Você está na página 1de 4

AERODISPERSÓIDES

O que sã o aerodispersó ides?

Os aerodispersó ides sã o partı́culas só lidas ou lı́quidas, suspensas ou dispersas no


ar.

Como estas partı́culas possuem tamanhos microscó picos e massa extremamente


reduzida, nem mesmo a açã o da gravidade é capaz de provocar sua deposiçã o
imediata, no solo ou em alguma superfı́cie. Por este motivo, tais partı́culas ficam
suspensas no ar e podem levar horas para se depositar.

Dentro do contexto de riscos ambientais, os aerodispersó ides sã o agentes


quı́micos e recebem especial atençã o da higiene ocupacional, pois dependendo de
sua concentraçã o e tamanho das partı́culas, eles representam sé rios riscos à saú de
dos trabalhadores. Veremos ao longo deste artigo porque isso acontece.

Classificaçã o dos aerodispersó ides quanto à origem

Dependendo de sua origem, os aerodispersó ides sã o classificados em:

• Névoas
• Neblinas
• Poeiras
• Fumos

A figura a seguir apresenta esta classificação:


Observaçõ es:

- Névoas: Particulados lı́quidos gerados pela ruptura mecâ nica de um lı́quido:


imaginem a queda de uma cachoeira; a né voa é formada por partı́culas lı́quidas
geradas pela ruptura mecâ nica da á gua ao sofrer a queda. Em um ambiente de
trabalho um exemplo é a né voa de tinta (formaçã o de spray), gerada pela pintura
com uso de revolver pneumá tico ou ainda a né voa formada pela aplicaçã o de
agrotó xicos utilizando-se nebulizadores.

- Poeira: Particulados só lidos formados pela quebra de um só lido, resultante de
operaçõ es como escavaçõ es, serviços de lixamento, explosõ es, perfuraçõ es,
limpeza abrasiva, etc. As poeiras podem ser vegetais ou minerais.

- Fumos metá licos: A liberaçã o de um fumo metá lico inicia-se quando um metal é
aquecido, como por exemplo, nos processos de soldagem. Este aquecimento gera
um vapor que, ao entrar em contato com o ar, se condensa e forma o fumo.

Os riscos que os fumos metá licos oferecem à saú de dependem do metal que está
sendo aquecido (ou soldado) e da composiçã o do eletrodo utilizado na solda. A
maioria dos metais (e respectivos compostos) utilizados nas indú strias está
associada a riscos.

Dentre os metais de maior risco, destacam-se o chumbo, cromo, manganê s e seus


compostos, sendo que o fumo metá lico gerado pelo aquecimento do chumbo é um
dos que apresenta maior toxicidade, sendo responsá vel por uma doença
ocupacional conhecida como saturnismo ou plumbismo.

- Neblina: EO a suspensã o de partı́culas lı́quidas no ar por condensaçã o do vapor de


um lı́quido volá til ou que tenha sido aquecido em processo industrial. Nas
indú strias, a ocorrê ncia da neblina de um agente quı́mico é rara.

Tamanho das partículas

Sabemos que uma das defesas naturais do nosso sistema respirató rio é formada
pelos cı́lios das narinas e pela mucosa da garganta (existem també m outros
mecanismos de imunidade que fogem do escopo deste texto).

Entretanto, estas defesas naturais nã o sã o tã o eficientes quando se trata de
aerodispersó ides cujas partı́culas sã o microscó picas.

O tamanho das partı́culas dos aerodispersó ides varia de acordo com a substâ ncia:

- Poeiras: entre 0,5μm a 200μm (mı́crons ou micrometros)


- Fumos metá licos: entre 0,001 μm a 0,5 μm (mı́crons ou micrometros)

Para você s terem uma ideia, 1 μm = 0,000001m


O tamanho das partı́culas é importante porque determina o quanto o sistema
respirató rio é afetado. Quanto menor a partı́cula, mais perigo ela representa.

O local de deposiçã o no organismo da poeira inalada vai depender do tamanho das


partı́culas da poeira. Dependendo do tamanho, as partı́culas de poeira podem ficar
retidas na garganta, na traqueia ou podem chegar até os pulmõ es.

Já os fumos metá licos, devido ao tamanho microscó pico de suas partı́culas,
conseguem penetrar profundamente nos pulmõ es, podendo até mesmo atingir a
corrente sanguı́nea.

Aerodispersóides Fibrogênicos e Não Fibrogênicos

Sã o considerados aerodispersó ides fibrogê nicos aqueles que causam fibrose
pulmonar.

Entã o, por exclusã o, os aerodispersó ides nã o fibrogê nicos sã o aqueles que nã o
causam fibrose pulmonar.

E o que é a fibrose pulmonar?

A fibrose pulmonar é uma pneumoconiose, ou seja, uma doença pulmonar


ocupacional causada pela inalaçã o de algumas poeiras vegetais ou minerais.

Uma das principais caracterı́sticas dos nossos pulmõ es, e que nos permite respirar,
é a elasticidade. A fibrose pulmonar provoca a perda da elasticidade do tecido
pulmonar, devido à inalaçã o continuada, ao longo de muitos anos, de poeira. Mas
como isso acontece?

Quando partı́culas microscó picas de algumas poeiras conseguem chegar até nosso
pulmã o, elas se depositam no tecido pulmonar e provocam processos
inflamató rios. Nos locais onde houve o processo inflamató rio, aparecerã o
cicatrizes e o tecido pulmonar perderá a elasticidade, fazendo com que o
trabalhador, ao longo dos anos e da exposiçã o continuada, perca a capacidade
respirató ria (pois os pulmõ es ficam cada vez “menos” elá sticos, suas paredes ficam
endurecidas). Este é o quadro de fibrose pulmonar.

A fibrose pulmonar é gerada principalmente pela inalaçã o de poeira de sı́lica


(neste caso chamada de silicose), carvã o mineral e asbesto (neste caso chamada de
asbestose). EO uma doença irreversı́vel e incurá vel. Sua evoluçã o é progressiva,
provocando a incapacidade para o trabalho.

Apesar de os aerodispersó ides nã o fibrogê nicos nã o causarem fibrose pulmonar,
eles causam diversas outras pneumoconioses, como por exemplo, bissinose
(inalaçã o da poeira do algodã o) ou ainda bagaçose (inalaçã o do pó do bagaço da
cana de açú car – bagaço seco).

Aerodispersóides nas NRs


NR7 – PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

A NR7 determina que os trabalhadores expostos a aerodispersó ides fibrogê nicos e


nã o fibrogê nicos devem ser submetidos aos seguintes exames complementares e
na seguinte periodicidade:

NR9 – PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

Apesar de a palavra “aerodispersó ides” nã o aparecer na NR9, estes agentes estã o
presentes na definiçã o de agentes quı́micos constantes no item 9.1.5.2:

“Consideram-se agentes quı́micos as substâ ncias, compostos ou produtos que


possam penetrar no organismo pela via respirató ria, nas formas de poeiras, fumos,
né voas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposiçã o, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo atravé s da pele ou
por ingestã o.”

NR15 – Operações e atividades insalubres

A NR15 dispõe sobre os limites de tolerância de diversos aerodispersó ides, como


poeiras minerais, entre elas o asbesto, manganê s e sı́lica livre cristalizada.

Entretanto, a NR15 nã o determina os limites de tolerâ ncia de poeiras vegetais,


como por exemplo, poeira do algodã o, poeira do milho, poeira da madeira.

Nestes casos, conforme determina o item 9.3.5.1 letra c da NR9, as avaliaçõ es de


exposiçã o ao risco devem considerar os valores constantes nas normas da ACGIH -
American Conference of Governmental Industrial Higyenists ou aqueles que
venham a ser estabelecidos em negociaçã o coletiva de trabalho, desde que mais
rigorosos do que os crité rios té cnico-legais estabelecidos.

Você também pode gostar