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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO

CURSO DE FORMAÇÃO E GRADUAÇÃO DE


SARGENTOS

PERÍODO BÁSICO

COLETÂNEA DE MANUAIS

DE

TÉCNICAS MILITARES II

UD 6 e 7

(TÉCNICAS ESPECIAIS E DEFESA QUÍMICA, BIOLÓGICA,


RADIOLÓGICA E NUCLEAR - DQBRN)

2021
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................1 /90)
ÍNDICE DE ASSUNTOS

UD 6- TÉCNICAS ESPECIAIS

6.1 Cordas, Nós e Laçadas 4

6.1.1 Definição 4
6.1.2 Constituição das Cordas 4
6.1.3 Espécie de fibras 5
6.1.4 Tipo de Cordas 5
6.1.5 Características 5
6.1.6 Tabela de Resistência 6
6.1.7 Nomenclatura 6
6.1.8 Utilização e Manutenção 8
6.1.9 Nós e Laçadas 11
6.1.10 Assentos 18

6.2 Transposição de Curso d’água com meios auxiliares de flutuação 21

6.2.1 Cabo Submerso 21


6.2.2 Boias Improvisadas 22
6.2.3 Balsas Improvisadas 24

6.3 Passadeiras e Ponte de Cordas 27

6.3.1 Pinguela 27
6.3.2 Passadeira Pênsil 27
6.2.3 Ponte de Cordas 28

6.4 Acuidade Visual e Auditiva Noturna 36

6.5 Combate a Baioneta 36


6.5.1 Espírito do Combate a Baioneta 36
6.5.2 Utilização da Baioneta 36
6.5.3 Princípios de Combate a Baioneta 36
6.5.4 Aperfeiçoamento do Homem no emprego da baioneta 37
6.5.5 Posições e Movimentos 37
6.5.6 Tática para o Combate em grupos 43
6.5.7 Desarmar Adversários munidos de baionetas ou faca 46
6.5.8 Conselhos aos instrutores 48
6.5.9 Organização das Turmas 49
6.5.10 Sequência de exercícios 50
6.5.11 Como conduzir o treinamento 52
6.5.12 Meios auxiliares de instrução 52
6.5.13 Exercícios táticos de combate em grupos 60

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UD 7- DEFESA QUÍMICA, BIOLÓGICA, RADIOLÓGICA E NUCLEAR 62

7.1 Definições Básicas de QBRN 62

7.2 Proteção Individual 67

7.3 Medidas de Defesa Individual Após Ataques QBRN 82

REFERÊNCIAS....................................................................................................

CAPÍTULO VI - TÉCNICAS ESPECIAIS

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(Segundo o C21-78: Manual de Campanha – Transposição de Obstáculos. 1ª Edição
1980; C21-74: Manual de Campanha – Instrução Individual para o Combate. 2ª edição
Brasília, 1986; C 23-25: Básico-Armamento Baioneta. 3ª Edição. Brasília, 1994)

INTRODUÇÃO

Finalidade
O presente manual tem por finalidade divulgar conhecimentos gerais, processos
e técnicas para a transposição de obstáculos pelo combatente a pé

Objetivo
Padronizar no âmbito do Exército, os métodos e a instrução de transposição de
obstáculos pelo combatente a pé. Destina-se ao uso em instrução e em campanhas.

Importância do Treinamento
As operações colocam frequentemente as pequenas frações e o combatente a
pé diante de obstáculos que devem ser transpostos com rapidez e segurança, a fim de
permitir o cumprimento da missão. Tais obstáculos são mais comuns em ambientes
especiais como a selva, a montanha, etc. A capacidade e a destreza das frações e dos
combatentes para vencer estes obstáculos, utilizando meios reduzidos e recursos
locais, vai condicionar sua eficiência em combate. Instruir e treinar o combatente e as
pequenas frações para a transposição de obstáculos significará, muitas vezes,
garantir-lhes a sobrevivência e o êxito

Conhecimentos Complementares
O T5-725- Aparelhos de força - oferece dados complementares, e mais
detalhados, à Primeira Parte deste Manual, Igualmente, o C21-72 – Montanhismo
Militar oferece conhecimentos complementares à transposição de obstáculos
propriamente dita.

6.1 – CORDAS, NÓS E LAÇADAS

Generalidades

Definição
Corda é um conjunto de cordões de fibra, torcidos ou trançados entre si.

Constituição Das Cordas


a. A corda é formada por três elementos: as fibras, os fios e os cordões.

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Fig 2-1. Constituição das cordas

b. A corda recebe o nome da espécie de fibra empregada na sua fabricação,


podendo ser de origem animal, vegetal ou sintética

Espécies de Fibras
a. As fibras de origem animal (seda, crina e couro) têm o seu uso limitado.
b. As fibras de origem vegetal têm larga aplicação. As mais utilizadas são: sisal,
cânhamo , algodão, coco e manilha (juta)
c. As fibras de origem sintética (nylon, perlon e polietileno) têm grande emprego
e duração.

Tipos De Cordas
Os tipos de cordas são designados de acordo com a combinação das fibras, fios e
cordões que as constituem. Existem dois tipos básicos, a corda trançada e a torcida
(Fig 2-2).

Fig 2-2. Corda trançada e corda torcida

Características
a. Bitola - é o diâmetro da corda expresso em polegadas, É comum encontrar a
bitola referenciada à circunferência da corda (perímetro)
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b. Peso - é o número de quilos por metro de corda
c. Resistência
(1) Resistência é a máxima tração que a corda pode suportar, também conhecida como
carga de ruptura.
(2) A carga de ruptura é obtida através de tabela específica para cada tipo de corda,
uma vez que depende do material componente das fibras, da combinação dos fios e
dos cordões, bem como, da bitola da corda.
(3) Por medida de segurança, não se deve submeter uma corda a uma tração superior
à metade de sua carga de ruptura.

Tabela De Resistência
Para exemplificar, e para efeito de comparação do peso da carga de ruptura entre
as cordas de sisal e as de nylon, é apresentada a tabela 2.1.

Diâmetro Circunferência SISAL NYLON


Nominal (POL) Peso por Carga de Peso por Carga de
(POL) metro (KG) ruptura (KG) metro (KG) ruptura (KG)
1/4 3/4 0,030 280 0,024 750
3/8 1 / 1/8 0,660 580 0,065 2.080
1/2 1 / 1/2 0,100 1.100 0,100 3.000
3/4 2 / 1/4 0,260 2.100 0,210 6.700
1 3 0,410 3.950 0,390 11.500
Tab 2-1. Tabela de resistência

OBSERVAÇÃO: os cabos referentes ao peso e à carga de ruptura das cordas de sisal


e das de nylon foram fornecidos, respectivamente, pelas Indústrias P. Maggi e Ipiranga
S/A. Os valores referem-se a cordas novas, usadas em condições favoráveis.

Nomenclatura

Elementos Fundamentais Das Cordas


a. Alça é uma volta ou curva em forma de "U", feita com uma corda
b. Anel - é uma volta em que as partes de uma corda se cruzam.
c. Chicotes são os extremos livres de uma corda.
d. Cocas são voltas ocasionais que aparecem em uma corda,
e. Firme - é a parte que fica entre o chicote e a extremidade fixa da corda
f. Seio - é a parte central de uma corda

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Fig 2-3. Elementos fundamentais das cordas

Termos Empregados no Manuseio de Cordas


a. Cabo solteiro é uma corda com quatro a cinco metros de comprimento,
normalmente de seis a nove milímetros de diâmetro, empregada para segurança
individual durante a transposição de obstáculos. Tem como características a
flexibilidade e a resistência.
b. Coçar - é gastar a corda, atritando-a sobre uma superfície áspera. Corda
coçada é uma corda puída e imprestável.
c. Falcaça - é a união dos cordões dos chicotes da corda por meio de um fio a
fim de evitar o seu destorcimento, a falcaça de corda de nylon pode ser feita
queimando-se as extremidades dos chicotes.
d. Morder - é prender, por pressão, uma corda com a própria corda, ou com ela
e qualquer superfície rígida.
e. Permear é dobrar a corda ao meio
f. Retinida - é uma corda fina, utilizada para trabalhos auxiliares.
g. Safar uma corda - é a operação de liberar a corda, quando enrolada.
h. Socar um nó é ajustá-lo, apertando-o
i. Volta simples - é semelhante a um anel, consistindo porém na colocação de
uma corda em torno de um objeto, seguindo o chicote em direção oposta à do firme
(Fig 2-5)
j. Volta completa é semelhante a uma volta simples, porém o chicote segue a
mesma direção do firme da corda (Fig 2-5).
l. Tesar esticar uma corda, dar tensão a um c
m. Solecar afrouxar lentamente uma corda ou cabo.

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Fig 2-4. Falcaça

Fig 2-5. Volta simples e volta completa

Utilização e Manutenção

Generalidades
A utilização adequada das cordas e sua criteriosa manutenção têm por objetivo
prolongar o tempo de duração do material.

Inspeção
As cordas devem ser inspecionadas periodicamente, a fim de ser verificado o
seu estado, deve-se distorcer ligeiramente os cordões para examinar o interior da
corda; caso este se apresente escurecido, a corda não poderá ser utilizada em
situações que exijam segurança

Utilização
a. Evitar friccionar a corda sobre arestas vivas
b. Evitar o contato da corda com areia ou terra.
c. Evitar pisar na corda
d. Evitar arrastar a corda sobre qualquer superfície ásperas

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Manutenção
a. As cordas devem ser submetidas a manutenção periódica. Abaixo é
apresentado um plano de manutenção idealizado para uma região úmida. O plano é
previsto para ser realizado em um mês, devendo, todavia, ter continuidade durante o
ano inteiro.

Semanas 1ª 2ª 3ª 4ª
Atividades 1 1e2 1e3 1e4
Tab 2-2. Plano de manutenção

(1) Atividade 1 - expor as cordas ao sol e surrá-las para que se desprenda a lama
(2) Atividade 2 realizar a inspeção visual para verificar se a corda apresenta excessivo
desgaste
(3) Atividade 3- submeter a corda a tração correspondente a 1/2 da carga de ruptura.
(4)Atividade 4- banhar a corda em alcatrão.Tal atividade só será realizada com cordas
de fibra vegetal que tenham tido contato com água salgada.
b. A água e a umidade diminuem o tempo de duração das cordas. Se durante
sua utilização a corda ficou molhada, deve-se inicialmente estendê-la, evitando-se as
cocas, em local arejado e, se possível, à sombra.
c. Quando seca e limpa, a corda deverá ser enrolada de maneira tal que
facilite seu transporte e armazenamento, e possa ser desenrolada sem perda de tempo
para utilização.

Processos de Enrolar a Corda


a. Meada- consiste em passar alternadamente a corda sob os pés e por cima
dos joelhos, sempre no mesmo sentido. Os dois últimos metros, devem ser enrolados
em torno dos anéis de um dos extremos e arrematados com um nó (Fig 2-6).
b. Feixe ou charuto- enrolar como uma meada deixando corda suficiente para
envolver os anéis de extremo a extremo e arrematar com um nó. Pode-se fazer uma
alça para o transporte a tiracolo (Fig. 2-7).
c. Anel ou coroa- enrolar a corda por um dos processos anteriores, quando
faltarem cerca de dois metros, envolver os anéis em espiral,e arrematar com um nó:
Este método permite transportar a corda a tiracolo, ou em torno da mochila.

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Fig 2-6 Meada

Fig 2-7 Feixe ou charuto

Fig 2-8 Anel ou coroa

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Nós e Laçadas
Definições
a. Nó – é um entrelaçamento das partes de uma ou mais cordas formando uma
massa uniforme.
b. Laçada – é a forma pela qual se prende, temporariamente, uma corda num
ponto de amarração, podendo ser desfeita facilmente.

Principais nós e emprego


Nós na extremidade de uma corda
a. nó simples- é empregado para evitar que a extremidade de uma corda se
distorça, ou para formar um outro nós (Fig 3-1).

Fig 3-1. Nó simples

b. Nó de frade – é empregado nas cordas finas, lisas ou molhadas para facilitar


a empunhadura (Fig 3-2).

Fig 3-2. Nó de frade

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Nós de Junção ou Emendas
a. Nó direito – é empregado para unir cordas do mesmo diâmetro

Fig 3-3. Nó direito

b. Nós de escota simples e duplo – são empregados para unir cordas de


diâmetros diferentes. O duplo é o de escota simples com mais uma volta do chicote,
fornecendo maior segurança ( Fig 3-4 e 3-5).

Fig 3-4. Nó de escota simples

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Fig 3-5. Nó de escota duplo

c. Nó de catau – é empregado para diminuir o comprimento ou para isolar um


trecho coçado de uma corda (Fig 3-6).

Fig 3-6. Nó de catau

Nós Alceados

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a. Nó de aselha – é empregado normalmente para dar tensão às cordas e na
segurança durante a transposição de obstáculos (Fig 3-7).

Fig 3-7.Nó de aselha

b. Nó balso pelo seio – é empregado na segurança durante transposição de


obstáculos (Fig 3-8).

Fig 3-8. Nó balso pelo seio

c. Nó de borboleta – é empregado para dar tensão às cordas (Fig 3-9).

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Fig 3-9. Nó de borboleta

d. Lais de de guia – é empregado, especialmente, na segurança durante a transposição


de obstáculos (Fig 3-10) .

Fig 3-10. Lais de guia

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Nós de Arremate
Cote e meio cote – são empregados nos arremates, principalmente quando
estiverem sendo utilizadas cordas trançadas (Fig 3-11).

Fig 3-11. Cote meio cote


Nós de Amarração
a. Nó de porco, barqueiro ou volta do fiel – é empregado para fixar uma corda no
ponto de amarração (Fig 3-12).

Fig 3-12. Nó de porco, barqueiro ou volta do fiel


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b. Nó boca de lobo – tem emprego idêntico ao nó de porco, necessitando no
entanto de arremate (Fig 3-13).

Fig 3-13. Nó boca de lobo

b. Nó prússico – é empregado para fixar uma ou várias cordas a um cabo


(Fig 3-14).

Fig 3-14. Nó prússico

d. Volta completa com cote – é a combinação da volta completa com cote, para
fixar a corda no ponto de amarração (Fig 3-15).

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Fig 3-15. Volta completa com cote

Assentos

Introdução
Os assentos são confeccionados com o cabo solteiro e o mosquetão de
escalada. Têm como finalidades permitir as descidas de grandes alturas ou
ângulos negativos e a evacuação de acidentados através de paredões, quando se
torne impraticável o "rappel" em "S". Permite, também, a transposição da ponte de
uma corda.

Assento de Um Nó
a. Confecção — permear o cabo solteiro; mantendo o seu ponto médio nas
costas, laçar a cintura dando um nó direito à frente; passar os chicotes por entre as
coxas, apanhando-os à retaguarda; passá-los por baixo da laçada da cintura e
ajustar o assento ao corpo; passar os chicotes por baixo do firme da corda que se
encontra sobrepondo os glúteos e trazê-los à frente do corpo, unindo-os em seguida
na lateral através de um nó direito; a fim de que os chicotes não fiquem soltos,
envolvê-los na laçada da cintura; por fim, passar o mosquetão de escalada na
laçada da cintura e por entre as cordas das pernas, de tal forma que a abertura
permaneça para frente e para cirna (Fig 5-1 e 5-2).
b. Emprego — é utilizado no "rappel'', seja com o mosquetão de escalada
seja com o freio de descida, na "tirolesa" e na transposição da ponte de uma corda.

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Assento de Três Nós
a. Confecção — dividir o cabo solteiro em três partes iguais; pegar 2/3 e
executar o nó balso pelo seio, sem apertá-lo; introduzir as pernas, uma em cada alça e
ajustar o nó; com o chicote maior, realizar uma alça em torno da cintura, fixando o
chicote ao firme, através do nó lais de guia, distando o mesmo cerca de 10 a 15 cm do
balso pelo seio; realizar uma aselha em cada chicote, de tal modo que as duas se
unam à altura do peito do combatente. Em seguida, colocar o mosquetão de escalada,
com abertura para frente e para cima, na aselha do chicote proveniente do balso pelo
seio ou nas duas aselhas, quando for necessária maior segurança (Fig 5-3 e 5-4). Sua
infecção é mais demorada que a do assento de um nó.

Fig 5-1. Confecção do assento de um nó

Fig 5-2. Posição do mosquetão no assento de um nó


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Fig 5-3. Confecção do assento de três nós

Fig 5-4. Posição do mosquetão no assento de três nós

b. Emprego – é empregado na ―tirolesa‖ e, particularmente, no ―rappel‖ de


cintura e no com freio de descida, durante a transposição de ângulos negativos.

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6.2 - TRANSPOSIÇÃO DE CURSO D’ÁGUA COM MEIOS AUXILIARES DE
FLUTUAÇÃO

Cabo submerso

Generalidades
a. Construção – O cabo submerso consta de uma corda, de preferência de
origem sintética, ancorada em ambas as margens do curso d‘água, tangenciando a
superfície líquida. Para larguras de até 15m, usa-se corda de 1/2 pole, acima de 15m,
deve-se usar corda de 3/4 pol.
b. Processos de ultrapassagem –
(1) Deitar sobre o cabo submerso, empunha-lo com ambas as mãos, mantendo as
pernas abertas, em movimentos iguais e sucessivos, tracionar o corpo com os braços,
deslizando sobre a corda, até atingir a margem oposta (Fig 7-1).

Fig 7-1. Primeiro processo de ultrapassagem

(2) Empunhar o cabo submerso, com as costas voltadas para o sentido da correnteza
do rio, tracionar o corpo lateralmente, através de movimentos sucessivos dos braços,
até atingir a margem oposta (Fig 7-2).

Fig 7-2. Segundo processo de ultrapassagem


c. Emprego - é utilizado para transposição de cursos d‘água de margens baixas,
apresentando vantagem da rapidez no lançamento e na ultrapassagem. A grande
desvantagem do cabo submerso consiste em que o fardamento, o equipamento e o
armamento ficam molhados.
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Boias Improvisadas

Boia de Cantis
Prender ao cinto de guarnição cerca de oito cantis vazios e fechados, fixando-o
à cintura ou ao tórax do combatente (Fig 7-3).

Fig 7-3. Boia de cantis


Bóia de Talo de Buriti
Unir talos secos de buriti, ou outro tipo de madeira de fácil flutuação, como um
colete, de modo que envolvam o tórax do combatente (Fig 7-4}.

Fig 7-4. Bóia de talo de buriti


Bóia de Camisa
Abotoar todos os botões da camisa, colocando a gola para dentro; molhá-la;
para inflar, mantendo aberta a camisa na sua parte inferior, sentar ou saltar sobre a
água e em seguida fechar, com uma das mãos, a mesma parte inferior acima citada, à
altura da cintura, isto irá formar um bolsão de ar no interior da camisa, na região das
espáduas, o que auxiliará a flutuação. Caso haja esvaziamento do bolsão de ar, o
combatente deverá expirar entre o 2º e 3º botões da camisa, a fim de completá-lo
(Fig 7-5 e 7-6).
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Fig 7-5. Boia de camisa

Fig 7-6. Transposição com bóia de camisa


Bóia de Calça
a. Amarrar as pernas da calça, abotoar a braguilha e virá-la do avesso; molhar a
calça; para inflar, levá-la pelo cós para trás da cabeça procurando manter a cintura
aberta, de modo a permitir a entrada de ar nas pernas e, num movimento rápido, batê-
la contra a água; em seguida, fechar a boca da calça com uma das mãos. A boia está
pronta para ser utilizada, constituindo-se em excelente auxílio à flutuação (Fig 7-7)
b. Para transposição, apoiar o corpo pelo abdome ou por uma das axilas entre
as pernas infladas da calça, mantendo fechada a cintura com uma das mãos. Para
reinflar as pernas, expire através da cintura (Fig 7-8).

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Fig 7-7. Boia de calça

Fig 7-8. Transposição com bóia de calça

Balsas Improvisadas

Balsa de Folhas e Pano de Barraca ou Poncho


a. Construção
(1) Fechar o capuz do poncho e colocá-lo estendido no chão, com o capuz voltado para
baixo; preparar uma armação em forma de ‗‘X‘‘, com dois paus de cerca de 0,8 m de
comprimento( poderá ser utilizado o fuzil com os coturnos nas extremidades do
armamento); juntar grande quantidade de folhas, de modo a encher completamente o
espaço delimitado pela armação; fechar o poncho conforme indicado na figura 7-9.
(2) Envolver o primeiro conjunto com um segundo poncho ou pano de barraca,
inversamente à posição do anterior, visando dessa maneira a aumentar a vedação (Fig
7-10).
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(3) O material do combatente é amarrado simetricamente sobre a balsa, de modo a
manter o equilíbrio; prender também um cantil vazio, com um cordel de cerca de 5
metros, à guisa de bóia, para facilitar o resgate da balsa, caso esta afunde (Fig 7-11).
(4) Utilizando o meio-pano de barraca, mantenha a janela para cima.
b. Transposição
Os combatentes nadam empurrando a balsa, evitando apoiar o corpo sobre ela.
c. Emprego
Empregada por dupla, quando os combatentes têm que transpor um curso d‘água com
todo o equipamento.

Fig 7-9. Preparação da balsa de equipamento e poncho

Fig 7-10. Preparação da balsa de equipamento e poncho


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Jangadas
Generalidades
a. Neste artigo serão apresentados dois tipos de jangada; no entanto,
dependendo do material e tempo disponíveis, da distância a ser percorrida e da
habilidade dos construtores, ela poderá ser construída de outras maneiras que não as
apresentadas.
b. Construção
(1) Execute o teste de flutuabilidade dos troncos escolhidos, ou seja, lance na água
pequenos pedaços do tronco; se estes flutuarem, é sinal de que a madeira pode ser
utilizada na construção da jangada
(2) Corte os troncos que apresentem melhor flutuabilidade, no tamanho
desejado, e una-os através de corda, cordões ou cipós, conforme mostram as figuras
7-13 e 7-14

Fig 7-13. Exemplo de construção de jangada

Fig 7-14. Modelo da jangada

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c. Transposição :
(1) Os combatentes preparam com o seu equipamento uma balsa improvisada,
amarrando-a sobre a jangada e, com remos improvisados ou varas, auxiliam a
transposição.
(2) O número de homens e a quantidade de material dependem do tamanho da
jangada. Uma jangada com 10 toras de 6 metros de comprimento por 30 cm de
diâmetro permite um grupo de 7 homens navegar durante dias, com todo seu
equipamento.
d. Emprego:
É empregada normalmente para efetuar longos percursos, uma vez que sua
construção é trabalhosa e demorada.

6.3 – PASSADEIRAS E PONTE DE CORDAS


Pinguela
Quando o curso d'água tiver pequenas proporções, com largura de até 30m e não
for vadeável, pode ser usado um tronco de árvore, de comprimento suficiente para
cruzar de uma margem à outra. Na selva, pode-se abater uma árvore em uma das
margens, fazendo com que, ao cair, cruze o rio na sua largura. Para que a travessia
seja feita em segurança, é necessário fazer um corrimão. É um processo simples, no
qual a perda de tempo no abate da árvore é plenamente compensado pela segurança e
pela rapidez na transposição ( Fig 8-1).

Fig 8-1. Travessia de pinguel


Passadeira Pênsil
Fixar dois cabos de aço paralelamente cobre o obstáculo, distantes entre si de
aproximadamente 1,20 metro. Fixar sobre os cabos tábuas de 1,40m x 0,30m x
0,025m. A passadeira é um trabalho semipermanente, normalmente realizado por
elementos da Engenharia. É empregada, em princípio, em vãos de até 30m. A
travessia deve ser feita em passo vivo pelo centro da passadeira, procurando pisar
firme, a fim de neutralizar o movimento ondulatório (Fig 8-2). Para maior segurança,
pode-se instalar corrimão. Os elementos de Engenharia têm condições de construir
diversos tipos de passadeiras pênseis, de acordo com o material e tempo disponíveis.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................27 /90)
Fig 8-2. Travessia da passadeira

Pontes de Cordas
Generalidades
As pontes de cordas são meios improvisados e temporários para cruzar
obstáculos, tais como cursos d‘água, canais, desfiladeiros, etc. Este método só é usado
quando resulta em economia de tempo.

Ponte de Uma Corda


a. Construção -Esta ponte é construída com uma corda, ancorada numa das
extremidades com o nó de porco com um cote e, na outra, com o nó de borboleta, que
facilitará a operação de testar o cabo periodicamente; em seguida, ancora-se o chicote
num ponto de amarração
b. Processos de travessia
(1) Comando ―craw‖ - O combatente deita-se na corda, colocando sobre ela o peito de
um dos pés, mantendo esta perna flexionada; a outra deve pender, naturalmente, para
manter o equilíbrio do corpo (Fig 8-3). A tração do corpo é feita pelas mãos, ajudada
pelo pé que está sobre a corda. Se o equilíbrio for perdido e o corpo ficar dependurado,
pode-se retornar à posição original; no entanto, é aconselhável prosseguir no processo
da preguiça, mostrado a seguir.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................28 /90)


Fig 8-3 Travessia pela ponte de uma corda pelo processo comando ―craw‖
(2) Preguiça - Agarra-se a corda com as mãos, cruzando sobre ela os pés. Para
transposição, deve-se puxar o corpo, alternadamente, com as mãos, auxiliando com as
pernas, ou então, caminhar como uma preguiça(Fig 8-4).
(3) Assento - Confecciona-se um assento de um nó e engancha-se o mosquetão de
escalada na corda da ponte. Para a transposição, procede-se como no item anterior. É
o processo mais seguro (Fig 8-5).

Fig 8-4. Travessia pela ponte de uma corda pelo processo da preguiça
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................29 /90)
Fig 8-5. Travessia pela ponte de uma corda pelo processo do assento

Ponte de Duas Cordas

Falsa baiana
a. Construção - Esta ponte é construída da mesma maneira que a de uma
corda, só que se instalam duas cordas, uma acima da outra, separadas de 1,2m a 1,8m
nos pontos de amarração. Para evitar uma separação excessiva, pode-se ligar uma à
outra, através de cabos auxiliares, junto aos pontos de amarração. A corda inferior da
falsa baiana pode ser substituída por um cabo de aço de 0,5 polegada, com as
vantagens de diminuir o tempo de transposição e evitar a necessidade de ajustagens
frequentes.
b. Processo de travessia - Colocar os pés sobre a corda de baixo, apoiando-os
na junção do salto com a sola do coturno; as mãos empunham, inversamente, a corda
superior. Para a transposição basta deslizar as mãos e os pés ao mesmo tempo, na
direção do deslocamento (Fig 8-6). É importante manter permanente contato dos pés e
das mãos com as cordas. É aconselhável não juntar pés e mãos ao mesmo tempo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................30 /90)


Fig 8-6. Travessia pela falsa baiana

Comando “Craw” Duplo


a. Construção – É construído com duas cordas de sisal de 1 polegada de
diâmetro, ancoradas no mesmo plano horizontal e afastadas entre si de 0,5 metros. A
tensão das cordas deve ser rigorosamente igual e a distância entre os pontos de
ancoragem (de um lado a outro obstáculo) não deve ultrapassar a 15 metros. É
aconselhável o uso de cabos auxiliares, unindo as cordas, para manter constante
afastamento entre elas.
b. Processo de travessia - Posicionar o corpo sobre as cordas, apoiando as
mãos e as partes anteriores dos pés sobre as mesmas, de tal maneira que as pontas
dos pés fiquem para o interior das cordas e os joelhos para fora. Para a transposição,
tracionar o corpo através do braço e, simultaneamente, executar um jogo de
rins(cintura), aproximando os joelhos da mão (Fig 8-7)

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................31 /90)


Fig 8-7. Travessia pelo comando ―craw‖ duplo

Ponte de Três Cordas


a. Construção - É construída com duas cordas ancoradas à mesma altura e uma
terceira abaixo das duas, cerca de 1,5m. As cordas superiores são ligadas à inferior por
cabos auxiliares, os quais servirão como reforço e proteção lateral, devendo estar
afastados cerca de 75 cm. A tensão das três cordas deverá ser a mesma.
b. Processo de travessia - As cordas superiores serão utilizadas como corrimãos
e a inferior como piso. O combatente deverá pisar nas junções dos cabos auxiliares
com o cabo inferior, tendo as pontas dos pés sempre voltadas para fora; as mãos
deslizam nas cordas superiores, mantendo contato permanente com as mesmas
durante toda a travessia. Se a ponte oscilar, o combatente deverá parar e empurrar
para fora as cordas superiores, até que a ponte se estabilize (Fig 8-8).
c. Emprego – Esta ponte é uma instalação semi permanente, empregada
quando há maior número de tráfego. Na travessia de ponte deve ser mantido um
intervalo mínimo de seis metros entre os homens, quando estiverem inteiramente
equipados.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................32 /90)


Fig 8.8. Travessia pela ponte de três cordas

Cabo Aéreo ou “Tirolesa”

Generalidades
a. O cabo aéreo conta com um cabo de aço ou corda, preso a dois pontos de
amarração, servindo como trilhos (cabo trilho) e de meios para transportar e tracionar
material ou pessoal.
b. É utilizado na transposição de carga e de feridos através de pequenas
depressões ou cursos d‘água de travessia difícil por outros meios.

Construção
a. Cabo trilho de cordas:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................33 /90)


Escolher o local e providenciar os pontos de amarração em cada lado do
obstáculo, utilizar corda dupla para maior segurança, providenciar sua fixação e tesá-la,
a fim de diminuir a curvatura, enganchar no cabo trilho um mosquetão de escalada,
amarrar a este um cabo de carga, conforme indicado (Fig 9-1).
Unir, de preferência, a alça central do cabo de carga, uma corda de menor
diâmetro, para racionar pessoal ou material. Dependendo da inclinação do cabo- trilho,
pode ser necessária a utilização de duas cordas. Esta corda recebe o nome de cabo de
tração.
Caso se disponha de roldanas ou patescas, é vantajosa sua utilização em
substituição ao mosquetão de escalada, uma vez que diminui o desgaste da corda pelo
atrito.

Fig 9-1. Cabo aéreo com cabo-trilho de corda, cabo de carga e cabo de tração

b. Cabo-trilho de aço:
Semelhante ao descrito na letra ―a‖ anterior, o cabo-trilho de corda é substituído
pelo cabo de aço e o mosquetão de escalada por uma roldana o petasca (Fig 9-2).

Fig 9-2. Cabo aéreo com cabo-trilho de aço, cabo de carga e cabo de tração
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................34 /90)
Processo de Travessia
a. Deve-se preparar um assento de um ou três nós para o combatente ferido e,
com o mosquetão de escalada, prendê-lo ao cabo de carga. Para ultrapassar o
obstáculo, o combatente é tracionado para outra extremidade, por meio do cabo de
tração. Quando o cabo-trilho tiver uma inclinação acentuada, a ação da gravidade
poderá auxiliar na travessia e uma das pernas do cabo de tração será utilizada para
controlar a velocidade (Fig 9-3).
b. Quando se tratar de carga, a travessia será semelhante, havendo
necessidade apenas de preparação dos fardos ou pacotes (Fig 9-4).

Fig 9-3. Travessia de um combatente ferido pela tirolesa

Fig 9-4. Travessia de carga pela tirolesa


(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................35 /90)
6.4 – ACUIDADE VISUAL E AUDITIVA NOTURNA

( O ASSUNTO É ABORDADO NA UNIDADE DIDÁTICA 2 – UTILIZAÇÃO DO


TERRENO, ASSUNTO – 2.7 UTILIZAÇÃO DO TERRENO PARA OBSERVAR,
LETRA “B”- DESCREVER AS TÉCNICAS DE OBSERVAÇÃO DURANTE A NOITE.
A PARTE PRÁTICA SERÁ REALIZADA NA INSTRUÇÃO DE ACUIDADE AUDITIVA
E VISUAL NO 1º ELD)

6.5 – COMBATE A BAIONETA


Espírito do Combate a Baioneta
O espírito do combate a baioneta se resume em enfrentar e destruir o inimigo num
combate corpo a corpo. Esse espírito nasce da confiança, coragem e determinação
inflexível do combatente, e é desenvolvido graças a um treinamento intensivo. O
instinto de luta do homem, por meio desse treinamento, pode ser desenvolvido ao mais
elevado grau. A vontade de utilizar a baioneta, geralmente, aparece quando o
instruendo começa a manejá-la com facilidade, e vai aumentando à medida que cresce
sua confiança nesse meio de ação. O desenvolvimento completo de suas
possibilidades físicas e a confiança em sua arma oferece como resultado a expressão
final da ação a baioneta: a feroz e impiedosa destruição do inimigo num combate
singular, de homem para homem. Para o adversário, o medo desmoralizante da
baioneta é ampliado pelo poder destrutivo das bombas, granadas ou projéteis que
apoiam e precedem o assalto a arma branca.

Utilização da Baioneta
a) Muitas vezes, o fogo, isoladamente, não é suficiente para desalojar de suas
posições um inimigo resoluto e disciplinado. Fazendo um aproveitamento adequado
das cobertas e abrigos, o adversário permanecerá muitas vezes em suas posições, até
que delas seja expulso por uma ação corpo a corpo, rápida e brutal, mas decisiva. A
ação da baioneta ou simplesmente a sua ameaça é, no entanto, o argumento
fundamental de todo assalto.
b) À noite, em missões de infiltração, e sempre que o sigilo deva ser preservado, a
baioneta é a arma, por excelência, do silêncio e da segurança de que o infante se
utiliza.
c) No combate aproximado, quando amigos e inimigos estão demasiadamente
próximos e entrevados, impedindo o emprego das armas de fogo ou granadas, a
baioneta é a arma principal de que se vale o soldado de infantaria para levar a cabo
sua missão.

Princípios de Combate a Baioneta


a) A baioneta é uma arma ofensiva. A hesitação, a demora na ação e a
preocupação defensiva são sempre fatais. Um retardo de uma fração de segundo pode
significar a morte.
b) No assalto, à baioneta, o combate ataca rápida e impiedosamente, até que o
inimigo seja destruído. Aproveita imediatamente qualquer brecha na guarda adversária;
se o inimigo não abre sua guarda, o atacante força uma brecha; parando a arma do
adversário e aplicando golpes de baioneta ou violentas pancadas com a coronha.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................36 /90)


c) Sendo a região da garganta especialmente vulnerável, o adversário,
instintivamente, protegerá essa região contra uma pontada. Ameaçando a garganta do
adversário com a ponta da baioneta, o atacante muitas vezes obriga-o a descobrir
outras partes vulneráveis do corpo, tais sejam: o rosto, o peito, o abdômen e as virilhas.

Aperfeiçoamento do homem no emprego da baioneta


Desde o início, os exercícios com a baioneta devem ser conduzidos com contínuo
destaque, aperfeiçoando-se a forma correta, a rapidez no manejo do fuzil baioneta, a
ação das pernas e dos pés, e a precisão dos golpes. Um reforço persistente em
benefícios desses quatro pontos essenciais desenvolverá a coordenação, o equilíbrio,
a velocidade, a força e a paciência que caracterizam o bom combatente de baioneta.
As diferenças individuais de conformação física podem acarretar pequenas
modificações no manejo. As diferenças que não determinarem diminuição na eficiência
do combatente não serão levadas em linha de conta.

Posições e Movimentos
1) Generalidades
Tomando qualquer posição ou executando qualquer movimento, o combatente à
baioneta relaxará os músculos que não serão utilizados diretamente no esforço.
Mantém o fuzil firmemente, mas sem rigidez. Músculos tensos causam fadigas e
retardam a velocidade dos movimentos.
Dando-se a devida importância ao treinamento, todos os movimentos se
tornarão instintivos. O combatente à baioneta aproveitará automaticamente qualquer
brecha da guarda adversária e forçará o ataque sem hesitação. Evitará repetir
sequências de movimentos. Manterá o equilíbrio em todos os seus movimentos e uma
constante presteza para ferir instantaneamente em qualquer direção, e continuar
ferindo até que o inimigo seja destruído. Observará continuamente a baioneta e o corpo
do adversário. As posições e os movimentos descritos neste artigo têm por finalidade
atingir estes fins.
As posições adotadas no combate e a baioneta são: a GUARDA, a GUARDA
CURTA e o PASSO DE CARGA. E os movimentos prescritos são: a MUDANÇA DE
FRENTE, a PONTADA A FUNDO, a PONTADA, O ARRANCAMENTO, a PARADA A
DIREITA (ESQUERDA). A PANCADA HORIZONTAL (VERTICAL) COM A CORONHA,
A PANCADA COM O COICE e o GOLPE CORTANTE. O principiante deverá aprender
esses movimentos como ações independentes; pelo treinamento, entretanto, aprenderá
a executá-los não só variando as combinações como a rapidez, de maneira a imprimir
aos mesmos a aparência de ações contínuas.
2) Guarda
a. Entrada em guarda
1) Frente para o adversário.
2) Avançar o pé esquerdo um pouco a frente e à esquerda, com a ponta
deste voltada para o adversário. Flexionar ligeiramente os joelhos, inclinar o corpo
ligeiramente para frente, a arma na altura dos quadris.
3) Ao mesmo tempo, lançar o fuzil à frente com a ponta da baioneta voltada
na direção do adversário, empunhando o fuzil com ambas as mãos. Este movimento
deverá ser rápido e decisivo.
4) Abarcar o fuzil com a mão esquerda, mantendo a palma da mesma, do
mesmo lado do fuzil, no ponto mais cômodo, imediatamente à frente da braçadeira
inferior; braço esquerdo ligeiramente flexionado. Com a palma da mão direita voltada
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................37 /90)
para esquerda, empunhar o delgado da coronha. Para evitar que o dedo indicador seja
contundido, empunhar o delgado de maneira que este dedo fique logo atrás do guarda
mato. Manter o pulso apoiado de encontro ao delgado, e a parte extrema da coronha
apoiada de encontro ao quadril direito. Empunha firmemente o fuzil com ambas as
mãos, sem entretanto empunhá-lo com rigidez, ou incliná-lo demasiadamente. Apontar
a baioneta para a base da garganta do adversário.
5) Distribuir o peso do corpo sobre ambas as pernas, pronto para deslocar-
se instantaneamente em qualquer direção.
6) Olhar vigilante, mantendo-o sobre a baioneta e o corpo do adversário.
b. Guarda curta
Para entrar em guarda curta, partindo da posição de guarda, o executante
deve trazer o fuzil à retaguarda, de modo que a mão direita fique junto ao quadril
direito. Esta posição de transporte é aconselhada para deslocamentos através de
bosques densos e terrenos matosos, sobre trincheiras, em torno de edifícios, ou
quando o inimigo possa ser encontrado repentinamente, em espaços muito reduzidos.
c. Erros mais comuns
a) Separação dos pés, não assegurando um equilíbrio estável;
b) Linha dos quadris não perpendicular à direção do inimigo;
c) O corpo muito erguido;
d) Falta de firmeza no antebraço direito, por não manter a coronha de
encontro ao corpo;
e) Braço direito estendido ou demasiadamente flexionado;
f) Fuzil empunhado com rigidez, prejudicando a liberdade de movimento;
g) A ponta da baioneta muito alta.
d. Guarda Alta
a) Para entrar em guarda alta, partindo da posição de guarda, sem mudar a
posição dos pés e a empunhadura do fuzil, trazer a arma diagonalmente à frente do
corpo, para à esquerda e bandoleira para frente, até que o pulso esquerdo fique na
altura e na frente do ombro esquerdo.
b) Emprego na transposição de trincheiras e outros obstáculos.
1) Para saltar mantendo a arma em guarda alta, o homem deve levar a arma
francamente para cima e para frente no início do salto, e trazê-la à posição normal, no
fim do mesmo. Este salto será também executado utilizando-se somente a mão
esquerda para empunhar a arma, ficando, então, a direita livre para auxiliar a limpeza
do obstáculo.
2) Para saltar, mantendo a arma na posição de guarda, o homem levantará
a arma, rapidamente, no início do salto, sem modificar a empunhadura, e começará a
descê-la, ao atingir o ponto mais alto do salto. A arma será trazida à posição de guarda
à medida que o homem finalizar o salto.

Fig. 1 – Guarda alta

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................38 /90)


Mudança de Frente
Para executar a mudança de frente partindo da posição de guarda alta, girar
para esquerda, fazendo pião no calcanhar do pé esquerdo (dianteiro), e retomar a
posição de guarda.

Pontada a Fundo
Execução
1) Para executar uma pontada a fundo, partindo da posição de guarda,
avançar o pé traseiro e dar uma estocada à frente, distendendo completamente o corpo
(figura 44).
2) Completar a distensão do corpo no momento em que o pé traseiro atingir
o solo. Durante esse movimento, o fuzil empunhado firmemente por ambas as mãos,
será orientado decididamente pela mão esquerda numa linha reta, em direção à
garganta ou contra outra parte vulnerável do adversário, em cuja guarda tenha
provocado uma brecha. Rapidamente distender totalmente o braço esquerdo, de modo
que a baioneta seja arremessada na direção do alvo. No momento da distensão total,
manter a coronha junto e de encontro ao antebraço direito, flexionar a perna dianteira,
inclinar o corpo bem à frente e distender a perna de trás.
3) Manter os olhos no ponto do ataque, durante todo o movimento.
4) Se a pontada for evitada, aplicar rapidamente outra pontada ou uma
pancada com a coronha. O recuo e a recaída em guarda, após o apontar, deverão ser
instantâneos. Não deverá nunca haver demora na posição distendida.

Fig. 2 – Pontada a fundo


5) A força da pontada a fundo provém dos braços, ombros, costas, pernas, e
do peso do corpo. A distância de onde será lançada a pontada a fundo depende do
alcance e da velocidade do avanço do atacante. A distância máxima para cada
indivíduo é determinada nos ensaios em manequins de exercícios. É indispensável que
cada homem conheça seu alcance e seja capaz de julgar precisamente sua distância
de ataque, de modo que a pontada venha atingir o alvo, o mesmo será exercitado em
executar a pontada com qualquer dos pés à frente.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................39 /90)


Erros mais comuns
a) Deixar transparecer ao inimigo o momento da pontada ao recuar o fuzil,
antes de executá-la;
b) Executar a pontada somente com os braços, sem utilizar a força das
pernas e do corpo;
c) Executar a pontada com um ligeiro desvio, prejudicando uma penetração
direta a frente;
d) Apontar com a direção da baioneta muito alta, ou formando um ângulo
lateral com a direção do objetivo;
e) Apontar a coronha não apoiada de encontro ao antebraço direito;
f) Não inclinar o corpo bastante a frente;
g) Perder o equilíbrio, em virtude de um passo demasiadamente grande;
h) Flexionar pouco o joelho da frente;
i) Desviar os olhos do ponto a ser atacado.

Arrancamento depois de Apontar a Fundo


Execução
Para arrancar quando a pontada a fundo tiver sido executada com o pé direito
à frente, deve avançar-se a perna esquerda e retirar a arma na mesma direção em que
penetrou, para isso todas as forças, e inclinando o corpo para trás pela distensão da
perna dianteira. (Figura 45). Se necessário, manter-se-á o equilíbrio, recuando mais o
pé direito. Se a pontada a fundo tiver sido executada com o pé esquerdo à frente,
avançar o pé direito o suficiente, para manter o equilíbrio e arrancar de acordo com o
acima descrito. Se o adversário cair, colocar um pé sobre seu corpo e arrancar o ferro.
Em qualquer situação, arrancar imediatamente, pronto para executar uma pontada
curta ou uma pancada com a coronha, retomar a posição de guarda curta. Não
demorar na posição final da ponta a fundo.

Erros mais comuns


a) Não fazer o arrancamento com energia, em virtude de ter empregado
somente os braços no mesmo;
b) Não arrancar a baioneta na direção em que penetrou, em virtude de ter
baixado a coronha.

Fig. 3 – Arrancamento
Pontada curta e arrancamento
Execução
Estando na posição de guarda, guarda curta ou tendo arrancado de uma
pontada a fundo, a execução da pontada curta é idêntica à da pontada à fundo, com a
diferença de que, na pontada curta avança-se mais à frente, no momento do golpe
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................40 /90)
(Figura 46). A pontada curta será empregada quando o inimigo for encontrado
repentinamente, ou quando estiver muito próximo para uma pontada a fundo. O
exercício abrangerá a prática da pontada curta com o pé direito e o pé esquerdo à
frente.

Arrancamento
O arrancamento de uma pontada curta é semelhante ao de uma pontada a
fundo. Terminado o arrancamento, retomar a posição de guarda, ou executar uma
outra pontada ou uma pancada com a coronha.

Batidas
Finalidade
A batida é uma ação destinada a criar uma brecha na guarda adversária;
consegue-se essa brecha, desviando-se a arma adversária da direção do seu próprio
corpo. O ímpeto da batida é continuado por uma pontada ou uma pancada com a
coronha. A posição da arma adversária determinará a direção da batida. A batida,
invariavelmente, será feita numa direção que provoque a brecha mais favorável à
execução de uma pontada ou uma pancada com a coronha.
Execução
a) Batida à direita
- Para parar à direita, partindo da posição de guarda, investir à frente como para
uma pontada a fundo.
- Ao mesmo tempo, lançar a arma diagonalmente à frente, e à direita,
distendendo o braço esquerdo na direção da batida, e deslocando a coronha para a
direita, a fim de manter a arma paralela a posição que tinha, quando usada na posição
de guarda. A coronha deverá ser mantida firmemente de encontro ao pulso e parte
inferior do antebraço. Limitar o movimento diagonalmente à frente, o necessário para
desviar a baioneta inimiga da frente do corpo.
- Aproveitando o passo dado para a batida, continuar o ímpeto da investida com
uma pontada a fundo. À medida que a baioneta atinge a lâmina adversária, desviando-
a da direção do corpo e produzindo uma brecha na guarda do adversário, investir sobre
ele num movimento contínuo.
- Para bater à direita, antes da pontada curta, executar o movimento acima
descrito, fazendo a batida, imediatamente antes do avanço à frente, com a perna
dianteira.

b) Batida à esquerda
Para bater à esquerda, investir à frente, como numa batida à direita, lançar o
fuzil à frente e à esquerda, de maneira que a coronha fique aproximadamente a frente
da virilha esquerda, desviando a baioneta adversária da frente do corpo. A batida à
esquerda é seguida por uma pontada, ou por uma pancada com a coronha, caso a
ponta da baioneta não esteja na direção do adversário.

Erros mais comuns


a) Não empregar a força e a velocidade necessárias, em virtude de ter
utilizado somente os braços, sem aproveitar o peso e o impulso do corpo.
b) Fazer um largo movimento lateral, sem avançar a arma.
c) Não fixar os olhos na arma inimiga.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................41 /90)
Pancada com a Coronha e Golpes Cortantes
Generalidades
O homem não deve utilizar no combate a baioneta as pancadas com a coronha
e os golpes cortantes quando for possível a pontada. Mas, poderá usá-los
vantajosamente em muitas situações, principalmente, quando uma pequena distância
não der o espaço necessário ao desencadeamento de uma pontada, ou imediatamente
após uma pontada que tenha sido evitada. Quando utilizar a pancada com a coronha, o
combatente poderá, muitas vezes, atingir o adversário na virilha, derrubá-lo, ou atingi-lo
nas pernas. Os golpes com a coronha e os golpes cortantes prestam-se aos
combatentes em trincheiras, bosques, terrenos matosos ou aos momentos em que um
entrevero generalizado restringe os movimentos.

Execução
a) Pancada vertical com a coronha - Para executar a pancada vertical com a
coronha, avançar com a perna traseira e ao mesmo tempo levar a coronha para à
frente e para cima, descrevendo um arco no plano vertical em direção à virilha, plexo
solar, ou queixo do adversário, e concentrar no golpe o peso de todo o corpo (Figura
49). Essas pancadas poderão ser aplicadas, partindo-se de uma posição agachada,
quando os objetivos forem pontos baixos do corpo do adversário, ao mesmo tempo que
a este se oferecerá um alvo pequeno e difícil.
b) Pancada com o coice - Se o adversário recuar e evitar a coronha vertical,
avançar rapidamente com a perna esquerda

Fig. 4
(Figura 50) e dirigir energicamente a chapa da soleira contra a cabeça do inimigo,
distendendo completamente os braços à frente, e avançando o pé direito para manter o
equilíbrio.

c) Golpe cortante - Se o inimigo recuar fugindo novamente ao alcance da pancada


com a coronha, ou cair, continuar o avanço, cortando diagonalmente, para baixo com a
baioneta. Orientar o golpe cortante em direção à junção do pescoço com o ombro,
atingindo esse ponto ou qualquer ponto da cabeça, garganta ou braços. Se o golpe
cortante falhar, o atacante deverá agir de modo que, falhando no golpe, fique
aproximadamente na posição de guarda, para continuar energicamente o ataque Série
de pancadas horizontais com a coronha. Numa série de golpes desta espécie, o fuzil
será mantido no plano horizontal, em lugar do plano vertical onde normalmente é
mantido.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................42 /90)


d) Pancada horizontal com a coronha - Para executar a pancada horizontal com a
coronha partindo da posição de guarda, avançar violentamente, levando à frente o pé
traseiro, girando a coronha em arco, diagonalmente, para cima, em direção a cabeça
ou corpo do adversário.

Fig. 5

e) Pancada com o coice - Se o adversário recuar e evitar a pancada horizontal,


aplicar uma pancada com o coice, mantendo a coronha na horizontal. Se a pancada
com o coice não atingir o adversário, continuará o ataque com um golpe cortante,
executando o movimento de maneira idêntica à prescrita para o golpe cortante vertical.

Erros mais comuns.


a) Não atingir o adversário;
b) Não empregar a força do braço e do corpo no movimento, o que ocorre,
quando o plano do braço direito flexionado não está no plano do fuzil-baioneta;
c) Velocidade insuficiente.

Tática para o Combate em Grupos


Generalidades
a) Embora o combate a baioneta seja individual, cada homem deve compreender,
desde o início, que combate para a unidade que é parte, e não para si mesmo,
isoladamente. Quando um grupo de combatentes assalta uma posição adversária,
nenhum de seus componentes pode saber com que inimigo se defrontará, até que os
assaltantes entram no raio de ação do combate a baioneta. Ninguém sabe se
encontrará e será atacado repentinamente por diversos inimigos ao mesmo tempo, ou
se um ou mais amigos enfrentarão um mesmo adversário. Os combatentes que
estiverem exercitados para a luta em conjunto e possuírem presença de espírito para
tirar rapidamente vantagens dessas diferentes situações ganharão supremacia
numérica momentânea.
b) Se dois homens, enfrentando repentinamente um adversário, forem capazes de
abatê-lo em poucos segundos, poderão rapidamente atacar um outro adversário. Tal
sistema de assalto, nos instantes iniciais críticos de um encontro corpo a corpo, poderá
reduzir o efetivo inicial do inimigo de muitos homens. Em mais alguns instantes, o
emprego dessa tática poderá acarretar o aniquilamento total da guarnição assaltada.
No entanto, se faltar aos homens das vagas de assalto uma técnica já exercitada, de
combate em grupos, um único adversário poderá, por alguns segundos, manter à
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................43 /90)
distância dois atacantes, e durante este tempo, um de seus camaradas poderá correr
em seu auxílio e anular a vantagem inicial de dois para um. Para ser eficiente, a tática
de combate em grupos precisa ser simples e flexível, até o momento em que se
defrontam os combatentes a poucos passos, uma vez que é impossível predizer qual
será a verdadeira situação do encontro. Os movimentos devem ser rápidos e
automáticos, porque a rapidez e a confusão do combate corpo a corpo raramente
permitirão a coordenação do ataque à voz.

Tática do Combate em Grupos


Dois contra um
a) Aproximação - Dois combatentes, fazendo parte do escalão de ataque,
aproximam-se de um inimigo. Uma vez que, nessa ocasião, ainda não sabem o que
fará o inimigo, não poderão planejar uma ação coordenada. Por isso, os homens
avançaram diretamente à frente em marcha-
marche, sem qualquer convergência sobre o Fig. 6
adversário.
b) Contato - A medida que atinge a distância do combate corpo a corpo, um

deles será enfrentado pelo adversário. O homem


enfrentado avançará sobre o inimigo, em um ataque frontal. O outro avançará
rapidamente para o flanco oposto do adversário e, em seguida, voltar-se-á vivamente
para atingir as costas do inimigo ou seu flanco oposto.

c) Ataque alternando - Se o adversário voltar repentinamente para o atacante do


flanco, a fim de defender-se, ficará exposto, consequentemente à arma do homem que
fez o ataque frontal. Este deverá atingi-lo imediatamente. Em qualquer desses ataques,
normalmente, o homem que mata é o que não está engajado de perto com o inimigo.
Toda a operação é levada a cabo em poucos segundos. A aproximação, o contato e o
assalto . serão executados como atos contínuos.
Fig. 8

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................44 /90)


Fig. 9

Três contra dois


a) Três atacantes aproximam-se de dois adversários. Nesta fase nenhum
dos três sabe quem será inicialmente atacado pelo inimigo; não obstante, todos os três
devem avançar diretamente à frente em marcha-marche.

b) Contato - Quando atingirem a distância do combate corpo a corpo, dois


dos homens serão normalmente atacados pelos dois adversários. Um atacante ficará,
assim, momentaneamente livre; continuará, então, seu avanço para a frente, até se
colocar no flanco oposto do inimigo mais próximo, ou mais acessível, de onde deverá
voltar-se rapidamente para este adversário e atingi-lo no flanco oposto, como no caso
do combate de dois. Os outros dois atacantes manterão seus ataques frontais, com um
dos adversários fora de combate, o outro será ferido no flanco pelo primeiro dos
combatentes livres, que puder atingi-lo. Se qualquer dos adversários, que for atacado
de flanco, voltar para se defender, ficará exposto à arma do atacante que executa o
ataque frontal.
Dois contra três
Numa situação em que dois combatentes tiverem que fazer frente a três
adversários, deverão deslocar-se para os flancos, deixando o adversário do centro para
ser atacado em último lugar. Quando um dos atacantes tiver posto fora de combate seu
oponente, atacar imediatamente o adversário que permaneceu no centro
Um contra dois
Quando um homem enfrentar dois adversários, deverá avançar com rapidez,
e imediatamente dirigir-se para o flanco exterior de um dos adversários. Em nenhuma
circunstância deixar-se-á apanhar entre eles. Deslocando-se rapidamente de um lado
para outro, para o que melhor lhe convier, manterá o inimigo mais próximo entre ele e o
mais afastado e procurará por fora de combate um adversário de cada vez.

Fig. 10

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................45 /90)


Desarmar Adversários Munidos de Baioneta ou Faca

Generalidades
a) O homem que no combate ficar desarmado em virtude da perda ou inutilização
de sua arma, não está ainda perdido. Terá duas coisas a fazer: apanhar imediatamente
outra arma, qualquer que seja, e continuar a luta; se isto não for possível, tratará de
desarmar seu adversário e matá-lo com sua própria arma.
b) O homem, temporariamente desarmado, reagir agressivamente, como se
estivesse armado. Com seus olhos, cérebro e músculos se preparará para um oportuno
combate corpo a corpo. O justo momento, dar-se-á no instante em que o adversário
assaltar ou executar uma pontada, quando ficará momentaneamente incapaz de
recobrar-se ou opor-se a uma repentina manobra do adversário desarmado.

c) Os princípios básicos para desarmar são:


1) Não desperdiçar, ou denunciar ao atacante o movimento que pretende
executar, antes que este se lance à carga;
2) Qualquer que seja o movimento a empregar, utilizá-lo até o último
momento possível, empregando o máximo de rapidez.
d) Os movimentos para desarmar, aqui descritos, são manobras simples. Pelo
exercício continuado, esses movimentos se tornarão instintivos. Se o homem não for,
de início, bem sucedido em arrebatar a arma do adversário, diversos movimentos
suplementares de ataque poderão ser empregados eficazmente. Tais movimentos são:
1) Aplicar uma joelhada na virilha do adversário, atingir-lhe com o pé o
joelho, canela ou peito do pé;
2) Golpear o adversário com o cotovelo, com o punho cerrado, ou aplicar-lhe
cutiladas, com o fio da mão, na cara, na garganta, no pescoço ou no plexo solar;
3) Cravar os dedos retesados nos olhos ou na garganta; e
4) Atirar repentinamente, alguma coisa nos olhos do atacante armado,
quando este se aproxima, de maneira a distraí-lo momentaneamente, obtendo uma
oportunidade para arrebatar-lhe a arma.

Fig. 11 Fig. 12

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................46 /90)


Desarmar um homem munido de baioneta

Primeiro processo
a) Com a mão direita para a baioneta do adversário para a esquerda e, ao mesmo
tempo, dar um passo lateral à direita, com a mão esquerda, palma para cima, agarrar o
fuzil entre as braçadeiras. Então, com a face externa da mão direita, golpear a parte
interna da articulação do cotovelo esquerdo do adversário e agarrar seu antebraço.
Segurando firmemente o fuzil avançar rapidamente pelo lado esquerdo do atacante
num movimento enérgico, empurrar a arma para cima e para trás em arco, sobre o
ombro do adversário. Se este ainda continuar segurando o fuzil, golpeá-lo ou atingi-lo
com o pé arrancando a arma já frouxa; voltar-se a atacar o inimigo, empregando a
baioneta arrebatada.

Segundo processo
a) Com a mão esquerda parar a baioneta do adversário para a direita e ao mesmo
tempo, dar um passo lateral à esquerda. Com a palma da mão direita voltada para
cima, segurar o fuzil entre as braçadeiras. Então, com a palma da mão esquerda
voltada para baixo, agarrar a arma na altura do depósito e girá-la vivamente para cima
e para trás, em arco, por cima do ombro do atacante. Segurando o fuzil firmemente,
com ambas as mãos, ultrapassar rapidamente o atacante pelo lado, arrebatando-lhe a
arma; aplicar-lhe, então, pancadas com a coronha ou voltar-se para atacá-lo com a
própria baioneta.

Desarmar um homem munido de faca

Generalidades
a) As ações básicas para desarmar um adversário armado de faca são: desviar a
facada e imediatamente, aplicar no atacante um golpe que o force a largar a arma. Os
movimentos aqui descritos para um homem, são os que deverão ser empregados por
um combatente que tenha de enfrentar um atacante, armado de faca na mão direita. Se
o atacante for canhoto, os movimentos sofrerão uma adaptação: o preconizado para a
mão direita será feito pela esquerda e vice-versa.
b) Golpe de cima para baixo - Parar o braço do adversário antes que o mesmo se
distenda, com o antebraço direito; e flexionar o pulso para evitar que o braço do
adversário escorregue para os lados. Avançar a perna direita, aplicando contra o
inimigo uma joelhada na virilha, ou se isso não for possível, ultrapassá-lo para proteger
o corpo. Passar o antebraço direito por baixo e por trás do braço do adversário e
segurar o próprio pulso esquerdo, com a mão direita. Fazer uma pressão para trás, a
fim de forçar o adversário a largar a faca, e possivelmente, deslocar o cotovelo.
c) Golpe de baixo para cima - Dar rapidamente um passo lateral à esquerda,
fugindo ao golpe, empurrando ao mesmo tempo com o braço esquerdo, o braço do
adversário para o lado oposto. Com a mão direita, agarrar o pulso direito do adversário,
fazendo simultaneamente uma pressão sobre seu cotovelo direito, com o antebraço ou
mão direita. À medida que vai sendo torcido o pulso do adversário, a mão direita
continua a pressão sobre seu cotovelo, exercendo-a de cima para baixo. Colocando
uma perna na frente da perna do adversário, que estiver mais próxima, poderá colocá-
lo, e derrubá-lo no solo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................47 /90)


Fig. 13 – Processo de parar um golpe de faca, desfechado de cima para baixo.

d) Outros tipos de ataque - Um adversário, que vibra sua arma em rápidos arcos
em todas direções, e não emprega o golpe de cima para baixo e nem o de baixo para
cima, será dificilmente desarmado. O melhor será, então, manter-se fora do raio de
ação de sua arma, e atirar-lhe qualquer coisa na cara ou golpear-lhe os joelhos,
enquanto mantém-se alerta para o corpo a corpo, aproveitando qualquer brecha.

Fig. 14 - Processo de parar um golpe de faca, desfechado de


baixo para cima.

Conselhos aos Instrutores

O Instrutor
a) O instrutor deve ter bom físico e ser capaz de demonstrar pessoalmente todos
os movimentos e posições; além disso, deve possuir um grande entusiasmo, vigor e as
qualidades de chefe, capazes de despertar nos instruendos a serem exercitados a
melhor boa vontade. Essas qualidades ou sua falta se refletirão no aproveitamento dos
homens.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................48 /90)


b) O instrutor deve incutir nos homens que o combate a baioneta poderá ser a
coroação de extenuante progressão ou de uma defesa determinada, ocasião em que
estarão fisicamente quase exaustos. Por isto, durante o exercício, o instrutor salientará
a importância do espírito ofensivo do combate a baioneta, baseado no poder da
vontade, mesmo quando o aniquilamento das forças físicas for iminente
c) O instrutor deverá evitar ações violentas, disparatadas ou desordenadas. Deverá
fazer uma exposição clara, precisa e encorajadora para conseguir atenção e
aproveitamento por parte dos instruendos.
d) O instrutor não empregará nem animará o emprego de palavras ofensivas para
incutir no instruendo o espírito combativo. Deverá encorajar as exclamações
espontâneas, mas não exigirá exclamações forçadas. Gritos não substituem o
entusiasmo e a habilidade.
e) Antes de começar o exercício, os homens deverão estar em boas condições
físicas. A adaptação física posterior é progressiva. Para obter os melhores resultados,
o instrutor não deve exigir que os instruendos fiquem com os músculos excessivamente
doloridos.
f) As explicações e demonstrações serão simultâneas, breves e claras. Os
instrutores, primeiro, deverão fazer as demonstrações na cadência do combate real;
depois numa cadência bem lenta e com interrupções para explicações, de maneira que
os pormenores do movimento se tornem claros aos instruendos.
g) O instrutor salientará a importância da rapidez, do equilíbrio, da oportunidade e
da avaliação das distâncias. Uma vez que a tensão dos músculos contraria todas essas
qualidades, uma atenção especial deverá ser dada ao relaxamento dos mesmos.
h) Cada homem deve pensar e agir por si mesmo. Por isso, o instrutor deverá
evitar a tendência nociva, de transformar o exercício em ―ordem unida‖. O exercício a
comando só deverá ser utilizado no início do treinamento. Tão cedo quanto possível, o
exercício pelo processo instrutor-instruendo, a fim de assegurar a coordenação de vista
e dos músculos, sem voz de comando.
i) Durante a instrução sobre a tática de combate em grupos e nas pistas de
assalto, será ensinado aos homens como agir em conjunto.

Organização das Turmas


a) Formação em massa - Uma formação em massa, que não ultrapasse 200
homens, poderá ser empregada durante os exercícios das fases da instrução técnica
do emprego da baioneta, posições e movimentos. Essa formação é semelhante à
utilizada para os exercícios calistênicos, com a diferença de que deverão ser
aumentados os intervalos e as distâncias entre os homens. Esta formação será
vantajosa quando se quiser aproveitar as virtudes de um instrutor de excepcionais
qualidades de chefe, que possa incutir entusiasmo e eficiência à massa de instruendos.
Auxiliares treinados (monitores) ajudarão no controle do exercício, fazendo as
correções necessárias. Os retardatários deverão ser retirados da formação para
instruções complementares.

b) Formação das escolas.


1) Para o exercício de combate a baioneta em pelotões ou escola, menores
os homens formarão em linha, em duas fileiras, com os intervalos normais. O instrutor
designará como base, um homem da fileira de trás, o qual tomará imediatamente a
posição de guarda alta. O instrutor, em seguida, comandará PARA O EXERCÍCIO DE
BAIONETA BASE TAL HOMEM, PERFILAR a voz de perfilar o homem base tomará a
posição de guarda. Os demais instruendos da fileira de trás deslocar-se-ão
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................49 /90)
rapidamente para a direita e para a esquerda, respectivamente a fim de ficarem três
passos de intervalos uns dos outros, e mantendo-se voltados para a frente, tomarão a
posição de guarda. Os homens da fileira da frente deslocar-se-ão rapidamente para
uma posição a dez passos de distância, e imediatamente a frente da fileira base, farão
então meia volta e tomarão a posição de guarda. Os homens se deslocam para as
posições mantendo os fuzis em guarda.
2) Para colocar a escola em forma, o instrutor comandará: LINHA EM DUAS
FILEIRAS, PERFILAR! À voz de perfilar, o homem-base já designado, toma a posição
de «sentido». Todos os outros entram em forma, alinhando-se pelo homem-base e
tomam, também, a posição de «sentido». Para adotar uma formação para instrução
mais pormenorizada, partindo da formação em duas fileiras descritas acima, o instrutor
colocar-se-á numa das extremidades da escola, e determinará que as extremidades
opostas fechem sobre o centro, de maneira que a escola tome a formação em «U».
Essa formação é favorável a uma exposição ou demonstração que possa ser vista e
ouvida por toda a escola. Tendo finalizado a demonstração, o instrutor comandará:
AOS SEUS LUGARES!
3) Emprego do bastão de treinamento. Quando os instruendos tiverem
aprendido as posições e os movimentos, seja na formação em massa, seja nas
formações de pelotão ou escolas menores, os homens continuarão a praticar,
trabalhando em pares, pelo processo instrutor-instruendo e usando o bastão de
treinamento. Manejando o bastão de treinamento, o instrutor será rápido e agressivo.
Deslocar-se-á rapidamente, oferecendo alvos lógicos à distâncias apropriadas, e
evitando restringir a liberdade e o vigor de movimentos do instruendo. Ficarei atento
para descobrir e corrigir os erros cometidos pelo instruendo. O processo instrutor-
instruendo permite uma instrução individual, e proporciona variedade pelo frequente
rodízio de funções, e é um excelente meio de desenvolver a coordenação, tanto do
instrutor quanto do instruendo.
4) Exercícios preparatórios - Cinco ou dez minutos dedicados aos exercícios
preparatórios, no início das sessões de treinamento, ajudarão a descontrair os homens,
e a coordenação dos músculos a serem usados no combate à baioneta. Os exercícios
poderão compreender ações de boxe, luta livre, disputas pessoais, e jogos coletivos
que interessem o trabalho de equipe. Os exercícios calistênicos não são
recomendados com este fim.

Sequência dos Exercícios


A seguinte sequência é sugerida no início do treinamento para o combate a
baioneta. As sessões não deverão exceder 50 minutos.
a) Primeira sessão.
1) Palestra: O espírito do combate a baioneta.
2) Posições e movimentos,
- Guarda e guarda curta;
- Guarda alta;
- Voltas;
- Pontada a fundo e arrancamento;
- Pontada curta e arrancamento.
3) Exercícios práticos, na formação em massa, sob controle centralizado;
nas escolas do pelotão ou efetivos menores, sob o controle dos
monitores.

b) Segunda sessão
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................50 /90)
1) Recordação da sessão anterior
2) Novos movimentos
- Pancada vertical com a coronha e volta à guarda;
- Pancada horizontal com a coronha e volta à guarda;
- Batida à direita, pontada, arrancamento; executado por duplas,
trocando-se as funções, repetir na cadência do marche-marche;
- Batida à esquerda, pancada vertical com a coronha; executada
por duplas, trocando-se as funções.
c) Terceira sessão
1) Recordação das sessões anteriores
2) Novos movimentos
- Série de pancadas verticais com a coronha;
- Série de pancadas horizontais com a coronha;
- Batidas e pontadas contra manequins executadas quando parado
ou em movimento.

d) Quarta sessão
1) Revisão das sessões anteriores;
2) Instruções preliminares sobre o bastão de treinamento;
3) Batidas e pontadas com o bastão de treinamento, processo do instrutor-
instruendo, sabre- baioneta sem a respectiva bainha.
4) Batidas e pontadas contra manequins executadas na cadência do
marche-marche.

e) Quinta sessão
1) Revisão (prática de pontadas e batidas com o bastão de treinamento);
2) Pancadas com a almofada do bastão de treinamento;
3) Tática do assalto em grupos: dois contra um, sabre-baioneta com bainha;
4) Batidas e pontadas contra manequins executadas na cadência de
marche-marche.

f) Sexta sessão
1) Revisão de todos os movimentos com o bastão de treinamento
2) Tática do combate em grupos
- Dois contra um
- Três contra dois
- Dois contra três
- Um contra dois
3) Pista de assalto, ao passo.

g) Sétima sessão
1) Revisão
2) Pista de assalto, em marche-marche.

h) Oitava sessão
Desarmar um adversário munido de fuzil-baioneta ou faca b) Pista de
assalto, em marche-marche.

i) Décima sessão
1) Revisão de: desarmar um adversário munido de fuzil-baioneta ou faca.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................51 /90)
2) Pista de assalto em marche-marche, equipamento completo A repetição
constante das sessões de treinamento é necessária para treinar e manter
o homem em boas condições. Essas sessões deverão ser orientadas nos
moldes do treinamento básico aqui esboçado. Uma prática de vinte
minutos, três dias por semana, é indispensável para manter a forma e a
perfeição física. Durante essas sessões a importância dos exercícios na
pista de assalto, e de outros exercícios de natureza enérgica deverão ser
levados em consideração.

Como conduzir o treinamento


a. Os cobre-miras serão colocados sempre nos fuzis para esses exercícios.
b. O instruendo, inicialmente, treinará os movimentos em cadência lenta, em vez
de treiná-los por tempo, para adquirir perfeição e precisão na execução. Em seguida,
aumentar-se-á essa cadência, a fim de desenvolver progressivamente maior rapidez e
agressividade.
c. Os exercícios iniciais das batidas compreenderão batidas reais da arma
adversária, a fim de que o instruendo adquira o sentido da distância, da força e da
oportunidade. Os instruendos deverão estar formados em duas fileiras, e exercitar-se
pelo processo do monitor-instruendo. Ambas as fileiras usarão a bainha nos sabres
baionetas. Os instrutores orientarão os monitores para que estes executem as
pontadas com a rapidez duas vezes menor que a normal. Os instruendos deverão,
também, executar as batidas à direita e pontadas, batidas à esquerda e pontadas, ou
pancadas com a coronha em meia cadência. Depois de praticar por um minuto à
vontade, o instrutor determinará que o monitor passe a instruendo e vice-versa. E
supervisionará e controlará o exercício para corrigir os erros, evitar a displicência no
trabalho e distribuir o exercício equilibradamente, entre as duas fileiras. Limitará os
exercícios a períodos breves.
d. Tão logo os homens alcancem o grau de eficiência na execução das posições e
movimentos, começarão a utilizar o bastão de treinamento. Sua finalidade é dar ao
instruendo um pequeno alvo que ele possa atacar com rapidez, força, precisão e
agressividade, sem constituir perigo para o monitor. O instruendo utilizará a baioneta
sem a bainha para que, tanto ele quanto o monitor, se acostumem a vê-la.
e. O treinamento contra manequins suspensos ajudará a aferição das distâncias,
do equilíbrio e da força. O instrutor insistirá na máxima distensão do corpo e da arma
para obter alcances máximos.
f. Os exercícios da tática de assaltos em grupos e de pistas de assalto
desenvolverão as qualidades essenciais do combate em equipes.
g. Durante o treinamento, o instrutor exercitará os homens a descobrir e aproveitar
instantaneamente qualquer brecha na guarda adversária, desenvolvendo a
coordenação entre os olhos e os músculos e uma rapidez mental e física. Combaterá
todas as tendências para manejos rígidos, maquinais ou constantes, e reações lentas
face a situações inopinadas.
h. O instrutor aperfeiçoará as técnicas de treinamento que venham auxiliar o
desenvolvimento das qualidades essenciais do combatente a baioneta e as
acrescentará às técnicas de treinamento aqui prescritas.

Meios Auxiliares de Instrução


a) Manequins - Como meios auxiliares de instrução deverão ser construídos
manequins de diferentes tipos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................52 /90)


1) Os manequins para pontadas podem ser construídos comprimindo-se
certa quantidade de vegetação apropriada, tais sejam: cana, vime, bambu, capim,
alfafa, centímetros, aproximadamente. Este material é amarrado com arame ou corda,
tendo um papelão num dos lados, o feixo assim formado é envolvido num tecido de juta
ou de outro material adequado.
2) Os tipos de manequins assim construídos e os dados a respeito dos
mesmos estão especificados nas figuras abaixo.

Fig. 15 - Manequins para golpes. (1) Manequim sobre armação fixa

Fig. 16- Manequim oscilante. (Pode obter-se a livre oscilação no treinamento avançado,
soltando-o da ancoragem).

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................53 /90)


Fig. 17 - Manequim para paradas e golpes

Fig. 18 - Manequim móvel para golpes (com armação fixa no solo)

Onde se precisar de grande quantidade de manequins, os processos mecânicos de sua


construção deverão ser aperfeiçoados. Para pormenores sobre a construção da prensa
manual.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................54 /90)


Fig. 19 - Prensa para construção de manequins para golpes.

As minúcias sobre a construção de manequim para pancada vertical com a


coronha estão especificadas.

Fig. 20 - Manequim para pancadas verticais com coronha.

O manequim para pancada horizontal com a coronha é feito, enchendo-se sacos


de juta ou outro tecido forte com material leve, como por exemplo: palha ou trapos
velhos Para pormenores da construção desses manequins ver a figura 69.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................55 /90)


Fig. 21 - Manequim móvel para pancadas horizontais com a coronha
(armação fixa ao solo)

Os manequins suplementares para serem utilizados na pista de assalto, e os


obstáculos sugeridos constam das figuras de 70 a 80, inclusive.

Fig. 22 - Manequim colocado no fundo duma cratera

Fig. 23 - Abrigo individual (posição deitada), tendo no fundo um


manequim.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................56 /90)
Fig. 24 - Toca apresentando uma cabeça exposta, para ser atacada por estocadas.

Fig. 25- Obstáculos a serem transpostos como se fosse uma escada horizontal.
Altura variável; intervalos também variáveis; nunca, porém maiores de 65cm.

Fig. 26 - Viga em equilíbrio e escada horizontal.

Fig. 27- Cerca com duplo bordo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................57 /90)


Fig. 28- Túnel para rastejar.

b) Manequins suspensos –
Quando os instruendos tiverem aprendido a técnica da pontada a fundo e da
pontada curta, deverão ser treinados nas pontadas contra discos de papel, ou
círculos pintados nos manequins suspensos. Os grupos não devem exceder de
seis a oito homens por manequim. Os homens munidos de baionetas sem as
respectivas bainhas agirão da seguinte maneira:
1) O instrutor riscará uma linha-base no solo para as primeiras pontadas,
fará em seguida uma distensão total de corpo e de fuzil em uma pontada a fundo, a fim
de determinar a localização exata dessa marca. Essa marca será riscada na posição
que ocupar o pé dianteiro. Uma vez que a contínua preocupação com a linha-base
desvia para a posição do pé a atenção da pontada a ser executada; o instruendo
deverá abandonar a utilização da linha-base, tão logo se familiarize com o alcance de
sua pontada.
2) De início, o instruendo executará a pontada parado, em seguida,
começará a apontar após ter dado alguns passos. Gradualmente aumentará a distância
e a velocidade do avanço. E, finalmente, fará o avanço em marche-marche, de um
ponto situado a 20 passos do manequim. Quando estiver a 5 passos do manequim, o
instruendo tomará a posição de guarda antes de executar a pontada. Avançará
naturalmente, sem se preocupar com o pé que terá à frente, quando executar a
pontada.
3) Após ter realizado o acima prescrito, o homem executará uma pontada a
fundo em um círculo, e uma ou várias pontadas curtas em outros círculos, em rápida
sequência.

c) Tábuas para o exercício de arrancamento


1) O instrutor empregará «tábuas de arrancamento» para ensinar como
utilizar o peso de todo o corpo, ao fazer um arrancamento, quando a baioneta ficar
muito presa, após uma pontada contra o adversário.
2) As «tábuas de arrancamento» podem ser quaisquer pedaços de madeira,
com 1,5 a 2,5 cm de espessura, 10 cm de largura e 45 a 60cm de comprimento,
pregados numa estacada de manequim suspenso, com a seção de 10 por 10 cm, por
meio de pregos ou parafusos, de maneira que somente a extremidade inferior da tábua
fique presa. A distância da tábua ao solo deverá ser de 1,05 metros.
3) O instruendo enfia a lâmina da baioneta entre a tábua e à estaca. O
monitor fará, então, pressão na parte superior da tábua, servindo-se dela como
alavanca, de modo que a baioneta fique presa A dificuldade do arrancamento
comprovará ao instruendo a necessidade de empregar uma técnica apropriada para
retirar a baioneta.
d) Bastão de treinamento
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................58 /90)
1) O bastão de treinamento é feito de uma madeira com 1,80 metros de
comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Tem uma de suas extremidades enrolada com
trapo ou pano em forma de almofada; e, na outra extremidade uma argola de 12 cm,
feita com corda forte ou fio grosso de arame encapado.
- Quando o monitor colocar no solo qualquer das extremidades do bastão, o
instruendo tomará imediatamente a posição de guarda, e ameaçava o monitor com sua
arma, tão logo esteja na distância de ataque. O monitor oferecerá então qualquer das
pontas do bastão, variando as posições.
- Se for apresentada à argola, o instruendo aplicará uma pontada a fundo ou
curta, função da distância que se encontrar do bastão. Se acertar a argola executará o
arrancamento e retomará a posição de guarda, continuará o ataque se for oferecido
outro alvo.
- Se a extremidade da almofada for apontada na direção do instruendo, este fará
uma batida à direita ou à esquerda. Deve tomar-se cuidado a fim de que o monitor não
atinja o instruendo com o bastão. Se forem aplicados golpes transversais com o
bastão, o instruendo executará provavelmente uma batida transversal.

Figura 29 Figura 30

- Se o monitor apresentar a almofada do bastão, o instruendo aplicará contra ela


uma pancada com a coronha. Se falhar neste golpe, aplicará, então, um coité ou uma
pancada com o coice, até que consiga atingir a almofada. Quando tiver atingido o alvo,
retomará a posição de guarda, e continuará a atacar, se o monitor continuar a oferecer-
lhe o alvo. Para desenvolver a precisão do instruendo, inicialmente o monitor deixará
que ele atinja o alvo. No entanto, à medida que o mesmo for adquirindo precisão e
rapidez, o monitor desviará o alvo para fazer com que o instruendo erre. O monitor
preparará, então, o bastão para o ataque seguinte. Sempre que o instruendo acertar a
argola com uma pontada, ou atingir a almofada com uma pancada com a coronha,
automaticamente retomará a posição de guarda, pronto para continuar o ataque.
2) Para as batidas, o monitor empunhará o bastão de treinamento, como se
fosse um taco de sinuca, com a extremidade da almofada voltada na direção do
instruendo. O monitor ficará a 3,60 metros à frente do instruendo. Orientando
inicialmente o bastão com a mão esquerda. O monitor dirigirá a ponta almofadada do
bastão diretamente contra a cabeça ou tronco do instruendo, distendendo o corpo à
frente. O instruendo executará a batida na direção mais conveniente. O monitor
apresentará, logo em seguida, um alvo apropriado ao ataque, que deverá seguir à
parada.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................59 /90)
Exercícios Táticos de Combate em Grupos
Generalidades
Os exercícios táticos do combate em grupos não serão iniciados, enquanto o
homem não estiver bem exercitado na técnica da baioneta. Os homens receberão os
exercícios táticos do combate em grupos, reunidos em equipes de três a cinco
instruendos com as baionetas armadas, sem bainhas. Os movimentos serão
executados como no combate real, com a diferença de que o inimigo simulado será
atingido de leve, por um «golpe mortal» simulado. Os adversários (defensores) nos
exercícios de combate em grupos não tomarão a ofensiva, ficando na defensiva a fim
de poder mostrar-se completamente ao atacante, os princípios e a tática desse
processo de combate. Quando qualquer dos componentes do exercício tiver sido
atingido no corpo por uma baioneta adversária, se ajoelhará (comum dos joelhos), e
permanecerá assim, até que termine o turno do exercício. Depois de aprenderem as
regras, os instruendos farão o rodízio, de modo que todos possam exercitar-se em
cada posição, várias vezes. Inicialmente, o exercício será executado a meia
velocidade, realçando-se as posições e a coordenação dos movimentos. Quando os
homens tiverem adquirido estes conhecimentos essenciais, aumentar-se-á a cadência,
até se atingir a velocidade máxima.

Sequência dos exercícios


A tática do combate em grupos será praticada na seguinte sequência:
a) Dois contra um adversário.
b) Contra dois adversários
c) Contra três adversários
d) Um contra dois adversários.
Pista de Assalto
a) Finalidade
O treinamento na pista de assalto prescrito na sexta sessão e nas
sessões seguintes tem as seguintes finalidades:
1) Proporcionar um treinamento sob condições semelhantes às do
combate real.
2) Ajudar o combatente a desenvolver agilidade, força e rigidez.
3) Oferecer um desafio à decisão e à força de vontade do instruendo,
qualidades essas essenciais no combate a baioneta.
4) Proporcionar meios para incutir nos instruendos reflexos da tática
do combate em grupos e ação de conjunto.
5) Possibilitar a aferição da capacidade do combatente.
6) Proporcionar o recurso de manter em forma o combatente por meio
de exercícios periódicos, contínuos, incluindo-se práticas de acordo com o tempo
disponível.

b) Descrição
1) As pistas de assalto deverão ser construídas em terreno
acidentado e, de preferência, matoso. O comprimento da pista poderá variar de 180 a
270 metros. O número e o tipo dos obstáculos dependerão das condições locais e da
engenhosidade do construtor. O construtor deverá aproveitar os obstáculos naturais,
tais sejam: riachos, ravinas, dobras do terreno, e árvores grossas. Completará o

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................60 /90)


ambiente com obstáculos artificiais, tais sejam: trincheiras, fossos, crateras, redes de
arame, cercas, caminhos com leito de troncos, (estivas), escadas horizontais, etc.
2) Os alvos deverão consistir de manequins dispostos em pontos
escolhidos, sendo de preferência móveis, a fim de que a pista possa ser alterada com
frequência. O construtor deverá colocar alvos suspensos em vários pontos e
manequins dependurados em árvores, de maneira que surjam à frente do atacante,
quando este se aproximar. Poderá organizar manequins em armações com dobradiças,
de modo que surjam detrás de árvores ou moitas, quando o atacante se aproximar.
Manequins para pontadas e pancadas com a coronha poderão ser montados em
estacas de 10 por 10 cm, dispostos nos quadros da armação de estacas, de acordo
com a figura 20. O construtor poderá localizar diversas armações de estacas na pista,
para que possam ser modificadas as posições dos manequins no curso da mesma,
transferindo-se os manequins de uma para outra armação. Poderá, também, construir
diversos alvos especiais para o exercício da tática de assalto em grupos.
3) A pista deverá ter seis sub pistas, (com uma série completa de
obstáculos para cada sub pista), de modo que possa ser percorrida por um grupo
chefiado por um sargento comandante, por um cabo auxiliar ou por outro chefe
designado.
c) Como orientar o exercício na pista
1) Em virtude das variações do terreno e diferenças nas disposições
dos obstáculos e manequins, não deverá haver um tempo, limite fixo, para que a pista
seja percorrida. Inicialmente, o homem deverá percorrê-la a passo moderado e, à
medida que sua técnica e condições físicas forem desenvolvendo-se, far-se-á
aumentar a sua cadência, até atingir a força natural do combate real.
2) O instrutor manterá a disciplina e o controle organizado. Designará
um homem em cada grupo para chefe, e o grupo atuará com um conjunto organizado
coordenado.
3) O instrutor e seus auxiliares colocar-se-ão ao longo da pista, para
observar a ação dos instruendos corrigi-los quando necessário.

Desarmar um homem munido de baioneta ou faca


a) O treinamento de desarmar não será iniciado, antes que o instruendo
tenha terminado os exercícios de combate a baioneta, uma vez que as reações
instintivas e os princípios básicos do combate a baioneta formam a base da técnica de
desarmar. Esse exercício pode ser iniciado logo após o treinamento inicial da tática do
combate em grupos.
b) O instrutor fará executar os primeiros exercícios com a bainha na
baioneta; ou no caso de facas, com bainhas vazias ou pedaços de pau substituindo as
facas. À medida que os homens se tornem eficientes e adquirirem confiança, passarão
a fazer os exercícios com as lâminas nuas.
c) A experiência e a agilidade necessárias à tática de desarmar serão
adquiridas através de frequentes exercícios de curta duração. No entanto, uma vez que
o desarmar é mais um expediente que processo básico de combate, o tempo
empregado neste treinamento nunca deverá ser com prejuízo do exercício de combate
a baioneta.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................61 /90)


CAPÍTULO VII – DEFESA QUÍMICA, BIOLÓGICA, RADIOLÓGICA E NUCLEAR

Finalidade
O presente manual trata das medidas defensivas contra o emprego de agentes
químicos, biológicos e nucleares (QBRN). É um guia dos oficiais e sargentos para a defesa
contra os ataques QBRN, devendo ser usado tanto na instrução individual como na coletiva.
Refere-se, apenas, às medidas defensivas, sendo o emprego dos agentes tratado nos manuais
relativos ao emprego tático das munições e armamento QBRN.
7.1 Definições
Os seguintes termos técnicos ou especializados são empregados, frequentemente,
neste manual, e devem ser aprendidos.
a. Aerossol — É uma nuvem de finas partículas, líquidas ou sólidas, suspensas no ar. A
neblina e a fumaça são aerossóis. Os agentes QBRN, tais como agentes químicos,
microorganismos e substâncias radioativas, podem ser dispersados como aerosóis.
b. Agente Químico (AO) — Chama-se agente químico de guerra a toda substância que,
por sua atividade química, produz, quando empregada para fins militares, um efeito tóxico,
fumígeno ou incendiário.
c. Agente Biológico — É um organismo vivo, ou seus derivados tóxicos, empregado
para causar morte, doença ou ferimento no homem, nos animais e nas plantas. Alguns
produtos químicos, utilizados como veneno para plantações, poderão ser empregados como
tal.
d. Agente Nuclear (AN) — E qualquer substância que produza baixas pela emissão de
radiação. O termo se aplica aos materiais radioativos que podem ser disseminados corno
poeira ou nuvem, com o fim de causar baixas, e aos produtos secundários de urna explosão
atômica.
e. Agente QBRN — É um termo genérico que compreende agentes químicos,
biológicos, radiológicos e nucleares.
f. Baixado QBRN — É uma pessoa, ou animal, de tal forma atingida por um agente
QBRN que se torne incapaz para o desempenho de sua função ou missão.
g. Concentração — É a quantidade de gás ou fumaça presente num dado volume de ar.
A concentração pode ser expressa em miligramas por metro cúbico (mg/m3). A concentração
pode ser eficiente, letal e inquietante:
(1) Concentração eficiente — É aquela em que o agente produz o efeito que lhe é
característico;
(2) Concentração letal — É aquela em que o agente é capaz de produzir a morte
em pessoal desprotegido;
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................62 /90)
(3) Concentração inquietante --- É aquela em que o agente, embora não produza
integralmente o seu efeito característico, exige o uso de equipamentos de proteção, para evitar
outros efeitos secundários inquietantes.
h. Contaminação — É a presença de um agente QBRN, em quantidade ou
concentração perigosas para uma pessoa, objeto ou área, ou o ato de aplicá-lo.
i. Descontaminação — É o processo de tornar inofensiva, para o pessoal desprotegido,
uma determinada área, quer removendo, absorvendo ou destruindo os agentes QBRN, quer
tornando-os inoperantes.
j. Dosagem química (Ct) — É a concentração (C), à qual o homem ou animal foi
exposto, multiplicada pelo tempo de exposição (t). O tempo (t) é usualmente expresso em
minutos (min) e o produto Ct em miligramas por minuto, por metro cúbico (mg/minim3).
(1) Dosagem de vapor — É a concentração do gás na atmosfera, multiplicada pelo
tempo durante o qual a mesma persiste;
(2) Dosagem líquida — É a quantidade de agente líquido sobre a pele, sendo expressa
em gramas de agente líquido sobre a pele e considerando que um grama equivale,
aproximadamente, a 20 (vinte) gotas de agente líquido.
7.1.2 Classificação básica dos agentes químicos - A classificação chamada básica,
divide os agentes químicos em três grupos:
(1) Gases — São todos os agentes que, quando empregados contra pessoal, para
contaminar áreas e materiais, produzem efeitos tóxicos;
(2) Fumígenos — São todos os agentes que por queima, hidrólise ou condensação,
produzem fumaça ou neblina;
(3) Incendiários — São todos os agentes, que após significados, queimam a altas
temperaturas, provocando incêndios e destruindo materiais.
m. Hidrólise — É a reação de qualquer substância química com a água, produzindo uma
ou mais substâncias novas.

7.1.2CARACTERÍSTICAS DOS AGENTES QBRN

Agentes Químicos
Características e Propriedades Gerais
a. Toxidez — É a maior ou menor capacidade que, num mesmo período de tempo,
dosagens iguais de agentes diferentes, têm de produzir efeitos sobre o organismo
b. Dosagem letal média (Ct L 50) — A produção de 100% (cem por cento) de mortes na
tropa inimiga seria, certamente, o objetivo desejado em um ataque; entretanto, devido às
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................63 /90)
limitações observadas no emprego de um agente em campanha, é considerada satisfatória a
produção de 50% (cinquenta por cento) de mortes na tropa inimiga. A dosagem letal média é,
portanto, aquela considerada letal para 50% do pessoal desprotegido. Quando a dosagem se
refere a líquido, ela é indicada pela expressão "DL 50".
c. Dosagem média de incapacitação (Ct 1 50) — É aquela considerada suficiente para
incapacitar 50% do pessoal exposto. Em se tratando de agente líquido sobre a pele, é
expressa como "D I 50".
d. Efeito acumulativo — Propriedade de alguns agentes de não serem eliminados pelo
organismo, ou fazerem-no lentamente, de modo que a próxima dose absorvida pelo organismo,
venha a somar seus efeitos com a anterior.
e. Efeito Persistente — Capacidade que possui um agente de permanecer, em
concentração eficiente, no ponto em que for lançado. Este efeito dependerá dos seguintes
fatores: Propriedades físico-químicas do agente; condições meteorológicas; características do
terreno, material ou equipamento.

Classificação dos Agentes Químicos


Os agentes químicos de guerra apresentam características que permitem classificá-los
em alguns grupos, para melhor conhecê-los. Destas classificações em grupos, duas são muito
importantes para seu emprego e serão apresentadas abaixo:
a. Classificação baseada no emprego tático
(1) Causadores de baixas - São aqueles que, por seus efeitos sobre o organismo humano,
produzem a morte ou a incapacitação prolongada. Os agentes deste grupo, empregados com
efeitos persistentes, são utilizados, também, para interdição do terreno e do material, pelo
temor da contaminação e, consequentemente, dos efeitos sobre o pessoal que entrar em
contato com os mesmos;
(2) Inquietantes — São agentes de efeitos leves e temporários, porém desagradáveis, que
diminuem a capacidade combativa do atacado, ou que o obriga, para evitar seus efeitos, ao
uso da máscara, o que também diminui sua capacidade de combate;
(3) Incapacitantes — São agentes que agem sobre as funções psíquicas do homem,
ocasionando desordem muscular e perturbação mental. São produtos de ação reversível,
deixando o pessoal normal, após horas ou dias;
(4) Fumígenos — São agentes que produzem fumaça por queima, hidrólise e condensação.
Subdividem-se em dois grupos:
(a) Fumígenos de cobertura — Empregados, normalmente, para cobrir com fumaça
movimentos de tropa, pontos vitais e instalações importantes, interferindo com a observação e
reduzindo a eficácia dos tiros do inimigo;

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(b) Fumígenos de sinalização — Representados pelas fumaças coloridas e empregados em
operações de desembarque de praias, travessia de cursos d'água, regulação de tiros de
artilharia e operações aeroterrestres.
(5) Incendiários — São agentes empregados para provocar incêndios em instalações, destruir
materiais ou para atacar pessoal pelo fogo. Os incendiários são divididos, também, em dois
grupos:
(a) Intensivos — São os que geram altas temperaturas sobre áreas limitadas, destinados,
especificamente, à destruição de material;
(b) Extensivos — São os que produzem menores temperaturas, porém atingem áreas maiores,
destinados a provocar incêndios e causar baixas no pessoal, além dos efeitos psicológicos.
b. Classificação baseada no efeito fisiológico.
(1) Tóxicos dos nervos — Afetam diretamente o sistema nervoso. São altamente tóxicos, tanto
na forma líquida como em vapor, pois são absorvidos pelo organismo através da pele ou por
inalação. Apresentam corno principais sintomas o corrimento nasal, sensação de aperto no
peito, dificuldade de respirar, suor excessivo, lacrimejamento, náusea, vômito, obscurecimento
da visão, contração das pupilas, convulsões e morte. O vapor é prontamente absorvido pelos
olhos e pelas mucosas do nariz e garganta. Possuem uma ação rápida e, quando inalados,
podem apresentar alguns sintomas a partir de 1 (um) a 2 (dois) minutos. Agem mais
lentamente quando absorvidos pela pele. Geralmente são incolores, inodoros e insípidos. São
empregados para causar baixas.
(2) Vesicantes — Afetam os olhos, o aparelho respiratório e, principalmente, a pele. Produzem
queimaduras, com formação de bolhas e destruição dos tecidos subjacentes. Certos agentes
deste grupo são compostos de arsênico (vesicantes arsenicais) e, além da vesicação,
provocam intoxicação geral. São empregados para causar baixas, restringir o uso do terreno e
impossibilitar o emprego do material e instalações por eles contaminados.
(a) Vesicantes do tipo mostarda — Provocam a necrose do protoplasma (o mesmo que
citoplasma) das células, resultando em inflamação dos olhos, vermelhidão da pele e posterior
formação de bolhas, inflamação e ulceração dos tecidos do nariz, garganta, traqueia, brônquios
e pulmões. Seu contato com a pele e com os olhos é indolor e sua ação retardada, decorrendo
normalmente de 4 (quatro) a 6 (seis horas até que os primeiros sintomas apareçam.
(b) Vesicantes arsenicais — Produzem efeitos semelhantes às mostardas, porém acrescidos
de intoxicação geral, com edema pulmonar, diarréia, inquietação, fraqueza, temperatura
subnormal e pressão sanguínea baixa. Agem rapidamente, causando imediata sensação de
areia nos olhos e perda permanente da visão, se não forem descontaminados dentro de 1 (um)
minuto. Provocam urna imediata e forte sensação de alfinetadas na pele, que fica avermelhada
em 30 (trinta) minutos.

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(3) Tóxicos do Sangue — Agem sobre os elementos do sangue, penetrando no organismo pelo
aparelho respiratório ou através da pele, interferindo na transferência normal do oxigênio do
sangue para os tecidos. Os sintomas dependem da dose absorvida e podem variar desde
dores de cabeça, vertigens e náuseas, até convulsões, parada cardíaca e morte. É
interessante notar-se que, normalmente, ou a morte ocorre rapidamente, ou a recuperação é
obtida em poucas horas.
(4) Sufocantes — Penetram no organismo pelas vias respiratórias, afetando-as seriamente.
Sua ação principal é exercida sobre os pulmões, com a produção de lesões nos vasos
capilares e derrames nos alvéolos, culminando com um edema pulmonar. Seus sintomas
imediatos são irritação do nariz e garganta, tosse, dificuldade de respirar, dor no peito,
lacrimejamento, náuseas, vômitos e dores de cabeça. Estes primeiros sintomas desaparecem e
após um período latente, normalmente de 3
(três) a 4 (quatro) horas, surgem os sintomas do edema pulmonar. Náuseas e vômitos podem
reaparecer, seguidos de roncos no peito, estado de choque, pressão baixa, batimentos
cardíacos fracos e rápidos; normalmente provocam a morte.
(5) Vomitivos — Atuam sobre o nariz, a garganta e o sistema nervoso, provocando tosse,
espirros, náuseas e vômitos, seguidos de debilidade física e mental, tudo temporário. Seus
efeitos duram, no máximo, três horas.
(6) Lacrimogênios - Atacam os olhos, produzindo irritações, dor intensa e lacrimejamento
abundante. Seus efeitos são temporários, raramente passando de meia
hora. Nas partes úmidas do corpo, podem ocorrer ardor, vermelhidão e coceira; igualmente
passageiros.
(7) Psicoquímicos — Agem sobre as funções físicas e mentais, ocasionando descoordenação
muscular, perda do equilíbrio, da visão e perturbação mental. Alguns atingidos revelam
anormalidades na função circulatória e batimentos cardíacos acelerados. Seus efeitos podem
durar até vários dias.

Agentes Biológicos
Generalidades
Agentes biológicos são microorganismos vivos, seus produtos tóxicos ou compostos
herbicidas, empregados em operações militares para: causar baixas na tropa inimiga, pela
morte ou incapacitação; através de doenças, ferir ou matar animais domésticos e rebanhos;
danificar ou destruir alimentos e produtos agrícolas; reduzir o rendimento da produção ou
destruir plantações. Embora estes agentes atuem em diferentes tipos de alvos e produzam
variados efeitos, seu objetivo principal é reduzir o poder de combate das tropas inimigas.

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Agentes Nucleares
Generalidades
As armas nucleares empregadas em operações militares produzem três principais
efeitos, que lhes são peculiares: o efeito mecânico (sopro), a radiação térmica e a radiação
nuclear. A extensão e a intensidade de cada tipo de efeito dependem do tipo da arma, altura de
arrebentamento (ADA), distância do ponto de arrebentamento, resistência do alvo e potência
da arma, medida em quilotons (KT) ou megatons (MT); embora não seja considerado
praticável, materiais radioativos podem ser disseminados de outra forma que não por meio de
armas nucleares, sendo seus efeitos limitados à radiação nuclear.

7.2- PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Equipamento de Proteção Individual


Toda tropa que, em primeiro escalão ou na retaguarda, sofre a ameaça de um ataque
químico, deve dispor do equipamento de proteção individual. Este equipamento tem por
finalidade proteger apenas o combatente que o utiliza e, por isso, todos devem portá-lo e estar
adestrados para, rapidamente, utilizá-lo. A seguir veremos os principais equipamentos de
proteção individual.
a. Máscara contra gases — É um equipamento que possibilita a permanência do
homem em atmosfera gasosa. Seu princípio de funcionamento consiste em forçar a passagem
de ar por um elemento filtrante, que irá purificá-lo, sucessivamente, (mecânica e quimicamente)
conduzindo-o ao aparelho respiratório. Oferece proteção somente ao aparelho respiratório, aos
olhos e à pele do rosto.
As máscaras contra gases compõem-se, basicamente, de um elemento filtrante, da
máscara propriamente dita e de uma bolsa para transporte. Alguns modelos apresentam um
diafragma para ampliar a voz, permitindo a conversação normal entre os homens, e ainda
diversos acessórios, tais corno: capuz de proteção, saco impermeável para proteger a
máscara, tubo para respiração artificial, tubo para beber água com tampa de cantil adaptável
ao tubo, microfone especial para radioperadores, dispositivo adaptável e instrumentos ópticos,
conjunto de sobressalentes e bastões ou pastilhas para desembaciar as oculares.

b. Roupas protetoras — São equipamentos destinados à proteção de todo o corpo do


combatente, em especial à pele. Alguns agentes químicos, principalmente os líquidos,
penetram no organismo através da pele. Aos elementos em combate ou em trabalhos de
descontaminação e manuseio de agentes químicos torna-se indispensável o uso das roupas
protetoras. O uso das roupas protetoras, assim como o das máscaras contra gases reduz o
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poder de combate do homem, que tem sua visibilidade e liberdade de movimentos muito
limitadas, além do desgaste físico causado pelo uso continuado do equipamento. As roupas
protetoras normalmente são compostas por diversas peças, tais como calça, camisa, capuz,
luvas, botas, umas vezes macacão e outras, uma capa longa. As roupas protetoras são,
basicamente, de três tipos diferentes e empregadas em situações distintas:
(1) Roupa protetora permeável — É uma roupa especial, que sofre um tratamento químico (ou
impregnação), destinado a reagir com o agente tóxico, de modo a retê-lo no tecido e permitir
apenas a passagem do ar puro. É usada, normalmente, sobre o uniforme de campanha, porém
pode substituí-lo em dias muito quentes. Seu emprego é feito por tropas sob ameaça iminente
de um ataque Q8 N ou aquelas que venham a operar em áreas contaminadas. Oferece
proteção durante seis horas, após a contaminação com agente químico líquido, ao fim do qual
deve ser substituída. Alguns modelos podem ser descontaminados e impregnados, para ser
novamente utilizados. As roupas protetoras permeáveis não devem ser utilizadas para proteção
contra umidade ou chuva, porque a água diminui as qualidades protetoras da roupa.
Geralmente são acompanhadas de peças internas, corno camisetas, ceroulas, meias e luvas,
que também podem ser impregnadas ou não.

(2) Roupa protetora impermeável — É uma roupa que não exige impregnação, para que se
torne resistente aos agentes químicos, pois é feita de material resistente ou impermeável aos
agentes líquidos e seus vapores. Em virtude do desconforto e da perda de eficiência,
consequentes do uso da roupa impermeável, ela não é utilizada em combate, sendo mais
eficiente para os trabalhos de descontaminação ou em outras operações que envolvam perigo
de derramamento ou vazamento, na manipulação de agentes líquidos. Isto não afasta a
possibilidade de empregar-se roupas protetoras impermeáveis, mais modernas e confortáveis,
nos combates em áreas contaminadas. Apesar da boa proteção que oferece, o prazo de seis
horas de uso deve ser respeitado, para maior segurança. A roupa deve ser descontaminada no
corpo, sumariamente, antes de ser retirada e, logo após, deve ser descontaminada totalmente.
A grande maioria dos modelos é reaproveitável após a descontaminação e, de acordo com o
material, podem ser classificadas como leves e pesadas.

c. Cobertura protetora individual — É um saco de papel especial, ou plástico,


impermeável aos agentes líquidos, que, apesar de dobrada para acondicionamento, pode ser
rapidamente aberta e vestida, para proteger contra os agentes líquidos, principalmente os
espargidos por avião. A cobertura evita a contaminação do homem, de sua vestimenta e de
seu equipamento individual. É de tamanho suficiente para permitir a colocação da máscara
contra gases. Sempre que possível, o combatente deve abandonar a área contaminada após

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vestir a cobertura protetora e, assim que não exista mais risco de contaminação, deve despi-la
e abandoná-la. A cobertura protetora não é reaproveitável e sua distribuição deve ser feita às
tropas em primeiro escalão, que estejam ameaçadas de um ataque químico .
d. Conjunto de descontaminação individual e impregnação — São peças destinadas à
descontaminação da pele e impregnação ou impregnação de roupas, armamento e
equipamentos individuais. As peças poderão apresentar-se em um estojo
ou separadamente.
(1) Almofada para descontaminação da pele — É uma pequena almofada, contendo um pó
para descontaminação de pele. É encontrada, normalmente, em um estojo, servindo para
absorver o agente químico da pele. A almofada deve ser enrolada nos dedos da mão, de modo
que um lado possa ser usado para secar e o outro, para limpar a contaminação da pele.
(2) Saco para impregnação de roupa ou descontaminação de roupa, armamento e
equipamento — Tem a forma de uma almofada, maior que a anterior, contendo um pó para
descontaminação e reimaginação, e ainda uma cápsula contendo um corante detector. São
encontrados, normalmente, aos pares, em um estojo. Antes de ser utilizado, deve ser quebrada
a ampola em seu interior e, em seguida, deve ser esfregado na roupa e no equipamento. As
superfícies que estiverem contaminadas com agentes vesicantes, ou tóxicos dos nervos,
apresentarão urna coloração vermelha ou marrom, denunciando a presença destes agentes. A
ação do pó contido no saco só elimina o perigo das contaminações líquidas e não a dos
vapores de vesicantes e tóxicos dos nervos,
(3) Lâmina para corte de tecidos — Os estojos que possuem o saco e a almofada de
descontaminação, normalmente, trazem também uma lâmina destinada a eliminar os pontos da
roupa que estejam contaminados. (Fig. 6-11).
(4) Luva para descontaminação individual — Destinada à descontaminação da pele, roupas,
equipamentos e armamento, realiza as mesmas operações da almofada e do saco de
descontaminação vistos anteriormente. Possui um fecho em velcro para fixá-la na mão. A luva
contém um pó inerte, em urna de suas faces, para absorver a contaminação líquida sem
destruí-la, enquanto a outra face é confeccionada com um tecido esponjoso, para enxugar e
limpar a superfície contaminada. A luva apresenta-se embalada isoladamente e não em estojo,
(Fig. 6-12)

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Atividade de Sensoriamento Químico, Biológico, Radiológico e Nuclear (QBRN)
Considerações Gerais
Atividade que reúne dados e informações destinados a evitar o perigo QBRN. O
Sensoriamento QBRN reduz a necessidade de descontaminação evitando a contaminação das
unidades no TO.
A Atividade de Sensoriamento QBRN utiliza meios de detecção e identificação de
agentes QBRN, evitando a contaminação ou exposição ao perigo QBRN.
Realiza a detecção, identificação e quantificação do Perigo QBRN no ar, água, solo,
pessoal, equipamentos e instalações, na forma sólida, líquida ou gasosa.
A diferença entre a detecção e a identificação do Perigo QBRN está no tipo de
tecnologia utilizada pelos sensores. Os detectores são mais sensíveis e menos específicos e
os identificadores usam tecnologias menos sensíveis e mais específicas. Ambos são
empregados de forma complementar por ocasião do Sensoriamento QBRN.
(A diferença entre a detecção e a identificação do Perigo QBRN está no tipo de tecnologia
utilizada pelos sensores. Os detectores são mais sensíveis e menos específicos e os
identificadores usam tecnologias menos sensíveis e mais específicas. Ambos são empregados
de forma complementar por ocasião do Sensoriamento QBRN.)
Os níveis de detecção e identificação QBRN são apresentados a seguir e ilustrados
pela .
a) presuntiva: neste nível se realiza a detecção da presença ou não do Perigo QBRN
e/ou sua identificação inicial. Apresenta nível de precisão baixo;
b) confirmação de Campo: confirmação da presença e identificação do tipo de Perigo
QBRN. É realizada com meios orgânicos da Organização Militar (OM) DQBRN. Utiliza no
mínimo 02 (dois) tipos de detectores e identificadores com tecnologias distintas entre si.
Apresenta nível de precisão moderado e orienta as Atividades da DQBRN a serem realizadas;
c) validação: valida a detecção e/ou identificação do tipo e a mensuração do Perigo
QBRN. É realizada com meios adicionais aos da OM DQBRN. Utiliza laboratórios móveis com
equipamentos de sensoriamento de alta tecnologia para análise de amostras coletadas; e
d) definitiva: realiza a certificação final da detecção e/ou identificação do tipo e da
mensuração do Perigo QBRN. Utiliza laboratórios fixos com equipamentos de sensoriamento
de alta performance.
A difusão da informação sobre o Perigo QBRN deve ser realizada o mais rápido
possível utilizando um Sistema de Mensagens QBRN. Essa informação orienta qual MOPP que
será utilizada. A Atividade de Sensoriamento QBRN busca delimitar o local exato do Perigo
QBRN, demarcando a área contaminada, facilitando a mobilidade.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................70 /90)


Tarefas do Sensoriamento QBRN
São divididas em: Reconhecimento e Vigilância QBRN. Constituem o conjunto das
ações de coleta, processamento, integração, sincronização, avaliação, análise e interpretação
de dados e informações relativos ao Perigo QBRN.
As tarefas do Sensoriamento QBRN destinam-se a evitar a contaminação por meio de:
a) predição de contaminação;
b) alerta e reporte;
c) demarcação;
d) reposicionamento e redefinição de itinerários;
e) tratamento de saúde; e
f) Mudança dos níveis de MOPP.
O Sensoriamento QBRN possibilita a realização da análise da vulnerabilidade,
determinando linhas de ação para reduzir e facilitar as medidas que mitiguem o Perigo As
Tarefas do Sensoriamento QBRN serão descritas a seguir e resumidas na Fig 4-2.

Reconhecimento QBRN
Realizado para obter informações sobre as Ameaças e Perigos QBRN, configurados ou
em potencial. Utiliza meios com tecnologia de detecção em detrimento da observação humana.
O Reconhecimento QBRN é regido pelos seguintes princípios:
a) ser realizado de forma contínua;
b) não manter meios de detecção em reserva;
c) priorizar os objetivos;
d) manter a liberdade de ação e movimento;
e) reportar as informações obtidas com rapidez e precisão;
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................71 /90)
f) manter atualizada a situação sobre o Perigo QBRN; e
g) determinar o Perigo QBRN e suas implicações para as operações.

a) Reconhecimento de Eixo: fornece informações sobre a trafegabilidade, atividade do


oponente e contaminação que possam influenciar no movimento;
b) Reconhecimento de Área: confirma a presença ou não da Ameaça e do Perigo
QBRN em determinada área crítica; e
c) Reconhecimento de Zona: fornece informações, com maior detalhamento, acerca da
Ameaça e do Perigo em determinado local ou zona de interesse. É a forma mais precisa e
completa de Reconhecimento.
O Reconhecimento tem o objetivo de encontrar uma brecha livre dos Perigos QBRN
que possibilite a passagem da tropa apoiada, evitando a contaminação.
Com relação ao Perigo QBRN, as ações para o Reconhecimento são as seguintes:
a) detectar: determinar sua presença;
b) localizar: encontrar o local onde ele exista;
c) identificar: especificar qual a sua natureza;
d) quantificar: determinar sua quantidade;
e) coletar amostras: obter uma quantidade representativa para análise subsequente. A Fig 4-3
apresenta uma equipe de coleta de amostras QBRN;
f) levantar: determinar a extensão da contaminação;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................72 /90)


g) demarcar: utilizar meios visuais ou outros indicadores para alertar de sua presença em
determinado local ou área. A Fig 4-3 exemplifica algumas placas indicativas do Perigo QBRN; e
h) reportar: prover informações relevantes e outros dados relacionados.

Vigilância QBRN
Observação dos espaços aéreo-superfície-subterrâneo, de locais de interesse, de
pessoas e objetos. Utiliza meios visuais, fotográficos, eletrônicos e outros com o objetivo de
confirmar a presença ou não do Perigo QBRN.
Informar qualquer alteração ocorrida no ambiente sendo orientada pelos seguintes
princípios:
a) Vigilância QBRN contínua na Região de Interesse para a Inteligência (RIPI);
b) realizar o alerta QBRN e reportar informações com rapidez e precisão; e
c) monitorar e avaliar as Ameaças e Perigos QBRN detectados.
As formas da Vigilância QBRN são as seguintes:
a) Vigilância de ponto: observação, intermitente ou contínua, de um local de interesse, pessoa
ou objeto e é realizada no menor espaço geográfico;
b) Vigilância de área: observação temporária ou contínua, de uma área específica ou pré-
determinada. É de fundamental importância a utilização de detectores remotos; e

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c) Vigilância de saúde: fornece informações por meio do trabalho de coleta, análise e
interpretação de dados para a avaliação, planejamento e implementação de práticas de saúde
pública.
A Vigilância de Saúde monitora a higidez de uma população e identifica os riscos
potenciais para a saúde. Alguns Perigos QBRN se manifestam após o período de incubação
(Biológico) ou após uma exposição prolongada (Químico e Radiológico). O fluxo de pacientes
com sintomas similares pode ser um indicativo de um incidente QBRN.
Com relação ao Perigo QBRN, as ações para a Vigilância QBRN são as seguintes:
a) monitorar: checar sua presença no ambiente;
b) observar: examinar locais específicos para determinar o potencial de sua presença;
c) detectar: determinar sua presença;
d) identificar: especificar a natureza;
e) quantificar: determinar sua quantidade no ambiente;
f) coletar Amostras: obter uma porção representativa para análise subsequente;
g) reportar: prover informações relevantes e outros dados relacionados.

Modos de Reconhecimento e Vigilância QBRN


Os Modos de Reconhecimento e Vigilância QBRN são os seguintes:
a. Embarcado: realizado a partir de viaturas especializadas em Reconhecimento e
Vigilância QBRN, que fornecem proteção adicional e maior autonomia. Permite que uma maior
área seja verificada em um período menor de tempo do que as frações a pé.
b. Desembarcado: realizado a pé ou com a utilização limitada de viaturas, necessitando
de mais tempo do que o modo embarcado. Utilizado quando:
a) existe tempo disponível;
b) informações mais detalhadas são solicitadas;
c) é necessário sigilo; e
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................74 /90)
d) A área a ser reconhecida é muito próxima, está em ambientes restritivos ao movimento de
viaturas ou está em áreas confinadas.
c. Aéreo: realizado por meio de aeronaves e são tipicamente conduzidos durante
buscas radiológicas. Tem a capacidade de cobrir uma grande área e possuem elevada
mobilidade e velocidade para um curto espaço de tempo.

Métodos de Reconhecimento e Vigilância QBRN


Os Métodos de Reconhecimento e Vigilância QBRN são os seguintes:
a. Afastado: na vigilância é utilizado para obter o alarme antecipado e em alguns casos
a identificação do agente. No reconhecimento é utilizado para localizar áreas contaminadas e
confirmar a presença de agentes QBRN a uma distância segura. Neste método a medição,
identificação e marcações são realizadas sem entrar na área contaminada.
b. Remoto: utiliza detectores automáticos em pontos fixos que se comunicam por cabo
ou rádio com o sistema de alarme.
c. Direto: método mais simples e preciso empregado na área contaminada, realizando
medições diretas quando o risco é aceitável. É utilizado, por exemplo, na detecção inicial ou no
início da precipitação radioativa, em áreas de baixa exposição ou quando cruzando a área
contaminada.
d. Indireto: utilizado quando as taxas de dose são altas o suficiente para serem medidas do
interior de locais protegidos (viaturas blindadas) ou quando se pode mensurar o perigo sem se
aproximar.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................75 /90)


Tarefas da Segurança Atividade de Segurança QBRN
Evitam ou minimizam os possíveis efeitos da contaminação diante do Perigo QBRN.
Para proporcionar a proteção ante o Perigo QBRN, são seguidos os seguintes passos:
a) realizar o exame de situação: identificar a ameaça QBRN por meio do levantamento de
dados das capacidades e limitações das forças oponentes para o uso de ADM;
b) estabelecer a diretriz de exposição operacional (DEO): normatizar procedimentos para
manter a contaminação por inalação, ingestão, contato com a pele ou ferimentos e a exposição
radiológica nos níveis de segurança. Resulta na seleção dos equipamentos de proteção e do
controle de exposição;
c) realizar a avaliação do risco QBRN: determinar o risco de ataque com ADM ou incidentes
com MIT, possibilitando, juntamente com a DEO, a mitigação do Perigo QBRN;
d) integrar as atividades QBRN: coordenar as Atividades de DQBRN que incrementem a
Segurança; e

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................76 /90)


e) garantir a difusão do alerta QBRN: assegurar que o Alerta seja difundido com máxima
presteza, permitindo que as Tarefas da Segurança sejam executadas com eficiência.
Os comandantes planejam as diretrizes específicas para a Proteção QBRN de acordo
com a DEO.
As Tarefas da Atividade de Segurança são as seguintes:
a) proteção individual;
b) proteção coletiva; e
c) controle da MOPP.

Proteção Individual
Procedimentos realizados para evitar a contaminação e a exposição oriundas do Perigo
QBRN. Prevista na DEO, está associada à Avaliação do Risco QBRN, decorrente de ataques
com ADM e incidentes com MIT.
As medidas de proteção são as seguintes:
a) treinamentos integrados;
b) análise da MOPP periodicamente; e
c) EPI em condições de ser empregado.
Os EPI são constituídos pela máscara contra gases, roupa protetora permeável de
combate (RPPC), sobre botas e luvas de proteção. Proporcionam a máxima proteção e
permitem operações com o mínimo de degradação da performance. Este binômio proteção
performance fundamenta a escolha da MOPP.
A diferença entre os EPI está relacionada com a permeabilidade. As roupas de proteção
permeáveis filtram as partículas sólidas do ar contaminado e as impermeáveis bloqueiam a
contaminação em qualquer tipo de estado físico. As roupas permeáveis degradam menos a performance
do que as impermeáveis. As primeiras são vocacionadas para a Atividade de Sensoriamento QBRN
enquanto as outras se destinam à Atividade de Sustentação.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................77 /90)


Para a seleção da MOPP, leva-se em consideração a degradação da performance. Esta
degradação é medida por meio da relação do Fator de Degradação da Performance (FDP)
equivalente a cada MOPP com o trabalho a ser realizado. Os níveis de MOPP e os FDP são
apresentados na Fig 5-2.
A definição dos níveis de MOPP considera a probabilidade de ocorrência de ataques e
os tipos de Perigos QBRN. As condicionantes que determinam os níveis de MOPP são os
seguintes:
a. MOPP 0: a força oponente possui a capacidade de utilizar ADM ou Perigo Químico ou
Biológico, sem que existam indicadores da intenção do uso a curto prazo.
b. MOPP 1: a ocorrência de um ataque com Perigo Químico ou Biológico (QB) é possível;
c. MOPP 2: a ocorrência de um ataque com Perigo QB é provável;
d. MOPP 3: o ataque é iminente ou, já ocorreu empregando Perigo QB que não ofereçam risco
de contaminação cutânea operacionalmente relevante;
e. MOPP 4: o ataque já ocorreu ou ainda está ocorrendo e utiliza Perigo QB ainda não
identificados;
f. MOPP 4 ALFA: durante a utilização de agentes químicos para controle de distúrbios. O uso da luva de
proteção é obrigatório se manipular algum tipo de material.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................78 /90)


situação em que a Proteção Individual estará comprometida. As RPPC fornecem uma proteção
limitada contra MIT.
Além dos níveis de MOPP, as OM DQBRN possuem níveis específicos de proteção contra
Perigos QBRN, particularmente os MIT. Estes níveis são estabelecidos considerando as proteções
respiratória e cutânea. O grau adicional de segurança é necessário durante os trabalhos de
reconhecimento em locais confinados ou em áreas onde o Perigo QBRN seja desconhecido. Os níveis
de proteção para especialistas em DQBRN são apresentados na Fig 5-3.

No caso do Perigo Radiológico ou Nuclear (RN), serão tomadas medidas adicionais de


proteção. Os efeitos da onda de choque e térmica de uma explosão nuclear serão minimizados
com a utilização de abrigos. Durante a precipitação radioativa existe a flexibilidade para adaptar
os níveis de MOPP para a proteção das vias respiratórias de uma possível contaminação
interna.)

Proteção Coletiva
Permite a realização de tarefas sem as restrições impostas pelo EPI. De acordo com a
Avaliação do Risco, a DEO estabelece os parâmetros da Proteção Coletiva.
A Proteção Coletiva possui três tipos:
a. Fixa: estabelecida em bases permanentes. Utiliza sistemas de filtragem de ar de alta
eficiência em construções e abrigos hermeticamente selados (proteção ativa). Podem ainda

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................79 /90)


limitar a troca de ar entre o ambiente interno e externo (proteção passiva). Indicada para os
Centros de Comando e Controle.
b. Transportável: utiliza instalações modulares temporárias com sistemas de pressão positiva e
purificação de ar. Possui uma atmosfera livre de contaminação, permitindo a realização de trabalhos tais
como: Comando e Controle, manutenção leve, tratamento de saúde, descanso da MOPP e recuperação
fisiológica.

c. Móvel: utiliza um sistema de proteção coletivo integrado a veículos, aeronaves, ambulâncias


e carros de combate. Permite a redução do nível de MOPP durante a realização de suas
tarefas.

Controle da MOOP
Tem por objetivos analisar, determinar e atualizar a MOPP em uma área. Acompanha a
performance e os limites de execução de suas atividades. O Controle da MOPP orienta os
trabalhos de Proteção Individual e Coletiva, executados conforme a DEO.
O principal fator para determinar a MOPP deve ser a Ameaça QBRN. Considerando a
probabilidade de ataque do oponente é possível classificar o grau de ameaça. Conforme os
dados anteriormente citados, adota-se a MOPP mais conveniente, de acordo com a Tab 5-1.
Após a ocorrência do ataque QBRN, a MOPP será reavaliada e atualizada. Os
indicadores considerados para definir a proteção são os seguintes:
a) tipo de Perigo QBRN;
b) máxima exposição permissível; e
c) mínimo de proteção indispensável e degradação da performance.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................80 /90)


Grau da Ameaça Probabilidade de Ataque MOPP sugerida
Branco Negligenciável MOPP 0
Verde Possível MOPP 0
(Probabilidade Baixa) MOPP 1
Amarelo Provável MOPP 2
(Probabilidade Média)
Vermelho Iminente MOPP 3
(Probabilidade Alta)
Preto Ataque Ocorrido MOPP 3
MOPP 4

Os dados de planejamento serão atualizados de acordo com o FDP de cada nível de


MOPP. Este fator impacta a condução das operações, aumentando o tempo de execução das
missões e o risco da ocorrência de um acidente térmico. O tempo efetivo de execução de uma
tarefa, cuja performance está degradada pela MOPP, é obtido pela seguinte fórmula:
T efetivo = FDP x T

Os ciclos de trabalho, descanso e reidratação constante devem ser previstos quando


houver aumento do tempo efetivo da realização dos trabalhos e a possibilidade de ocorrência
de acidentes térmicos. A Tab 5-2 apresenta um exemplo.
O especialista QBRN realiza a análise do desgaste e da autonomia dos EPI, dos níveis de
exposição do pessoal e confecciona a diretriz dos ciclos de trabalho/descanso e reidratação.
CATEGORIA TBU TRABALHO LEVE TRABALHO MODERADO TRABALHO PESADO
1,2 Trabalho/ Reidratação Reidratação Reidratação
Trabalho/ Trabalho/
(ºC) Descanso 5
(ml/h) (ml/h) (ml/h)
DE CALOR Descanso Descanso
3,4
Branca 25-26 Sem limite 500 Sem 750 40/20 min 750

limite
Verde 27-28 Sem limite 500 50/10 min 750 30/30 min 1000

Amarela 29-30 Sem limite 750 40/20 min 750 30/30 min 1000

Vermelha 31-32 Sem limite 750 30/30 min 750 20/40 min 1000
Preta > 32 50/10 min 1000 20/40 min 1000 10/50 min 1000

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................81 /90)


1 TBU refere-se a temperatura do termômetro de bulbo úmido.
2 Na coluna TBU, acrescentar 5º se utilizar MOPP 3 ou MOPP 4 e 3º se utilizar colete balístico.
3 A ingestão de fluidos não deve exceder 1,25 litros/hora ou 12 litros/dia.
4 O descanso consiste no mínimo esforço físico, na sombra se possível.
5 O ciclo de trabalho/descanso e reidratação podem garantir a performance e a hidratação por pelo menos 4 horas de trabalho em uma
categoria de calor. A necessidade individual de água pode variar de 250 ml/h (para mais ou para menos).
6 Marcha em terreno firme a 4 km/h com menos de 14 kg de carga, manutenção de armamentos, serviço de guarda, formaturas e
adestramento de tiro.
7 Marcha em terreno arenoso a 4 km/h sem carga, marcha em terreno firme a 6 km/h com menos de 18 kg de carga, treinamento físico
militar, patrulhamento, manutenção leve de viaturas e técnicas de combate individual.
8 Marcha em terreno firme a 6 km/h com mais de 18 kg de carga, marcha em terreno arenoso a 4 km/h com carga, manutenção pesada
de viaturas e função de atirador de fração.

7.3 MEDIDAS DE DEFESA INDIVIDUAL APÓS ATAQUES QBRN


Considerações Gerais
Reúne as medidas de proteção apropriadas diante do Perigo QBRN. A MOPP
correspondente será definida de acordo com as informações recebidas pelo Sensoriamento
QBRN.
A Segurança utiliza os equipamentos de proteção individual (EPI), abrigos coletivos e
veículos com proteção contra o perigo QBRN.
Algumas ações podem ser realizadas com o intuito de reduzir a vulnerabilidade, como
por exemplo: reforço da segurança das instalações e sistemas, restrição da exposição e
aplicação de tratamentos profiláticos.

7.3.1Medidas de Defesa Individual Contra Ataques Químicos

Generalidades
As medidas de defesa contra os ataques químicos incluem o treinamento individual, as
ações a serem tornadas antes, durante e após o ataque, bem corno, os primeiros socorros e a
descontaminação.
a. Possibilidades do inimigo realizar um ataque químico — Devido ao potencial do
inimigo e às informações colhidas sobre suas possibilidades, pode concluir-se que realizará um
ataque maciço sobre determinada unidade, em um curto espaço de tempo. Em ações deste
tipo, o perigo de inalação e absorção, pela pele, de agentes químicos, antes do combatente
colocar seu equipamento de proteção, é relativamente grande. Em altas concentrações, uma
ou duas inalações do agente tóxico podem ser fatais ou, pelo menos, causar sérias lesões, É
perfeitamente possível o combatente ser contaminado por um agente líquido antes de vestir a
cobertura protetora e, se isto ocorrer, o agente apresentará seus efeitos, levando o combatente
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................82 /90)
a crer que a proteção não foi eficaz. Para haver uma proteção contra esta capacidade potencial
do inimigo, deve a tropa adotar medidas operacionais de proteção preventiva, quanto ao
equipamento a ser utilizado.
b. Medidas Operacionais de Proteção Preventiva (MOPP) — É uma situação em que
todos os homens que se encontram sob ameaça de iminente ataque químico, ou ante a
necessidade de atravessar uma área contaminada, devem estar vestidos com suas roupas
protetoras e máscaras contra gases. Caso as condições meteorológicas, o trabalho a ser
realizado ou as necessidades pessoais impeçam tal procedimento, poderá haver exceções;
entretanto, o equipamento de proteção só deve ser retirado durante o espaço de tempo que se
faça necessário conceder tal exceção. O equipamento e o grau de proteção a serem adotados,
devem ser determinados pelo comandante da unidade; contudo, não deve ser arbitrado o uso
permanente de todo o equipamento de proteção individual disponível.

Medidas de Defesa Individual - Antes do Ataque Químico


Antes do inimigo realizar um ataque químico, o comandante de uma unidade decidirá o
grau de proteção química necessário e determinará o tipo de roupa protetora e equipamentos
que deverão ser utilizados pela tropa. Sua decisão será baseada na análise da situação tática,
confrontando as exigências de sua missão com os equipamentos de proteção, além de outros
fatores.
a. Duração da proteção — O combatente deve estar perfeitamente adaptado ao uso da
roupa protetora e do seu equipamento individual por longos períodos, pois apesar da iminência
do ataque, não se pode prever a hora exata de seu início. Além disso, torna-se impraticável
vestir alguns tipos de roupas protetoras durante o ataque, porque o tempo compreendido, entre
o início do ataque e o fim do ato de vesti-las, muitas vezes é maior do que o tempo necessário
para absorver-se uma dosagem letal do agente. Desde o início do ataque até o combatente
atingir uma área em que possa despir a roupa protetora, normalmente gastam-se algumas
horas.
b. Alerta — Apesar da unidade encontrar-se em MOPP, todos os combatentes
permanecem alerta e constantemente prevenidos contra a ameaça química, especialmente
quando o tipo de trabalho a ser realizado impede o uso de todo o equipamento de proteção
individual necessário. Os homens devem estar preparados e capacitados para agir
prontamente, quando alertados de um ataque químico, equipando-se, o mais rápido possível,
com o maior grau de proteção individual previsto. Cada homem deve, também, estar habilitado
a empregar, prontamente, as medidas de primeiros socorros.
c. Proteção do equipamento individual — O combatente pode ser contaminado, indiretamente,
através do seu equipamento individual. Por isso, há necessidade de proteger seu equipamento

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................83 /90)


e suprimento contra uma contaminação líquida, mantendo esse material reunido, organizado e
coberto, se o trabalho realizado o permitir. Pequenas tocas cobertas, ponchos, abrigos
sumários e qualquer outro material improvisado, podem ser usados para proteger o
equipamento contra uma contaminação líquida. Antes de dormir, o combatente deve
preocupar-se em cobrir seu equipamento, mas se estiver em MOPP vestirá sua roupa protetora
para dormir.

Medidas de Defesa Individual - Durante O Ataque Químico


O ataque químico do inimigo poderá ser realizado sobre a área em que a tropa se
encontra ou numa área vento acima.
a. Procedimentos diversos — Caso o combatente ainda não esteja equipado com sua
máscara contra gases, no momento do ataque químico inimigo, deverá adotar imediatamente
os seguintes procedimentos:
(1) Parar de respirar e retirar o capacete;
(2) Se estiver de óculos, retirá-los e guardá-los em lugar protegido, corno o interior do
capacete, o bolso da roupa ou bolsa de outro equipamento qualquer;
(3) Colocar a máscara contra gases e retomar a respiração normal;
(4) Dar o alarme;
(5) Prosseguir na missão;
(6) Permanecer com a máscara até a ordem de retirá-la,
(7) Além destes procedimentos:
(a) Procurar abrigo, se a situação permitir;
(b) Aplicar a injeção de atropina, caso apareçam sintomas de tóxicos dos
nervos;
(c) Descontaminar a pele ou os olhos, conforme o caso;
(d) Descontaminar a roupa, assim que possível, se for o caso.
(8) Caso venha a encontrar um companheiro inconsciente e sem a máscara contra gases,
descontaminar seu rosto, se necessário, colocar-lhe sua máscara contra gases e aplicar-lhe o
primeiro socorro adequado. Se estiver com dificuldades respiratórias, ou mesmo sem respirar,
fazer respiração artificial com o auxílio do tubo para respiração artificial. Realizar os
procedimentos do item anterior (7), se o companheiro estiver debilitado demais para fazê-lo.
b. Alarmes de ataque químico — Qualquer combatente poderá desencadear o alarme
local, assim que reconheça, ou mesmo suspeite de um ataque químico. Em seguida o
combatente coloca seu equipamento de proteção, caso ainda não esteja com ele.
(1) Alarme visual — Diversos tipos de alarmes visuais podem ser codificados para ataques
químicos, oferecendo a vantagem de atingirem a distância do alcance da visão. Podem ser

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................84 /90)


empregados para tal os comandos por gestos, bandeirolas, granadas fumígenas coloridas e
outros meios de fortuna.
(2) Alarme vocal — É o alarme dado a viva voz. Para ataques por espargimento aéreo, o
combatente grita "ESPARGIMENTO" e para qualquer outro tipo de ataque químico grita "GÁS".
O alarme vocal é restrito apenas aos combatentes que estiverem próximos de quem o
desencadeou, principalmente se este estiver com a máscara contra gases. Por isso este
alarme deve ser difundido por todos os homens.
(3) Alarme sonoro — Em alguns comandos ou instalações, elementos são designados para
acionar alarmes sonoros, que não se confundam com os ruídos do combate. Podem ser
empregados, para este tipo de alarme, sinos, tonéis vazios, sirenes de viaturas, buzinas, etc...
c. Proteção individual contra espargimento aéreo — Quando a tropa estiver sob um ataque
químico inimigo do tipo espargimento aéreo, além de vestir a roupa protetora e a máscara
contra gases, cada homem deverá fazer uso da cobertura protetora individual, principalmente
quem não estiver com o equipamento citado acima, evitando assim a contaminação líquida.
Quando o espargimento terminar e todo o agente já tiver caído ao solo, o combatente deve
descartar a cobertura protetora, com o cuidado de não contaminar faias roupas e seu
equipamento. Quando a situação permitir, realizar a descontaminação individual. A máscara
contra gases não deve ser retirada até ser autorizado pelo comandante da unidade.
d. Proteção individual contra ataques químicos diversos — Os procedimentos adotados para
um ataque química, qualquer devem ser os mesmos vistos anteriormente para o espargimento
aéreo; embora o líquido não esteja sendo lançado do alto, ele pode ser disseminado no ar em
aerosóis, o que exige a proteção da cobertura ou mesmo de um poncho.
e. Proteção individual, contra agentes químicos lançados por forças amigas — Sempre
que uma força amiga empregar agentes químicos, haverá uma coordenação, dirigida pelo
escalão superior, a fim de manter as unidades vizinhas em condições de protegerem-se das
nuvens de gases, sem interromper-lhes as missões. As medidas de proteção, a. serem
adotadas individualmente, são as mesmas vistas anteriormente para o caso de ataques
inimigos,

Condições de Emprego Imediato da Máscara Contra Gases


Caso haja informações de ataque químico iminente, por parte do inimigo, ou se
o inimigo já iniciou o ataque, os combatentes que não estiverem com as máscaras
contra gases ajustadas no rosto, deverão Colocá-las imediatamente, sem aguardar o
alarme, especialmente nas seguintes situações;
a. Ataques de artilharia, morteiro, foguetes ou bombas de aviação;
b . Ataque por espargimento;
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................85 /90)
c . Nuvens de fumaça ou névoa, de origem desconhecida;
d. Odor ou presença de líquido suspeitos;
e. Suspeita de ataque químico,
f. Penetrar em áreas sabidamente contaminadas, ou pelo menos suspeitas;
g. Aparecimento inexplicável dos seguintes sintomas:
(1) Corrimento nasal;
(2) Sensação de sufocação e aperto no peito ou garganta;
(3) Obscurecimento da visão e dificuldade de focar os olhos em objetos próximos;
(4) Irritação nos olhos;
(5) Dificuldade ou aceleração respiratória.
Medidas De Defesa Individual - Após O Ataque Químicos
Em um ataque químico, o perigo apresenta-se nas formas de vapor, aerosóis e
contaminação líquida, independente do •fato do agente empregado possuir efeitos persistentes
ou não.
a. Ações individuais imediatas - Se o ataque químico é realizado na forma de vapor ou
aerosol, o combatente deve permanecer com a máscara contra gases e prosseguir na missão.
Caso surjam sintomas de contaminação, devem ser aplicados, imediatamente, os primeiros
socorros adequados, relatando-os ao comandante do grupo, seção, pelotão ou companhia., Se
o ataque é realizado na forma líquida, ou se há presença de agente líquido na área, o
combatente permanece com a máscara contra gases, coloca a roupa ou cobertura protetora e
prossegue na missão.
b, Ações individuais subsequentes - Se a pele for exposta à contaminação líquida, o
combatente deve realizar, imediatamente, a descontaminação. Se o tempo permitir, devem ser
verificados a pele, a roupa e o equipamento, face a uma possível contaminação, realizar a
descontaminação adequada. O combatente descontamina as partes do seu equipamento, que
necessitam ser manuseadas para seu emprego, tais como a coronha, as placas do guarda-
mão, o gatilho e combinados de estações rádio e aparelhos telefônicos. As informações
colhidas pelos comandantes das frações, devem chegar ao comandante da unidade, para
serem transmitidas ao escalão superior.

Condições para Retirar a Máscara Contra Gases


Apesar do perigo que representam os agentes químicos, há situações em que o
combatente pode aliviar o uso da máscara contra gases, para melhor desenvolver seus
trabalhos, sem correr grande risco de baixa ou incapacitação.
a. Quando o inimigo emprega agentes causadores de baixa - O combatente só aliviará
o uso da máscara contra gases, a partir da autorização do comandante da unidade, que será
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................86 /90)
dada de acordo com as duas situações distintas vistas a seguir. Os procedimentos são
adotados, corno medidas de segurança, face ao possível emprego de agentes altamente letais,
pelo inimigo.
(1) Procedimento quando há disponibilidade do detector de agentes químicos — Os
equipamentos de detecção de agentes químicos devem ser utilizados, para revelar a presença
e, muitas vezes, identificar com precisão a existência de agentes. Se na área suspeita de
contaminação estes equipamentos acusarem a ausência de agente químico, dois ou três
combatentes poderão retirar as máscaras por 5 minutos e recolocá-las por 10 minutos. Se, ao
final deste período, não surgir nenhum sintoma de efeitos do agente, os demais combatentes
poderão, também, retirar suas máscaras em segurança. Pode ser observada contração das
pupilas, causada pela luz do sol, o que não deve ser interpretado corno sintoma de agente
tóxico dos nervos; entretanto, há de ressaltar-se que pequenas exposições, a baixas
concentrações de agente tóxico dos nervos, não perceptíveis pelos equipamentos de detecção,
apenas causarão sintomas primários, tais como contração das pupilas, corrimento nasal e
sensação de aperto no peito. Os efeitos dos agentes tóxicos dos nervos podem ser anulados
com a aplicação de uma injeção de atropina.
(2) Procedimento quando não há disponibilidade do detector de agentes químicos. — Quando
não houver disponibilidade de equipamentos de detecção para acusar a presença ou ausência
de agentes químicos, pode-se empregar, como medida de emergência, a escolha de dois ou
três homens, para testar o agente. O procedimento desses homens, 'será :
(a) Respirar profundamente:
(b) Prender a respiração;
(c) introduzir os dedos entre a borracha da máscara e o rosto;
(d) Deixar o ar entrar por IS segundos;
(e) Permanecer com as olhos bem abertos;
(f) Vedar novamente a máscara;
(g) Restabelecer a respiração normal.

7.3.2 Medidas De Defesa Individual Contra Ataques Nucleares

Generalidades
As ações de proteção individual, contra os efeitos de um arrebentamento nuclear, são
voltadas, especificamente, para os efeitos térmico, mecânico e radioativo. a. Efeito
térmico — O calor e a luz, liberados durante um arrebentamento nuclear, compõem o efeito
térmico. A luz intensa que é liberada, deve ser evitada e, em hipótese alguma, o combatente
deverá olhar diretamente para a bola de fogo. O uniforme de combate oferece uma pequena

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................87 /90)


proteção contra os efeitos do calor, que podem ser perigosos, mesmo em áreas livres dos
efeitos de choque e da radioatividade.
Em tais circunstâncias, as partes do corpo que estiverem cobertas pela roupa terão uma
razoável proteção contra queimaduras. Roupas largas oferecem melhor proteção contra
queimaduras do que roupas apertadas, aumentando a proteção à medida que o combatente
adiciona mais roupas ou cobertas ao corpo. (F ig. 16-1).
b. Efeito mecânico — O efeito mecânico, ou de sopro, ocorre produzindo um violento
deslocamento de ar. A proteção contra o sopro consiste, principalmente, em abrigar-se do
deslocamento de ar e dos inúmeros fragmentos que são lançados, perigosamente, a grandes
distâncias. (Fig 16.2).
c. Efeito radioativo — O perigo radioativo decorre, principalmente, da radiação gama e da
emissão de nêutrons. A radiação das partículas alfa e beta oferece perigo apenas se
introduzidas no organismo, devido ao seu baixo poder de penetração, que só ocorre a
pequenas distâncias do arrebentamento. As roupas protetoras evitarão o contato de materiais
radioativos com a pele.

Defesa Antes do Ataque Nuclear


A melhor proteção para o homem contra um ataque nuclear, é o abrigo individual.
Posições defensivas contra um ataque nuclear devem ser preparadas, sempre que a situação
tática permitir. Essas posições podem variar, desde tocas para um homem, até abrigos
improvisados para pequenas frações. Alguns tipos de construções oferecem boa proteção
contra a radiação inicial, além de serem eficazes contra o sopro e o calor.
a. Tocas A terra oferece boa proteção, sendo o material encontrado mais facilmente
numa posição ocupada por uma tropa. A construção de tocas, portanto, é a medida mais
indicada para obter-se uma excelente proteção para os homens. O combatente deve estar
habilitado a construir sua toca, em cada posição que sua unidade ocupar e, sempre que o
tempo permitir, realizar melhorias para aumentar sua proteção. As tocas mais profundas
oferecem melhor proteção porque aumentam a quantidade de terra entre a bola de fogo e o
homem. A radiação, no entanto, pode penetrar na toca, através da terra e pela sua abertura. A
quantidade de radiação que atravessa a terra é consideravelmente reduzida. Se a abertura da
toca for coberta, a radiação, que porventura entrar, será atenuada e haverá uma proteção
também contra a precipitação. A toca e a proteção que cobre sua entrada devem oferecer
resistência compatível contra o efeito de sopro do arrebentamento nuclear.
b. Abrigos — Túneis e cavernas oferecem muito boa proteção, a menos que estejam
próximos de um arrebentamento sob a superfície. Bueiros, galerias e valas podem ser usados,

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em situações de emergência, embora ofereçam apenas uma proteção parcial. Os veículos
blindados oferecem proteção eficaz, na maioria das situações.
c. Proteção de equipamentos e suprimentos — O equipamento individual deve ser colocado em
locais protegidos, tais como, a toca do combatente, ou outra toca que lhe for destinada,
Objetos como latas de ração, latas de gasolina e ferramentas, devem ser protegidos, para
minimizar o perigo de serem danificados por fragmentos atirados, violentamente, pelo efeito de
sopro. As rações e os suprimentos permanecem empacotados, para proteção contra a
precipitação, e os recipientes d'água devem ser guardados em tocas cobertas.

Defesa Durante o Ataque Nuclear


O ataque nuclear inimigo, provavelmente, será executado sem nenhuma advertência. O
primeiro indício de que um arrebentamento tem origem nuclear, é a intensa luz que emite,
muito mais brilhante que a do sol. Haverá um tempo, muito curto, para tomar as medidas de
proteção. Este espaço de tempo dependerá da potência da bomba e da distância do
arrebentamento; entretanto, as ações a tomar devem ser automáticas e instintivas. O calor e a
radiação chegam com a intensa luz da explosão e o sopro, alguns segundos após. Se houver
alguma suspeita de que o inimigo poderá lançar um artefato nuclear, todos os homens que não
estiverem engajados em atividades indispensáveis, devem permanecer abrigados o maior
tempo possível. Os homens que estiverem expostos, quando ocorre o arrebentamento, devem
tomar as "Posições de Proteção Individual", que envolvem as seguintes ações:
a. Deitar imediatamente no chão, com o rosto voltado para o solo, ou entrar na toca e
voltar a face para o fundo. Qualquer depressão no chão ou uma pedra, relativamente grande,
já proporcionam alguma proteção;
b. Fechar os olhos;
c. Proteger a pele exposta, contra o calor, colocando as mãos próximas, ou sob o corpo,
mantendo o capacete na cabeça;
d. Permanecer deitado, ou na toca, até a onda de sopro passar, aguardando que os
fragmentos arremessados pela explosão parem de cair.
e. Manter-se calmo. Verificar se há ferimentos, se o armamento e o equipamento estão
danificados, e preparar-se para prosseguir na missão.

Defesa Após o Ataque Nuclear


Após um ataque nuclear, os combatentes preparam-se para prosseguir na missão. O
equipamento é recolhido e reorganizado, as posições são reparadas e reforçadas, e a tropa
prepara-se para a possível precipitação radioativa. A presença de radioatividade e seus níveis

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................89 /90)


de intensidade são determinados por instrumentos de monitoração até que ocorra a
precipitação radioativa, quando todos devem retornar a seus abrigos.
a. Defesa contra a precipitação
(1) Antes da chegada da precipitação:
(a) Colocar a máscara contra-gases (para evitar inspirar poeira radioativa);
(b) Fechar a roupa de combate (luvas, capuz, mangas, etc.);
(c) Se a missão permitir, ocupar todos abrigos existentes (edifícios, cavernas, tocas individuais
com telheiro, veículos, etc.);
(d) Fechar todas as aberturas de viaturas (portas, janelas, escotilhas, etc.);
(d) Colocar os toldos das viaturas e pôr em funcionamento os sistemas de filtração-
pressurização dos blindados

REFERÊNCIAS

CAPÍTULO VI- TÉCNICAS ESPECIAIS

BRASIL. Exército. Estado Maior. C 23-25: Básico-Armamento Baioneta. 3ª Edição.


Brasília, 1994.

BRASIL. Exército. Estado Maior. C 21-78: Manual de Campanha - Transposição de


Obstáculos. 1ª edição Brasília, 1980.

BRASIL. Exército. Estado maior. C 21-74: Manual de Campanha - Instrução Individual


para o Combate. 2ª edição Brasília, 1986.

CAPÍTULO VII - DQBRN

MANUAL DE CAMPANHA DE DEFESA QUÍMICA, BIOLÓGICA, RADIOLÓGICA E


NUCLEAR (PORTARIA Nº 038 - COTER, 14 DE JUNHO DE 2016.
Aprova o Manual de Campanha EB70 - MC-10.233 Defesa Química, Biológica,
Radiológica e Nuclear, 1ª Edição, 2016.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II /UD 6 e 7....................................................................90 /90)

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