tentativas
permite saber ou apreender pela compreensão.
e erros, suportada de boa vontade até que o
O conhecimento nos concede o poder de ouvir
momento da grande iniciação chegue, perdemos
e decidir controvérsias.
o Eu exterior para encontrarmos o Eu na forma
da pureza cristalina da Luz, a Luz que não lança
A linguagem oculta do Ocidente foi qualquer sombra.
frequentemente interpretada como significando
que a chamejante Kundalini só se eleva
Os três estágios da Luz são dramaticamente
verticalmente, da base da espinha para o topo
apresentados no conceito budista da vida após a
da cabeça. Mas a luz, como a consciência,
transição física ou espiritual. Esses ensinamentos
representada como um movimento de baixo
são conhecidos como Bardo Thödol ou Livro
para cima/de cima para baixo, exclusivamente,
Tibetano dos Mortos. O editor define “Bardo”
não está de acordo com os mistérios ocultos do
como o “estado após a morte”. Thödol significa
Tibete, nem com os mistérios rosacruzes, que
“liberação pela audição”. O Professor Evan-
falam do movimento espiral saindo do centro
Wentz traduz isso como “a liberação pela
psíquico do coração, ou para ele convergindo.
audição no plano do após morte”. De acordo

PÁGINA 20 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

com sua opinião, a importância do Bardo Thödol
está em sua contribuição para os processos
que funcionam na mente humana e para a
compreensão de uma existência pós-transição
de um estado para outro. Como devemos
compreender isso, sucintamente falando?
O Bardo Thödol tenta instruir a pessoa
temporariamente desencarnada a dirigir
adequadamente a força energética que vivencia
enquanto flui pelos três estágios reconhecíveis
da luz.
Ilustração tradicional tibetana sobre o vislumbre
das Divindades Pacíficas no plano do pós-morte,
segundo o Livro Tibetano dos Mortos, Bardo
Thodöl.
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 21
O primeiro estágio, chamado “a luz clara
primária” descreve os acontecimentos psíquicos
no momento da transição e traz uma visão
de suprema clareza e iluminação, com maior
possibilidade de atingir a liberação da eterna
roda de nascimentos e mortes. O segundo
estágio da luz ocorre quando surgem aparições
pacíficas ou rancorosas. Essas, segundo o livro,
são uma “ilusão cármica”, ou o estado de sonho
que advém logo após a transição. Esse estágio
é semelhante aos dois aspectos duais da luz
menor do Sol alquímico, localizado no centro
do cérebro.
No terceiro estágio da luz, a pessoa
desencarnada vivencia uma intensa recordação,
e busca a justiça que leva ao surgimento do
instinto de nascer e outros acontecimentos
pré-natais. Esse estágio é parecido com a luz
menor da Lua alquímica, localizada na parte
inferior do tronco.
Segundo a tradição tibetana, para evitar o
estado desencarnado de Bardo, devemos aceitar
com desapego o mundo como é realmente e não
como o interpretamos ou como reagimos a ele.
Isso quer dizer que devemos ter a coragem de
não perder o Eu Interior no seio das muitas
formas de pensamento que são produtos da
imaginação exterior indisciplinada. Entretanto,
a realidade deve ser estendida até o estágio
Bardo. A Ordem define essa realidade como “a
lei e ordem da consciência” .
Na filosofia oriental as formas de pensamento
separativas e permanentes são denominadas
Maya. Heinrich Zimmer ilustra isso ao definir
Maya como a constante projeção e externalização
da energia psíquica. Modelamos esse universo
numa atmosfera restrita, em nosso ambiente
imediato - por aquilo que nos interessa e
afeta. “Povoamos e colorimos a tela neutra da
consciência com as figuras fantasmas e os dramas
da Alma, e nos deixamos vitimar por
seus dramáticos acontecimentos,
delícias e calamidades”.

Ensinamentos adicionais que

servem para auxiliar a pessoa a evitar
a captura por sua própria força-maya
e pelo “incessante filme animado” se Cópia dos manuscritos originais do
encontram em partes mais profundas Livro Tibetano dos Mortos
do Bardo Thödol,

Esses ensinamentos tibetanos

consistem em obras “tântricas”, em
sânscrito, Tantra significa “discurso” ou
“tratado”. Os tantras geralmente são
de natureza religiosa e fazem parte de
uma escola de disciplina iogue. Há dois
grupos de tantras: o hindu e o budista.
O tantra hindu é geralmente um diálogo entre o
deus Shiva, o Divino Professor, e sua esposa que
representa o poder da transformação energética.
Na terminologia rosacruz eles representam uma
atualidade, ou a “lei da ordem e da vibração”, e
a realidade, ou a “lei e a ordem da consciência” .
A filosofia tibetana do budismo chamada a
Senda Maior parece ter surgido nos primeiros
séculos depois de Cristo, e sua principal fonte
é o Bardo Thödol. Ambas as classes de tantras
têm por característica serem as bases da filosofia
iogue. A palavra Yoga implica a união da
parte com o todo e a disciplina da mente pela
concentração. O misticismo oriental nos ensina
que “se a mente é disciplinada, transformada,
ampliada, aguçada e iluminada, o mesmo
ocorrerá com a energia vital (do indivíduo)”.
Isso se repete na filosofia rosacruz, que já foi
chamada o yoga do Ocidente.
Falamos anteriormente na dualidade de
Shiva - quando ele está uno impõe ordem na
transformação da energia. Essa energia também
pode ser transformada no interior da psique do
homem e no interior de seu sistema nervoso. O
Yoga tibetano indica que existem quatorze canais
nervosos principais e centenas de milhares de
canais nervosos menores no corpo humano. Esses
canais nervosos são considerados “as contrapartes
psíquicas” do sistema nervoso físico. No yoga,
esses canais são concebidos como canais invisíveis
“para o fluir das forças psíquicas”. Os agentes
condutores dentro do organismo são chamados
“ares vitais” ou “sopros vitais”.
No Bardo Thödol e nas Doutrinas Secretas
do Tibete aprendemos que existe uma “grande
estrada” no corpo humano. Essa “grande
estrada”, segundo esses ensinamentos, é o
canal mediano que passa pelo centro da coluna
vertebral. Um canal à direita, Pingalla, e outro
à esquerda, Ida, se enroscam ao redor do canal
mediano após fazerem contato no plexo solar.
Podemos ver nessa explicação um notável
paralelo com o caduceu que identifica Hermes-
Mercúrio, guia dos desencarnados no caminho
que leva à Outra Margem, à percepção do
Cósmico.

PÁGINA 22 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

 O budismo tibetano nos diz que
a força energética - da qual todos os
processos psicofísicos dependem em
última análise - está acumulada nos
chacras ou centros psíquicos. Esses
centros, semelhantes a dínamos ou
transformadores, estão colocados ao
longo da “grande estrada” do corpo
e estão interligados. São designados
sete centros psíquicos como tendo
fundamental importância, como as
sete cores da luz. Mas a própria luz,
como força energética da mente, passa
por três estágios principais: disciplinas
mentais concentradas, refinamentos
emocionais e amoroso autossacrifício.
Nessa etapa o estudante estará sob
a cuidadosa direção de seu Mestre
Interior, ficando dessa forma pronto
para trazer à atividade o poder
dormente e enroscado de Kundalini.
Macrocosmo e microcosmo no sistema valentiniano de
O Bardo Thödol também explica que Achamoth, representado por Robert Fludd como um conjunto
certos mantras, ou palavras secretas, de círculos concêntricos um dentro do outro, diferentes em
ao serem ouvidos ou pronunciados, tamanho, mas iguais em aparência.
provocam vibrações que estimulam
a energia psíquica interna para que a realidade com a atualidade, a parte com o
se mova pelos canais invisíveis. Quando, pelo todo. Os rosacruzes são com frequência capazes
pensamento correto e ação equilibrada, a de compreender o que está sendo relatado no
força de Kundalini é liberada e não encontra Bardo Thödol e pelo misticismo tibetano sobre a
obstáculos em sua ascensão da escada de força de Kundalini. Logo no início dos estudos
chacras, ela se desenrosca como uma serpente, aprendemos que uma grande fonte de poder
penetrando e estimulando todos os centros semiadormecido está em cada um de nós.
psíquicos com sua luz, até completar a espiral na Existem canais vitais para a liberação e uso
pineal. Todo o corpo, tanto físico como psíquico, desse poder, associados aos sistemas psíquicos
é então revitalizado e levado à harmonia e nervosos. Uma parte dessa energia emana
(ou harmonium), o que resulta em grande constantemente, dirigindo o funcionamento do
iluminação e libertação da roda da morte e do chamado Eu psíquico. Aprendemos o valor da
nascimento. observação e visualização disciplinada. As lições
nos incentivam a contemplar, a usar a razão
As energias psíquicas despertadas servem para encontrar o significado da vida. Somos
para unir a consciência individual com o incentivados a buscar o refinamento através da
Cósmico, o microcosmo com o macrocosmo, música, das artes, da poesia, para enchermos de
beleza e harmonia o nosso ambiente. Quando

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 23

meditamos, vivenciamos a imaginação criativa
divina e percebemos que é nosso desejo viver
uma vida útil e virtuosa, pois descobrimos que os
ideais humanitários passaram a ter significado
para nós.

Surpreendentemente, TODAS essas ativi­

dades pertencem à busca diária do místico;
junto com os exercícios gerais dos rosacruzes
e do uso regular de sons vocálicos, fazem com
que a grande reserva de poder psíquico vá
sendo gradativamente despertada, sem esforços
adicionais.

Sempre que esse poder semiadormecido

é elevado de maneira gradativa e apropriada,
como ensina o sistema ordenado de estudos
da AMORC, os centros físicos e psíquicos
desabrocham de modo inter-relacionado,
permitindo que o iniciado se harmonize com
o Mestre Interior. Dessa forma, ele pode ouvir
interiormente as coisas que trazem iluminação interior, ou seja, ver em si mesmo. O que ele vê
e inspiração à vida terrena e o levam a servir a e vivência no plano Bardo de luz se deve à sua
humanidade. própria criação mental.

O processo disciplinado que leva ao despertar Sempre que o indivíduo é capaz de se

harmonioso do poder interior semiadormecido
sempre será uma odisseia interna, seja o místico
seguidor de disciplinas espirituais ocidentais ou
orientais. As técnicas interiores da concentração,
contemplação e devoção, que levam à meditação,
alcançam o mesmo objetivo: Trabalho e
Adoração, as palavras mais importantes
escritas nos cadernos dos alquimistas. Por
meio desse processo em espiral, o indivíduo
recebe iluminação sobre a experiência Bardo
- as chamadas lições cármicas - por muitos
testes, tribulações e triunfos próprios de cada
existência terrena. O significado por trás do
Bardo Thödol torna claro que as aparições e
outras experiências do estado que se segue à
transição não têm existência, a não ser aquela
que o indivíduo deseja realizar em seu próprio
distanciar, ou se manter indiferente, a suas
próprias formas de pensamento, sejam elas a
realidade psíquica dos sonhos ou a realidade
física da vida, alcança um estado equilibrado
de iluminação ou esclarecimento chamado Paz
Profunda.
Nascimento e morte, desejos terrenos e
realidades, só aparentemente são opostos
irreconciliáveis. Ambos são componentes
necessários da vida na senda da vida eterna.
As misteriosas consecuções do propósito
divino de SER podem parecer contraditórias
até que o conceito cíclico da renovação da
vida pela cooperação e fusão dos opostos
seja compreendido. Na vida universal, forças
hostis se reconciliam, após abandonarem sua

PÁGINA 24 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

independência individual. Quanto ao homem,
ele pode fundir a gota de orvalho da mente
individualizada com o resplandecente mar da
Mente Una.
Através do simbolismo do Livro das Portas
dos egípcios, a trindade de luzes ilustrada na
alquimia medieval e no Livro Tibetano dos
Mortos, traçamos a natureza espiralada do
fogo passando pelos centros psíquicos. Esses
mistérios ainda giram ao redor da manifestação
do fogo espiritual do homem, na AMORC
simbolizado pelas três chamas Luz, Vida e Amor.
Isso nos leva aos portais do Templo Supremo
em San José, Califórnia. Nosso amado Imperator
se refere ao Templo como a representação da
“Alma da Ordem”. A fachada do atual edifício
foi planejada com base num pequeno templo
dedicado à deusa Hator em Dendera, Egito. O
nome Hator significa “casa de Hórus” ou “casa
de Luz”. O Templo interior foi simbolizado
Religião e Misticismo
O Misticismo é o campo do fantástico? Religião e misticismo são a mesma coisa?
Como, nessa confusão, conseguir separar o que é verdadeiro das especulações?
ssa é uma pergunta muito
pertinente, já que a AMORC é,
acima de tudo, uma organização
mística. Com frequência a
palavra misticismo causa
considerável confusão. Há os
que não fazem distinção (ou
não se preocupam em fazê-
la) entre o que é místico e o que é misterioso.
Para muitas pessoas, o misticismo, no sentido
popular, pode ter duas acepções, relativamente
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 25
como “a mansão da Alma”, “a Catedral da
Alma”, e a “casa da Rose-Croix”.
Sempre que nós, irmãos da Rosaruz, nos
aproximamos dos portais de uma Loja Rosacruz,
renovamos simbolicamente a experiência da
mística escada de luzes. Deixamos a realidade
objetiva com todos os seus cuidados e alegrias do
lado de fora. Investimo-nos com atitudes mentais
contemplativas e partilhamos pontos de vista
filosóficos com nossos irmãos rosacruzes na sala
de entrada. Depois, atendemos ao chamado do
Guardião Exterior que nos adverte para cessarmos
as conversas e perambulações. Nesse momento
nos sentimos preparados e dignos estudantes na
Senda. Aceitamos a cruz chamejante e passamos
a participar do desabrochar da Rosa; ad rosam
percrucem, ad cru cem per rosam. Possamos a buscar
sempre a união com o invisível Ser de Luz no
centro do Coração! - G
Fórum Rosacruz Vol.XXI nº 01, 1990/janeiro 
a mistérios singulares ou a devoção religiosa.
Podemos afirmar, com segurança, (embora não
disponhamos de prova estatística) que nove de
cada dez pessoas a quem seja feita a pergunta
“Que é o Misticismo?” responderão de modo a
demonstrar que a sua compreensão desta palavra
se enquadra em uma das duas categorias acima.
Na verdade, não há necessidade de se associar
o misticismo ao mistério, exceto na medida em
que tudo que é desconhecido implica num certo
grau de mistério. Se uma pessoa nada sabe acerca
 diferenças entre os homens, em
vez de atribuir-lhes o denominador
comum de almas viventes.

Ao associarmos o misticismo à
religião, entramos imediatamente
num ponto controvertido que
faz parte da natureza da própria
religião. O misticismo, como
aspecto da religião, assume todas as
características da mesma e tende a
exagerar ou exaltar os preconceitos
de misticismo, então, pode ela ser considerada
e os credos feitos pelo homem, nos quais
misteriosa; todavia, se ela nada sabe a respeito
assenta a religião. Como Rosacruzes, sabemos
de astronomia e cálculo matemático, então,
que religião é um estudo, uma disciplina, se
também estas coisas podem ser consideradas
preferirem, assim como outras matérias de
misteriosas. Em outras palavras, o misticismo
ensino, tais como filosofia, sociologia, psicologia,
só é misterioso na medida em que o indivíduo
particularmente, os estudos relacionados com as
que se defronta com o significado da palavra é
coisas intangíveis.
afetado por sua própria falta de conhecimento.
Verdadeiramente, não há qualquer relação entre
Todos esses estudos constituem um acervo
as palavras mistério e misticismo, quando se tem
do pensamento e da experiência do homem e,
uma completa e correta definição da segunda
infelizmente, em muitos casos, uma coletânea
dessas palavras.
dos seus preconceitos. Isto é particularmente
verdadeiro no caso da religião, porque o homem
O outro significado popular de misticismo
lançou suas próprias opiniões, suas próprias
consiste em associá-lo à religião, especialmente
ideias e seus preconceitos, como aspectos de sua
a uma forma devota ou ortodoxa de religião.
crença. Uma religião é, geralmente, baseada em
Muitos místicos são descritos como solitários,
dogmas e credos, isto é, uma religião qualquer
ou pessoas consideradas santas. Na arte
se distingue de uma outra porque um grupo de
sacra, as pessoas popularmente associadas
indivíduos decide aceitar um certo conjunto
ao misticismo são sempre apresentadas com
de princípios, de modo geral conhecido como
um halo em volta da cabeça, além de outras
credo ou dogma.
aparências estranhas tendentes a separá-las do
resto da humanidade, tornando-as por assim
Em muitos indivíduos, nota-se a concepção
dizer, pessoas à margem da corrente da vida e
errônea de que tais credos e dogmas constituem
numa fase de existência estranha à experiência
declarações diretas de uma deidade, isto é, de que
dos mortais comuns. Conceitos deste gênero,
eles são a palavra de Deus. Na verdade, porém,
acerca do misticismo, tendem a exaltar as

PÁGINA 26 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

todos os credos e dogmas consistem puramente
de palavras e conclusões do homem. Deus não
elaborou qualquer credo, dogma, ou, se o fez, o
homem não tem o discernimento infinito para
poder compreendê-los ou apreendê-los. As
doutrinas das religiões, portanto, representam
as limitações que o próprio homem conferiu
ao conhecimento da Divindade e de si mesmo.
Uma religião pode trazer muito benefício
para o mundo, pode, também, prejudicá-lo.
Frequentemente, ela tende a limitar (ao invés de
expandi-la) a existência do homem, e desafiá-
lo a evoluir no sentido da natureza da essência
cósmica, de que é pequena parte.
A evolução do homem, de um Ser físico
dotado com cérebro para um Ser espiritual
dotado com mente que é parte integrante da
alma, é um aspecto do processo evolutivo.
Embora todos os estudos contribuam para
esta evolução do homem, nenhuma evolução
ocorrerá se uma religião estabelecer dogmas
ou credos que constituam a resposta
final a todas as indagações, tornando-os,
portanto, um limite que o homem não possa
transcender.
evoluir em nossa compreensão da divindade, do
esquema cósmico e de nossa relação para com
os mesmos, se formos livres para expandir nossa
consciência de modo a finalmente ampliar nosso
horizonte ao ponto em que aprendemos aquilo
cuja compreensão, atualmente, possa estar para
além de nossa capacidade mental.
É devido às limitações da religião, bem como
ao fato de que o mistério não é necessariamente
um aspecto do misticismo, que este mantém o
seu campo próprio e distinto. Podemos aprender
a ser místicos compreendendo que o misticismo,
de acordo com o conceito Rosacruz, é um estudo
ou um processo que leva o homem a se tornar
intimamente associado às forças que lhe dão
existência e de que ele terá de se conscientizar,
se quiser completar o processo de evolução.
Para responder a pergunta desejo apresentar,
e comentar, duas definições diferentes de

Neste sentido, a religião é uma força

restritiva, uma vez que não promove o
propósito fundamental da vida, que é o
de evoluirmos para a compreensão do
significado da Divindade e do esquema
cósmico. É por isto que os dogmas e credos
são, com frequência, errôneos; não, por
serem criados com a intenção de produzir
erro ou informação falsa, mas porque
limitam a evolução do homem, limitam
sua compreensão de Deus. Só poderemos

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 27


“Misticismo é a doutrina
segundo a qual o
conhecimento direto
de Deus, da verdade e
do esquema cósmico,
pode ser alcançado por
intuição ou compreensão
imediata, de modo
distinto da percepção
sensorial comum.”
misticismo que me parecem adequadas
para transmitir o verdadeiro significado do
misticismo Rosacruz, ou, pelo menos, do
misticismo na maneira em que deve o Rosacruz
dele estar consciente. A primeira definição é a
seguinte: “Misticismo é a doutrina segundo a
qual o conhecimento da realidade, da verdade ou
de Deus, pode ser alcançado por conhecimento
direto.” Notem que a chave da definição está
na palavra conhecimento. O homem tem a
capacidade de adquirir conhecimento, e o
conhecimento existe.
A primeira palavra nesta definição,
conhecimento, refere-se ao fato de que o misticismo
é a doutrina (uma crença elaborada pelo homem,
naturalmente) de que o conhecimento humano
pode se desenvolver; de que o homem pode
alcançar o conhecimento da realidade, da
verdade e de Deus (três das mais elevadas
ideias que o homem pode conceber). Este
conhecimento, segundo a definição, pode ser
alcançado por meio daquilo que nela recebe o
nome de conhecimento direto, em contraste com
PÁGINA 28 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
o conhecimento que poderíamos denominar de
conhecimento de segunda-mão.
Nossa objeção a credos e dogmas religiosos
assenta no princípio de que se um homem
estabelece um princípio que se torna um credo e
outro homem o aceita, concepção mentais deste
último ficam restritas ao conceito do homem
que primeiro estabeleceu ou redigiu o credo
ou doutrina. Em outras palavras, aceitando um
credo ou uma doutrina qualquer, ele não tem
acesso ao conhecimento direto. Tem acesso,
apenas, ao conhecimento ou à opinião de outra
pessoa.
O misticismo, porém, de acordo com esta
definição, afirma que cada indivíduo pode
alcançar o conhecimento da realidade, da
verdade e de Deus, por conhecimento direto.
Por sermos capazes de sentir a sabedoria e o
conhecimento de Deus diretamente; por sermos
capazes de compreender que cada um de nós,
individualmente, é um segmento da vida, o
qual, por sua vez, é manifestação de Deus, e por
compreendermos a vida diretamente, atentando
intuitivamente para a voz interior, alcançamos
conhecimento direto, que não precisa vir por
intermédio de qualquer outro indivíduo.
A segunda definição é parecida com a
primeira: “Misticismo é a doutrina segundo a
qual o conhecimento direto de Deus, da verdade
e do esquema cósmico, pode ser alcançado por
intuição ou compreensão imediata, de modo
distinto da percepção sensorial comum.” Esta
definição (pelo menos em sua primeira parte)
é, até certo ponto, uma reafirmação da primeira.
Salienta o fato de que o misticismo é o meio pelo
qual podemos alcançar conhecimento direto de
Deus, da verdade e do esquema cósmico. Mais
uma vez, interessa-nos o conhecimento, isto
é, conhecer uma situação, conhecer a Deus
e Suas manifestações. A definição prossegue
afirmando que este conhecimento direto pode
ser alcançado por imediata compreensão ou
intuição, ou seja, por nossa própria consciência
interior, e que este processo para adquirir
conhecimento, este processo para compreender,
difere da percepção sensorial ordinária.
O motivo por que muitas pessoas não
simpatizam com o misticismo ou não
compreendem seus sutis significados (que
tentamos apresentar nestas duas definições)
é que não conseguem compreender um
conhecimento que possa ser obtido por um meio
diferente dos cinco sentidos físicos. Em outras
palavras, elas nunca tiveram a experiência de um
conhecimento que não lhes tenha vindo como
resultado de terem visto, ouvido, sentido pelo
tato, degustado ou cheirado alguma coisa. Tudo
que elas sabem (isto é, o conhecimento que
alcançaram) tem sido o resultado de percepção
física, através da percepção que é conhecida
como percepção sensorial ordinária.
Todavia, a intuição e o discernimento são
canais diretos para a mente. Constituem o
sexto sentido, em acréscimo aos sentidos físicos,
pelo qual o homem se torna mais do que uma
entidade física, na manifestação de sua natureza
divina, como segmento que é, da Divindade. Pela
harmonização adequada, através da meditação,
da concentração e da prática dos exercícios que
estimulam e desenvolvem a sua parte psíquica,
pode o homem aprender a se tornar consciente
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 29
do conhecimento direto de Deus, da verdade,
da realidade e do esquema cósmico, no interior
de sua própria mente.
Há uma velha injunção que diz: “Entra no
silêncio, e aprende que Eu sou Deus.” Para que
o homem cumpra o propósito de sua natureza,
adquira a experiência mística que o relacionará
intimamente com a Divindade e o tornará tão
consciente de sua natureza divina quanto ele
está de seu corpo físico. Será necessário que ele
escute, que atente para os impulsos que afetam
a sua consciência interior, seu Eu interior, e
registre interiormente esse conhecimento.
Deste modo, poderá ele tornar-se consciente
de um mundo que existe além do corpo físico
e do mundo material em que temporariamente
reside.
O conhecimento de Deus, da verdade, da
realidade, não pode ser demonstrado por uma
fórmula matemática, nem descoberto nos
laboratórios de química ou de física, muito
embora o exercício destas ciências possa
contribuir para o conhecimento global do
homem. A experiência de Deus deve surgir no
interior do homem, à medida que ele progredir
no estudo das ciências físicas e na compreensão
do mundo em que vive. Nunca devemos perder
de vista o fato de que o mundo material, o
universo físico, é transitório, temporário. O reino
psíquico, espiritual, o mundo que é a morada da
alma, é o que temos de permanente. Persistente,
e com que temos de nos familiarizar. Se a ele
queremos nos ajustar satisfatoriamente nesta
vida e no porvir.
Arquivos Rosacruzes 
Imperator

Que significa o título de “Imperator”?

m sua aplicação comum, esse Conselho Administrativo da Suprema Grande

título era o que se atribuía aos
generais da Roma antiga e,
naturalmente, aos imperadores.
Do ponto de vista rosacruz,
constitui há séculos o título
tradicional do Dirigente
executivo da Ordem.
Loja, que reúne todas as Grandes Lojas. É
também o mantenedor da Tradição Rosacruz,
tal como esta se expressa nos ensinamentos
e rituais da AMORC. Ele é eleito para
essa função por cinco anos, renováveis, por
voto majoritário dos membros do Conselho
Supremo.

Na Constituição moderna da Ordem, Do Livro “Rosacruzes –

o Imperator é legalmente o Presidente do Perguntas e Respostas” 

Claudio Mazzucco – Atual Imperator da AMORC

PÁGINA 30 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

AMORC e Política

Por que a AMORC se recusa a envolver-se no campo político?

e a AMORC se envol­
vesse no campo político,
criaria inevitavelmente
divisões entre seus
membros, pois estes
pertencem a todas as
classes sociais e não
têm necessariamente
as mesmas opiniões nesse campo. Seja
como for, acreditamos que a política
não pode resolver todos os problemas
que se apresentam a humanidade, pois,
é sempre partidária. Em compensação, o
misticismo traz soluções que ultrapassam
os interesses pessoais ou corporativos.

Se a AMORC existe em países cujos

regimes são às vezes até totalmente
opostos, é precisamente por ela ser apolítica
e trabalhar para o estabelecimento de
uma Fraternidade Universal, fundada na
espiritualidade e em ideais que levam em
conta o bem-estar de todos os indivíduos
e todos os povos. 

Entretanto, cada rosacruz, fora das

atividades especificas da Ordem, é
totalmente livre para ter suas opiniões
políticas e assumir seus deveres de cidadão
como achar melhor. Por outro lado, alguns
deles, além da profissão que exercem, estão
diretamente envolvidos na vida política de
um ou mais países. Cabe-lhes então agir
segundo sua consciência de místico.

Do Livro “Rosacruzes –
Perguntas e Respostas” 

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 31

Chave dos princípios Herméticos

Existem Ordens que prometem a chave dos princípios herméticos que está oculta.
Aquele que consegue esta chave torna-se mestre nessas Ordens. Existe, de fato,
outros princípios herméticos ocultos? Existe uma chave realmente? Como a
conseguimos? Por que a Ordem não a dá? 

xistem ordens e ordens. Ou

seja, ordens autênticas dentro
dos princípios da Tradição,
e ordens que não possuem
esse reconhecimento. As
ordens autênticas preservam
chaves e o conhecimento que
permite que as chaves sejam
mudadas. Porém, essas chaves
não existem para serem distribuídas, elas estão
disponíveis àqueles que estejam “prontos” e que
sejam capazes de descobri-las. Isso significa que
será preciso trabalhar muito consigo mesmo.
Deverá sintonizar-se em uma nova dimensão
para que novas vibrações sejam sentidas. Terá
que se tornar mais sensitivo. 

Cada época tem que criar seus próprios

métodos. Nenhum velho método poderá ser
de grande auxílio para nós. O homem mudou:
sua mente mudou. As ordens esotéricas
preservam as chaves, não as fechaduras,
porque essas estão no seu interior. Os mestres
criaram chaves que abrem muitas fechaduras;
mas como você mudou, a fechadura mudou,
as chaves, exatamente como elas são, não
funcionam mais. Se a mesma chave pudesse
funcionar, qualquer pessoa despreparada
poderia usá-la. Nenhuma sabedoria seria
necessária. Poderia ser dada a ela a chave e
isso seria o suficiente. Como as fechaduras
estão mudando, novas chaves têm que ser
criadas, a partir das velhas, para se ajustarem
às fechaduras, ou seja, a você.  esotérico e exotérico. O exotérico continua
Não apenas as chaves devem ser preservadas,
mas a ciência que torna possível mudá-las. Esse
conhecimento tem sido preservado pelas ordens
esotéricas. Como as fechaduras estão sempre
mudando, a educação muda, a cultura muda, esse
conhecimento têm que ser preservado. Eles não
podem ser escritos e só poderão ser transmitidos
por pessoas vivas que sejam capazes de mudar a
chave também.
Essa é a diferença entre o conhecimento
carregando a velha chave, mas essa já não abre

PÁGINA 32 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023

nenhuma fechadura. O esotérico não culpa a
fechadura, ele está sempre mudando a chave
para que ela se ajuste a você.
Muitos rituais religiosos foram criados como
chaves. Com o passar do tempo, um ritual muito
significativo pode tornar-se sem sentido porque
a chave foi perdida e ninguém pode dizer por
que o ritual existe. Você não alcançará nada com
ele. Ele poderá continuar sendo executado, mas
a chave está perdida.
Vo c ê p e r g u n t a s e “e x i s t e m o u t r o s
princípios herméticos ocultos?” Sim, eles
existem e constituem a ciência esotérica.
Eles estão ocultos, não porque alguém
ocultou, mas porque seus olhos ainda não
são capazes de vê-los. Trabalhe em si mesmo,
torne-se silencioso, volte-se para dentro e a
luz se fará. 
DI/GLP

Classe dos Artesãos

Para frequentar a Classe dos Artesãos o Membro tem que ter feito as iniciações a
todos os Graus de Templo? 

e acordo com, o atual Manual São cerimônias de tão elevado conteúdo

de Organismos Afiliados, para místico que todos os Membros devem aspirar
assistir à Classe de Artesãos e persistir em seus estudos para que possam
no Organismo Afiliado “é um dia usufruir do privilégio. 
imperativo ter alcançado o
décimo segundo grau nos DI/GLP 
estudos, ter recebido em Loja
as iniciações aos doze graus de Templo e ser
membro ativo de uma loja, de um Capítulo ou
de um Pronaos”.

FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 33

Código de Ética Rosacruz
Existe um Código de Ética Rosacruz que deve ser obedecido pelos Membros da
AMORC? Se não obedecido qual é a punição?
ão existe na Ordem qualquer
documento que obrigue as
pessoas a obedecer a um código
de ética sob ameaça de punição.
O método de ensino Rosacruz
é de caráter místico-filosófico,
que procura despertar a
consciência para a retidão de princípios para
que os Membros possam se conduzir de acordo
com as Leis Cósmicas e Espirituais. Com relação
à ética, a Ordem espera que cada Membro tenha
uma conduta digna e responsável.
Quando nos afiliamos à Ordem respondemos
“Sim” a uma questão importante: “Promete
respeitar as Leis do País em que vive?” - Esta
resposta afirmativa já nos situou dentro de um
contexto da ética e da moral ao qual todo o
cidadão deve ser fiel.
A Ordem Rosacruz dispõe aos seus Membros
o Código Rosacruz de Vida. Ele trata, em
normas gerais, de orientações e sugestões para
uma conduta Rosacruz autêntica, equilibrada
e de incentivo ao Servir, ou seja, ao altruísmo.
A obediência a esse Código é feita pela
conscientização, isto é, a pessoa segue os
preceitos nele contidos porque compreendeu sua
profundidade e utilidade prática e deseja pautar
sua vida de acordo com os mais nobres e elevados
princípios que o ser humano almeja alcançar. O
Código Rosacruz de Vida é composto por 22
itens, que conseguem abranger basicamente todo
um sistema de vida orientada para a felicidade
pessoal, dentro de um misticismo prático. A GLP
o colocou à disposição dos Membros em forma
PÁGINA 34 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
impresso e aconselha que cada Rosacruz tenha
em seu Sanctum, para que possa ser lembrado,
memorizado e aplicado na vida diária por toda
a vida.
DI/GLP
1. Pela manhã, antes de te levantares, agradece
ao Deus do teu coração o novo dia que te é
dado viver no plano terreno e pede-lhe que
te inspire ao longo desse dia. Depois, de pé
e voltado para o Leste, faze três respirações
profundas concentrando-te na vitalidade que
é despertada em ti mesmo. Feito isto, bebe
um copo d’água e inicia tuas ocupações.
2. Apesar das vicissitudes e das provações que
a vida comporta, considera-a sempre como o
mais precioso bem que o Cósmico outorgou
ao ser humano, pois ela é o suporte de tua
evolução espiritual e a fonte da felicidade a
que aspiras. Neste particular, considera teu
corpo como o templo de tua Alma e cuida
dele o melhor que puderes.
3. Reserva se possível em tua casa um lugar para
prece, meditação e estudo dos ensinamentos
de nossa Ordem. Faze dele o teu oratório
particular, o teu Sanctum, e conserva-o livre
de toda preocupação e de toda atividade
profana.
4. Antes de cada refeição, dá graças a Deus
pela chance que tens de te alimentar e pensa
em todos aqueles que não têm o privilégio
de saciar sua fome. Se estiveres sozinho
ou na companhia de outros Membros da
 Ordem, coloca as mãos sobre o alimento,
com as palmas voltadas para baixo, e faze,
mentalmente ou em voz alta, a invocação
simbólica: “Que este alimento seja purificado
e magnetizado pelas vibrações que emanam
de minhas mãos, a f im de que ele supra as
necessidades do meu corpo e da minha alma. Que
todos aqueles que têm fome estejam associados a
esta refeição e participem espiritualmente de seus
benefícios. Assim seja!”
5. Sabendo que o objetivo de todo ser humano
é de se aperfeiçoar e de se tornar melhor, faze
constantes esforços para despertar e expressar
as virtudes da Alma que te anima. Ao fazê-
lo, estarás contribuindo para tua evolução e
servindo à causa da humanidade.
6. Durante o dia, isola-te por alguns instantes,
de preferência no Sanctum, e irradia
pensamentos de amor, harmonia e saúde
para toda a humanidade, em particular para
todos aqueles que estejam sofrendo física
ou moralmente. Pede também a Deus que
os ajude em todos os aspectos e os preserve
o quanto possível das tribulações da vida.
7. Comporta-te de tal maneira que todos
aqueles que compartilham tua vida ou vivem
em teu contato, sintam, por teu exemplo, o
desejo de se assemelharem a ti. Guiado pela
voz de tua consciência, que tua ética seja a
mais pura possível e que tua preocupação
primeira seja sempre de pensar bem, falar
bem e agir bem.
8. Sê tolerante e defende o direito à diferença.
Nunca uses a faculdade de julgamento para
censurar ou condenar a outrem, pois tu não
podes ler os corações e as almas. Considera
os outros com benevolência e indulgência,
atento para o que haja de melhor neles.
9. Mostra-te generoso para com aqueles que
estejam passando necessidades ou que sejam
menos favorecidos do que tu. Todo dia
procura realizar pelo menos uma boa ação
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 35
para com outrem. Seja qual for o bem que
faças a alguém, não te vanglories disso, mas
agradece a Deus o ter permitido contribuir
para o seu bem-estar.
10. Sê moderado em teu comportamento e
evita os extremos em tudo. Demonstra
temperança e segue o reto caminho do
meio em toda circunstância.
11. Se ocupares um cargo de poder, não te
glorifiques nisso nem te deixes arrebatar
pela influência que esse cargo te permita
exercer. Nunca o empregues para forçar
alguém a fazer coisas reprováveis ou
que sejam injustas, ilegais ou imorais.
Assume-o com humildade e coloca-o a
serviço do bem comum.
12. Escuta os outros e fala com o devido
conheci­m ento de causa. Se tiveres de
fazer uma crítica, faze com que ela seja
construtiva. Se te pedirem opinião sobre
um assunto que desconheças, admite
humildemente tua ignorância. Nunca te
permitas recorrer à mentira, à maledicência
ou à calúnia. Se ouvires declarações
maldosas a respeito de outra pessoa, não
as reforces com tua condescendência.
13. Respeita as leis do teu país e te esforça para
ser um bom cidadão. Lembra-te sempre de
que é na evolução das consciências que se
encontra a chave do progresso humano.
14. Sê humanista e considera a humanidade
inteira como tua família. Para além de tua
raça, de tua cultura e tuas crenças, todos
os seres humanos são teus irmãos e irmãs.
Merecem, por conseguinte, o mesmo
respeito e a mesma consideração.
15. Considera a natureza como o mais belo
santuário e a expressão, na Terra, da
Perfeição Divina. Respeita a vida em
todas as suas formas e vê os animais como
seres, não apenas vivos, mas igualmente
conscientes e sensíveis.
16. Sê sempre um pensador livre. Reflete por
ti mesmo e não penses conforme a opinião
dos outros. Além disso, dá a todo mundo
a liberdade de pensamento; não imponhas
tuas ideias a outrem e considera sempre que
elas são suscetíveis de evoluir.
17. Respeita as crenças religiosas ou filosó­
ficas, desde que não atentem contra a
dignidade humana. Não apóies nem abones
o fanatismo ou o integrismo, em qualquer
que seja a forma. Na maneira de viver tua fé,
cuida para não seres dogmático ou sectário.
18. Sê fiel às tuas promessas e aos teus
compromissos. Q uando deres tua
palavra, atribui-lhe um caráter sagrado
e compromete tua honra através dela.
Se tiveres de prestar juramento, faze-o
pensando na Rosa+Cruz, símbolo do teu
ideal ético, e lembra-te de que toda mentira
de tua parte traz consequências cármicas.
Com efeito, se é possível alguém enganar os
seus semelhantes, ninguém pode se subtrair
à Justiça Divina.
19. Se teus meios o permitirem e o desejares,
traze teu apoio material à Ordem, a fim
de ajudá-la em suas atividades e contribuir
para que seu trabalho seja perene.
PÁGINA 36 FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023
20. Como o objetivo da Ordem é contribuir
para a elevação das consciências e transmitir
seu ensinamento milenar, procura estar
disponível para apresentar seus ideais e
sua filosofia àqueles que estejam em busca
de Conhecimento, sem jamais tentares
convencê-los.
21. Nunca deixes alguém supor que os membros
da Ordem são sábios e detentores da
Verdade. A quem te perguntar, apresenta-
te antes como um estudioso ou um
buscador da Sabedoria. Nunca pretendas
demonstrar ser um Rosacruz e sim um
Neófito a caminho de aperfeiçoamento.
22. À noite, antes de adormeceres, faze um
balanço do dia que estará terminando
e vê em que ele foi construtivo ou não.
No silêncio de tua alma e consciência,
julga o que pensaste, disseste e fizeste
ao longo desse dia. Tira disso lições
úteis para tua evolução espiritual e
toma boas resoluções. Feito isto, irradia
pensamentos positivos para toda a
humanidade e depois confia tua Alma a
Deus antes de adormeceres.
Assim Seja!
FÓRUM ROSACRUZ – 01 – 2023 PÁGINA 3
Antiga e Mística Ordem Rosacruz – AMORC
41 3351-3000 | www.amorc.org.br