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Pr David Ferraz
As Parábolas do Livro de Ezequiel
Uma vez que as uvas eram cultura de subsistência na Palestina, não causa surpresa que o Senhor usasse a
videira como um símbolo de seu povo, Israel (Jr 5.10; 6.9; Ez 15.1-8; 19.10-14). Apesar de todos os cuidados
dispensados pelo lavrador, objetivando colher muitos frutos da videira, as imagens da videira na parábola de
Ezequiel, simbolizavam o fracasso de Israel em cumprir as expectativas do Senhor. Suas uvas eram selvagens e
sem valor, apesar do cuidado do Senhor com sua vinha; veja também Jeremias 2:21. Israel fracassou. A
produção de fruto é a principal responsabilidade da videira. Jesus exortou os ramos a produzirem muitos
frutos
(Jo 15.8), e a deixar esse fruto permanecer (Jo 15.16) e advertiu que os ramos infrutíferos seriam arrancados
(Jo 15.2). Que fruto se espera que o ramo cristão produza? Primeiramente, justiça. Esta era a qualidade de uva
que o Senhor esperava de sua vinha em Isaías 5 e em Ezequiel também. O fruto inclui também boas obras
(Cl1.10), partilhar as posses com os irmãos necessitados (Rm 15.28), louvar a Deus (Hb 13.15) e ganhar almas
(Pv 11.30; Jo 4.36; Rm 1.13). Qualquer que seja o fruto, ele tem que ser produzido, em grande quantidade
(Jo15.8), e continuamente (Jo 15.16). Em Cristo, a videira, temos que cumprir seu propósito frutificando,
permanecendo nele, guardando seus mandamentos e amando uns aos outros. Não podemos deixar de refletir
também na figura da árvore com que Jesus se comparou. Ele afirmou ser a videira verdadeira, sendo o seu Pai
o agricultor, e nós, os seus ramos. Todo ramo, Nele, que produzir frutos, ele o limpará para que produza ainda
mais, mas do ramo que não produzir frutos, ele o cortará e o lançará no fogo. (Jo 15).
1.3. Que mais pode ser feito?
Deus nos dá todos os meios para que possamos frutificar, não há como darmos qualquer desculpa; a ordem é
“...vades e deis frutos...” (Jo 15.16b). Não podemos deixar de refletir também na figura da árvore com que
Jesus se comparou. Ele afirmou ser a videira verdadeira, sendo o seu Pai o agricultor, e nós, os seus ramos.
Todo ramo, nele, que produzir frutos, ele o limpará para que produza ainda mais, mas do ramo que não
produzir frutos, ele o cortará e o lançará no fogo. (Jo 15). O que mais podemos fazer é se colocar no centro de
sua vontade para que, cada vez mais, sejamos frutíferos e abundante na obra do Senhor com toda constância
(1 Co 15.58), só assim, cumpriremos os sonhos de Deus para nós e, por isso, poderemos, com muita
tranquilidade, esperar suas promessas que são mui ricas.
2. A parábola da esposa infiel
Essa parábola traz uma forma de repreensão dura contra essa gente que se dizia “povo de Deus”, mas não
estava levando a sério a forma de adoração estipulada pelo Senhor, sendo infiel às suas ordenanças. A
prostituição é a metáfora mais frequente nesta comparação e, através dela, a infidelidade de Jerusalém ao
Senhor é comparada à imoralidade de uma prostituta. A figura da prostituta, espiritualmente falando, é
recorrentemente usada no Antigo Testamento para se referir à prática de Israel de seguir a outros deuses.
Palavras como prostituição, promiscuidade, lascívia, depravação, imoralidade, são usadas muitas vezes neste
capítulo para descrever a falta de fidelidade de Judá a Deus.
2.1. A infidelidade traz consequências desastrosas
Em Ezequiel 16, o Senhor Deus apresenta os motivos do Seu julgamento sobre Jerusalém. Ele declara como a
acolheu e cuidou dela quando ninguém a desejava ou reconhecia. Embora tenha sido alvo do grande amor de
Deus Jerusalém o rejeitou e buscou aliança com ímpios, idolatria, impiedade, bajulação e esqueceu de ter
intimidade com Deus. Como consequência de sua infidelidade, Jerusalém sofre as invasões estimuladas pelo
próprio Deus, para mostrar a necessidade do povo se voltar para o Senhor, e servi-lo com temor reverente.
No entanto, o povo parece insensível ao julgamento de Deus, sendo necessário ele utilizar-se de alguns
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profetas como atalaias, avisando como estava deteriorado, o relacionamento do povo com Deus. Na ocasião,
houve comparações, que mostravam Jerusalém em estado pior do que as nações ímpias em derredor (Ez.
23.11-22).
O homem e a mulher de Deus, precisa se posicionar como fiel em todos os sentidos, pois a infidelidade a Deus
ou até mesmo a conjugal, trarão consequências desagradáveis a todas as partes envolvidas, quer espiritual ou
material, trazendo angustia, tristeza, desconfiança permanente e, muitas vezes, a separação definitiva de um
relacionamento excelente.
2.2. O perigo de desprezar a benignidade de Deus
Deus leva o profeta Ezequiel a lembrar ao povo que Jerusalém não foi escolhida pelo Senhor Deus, como a
cidade que representa sua Santidade com base em seus méritos, em sua origem. Como Ezequiel nos diz,
Jerusalém nasceu da relação de povos pagãos que desagradavam ao Senhor. Ninguém achava que ela se
tornaria coisa alguma ou chegaria a lugar algum. E não apenas isso, enquanto ela cresce o Senhor derrama
Seu amor sobre a cidade e cuida dela, garantindo que esteja bem. Depois que provou o favor do Senhor e o
Seu cuidado, depois de ter saído do abandono para a prosperidade, Jerusalém esqueceu a Deus e passou a
usar sua riqueza e beleza para impressionar as cidades e povos que não amavam ao Senhor. Passou a
“comprar” popularidade com alianças que não agradavam a Deus e se tornou hipócrita e esqueceu da Aliança
em meio aos seus prazeres. A traição de Jerusalém provocou a ira do Senhor Deus e em seu zelo de justiça Ele
a chama de prostituta e promete que sua traição terá graves consequências. Ela será castigada através de
seus próprios amantes, isto é, as alianças iníquas que fez se tornariam em grande armadilha contra ela. Nos
nossos dias não é incomum ver pessoas passando por isso. Abrem mão da aliança com o Senhor Jesus para
manter o status que a sociedade exige. Omite sua fé e abre mão de valores por causa de pessoas e
relacionamentos que mal se desenvolveram. Devemos lembrar que quem semeia injustiça, colherá injustiça.
2.3. A graça de Deus revelada na aliança eterna
Por incrível que pareça, apesar da longa história de maldade de Jerusalém, ainda assim, Deus não a rejeitará
para sempre (v. 60-63). O profeta deixa claro que seu cativeiro vai acabar e Deus vai honrar sua antiga
promessa de restabelecer a Sua aliança com ela, torná-la pura novamente, protegê-la e elevá-la. Israel será
perdoado e declarado justo novamente. A alegoria aponta também para o fato de que, além da restauração
de Jerusalém, Deus um dia perdoará muitas outras pessoas de seus pecados, e que Ele acabará por
estabelecer uma existência onde a justiça prevaleça e a rebelião contra Ele não mais existam. É encorajador
perceber que, se estamos em Cristo, já vivemos nessa “aliança eterna”. Nosso futuro lar é a Nova Jerusalém,
que vamos alegremente habitar em cumprimento desta promessa de fidelidade da parte de Deus. Lá não
haverá nenhuma das abominações – arrogância, materialismo, idolatria – que causaram morte e desolação
(espiritual e literal)
nos dias de Ezequiel. Mas será novamente a morada de Deus com o Seu povo, um verdadeiro lar eterno para
os santos. Este final feliz, entretanto, não é a única parte que tem significado para nós. A história do pecado
de Jerusalém é também um espelho do nosso próprio estado passado. Quando pecamos, estávamos nos
voltando contra Deus, que ama e cuida de nós; nós nos fizemos indignos de Seu socorro. Quando O ignoramos
e até mesmo nos rebelamos abertamente contra Ele, não agimos melhor do que a prostituta Jerusalém.
Fizemos assim porque não admiramos e imitamos o Filho de Deus. No entanto, sempre houve uma esperança
para nós, porque Deus ainda nos ama. Não importa quanto tenhamos nos degenerados, nunca estamos tão
longe que não possamos ser resgatados, bastando responder pela fé ao chamado de Deus.
3. A parábola das duas águias
Pr David Ferraz
As Parábolas do Livro de Ezequiel
Depois de Deus ter alertado o povo sobre o seu horrível comportamento, comparando com a videira
infrutífera ou de frutos ruins e também com uma prostituta, agora Deus revela ao povo, como e porque
sucederam as duas invasões à Jerusalém.
3.1. A primeira águia
Interpretando a profecia da primeira águia, Ezequiel está falando às vésperas da destruição de Jerusalém e do
seu templo, por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Antes da destruição definitiva, Nabucodonosor conquistou
Jerusalém, deportou o rei Joaquim e outros nobres de Jerusalém para a Babilônia e colocou como governante
Zedequias, que era um judeu, filho de Josias, mas que se submeteu ao poder do rei babilônio. A primeira
grande águia (a Babilônia) levou a ponta de um cedro (ou seja, o rei e os príncipes de Judá). A muda se tornou
em videira que crescia e prosperava, mas não ficou alta. Judá continuou a sua existência, subordinado à
Babilônia e à aliança com ela (17.1-6,11-14). Judá não foi destruída enquanto se submetia à Babilônia.
3.2. A segunda águia
Na interpretação da segunda grande águia (que representa o Egito) Ezequiel fala de seu aparecimento, e
quando Judá se inclinou para ela e pediu que o Egito a ajudasse (17:7-8; 15). Deus então avisa o que ocorrerá.
A Babilônia (primeira águia) virá e arrancará a Judá do seu lugar. Judá estava sendo julgada por Deus. O povo
havia pecado e se pervertido e por isso foi castigado com servidão ao rei babilônico. O rei Nabucodonosor fez
aliança, perante Deus, com o novo rei de Judá, Zedequias, para que este fosse fiel e o servisse. O que Judá
fez? Quebrou a aliança e se voltou para o Egito. Uma traição barata e repugnante, que atingia a própria
aliança com Deus. Sem dúvida a punição estaria prestes a cair sobre Judá e Ezequiel proferiu esta sentença em
forma de parábola. Deus usa as águias e as outras parábolas, para ilustrar a loucura das escolhas erradas do
povo de Judá rebelde. O senhor estava corrigindo seu povo através da Babilônia, mas Judá se rebelou contra a
correção de Deus e por isso sofreria punição muito mais severa. A correção de Deus para os que o servem não
é determinantemente destrutiva. Sempre podemos perceber a mão cuidadosa do Senhor em meio a uma
prova ou tribulação.
3.3. Os planos de Deus prevalecerão
Uma importante lição podemos retirar dessas parábolas. Muitas vezes, por não querermos submetermos ao
plano de Deus, resistimos à sua correção e isto só nos trará prejuízo. Mas o amor de Deus é manifesto nos
versículos finais onde Ele diz que sairá um Renovo, um Rebento da Raiz de Davi (o cedro simboliza o trono do
rei Davi) que restaurará todas as coisas e fará com que o povo se torne real e verdadeiramente Livre. Este
Rebento é uma profecia para o Messias, Jesus que tiraria da humanidade o peso do pecado. Ezequiel
apontava
para este Dia, que já veio, em que o Cristo se manifestaria e restauraria a humanidade. As aves de toda
espécie que achariam abrigo na árvore, representam os vários habitantes da Terra, pessoas de “cada nação,
tribo, língua e povo” (conforme Mateus 13:32), que viriam a servir ao Senhor. Por meio de um remanescente,
Deus planejava realizar o propósito original no chamado de Israel. Como Israel fracassou, Cristo veio para
implantar a Igreja de Deus, um remanescente que constituiria a nova nação por meio da qual Deus alcançaria
o mundo
(Mateus 21:33-46). Hoje nós somos esse povo, com a incumbência de levar a Palavra de Cristo à todas os
povos.
Conclusão
A Palavra de Deus nos traz o manual da vida em nosso relacionamento com Deus, nela encontramos toda boa
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vontade de Deus para nós. Precisamos ser sensíveis às suas ordenanças e estarmos dispostos a receber de
Deus
tanto o bem quanto as suas disciplinas, pois “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto.” Romanos 8.28.
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